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Apostila Sociologia

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DESENVOLVIMENTO SOCIAL E HUMANO
Prof. Luis Alberto
Material de Consulta
Professor Gilberto (UFU) 
Um breve histórico do surgimento da Sociologia
A Sociologia é uma área de interesse muito recente, mas foi a primeira ciência social a se institucionalizar. Antes, portanto, da Ciência Política e da Antropologia. As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no século XVIII, como as Revoluções Industrial e Francesa, colocaram em destaque mudanças significativas da vida em sociedade com relação a suas formas passadas, baseadas principalmente nas tradições.
A Sociologia surge no século XIX como forma de entender essas mudanças e explicá-las. No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do capitalismo moderno. Esta disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social, desvinculando-se das preocupações especulativas e metafísicas e diferenciando-se progressivamente enquanto forma racional e sistemática de compreensão da mesma.
Assim é que a Revolução Industrial significou, para o pensamento social, algo mais do que a introdução da máquina a vapor. Ela representou a racionalização da produção da materialidade da vida social. O triunfo da indústria capitalista foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as ferramentas sob o controle de um grupo social, convertendo grandes massas camponesas em trabalhadores industriais. Neste momento, se consolida a sociedade capitalista, que divide de modo central a sociedade entre burgueses (donos dos meios de produção) e proletários (possuidores apenas de sua força de trabalho). Há paralelamente um aumento do funcionalismo do Estado que representa um aumento da burocratização de suas funções e que está ligado majoritariamente aos estratos médios da população.
O quase desaparecimento dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a imposição de prolongadas horas de trabalho, e etc., tiveram um efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas tradicionais de vida. Não demorou para que as manifestações de revolta dos trabalhadores se iniciassem. Máquinas foram destruídas, atos de sabotagem e exploração de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de sindicatos e movimentos revolucionários.
Este fato, associado às mudanças sócio-culturais provocadas pela Revolução Francesa, são importantes para o surgimento da Sociologia, pois colocava a sociedade num plano de análise relevante, como objeto que deveria ser investigado tanto por seus novos problemas intrínsecos, como por seu novo protagonismo político já que junto a estas transformações de ordem econômica pôde-se perceber o papel ativo da sociedade e seus diversos componentes na produção e reprodução da vida social, o que se distingue da percepção de que este papel seja privilégio de um Estado que se sobrepõe ao seu povo.
O surgimento da Sociologia prende-se em parte aos desenvolvimentos oriundos da Revolução Industrial, pelas novas condições de existência por ela criada. Mas uma outra circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que vinham ocorrendo nas formas de pensamento, originada pelo Iluminismo. A valorização do método científico para a investigação dos fenômenos, sejam eles naturais ou sociais, marcou profundamente o pensamento iluminista, para o qual a ciência é o único conhecimento eficaz para a compreensão da realidade (cientificismo). As transformações econômicas, associadas à emergência da ciência experimental, que se achavam em curso no ocidente europeu desde o século XVI, não poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecer a natureza e a sociedade.
O Positivismo e suas concepções teóricas 
O Positivismo é uma corrente sociológica cujo precursor foi o francês Auguste Comte (1789-1857). Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, caracterizando-se como afirmação social das ciências experimentais. Propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente teologia ou metafísica. O Positivismo se torna um método e uma doutrina: método enquanto sugere que as avaliações científicas devem estar rigorosamente embasadas em experiências e doutrina enquanto preconizava que todos os fatos da sociedade deveriam seguir uma natureza precisa e científica.
Auguste Comte
Augusto Comte preconizava o emprego de novos métodos no exame científico dos problemas sociais, substituindo as interpretações metafísicas e estabelecendo a autoridade e a ordem pública contra os abusos do individualismo da Escola Liberal. O positivismo dessa maneira era, portanto, uma filosofia determinista que professava, de um lado, o experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo o estudo das causas finais. Assim admitia que o espírito humano seria capaz de atingir as verdades do mundo físico através de métodos experimentais, mas não atingir dessa forma a verdade de questões metafísicas. Por isso podemos afirmar que o Positivismo era e é um dogmatismo físico e um ceticismo metafísico. Diretamente vinculadas ao pensamento social positivista, podemos destacar as seguintes concepções teóricas:
1) Darwinismo social: princípio a partir do qual as sociedades se desenvolveram de forma semelhante, segundo um mesmo modelo e que tais transformações representariam sempre a passagem de um estágio inferior para outro superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais adaptado e mais complexo. Esse tipo de mudança garantiria a sobrevivência dos organismos – sociedades e indivíduos – mais fortes e mais evoluídos. Assim, afirmava-se que as sociedades mais simples e de tecnologia menos avançada deveriam evoluir em direção a níveis de maior complexidade e progresso na escala da evolução social (evolucionismo), até atingir o estágio mais avançado ocupado pela sociedade industrial européia.
2) Organicismo: parte do princípio de que existem caracteres universais presentes nos mais diversos organismos vivos, dispostos sob a forma de órgãos e sistemas – partes independentes cuja função primordial é a preservação do todo social. A sociedade é, portanto, concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. Procuravam identificar leis biológicas com leis sociais, hereditariedade e história. Desse modo, ignoram a especificidade histórica e cultural do homem.
