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FEST - Filemom Escola Superior de Teologia 
Curso de Psicanálise Clínica
A IMAGEM DO CORPO NA PSICOSE
JERONIMO SANTOS DA SILVA
Rio de Janeiro – RJ
2017
Jeronimo Santos da Silva
A IMAGEM DO CORPO NA PSICOSE
Trabalho de conclusão do curso
da Filemom – Escola Superior
de Teologia FEST 
Rio de Janeiro – RJ
2017
Resumo
Abordaremos nessa obra a visão de S. freud e de Lacan sobre a imagem criada pelo psicótico sua criação e crescimento, e num terceiro capítulo abordaremos a psicose na adolescência principalmente no que diz respeito a sexualidade que passa a ter como espelho a vida e o comportamento adulto. 
Palavras chaves: Psicanálise; criação; adolescência; sexual 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................5
1 A VISÃO DE S. FREUD...........................................................................6
2 A VISÃO DE LACAN.............................................................................10
3 A IMAGEM DO CORPO NA PSICOSE .............................................13
3.1 A adolescência a a imagem psicótica.....................................................15
CONCLUSÃO............................................................................................20
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................21
					 INTRODUÇÃO
Iremos abordar nesse trabalho a psicose na adolescência e como se forma o corpo psicotíco nessa fase da vida e as consequências para a fase adulta e como se dá a transição da infância para essa fase intermediária. Como se forma a imagem do corpo na psicose?
Todo ser humano tem um corpo físico e um corpo psiquico, imaginário que as vezes se torna tão real que sobrepõe ao físico ( real). Para abordar essa questão iremos tratar da visão de S. Freud e J. Lacan dois grandes mestres da psicanálise sobre a psicose refletida na vida do psicótico. Como ocorre a mudança do comportamento? Do corpo físico? Dos desejos, sonhos e o rompimento com os pais? A independência. A falsa imagem de maturidade. 
E por fim abordaremos a questão: sexual; gravidez;drogas; bebidas e trabalho 
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A VISÃO DE SIGMUND FREUD
	Em seu texto sobre o narcisismo Freud teoriza sobre a libido. Distingue libido do ego e libido objetal, e afirma que quanto mais uma é empregada, mais a outra esvazia (Freud, [1914] 1996, p 83). Quanto a essa distinção, Freud fala de sua importância, ao escrever que o valor dos conceitos libido do ego e libido do objeto reside no fato de que se originam do estudo das caracteristicas intimas dos processos neuróticos e psicóticos (Freud, [1914] 1996, p85).
	Freud caracteriza o narcisismo como uma atitude que se origina do afastamento da libido do mundo externo e seu direcionamento ao ego. Cabe dizer que Freud sugeriu, na dexcrição do caso Schreber, notas psicanáliticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia , de 1911, um novo nome para estaenfermidade: parafrenia.Freud faz uma crítica ao termo esquizofrenia, na esquizofrenia, o afastamento da libido do mundo externo pode ter como consequência duas possibilidades: megalomania e hipocondria. É importante retomar a afirmação de Freud no caso Schreber, no qual escreve que o desligamento da libido do mundo externo não é um mecanismo específico da psicose, na vida cotidiana, as pessoas desligam a libido do mundo externo a todo momento, sem, no entanto, adoecerem. Isso porque, assim que a libido é retirada, logo é reinvestida novamente em outros objetos. Na psicose, a libido retirada dos objetos externos não é imediatamente reinvestida, mas retorna a pontos especificos do desenvolvimento libidinal e a eles se fixa, dando origem aos sintomas megalomaníacos e hipocondríacos.
	No curso do desenvolvimento da libido, é esperado que ela percorra diferentes fases: auto-erotismo, narcisismo e finalmente, deve ser investida no mundo exterior. Como a pulsão é sempre parcial, essa característica permite pensar que parte da libido se desenvolve, mas a outra se fixa em algum lugar nesse percurso.
	Na teorização do caso Schreber, Freud demarca que o ponto de fixação não é o mesmo na esquizofrenia e na paranóia. Na esquizofrenia, a regressão da libido passa pelo narcisismo, dando origem aos fenômenos megalomaníacos, mas ela se esntende ainda mais, e retorna ao auto erotismo infantil, no mais completo abandono do amor objetal (Freud, [1914] 1996, p 84). é a partir do retorno ao auto-erotismo que os fenômenos hipocondríacos se manifestam. O auto-erotismo seria o ponto de fixação privilegiado na esquizofrenia e, na paranóia, esse ponto de fixação é o narcisismo. Freud demarca uma distinção clara entre esquizofrenia e paranóia como quadros clínicos diferentes, apesar dos fenômenos em comum:
	“o que me parece mais essencial é que a paranóia deve ser mantida com um tipo clínico independente, por mais frequentemente que o quadro que ofereça possa ser complicado pela presença de características esquizofrênicas. Do ponto de vista da 												 7													 teoria da libido, embora se assemelhe à demência precose na medida em que a repressão prorpiamente dita em ambas as moléstias teria o mesmo aspecto principal – desligamento da libido, justamente com sua regressão para o ego, ela se distinguiria da demência precoce por ter sua fixação disposicional diferentemente localizada e por possuir um mecanismo diverso para o retorno do reprimido.” ( Freud, 1911/1996, p 82-83)
	Pode se supor que Freud utiliza o termo neurose para se referir à esquizofrenia porque mesmo sendo o ponto de fixação desta enfermidade o auto-erotismo ele o considera como uma condição de narcisismo de ausência de objeto. O auto – erotismo , se assim se pode dizer , seria uma forma primitiva de narcisismo, seu primeiro esboço. Diante dessa explicação, fica claro porque o ego, embora apresente uma fragilidade, é uma instância presente na esquizofrenia, enquadrando-se dentro da definição neurose narcísica. Freud considera que nessa enfermidade o mecanismo de adoecimento e de recuperação centra-se no movimento da libido, na maneira como ela se afsta do mundo externo e depois como restabelece seus laços com seus objetos de amor, já o paranóico utilza outros mecansmos na reconstrução da realidade: projeção, transformação do afeto e de percepções internas em externas, além da homossexualidade, algo que Freud considera como da paranóia.
