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Enfermidades dos Cavalos - Cap. 2

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02
AfeC90es da Pele
A pele e os pelos constituem
o manto de revestimento do or-
ganismo animal, formando uma
barreira de protec;ao ao frio, ao
sol, da desidratac;ao e das conta-
minac;6esexternas,sendo um dos
componentes importantes nama-
nutenc;ao da termorregulac;ao.
A pele do cavalo e notada-
mente resistente e muito sensivel;
e constituida pela epiderme, ou
capa externa,e,subjacentemente,
pela derme e subderme,A epider-
me e formada por celulas epite-
liais estratificadas que se diferen-
ciam em uma camada profunda
germinativa, de varias camadas
de celulas poliedricas e outras su-
perficiais corneificadas que se
descamam continuamente.
Dos estratos da pele origi-
nam-se os anexos que saG os
pelos, cascos, glandulas sebace-
as, sudorfparas e mamarias. A
derme e a regiao de tecido con-
juntiva denso que separa a pele
propriamente dita dos demais
tecidos corporais. E na derme
que encontramos arterias, veias,
capilares, vasos linfciticos, fibras
nervosas sensitivas e as glandu-
las de secrec;ao ex6crina.
As glandulas sudoriparas do
cavalo encontram-se distribufdas
praticamente por todo 0 corpo
do animal, exceto nas extremi-
dades, conferindo uma grande
capacidade de suar, que asso-
ciada a mecanismos de erec;ao
dos pelos, formam um perfeito
sistema de resfriamento.
A cor da pele e proporcionada
por granulos de melanina, confe-
rindo, em uniao com a cor dos
pelos, a tonalidade caracterfstica
de cada padrao de colorac;ao.
Em suma, a pele e 0 termo-
metro de avaliac;aodo estado de
saude do animal. Animais doen-
tes apresentam pele aspera,
sem elasticidade, descamando
e pelos sem brilho.
E uma alterac;ao funcional
das glandulas sudoriparas que
acomete cavalos submetidos a
exercfcio, em regi6es de clima
quente e umido.
A falha no mecanismo da su-
dorese, responsavel pela manu-
tenc;ao e equillbrio da tempera-
tura corporal, decorre principal-
mente da incapacidade das glan-
dulas sudorfparas de responde-
rem aos estfmulos da adrenalina
circulante, retendo calor desne-
cessariamente.
o quadro clinico e caracteri-
zado pela dispneia e alterac;6es
de sudorese, logo ap6s 0 exercf-
cio. A produc;ao de suor reduz-
se gradativamente, podendo res-
tringir-se apenas as regi6es do
pescoc;oe entre as coxas, e rara-
mente limitar-se a regiao da crina
A intensidade da reduc;aodos
sinais de suor pode variar con-
forme a gravidade da exposic;ao.
Pode evoluir em semanas assim
como a manifestac;ao ser aguda.
A intensa dispneia ocorre pela
necessidade de aumentar a per-
da de calor pela respirac;ao, co-
mo formade compensac;ao.Nes-
tas condic;6es, alguns animais
podem apresentar elevac;ao de
temperatura corp6rea que atinge
41 a 42°C logo ap6s 0 exercfcio,
temperatura esta que pode per-
sistir por algum tempo.
Nas sucessivas recorrencias
de anidrose, os animais podem
apresentar alterac;6es cutaneas,
tornando-se a pele ressecada,
escamosa e sem elasticidade.
Existem suspeitas de que a
capacidade de adaptac;ao ao
clima tropical, principalmente de
animais oriundos de regi6es tem-
peradas ou de clima frio, possui
um componente hereditario.
Cavalos predispostos e que
manifestam anidrose com relati-
va frequencia, devem ser manti-
dos, fora das temporadas de tra-
balho, em regi6es de temperatu-
ras mais baixas. Os animais aco-
metidos, quando levados para
essas regi6es, tem seus sinto-
mas atenuados gradativamente.
Devido a etiologia e etiopato-
genia incerta,0 tratamento e feito
baseado na sintomatologia que
o animal apresenta. Banhos com
agua em temperatura abaixo da
ambiente, principalmente nas ho-
ras mais quentes do dia, aliviam
a manifestac;aoclinica do proces-
so. Pode-se ainda associar-se
aplicac;6es lentas, pela via intra-
venosa, de soluc;6es eletrollticas
ou de cloreto de s6dio isotonica.
Paralelamente, recomenda-se a
administrac;ao de extratos de ti-
re6ide, em razao de possivel
hipotiroidismo dos cavalos afe-
tados, vitamina E e de ACTH.
Animais predispostos devem
ser mantidos preventivamente em
instalac;6es bem arejadas, abri-
gados do sol, ou em baias muni-
das de condicionadores de ar,
Contus6es
E: considerada contusao todo
trauma direto sobre a pele, sem
que haja qualquer comprometi-
mento da integridade cutanea, E:
uma lesao fechada, cuja exten-
sac depende diretamente do
agente traumatico, da potencia
do trauma e dos tecidos afetados,
Podemos reconhecer dife-
rentes graus de manifesta<;:ao
dos sintomas das contus6es:
1°Grau. Equimose: Aparece sob
a forma de uma mancha roxa
sob a pele em virtude da rup-
tura de capilares. Pode ser
precoce, imediatamente apcSs
o trauma, ou de aparecimento
tardio, diflcil de ser visualizada
em animal de pele escura,
2° Grau. Hematoma: Caracteri-
za 0 extravasamento sangur-
neo em maior grau, 0 volume
do derrame esta diretamente
relacionado ao calibre do va-
so rompido ou a extensao do
comprometimento das arte-
rias e veias, 0 hematoma ge-
ralmente se forma em razao
do deslocamento do tecido
subcutaneo e a forma<;:aode
uma cavidade sob a pele,
aparecendo uma verdadeira
bolsa de sangue no local do
trauma, ou devido a lacera-
<;:6ese rupturas de musculos,
3° e 4° Graus. Caracterizam-se
por grandes comprometimen-
tos dos tecidos devido a dis-
tensao da pele, Podem apa-
recer focos circunscritos de
necrose tecidual e gangrena
local, ou 0 completo esface-
lamento, transformando os te-
cidos em verdadeira "papa",
A evolu<;:ao das contus6es
pode ser para a cura nas peque-
nas equimoses e ocasionalmen-
te nos hematomas pequenos;
forma<;:aode seromas em derra-
mes serosos; organiza<;:ao,ob-
servada no coagulo; gangrena,
nos comprometimentos de vasos
sangurneos e,consequentemen-
te, do fluxo do sangue, tornando
aberto urn foco anteriormente fe-
chado; infec<;:ao,atraves da inva-
sac de germes patogenicos,
o tratamento esta voltado pa-
ra 0 grau da lesao e extensao
do processo, A equimose pode
ter a sua gravidade diminurda
quando imediatamente apcSs0
trauma aplicam-se compressas
frias ou gelo sobre 0 local.A a<;:ao
do frio produz vasoconstri<;:ao,di-
minuindo 0 derrame de sangue,
Ouando ele ja se fez presente, 0
usa de pomadas antiinflamatcS-
rias ou heparin6ides em massa-
gens suaves, pelo menos 2 vezes
ao dia, geralmente abranda os si-
nais ou reverte 0 processo e evita
suas consequencias em tomo de
2 a 3 dias.
Hematomas e derrames se-
rosos devem ser drenados apcSs
1 semana, tempo suficiente pa-
ra sua organiza<;:aoe matura<;:ao,
para possibilitar a drenagem e a
retirada dos tecidos danificados,
As grandes distens6es e es-
magamentos fechados deverao
ser tratados e transform ados em
feridas cirurgicas,
Nos grandes traumatismos,
quando 0 comprometimento te-
cidual e extenso, podendo aco-
meter qualquer regiao do corpo
do animal, sempre existe 0 risco
de choque traumatico. Caso 0
animal apresente sinais do cho-
que traumatico, como apatia, au-
mento da frequencia respiratcS-
ria e cardraca, sudorese, tontura
e tempo de perfusao capilar au-
mentado, institua imediatamen-
te a terapeutica geral de susten-
ta<;:aoque consiste na fluidote-
rapia com solu<;:6eseletrolrticas,
preferencialmente ringer lacta-
to, ou solu<;:aofisiolcSgica na ve-
locidade de 60 a 80 gotas por
minuto para reposi<;:aovolemica.