3) Cientificismo: crença no poder dominante e absoluto da ciência em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis, que seriam a base de regulamentação da vida do homem, da natureza e do próprio universo. Com esse conhecimento, pretendia-se substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por um método ou modelo eminentemente científico. Por essa razão, os primeiros pensadores sociais (Comte, Durkheim) buscaram no método das ciências naturais a base para a compreensão dos fatos sociais.
CLÁSSICOS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO
DURKHEIM (1858-1917)
	
Émile Durkheim nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Mareei Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da divisão do trabalho social, As regras do método sociológico, O suicídio, Formas elementares da vida religiosa, Educação e sociologia, Sociologia e filosofia e Lições de sociologia (obra póstuma).
O que é fato social
Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha-lhe dado esse nome, Durkheim é apontado comoum de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.
Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria definir com rigor a sociologia como ciência, estabelecendo seus princípios e limites e rompendo com as idéias de senso comum — os "achismos" — que interpretavam a realidade social de maneira vulgar e sem critérios.
Em uma de suas obras fundamentais, As regras do método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia — os fatos sociais.
De acordo com as idéias defendidas nesse trabalho, para o autor, o fato social é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente e preexistente. Assim, são três as características básicas que distinguem os fatos sociais. A primeira delas é a "coerção social", ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo desenvolve ou adquire um idioma, quando é criado e se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a certo código de leis ou regras morais. Nessas circunstâncias, o ser humano experimenta a força da sociedade sobre si.
A força coercitiva dos fatos sociais se torna evidente pelas "sanções legais" ou "espontâneas" a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelar-se contra ela. "Legais" são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se define a infração e se estabelece a penalidade correspondente. "Espontâneas" são as que afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada por um grupo ou por uma sociedade. Multas de trânsito, por exemplo, fazem parte das coerções legais, pois estão previstas e regulamentadas pela legislação que regula o tráfego de veículos e pessoas pelas vias públicas. Já os olhares de reprovação de que somos alvo quando comparecemos a um local com a roupa inadequada constituem sanções espontâneas. Embora não codificados em lei, esses olhares têm o poder de conduzir o infrator para o comportamento esperado. 
O comportamento desviante num grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o grupo pode espontaneamente reagir castigando quem se comporta de forma discordante em relação a determinados valores e princípios. A reação negativa da sociedade a certa atitude ou comportamento é, muitas vezes, mais intimidadora do que a lei. Jogar lixo no chão ou fumar em certos lugares — mesmo quando não proibidos por lei nem reprimidos por penalidade explícita — são comportamentos inibidos pela reação espontânea dos grupos que a isso se opõem. Podemos observar ação repressora até mesmo nos grupos que se formam de maneira espontânea como as gangues e as "tribos", que acabam por impor a seus membros uma determinada linguagem, indumentária e formas de comportamento. Apesar dessas regras serem informais, uma infração pode resultar na expulsão do membro insubordinado.
A "educação" — entendida de forma geral, ou seja, a educação formal e a informal — desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas nos membros do grupo e transformadas em hábitos. O uso de uma determinada língua ou o gosto por determinada comida são internalizados no indivíduo, que passa a considerar tais hábitos como pessoais. A arte também representa um recurso capaz de difundir valores e adequar as pessoas a determinados hábitos. Quando, numa comédia, rimos do comportamento de certos personagens colocados em situações críticas, estamos aprendendo a não nos comportarmos como ele. Nosso próprio riso é uma forma de sanção social, na encenação ou mesmo diante da realidade concreta.
A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, sendo, assim, "exteriores aos indivíduos". Ao nascermos já encontramos regras sociais, costumes e leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismos de coerção social, como a educação. Não nos é dada a possibilidade de opinar ou escolher, sendo assim independentes de nós, de nossos desejos e vontades. Por isso, os fatos sociais são ao mesmo tempo "coercitivos" e dotados de existência exterior às consciências individuais.
A terceira característica dos fatos sociais apontada por Durkheim é a "generalidade". E social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre em distintas sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo. Por essa generalidade, os acontecimentos manifestam sua natureza coletiva, sejam eles os costumes, os sentimentos comuns ao grupo, as crenças ou os valores. Formas de habitação, sistemas de comunicação e a moral existente numa sociedade apresentam essa generalidade.
Outras considerações sobre os fatos sociais – o método de estudo:
a) Para Durkheim, a ciência deveria apenas explicar e não procurar mudar a sociedade (como queria Comte). Quais as mudanças que deveriam ser feitas seria um problema para a Filosofia, que tentava entender a natureza humana. Assim, tudo o que estivesse de acordo com esta natureza era considerado bom para a sociedade, e tudo o que não estivesse, considerado ruim.
b) Os fatos sociais devem ser tratados como coisas (objetos que podem ser objetivamente observados). Para Durkheim, "é coisa tudo aquilo que é dado, e que se impõe à observação". O que não pode ser experimentalmente (cientificamente) observado, não faz sentido para o método sociológico: a alma, a natureza humana, o que é bom ou mal para a sociedade, a justiça social, etc. 