	O represamento da libido no ego, característico da esquizofrenia, é sentido como desprazeroso, Freud considera que o desprazer é resultado de um grau elevado de tensão, o que confirma a ideia de que a libido, ao retornar sem mediação da fantiasia, é vivida como um excesso no corpo. 
	Freud aborda duas vertentes da esquizofrenia: a megalomania e a hipocondria. A primeira permite uma maior eleboração interna da libido que se encontra concentrada no ego, constituindo, portanto, uma forma de tratamento mais bem sucedida. Nela ocorre um domínio psíquico desse excesso de libido. A megalomania seria o correspondente das fantasias encontradas nas neuroses de transferência ( histeria e neurose obsessiva ). no enteanto, quando o represamento da libido no ego fica mais intenso e a megalomania não é suficiente para fornecer o suporte psíquico necessário a esse excesso, a libido retorna ao auto-erotismo e a patologia torna-se mais evidente, caracterizando os fenômenos da hipocondria. Nela, a angústia invade o corpo sem mediação. Na descrição do caso Schreber, Freud destaca alguns fenômenos hipocondríacos presentes no quadro agudo da doença, momento de grande sofrimento para o paciente.
	As alucinações também são fenômenos frequentes na esquizofrenia. Freud as
explica tendo como referência sua teorização da libido. Na esquizofrenia, o afastamento da libido do exterior e sua concentração no ego são traços característicos e as alucinações seriam uma tentativa de restabelecimento, por devolver a libido novamente a seus objetos. ( Freud, 1911/1996, p 83 ) pode se dizer, a partir de Freud, as alucinações, embora vividas de maneira invasiva pelo sujeito, são um caminho possível para maior estabilização do quadro clínico, menos avassalador que o sentimento de desedaçamento e mortificação corporal que se sobressaem na hipocondria.
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	Freud em seu texto o inconsciente, capítulo Vll, aborda uma outra característica importante da esquizofrenia: a especificidade de sua fala. Ele explica este fenômeno também a partir de sua teoria da libido, o que ratifica a afirmação de que os mecanismos de adoecimento e recuperação dessa enfermidade giram em torno do emprego libidinal. 
	Em nota psicanalítica sobre um relato aotobiográfico de um caso de paranóia, texto de 1911, Freud faz interpretações e levanta hipóteses sobre o mecanismo da paranóia a partir do livro memórias de um doente dos nervos, escrito por Daniel Paul Schreber e publicado em 1903. Essas considerações ficaram conhecidas no meio psicanalítico como O caso Schreber.
	Freud pôde teorizar sobre a psicose a partir dos fenômenos corporais e do percurso delirante descrito por Schreber. É interessante notar que o próprio Freud, que sempre baseou suas teorias a partir da fala de seus pacientes e do que era possível escutar desses relatos, tenha se debruçado sobre um escrito e utilizado esse material como fonte de pesquisa e de construção. A especificidade do Caso Schreber encontra-se neste ponto: a escrita tem o mesmo peso que a fala. No entanto, não é qualquer escrito que apresenta essa dimensão, são relatos de um paranóico. A partir das memórias de Schreber, Freud pode extrair fenômenos clínicos muito preciosos, pois foram descritos com minúcias pelo paciente, que vivia a experiência da loucura em todas as suas dimensões.
	A principal hipótese formulada por Freud, tendo como base a leitura do relato autobiográfico, é a de que, na paranóia, os sintomas se originam a partir de uma fantasia de desejo homossexual. Na tentativa de confirmar tal consideração, destaca alguns pontos construidos no delírio e na história pessoal do paciente. Freud escreve sobre as relações delirantes que Schreber estabeleceu com Paul Emil Flechsig, neurologista e psiquiatra, médico responsável pelo tratamento de Schreber na clínica da Universidade de Leipzig, Alemanha, quando foi internado pela primeira vez em 1884.
	A experiência clínica de Freud com pacientes psicóticos, juntamente com a de seus colegas Jung e Ferencz, o levou à conclusão de que as fantasias de desejo homossexuais estão intimamente relacionadas ao surgimento da paranóia. Freud exemplificou com detalhes com o caso Schreber, mas antes ele e seus colegas já haviam empreendido uma pesquisa com pacientes paranóicos, homens e mulheres, de diferentes raças, ocupações e posições sociais, e também chegaram a concluir que o fator sexual estava na origem da paranóia.
