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02 AfeC90es da Pele A pele e os pelos constituem o manto de revestimento do or- ganismo animal, formando uma barreira de protec;ao ao frio, ao sol, da desidratac;ao e das conta- minac;6esexternas,sendo um dos componentes importantes nama- nutenc;ao da termorregulac;ao. A pele do cavalo e notada- mente resistente e muito sensivel; e constituida pela epiderme, ou capa externa,e,subjacentemente, pela derme e subderme,A epider- me e formada por celulas epite- liais estratificadas que se diferen- ciam em uma camada profunda germinativa, de varias camadas de celulas poliedricas e outras su- perficiais corneificadas que se descamam continuamente. Dos estratos da pele origi- nam-se os anexos que saG os pelos, cascos, glandulas sebace- as, sudorfparas e mamarias. A derme e a regiao de tecido con- juntiva denso que separa a pele propriamente dita dos demais tecidos corporais. E na derme que encontramos arterias, veias, capilares, vasos linfciticos, fibras nervosas sensitivas e as glandu- las de secrec;ao ex6crina. As glandulas sudoriparas do cavalo encontram-se distribufdas praticamente por todo 0 corpo do animal, exceto nas extremi- dades, conferindo uma grande capacidade de suar, que asso- ciada a mecanismos de erec;ao dos pelos, formam um perfeito sistema de resfriamento. A cor da pele e proporcionada por granulos de melanina, confe- rindo, em uniao com a cor dos pelos, a tonalidade caracterfstica de cada padrao de colorac;ao. Em suma, a pele e 0 termo- metro de avaliac;aodo estado de saude do animal. Animais doen- tes apresentam pele aspera, sem elasticidade, descamando e pelos sem brilho. E uma alterac;ao funcional das glandulas sudoriparas que acomete cavalos submetidos a exercfcio, em regi6es de clima quente e umido. A falha no mecanismo da su- dorese, responsavel pela manu- tenc;ao e equillbrio da tempera- tura corporal, decorre principal- mente da incapacidade das glan- dulas sudorfparas de responde- rem aos estfmulos da adrenalina circulante, retendo calor desne- cessariamente. o quadro clinico e caracteri- zado pela dispneia e alterac;6es de sudorese, logo ap6s 0 exercf- cio. A produc;ao de suor reduz- se gradativamente, podendo res- tringir-se apenas as regi6es do pescoc;oe entre as coxas, e rara- mente limitar-se a regiao da crina A intensidade da reduc;aodos sinais de suor pode variar con- forme a gravidade da exposic;ao. Pode evoluir em semanas assim como a manifestac;ao ser aguda. A intensa dispneia ocorre pela necessidade de aumentar a per- da de calor pela respirac;ao, co- mo formade compensac;ao.Nes- tas condic;6es, alguns animais podem apresentar elevac;ao de temperatura corp6rea que atinge 41 a 42°C logo ap6s 0 exercfcio, temperatura esta que pode per- sistir por algum tempo. Nas sucessivas recorrencias de anidrose, os animais podem apresentar alterac;6es cutaneas, tornando-se a pele ressecada, escamosa e sem elasticidade. Existem suspeitas de que a capacidade de adaptac;ao ao clima tropical, principalmente de animais oriundos de regi6es tem- peradas ou de clima frio, possui um componente hereditario. Cavalos predispostos e que manifestam anidrose com relati- va frequencia, devem ser manti- dos, fora das temporadas de tra- balho, em regi6es de temperatu- ras mais baixas. Os animais aco- metidos, quando levados para essas regi6es, tem seus sinto- mas atenuados gradativamente. Devido a etiologia e etiopato- genia incerta,0 tratamento e feito baseado na sintomatologia que o animal apresenta. Banhos com agua em temperatura abaixo da ambiente, principalmente nas ho- ras mais quentes do dia, aliviam a manifestac;aoclinica do proces- so. Pode-se ainda associar-se aplicac;6es lentas, pela via intra- venosa, de soluc;6es eletrollticas ou de cloreto de s6dio isotonica. Paralelamente, recomenda-se a administrac;ao de extratos de ti- re6ide, em razao de possivel hipotiroidismo dos cavalos afe- tados, vitamina E e de ACTH. Animais predispostos devem ser mantidos preventivamente em instalac;6es bem arejadas, abri- gados do sol, ou em baias muni- das de condicionadores de ar, Contus6es E: considerada contusao todo trauma direto sobre a pele, sem que haja qualquer comprometi- mento da integridade cutanea, E: uma lesao fechada, cuja exten- sac depende diretamente do agente traumatico, da potencia do trauma e dos tecidos afetados, Podemos reconhecer dife- rentes graus de manifesta<;:ao dos sintomas das contus6es: 1°Grau. Equimose: Aparece sob a forma de uma mancha roxa sob a pele em virtude da rup- tura de capilares. Pode ser precoce, imediatamente apcSs o trauma, ou de aparecimento tardio, diflcil de ser visualizada em animal de pele escura, 2° Grau. Hematoma: Caracteri- za 0 extravasamento sangur- neo em maior grau, 0 volume do derrame esta diretamente relacionado ao calibre do va- so rompido ou a extensao do comprometimento das arte- rias e veias, 0 hematoma ge- ralmente se forma em razao do deslocamento do tecido subcutaneo e a forma<;:aode uma cavidade sob a pele, aparecendo uma verdadeira bolsa de sangue no local do trauma, ou devido a lacera- <;:6ese rupturas de musculos, 3° e 4° Graus. Caracterizam-se por grandes comprometimen- tos dos tecidos devido a dis- tensao da pele, Podem apa- recer focos circunscritos de necrose tecidual e gangrena local, ou 0 completo esface- lamento, transformando os te- cidos em verdadeira "papa", A evolu<;:ao das contus6es pode ser para a cura nas peque- nas equimoses e ocasionalmen- te nos hematomas pequenos; forma<;:aode seromas em derra- mes serosos; organiza<;:ao,ob- servada no coagulo; gangrena, nos comprometimentos de vasos sangurneos e,consequentemen- te, do fluxo do sangue, tornando aberto urn foco anteriormente fe- chado; infec<;:ao,atraves da inva- sac de germes patogenicos, o tratamento esta voltado pa- ra 0 grau da lesao e extensao do processo, A equimose pode ter a sua gravidade diminurda quando imediatamente apcSs0 trauma aplicam-se compressas frias ou gelo sobre 0 local.A a<;:ao do frio produz vasoconstri<;:ao,di- minuindo 0 derrame de sangue, Ouando ele ja se fez presente, 0 usa de pomadas antiinflamatcS- rias ou heparin6ides em massa- gens suaves, pelo menos 2 vezes ao dia, geralmente abranda os si- nais ou reverte 0 processo e evita suas consequencias em tomo de 2 a 3 dias. Hematomas e derrames se- rosos devem ser drenados apcSs 1 semana, tempo suficiente pa- ra sua organiza<;:aoe matura<;:ao, para possibilitar a drenagem e a retirada dos tecidos danificados, As grandes distens6es e es- magamentos fechados deverao ser tratados e transform ados em feridas cirurgicas, Nos grandes traumatismos, quando 0 comprometimento te- cidual e extenso, podendo aco- meter qualquer regiao do corpo do animal, sempre existe 0 risco de choque traumatico. Caso 0 animal apresente sinais do cho- que traumatico, como apatia, au- mento da frequencia respiratcS- ria e cardraca, sudorese, tontura e tempo de perfusao capilar au- mentado, institua imediatamen- te a terapeutica geral de susten- ta<;:aoque consiste na fluidote- rapia com solu<;:6eseletrolrticas, preferencialmente ringer lacta- to, ou solu<;:aofisiolcSgica na ve- locidade de 60 a 80 gotas por minuto para reposi<;:aovolemica. Concomitantemente a fluidote- rapia, aplique cortic6ides, prefe- rencialmente a hidrocortisona, pela via intravenosa, dilurda na solu<;:aoeletrolrtica, na dose de 1,0 a 4,0 mg/kg na dependen- Figura 2.1 Fistula pre-escapular com perfura<;:aodo es6fago. cia da gravidade do estado de choque. A manutenc;:ao da cor- ticoterapia pode ser feita com a metade da dose de ataque e a fluidoterapia ser mais lenta. Feridas Ferida e toda e qualquer so- luc;:aode continuidade da pele, geralmente produzida por ac;:ao traumatica externa, cuja intensi- dade ultrapassa a resistenciados tecidos atingidos. As feridas, dependendo do tipo e intensidade da ac;:aotrau- matica que as causaram, podem ser c1assificadas em: a. Quanto aos pianos que podem atingir 1. Superficiais (simples): possuem as bordas limpas e re- gulares, sem apresentarem lesao vascular ou nervosa. 