Concomitantemente a fluidote-
rapia, aplique cortic6ides, prefe-
rencialmente a hidrocortisona,
pela via intravenosa, dilurda na
solu<;:aoeletrolrtica, na dose de
1,0 a 4,0 mg/kg na dependen-
Figura 2.1
Fistula pre-escapular com
perfura<;:aodo es6fago.
cia da gravidade do estado de
choque. A manutenc;:ao da cor-
ticoterapia pode ser feita com a
metade da dose de ataque e
a fluidoterapia ser mais lenta.
Feridas
Ferida e toda e qualquer so-
luc;:aode continuidade da pele,
geralmente produzida por ac;:ao
traumatica externa, cuja intensi-
dade ultrapassa a resistenciados
tecidos atingidos.
As feridas, dependendo do
tipo e intensidade da ac;:aotrau-
matica que as causaram, podem
ser c1assificadas em:
a. Quanto aos pianos que
podem atingir
1. Superficiais (simples):
possuem as bordas limpas e re-
gulares, sem apresentarem lesao
vascular ou nervosa.
2. Profundas (compostas):
apresentam-se comprometidos
varios pianos, atingindo muscu-
los, tend6es, vasos, nervos e os-
sos, dependendo da regiao atin-
gida pelo agente traumatico.
1. Perfurantes (penetrantes):
quando sac causadas por obje-
tos pontiagudos como pontas de
madeira, bambus etc. Em geral
a lesao cutanea e pequena, po-
rem profunda, e, frequentemente,
quando a perfurac;:aoe causada
por madeira ou bambu, um frag-
mento pode permanecer no fun-
do da lesao e produzir contami-
nac;:aolocal que evolui para a for-
Figura 2.2
Esfacelo da pele e dos tend6es.
mac;:aode uma fistula. As conse-
quencias das feridas perfurantes
dependem da lesao e das estru-
turas atingidas, sendo a hemor-
ragia pequena, a nao ser que um
vasa calibroso seja atingido pelo
corpo estranho. As feridas pene-
trantes podem tambem atingir
articulac;:6es,cavidade abdominal,
caixa toracica, ou outras estrutu-
ra vitais, com graves consequen-
cias quanto a vida do animal.
2. Incisas: sac incisas as feri-
das que apresentam cortes cau-
sados por objetos afiados, produ-
zindo danos, cuja gravidade esta
na dependencia da profundidade
e do local atingido. As areas mais
comumente acometidas sac os
membros e a regiao peitoral, que
podem apresentar cortes profun-
dos afetando tend6es e feixes
vasculonervosos, com serios ris-
cos para a vida, quando houver
hemorragia profusa As feridas in-
cisas podem ser acompanhadas
de grandes lacerac;:6es,quando a
ac;:aodo corte proporciona arran-
camento de grande extensao da
pele, observada com muita fre-
quencia quando os cavalos pren-
dem ou enrolam as patas em ara-
me lisoou em arame farpado, pro-
duzindo um verdadeiro esfacela-
mento dos tecidos com gravissi-
mas consequencias.
Figura 2.3
Trauma com fratura do osso
maxilar e exposiyao do seio.
3. Contusas: sac as feridas
produzidas por objetos pianos,
sem pontas ou corte, ou forem
capazes de provocarem solu-
<;:6esde continuidade da pele
por traumas em graus variados,
podendo ainda comprometer
estruturas profundas como va-
sos, nervos e ossos.
4. Associadas: a. perfuro-in-
cisas; b. perfuro-contusas; c. la-
cero-contusas (esfacelo).
c. Quanto a presen9a de
microorganismos
1. Assepticas: quando 0 ferimen-
to nao teve contato com ter-
ra,fezes ou entao foi causado
por objeto esterilizado,e tenha
decorrido, no maximo, ate 6
horas de evolu<;:ao.
2. Contaminadas: quando 0 fe-
rimento apresenta microorga-
nismos devido a contato com
terra, fezes, ou objetos conta-
minados, sem que, no entan-
to, haja infec<;:aoe suas con-
sequencias locais ou gerais,
3. Infectadas: quando a ferida
apresenta-se com fen6me-
nos teciduais de necrose, se-
cre<;:aopurulenta e sem ten-
dencia a repara<;:ao.
As feridas podem, ainda, ser
consequentes a a<;:aode subs-
tancias qUlmicas, radia<;:6esem
geral ou de origem termica (frio
ou calor).
as sintomas das feridas po-
dem ser caracterizados pelos se-
guintes fen6menos:
1. Fen6menos primarios 10-
cais: separa<;:aodos labios da fe-
rida,que depende da localiza<;:ao,
da extensao do comprometimen-
to e das linhas de tensao da pele;
hemorragia e dor.
2. Fen6menos primarios a dis-
tfmcia: tromboses e impotencia
funcional motora, quando estao
Figura 2.4
Linfangiteap6s ferimento cutaneo.
Figura 2.5
Linfangiteap6s ferimento cutaneo.
comprometidas as estruturas ten-
dinosas, ligamentos, nervos; arti-
cula<;:6es,assim como pode ocor-
rer linfangite e adenite regional.
3. Fen6menos primarios ge-
rais: hipertermia, nas feridas ex-
tensas infectadas; choque pela
hemorragia ou absor<;:aode to-
xinas nas grandes lacera<;:6ese
no esfacelo.
4. Fen6menos secundarios:
referem-se as fases de repara-
<;:aoe cicatriza<;:ao,incluindo fa-
tores locais e gerais, depresso-
res da cicatriza<;:ao e estimula-
dores de forma<;:aode granula-
<;:6esexubera~tes.
Fundamentalmente, 0 que se
espera sob 0 ponto de vista me-
dico veterinario, e a completa re-
para<;:aodos tecidos lesados,sem
que permane<;:am,se for posslvel,
qualquer sequela funcional ao or-
ganismo do animal e do ponto de
vista estetico, Neste sentido, e
para que haja uma correta inter-
preta<;:aoda apresenta<;:aocllnica
do ferimento, mesmo antes da in-
terven<;:aodo profissional, torna-
se importante 0 conhecimento
dos fen6menos de regenera<;:ao
e repara<;:aode les6es cutaneas.
Tres sac asfases que culmi-
nam com a cicatriza<;:ao:
Fase 1.
E caraderizada como fase de
resposta vascular e inicia-se no
momento do sangramento da fe-
rida. Devido a a<;:aode miofibro-
blastos, momento ap6s a a<;:ao
traumatica, ocorre contra<;:aopre-
coce do ferimento, que associa-
da a vasoconstri<;:aoe deposi<;:ao
local de plaquetas,possibilita a re-
du<;:aodo sangramento cutaneo
ate a hemostasia. Subsequente-
mente, ocorre marginac;aode leu-
cocitos, aumento da permeabili-
dade da parede vascular e migra-
c;aode elementos celulares san-
gUineos para 0 coagulo de fibrina
formado durante a hemorragia
inicial. Esta configurac;ao carac-
teriza a instalac;aoda inflamac;ao
com predominancia de polimorfo-
nucleares, e posteriormente de
macr6fagos mononucleares ati-
vados, responsaveis pela fagoci-
tose de microorganismos e debri-
damento do ferimento. A presen-
c;ade fibroblastos na populac;ao
de elementos figurados da fase
1 do processo de reparac;aotem
por func;ao formar uma base que
direcione os fen6menos migrat6-
rios,estendendo-os por toda a su-
perfrcie da ferida ate as suas
margens.
Fase 2.
Denominada tambem de fase
proliferativa, caraderiza-se por
predominancia de macr6fagos,
aumento progressivo de fibro-
blastos e intensa rede de neovas-
cularizac;aoprovenientes de bro-
tos endoteliais. A presenc;ade fi-
broblastos e da rede neovascu-
lar nesta fase da reparac;ao,deter-
mina a ferida um aspedo granu-
lar, r6seo claro que sangra facil-
mente ao menor trauma.
Fase 3.
Definida como fase de mode-
lac;aoou fase fibroplastica, e ca-
raderizada por intenso decresci-
mo da rede neovascular, e au-
mento da densidade do colage-
no, determinando uma aparencia
r6sea mais debil, porem com gra-
nulac;aomais firme. A partir deste
momento, inicia-se a epitelizac;ao
proveniente de celulas basais que
se multiplicam e migram sobre 0
tecido neoformado, iniciando-se
pelas margens do ferimento em
direc;ao ao centro. Concomitan-
temente, os tecidos maturam e
todos os pianos da pele sofrem
retrac;ao decorrente da atuac;ao
de miofibroblastos em direc;aoao
centro da ferida, resultando na ci-
catriz final.