	“ Ficamos estupefatos ao descobrir que, em todos esses casos, uma defesa contra o desejo homossexual era claramente identificável no próprio centro do conflito subjacente à moléstia, e que fora numa tentativa de dominar uma corrente inconscientemente reforçada de homossexualismo que todos eles haviam fracassado.”
( Freud, 1911/1996, p.67)
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	Freud também ressalta que a megalomania está presente de alguma maneira nos quadros de paranóia, pois o ponto de fixação característico dessa enfermidade, como abordado em váriosmomentos deste trabalho, é o estágio do narcisismo. Cabe ainda dizer que, nos casos de paranóia nas mulheres, pode-se pensar na proporção inversa Eu (uma mulher) a amo ( uma mulher) e, desta oração, decorrem os demais desmembramentos.
	Freud afirmou: Compete ao futuro decidir se existe mais delírio em minha teoria do que eu gostaria de admitir, ou se há mais verdade no delírio de Schreber do que outras pessoas estão, por enquanto, preparadas para acreditar. (Freud, 1911/1996, p.85). Há no livro de Schreber, uma verdade sobre a estrutura psíquica que Freud tentou decifrar e que possibilitou o avanço no estudo das psicoses, 
	 
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A Visão de Jacques Lacan
	Muitas vezes se acredita ter sido o psicanalista francês Lacan quem distinguiu um mecanismo psíquico específico da psicose, porém a preocupação de Freud em demarcar uma teoria explicativa para a experiência psicótica figura historicamente desde seus artigos iniciais. Este fato se evidência na literatura psicanalítica nos artigos “ As neuropsicoses de defesa” (Freud, 1894/1996) e “Observações adicionais sobre neuropsicoses de defesa” ( Freud, 1896/1996), em que o inventor da psicanálise erige uma teoria cujos traços permanecerão inalterados ao longo de toda sua obra.
A clínica formalizada por Lacan ao longo da década de 1950 respalda-se na dissimetria estrutural entre neurose, psicose e perversão. Por meio da apropriação dos elementos da linguística estrutural e da tripartição entre os registros imaginário, simbólico e real, Lacan desenvolve uma teoria norteada pela primazia do simbólico. Seu critério fundamental é a ausência ou a presença do significante do nome – do – pai na organização subjetiva. A função do nome-do-pai ( Nom du Père/Non du père) repousa numa homofonia entre nome e não em francês. O nome do pai é a metáfora do não do pai. Como significante, ele nomeia o lugar vazio marcado na simbolização primordial intriduzida pela alternância entre a presença e a ausência materna. Assim, o sujeito se interroga sobre o desejo da mãe e encontra o Nome-do-pai, o que o leva a inscrever simbolicamente a falta do outro na lógica fálica. O desejo da mãe, por sua vez, é elevado à categoria de significante e deve ser recalcado.
	Lacan explica a diferença entre neurose e psicose e a perversão por meio das diferentes relações do sujeito com a linguagem. Nas elaborações apresentadas no “O seminário, livro 3: as psicoses” (Lacan , 1955-1956/2008) e no “O seminário 5: as formações do inconsciente” (Lacan, 1957-1958/1999), o autor destaca o mecanismo da foraclusão do Nome-do-Pai, em seu caráter exemplar, no que se refere às consequências da falta essencialdeste significante em toda a sua operação lógica sobre todo sistema significante e os efeitos subjetivos nela implicados. As psicoses revelam uma resposta subjetiva sem este ponto de ancoragem. A psicose resulta da ausência do mediador simbólico, que permitiria atravessar os impasses relativos à diferença sexual sob a rubrica da lógica fálica e do complexo de castração- estruturantes do sujeito da enunciação
	Em 1932 seus estudos culminam na defesa de sua tese de doutorado baseada no caso de Marguerite Pantaine, mais conhecido como caso Aimée, cujo diagnóstico atribuído por Lacan é o de psicose paranóica. Posteriomente, o tema da paranóia também norteia suas primeiras formulações acerca da teoria do estádio do espelho. Nos anos de 1950, como vemos, o que dá ensejo a toda construção da lógica do
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significante são os efeitos da ausência de seu significante organizador, o Nome-do-Pai. Ao contrário de Freud, que percebe o campo das psicoses como estéril clinicamente, para Lacan este é um tema fecundo que propricia importantes ensinamentos. Reportando-se a paranóia de Schreber, Lacan ressalta que o evento decisivo para a precipitação dessa psicose foi sua nomeação para o importante cargo de juiz-presidente do Tribunal de Apelações. Neste momento, schreber se defronta com a convocação de assumir um lugar ao qual é conferida grande autoridade simbólica. Assim quando uma exigência simbólica requisita o siginificante do Nome-do Pai, foracluído na psicose, há o desencadeamento do surto sob a forma de delírios, vozes e alucinações. Em outras palavras, para que ocorra a eclosão da psicose, é preciso que o
Nome-do-Pai foracluído seja evocado como um-pai, como um terceiro chamado a responder em uma estrutura dual e imaginária, da qual a função simbólica se encontra ausente (Lacan, 1958/1998).