2. Profundas (compostas): apresentam-se comprometidos varios pianos, atingindo muscu- los, tend6es, vasos, nervos e os- sos, dependendo da regiao atin- gida pelo agente traumatico. 1. Perfurantes (penetrantes): quando sac causadas por obje- tos pontiagudos como pontas de madeira, bambus etc. Em geral a lesao cutanea e pequena, po- rem profunda, e, frequentemente, quando a perfurac;:aoe causada por madeira ou bambu, um frag- mento pode permanecer no fun- do da lesao e produzir contami- nac;:aolocal que evolui para a for- Figura 2.2 Esfacelo da pele e dos tend6es. mac;:aode uma fistula. As conse- quencias das feridas perfurantes dependem da lesao e das estru- turas atingidas, sendo a hemor- ragia pequena, a nao ser que um vasa calibroso seja atingido pelo corpo estranho. As feridas pene- trantes podem tambem atingir articulac;:6es,cavidade abdominal, caixa toracica, ou outras estrutu- ra vitais, com graves consequen- cias quanto a vida do animal. 2. Incisas: sac incisas as feri- das que apresentam cortes cau- sados por objetos afiados, produ- zindo danos, cuja gravidade esta na dependencia da profundidade e do local atingido. As areas mais comumente acometidas sac os membros e a regiao peitoral, que podem apresentar cortes profun- dos afetando tend6es e feixes vasculonervosos, com serios ris- cos para a vida, quando houver hemorragia profusa As feridas in- cisas podem ser acompanhadas de grandes lacerac;:6es,quando a ac;:aodo corte proporciona arran- camento de grande extensao da pele, observada com muita fre- quencia quando os cavalos pren- dem ou enrolam as patas em ara- me lisoou em arame farpado, pro- duzindo um verdadeiro esfacela- mento dos tecidos com gravissi- mas consequencias. Figura 2.3 Trauma com fratura do osso maxilar e exposiyao do seio. 3. Contusas: sac as feridas produzidas por objetos pianos, sem pontas ou corte, ou forem capazes de provocarem solu- <;:6esde continuidade da pele por traumas em graus variados, podendo ainda comprometer estruturas profundas como va- sos, nervos e ossos. 4. Associadas: a. perfuro-in- cisas; b. perfuro-contusas; c. la- cero-contusas (esfacelo). c. Quanto a presen9a de microorganismos 1. Assepticas: quando 0 ferimen- to nao teve contato com ter- ra,fezes ou entao foi causado por objeto esterilizado,e tenha decorrido, no maximo, ate 6 horas de evolu<;:ao. 2. Contaminadas: quando 0 fe- rimento apresenta microorga- nismos devido a contato com terra, fezes, ou objetos conta- minados, sem que, no entan- to, haja infec<;:aoe suas con- sequencias locais ou gerais, 3. Infectadas: quando a ferida apresenta-se com fen6me- nos teciduais de necrose, se- cre<;:aopurulenta e sem ten- dencia a repara<;:ao. As feridas podem, ainda, ser consequentes a a<;:aode subs- tancias qUlmicas, radia<;:6esem geral ou de origem termica (frio ou calor). as sintomas das feridas po- dem ser caracterizados pelos se- guintes fen6menos: 1. Fen6menos primarios 10- cais: separa<;:aodos labios da fe- rida,que depende da localiza<;:ao, da extensao do comprometimen- to e das linhas de tensao da pele; hemorragia e dor. 2. Fen6menos primarios a dis- tfmcia: tromboses e impotencia funcional motora, quando estao Figura 2.4 Linfangiteap6s ferimento cutaneo. Figura 2.5 Linfangiteap6s ferimento cutaneo. comprometidas as estruturas ten- dinosas, ligamentos, nervos; arti- cula<;:6es,assim como pode ocor- rer linfangite e adenite regional. 3. Fen6menos primarios ge- rais: hipertermia, nas feridas ex- tensas infectadas; choque pela hemorragia ou absor<;:aode to- xinas nas grandes lacera<;:6ese no esfacelo. 4. Fen6menos secundarios: referem-se as fases de repara- <;:aoe cicatriza<;:ao,incluindo fa- tores locais e gerais, depresso- res da cicatriza<;:ao e estimula- dores de forma<;:aode granula- <;:6esexubera~tes. Fundamentalmente, 0 que se espera sob 0 ponto de vista me- dico veterinario, e a completa re- para<;:aodos tecidos lesados,sem que permane<;:am,se for posslvel, qualquer sequela funcional ao or- ganismo do animal e do ponto de vista estetico, Neste sentido, e para que haja uma correta inter- preta<;:aoda apresenta<;:aocllnica do ferimento, mesmo antes da in- terven<;:aodo profissional, torna- se importante 0 conhecimento dos fen6menos de regenera<;:ao e repara<;:aode les6es cutaneas. Tres sac asfases que culmi- nam com a cicatriza<;:ao: Fase 1. E caraderizada como fase de resposta vascular e inicia-se no momento do sangramento da fe- rida. Devido a a<;:aode miofibro- blastos, momento ap6s a a<;:ao traumatica, ocorre contra<;:aopre- coce do ferimento, que associa- da a vasoconstri<;:aoe deposi<;:ao local de plaquetas,possibilita a re- du<;:aodo sangramento cutaneo ate a hemostasia. Subsequente- mente, ocorre marginac;aode leu- cocitos, aumento da permeabili- dade da parede vascular e migra- c;aode elementos celulares san- gUineos para 0 coagulo de fibrina formado durante a hemorragia inicial. Esta configurac;ao carac- teriza a instalac;aoda inflamac;ao com predominancia de polimorfo- nucleares, e posteriormente de macr6fagos mononucleares ati- vados, responsaveis pela fagoci- tose de microorganismos e debri- damento do ferimento. A presen- c;ade fibroblastos na populac;ao de elementos figurados da fase 1 do processo de reparac;aotem por func;ao formar uma base que direcione os fen6menos migrat6- rios,estendendo-os por toda a su- perfrcie da ferida ate as suas margens. Fase 2. Denominada tambem de fase proliferativa, caraderiza-se por predominancia de macr6fagos, aumento progressivo de fibro- blastos e intensa rede de neovas- cularizac;aoprovenientes de bro- tos endoteliais. A presenc;ade fi- broblastos e da rede neovascu- lar nesta fase da reparac;ao,deter- mina a ferida um aspedo granu- lar, r6seo claro que sangra facil- mente ao menor trauma. Fase 3. Definida como fase de mode- lac;aoou fase fibroplastica, e ca- raderizada por intenso decresci- mo da rede neovascular, e au- mento da densidade do colage- no, determinando uma aparencia r6sea mais debil, porem com gra- nulac;aomais firme. A partir deste momento, inicia-se a epitelizac;ao proveniente de celulas basais que se multiplicam e migram sobre 0 tecido