Em razao de fatores quimio-
taticos intrrnsecos aos fen6me-
nos de cicatrizac;ao, a fase pro-
liferativa podera sofrer inibic;ao
ou estimulac;ao exuberante. A
ferida podera sofrer inibic;ao e
nao epitelizar-se, ou, 0 que e
muito frequente, principal men-
te em feridas localizadas nos
membros, ocorrer excessiva
fibrinogenese, com granulac;ao
exuberante ou que ultrapasse 0
nrvel das margens da ferida.
Este processo pode ainda ser
desencadeado pela presenc;a
persistente de macr6fagos ati-
vados que, continuamente esti-
mulam a atividade de srntese
dos fibroblastos. Outro fator
considerado responsavel pela
excessiva granulac;ao da ferida
cutanea em equinos, desta fei-
ta imediatamente antes do inr-
cio da fase de remodelac;ao, saG
as proteoglicanas, identificadas
como substancias basicas no
desencadeamento do tecido
granulomatoso exuberante.
A cicatrizac;aode feridas tam-
bem pode sofrer interferencia de
QUADRO 1. Fatores locais que interferem nos fen6menos de
cicatrizayao de feridas.
Cirurgias
Suprimento de sangueNas fases 1,2 e 3.
Nas fases 1,2 e 3.
Prolonga a fase fibrinogenica e de
retra<;:aoda ferida.
Interfere na retra<;:aoe retarda as
fases 2 e 3.
Exacerba a resposta inflamatoria e
predisp6em a ferida a infec<;:6es.
Prolonga as fases 2 e 3.
Pode produzir redu<;:aode suprimento
sangurneo, retardar todas as fases da
cicatriza<;:ao.
Aumenta a resposta inflamatoria e
retarda todas as fases da cicatriza<;:ao.
Aumenta a resposta inflamatoria e
estimula a granula<;:ao exuberante.
Figura 2.6
Ferida granulada em fase de
epitelizayaa, tratada par
segunda intenyaa.
fatores locais e sistemicos, con-
forme demonstrados nosOuadros
1 e 2 respectivamente.
o diagn6stico da ferida e sim-
ples de ser realizado devido a
pr6pria soluc;ao de continuidade
da pele em lesoes recentes, 0 as-
pecto do tecido de granulac;ao e
a contaminac;ao nos casos tar-
diamente atendidos. Entretanto,
e necessario que se fac;acriterio-
sa avaliac;aoc1lnicapara se esti-
mar 0 grau de comprometimen-
to flsico das estruturas atingidas,
para que 0 tratamento possa ser
adequadamente instituldo.
As feridas, de uma maneira
geral, podem ser tratadas por pri-
meira e por segunda intenc;ao.
Sao tratadas por primeira in-
tenc;aotodas as feridas nao infec-
tadas, isto e, que nao estiveram
em contato com terra, fezes, e
material contaminado, ou que nao
ten ham ultrapassado 6 horas
QUADRO 2. Fatores sistemicos que interferem nos fen6menos
de cicatrizayao de feridas.
Hipovolemiase anemias,
hipoxia,e traumas
em geral,
Citotoxico e citostatico
em geral
desde a sua ocorrencia. 0 trata-
mento por primeira intenc;aoe fei-
to atraves da sutura da pele, utili-
zando fios apropriados, ap6s a
anti-sepsia e anestesia da regiao
atingida.
Paratanto,devemos,logo ap6s
o acidente, procurar proteger e
manter limpa a ferida Lave-a sua-
vemente com sabao de coco e
soluc;ao fisiol6gica; se posslvel,
enfaixe com gaze ou atadura de
crepe ate 0 momento da sutura.
Se houver hemorragia forte,
observe a tonalidade do sangue;
se for "escuro" e sinal de hemor-
ragia venosa; garroteie ou com-
Deprime a resposta leucocitaria e a
slntese de colageno.
Deprime a slntese de colageno,
a resposta inflamatoria e a tensao
de oxigenio.
Deprime a sintese de colageno,
o desenvolvimentode fibroblastos
e do tecido de granula<;ao.
Deprime a forma<;aode fibroblastos e
a neovasculariza<;ao.
Deprime a slntese de calageno, inibe
a neovasculariza<;aoe 0 tecido de
granula<;ao
prima logo abaixo da lesao se for
no membro; se 0 sangue for ver-
melho claro, e a hemorragia aos
jatos, e sinal de comprometimen-
to arterial; garroteie ou comprima
logo acima da lesao. Caso 0 gar-
roteamento nao seja posslvel,
fac;a hemostasia comprimindo a
ferida com uma compressa ou
toalha limpa ate que 0 sangue
pare ou 0 vasa seja ligado. Em
seguida, proceda a anaplastia.
Ap6s a sutura, caso 0 animal
nao esteja vacinado contra 0 te-
tano, aplique pela via intramus-
cular ou subcutanea 5.000 U de
soro antitetanico e inicie trata-
mento com penicilina G benzati-
na na dose de 40.000 UI/kg, pe-
la via intramuscular, realizando
uma aplicac;:aoa cada 3 dias, ate
a retirada dos pontos. Fac;:alim-
peza diaria da sutura, passando
anti-septico com algodao e, se
for possfvel, conserve a ferida ci-
rurgica aberta, sem enfaixar, para
melhor ventilac;:aoe cicatrizac;:ao.
Caso seja necessario proteger-
se a ferida cirurgica, utilize espa-
radrapo especial para esta fina-
lidade ou fixe uma faixa de gase
com cola ou sutura.
Ferimentos tratados por pri-
meira intenc;:ao,localizados nos
membros, principal mente sobre
articulac;:6es, frequentemente
dao deiscencias de pontos, isto
e, ocorre abertura dos labios da
ferida e produc;:aode secrec;:ao
purulenta, obrigando tratamento
por segunda intenc;:ao.A deis-
cencia pode ocorrer devido a in-
terrupc;:ao do fluxo sangufneo,
pela tensao dos nos e pelos mo-
vimentos amplos da regiao su-
turada, que pode secionar a pele
nas bordas da ferida.
Sao tratadas por segunda in-
tenc;:aotodas as feridas que apre-
sentem contaminac;:aopela pre-
senc;:ade secrec;:aopurulenta ou
por terem sido ocasionadas ha
mais de seis horas. Tambem as
feridas cirurgicas que apresenta-
rem necrose ou deiscencia dos
pontos saDtratadas por segunda
intenc;:ao.
Muitos saD os metodos tera-
peuticos e conselhos de como
tratar uma ferida aberta A maioria
procura pomadas e formulas mi-
lagrosas que geralmente resul-
tam em retardo da cicatrizac;:aoou
em uma cicatriz exuberante, ou
em linfangites por invasaosecun-
daria de germes. Produtos como
creolina,agua oxigenada e "spray"
repelente e cicatrizante, saDcon-
tra-indicados em membros de
equinos por propiciarem 0 desen-
volvimento de enormes granulo-
mas que depreciam 0 animal e
sangram com muita facilidade.
o importante e manter a ferida
limpa, utilizando-se anti-septicos
suaves como Ifquido de Dakin
ou permanganato de potassio
1:5000 ou, ate mesmo, agua lim-
pa;em seguida utilizeglicerina io-
dada a 10%, passando com al-
godao sobre 0 ferimento. Fac;:a
isto 2 vezes ao dia Dentro de 5 a
7 dias pode-se notar a formac;:ao
de um tecido de granulac;:aoro-
seo intenso, que prolifera da pe-
riferia para 0 centro da lesao, pa-
ra depois ocarrer a epitelizac;:ao.
Se ocasionalmente houver
muita mosca, e se a ferida for em
um membro, proteja-a com um
penso aplicado levemente para
nao causar constric;:aovascular.
Caso ocorra intenso ataque
de moscas sobre a lesao,ha 0 ris-
co de formac;:aode mifase, 0 que
e indesejavel por irritar 0 animal e
prejudicar a cicatrizac;:ao.Utilize
o seguinte esquema:
1. Lave diariamente a ferida com
agua e sabao de coco, sem
esfregar.
2. Limpe com Ifquido de Dakin
ou permanganato de potassio
1:5000.
3. Aplique uma fina camada de
pomada com a seguinte for-
mulac;:ao:
- Oxido de zinco - 100 g.
- Penicilinabenzatinasemes-
tar dilufda - 1.200.000 UI
- Triclorfom po - 9 9
- Furazolidona ou oleo de
ffgado de bacalhau 0 su-
ficiente para dar consis-
tencia a pomada.