	Lacan (1955-1956/2008) afirma que, na psicose, “tudo o que é recusado na ordem simbólica, no sentido da Verwerfung, reaparece no real”. Para o autor, o sintoma deliranteseria uma resposta inédita do sujeito diante dos impasses que retornam no real. O delírio se caracteriza pela poliferação de elementos imaginários, esborçando uma tentativa de mediação alternativa à significação fálica. A primazia do simbólico, uma vez instituída, reestrutura o registro imaginário substituindo as relações imaginárias, nas quais a agressividade e a rivalidade com o outro semelhante são pregnantes, por relações simbólicas articuladas aos ideais e referidas à lei do grande Outro que, como vimos, pode ser ordenado pela metáfora paterna.
	Lacan (1958/1998) esquematiza o entrecruzamento entre o imaginário e o simbólico na experiência analítica no denominado Esquema L, constituído por dois eixos: um referente à função imaginária do eu (moi) no eixo chamado a-a', que se interpõe como obstáculo ao outro eixo, o do discurso inconsciente atrelado à função simbólica do grande Outro. A fala se fundamenta no Outro ao qual o sujeito se endereça de fato. A expectativa analítica tenderia a pôr em relevo a figura deste Outro a quem o sujeito se dirige mesmo sem o saber, para além das relaçõesimaginárias com a pessoa do analista. Desse modo, espera-se que, progressivamente, o sujeito venha a assumir seu lugar nessa relação.
	Na clínica proposta por Lacan o analista se ocupa de assegurar e acompanhar o frágil equilíbrio delirante do psicótico, ao invés de escavar determinações inconscientes na esfera da suposição do saber, favorecido no lugar disso consolidação de uma rede de sentidos capaz de protegê-lo de ser tragado pelo furo do real, sempre iminente.
	Lacan aborda a loucura de Schreber a partir da fenomenologia de sua linguagem tal como esta se apresenta em seu livro anteriormente analisado por Freud. Sua tese é que o psicótico não está fora da linguagem. Neste caso, o significante se apresentaem sua forma radical, pura, sem se remeter a mais nenhuma significação, pois não circula na cadeia. Na experiência psicótica, significante e significado se apresentam de forma completamente dividida, o que evidencia a propriedade do
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significante Lacaiano de ser, por excelência, segmentado o que não é equivalente à suposição de que o significado esteja livre de qualquer amarração no significante. A produção de sentido é determinada pelo ponto de basta que os articula; mas quando estas ligações fundamentais não são estabelecidas, é o fenômeno psicótico que se faz presente. Somente na psicose é que a corrente contínua do significante retoma a independência.
	Lacan enfatiza que “na fala delirante, o Outro está verdadeiramente excluído, não há verdade atrás”. O outro desempenha uma função distinta na experiência psicótica. Não é recalcado, nem é aquele cuja fala é recebida pelo sijeito de forma invertida, mas situa-se no nível de um semelhante, do reflexo especular, no circuito imaginário, a-a', através das vozes e das alucinações. Estes fenômenos são emissões provenientes do Outro, contendo assim os elementos essenciais do código compartilhado empregados em um neocódigo, é o que demonstram as vozes que proferem a língua fundamental ( Grundprache) para Schreber, embora o delírio possa ser compreendido como uma tentativa de restituir essa função, ele é composto pelo significante nu,desarticulado da cadeia significante e desprovido dos desdobramentos da significação. Na psicose o que é rejeitado no simbólico reaparece no real. As articulações possíveis são oriundas da crescente valorização do imaginário. A função significante emerge sem máscaras. O inconsciente mostra-se a céu aberto. Ao mesmo tempo, possui um caráter congelado, que não permite mobilizações nem metaforizações, que só poderiam advir pela inscrição do sujeito na lógica fálica.
	A primeira clínica lacaiana evidencia uma descontinuidade estrutural entre neurose e psicose. O eixo diagnóstico essencial é a oposição entre o recalque e a foraclusão. O peso recai sobre a presença e a ausência do significante Nome-do-Pai e da significação fálica na organização subjetiva. A psicose designa a decorrênciada falta do significante, que simboliza a falta estrutural da linguagem e a elasticidade do imaginário é acentuada em consequência da carência no nível do Outro.
	Nas teorizações freudianas, o processo pscótico é inicialmente descrito como a projeção de um impulso libidinal recalcado para o exterior. Posteriormente, já nas formulações derivadas da nova explicação tópica do psiquismo, a ênfase de Freud recai sobre o fenômeno psicótico como uma resposta defensiva de rejeição (Verwerfung) à realidade da castração, em contraponto ao recalque (Verdrangung).
	Lacan recupera essa discusão à luz da proposição acerca da metáfora paterna e das repercussões de sua não inscrição na estrutura psicótica. No seu último ensino, a importância da função Nome-do-Pai é reduzida a apenas uma das possibilidades de responder ao impossível da relação sexual, ficando evidente que outras respostas são possíveis a uma deficiência que é intriseca à própria estrutura da linguagem. O sintoma psicótico é apreendido pela psicanálise não como uma doença a ser extinta, mas sim, como uma suplência imaginária compensatória mediante a carência deste suporte simbólico. Da mesma forma que a psicose foi uma via privilegiada das teorizações que versavam sobre o Nome-do-Pai, do mesmo modoocorre no último ensino de Lacan, em que esta função é relativizada.