Durkheim, neste sentido, pode ser considerado:
- objetivista (fatos sociais são coisas objetivas);
- empirista (baseia-se na observação da realidade)
- indutivista (método científico clássico)
b) Uma concepção importante, no método sociológico de Durkheim: o sociólogo, ao estudar os fatos sociais, deveria despir-se de todo o sentimento, juízos pessoais, opiniões formadas, enfim, de todo preconceito em relação ao objeto estudado.
c) O pesquisador deveria definir precisamente as coisas de que se trata o estudo a fim de que se saiba bem o que está em questão e o que ele deve explicar. É o que chamamos de definição do objeto de estudo.
d) A explicação dos fatos sociais deve ser buscada na sociedade e não nos indivíduos – os estados psíquicos, tais como emoções, idéias, sentimentos, na verdade, são conseqüências e não causas dos fenômenos sociais.
Morfologia social: as espécies sociais
Para Durkheim, a sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas sociedades. Constituiu assim o campo da morfologia social, ou seja, a classificação das espécies sociais, numa nítida referência às espécies estudadas em biologia. Essa referência, utilizada também em outros estudos teóricos, tem sido considerada errônea uma vez que todo comportamento humano, por mais diferente que se apresente, resulta da expressão de características universais de uma mesma espécie.
Durkheim considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento em que os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Desse ponto de partida, foi possível uma série de combinações das quais originaram-se outras espécies sociais identificáveis no passado e no presente, tais como os clãs e as tribos.
Para Durkheim, o trabalho de classificação das sociedades — como tudo o mais — deveria ser efetuado com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, estabeleceu a passagem da solidariedademecânica para a solidariedade orgânica como o motor de transformação de toda e qualquer sociedade.
Educação
	
	O conjunto de crenças e sentimentos coletivos são a base da coesão (união) da sociedade. A própria sociedade cria mecanismos de coerção internos que fazem com que os indivíduos aceitem de uma forma ou de outra as regras estabelecidas.
	A formação do ser social é feita, em boa parte, pela educação (não só a escolar, mas a familiar, a religiosa, e outras). Educação é a assimilação, pelo indivíduo, de uma série de normas, princípios morais, religiosos, éticos, de comportamento, etc. Isso nos leva a considerar que o homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.
	Para Durkheim, o fato social é um resultado da vida em grupo. Ele propõe isolar os fatos sociais para estudá-los separadamente, um a um, da mesma forma que a Física e a Biologia fazem com seus objetos de estudo. 
 
Socialização
	Por meio da socialização, o indivíduo aprende a se integrar ao meio. Ele faz isso por meio da assimilação de valores, crenças, hábitos e conhecimentos do grupo social ao qual pertence. Nesse sentido, o conceito “socialização” é bem próximo ao de “educação”. 
	Para Durkheim, os indivíduos que participam dos mesmos grupos compartilham valores, crenças e normas coletivas, o que os mantém integrados. É fácil imaginar que um grupo de amigos será mais unido se seus membros tiverem crenças, gostos pessoais, valores, hábitos e costumes em comum.
	Uma sociedade somente pode funcionar se tais valores, crenças e normas constrangem (reprimem) as atitudes e os comportamentos individuais provocando uma solidariedade básica, que orienta as ações dos indivíduos. 
Consciência Coletiva
	Durkheim usa a expressão “consciência coletiva” para expressar essa solidariedade comum que molda as consciências individuais. A família, o trabalho, os sindicatos, a educação, a religião, o controle social e até a punição do crime são alguns mecanismos que criam e mantêm viva a integração da consciência coletiva. 
	Os processos de socialização, também chamados de internalização individual, são responsáveis pela aquisição de valores, crenças e normas sociais que mantêm os grupos e as sociedades integrados. Esse controle social reforça o domínio da sociedade sobre os indivíduos. 
	Para Durkheim, a consciência coletiva é um conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado que tem vida própria. Quanto maior é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes da sociedade estudada refere-se a uma conformidade de todas as consciências particulares a um tipo comum, o que faz com que todas se assemelhem e, por isso, os membros do grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, ao mesmo tempo que menor é a sua individualidade. 
O que significa “internalização”
	Quando um estrangeiro vem morar no Brasil, ele passa costuma passar por algumas situações de constrangimento. Isso por que seus hábitos, costumes e valores são diferentes dos nossos. 
	Digamos que alguns de seus hábitos são ofensivos ou constrangedores aos olhos dos brasileiros. O grupo social vai coibi-lo, através de repreensões ou outras formas de coação social, a agir de forma mais adequada. O estrangeiro, para evitar situações desagradáveis, passa agir da maneira como o grupo exige. Com o tempo, ele nem irá parar para pensar que age de maneira diferente. 
	Quando isso ocorre, dizemos que o estrangeiro “internalizou” os novos valores, hábitos e costumes. A esse processo damos o nome de socialização.