neoformado, iniciando-se pelas margens do ferimento em direc;ao ao centro. Concomitan- temente, os tecidos maturam e todos os pianos da pele sofrem retrac;ao decorrente da atuac;ao de miofibroblastos em direc;aoao centro da ferida, resultando na ci- catriz final. Em razao de fatores quimio- taticos intrrnsecos aos fen6me- nos de cicatrizac;ao, a fase pro- liferativa podera sofrer inibic;ao ou estimulac;ao exuberante. A ferida podera sofrer inibic;ao e nao epitelizar-se, ou, 0 que e muito frequente, principal men- te em feridas localizadas nos membros, ocorrer excessiva fibrinogenese, com granulac;ao exuberante ou que ultrapasse 0 nrvel das margens da ferida. Este processo pode ainda ser desencadeado pela presenc;a persistente de macr6fagos ati- vados que, continuamente esti- mulam a atividade de srntese dos fibroblastos. Outro fator considerado responsavel pela excessiva granulac;ao da ferida cutanea em equinos, desta fei- ta imediatamente antes do inr- cio da fase de remodelac;ao, saG as proteoglicanas, identificadas como substancias basicas no desencadeamento do tecido granulomatoso exuberante. A cicatrizac;aode feridas tam- bem pode sofrer interferencia de QUADRO 1. Fatores locais que interferem nos fen6menos de cicatrizayao de feridas. Cirurgias Suprimento de sangueNas fases 1,2 e 3. Nas fases 1,2 e 3. Prolonga a fase fibrinogenica e de retra<;:aoda ferida. Interfere na retra<;:aoe retarda as fases 2 e 3. Exacerba a resposta inflamatoria e predisp6em a ferida a infec<;:6es. Prolonga as fases 2 e 3. Pode produzir redu<;:aode suprimento sangurneo, retardar todas as fases da cicatriza<;:ao. Aumenta a resposta inflamatoria e retarda todas as fases da cicatriza<;:ao. Aumenta a resposta inflamatoria e estimula a granula<;:ao exuberante. Figura 2.6 Ferida granulada em fase de epitelizayaa, tratada par segunda intenyaa. fatores locais e sistemicos, con- forme demonstrados nosOuadros 1 e 2 respectivamente. o diagn6stico da ferida e sim- ples de ser realizado devido a pr6pria soluc;ao de continuidade da pele em lesoes recentes, 0 as- pecto do tecido de granulac;ao e a contaminac;ao nos casos tar- diamente atendidos. Entretanto, e necessario que se fac;acriterio- sa avaliac;aoc1lnicapara se esti- mar 0 grau de comprometimen- to flsico das estruturas atingidas, para que 0 tratamento possa ser adequadamente instituldo. As feridas, de uma maneira geral, podem ser tratadas por pri- meira e por segunda intenc;ao. Sao tratadas por primeira in- tenc;aotodas as feridas nao infec- tadas, isto e, que nao estiveram em contato com terra, fezes, e material contaminado, ou que nao ten ham ultrapassado 6 horas QUADRO 2. Fatores sistemicos que interferem nos fen6menos de cicatrizayao de feridas. Hipovolemiase anemias, hipoxia,e traumas em geral, Citotoxico e citostatico em geral desde a sua ocorrencia. 0 trata- mento por primeira intenc;aoe fei- to atraves da sutura da pele, utili- zando fios apropriados, ap6s a anti-sepsia e anestesia da regiao atingida. Paratanto,devemos,logo ap6s o acidente, procurar proteger e manter limpa a ferida Lave-a sua- vemente com sabao de coco e soluc;ao fisiol6gica; se posslvel, enfaixe com gaze ou atadura de crepe ate 0 momento da sutura. Se houver hemorragia forte, observe a tonalidade do sangue; se for "escuro" e sinal de hemor- ragia venosa; garroteie ou com- Deprime a resposta leucocitaria e a slntese de colageno. Deprime a slntese de colageno, a resposta inflamatoria e a tensao de oxigenio. Deprime a sintese de colageno, o desenvolvimentode fibroblastos e do tecido de granula<;ao. Deprime a forma<;aode fibroblastos e a neovasculariza<;ao. Deprime a slntese de calageno, inibe a neovasculariza<;aoe 0 tecido de granula<;ao prima logo abaixo da lesao se for no membro; se 0 sangue for ver- melho claro, e a hemorragia aos jatos, e sinal de comprometimen- to arterial; garroteie ou comprima logo acima da lesao. Caso 0 gar- roteamento nao seja posslvel, fac;a hemostasia comprimindo a ferida com uma compressa ou toalha limpa ate que 0 sangue pare ou 0 vasa seja ligado. Em seguida, proceda a anaplastia. Ap6s a sutura, caso 0 animal nao esteja vacinado contra 0 te- tano, aplique pela via intramus- cular ou subcutanea 5.000 U de soro antitetanico e inicie trata- mento com penicilina G benzati- na na dose de 40.000 UI/kg, pe- la via intramuscular, realizando uma aplicac;:aoa cada 3 dias, ate a retirada dos pontos. Fac;:alim- peza diaria da sutura, passando anti-septico com algodao e, se for possfvel, conserve a ferida ci- rurgica aberta, sem enfaixar, para melhor ventilac;:aoe cicatrizac;:ao. Caso seja necessario proteger- se a ferida cirurgica, utilize espa- radrapo especial para esta fina- lidade ou fixe uma faixa de gase com cola ou sutura. Ferimentos tratados por pri- meira intenc;:ao,localizados nos membros, principal mente sobre articulac;:6es, frequentemente dao deiscencias de pontos, isto e, ocorre abertura dos labios da ferida e produc;:aode secrec;:ao purulenta, obrigando tratamento por segunda intenc;:ao.A deis- cencia pode ocorrer devido a in- terrupc;:ao do fluxo sangufneo, pela tensao dos nos e pelos mo- vimentos amplos da regiao su- turada, que pode secionar a pele nas bordas da ferida. Sao tratadas por segunda in- tenc;:aotodas as feridas que apre- sentem contaminac;:aopela pre- senc;:ade secrec;:aopurulenta ou por terem sido ocasionadas ha mais de seis horas. Tambem as feridas cirurgicas que apresenta- rem necrose ou deiscencia dos pontos saDtratadas por segunda intenc;:ao. Muitos saD os metodos tera- peuticos e conselhos de como tratar uma ferida aberta A maioria procura pomadas e formulas mi- lagrosas que geralmente resul- tam em retardo da cicatrizac;:aoou em uma cicatriz exuberante, ou em linfangites por invasaosecun- daria de germes. Produtos como creolina,agua oxigenada e "spray" repelente e cicatrizante, saDcon- tra-indicados em membros de equinos por propiciarem 0 desen- volvimento de enormes granulo- mas que depreciam 0 animal e sangram com muita facilidade. o importante e manter a ferida limpa, utilizando-se anti-septicos suaves como Ifquido de Dakin ou permanganato de potassio 1:5000 ou, ate mesmo, agua lim- pa;em seguida utilizeglicerina io- dada a 10%, passando com al- godao sobre 0 ferimento. Fac;:a isto 2 vezes ao dia Dentro de 5 a 7 dias pode-se notar a formac;:ao de um tecido de granulac;:aoro- seo intenso, que prolifera da pe- riferia para 0 centro da lesao, pa- ra depois ocarrer a epitelizac;:ao. Se ocasionalmente houver muita mosca, e se a ferida for em um membro, proteja-a com um penso aplicado levemente para nao causar constric;:aovascular. Caso ocorra intenso ataque de moscas sobre a lesao,ha 0 ris- co de formac;:aode mifase, 0 que e indesejavel por irritar 0 animal e prejudicar a cicatrizac;:ao.Utilize o seguinte esquema: 1. Lave diariamente a ferida com agua e sabao de coco, sem esfregar. 2. Limpe com Ifquido de Dakin ou permanganato de potassio 1:5000. 