Atenc;:ao especial deve ser
dada a lavagem da ferida, de-
vendo-se realiza-Ia com irriga-
dores ou seringas de 100 ml, 0
que possibilita jato Ifquido sob
pressao com ac;:ao mecanica
sobre as secrec;:6es. Este pro-
cedimento permite que cerca
de 80% das secrec;:6es sejam
eliminadas do foco. Outro as-
pecto ainda a ser considerado,
e a quantidade de fluido que
deve ser abundante, 0 tipo de
fluido e a adic;:ao de substan-
cias antimicrobianas ao Ifquido,
no final da lavagem. A lavagem
pode ser tambem realizada na
sua fase inicial com soluc;:aofi-
siologica, e, no final, ser subs-
titufda por anti-septicos como
Ifquido de Dakin, soluc;:ao de
iodo-povidine a 1% ou sulfato
de neomicina a 0,25%. Feri-
mentos tratados por segunda
intenc;:ao,apresentam boa res-
posta cicatricial com lavagens
diarias com soluc;:aooriunda de
estrato de barbatimao (planta
arbustivo bem distribufda no
territorio nacional) ou iodo-
povidine com ac;:ucar,preferen-
cialmente cristal ou mascavo.
Ferimentos cutaneos com
baixa res posta cicatricial, na
maiaria das vezes necessitam
de debridamento das margens
no sentido de estimular-se e
II
Figura 2.7
Enxerto autologo de pele.
Figura 2.8
Colar de contenQao.
possibilitar a epiteliza<;:ao.Esta
manobra pode ser realizada com
a ponta do bisturi voltada para a
pele, "descolando-se" cerca de
3mm de toda a borda da ferida.
Em geral nao ha necessidade
de se realizar bloqueio aneste-
sico, e 0 sangramento que pode
acontecer deve ser contido com
penso compressivo.
Ouando 0 ferimento for muito
extenso ou se pn:;tendemanter
um aspeeto estetico a cicatriz,
principalmente em lesoes cuta-
neas localizadas nos membros,
pode-se se realizar a enxertia de
pele, utilizando-se fragmentos
retirado de outra regiao do corpo
do cavalo.
E extremamente importantea aplica<;:aodo colar de conten-
<;:aoem volta do pesco<;:o,ou 0
usa de focinheira (bu<;:al),para
impedir a automutila<;:ao que
prejudica a cicatriza<;:ao normal
e estimula a forma<;:aode tecido
de granula<;:aoexuberante.
Normalmente 0 ferimento,
dependendo de sua extensao,
devera cicatrizar em tomo de 15
a 30 dias.
Nao se esque<;:ado soro an-
titetanico se 0 animal nao for va-
cinado, e antibioticoterapia para
controlar ou impedir a invasao
de germes.
Ocasionalmente podemos
ter ferimentos extensos cau-
sados por substancias quimi-
cas causticas mortificando a
pele e 0 tecido celular subcu-
tan eo. Lave a lesao cuidado-
samente com agua e sabao de
coco ou com solu<;:aode bicar-
bonato de s6dio, no caso de
acidos. Remova todo a tecido
mortificado e, '2 vezes ao dia,
ap6s lavagem com Irquido de
Dakin, passe sabre a lesao,
glicerina iodada a 10% ou 61eo
de f1gado de bacalhau. Man-
tenha 0 cavalo ao abrigo da luz
solar.
Casos em que haja tenden-
cia a forma<;ao de tecido de gra-
nula<;aoexuberante, a ferida de-
vera ser tratada com ressec<;ao
do tecido excessivo, quantas ve-
zes forem necessarias, e apli-
cado penso compressivo para
controle mecanico da granula-
<;ao.Geralmente, quando da res-
sec<;ao do tecido granulomato-
so, podera ser necessaria 0 de-
bridamento cirurgico das bordas
da ferida. Ainda nos casos de
granulomas exuberante, alem
das ressec<;6es cirurgicas con-
vencionais, poder-se-a utilizar a
criocirurgia com gas carbonico
ou nitrogenio Irquido,objetivando
a inibi<;aoda granula<;aoao nrvel
da pele.
E de fundamental importan-
cia 0 diagn6stico diferencial da
etiopatogenia do granuloma exu-
berante. Granula<;6esproduzidas
por larvas de habronema ou de-
vida a pitiose saGtratadas com-
pletamente diferentes e serao
abordadas em cada processo em
particular.
Para que se possa realizar
um exame c1rnico criterioso e
se manter um registro adequa-
do do caso atendido, recomen-
damos a utiliza<;ao do seguinte
protocolo de exame de feridas,
a ser anexado ao prontuario do
animal:
Figura 2.9
Oueimadura com substancia acida.
Figura 2.10
Oueimadura com substancia acida.
Rac;:a: Pelagem: _
Nome do proprietario: _
Enderec;:o: _
Descric;:aoda Ferida
Local: _
Tempo de ocorrencia _
Fase: _
Estruturas atingidas: _
Tamanho: em cm, X cm, Profundidade em cm,: _
Presen<;:ade:
( ) Exsudato:
Ouantidade: _
Tipo: _
Cor: _
Odor: _
( ) Corpo Estranho
OuaIOs)?: _
( ) Necrose ( ) Mifase ( ) Tecido de Granula<;:ao Exuberante
Tratamentos Realizados
( ) Nao fol tratada
( ) Primeira inten<;:ao:
Oual 0 fio e tipo de ponto utilizado?: _
( ) Segunda inten<;:ao: _
( ) Anti-septicos:
OuaIOs)?: _
Como?: _
Por quanto tempo?: _
( ) Cicatrizantes
OuaICis)?: _
Como: _
Por quanto tempo?: _
( ) Repelentes
Oual(is)?: _
Como?: _
Par quanto tempo?: _
( ) Outros
( ) 0 animal esta recebendo algum medicamento?
OuaICis)?: _
Ouantas vezes ao dia?: _
Diagn6stico(s):
Tratamento(s):
Local:
II
E. ocasionada pela invasao
de larvas de Habronema sp em
ferimentos, principal mente ex-
sudativos.
Manifesta-se em les6es de
pele ou escoria<;6es onde 0
equino nao consegue espan-
tar as moscas vetoras das lar-
vas. Desenvolve-se mais co-
mumente no canto interno do
olho, na linha media do abdo-
men e nos membros abaixo
das regi6es metaca.rpica e
metatarsica. Sao menos co-
muns as localiza<;6es na cer-
nelha, orelhas e regi6es acima
da articula<;ao carpiana e da
tarsiana, no penis e prepucio.
A habronemose cutanea e
tambem conhecida pelo nome
de "ferida de verao" pelo fato de
que nesta epoca do ana proli-
feram as moscas predispondo
ao desenvolvimento da lesao.
A ferida evolui de forma rapi-
da, podendo atingir grandes dia-
metros. Possui 0 centro ligeira-
mente concavo com tecido de
granula<;ao irregular, averme-
Ihada e, as vezes, recobertas par
crosta acinzentada. 0 granulo-
ma pode evoluir atingindo gran-
des volumes, 0 que torna impar-
tante 0 tratamento precoce.
o que chama a aten<;ao e
que a habronemose cutanea
nao responde aos tratamentos
comuns de feridas, indicando-se
nestas condi<;6es 0 uso de pro-
dutos organofosforados (triclor-
fom po) atraves da sonda naso-
gastrica, na dose de 25 a 40
mg/kg, repetindo-se a dose
apos 20 dias, ou organofos-
forados pasta, na dose de 40
mg/kg, ou ivermectina na dose
de 0,2 mg/kg, ou sob a forma
injetavel. Localmente, podemos
utilizar a mesma formula de po-
mada indicada para as feridas
tratadas por segunda inten<;ao
Figura 2.11
Granulayao exuberante na
habronemose.
Figura 2.13
Granulayao exuberantena pitiose.
adicionando-se, porem, 9 9 de
triclorfom po.
Outra formula que propor-
ciona bons resultados no trata-
mento de granulomas cutaneos
causados pelo Habronema sp
pode ser aviada com os seguin-
tes componentes:
Figura 2.12
Granulayao exuberante na
habronemose.
Figura 2.14
Habronemose cutanea.
Organofosforados
(triclorfom) 9 9
Nitrofurazona base
soluvel em agua 224 9
Dexametasona soluc;:ao40 mg
DMSO 90% 56 9
Os componentes da f6rmu-
la devem ser convenientemen-
te homogeneizados e aplicados
3 vezes ao dia sobre 0 tecido
lesado, podendo-se proteger a
ferida com a aplicac;:ao de um
penso compressivo.