Moral, Coesão Social e Anomia
	Durkheim, evidentemente, sabia da existência de fenômenos tais como conflitos sociais, crises, marginalidade, criminalidade, suicídio, etc., em todas as sociedades. Nem tudo nas sociedades é integração, consenso e harmonia. Mas, para ele, essas formas de “desvios” sociais não eram conseqüências da perversão ou da maldade dos indivíduos; eram, sim, conseqüências da própria estrutura social que, enfraquecida, produzia um estado de anomia, isto é, um estado de enfraquecimento ou ausência de leis e normas. A anomia gera o caos social. 
	Sem normas claras, os indivíduos não sabem como agir e se entregam à ganância, às paixões, ao crime e mesmo ao suicídio. Numa sociedade fraca, os indivíduos se perdem e os processos de socialização e internalização de normas se tornam ineficientes (os indivíduos não aprendem a respeitar normas e regras). 
	A sociedade fica, então, ameaçada por não impor limites aos indivíduos, que Durkheim concebia como cheios de desejos ilimitados. “Quanto mais os homens possuem, mais eles querem, já que as satisfações estimulam, em vez de preencher as necessidades”. É justamente esse estado doentio que se observava nas sociedades modernas que levou Durkheim a enfatizar a importância dos fatos morais na integração dos homens à vida social.
	Moral (...) é tudo o que é fonte de solidariedade, tudo o que força o indivíduo a contar com seu próximo, a regular seus movimentos com base em outra coisa que não os impulsos de seu egoísmo, e a moralidade é tanto mais sólida quanto mais numerosos e fortes são estes laços. (Durkheim)
	Quando uma sociedade é perturbada por uma crise, ela se torna momentaneamente incapacitada de exercer sobre seus membros o papel de freio moral, de uma consciência superior à dos indivíduos. Estes deixam, então, de ser solidários, e a própria coesão social se vê ameaçada porque as tréguas impostas pela violência são provisórias e não pacificam os espíritos. As paixões não se detêm senão diante de um poder moral que respeitem. Se toda autoridade desse tipo faz falta, é a lei do mais forte que reina e, latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente crônico.
	A situação de anomia ou desequilíbrio da coesão social pode se manifestar também no processo de divisão do trabalho. Sendo este um fato social, seu principal efeito não é aumentar o rendimento das funções divididas, mas produzir solidariedade. Se isto não acontece, é sinal de que os órgãos que compõem uma sociedade dividida em funções não se auto-regulam, o que pode resultar numa situação de anomia.
	Vê-se, assim, que sob certas circunstâncias, a divisão do trabalho age de maneira dissolvente, deixando de cumprir seu papel moral: o de tornar solidárias as funções divididas. Exemplos de tais circunstâncias podem ser: nas crises industriais ou comerciais, que denotam que as funções sociais não estão bem adaptadas entre si; nas lutas entre o trabalho e o capital, que mostram a falta de unidade e desarmonia entre patrões e empregados e na divisão extrema de especialidades no interior da ciência.
Fatos Sociais Normais e Patológicos
	Durkheim tinha intenção de que a Sociologia se estabelecesse como uma ciência objetiva. Isso significa dizer que ela não poderia julgar baseada em opiniões pessoais, mas de acordo com critério objetivos e através da observação dos fatos sociais. Já dissemos também que Durkheim não tinha a pretensão, como Saint-Simon, de transformar a sociedade, mas apenas de explicá-la cientificamente. 
	Entretanto, através das noções de Normal e Patológico, Durkheim queria estabelecer uma forma (científica) de distinguir os fatos sociais bons e desejáveis para a manutenção da sociedade, daqueles considerados ruins e indesejáveis, que contribuíam para a degradação da sociedade, como se fossem doenças sociais. 
(Patológico vem de Pathos = paixão, sofrimento, doença)
	Para Durkheim, a saúde pode ser entendida como a perfeita adaptação do organismo ao meio ao qual pertence, tendo ele as possibilidades máximas de sobrevivência. Por outro lado, a doença será tudo o que perturba essa adaptação, diminuindo essas possibilidades. 
	Devemos lembrar, no entanto que existem algumas exceções. A dor, no caso do corpo humano, também é geralmente ligada à doença, mas isso nem sempre é verdadeiro. A fome, o parto são exemplos de fatos que podem ocasionardor sem serem sinal de doença. Nem tudo que coloca a vida da sociedade em risco é patológico. Existem desajustes, contradições internas que não são necessariamente patológicas, pois fazem parte do processo de evolução daquela sociedade. Certos conflitos e contestações são normais.
	Quando a crise se torna intensa, entretanto, ameaçando as estruturas que sustentam a sociedade, aí se torna algo patológico (doença).
	Mas como medir se uma "doença" está ameaçando a saúde da sociedade? Nas sociedades existem crises que fazem parte delas, como as doenças endêmicas, que não ameaçam a sobrevivência do ser vivo (ex. gripe). Essas não são sinais de patologia, enquanto que as crises que ameaçam a estabilidade sim, como as epidemias que ameaçam a vida do ser biológico. Entretanto, isso é muito mais difícil de ser observado na sociedade do que no corpo humano.