3. Aplique uma fina camada de pomada com a seguinte for- mulac;:ao: - Oxido de zinco - 100 g. - Penicilinabenzatinasemes- tar dilufda - 1.200.000 UI - Triclorfom po - 9 9 - Furazolidona ou oleo de ffgado de bacalhau 0 su- ficiente para dar consis- tencia a pomada. Atenc;:ao especial deve ser dada a lavagem da ferida, de- vendo-se realiza-Ia com irriga- dores ou seringas de 100 ml, 0 que possibilita jato Ifquido sob pressao com ac;:ao mecanica sobre as secrec;:6es. Este pro- cedimento permite que cerca de 80% das secrec;:6es sejam eliminadas do foco. Outro as- pecto ainda a ser considerado, e a quantidade de fluido que deve ser abundante, 0 tipo de fluido e a adic;:ao de substan- cias antimicrobianas ao Ifquido, no final da lavagem. A lavagem pode ser tambem realizada na sua fase inicial com soluc;:aofi- siologica, e, no final, ser subs- titufda por anti-septicos como Ifquido de Dakin, soluc;:ao de iodo-povidine a 1% ou sulfato de neomicina a 0,25%. Feri- mentos tratados por segunda intenc;:ao,apresentam boa res- posta cicatricial com lavagens diarias com soluc;:aooriunda de estrato de barbatimao (planta arbustivo bem distribufda no territorio nacional) ou iodo- povidine com ac;:ucar,preferen- cialmente cristal ou mascavo. Ferimentos cutaneos com baixa res posta cicatricial, na maiaria das vezes necessitam de debridamento das margens no sentido de estimular-se e II Figura 2.7 Enxerto autologo de pele. Figura 2.8 Colar de contenQao. possibilitar a epiteliza<;:ao.Esta manobra pode ser realizada com a ponta do bisturi voltada para a pele, "descolando-se" cerca de 3mm de toda a borda da ferida. Em geral nao ha necessidade de se realizar bloqueio aneste- sico, e 0 sangramento que pode acontecer deve ser contido com penso compressivo. Ouando 0 ferimento for muito extenso ou se pn:;tendemanter um aspeeto estetico a cicatriz, principalmente em lesoes cuta- neas localizadas nos membros, pode-se se realizar a enxertia de pele, utilizando-se fragmentos retirado de outra regiao do corpo do cavalo. E extremamente importantea aplica<;:aodo colar de conten- <;:aoem volta do pesco<;:o,ou 0 usa de focinheira (bu<;:al),para impedir a automutila<;:ao que prejudica a cicatriza<;:ao normal e estimula a forma<;:aode tecido de granula<;:aoexuberante. Normalmente 0 ferimento, dependendo de sua extensao, devera cicatrizar em tomo de 15 a 30 dias. Nao se esque<;:ado soro an- titetanico se 0 animal nao for va- cinado, e antibioticoterapia para controlar ou impedir a invasao de germes. Ocasionalmente podemos ter ferimentos extensos cau- sados por substancias quimi- cas causticas mortificando a pele e 0 tecido celular subcu- tan eo. Lave a lesao cuidado- samente com agua e sabao de coco ou com solu<;:aode bicar- bonato de s6dio, no caso de acidos. Remova todo a tecido mortificado e, '2 vezes ao dia, ap6s lavagem com Irquido de Dakin, passe sabre a lesao, glicerina iodada a 10% ou 61eo de f1gado de bacalhau. Man- tenha 0 cavalo ao abrigo da luz solar. Casos em que haja tenden- cia a forma<;ao de tecido de gra- nula<;aoexuberante, a ferida de- vera ser tratada com ressec<;ao do tecido excessivo, quantas ve- zes forem necessarias, e apli- cado penso compressivo para controle mecanico da granula- <;ao.Geralmente, quando da res- sec<;ao do tecido granulomato- so, podera ser necessaria 0 de- bridamento cirurgico das bordas da ferida. Ainda nos casos de granulomas exuberante, alem das ressec<;6es cirurgicas con- vencionais, poder-se-a utilizar a criocirurgia com gas carbonico ou nitrogenio Irquido,objetivando a inibi<;aoda granula<;aoao nrvel da pele. E de fundamental importan- cia 0 diagn6stico diferencial da etiopatogenia do granuloma exu- berante. Granula<;6esproduzidas por larvas de habronema ou de- vida a pitiose saGtratadas com- pletamente diferentes e serao abordadas em cada processo em particular. Para que se possa realizar um exame c1rnico criterioso e se manter um registro adequa- do do caso atendido, recomen- damos a utiliza<;ao do seguinte protocolo de exame de feridas, a ser anexado ao prontuario do animal: Figura 2.9 Oueimadura com substancia acida. Figura 2.10 Oueimadura com substancia acida. Rac;:a: Pelagem: _ Nome do proprietario: _ Enderec;:o: _ Descric;:aoda Ferida Local: _ Tempo de ocorrencia _ Fase: _ Estruturas atingidas: _ Tamanho: em cm, X cm, Profundidade em cm,: _ Presen<;:ade: ( ) Exsudato: Ouantidade: _ Tipo: _ Cor: _ Odor: _ ( ) Corpo Estranho OuaIOs)?: _ ( ) Necrose ( ) Mifase ( ) Tecido de Granula<;:ao Exuberante Tratamentos Realizados ( ) Nao fol tratada ( ) Primeira inten<;:ao: Oual 0 fio e tipo de ponto utilizado?: _ ( ) Segunda inten<;:ao: _ ( ) Anti-septicos: OuaIOs)?: _ Como?: _ Por quanto tempo?: _ ( ) Cicatrizantes OuaICis)?: _ Como: _ Por quanto tempo?: _ ( ) Repelentes Oual(is)?: _ Como?: _ Par quanto tempo?: _ ( ) Outros ( ) 0 animal esta recebendo algum medicamento? OuaICis)?: _ Ouantas vezes ao dia?: _ Diagn6stico(s): Tratamento(s): Local: II E. ocasionada pela invasao de larvas de Habronema sp em ferimentos, principal mente ex- sudativos. Manifesta-se em les6es de pele ou escoria<;6es onde 0 equino nao consegue espan- tar as moscas vetoras das lar- vas. Desenvolve-se mais co- mumente no canto interno do olho, na linha media do abdo- men e nos membros abaixo das regi6es metaca.rpica e metatarsica. Sao menos co- muns as localiza<;6es na cer- nelha, orelhas e regi6es acima da articula<;ao carpiana e da tarsiana, no penis e prepucio. A habronemose cutanea e tambem conhecida pelo nome de "ferida de verao" pelo fato de que nesta epoca do ana proli- feram as moscas predispondo ao desenvolvimento da lesao. A ferida evolui de forma rapi- da, podendo atingir grandes dia- metros. Possui 0 centro ligeira- mente concavo com tecido de granula<;ao irregular, averme- Ihada e, as vezes, recobertas par crosta acinzentada. 0 granulo- ma pode evoluir atingindo gran- des volumes, 0 que torna impar- tante 0 tratamento precoce. o que chama a aten<;ao e que a habronemose cutanea nao responde aos tratamentos comuns de feridas, indicando-se nestas condi<;6es 0 uso de pro- dutos organofosforados (triclor- fom po) atraves da sonda naso- gastrica, na dose de 25 a 40 mg/kg, repetindo-se a dose apos 20 dias, ou organofos- forados pasta, na dose de 40 mg/kg, ou ivermectina na dose de 0,2 mg/kg, ou sob a forma injetavel. Localmente, podemos utilizar a mesma formula de po- mada indicada para as feridas tratadas por segunda inten<;ao Figura 2.11 Granulayao exuberante na habronemose. Figura 2.13 Granulayao exuberantena pitiose. adicionando-se, porem, 9 9 de triclorfom po. Outra formula que propor- ciona bons resultados no trata- mento de granulomas cutaneos causados pelo Habronema sp pode ser aviada com os seguin- tes componentes: Figura 2.12 Granulayao exuberante na habronemose. Figura 2.14 Habronemose cutanea. Organofosforados (triclorfom) 9 9 Nitrofurazona base soluvel em agua 224 9 Dexametasona soluc;:ao40 mg DMSO 90% 56 9 Os componentes da f6rmu- la devem ser convenientemen- te homogeneizados e aplicados 3 vezes ao dia sobre 0 tecido lesado, podendo-se proteger a ferida com a aplicac;:ao de um penso compressivo. Ouando 0 tecido de granula- c;:aose torna muito exuberante e necessite ressecc;:ao,associe ao tratamento t6pico, infusao intra- venosa de organofosforados (tri- c1orfom) na dose de 22 mg/kg dilurdo em 1 a 2 litros de soluc;:ao fisiol6gica. A aplicac;:aointraveno- sa deve ser lenta e interrompida a qualquer sinal que 0 animal ma- nifeste de intolerancia ao produ- to, como excitac;:aoe sudorese. Tenha sempre 0 cuidado de sub- meter 0 animal a jejum total de volumosos pelo menos 12 horas, e hrdrico de 6 horas. Como opc;:aoao tratamento convencional, em granulomas pe- quenos, pode-se instituir a criote- rapia, utilizando-se gas carbonico ou nitrogenio liquido. Preventivamente, deve-se manter as instalac;:6es limpas e construir esterqueiras, eliminan- do os focos de proliferac;:ao de moscas e conservando 0 animal em baias teladas. 