Ouando 0 tecido de granula-
c;:aose torna muito exuberante e
necessite ressecc;:ao,associe ao
tratamento t6pico, infusao intra-
venosa de organofosforados (tri-
c1orfom) na dose de 22 mg/kg
dilurdo em 1 a 2 litros de soluc;:ao
fisiol6gica. A aplicac;:aointraveno-
sa deve ser lenta e interrompida
a qualquer sinal que 0 animal ma-
nifeste de intolerancia ao produ-
to, como excitac;:aoe sudorese.
Tenha sempre 0 cuidado de sub-
meter 0 animal a jejum total de
volumosos pelo menos 12 horas,
e hrdrico de 6 horas.
Como opc;:aoao tratamento
convencional, em granulomas pe-
quenos, pode-se instituir a criote-
rapia, utilizando-se gas carbonico
ou nitrogenio liquido.
Preventivamente, deve-se
manter as instalac;:6es limpas e
construir esterqueiras, eliminan-
do os focos de proliferac;:ao de
moscas e conservando 0 animal
em baias teladas.
2.5. Pitiose (ficomicose,
oomicose, zigomicose).
Conhecida tambem como
"tumor dos pantanos e alagadi-
c;:os"a pitiose, e uma infecc;:aoin-
vasiva,ulcerativa, proliferativa, mi-
c6tica piogranulomatosa causa-
da pelo Pythium insidiosum, an-
tes denominado Hyphomyces
destruens, pode estar associada
a varias outras especies de fun-
Figura 2.15
Habronemose cutanea no canto das palpebras.
gos e microorganismos. Os mi-
craorganismos se instalam no te-
cido subcutaneo do animal, prin-
cipalmente nos membros, abdo-
men, pescoc;:oe cabec;:a;poden-
do incluir a cavidade nasal, labios
e eventualmente a traqueia.
Apesar de ser referido como
um fungo, 0 Pythium sp. e um
membra do reino Protista, c1asse
Oomicetos, ordem Peronospora-
les e famniaPythiacea e saGpara-
sitas de plantas aquaticas em
aguas estagnadas.
Alguns autores diferenciam
as diversas infecc;:6escausadas
por agentes desencadeantes de
les6es similares conforme a re-
giao em que se encontra insta-
lada, entretanto, 0 aspecto for-
mal e patol6gico e semelhante,
o que possibilita agrupa-Ias em
um s6 item.
Os principais agentes do pro-
cesso granulomatoso saG Py-
thium insidiosum, Entomophtho-
ra coronata, Mucorspp, Basidio-
Figura 2.16
Habronemose cutanea
na regiao interfalangica.
II
bolus haptosporus, alem de ou-
tros dos generos Absidia coryn-
bifera, Rhizopus spp.,Mortierella
wolfii e Conidiobolus coronatus.
A doen<;:aocorre em animais
de regi6es tropicais e subtropi-
cais umidas, principalmente nos
meses de verao, atacando equi-
nos de todas as idades, sexo ou
ra<;:as.0 Pythium sp. tambem
pode causar doen<;:acutanea em
bovinos e humanos, e ainda aco-
meter caes e gatos.
Em geral a infec<;:aose instala
no tecido subcutaneo quandoha
lesao de pele, desenvolvendo, de
forma cr6nica 0 tecido de granu-
la<;:aoexuberante (Fig. '2.17). 0
processo de desenvolvimento da
lesao se inicia com areas de ne-
crose formando multiplos traje-
tos fistulosos com exsuda<;:aose-
rosa intensa. A lesao evolui para
forma<;:ao granulomatosa com
presen<;:as de fistulas; canais
com secre<;:aoviscosa abundan-
te e areas mais ou menos circu-
lares de massas necroticas ama-
reladas e acinzentadas, conten-
do hifas e nucleos calcificados.
o intenso processo reacional
que se instala, e a caracteristica
pruriginosa da lesao, faz 0 cava-
10 ro<;:ara lesao em superficies
asperas e se automutilar com os
dentes, estimulando ainda mais
a prolifera<;:ao granulomatosa,
que cresce sem controle.
Na maioria das vezes 0 pro-
cesso fica restrito a pele e teci-
do subcutaneo. Entretanto, oca-
sionalmente podera haver inva-
sao de estruturas mais profun-
das, ou, ate mesmo atingir a dis-
tancia 0 trato intestinal, os ossos,
Lesao cutanea
1
Instala<;:aoe prolifera<;:ao
do fungo (geralmente - Necrose subcutanea
nos membros) 1
Intensa rea<;:aoeosinofilica e
necrose de vasos sangUineos
Aspecto
multifilamentoso den so
1 1
Forma<;:aode grumos_ Forma"ao de ffstulas_Granula"ao exuberante
com fungo e tecidos com
calcificado prurido viscoso
Figura 2.17
Etiopatogenia da pitiose.
os pulm6es, a traqueia, os lin-
fonodos, as articula<;:6es e as
bainhas de tend6es, causando
gastroenterites, periostites, os-
teomielites, artrites septicas,
laminite, pneumonia, linfadeni-
tes, e tenosinovites de extrema
gravidade.
o diagnostico se baseia no
aspecto granulomatoso da lesao;
presen<;:a de areas necroticas
com fistulas e canais que secre-
tam prurido viscoso; e nucleos
calcificados. Em razao do aspec-
to granulomatoso da lesao ha a
possibilidade de ser confundida,
no inicio, ou ser associada com
tecido de granula<;:aocicatricial
exuberante, habronemose cuta-
nea, basidiobolomicoses, e com
o sarcoide fibroso ou fibroblasti-
co, deve-se realizar 0 diagnostico
diferencial, cultivando-se a se-
cre<;:aoem meios especiais para
fungos, para observa<;:aoe isola-
mento do agente.
Em muitos casos, ha neces-
sidade de realiza<;:aode exames
histopatologicos com biopsias
profundas da regiao de transi-
<;:aodo granuloma, auxiliando,
desta maneira, 0 diagnostico di-
ferencial (rea<;:ao eosinofnica,
necrose de vasos sanguineos e
presen<;:ade hifas). Ocasional-
mente podem ser utilizados tes-
tes de fixa<;:ao,imunodifusao e
Figura 2.18
GranulaQaoexuberantena pitiose.
hiperssensibilidade intradermi-
ca, ainda pouco consistentes
em Medicina Veterinaria,
o tratamento consiste em
ressecyao cirurgica profunda da
massa granulomatosa, associa-
do a terapia com anfotericina B
ou ketoconazol. A dose inicial de
anfotericina B e 0,30 mg/kg, na
dose total diaria de 150 mg, pela
via intravenosa, dilulda em 1 litro
de glicose 5%, em infusao com
agulha fina (40 x 10) e lenta-
mente, A cada 3 dias a dose
pode ser aumentada em 50mg
ou 1mg/kg, ate atingir um maxi-
mo de 0,8 a 0,9 mg/kg por dia
ou 400 mg totais, Esta dose e
administrada por ate 30 dias
quando 0 exsudato diminui, 0 te-
cido de granulayao se contrai e
a epitelizayao se inicia. Ao trata-
mento intravenoso, pode-se as-
sociar 0 usa t6pico de 50 mg de
anfotericina B e DMSO 20% em
Figura 2.19
Granulac;8.oexuberante na
pitiose ap6s resseCC;8.ocirurgica.
penso umido que deve ser tro-
cado diariamente, assim como a
administrayao de 1g/15 kg, no
maximo de 20 g/dia de iodeto
de potassic pela via oral. A dura-
yao do tratamento em media
devera ser de 30 dias,
Devido a nefrotoxicidade da
anfotericina B, e recomendavel
a monitorizayao dos rins a cada
72 horas, atraves de exames de
urina e nlveis sericos de ureia e
creatinina, Caso estes exames
indiquem alterayao renal, 0 tra-
tamento pode ser interrompido
temporariamente e retomado
ap6s a normalizayao dos para-
metros bioqulmicos. Outra pre-
cauyao a ser tomada, diz respei-
to a fie bite decorrente da forte
irritayao que podera ser causa-
da na parede do vasa pela
anfotericina B,
A imunoterapia envolvendo
vacinayao com antlgenos deri-
vados de culturas do Pythium
insidiosum tem sido recomenda-
da em alguns palses,
Preventivamente deve-se evi-
tar a perman€mciade animais em
areas de alagadiyos, ou pantano-
sos, devido a gravidade com que
se revestea lesaoe,aos altos cus-
tos do tratamento preconizado,
E uma enfermidade conside-
rada infecciosa cr6nica, nao con-
tagiosa, produzida por Staphylo-
coccus aureus.0 nome botriomi-
cose deve-se ao fato de, inicial-
mente, pensar-se tratar de fungo
e nao de bacteria.