	O crime, por exemplo, é um fenômeno normal, visto que é geral para todas as sociedades (não existe sociedade sem transgressores). Ele se torna patológico quando atinge dimensões exageradas, ameaçando a sobrevivência da sociedade.
	Quando a coesão se torna muito fraca, a situação se torna anômica (anomia social) e se aproxima da ruptura. Em outras palavras: sem coesão, a sociedade entra no caos. Podemos perceber que é muito complicado estabelecer com perfeição o limite entre o normal e o patológico. Mas é dever do homem de estado (governantes), assim como um médico, prevenir a eclosão de doenças sociais, e quando estas aparecerem, procurar saná-las.
O suicídio: a sociedade agindo sobre o indivíduo
	
	Para Durkheim, um dos problemas centrais das modernas sociedades é a difícil relação dos indivíduos com o grupo. O estudo do suicídio, feito em sua obra O suicídio (1897), é especialmente revelador da natureza dessa relação. 
	Durkheim procura mostrar que mesmo no ato de tirar a própria vida, a sociedade presente na consciência do indivíduo é mais importante do que os detalhes da história individual do suicida:
	Considerando que o suicídio é um ato da pessoa e que se a ela atinge, tudo indica que deva depender exclusivamente de fatores individuais e que sua explicação, por conseguinte, caiba tão somente à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, pelos fatos de sua história privada que em geral se explica a sua decisão. (Durkheim).
 Em sua obra, Durkheim identifica três tipos de suicídio:
- O suicídio egoísta, cometido por indivíduos preocupados essencialmente consigo próprios, pouco integrados ao grupo;
- O suicídio altruísta (altruísmo = abnegação, desprendimento, sacrifício), que ocorre quando o indivíduo se sacrifica em obediência a alguma norma social interiorizada, como no caso das viúvas indianas que aceitaram ser queimadas junto ao corpo dos maridos mortos na guerra. 
- E o suicídio anômico (de anomia social), o mais característico da sociedade moderna. Esse tipo de suicídio é gerado sempre que a sociedade passa por grandes transformações (positivas ou negativas). É famoso o caso da crise de 1929, nos EUA, onde um grande número de empresários e industriais se suicidou devido a queda da bolsa de Nova Iorque. 
A divisão do trabalho
	A divisão do trabalho é um dos aspectos menos discutíveis das sociedades humanas, podendo ser encontrada mesmo em sociedades de outros animais, como as formigas e as abelhas. A partir do momento em que cada homem (ou animal) não tem mais condições de sozinho garantir a sua sobrevivência, é preciso que eles se organizem e estabeleçam uma distribuição de atividades que permita a produção dos bens necessários para a sua própria manutenção. 
	Nas sociedades contemporâneas a divisão do trabalho é gritante: há os que cuidam da segurança (policiais), os responsáveis pela produção (empresários e trabalhadores), aqueles ocupados com a educação (professores), para não falar em sacerdotes, juízes, médicos, etc.
	Segundo Durkheim, a divisão do trabalho gera duas formas de solidariedade. 
- Pela igualdade: os indivíduos que executam as mesmas tarefas reconhecem que têm pelo menos parte da personalidade em comum, e se unem em torno dela. 
- Pela diferenciação das atividades entre os membros do grupo: para que elas promovam o bem-estar coletivo, é preciso que sejam feitas de forma complementar por cada homem, isto é, elas precisam estar interligadas. 
	A diferença básica entre o primeiro e o segundo tipo de solidariedade, que foram respectivamente chamadas por Durkheim de "mecânica" e "orgânica", consiste que na primeira a solidariedade é causada pela identificação entre elementos iguais, enquanto que na segunda ela é proporcionada pela coordenação de elementos diferentes. 
Malefícios da divisão do trabalho
	Vista deste ângulo, a divisão do trabalho aparece como benéfica para a sociedade, uma vez que une os homens através de suas atividades. Mas na verdade ela também pode ser prejudicial. O próprio Durkheim demonstra que, se o processo de diferenciação de atividades que dá origem à solidariedade "orgânica" for muito acentuado, a coordenação entre elas não poderá ser feita de maneira eficaz. 
	Em outras palavras, a infinidade de ocupações distribuídas entre os homens impedirá que eles percebam a complementaridade entre elas. Esta diferenciação, que muitas vezes vem acompanhada de um crescente individualismo, é a base para a argumentação de Durkheim sobre a anomia e o suicídio, problemas que ele supõe aumentar com o advento da sociedade industrial. 
KARL MARX E A CRÍTICA DA SOCIEDADE CAPITALISTA
	
Os filósofos não têm feito senão interpretar o mundo de diferentes maneiras: o que importa é transformá-lo.(Marx)
	Marx nasceu em Treves, na Prússia (não confundir com Rússia), em 1818. Era filho de um advogado judeu convertido ao protestantismo. Foi filósofo, historiador, economista e jornalista. Deixou numerosos escritos, tais como os "Manuscritos econômicos e filosóficos", "O 18 Brumário de Luís Napoleão", "Contribuição à crítica da economia política", "O Capital", e, em conjunto com Friedrich Engels, "A Ideologia Alemã", "Manifesto Comunista", entre outros. Segundo Engels, as duas grandes descobertas científicas de Marx foram: a concepção do materialismo histórico e a teoria da mais-valia. Ativista político fundou e dirigiu a Primeira Internacional Operária, de 1867 a 1873. Em 1843, exilou se em Paris e posteriormente em Bruxelas e em Londres, onde morreu em 1883. 