2.5. Pitiose (ficomicose, oomicose, zigomicose). Conhecida tambem como "tumor dos pantanos e alagadi- c;:os"a pitiose, e uma infecc;:aoin- vasiva,ulcerativa, proliferativa, mi- c6tica piogranulomatosa causa- da pelo Pythium insidiosum, an- tes denominado Hyphomyces destruens, pode estar associada a varias outras especies de fun- Figura 2.15 Habronemose cutanea no canto das palpebras. gos e microorganismos. Os mi- craorganismos se instalam no te- cido subcutaneo do animal, prin- cipalmente nos membros, abdo- men, pescoc;:oe cabec;:a;poden- do incluir a cavidade nasal, labios e eventualmente a traqueia. Apesar de ser referido como um fungo, 0 Pythium sp. e um membra do reino Protista, c1asse Oomicetos, ordem Peronospora- les e famniaPythiacea e saGpara- sitas de plantas aquaticas em aguas estagnadas. Alguns autores diferenciam as diversas infecc;:6escausadas por agentes desencadeantes de les6es similares conforme a re- giao em que se encontra insta- lada, entretanto, 0 aspecto for- mal e patol6gico e semelhante, o que possibilita agrupa-Ias em um s6 item. Os principais agentes do pro- cesso granulomatoso saG Py- thium insidiosum, Entomophtho- ra coronata, Mucorspp, Basidio- Figura 2.16 Habronemose cutanea na regiao interfalangica. II bolus haptosporus, alem de ou- tros dos generos Absidia coryn- bifera, Rhizopus spp.,Mortierella wolfii e Conidiobolus coronatus. A doen<;:aocorre em animais de regi6es tropicais e subtropi- cais umidas, principalmente nos meses de verao, atacando equi- nos de todas as idades, sexo ou ra<;:as.0 Pythium sp. tambem pode causar doen<;:acutanea em bovinos e humanos, e ainda aco- meter caes e gatos. Em geral a infec<;:aose instala no tecido subcutaneo quandoha lesao de pele, desenvolvendo, de forma cr6nica 0 tecido de granu- la<;:aoexuberante (Fig. '2.17). 0 processo de desenvolvimento da lesao se inicia com areas de ne- crose formando multiplos traje- tos fistulosos com exsuda<;:aose- rosa intensa. A lesao evolui para forma<;:ao granulomatosa com presen<;:as de fistulas; canais com secre<;:aoviscosa abundan- te e areas mais ou menos circu- lares de massas necroticas ama- reladas e acinzentadas, conten- do hifas e nucleos calcificados. o intenso processo reacional que se instala, e a caracteristica pruriginosa da lesao, faz 0 cava- 10 ro<;:ara lesao em superficies asperas e se automutilar com os dentes, estimulando ainda mais a prolifera<;:ao granulomatosa, que cresce sem controle. Na maioria das vezes 0 pro- cesso fica restrito a pele e teci- do subcutaneo. Entretanto, oca- sionalmente podera haver inva- sao de estruturas mais profun- das, ou, ate mesmo atingir a dis- tancia 0 trato intestinal, os ossos, Lesao cutanea 1 Instala<;:aoe prolifera<;:ao do fungo (geralmente - Necrose subcutanea nos membros) 1 Intensa rea<;:aoeosinofilica e necrose de vasos sangUineos Aspecto multifilamentoso den so 1 1 Forma<;:aode grumos_ Forma"ao de ffstulas_Granula"ao exuberante com fungo e tecidos com calcificado prurido viscoso Figura 2.17 Etiopatogenia da pitiose. os pulm6es, a traqueia, os lin- fonodos, as articula<;:6es e as bainhas de tend6es, causando gastroenterites, periostites, os- teomielites, artrites septicas, laminite, pneumonia, linfadeni- tes, e tenosinovites de extrema gravidade. o diagnostico se baseia no aspecto granulomatoso da lesao; presen<;:a de areas necroticas com fistulas e canais que secre- tam prurido viscoso; e nucleos calcificados. Em razao do aspec- to granulomatoso da lesao ha a possibilidade de ser confundida, no inicio, ou ser associada com tecido de granula<;:aocicatricial exuberante, habronemose cuta- nea, basidiobolomicoses, e com o sarcoide fibroso ou fibroblasti- co, deve-se realizar 0 diagnostico diferencial, cultivando-se a se- cre<;:aoem meios especiais para fungos, para observa<;:aoe isola- mento do agente. Em muitos casos, ha neces- sidade de realiza<;:aode exames histopatologicos com biopsias profundas da regiao de transi- <;:aodo granuloma, auxiliando, desta maneira, 0 diagnostico di- ferencial (rea<;:ao eosinofnica, necrose de vasos sanguineos e presen<;:ade hifas). Ocasional- mente podem ser utilizados tes- tes de fixa<;:ao,imunodifusao e Figura 2.18 GranulaQaoexuberantena pitiose. hiperssensibilidade intradermi- ca, ainda pouco consistentes em Medicina Veterinaria, o tratamento consiste em ressecyao cirurgica profunda da massa granulomatosa, associa- do a terapia com anfotericina B ou ketoconazol. A dose inicial de anfotericina B e 0,30 mg/kg, na dose total diaria de 150 mg, pela via intravenosa, dilulda em 1 litro de glicose 5%, em infusao com agulha fina (40 x 10) e lenta- mente, A cada 3 dias a dose pode ser aumentada em 50mg ou 1mg/kg, ate atingir um maxi- mo de 0,8 a 0,9 mg/kg por dia ou 400 mg totais, Esta dose e administrada por ate 30 dias quando 0 exsudato diminui, 0 te- cido de granulayao se contrai e a epitelizayao se inicia. Ao trata- mento intravenoso, pode-se as- sociar 0 usa t6pico de 50 mg de anfotericina B e DMSO 20% em Figura 2.19 Granulac;8.oexuberante na pitiose ap6s resseCC;8.ocirurgica. penso umido que deve ser tro- cado diariamente, assim como a administrayao de 1g/15 kg, no maximo de 20 g/dia de iodeto de potassic pela via oral. A dura- yao do tratamento em media devera ser de 30 dias, Devido a nefrotoxicidade da anfotericina B, e recomendavel a monitorizayao dos rins a cada 72 horas, atraves de exames de urina e nlveis sericos de ureia e creatinina, Caso estes exames indiquem alterayao renal, 0 tra- tamento pode ser interrompido temporariamente e retomado ap6s a normalizayao dos para- metros bioqulmicos. Outra pre- cauyao a ser tomada, diz respei- to a fie bite decorrente da forte irritayao que podera ser causa- da na parede do vasa pela anfotericina B, A imunoterapia envolvendo vacinayao com antlgenos deri- vados de culturas do Pythium insidiosum tem sido recomenda- da em alguns palses, Preventivamente deve-se evi- tar a perman€mciade animais em areas de alagadiyos, ou pantano- sos, devido a gravidade com que se revestea lesaoe,aos altos cus- tos do tratamento preconizado, E uma enfermidade conside- rada infecciosa cr6nica, nao con- tagiosa, produzida por Staphylo- coccus aureus.0 nome botriomi- cose deve-se ao fato de, inicial- mente, pensar-se tratar de fungo e nao de bacteria. As les6es botriomic6ticas originam-se pela invasao do S. aureus de forma difusa por todo o