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			A IMAGEM DO CORPO NA PSICOSE
	A experiência clínica revela que as tentativas de generalização ou de padronização sob um mesmo rótulo diagnóstico acabam sendo muito empobrecedoras. Pode-se dizer que algo similar ocorre também nas demais constituições de diagnósticos, onde as singularidades tendem a ser apagadas ou deixadas de lado para que algum enquadramento generalizador, que enfatiza certo traço comum, seja possível. Tal é, predominantemente, a lógica empregada pelas diversas elaborações cientificas que visam construir seus entendimentos teóricos sobre os seres humanos. Importa destacar, no entanto, que se, por um lado, a constatação de quadros estruturais mais generalistas pode auxiliar de certa forma no trabalho clínico, por outro, ela não deveria ofuscar a riqueza das singularidades subjetivas.
	O modo como os psicóticos constituem seu corpo e se relacionam com ele pode ser um exemplo das grandes variações que se pode encontrar dentro de um mesmo quadro estrutural amplo. Fica assim evidente que qualquer reflexão sobre o estatuto do corpo nas psicoses será sempre um recorte parcial, mas, ainda assim, acredita-se ser interessante constituir uma breve trajetória neste sentido. Os sujeitos psicóticos parecem estar muitas vezes alheios de seu próprio corpo. Relacionam-se com ele como se fosse um outro, um objeto estranho. Tomam o corpo como se fosse uma carcaça da qual pudessem prescindir. O corpo apresenta-se como uma alteridade que por vezes sugere não fazer questão ao sujeito. Em certos casos, os psicóticos parecem ignorar seu corpo de modo ainda mais enfático, agindo como se ele efetivamente não lhes dissesse respeito. A própria estesis do corpo dos psicóticos parece ficar muitas vezes amortecida. Percebe-se nestes casos um certo anestesiamento do corpo, de tal forma que os sujeitos parecem não estar sujeito à dor, ao frio, ao calor, à fome, ou ao desejo sexual. Mesmo as doenças físicas não abalam o organismo dos psicóticos do mesmo modo como ocorre nas neuroses. Por outro lado, nos momentos de crises, quando acometidos pelo agudo dos surtos, muitas vezes a problemática passa a ser radicalmente distinta. Nesses períodos, os sujeitos psicóticos ficam totalmente tomados pelas afecções que sentem atingir seu corpo. São quase esmagados pela enxurrada de estímulos
que os aflige e sobre a qual não consegue ter controle. Escutam vozes, vêem imagens, sentem empurrões, beliscões e puxões que os dominam totalmente. Mesmo seu pensamento é muitas vezes controlado por imposições que já não mais podem distinguir se são próprias ou se vêm de um outro. Nesses momentos, evidencia-se que não há nenhum tipo de barreira ou censura, nenhum amortecimento para a torrente de sensações produzidas e percebidas pelo sujeito. A alteridade o esmaga, o domina completamente, aniquilando a própria possibilidade de seguir existindo enquanto um sujeito que faz alguma barra frente ao 
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Outro, um sujeito que impõe algum tipo de corte separador.
	Walter Benjamin (1975 e 1994) trabalha também intensamente a noção do despedaçamento, da falta de unidade do corpo, que tão evidente fica nos casos de psicoses. O estudo da questão do corpo a partir das proposições de Benjamin possibilita um interessante diálogo com o entendimento psicanalítico do corpo nas psicoses. Talvez as psicoses possam ser medidas em que põem em evidência, principalmente no momento sas crises agudas, um corpo despedaçado, cindido, sem unificação. Benjamin parece apontar que o corpo sem unidade, desmanchado, é característico de todo ser humano. Há na neurose, no entanto, uma tentativa de apagar esse desmantelamento, uma busca de unificação, que ocorre a partir da entrada de um terceiro que sustenta uma suposição de saber e possibilita a ascensão à simbolização. Nas psicoses, por outro lado, e especialmente nas montagens esquizofrênicas, mesmo uma primordial busca especular de integração fracassa. O outro não devolve uma imagem integradora eu que se passa é que o sujeito permanece totalmente alienado, absorvido como uma parte deste. Pode-se dizer que as esquizofrenias constituem, assim, o mais vivo exemplo do corpo despedaçado. Analisando a expressão do corpo tanto nas artes plásticas como na literatura, Benjamin (1994, op. Cit.) destaca exemplos nos quais se evidenciam as desfigurações, as distorções. As pinturas de Francis Bacon e a obra literária de kafka são apontadas como fontes ricas para se pensar o corpo como disforme, inerentemente dividido, não unificável e totalmente mercado pelas pressões da cultura. O mundo pesa sobre os sujeitos impondo seu tempo, seu andamento, seu modo de funcionar, e, com isso, marca o corpo, configurando gestos, velocidades, modos de se comportar. Benjamin (1975, op. Cit.) destaca a necessidade que surge na modernidade dos sujeitos se defenderem frente ao excesso de estímulos que os cercam constantemente. Decorre disso o estabelecimento de um certo grau constante de anestesiamento. Os sujeitos precisam anestesiar-se na busca de alguma proteção frente a esse excesso. Talvez seja isso que as psicoses podem evidenciar de modo extremado, por exemplo, nas situações de catatonia ou de severa cronificação asilar: um anestesiamento intenso que pode ser pensado tanto como um enclausuramento, um ensimesmamento profundo, ou como ua entrega total, uma dessitência de seguir lutando contra a invasão absoluta do outro. Para Benjamin a singularidade do indivíduo efetivamente se revela na sua solidão e finitude. Não é da figura harmoniosa, totalizante, que pressupõe a bela forma que Benjamin refere ser possível extrair a significação dos sujeitos, mas, inversamente, assim, a dissolução do um, do unificado, para potencializar o multiplo. Partindo da fissura, da desconstrução do corpo, Benjamin enfatiza a transitiriedade do sujeito e luta para sustentá-la.