	Atualmente é bastante difícil analisar a sociedade humana sem citar, em maior ou menor grau, a produção de Marx, mesmo que a pessoa não seja simpática à ideologia construída em torno de seu pensamento intelectual, principalmente em relação aos seus conceitos econômicos e à sua idéia de revolução.
	Para Marx, Hegel inverte a relação entre o que é determinante – a realidade material – e o que é determinado – as representações e conceitos do Espírito ou consciência. Na abordagem de Marx, as condições materiais (realidade material), nas quais se encontram os homens determinam sua forma de pensar, sentir, crer e agir (dimensão do Espírito). No contexto dialético, entretanto, o espírito não é uma conseqüência passiva da ação realidade material, podendo reagir sobre aquilo que o determina. Isso significa que a consciência do homem, mesmo sendo determinada pela realidade material e estando historicamente situada, não é pura passividade: o conhecimento do determinismo liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária.
O materialismo histórico não é mais do que a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao campo da história. E, como o próprio nome indica, é a explicação da história por fatores materiais (econômicos, técnicos). Contrapondo-se ao idealismo hegeliano, Marx procurou compreender a história dos homens a partir das condições materiais nas quais eles vivem (= materialismo histórico), e não a partir do Espírito ou Consciência. 
A forma como osindivíduos se comportam, agem, sentem e pensam (dimensão do Espírito ou Consciência) é determinada pela forma de produção da vida social, ou seja, pela maneira como os homens trabalham e produzem os meios necessários para a sustentação material das sociedades.
	 A partir da sua concepção materialista de sociedade, podemos identificar alguns conceitos-chave da filosofia de Marx:
* Concepção estrutural da sociedade (infra e superestrutura): a infra-estrutura ou base econômica (formas de trabalho, recursos naturais e humanos, fontes de energia, relações de trabalho, tecnologia etc.) de uma sociedade determina a sua superestrutura (religião, formas de poder, ideologias, moral, filosofia, arte etc). 
* Capital e trabalho
 
: Para Marx, o trabalho é a atividade fundamental do homem. É por meio do trabalho que o homem constrói a si mesmo e ao mundo ao seu redor. No entanto, ao longo da história (sobretudo no contexto do capitalismo), o trabalho perde a sua dimensão de realização, tornando-se, no âmbito do sistema capitalista, uma mercadoria, que pode ser vendida ou comprada a qualquer momento. Porém, a força de trabalho é uma mercadoria com dupla face: por um lado, é uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo salário; por outro lado, é a única mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o capital. 
* Classes sociais, mais-valia e alienação
 :
 Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem dois grandes grupos dentro da sociedade: 
- De um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção ou recursos materiais (máquinas, ferramentas, capital, etc.) necessários para produzir as mercadorias, serviços, etc.; 
- Do outro lado, os proletários (ou trabalhadores), aqueles que não possuem nada, a não ser o seu corpo e a sua disposição para trabalhar. Eles vendem a sua força de trabalho (recurso humano) ao capitalista. Marx denominou o lucro obtido sobre o trabalho do operário de mais-valia. 
O operário é contratado para trabalhar dentro de uma certa carga horária. Porém, bem antes de completar sua carga horária, ele já produziu mais do que o suficiente para pagar seu salário e para cobrir os gastos com os meios de produção utilizados durante o seu trabalho. O tempo restante de sua carga horária não é de fato remunerado; ele trabalha “de graça”, a fim de gerar o lucro do burguês. Marx distinguiu duas formas de mais-valia: a absoluta, que está baseada na extensão da jornada de trabalho do operário (quanto maior for a carga horária maior será a mais-valia) e a relativa, que está baseada na mecanização da fábrica. Tal mecanização permite ao operário produzir muito mais num curto espaço de tempo, o que provoca um maior tempo de trabalho não pago (mais-valia).
	Além da mais-valia, Marx concluiu que o trabalho no sistema capitalista de produção gera alienação, sinônimo de perda de um direito ou de um bem. São várias as formas de alienação ou perda provocadas pelo trabalho:
O trabalhador perde a noção global do processo produtivo devido à especialização rígida do trabalho;
O trabalhador perde a posse do fruto de seu trabalho, que pertence ao burguês;
O trabalhador perde a autonomia do processo produtivo, pois seu salário, sua jornada de trabalho são determinados pelo burguês;
O trabalhador perde a riqueza produzida pelo seu trabalho: produz a riqueza que mantém a economia do país, mas vive na miséria;
O trabalhador perde a identidade com o trabalho: ele não se reconhece e nem é reconhecido naquilo que faz, isto é no fruto do seu trabalho. 