corpo, agravando-se, com fre- quencia, em regi6es expostas a traumatismos, Desenvolve-se sob a forma de n6dulos de tamanho que va- riam ate 10 cm de diametro com centro firme, ou flutuantes a pal- payao. Eventualmente, podem fistulizar dando salda a pus, de colorayao esbranquiyada e as- pecto granuloso, principal men- te no tecido subcutaneo e no cordao espermatico de cavalos recem-castrados e com funi- culite de castrayao, Clinicamen- te 0 estado geral do animal per- manece inalterado comendo e vivendo aparentemente sem grandes problemas, o diagn6stico baseia-se nas caracterlsticas das les6es e no pus com granulos esbranquiya- dos que ao serem examinados em microscopio, ap6s colorayao espedfica, revelam zoogleias, o tratamento e realizado com penicilina benzatina na dose de 40,000 UI/kg a cada 3 a 5 dias, associada a uma dose diaria ma- tinal, pela via intravenosa, de ter- ramicina a 10 mg/kg que pode estar associada a DMSO (dime- thylsulfoxido) na dose de 0,5 a 1,0 mg/ kg em soluyao a 20%, e a tarde 10 mg/kg de terramicina pela via intramuscular. E conve- niente, como em todo processo bacteriano, se posslvel, a realiza- yao de antibiograma para a veri- ficayao da sensibilidade do ger- me aos antibi6ticos, antes de se instituir 0 tratamento, As les6es cutaneas podem ser tratadas com limpeza com Ilquido de Dakin e nitrofurazona pomada. E um processo tumoral que acomete a pele do cavalo, cuja etiologia ainda permanece in- certa. Pensou-se que se trata- va de um tumor produzido por virus epiteliotr6fico devido a grande semelhan<;a entre 0 sar- c6ide equino e a papilomatose bovina. Porem, 0 que e certo e que existem fatores imunol6gi- cos envolvidos no aparecimen- to do tumor, independente da participa<;ao ou nao de virus. o sarc6ide equino aparece frequentemente nos membros, cabe<;a, regiao periorbital e pal- pebral, regiao ventral do abdo- men, base da orelha e regiao axi- lar e inguinal. Pode surgir de for- ma multi pia em varias partes do corpo, como uma lesao inicial que lembra a papilomatose de- vido ao espessamento da pele e seu aspedo verrugoso. Ocorre rapido desenvolvimento de fibro- se, tornando-o de consistencia firme para depois se ulcerar. 0 sarc6ide pode ainda se apresen- tar sob as formas fibroblastica, nodular e plana (oculto). o tumor pode aumentar mui- to de tamanho, apresentar infec- <;:aobaderiana secundaria com secre<;:aoseropurulenta e areas perifericas inflamadas. A forma com que ocorre a transmissao nao esta muito bem esclarecida, porem, sabe-se que e um tumor transplantavel expe- rimentalmente. o diagn6stico baseia-se na apresenta<;:ao c1lnica da lesao e nas caracterlsticas histopa- tol6gicas do fragmento colhi- do por bi6psia, na periferia da lesao. Figura 2.20 Sarc6ide palpebral e auricular. o tratamento e inconsisten- te e baseia-se na remo<;:aoci- rurgica das massas tumorais nos casos de apresenta<;:ao verrugosa, nodular e fibrobras- tica, principal mente quando fo- rem pedunculados, podendo-se associar ao tratamento a auto- hemoterapia injetando-se cerca Figura 2.22Sarc6ide fibroblastico. Figura 2.21 Sarc6ide fibroblastico. Figura 2.23 Sare6ide plano au oeulto. de 10 ml de sangue venoso do proprio animal pela via intramus- cular, 1 vez por semana, totali- zando 4 aplicac;:6es. Ainda pode-se tambem lan- c;:armao da criocirurgia, produ- zindo-se 0 congelamento da massa com gelo seco, nitroge- nio Ilquido ou gas carbonico. A criocirurgia produz resultados em cerca de 60% dos casos. Outro metodo de tratamento usado e a imunoterapia com B.C.G. (bacillus Calmette-Guerin) atra- ves de multiplas injec;:6esna le- sac com intervalos de 1 a 2 se- manas entre as aplicac;:6es. A dose de B.C.G deve ser de 1 ml para cada 1a 2 centlmetros qua- drados de tecido, sendo, em ge- ral, necessarias de 2 a 5 aplica- c;:6es para que se obtenha os resultados desejados. Tentativas de tratamento com autovacinas nao produziram resultados sa- tisfatorios, estando os percen- tuais de cura abaixo de 20%. Esta neoplasia esta relacio- nada com celulas produtoras de melanina, substancia esta que confere a colorac;:ao escura ou preta a pele. a melanoma acomete prefe- rencialmente cavalos tordilhos e, ocasionalmente, pode ser obser- vado em animaiscom pelagensde outras cores. Raramente 0 tumor aparece em animais com menos de 6 anos de idade, nao havendo predilec;:aopara sexo ou rac;:a Clinicamente 0 melanoma possui predilec;:aopara manifes- tar-se na base da cauda, perlneo e anus, aparecendo, inicialmente, como um nodulo firme, unico ou multiplo, que com 0 tempo pode- ra ulcerar-se e apresentar secre- c;:ao.Muito embora seja um tumor com caraeterlsticas invasivas e metastaticas, alguns nao apre- sentam este comportamento agressivo ao organismo, evoluem lentamente e nao causam gran- des problemas ao animal. Sob a forma de melanosarcoma, 0 tu- mor pode comprometer a glan- dula parotida e por contiguidade atingir a bolsa gutural. A ressecc;:aocirurgica do tu- mor pelos metodos convencio- nais ou atraves de criocirurgia po- Figura 2.24 Melanoma - regiao parotid ea. Figura 2.25 Melanoma - regiao perineal. Figura 2.26 Melanoma - metastase hepatica. de ser realizada ap6s a avalia<;:ao do diametro,da quantidade de n6- dulos e da idade do animal.Trata- mentos a base de cimetidine (re- ceptor H2 antagonista) e BeG, tem sido utilizadoscom resultados promissores. Melanomas com multiplos n6dulos que envolvem a cauda e regiao anal, frequente- mente recidivam na mesma re- giao, ap6s a cirurgia e ocasional- mente podem apresentar tenden- cia de produzirem metastases. Atualmente tem se desen- volvida pesquisas para a produ- <;:aode vacina no combate ao melona instalado. E uma afec<;:aoque acome- te a face caudal da quartela dos equinos, manifestando-se co- mumente em animais que per- manecem em preca.rias condi- <;:6esde higiene. Baias sujas, com acumulo de fezes e urina, pastagens barrentas com char- cos e agua estagnada saG os principais fatores que predis- poem ao desencadeamento da afec<;:ao,preferencialmente nos membros posteriores. Inicialmente, e observada dermatite da regiao com irrita<;:ao e vermelhidao da pele, desde a face caudal do boleto ate a co- roa do casco, junto aos taloes, desencadeando coronite. Ocorre excessiva produ<;:aode secre<;:ao seborreica conferindo aspecto grosseiro a pele e forma<;:aode crostas. Nesta fase, aparecem sulcos ou rachaduras na pele,pro- porcionando invasao bacteriana secundaria 0 animal geralmente apresenta manqueira,desde grau I ate grau III ou 1\1,chegando a ficar impossibilitado de apoiar 0 membro no solo devido ao des- colamento da coroa do casco na regiao dos tal6es e ao compro- metimento do coxim adiposo do pe.Ocasionalmente, podera ocor- rer crescimento anormal do cas- co com tendencia a substituic;:ao do estojo c6rneo. Nas fases iniciais, quando a dermatite seborreica e pronun- ciada, 0 processo pode ser con- fundido com a sarna cori6ptica da quartela, havendo, portanto, necessidade de diagn6stico dife- rencial, feito atraves de raspado de pele e exame microsc6pico. o tratamento consiste em se retirar os animais do meio predis- ponente, para