As les6es botriomic6ticas
originam-se pela invasao do S.
aureus de forma difusa por todo
o corpo, agravando-se, com fre-
quencia, em regi6es expostas a
traumatismos,
Desenvolve-se sob a forma
de n6dulos de tamanho que va-
riam ate 10 cm de diametro com
centro firme, ou flutuantes a pal-
payao. Eventualmente, podem
fistulizar dando salda a pus, de
colorayao esbranquiyada e as-
pecto granuloso, principal men-
te no tecido subcutaneo e no
cordao espermatico de cavalos
recem-castrados e com funi-
culite de castrayao, Clinicamen-
te 0 estado geral do animal per-
manece inalterado comendo e
vivendo aparentemente sem
grandes problemas,
o diagn6stico baseia-se nas
caracterlsticas das les6es e no
pus com granulos esbranquiya-
dos que ao serem examinados
em microscopio, ap6s colorayao
espedfica, revelam zoogleias,
o tratamento e realizado com
penicilina benzatina na dose de
40,000 UI/kg a cada 3 a 5 dias,
associada a uma dose diaria ma-
tinal, pela via intravenosa, de ter-
ramicina a 10 mg/kg que pode
estar associada a DMSO (dime-
thylsulfoxido) na dose de 0,5 a
1,0 mg/ kg em soluyao a 20%, e
a tarde 10 mg/kg de terramicina
pela via intramuscular. E conve-
niente, como em todo processo
bacteriano, se posslvel, a realiza-
yao de antibiograma para a veri-
ficayao da sensibilidade do ger-
me aos antibi6ticos, antes de se
instituir 0 tratamento,
As les6es cutaneas podem
ser tratadas com limpeza com
Ilquido de Dakin e nitrofurazona
pomada.
E um processo tumoral que
acomete a pele do cavalo, cuja
etiologia ainda permanece in-
certa. Pensou-se que se trata-
va de um tumor produzido por
virus epiteliotr6fico devido a
grande semelhan<;a entre 0 sar-
c6ide equino e a papilomatose
bovina. Porem, 0 que e certo e
que existem fatores imunol6gi-
cos envolvidos no aparecimen-
to do tumor, independente da
participa<;ao ou nao de virus.
o sarc6ide equino aparece
frequentemente nos membros,
cabe<;a, regiao periorbital e pal-
pebral, regiao ventral do abdo-
men, base da orelha e regiao axi-
lar e inguinal. Pode surgir de for-
ma multi pia em varias partes do
corpo, como uma lesao inicial
que lembra a papilomatose de-
vido ao espessamento da pele e
seu aspedo verrugoso. Ocorre
rapido desenvolvimento de fibro-
se, tornando-o de consistencia
firme para depois se ulcerar. 0
sarc6ide pode ainda se apresen-
tar sob as formas fibroblastica,
nodular e plana (oculto).
o tumor pode aumentar mui-
to de tamanho, apresentar infec-
<;:aobaderiana secundaria com
secre<;:aoseropurulenta e areas
perifericas inflamadas.
A forma com que ocorre a
transmissao nao esta muito bem
esclarecida, porem, sabe-se que
e um tumor transplantavel expe-
rimentalmente.
o diagn6stico baseia-se na
apresenta<;:ao c1lnica da lesao
e nas caracterlsticas histopa-
tol6gicas do fragmento colhi-
do por bi6psia, na periferia da
lesao.
Figura 2.20
Sarc6ide palpebral e auricular.
o tratamento e inconsisten-
te e baseia-se na remo<;:aoci-
rurgica das massas tumorais
nos casos de apresenta<;:ao
verrugosa, nodular e fibrobras-
tica, principal mente quando fo-
rem pedunculados, podendo-se
associar ao tratamento a auto-
hemoterapia injetando-se cerca
Figura 2.22Sarc6ide fibroblastico.
Figura 2.21
Sarc6ide fibroblastico.
Figura 2.23
Sare6ide plano au oeulto.
de 10 ml de sangue venoso do
proprio animal pela via intramus-
cular, 1 vez por semana, totali-
zando 4 aplicac;:6es.
Ainda pode-se tambem lan-
c;:armao da criocirurgia, produ-
zindo-se 0 congelamento da
massa com gelo seco, nitroge-
nio Ilquido ou gas carbonico. A
criocirurgia produz resultados em
cerca de 60% dos casos. Outro
metodo de tratamento usado e
a imunoterapia com B.C.G.
(bacillus Calmette-Guerin) atra-
ves de multiplas injec;:6esna le-
sac com intervalos de 1 a 2 se-
manas entre as aplicac;:6es. A
dose de B.C.G deve ser de 1 ml
para cada 1a 2 centlmetros qua-
drados de tecido, sendo, em ge-
ral, necessarias de 2 a 5 aplica-
c;:6es para que se obtenha os
resultados desejados. Tentativas
de tratamento com autovacinas
nao produziram resultados sa-
tisfatorios, estando os percen-
tuais de cura abaixo de 20%.
Esta neoplasia esta relacio-
nada com celulas produtoras de
melanina, substancia esta que
confere a colorac;:ao escura ou
preta a pele.
a melanoma acomete prefe-
rencialmente cavalos tordilhos e,
ocasionalmente, pode ser obser-
vado em animaiscom pelagensde
outras cores. Raramente 0 tumor
aparece em animais com menos
de 6 anos de idade, nao havendo
predilec;:aopara sexo ou rac;:a
Clinicamente 0 melanoma
possui predilec;:aopara manifes-
tar-se na base da cauda, perlneo
e anus, aparecendo, inicialmente,
como um nodulo firme, unico ou
multiplo, que com 0 tempo pode-
ra ulcerar-se e apresentar secre-
c;:ao.Muito embora seja um tumor
com caraeterlsticas invasivas e
metastaticas, alguns nao apre-
sentam este comportamento
agressivo ao organismo, evoluem
lentamente e nao causam gran-
des problemas ao animal. Sob a
forma de melanosarcoma, 0 tu-
mor pode comprometer a glan-
dula parotida e por contiguidade
atingir a bolsa gutural.
A ressecc;:aocirurgica do tu-
mor pelos metodos convencio-
nais ou atraves de criocirurgia po-
Figura 2.24
Melanoma - regiao parotid ea.
Figura 2.25
Melanoma - regiao perineal.
Figura 2.26
Melanoma - metastase hepatica.
de ser realizada ap6s a avalia<;:ao
do diametro,da quantidade de n6-
dulos e da idade do animal.Trata-
mentos a base de cimetidine (re-
ceptor H2 antagonista) e BeG,
tem sido utilizadoscom resultados
promissores. Melanomas com
multiplos n6dulos que envolvem
a cauda e regiao anal, frequente-
mente recidivam na mesma re-
giao, ap6s a cirurgia e ocasional-
mente podem apresentar tenden-
cia de produzirem metastases.
Atualmente tem se desen-
volvida pesquisas para a produ-
<;:aode vacina no combate ao
melona instalado.
E uma afec<;:aoque acome-
te a face caudal da quartela dos
equinos, manifestando-se co-
mumente em animais que per-
manecem em preca.rias condi-
<;:6esde higiene. Baias sujas,
com acumulo de fezes e urina,
pastagens barrentas com char-
cos e agua estagnada saG os
principais fatores que predis-
poem ao desencadeamento da
afec<;:ao,preferencialmente nos
membros posteriores.
Inicialmente, e observada
dermatite da regiao com irrita<;:ao
e vermelhidao da pele, desde a
face caudal do boleto ate a co-
roa do casco, junto aos taloes,
desencadeando coronite. Ocorre
excessiva produ<;:aode secre<;:ao
seborreica conferindo aspecto
grosseiro a pele e forma<;:aode
crostas. Nesta fase, aparecem
sulcos ou rachaduras na pele,pro-
porcionando invasao bacteriana
secundaria 0 animal geralmente
apresenta manqueira,desde grau
I ate grau III ou 1\1,chegando a
ficar impossibilitado de apoiar 0
membro no solo devido ao des-
colamento da coroa do casco na
regiao dos tal6es e ao compro-
metimento do coxim adiposo do
pe.Ocasionalmente, podera ocor-
rer crescimento anormal do cas-
co com tendencia a substituic;:ao
do estojo c6rneo.
Nas fases iniciais, quando a
dermatite seborreica e pronun-
ciada, 0 processo pode ser con-
fundido com a sarna cori6ptica
da quartela, havendo, portanto,
necessidade de diagn6stico dife-
rencial, feito atraves de raspado
de pele e exame microsc6pico.
o tratamento consiste em se
retirar os animais do meio predis-
ponente, para baia ou piquete de
recuperac;:ao,plano,limpo e seco.