* Forças produtivas, Relações de produção e modo de produção: 
Forças produtivas: ao conjunto dos meios de produção (recursos materiais) mais o trabalho humano, damos o nome de forças produtivas. Estas alteram-se ao longo da História. Até meados do século XVIII, por exemplo, a produção era feita com o uso de instrumentos simples, acionados por força humana, por tração animal e pela energia proveniente da água ou do vento. Com a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, foram desenvolvidas máquinas, que utilizavam o vapor como fonte de energia e, mais tarde, a eletricidade e o petróleo. Alteraram-se, portanto, os meios de produção e, conseqüentemente, as técnicas de trabalho. Houve, assim, uma profunda mudança nas forças produtivas.
Relações de produção: para produzir os bens de consumo e de serviço de que necessitamos, os homens estabelecem relações uns entre os outros. As relações que se estabelecem entre os homens na produção, na troca e na distribuição dos bens são as relações de produção. As relações de produção mais importantes são aquelas que se estabelecem entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores. Isso porque todo processo produtivo conta sempre com pelo menos dois agentes sociais básicos: trabalhadores e proprietários dos meios de produção. Assim, por exemplo, a produção na sociedade capitalista só existe porque capitalistas e trabalhadores entram em relação. O capitalista paga ao trabalhador um salário fixo para que trabalhe para ele e, no final da produção, fica com o lucro (mais-valia). Esse tipo de relação foi denominada por Marx de relação de produção assalariada.
Modos de produção: o modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade. Ele é, portanto, a maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas relações de produção num dado momento histórico. Por exemplo, no modo de produção capitalista, as forças produtivas, representadas sobretudo pelas máquinas do sistema fabril, determinam as relações de produção caracterizadas pelo dono do capital e pelo operário assalariado.
* Contradição social e luta de classes: Para Marx, as forças produtivas do capitalismo não eram mais um motivo de desenvolvimento social, mas antes criavam um entrave, já que entravam em contradição com as relações de produção. Abre-se, então, uma época de revolução social. As revoluções não acontecem por acaso, são expressão de uma necessidade histórica. Por outro lado, novas relações de produção só se tornam realidade depois que as antigas tenham decaído. Daí, a necessidade das revoluções sociais: transformar radicalmente as antigas relações sociais. O processo histórico é resultado dessas lutas de classes. 
* O Estado: instrumento da classe dominante: 
Para Marx, o Estado é uma estrutura de poder que concentra, resume e põe em movimento a força política da classe dominante (de um ponto de vista mais geral e abstrato). Em suma, o Estado é um aparelho usado pela classe dominante para controlar a sociedade e manter a coesão social. 
a contribuição de MAX WEBER (1864-1920)
	
Max Weber nasceu na cidade de Erfurt (Alemanha), numa família de burgueses liberais. Desenvolveu estudos de direito, filosofia, história e sociologia, constantemente interrompidos por uma doença que o acompanhou por toda a vida. Iniciou a carreira de professor em Berlim e, em 1895, foi catedrático na universidade de Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais de sua época, como Simmel' Sombart, Tönnies e Georg Lukács. Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentaristas e participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Sua maior influência nos ramos especializados da sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre formações políticas e crenças religiosas. Suas principais obras foram: Artigos reunidos de teoria da ciência: economia e sociedade (obra póstuma) e A ética protestante e o espírito do capitalismo.
Objeto da Sociologia: a ação social
Cada formação social adquiriu, para Weber, especificidade e importância próprias. Mas o ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições.Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, como indivíduo, na teoria weberiana, significado e especificidade. É o agente social que dá sentido à sua ação: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos.
Para Weber, a tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social que lhe interesse estudar. O sentido, por um lado, é expressão da motivação individual, formulado expressamente pelo agente ou implícito em sua conduta. O caráter social da ação individual decorre, segundo Weber, da interdependência dos indivíduos. Um ator age sempre em função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores. Por outro lado, a ação social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre. Tais efeitos escapam, muitas vezes, ao controle e à previsão do agente.
Ao cientista compete captar, pois, o sentido produzido pelos diversos agentes em todas as suas conseqüências. As conexões que se estabelecem entre motivos e ações sociais revelam as diversas instâncias da ação social — políticas, econômicas ou religiosas. O cientista pode, portanto, descobrir o nexo entre as várias etapas em que se decompõe a ação social. Por exemplo, o simples ato de enviar uma carta é composto de uma série de ações sociais com sentido — escrever, selar, enviar e receber —, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes ou atores estão relacionados a essa ação social — o atendente, o carteiro etc. Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações — mesmo que orientadas por motivos diversos — é que dá a esse conjunto de ações seu caráter social.
É o indivíduo que, por meio dos valores sociais e de sua motivação, produz o sentido da ação social. Isso não significa que cada sujeito possa prever com certeza todas as conseqüências de determinada ação. Como dissemos, cabe ao cientista perceber isso. Não significa também que a análise sociológica se confunda com a análise psicológica. Por mais individual que seja o sentido da minha ação, o fato de agir levando em consideração o outro dá um caráter social a toda ação humana. Assim, o social só se manifesta em indivíduos, expressando-se sob forma de motivação interna e pessoal.