baia ou piquete de recuperac;:ao,plano,limpo e seco. A regiao lesada e 0 casco devem ser diariamente lavados com agua e sabao para a remoc;:ao das crostas, para em seguida manter 0 membro em pediluvio com permanganato de potassio 1:5000 durante 5 minutos. Feito o pediluvio, enxugue a regiao e aplique glicerina iodada a 10%; fac;:aum penso protetor abran- gendo desde 0 boleto ate 0 cas- co. Em muitos casos, quando 0 edema e pronunciado e a coroa do casco na regiao do talao esta descolada, podem ser aplicados antibi6tico e antiinflamat6rio pa- ra auxiliar a resoluc;:ao.Aplique 40.000 UI/kg de penicilina ben- zatina por via intramuscular a ca- da tres dias perfazendo tres apli- cac;:6es.Nas fases iniciais do pro- cesso, a utilizac;:aode cremes ou pomadas antiinflamat6rias, ap6s o pediluvio com permanganato de potassio, alivia a dermatite, produzindo no animal sensac;:ao de conforto. Preventivamente, mantenha as baias limpas e secas; drene e fac;:acercas em pastos alaga- dic;:osou pr6ximos de brejos ou charcos; conserve cama e fezes abrigadas em esterqueiras. 2.10. Dermatomicoses ou tinhas. As tinhas saD dermatomico- ses que produzem uma afecc;:ao cutanea contagiosa causada por fungos que se alojam nos pelos e pele, ou ambos, invadindo celu- las epiteliais corneificadas ou 0 pr6prio pelo. Os fungos que comumente causam a enfermidade saD: Trychophyton equinum, T. quin- ckeanum, T. mentagrophytes, T. verrucosum, Microsporum equi- num e M. gypseum. Os agentes podem viver como sapr6fitos em reslduos vegetais deteriorados e no solo (geofOicos)e nos pr6prios animais (zoofnicos).A contamina- c;:aoocorre por contato direto en- tre os animais, ou indiretamente atraves de mantas, escovas, ras- padeiras e bacheiros, ou em ani- mais que permanecem em regi- me de estabulac;:ao por muito tempo, em baias umidas e escu- ras com cama alta e capim em decomposic;:ao favorecida pelas fezes e urina. Outro componente importante na instalac;:aodo processo e 0 es- tado de higiene da pele e as con- dic;:6esde resistencia do organ is- mo que, ao se desequilibrarem, propiciamcondic;:6esde instalac;:ao e desenvolvimento das les6es. Muitos fungos causadores de les6es nos cavalos saDtransmis- slveis ao homem, razao pela qual deve ser dispensado todo cuidado no contato com animais afetados. As tinhas manifestam-se mais frequentemente durante as esta- c;:6eschuvosas e quentes, por pro- piciarem condi<;:6esde tempera- tura e umidade ideal para 0 de- senvolvimento dos fungos. As regi6es de predilec;:aopa- ra 0 aparecimento das tinhas saD: cabec;:a,pescoc;:o,regiao escapu- . lar,costado, erina,garupa e dorso. Cavalos afetados podem apre- sentar les6es superficiais ou pro- fundas, que se iniciam como pla- cas arredondadas com pelos eri- c;:adose a regiao dolorida ao to- que. Posteriormente os pelos tor- nam-se asperos e caem, ou saD facilmente arrancados em tufos, deixando uma area de alopecia, acinzentada, brilhante, com cerca de 3 cm, diametro este que pode variar conforme 0 fungo. Surgem crostas delgadas na area de alo- pecia e os pelos podem voltar a crescer em torno de 30 a 40 dias. Os animais podem apre- sentar discreta coceira e rara- mente as les6es saD prurigi- nosas, exceto nas afecc;:6escom M. gypseum, cujo diametro das lesoes e menor, as crostas saD espessas e possuem aparencia de lesao difusa. Figura 2.27 Tinha acometendo a face lateral da cabeya. Figura 2.28 Tinha acometendo a face caudal dos membros posteriores - extensa area de alopecia - o diagnostico e baseado na apresentac;;aodas les6es, deven- do ser confirmado pelo exame microscopico de raspado da pele e pelos da regiao afetada, evi- denciando a presenc;;adeespo- ros au micelio do fungo. Os tratamentos com poma- das, cremes au Ifquidos conven- cionalmente utilizados para a ho- mem, alem de onerarem 0 custo do tratamento, sac diflceis de se- rem aplicados em func;:aoda ex- tensao da afecc;:ao.0 que se reco- menda sao banhas com xampus a base de sulfeto de selenio a 1%, seguido de um segundo banho com thiabendazol. o thiabendazol, para ter uma ac;:aoantimicotica eficaz, deve ser dilufdo ate a concentrac;:ao de 5%. Se preferir a "thiaben- dazol po solLivel",dissolva a con- teLido de 1 pacote em tres li- tros de agua. Deste volume, 2 litros serao utilizados para pul- verizar a animal com bomba costal, 0 restante devera ser redilufdo em 10 litrosde agua e servira para pulverizac;;ao da baia, mantas, arreios, escovas, raspadeiras etc. Esta operac;:ao devera ser realizada 1 vez par semana durante 1 meso Caso prefira ou encontre a thiaben- dazol a 20%, para obter 0 pro- duto a 5%, adicione a cada li- tro, 3 litros de agua e proceda da mesma forma que a "thiaben- dazol po soILivel". Soluc;;6esde sulfato de cobre 1% a 3%, violeta genciana a 1% e acido salicnico em alcool a 5% tambem podem ser utilizados pa- ra banho dos animais. As tinhas rebeldes, de diflcil cura, poderao ser tratadas, as- sociando ao banho, aplica<;6es de 20.000 UI/kg de penicilina procaina e 10 mg/kg de dihi- droestreptomicina, pela via intra- muscular, 2 vezes ao dia, por 5 a 7 dias. Aplica<;6es de iodo- povidine degermante, apos 0 banho e a secagem da pele aco- metida, tem produzido excel en- tes resultados, revertendo 0 pro- cesso apos a segunda ou ter- ceira aplica<;ao. Caso ocorra contamina<;ao baderiana nas les6es mico- ticas, alem da antibioticotera- pia sistemica, passe sobre as les6es, 1 vez ao dia, nitrofura- zona solu<;ao. A sarna e uma dermatose contagiosa, produzida por aca- ros e acompanhada por prurido e altera<;6es eczematosas, que ocorrem com relativa frequen- cia. Nos equinos as sarnas mais comuns sac as produzidas pelo Sarcoptes scabiei, variedade equi, Psoroptes equi e Choriop- tes bovis, variedade equi. A Sarna Sarc6ptica do ca- valo e produzida par uma varie- dade do acaro que ataca 0 ho- mem, caracterizando-se como uma afec<;ao muito contagiosa e rebelde. Inicia-se pela cabe- <;a, atacando orbitas, orelhas, labios e tabua do pesco<;o,como regi6es preferenciais. Pode tam- bem se localizar na regiao es- capular e na crina e, mais rara- mente, em outras partes do cor- po. A infesta<;ao natural ocorre por contato direto com animais enfermos, ou indireto, atraves de objetos que estiveram em con- tato com animais doentes, como escovas, raspadeiras, mantas, palhas, cercas, on de animais com sarna se co<;aram. A prin- cipio aparecem pequenas vesi- culas que se rompem, deixando crostas onde os pelos caem. As areas de alopecia aumentam ra- pidamente pela confluencia das les6es, podendo, nestas regi6es, a pele se apresentar espessada e enrugada. 0 prurido e inten- so, 0 que mantem 0 animal in- quieto. 