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		A PSICOSE NA ADOLESCÊNCIA
	A adolescência é um período de profundas mudanças internas e externas do organismo de forma global, física e mentalmente. É também uma idade favorável para eclosão da maioria dos transtornos emocionais. Entre os transtornos emocionais da adolescência o mais temido é a psicose, tanto por sua gravidade como pelo impacto que produz no entorno do paciente. O prognóstico da psicose dependerá, entre outras coisas, da rapidez do tratamento. Na adolescência, mais que em qualquer outro período da vida, deve-se esforçar, sobremaneira, para estabelecer diagnósticos e prognósticos, com especial zelo para esquizofrenia. Esta é a idade preferida para o ínicio desse transtorno psicótico. Ainda assim, não se deve deixar de considerar os transtornos do humor, também comuns nesta faixa etária e com características bastantes enganosas.
	Umas das principais preocupações dos psiquiatras de crianças e adolescentes é, sem dúvida, a psicose. O máximo cuidado com o diagnóstico se justifica, primeiro, evidentemente, na importância do tratamento precose para alívio do paciente e de seus familiares e, em segundo, devido ao risco de evolução incapacitante da doença, cujo momento de maior perigo para sequelas invalidantes se situa nos dois primeiros anos da doença. Além de tudo, considerando a grande especificidade dos medicamentos psiquiátricos atuais, exigem-se bons conhecimentos sobre o quadro do Transtorno do Humor Grave com Sintomas Psicóticos e suas diferenças para com a Psicose Esquizofrênica, já que existem importantes diferenças de prognóstico e de tratamento entre essas duas patologias. Finalmente, todo esse cuidado é mais do que justo, considerando-se os afeitos danosos do diagnóstico e tratamento errados de algum transtorno psiquiátrico.
	Sintomas Prodrômicos
	Sintomas prodrômicos ou pródromo em medicina signifca o sintoma que antecede uma doença, tal como o mal estar que precede a gripe, ou a dor nos testículos que precede a cólica renal, etc. Até agora a maioria dos estudos sobre os prodrômos da Psicose Esquizofrênica tem se referido mais aos sintomas que precedem as recaídas de um surto de Esquizofrenia já diagnosticada do que aos pródromos de um primeiro surto da psicose.
	Antes do primeiro surto psicótico, ou seja, na fase prodrômica, as pessoas não costumam apresentar sintoas psicóticos evidentes, mas podem apresentar determinadas mudanças do comportamento, da afetividade e do pensamento.
	Tendências Psicótica
	De modo geral, as primeiras mudanças da pessoa podem se imperceptíveis, assim com pode ser imperceptível também a transição gradual entre sintomas inespecíficos e não-psicóticos, para sintomas francamente psicóticos.
	Na maioria dos pacientes identificar o início de uma Esquizofrenia é uma 
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questão bastante delicada, na medida em que as alterações podem representar apenas uma expressão quantitativa dos traços preexistentes na personalidade do adolescente. Em tese, para facilitar a avaliação clínica, os elementos que representam apenas alguma variação de traçospreexistentes da personalidade costumam ser egosintônicos, isto é, não destoam da aspiração natural e da satisfação da pessoa consigo mesma. Essa característica é importante, uma vez que, por ser egosintônica, não determina sofrimento ou não se constitui em algo mórbido. Na prática, em alguns casos pode ser difícil a diferença entre as fases prodrômica e psicótica franca da doença. O conceito de prodrômo, entretanto, implica numa mudança qualitativa notável em relação ao estado habitual do paciente. Geralmente os primeiros sintomas prodrômicos descritos com frequência são sintomas de natureza neurótica, inespecíficos, tais como a ansiedade, ideias hipocondriacas, sindromes depressivas, mudanças afetivas, anedonia, apatia,irritabilidade, retraimento social, falta de iniciativa e transtorno do sono.
	Esses 	sintomas, ao contrário do que ocorre com traços prévios de personalidade, costumam ser egodistônicos, ou seja, produzem sofrimento, logo, são mórbidos. Mais adiante poderá surgir mudanças na cognição, na percepção, na vontade e nas funções motoras ( Jeammet, 2000; Wyatt. 1998).
	A psicopatologia contemporânea reconhece a ideia clássica de predisposição e vulnerabilidade para a grande maioria das doenças, portanto, nada poderia justificar um raciocínio diferente para as doenças mentais. De acordo com o conceito de vulnerabilidade, a Esquizofrenia não aparece subitamente na vida da pessoa, mas
seira precedida e facilitada por determinados fatores psicológicos e biológicos necessários ao seu desenvolvimento. Segundo o modelo da vulnerabilidade, algumas pessoas apresentariam disfunções determinadas geneticamente capazes de as tornarem propensas a desenvolver sintomas esquizofrênicos em certas condições de tensão ambiental. Esses elementos são chamados em medicina de “ marcadores”. 