A regiao lesada e 0 casco devem
ser diariamente lavados com
agua e sabao para a remoc;:ao
das crostas, para em seguida
manter 0 membro em pediluvio
com permanganato de potassio
1:5000 durante 5 minutos. Feito
o pediluvio, enxugue a regiao e
aplique glicerina iodada a 10%;
fac;:aum penso protetor abran-
gendo desde 0 boleto ate 0 cas-
co. Em muitos casos, quando 0
edema e pronunciado e a coroa
do casco na regiao do talao esta
descolada, podem ser aplicados
antibi6tico e antiinflamat6rio pa-
ra auxiliar a resoluc;:ao.Aplique
40.000 UI/kg de penicilina ben-
zatina por via intramuscular a ca-
da tres dias perfazendo tres apli-
cac;:6es.Nas fases iniciais do pro-
cesso, a utilizac;:aode cremes ou
pomadas antiinflamat6rias, ap6s
o pediluvio com permanganato
de potassio, alivia a dermatite,
produzindo no animal sensac;:ao
de conforto.
Preventivamente, mantenha
as baias limpas e secas; drene
e fac;:acercas em pastos alaga-
dic;:osou pr6ximos de brejos ou
charcos; conserve cama e fezes
abrigadas em esterqueiras.
2.10. Dermatomicoses
ou tinhas.
As tinhas saD dermatomico-
ses que produzem uma afecc;:ao
cutanea contagiosa causada por
fungos que se alojam nos pelos
e pele, ou ambos, invadindo celu-
las epiteliais corneificadas ou 0
pr6prio pelo.
Os fungos que comumente
causam a enfermidade saD:
Trychophyton equinum, T. quin-
ckeanum, T. mentagrophytes, T.
verrucosum, Microsporum equi-
num e M. gypseum. Os agentes
podem viver como sapr6fitos em
reslduos vegetais deteriorados e
no solo (geofOicos)e nos pr6prios
animais (zoofnicos).A contamina-
c;:aoocorre por contato direto en-
tre os animais, ou indiretamente
atraves de mantas, escovas, ras-
padeiras e bacheiros, ou em ani-
mais que permanecem em regi-
me de estabulac;:ao por muito
tempo, em baias umidas e escu-
ras com cama alta e capim em
decomposic;:ao favorecida pelas
fezes e urina.
Outro componente importante
na instalac;:aodo processo e 0 es-
tado de higiene da pele e as con-
dic;:6esde resistencia do organ is-
mo que, ao se desequilibrarem,
propiciamcondic;:6esde instalac;:ao
e desenvolvimento das les6es.
Muitos fungos causadores de
les6es nos cavalos saDtransmis-
slveis ao homem, razao pela qual
deve ser dispensado todo cuidado
no contato com animais afetados.
As tinhas manifestam-se mais
frequentemente durante as esta-
c;:6eschuvosas e quentes, por pro-
piciarem condi<;:6esde tempera-
tura e umidade ideal para 0 de-
senvolvimento dos fungos.
As regi6es de predilec;:aopa-
ra 0 aparecimento das tinhas saD:
cabec;:a,pescoc;:o,regiao escapu- .
lar,costado, erina,garupa e dorso.
Cavalos afetados podem apre-
sentar les6es superficiais ou pro-
fundas, que se iniciam como pla-
cas arredondadas com pelos eri-
c;:adose a regiao dolorida ao to-
que. Posteriormente os pelos tor-
nam-se asperos e caem, ou saD
facilmente arrancados em tufos,
deixando uma area de alopecia,
acinzentada, brilhante, com cerca
de 3 cm, diametro este que pode
variar conforme 0 fungo. Surgem
crostas delgadas na area de alo-
pecia e os pelos podem voltar a
crescer em torno de 30 a 40 dias.
Os animais podem apre-
sentar discreta coceira e rara-
mente as les6es saD prurigi-
nosas, exceto nas afecc;:6escom
M. gypseum, cujo diametro das
lesoes e menor, as crostas saD
espessas e possuem aparencia
de lesao difusa.
Figura 2.27
Tinha acometendo a face lateral da cabeya.
Figura 2.28
Tinha acometendo a face caudal dos
membros posteriores - extensa area de alopecia -
o diagnostico e baseado na
apresentac;;aodas les6es, deven-
do ser confirmado pelo exame
microscopico de raspado da pele
e pelos da regiao afetada, evi-
denciando a presenc;;adeespo-
ros au micelio do fungo.
Os tratamentos com poma-
das, cremes au Ifquidos conven-
cionalmente utilizados para a ho-
mem, alem de onerarem 0 custo
do tratamento, sac diflceis de se-
rem aplicados em func;:aoda ex-
tensao da afecc;:ao.0 que se reco-
menda sao banhas com xampus
a base de sulfeto de selenio a 1%,
seguido de um segundo banho
com thiabendazol.
o thiabendazol, para ter uma
ac;:aoantimicotica eficaz, deve
ser dilufdo ate a concentrac;:ao
de 5%. Se preferir a "thiaben-
dazol po solLivel",dissolva a con-
teLido de 1 pacote em tres li-
tros de agua. Deste volume, 2
litros serao utilizados para pul-
verizar a animal com bomba
costal, 0 restante devera ser
redilufdo em 10 litrosde agua e
servira para pulverizac;;ao da
baia, mantas, arreios, escovas,
raspadeiras etc. Esta operac;:ao
devera ser realizada 1 vez par
semana durante 1 meso Caso
prefira ou encontre a thiaben-
dazol a 20%, para obter 0 pro-
duto a 5%, adicione a cada li-
tro, 3 litros de agua e proceda
da mesma forma que a "thiaben-
dazol po soILivel".
Soluc;;6esde sulfato de cobre
1% a 3%, violeta genciana a 1%
e acido salicnico em alcool a 5%
tambem podem ser utilizados pa-
ra banho dos animais.
As tinhas rebeldes, de diflcil
cura, poderao ser tratadas, as-
sociando ao banho, aplica<;6es
de 20.000 UI/kg de penicilina
procaina e 10 mg/kg de dihi-
droestreptomicina, pela via intra-
muscular, 2 vezes ao dia, por 5
a 7 dias. Aplica<;6es de iodo-
povidine degermante, apos 0
banho e a secagem da pele aco-
metida, tem produzido excel en-
tes resultados, revertendo 0 pro-
cesso apos a segunda ou ter-
ceira aplica<;ao.
Caso ocorra contamina<;ao
baderiana nas les6es mico-
ticas, alem da antibioticotera-
pia sistemica, passe sobre as
les6es, 1 vez ao dia, nitrofura-
zona solu<;ao.
A sarna e uma dermatose
contagiosa, produzida por aca-
ros e acompanhada por prurido
e altera<;6es eczematosas, que
ocorrem com relativa frequen-
cia. Nos equinos as sarnas mais
comuns sac as produzidas pelo
Sarcoptes scabiei, variedade
equi, Psoroptes equi e Choriop-
tes bovis, variedade equi.
A Sarna Sarc6ptica do ca-
valo e produzida par uma varie-
dade do acaro que ataca 0 ho-
mem, caracterizando-se como
uma afec<;ao muito contagiosa
e rebelde. Inicia-se pela cabe-
<;a, atacando orbitas, orelhas,
labios e tabua do pesco<;o,como
regi6es preferenciais. Pode tam-
bem se localizar na regiao es-
capular e na crina e, mais rara-
mente, em outras partes do cor-
po. A infesta<;ao natural ocorre
por contato direto com animais
enfermos, ou indireto, atraves de
objetos que estiveram em con-
tato com animais doentes, como
escovas, raspadeiras, mantas,
palhas, cercas, on de animais
com sarna se co<;aram. A prin-
cipio aparecem pequenas vesi-
culas que se rompem, deixando
crostas onde os pelos caem. As
areas de alopecia aumentam ra-
pidamente pela confluencia das
les6es, podendo, nestas regi6es,
a pele se apresentar espessada
e enrugada. 0 prurido e inten-
so, 0 que mantem 0 animal in-
quieto. 0 quadro e agravado
quando 0 cavalo e mantido em
Figura 2.29
Sarna psoroptica - pescoyo e torax.
Figura 2.30
Sarna sarcoptica - cernelha.
• estabulos quentes e nos ani-
mais cobertos com mantas.
Podera haver transmissao
para 0 homem, embora de ca-
rater benigno e facil de ser
curada.
A Sarna Psor6ptica e pro-
duzida por um acaro diferente
do anterior. A infestac;:aoocorre
sempre pelo contato com outro
animal doente.