0 quadro e agravado quando 0 cavalo e mantido em Figura 2.29 Sarna psoroptica - pescoyo e torax. Figura 2.30 Sarna sarcoptica - cernelha. • estabulos quentes e nos ani- mais cobertos com mantas. Podera haver transmissao para 0 homem, embora de ca- rater benigno e facil de ser curada. A Sarna Psor6ptica e pro- duzida por um acaro diferente do anterior. A infestac;:aoocorre sempre pelo contato com outro animal doente. Ataca principalmente as re- gi6es providas de pelos longos como na base da cauda e crina, e nas areas desprovidas de pelos como mamas, prepucio e regiao axilar e inguinal. As les6es sac formadas par crostas grandes e espessas, ocorre alopecia alem de in- tenso prurido. A pele das areas afetadas pode se apresentar espessada devido ao animal se coc;:ar constantemente em mour6es ou quinas de cochos e portas de baia. 0 Psoroptes equi quando ataca 0 pavilhao auricular produz intensa irrita- c;:aoe secrec;:6es acompanha- das por sacudidas e fricc;:ao da cabec;:a contra objetos. Algu- mas vezes 0 ato de coc;:arpode ocasionar sangramento que atrai moscas e predisp6e a in- fecc;:6essecundarias, levando a otite externa. A Sarna Cori6ptica ou a sar- na da quartela se propaga por camas sujas e tambem, embora menos frequente, de animal pa- ra animal. E transmitida atraves de materiais de limpeza como panos, escovas e raspadeiras. Ataca preferencialmente a face posterior da quartela, nos mem- bros posteriores, produzindo le- sac semelhante a Dermatite da Ouartela. As les6es sac em for- ma de crostas com areas de alo- pecia e intenso prurido local. Os cavalos permanecem inquietos, pateiam 0 solo com frequencia, e, as vezes, procuram alcanc;:ar a quartela com os dentes para se coc;:arem. o diagnostico, como nas de- mais sarnas, e feito pelo ras- pado de pele examinado ao mi- croscopio. o tratamento geral das sar- nas deve ser realizado com pro- dutos de atividade acaricida co- mo coumaphos ou este associa- do ao triclorfom, na concentra- c;:aode 0,2% a 0,5%, ou 0 ami- traz a 12,5%. Por ser bastante toxico, 0 amitraz deve ser dilufdo na base de 4 a 8 cm3 por litro de agua, preparando-se ao re- dor de 5 litros de soluc;:aopara cada banho, ou confQrme a con- centrac;:ao de apresentac;:ao do produto. Independentemente do principio ativo utilizado, de 1 ba- nho por semana, totalizando quatro banhos. Apos 0 segundo banho,o pelo comec;:araa cres- cer e a pele se recuperar. Caso nao ocorra recuperac;:ao total, pode-se instituir uma nova serie de quatro banhos, iniciando-se uma seman a apos 0 termino da primeira serie. Outros parasitos externos como 0 piolho mordedor (Oa- mal(nia equi) e 0 piolho chu- pador de sangue (Haemato- pinus asini) ocorrem mais rara- mente. 0 tratamento pode ser o mesmo. 2.12. Fotossensibilizac;ao (dermatite solar). A fotossensibilizac;:ao e ca- racterizada por uma dermatite que se desenvolve pela ac;:aode agentes fotodinamicos ingeri- dos pelos animais. Muito embora 0 processo esteja bem caracterizado e estudado em ovinos e bovinos, nos equinos ainda nao se tem uma absoluta identificac;:ao de sua etiopatogenia, acreditando- se, entretanto, que seja seme- Ihante a que ocorre em outras especies. A utilizac;:ao da Bra- chiaria humid(cola para a ali- mentac;:aoextensiva de equinos, em algumas regi6es do Brasil - cerrados e regiao norte - como unica fonte de alimento volumoso, tem se constitufdo como a principal causa de fo- tossensibilizac;:ao hepatogena nesta especie. Outros aspectos que tambem devem ser levados em considerac;:ao, e que a Bra- chiaria humid(cola configura-se como uma especie vegetal de ma qualidade nutricional para cavalos, com baixos teores de protefnas e minerais, alem de apresentar elevada concentra- c;:aode oxalatos. A fotossensibilizac;:ao hepa- togena ou secundaria, desen- volver-se quando 0 f1gado e le- sado pela ac;:ao de toxinas - fungos ou plantas toxicas - pre- judicando a func;:aode desintoxi- cac;:aodo organismo. Neste sen- tido, a lesao hepatica instalada, faz com que haja reduc;:aoou ate obstruc;:aodo fluxo de bile que e / Figura 2.31 Dermatite solar (fotossensibiliza«ao) - area de transi«ao de pigmenta«ao da pele - Figura 2.32 Dermatite solar (fotossensibiliza«ao). rica em filoeritrina, produto final do metabolismo da c1orofila.Por esta razao, a filoeritrina se acu- mula no tecidos, atingindo niveis cutaneos que tornam a pele sensivel a luz. Clinicamente, a fotossensi- biliza<;ao manifesta-se em re- gi6es despigmentadas do cor- po do animal, principalmente no focinho ("chanfro"), narinas, pal- pebras, pavilhao auricular e bo- letos, com delimita<;ao evidente com as areas nao afetadas e pigmentadas. as animais apresentam, ain- da, emagrecimento progressivo, perda de brilho e queda de pelos, "ressecamento" dapele, epifora, e conjuntivas e muco- sas idericas nos quadros carac- teristicos. as primeiros sinais c1i- nicos manifestam-se por eri- tema seguido de edema e dis- creto prurido, sendo que os ca- sos mais graves podem evoluir para papula, piodermite e ne- crose da pele. as cavalos po- dem ficar irrequietos e trauma- tizarem as areas lesadas ao co<;arem-se em objetos, agra- vando ainda mais 0 quadro. a diagn6stico e estabelecido pela apresenta<;aoc1inicado pro- cesso, e a possibilidade de inges- tao de agentes fotodinamicos, alem de provas de fun<;aohepati- ca, como AST e GGT. A primeira providencia a ser tomada para que 0 tratamento seja conduzido adequadamente, e a de impedir que 0 animal permane<;a exposto a luz solar direta, alojando-o em boas con- di<;6esde higiene, e impedindo- II ode ingerir substancias sabida- mente fotossensibilizantes. Dro- gas tr6ficas ao metabolismo he- patico, como glicose e metioni- na, embora de a~ao controver- tida como hepatoprotetoras, po- dem ser aplicadas pela via in- travenosa, 1 vez ao dia durante 2 a 3 dias. Prometazina na dose de 0,1 a 0,5 mg/ kg, 2 vezes ao dia, alivia a sensa~ao de des- conforto cutaneo e acalma 0 animal nas fases iniciais do pro- cesso. A institui~ao de fluido- terapia eletrolitica e de cortico- terapia sistemica, podera ser adotada para os casos mais gra- ves em que haja intensa mani- festa~ao inflamat6ria cutanea. o tratamento local podera ser realizado com pomadas con- tendo cortic6ides associ ados a neomicina, sendo prudente a administra~ao de antibioticote- rapia sistemica quando se tem instalada uma piodermite. A calcinose circunscrita ou calcinose tumoral e caracteriza- da pela presen~a de massa den- sa, calcificada, que pode medir ate 10 centlmetros de diame- tro, localizada junto a face late- ral da articula~ao femorotlbio- patelar. Muito embora a etiologia da calcinose nao seja bem conhe- cida, acredita-se que traumas frequentes e repetidos sobre a regiao podem ser os causado- res do processo. Clinicamente, 0 que se ob- serva e 0 aumento de volume localizado no subcutaneo da face lateral da articula~ao femorotlbio-patelar, duro a pal- pa~ao e m6vel. 0 cavalo, nor- malmente, nao apresenta qual- quer sinal de c1audica~ao ou de manifesta~ao dolorosa local, mesmo a palpa~ao profunda. Radiograficamente pode-se bbservar massa oval,com bordas irregulares, com radiodensidade similar a camada cortical do ossa, o tratamento consiste na re- mo~ao cirurgica, porem,justifica- vel somente quando a animal venha a apresentar c1audica~ao decorrente do processo, 0 que e raro, ou quando a aumento de volume possa comprometer es- teticamente a regiao. Figura 2.33 Calcinose circunscrita - vista anterior. Figura 2.34 Calcinose circunscrita - vista lateral.
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