	Os marcadores neurobiológicos de vulnerabilidade correspondem às características e traços que refletem anomalias constitucionais implicadas no desenvolvimento da doença, e tais anomalias poderiam ser consideradas atravês das características descritas como Transtorno de Personalidade. Alguns desses marcadores para Esquizofrenia também podem se identificados nos familiares geneticamente próximos dos pacientes esquizofrênicos. Fora da fase ativa da doença, a presença de marcadores (marcadores de risco ) seria como um sinal de alerta para um risco biológico aumentado de a pessoa vir a apresentar a doença posteriormente. Tais marcadores poderiam ajudar a definir o perfil pessoal vinculado à Esquizofrenia.	O patrimônio genetico seria um fator indispensável e sobre o qual os fatores ambientais exerceriam ou não um papel essencial para o desenvolvimento da Psicose Esquizofrênica. Segundo esta hipótese, só as pessoas vulneráveis apresentariam uma Psicose Esquizofrênica, caso fossem expostas a fatores de estresse, enquanto as demais pessoas permaneceriam assintomáticas ou, no máximo, mostrariam apenas manifestações subclínicas quando expostas aos mesmos agentes estressores.
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	os estudos sobre pessoas com elevado risco genético, como são aquelas com familiares esquizofrênicos, ou com elevado risco clínico, como são aquelas portadoras de Transtornos Esquizotípicos da Personalidade, têm demonstrado que estas pessoas têm um risco de evolução esquizofrênica bastante superior ao risco da população geral. Como é aceito em medicina, as anomalias neuro-cognitivas encontradas nos pacientes com Esquizofrenia refletem uma vulnerabilidade biológica do sistema nervoso através de uma base genética. A hipótese do desenvolvimento neuropsicilógico da Esquizofrenia considera que essas anomalias sejam consequência de uma instabilidade cerebral que surge durante a vida intrauterina, ou em alguns momentos perinatais. As agressões neurológicas responsáveis por esta instabilidade cerebral seriam de natureza virótica ou nutricional, ou ainda, provenientes de complicações obstétricas que acontecem às pessoas que têm um terreno genético predisposto. As manifestações clínicas dessa instabilidade cerebral variam segundo o grau de maturidade cerebral e segundo os fatores ambientais. Assim, durante a infância, tais “lesões” se manifestariam mediante sinais pré-clínicos e inespecíficos (Parnas). Na adolescência, por uma alteração do processo sináptico cortical habitual e, diante das dificuldades ambientais, os sintomas psicóticos específicos se manifestariam.
	A hipótese atual supõe que, no caso da Esquizofrenia, o desenvolvimento do processo sináptico vai além dos limites de desenvolvimento neurológico. Algumas pessoas predispostas, por ocasião da adolescência, perderiam conexões neuronais que normalmente deveriam ser conservadas ou, ao contrário, manteriam ou aumentariam conexões que deveriam desaparecer.
	Os estudos psicopatológicos atuais têm em conta o seguinte: Há um caráter multifatorial na origem dos Transtornos Psicóticos da adolescência e os elementos psíquicos não excluem fatores biológicos; Há articulação entre fatores de vulnerabilidade constitucional à doença e fatores relacionados ao desenvolvimento neurológico na origem dos Transtornos Psicóticos; Há influência do proceso da adolescência e da puberdade no desencadeamentodo Transtornos Psicóticos se produziriam como consequência da soma das tensões ambientais com uma predisposição individual de fundo.
	Outro problema conceitual subjacente é saber se os sintomas psicóticos seriam fenômenos diferentes, qualitativamente, das experiências mentais normais da adolescência, ou se seriam uma continuidade exagerada, portanto, quantitativa, dessas experiências. Outra possibilidade é que os sintomas psicóticos seriam quantitativamente diferentes da normalidade da adolescência no princípio do quadro mas, posteriormente, se revelariam em uma mudança qualitativa ( Yung)
	ora, as alterações quantitativas seriam aquelas de melhor prognóstico, como se tratassem de mecanismos neuróticos ( e não psicóticos, de fato ) mais facilmente tratáveis, enquanto as alterações qualitativas seriam mais graves e dificeis, portanto, psicóticas propriamente ditas.
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	Ao lado dos fatores biológicos e de origem genética, bem como dos fatores adquiridos durante fases precoces do desenvolvimento, como por exemplo as intercorrências intrauterinas e as dificuldades perinatais, existiriam fatores psicológicos e ambientais próprios da adolescência. Essa concepção justificaria a grande dificuldade de diagnóstico dos Transtornos Psicóticos, quando surge a imperiosa necessidade de situarmos o ponto de ruptura entre o normal e o patológico, ou seja, o ponto onde se passa de uma mudança quantitativa a uma alteração qualitativa.
	Existem casos de alucinações em adolescentes que não estão associadas à psicoses. De outra forma, nas reações alucinatórias ao estresse intenso, os sentidos podem perceber estímulos que não existem, com a intencionalidade ( inconsciente ) de “ver” o que se pretende ser visto. As classificações internacionais e os principais psicopatologistas atribuem à Alucinose uma origem exclusivamente orgânica, notadamente consequente ao uso de substâncias ou álcool ou à causas eminentemente neurológicas. Essas alucinações não psicóticas são reconhecidas como anormais pelo próprio indivíduo, o qual tem certeza de que não correspondem à realidade. Elas ocorrem, mais provavelmente, em doenças neurológias, geralmente lesionais ou tumorais. Nos adolescentes excetuando-se o uso de drogas, na maioria das vezes os casos de alucinações isoladas dão se por razões eminentemente psicogênicas. Com frequência o próprio adolescente tem noção e crítica da irrealidade do que está percebendo, tornando esses fenômenos mais um tipo de pseudo-alucinações do que alucinações propriamente ditas.