Ataca principalmente as re-
gi6es providas de pelos longos
como na base da cauda e crina,
e nas areas desprovidas de
pelos como mamas, prepucio e
regiao axilar e inguinal.
As les6es sac formadas par
crostas grandes e espessas,
ocorre alopecia alem de in-
tenso prurido. A pele das areas
afetadas pode se apresentar
espessada devido ao animal se
coc;:ar constantemente em
mour6es ou quinas de cochos
e portas de baia. 0 Psoroptes
equi quando ataca 0 pavilhao
auricular produz intensa irrita-
c;:aoe secrec;:6es acompanha-
das por sacudidas e fricc;:ao da
cabec;:a contra objetos. Algu-
mas vezes 0 ato de coc;:arpode
ocasionar sangramento que
atrai moscas e predisp6e a in-
fecc;:6essecundarias, levando a
otite externa.
A Sarna Cori6ptica ou a sar-
na da quartela se propaga por
camas sujas e tambem, embora
menos frequente, de animal pa-
ra animal. E transmitida atraves
de materiais de limpeza como
panos, escovas e raspadeiras.
Ataca preferencialmente a face
posterior da quartela, nos mem-
bros posteriores, produzindo le-
sac semelhante a Dermatite da
Ouartela. As les6es sac em for-
ma de crostas com areas de alo-
pecia e intenso prurido local. Os
cavalos permanecem inquietos,
pateiam 0 solo com frequencia,
e, as vezes, procuram alcanc;:ar
a quartela com os dentes para
se coc;:arem.
o diagnostico, como nas de-
mais sarnas, e feito pelo ras-
pado de pele examinado ao mi-
croscopio.
o tratamento geral das sar-
nas deve ser realizado com pro-
dutos de atividade acaricida co-
mo coumaphos ou este associa-
do ao triclorfom, na concentra-
c;:aode 0,2% a 0,5%, ou 0 ami-
traz a 12,5%. Por ser bastante
toxico, 0 amitraz deve ser dilufdo
na base de 4 a 8 cm3 por litro
de agua, preparando-se ao re-
dor de 5 litros de soluc;:aopara
cada banho, ou confQrme a con-
centrac;:ao de apresentac;:ao do
produto. Independentemente do
principio ativo utilizado, de 1 ba-
nho por semana, totalizando
quatro banhos. Apos 0 segundo
banho,o pelo comec;:araa cres-
cer e a pele se recuperar. Caso
nao ocorra recuperac;:ao total,
pode-se instituir uma nova serie
de quatro banhos, iniciando-se
uma seman a apos 0 termino da
primeira serie.
Outros parasitos externos
como 0 piolho mordedor (Oa-
mal(nia equi) e 0 piolho chu-
pador de sangue (Haemato-
pinus asini) ocorrem mais rara-
mente. 0 tratamento pode ser
o mesmo.
2.12. Fotossensibilizac;ao
(dermatite solar).
A fotossensibilizac;:ao e ca-
racterizada por uma dermatite
que se desenvolve pela ac;:aode
agentes fotodinamicos ingeri-
dos pelos animais.
Muito embora 0 processo
esteja bem caracterizado e
estudado em ovinos e bovinos,
nos equinos ainda nao se tem
uma absoluta identificac;:ao de
sua etiopatogenia, acreditando-
se, entretanto, que seja seme-
Ihante a que ocorre em outras
especies. A utilizac;:ao da Bra-
chiaria humid(cola para a ali-
mentac;:aoextensiva de equinos,
em algumas regi6es do Brasil
- cerrados e regiao norte -
como unica fonte de alimento
volumoso, tem se constitufdo
como a principal causa de fo-
tossensibilizac;:ao hepatogena
nesta especie. Outros aspectos
que tambem devem ser levados
em considerac;:ao, e que a Bra-
chiaria humid(cola configura-se
como uma especie vegetal de
ma qualidade nutricional para
cavalos, com baixos teores de
protefnas e minerais, alem de
apresentar elevada concentra-
c;:aode oxalatos.
A fotossensibilizac;:ao hepa-
togena ou secundaria, desen-
volver-se quando 0 f1gado e le-
sado pela ac;:ao de toxinas -
fungos ou plantas toxicas - pre-
judicando a func;:aode desintoxi-
cac;:aodo organismo. Neste sen-
tido, a lesao hepatica instalada,
faz com que haja reduc;:aoou ate
obstruc;:aodo fluxo de bile que e
/
Figura 2.31
Dermatite solar (fotossensibiliza«ao)
- area de transi«ao de pigmenta«ao da pele -
Figura 2.32
Dermatite solar (fotossensibiliza«ao).
rica em filoeritrina, produto final
do metabolismo da c1orofila.Por
esta razao, a filoeritrina se acu-
mula no tecidos, atingindo niveis
cutaneos que tornam a pele
sensivel a luz.
Clinicamente, a fotossensi-
biliza<;ao manifesta-se em re-
gi6es despigmentadas do cor-
po do animal, principalmente no
focinho ("chanfro"), narinas, pal-
pebras, pavilhao auricular e bo-
letos, com delimita<;ao evidente
com as areas nao afetadas e
pigmentadas.
as animais apresentam, ain-
da, emagrecimento progressivo,
perda de brilho e queda de
pelos, "ressecamento" dapele,
epifora, e conjuntivas e muco-
sas idericas nos quadros carac-
teristicos. as primeiros sinais c1i-
nicos manifestam-se por eri-
tema seguido de edema e dis-
creto prurido, sendo que os ca-
sos mais graves podem evoluir
para papula, piodermite e ne-
crose da pele. as cavalos po-
dem ficar irrequietos e trauma-
tizarem as areas lesadas ao
co<;arem-se em objetos, agra-
vando ainda mais 0 quadro.
a diagn6stico e estabelecido
pela apresenta<;aoc1inicado pro-
cesso, e a possibilidade de inges-
tao de agentes fotodinamicos,
alem de provas de fun<;aohepati-
ca, como AST e GGT.
A primeira providencia a ser
tomada para que 0 tratamento
seja conduzido adequadamente,
e a de impedir que 0 animal
permane<;a exposto a luz solar
direta, alojando-o em boas con-
di<;6esde higiene, e impedindo-
II
ode ingerir substancias sabida-
mente fotossensibilizantes. Dro-
gas tr6ficas ao metabolismo he-
patico, como glicose e metioni-
na, embora de a~ao controver-
tida como hepatoprotetoras, po-
dem ser aplicadas pela via in-
travenosa, 1 vez ao dia durante
2 a 3 dias. Prometazina na dose
de 0,1 a 0,5 mg/ kg, 2 vezes ao
dia, alivia a sensa~ao de des-
conforto cutaneo e acalma 0
animal nas fases iniciais do pro-
cesso. A institui~ao de fluido-
terapia eletrolitica e de cortico-
terapia sistemica, podera ser
adotada para os casos mais gra-
ves em que haja intensa mani-
festa~ao inflamat6ria cutanea.
o tratamento local podera
ser realizado com pomadas con-
tendo cortic6ides associ ados a
neomicina, sendo prudente a
administra~ao de antibioticote-
rapia sistemica quando se tem
instalada uma piodermite.
A calcinose circunscrita ou
calcinose tumoral e caracteriza-
da pela presen~a de massa den-
sa, calcificada, que pode medir
ate 10 centlmetros de diame-
tro, localizada junto a face late-
ral da articula~ao femorotlbio-
patelar.
Muito embora a etiologia da
calcinose nao seja bem conhe-
cida, acredita-se que traumas
frequentes e repetidos sobre a
regiao podem ser os causado-
res do processo.
Clinicamente, 0 que se ob-
serva e 0 aumento de volume
localizado no subcutaneo da
face lateral da articula~ao
femorotlbio-patelar, duro a pal-
pa~ao e m6vel. 0 cavalo, nor-
malmente, nao apresenta qual-
quer sinal de c1audica~ao ou de
manifesta~ao dolorosa local,
mesmo a palpa~ao profunda.
Radiograficamente pode-se
bbservar massa oval,com bordas
irregulares, com radiodensidade
similar a camada cortical do ossa,
o tratamento consiste na re-
mo~ao cirurgica, porem,justifica-
vel somente quando a animal
venha a apresentar c1audica~ao
decorrente do processo, 0 que e
raro, ou quando a aumento de
volume possa comprometer es-
teticamente a regiao.
Figura 2.33
Calcinose circunscrita - vista anterior.
Figura 2.34
Calcinose circunscrita - vista lateral.

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