	Os sintomas psicóticos devem ser considerados com prudência na infância e adolescência. Nessas faixas etárias a Disjunção Social, juntamente com a Perda da Vontade por serem sintomas que dizem respeito ao nível de realização interpessoal, escolar, ocupacional ou em outras atividades, devem ser consideraddos com cautela. Ora, a realização pessoal na criança e adolescente tem uma conotação muito diferente que no adulto. O desenvolvimento normal e característico de alguns grupos de adolescentes, emocionalmente mais sensíveis, podem sugerir um Transtorno Psicótico ou simular sintomas psicóticos negativos. Em sentido contrário, muitas vezes os verdadeiros sintomas psicóticos podem passar despercebidamente. Confundem-se tais sintomas com alterações normais do relacionamento social na adolescência. A ocorrência de verdadeiros sintomas psicóticos na adolescência aumenta notavelmente os riscos dos transtornos da conduta e do comportamento, porém, estes podem ser inocentemente atribuídos à conduta rebelde e inconsequente própria dessa idade.
	Os transtornos psicóticos são heterogêneos e a gravidade dos sintomas sugere aspectos importantes da doença, tais como o grau de déficits cognitivos ou neurobiológicos. Em tese nenhum sintoma tomado isoladamente é excusivo ( patognomônico ) da Esquizofrenia, cujo diagnóstico implica no reconhecimento de uma constelação de sinais e sintomas vinculados a disfunções psíquica, sociais e ocupacionais.
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	Pode-se considerar que os sintomas psícóticos no adolescente são idênticos aos do adulto e, reconhece-se entre o quadro clínico formal da psicose, os seguintes: delírios, alucinações, empobrecimento afetivo. Muitos pacientes com transtorno psicótico podem apresentar prejuízos em vários domínios
cognitivos. A avaliação clínica neuropsicológica pode ser útil para orentar o diagnóstico e o tratamento. Uma das manifestações mais graves da psicose são os chamados Sintomas Negativos. Geralmente eles estão presentes na Esquizofrenia e menos frequentes em outros transtornos psicóticos. Nos sintomas negativos a expressão emocional é bastante diminuída ou quase inexistente e há absoluto desânimo (avolia). A pessoa pode ficar sentada por longos períodos e mostrar nenhum interesse em participar de quaisquer atividades.
	 	
	
	
	
	
	 
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CONCLUSÃO
	A adolescência é um período de intensas transformações na vida mental do indivíduo, o que, por sí só, leva a diversas manifestações de comportamento que podem ser interpretadas por leigos como sendo doença. Assim sendo, muitas da manifestações ditas normais da adolescência podem se confundir com doenças mentais ou comportamentos inadequados. O uso de drogas que pode constituir-se em um caso de dependência, mas também pode ser um simples comportamento de experimentação da vida. Temos de ter o cuidado inicialmente de avaliar bem o comportamento de um adolescente, antes de garantir a existência ou não de um transtorno mental. Para tanto é necessário se conhecer um pouco do que chamamos de “adolescência normal”. 
	Freud e Lacan viveram numa outra época onde o adolescente não tinha tanta abertura e liberdade como hoje. A adolescência é a fase em que a pessoa se descobre como indivíduo separado dos pais. Isso gera um sentimento de curiosidade e euforia, porém também gera sentimentos de medo e inadequação. Um adolescente está decobrindo o que é ser adulto, mas não está plenamente pronto para exercer as atividades e assumir as responsabilidades de ser adulto. Assim sendo ele procura exemplos, de pessoas próximas ou não – ídolos artísticos ou esportivos, entre outros – para construir seu caráter e seu comportamento.
	Também é visível a necessidade do adolescente de contrariar a vontade ou as ideias de seus pais. Esse comportamento opositor aos pais acontece em decorrência da necessidade do adolescente se separar dos pais, ser diferente deles, para construir sua própria identidade como pessoa. E ao mesmo tempo pode não ser sentir seguro para se separar dos pais, gerando assim um sentimento de medo. De um lado a necessidade, vontade de se separar dos pais para ser um indivíduo diferente, do outro o medo de assumir a posição adulto ( com suas responsabilidade e desejos). Isso leva o adolescente e uma fase de intensoa confusão de sentimentos, com uma constante mudança de opiniões e metas, e com um comportamento bastante impulsivo.
	Mesmo com o avanço dos estudos nesse assunto, é importante salientar que muitos dos comportamentos dos adolescentes podem ser apenas uma busca por sua identidade, e não uma doença mental específica. E cabe lembrar que a orientação profissional muitas vezes é válida no sentido de orientar o adolescente nessa processo de ser “adulto” que pode ser um tormento para o adolescente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, S. Neurose e psicose (1924 [1923]). In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. XIX
	FREUD, S. A perda da realidade na neurose e na psicose (1924). In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. XIX. 
	LACAN, J. O seminário (livro 3): as psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. 
	BALLONE GJ – Psicose na Adolescência. in. Psiqweb, internet – disponível em http:// www. Psiqueweb. Net, 2016
	Http: // CDSI. Com . Br – Configuração do corpo nas Psicoses

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