Por outro lado, Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação social é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, em que o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhado, existe uma relação social.
Pela freqüência com que certas ações sociais se manifestam, o cientista pode conceber as tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.
A tarefa do cientista
Weber rejeita a maioria das proposições positivistas: o evolucionismo, a exterioridade do cientista social em relação ao objeto de estudo e a recusa em aceitar a importância dos indivíduos e dos diferentes momentos históricos na análise da sociedade. Para esse sociólogo, o cientista, como todo indivíduo em ação, também age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições, sendo impossível descartar-se de suas prenoções como propunha Durkheim. Existe sempre certa parcialidade na análise sociológica, intrínseca à pesquisa, como a toda forma de conhecimento. As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura desvendar. A neutralidade durkheimiana se torna impossível nessa visão.
Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade na análise dos acontecimentos. A realização da tarefa científica não deveria ser dificultada pela defesa das crenças e das idéias pessoais do cientista.
Portanto, para a sociologia weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem nos indivíduos. O cientista parte de uma preocupação com significado subjetivo, tanto para ele como para os demais indivíduos que compõem a sociedade. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido da ação social.
Explicar um fenômeno social supõe sempre que se dê conta das ações individuais que o compõem. Mas que é "dar conta" de uma ação? Pode-se continuar seguindo Weber nesse ponto. Dar conta de uma ação, diz ele, é "compreendê-la" (Verstehen). O que significa que o sociólogo deve poder ser capaz de colocar-se no lugar dos agentes por quem ele se interessa. (BOUDON, R. e BOURRICAUD, F. Dicionário critico de sociologia.São Paulo: Ática, 1993- p. 4).
Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela sempre resultará numa explicação parcial da realidade. Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, políticas e religiosas, sem que nenhuma dessas causas seja superior à outra em significância. Todas elas compõem um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta, necessariamente, nos atos individuais. O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos. Weber relembra que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantificáveis, a análise do social envolve sempre uma questão de qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.
Assim, para entender como a ética protestante interferia no desenvolvimento do capitalismo, Weber analisou os livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo. A compreensão da relação entre valor e ação permitiu-lhe entender a relação entre religião e economia.
Os tipos ideais de ação social
	Para Weber há diferentes tipos de ação social, agrupados de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim, ele estabelece quatro tipos de ação social: Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins.
Ação Tradicional
	É a ação que é guiada pela obediência aos hábitos, costumes, crenças aprendidas, que estão fortemente enraizados na vida do indivíduo. Este tipo de ação é mais ou menos inconsciente, e geralmente não é questionada, já que o indivíduo imagina que agir de tal maneira é correto porque as coisas sempre foram daquele jeito. 
Exemplos
- Entre os estudantes de classe média e alta, é tradicional cursar uma faculdade simplesmente porque isso é o que se espera que um jovem dessas classes sociais faça. Na maioria dos casos, tais jovens não questionam a necessidade de se fazer uma faculdade e sequer pensam nisso.
- Entre as jovens de classe média, também é tradicional, ainda que menos comum do que o exemplo acima, celebrar com uma grande festa o aniversário de 15 anos. Gasta-se pequenas fortunas simplesmente porque é tradicional que se faça essa festa aos 15 anos.
-Cerimônias de casamento, festas de formatura, festas de fim de ano, soltar foguetes durante a Copa do Mundo, fazer discursos durante a festa de aniversário, cantar o “parabéns pra você”, festas de amigo secreto, etc., são ações consideradas do tipo tradicional, uma vez que todas elas são executadas devido ao hábito herdado de nossos antepassados.
Ação Afetiva
	É uma ação baseada mais no estadoemocional da pessoa do que em meios racionais. As emoções são uma força muito grande no que diz respeito à motivação do comportamento humano. 
Exemplos
- Mudar de escola porque os amigos, de quem se gosta muito, também o farão;
- Não ir a uma festa porque um inimigo estará lá;
- Escolher uma profissão (médico ou advogado) apenas para agradar aos pais.
Ação Racional com relação a valores
	Ação determinada pela crença num valor considerado importante, independente do êxito desse valor na realidade. É a ação pela qual se busca um objetivo que, em si mesmo, pode até não ser racional, mas que é perseguido por meio racionais.
Exemplos
- O estudante que pretende fazer faculdade de música sabendo que será difícil conseguir retorno financeiro. O objetivo a ser atingido pode não ser considerado racional (do ponto de vista financeiro), mas os meios que o estudante vai usar para atingir seu objetivo devem ser racionais (freqüentar um escola, estudar todos os dias, fazer a prova de vestibular, aprender teoria musical, etc.).
- Um outro exemplo são as pessoas que buscam a salvação através da religião. A religião, em si mesma, não é racional, mas objeto de crença pessoal. Mas, ao construir as igrejas, os homens se utilizam de conhecimentos técnico-racionais de engenharia, de arquitetura, etc. Ao cobrar o dízimo, fazer o controle do dinheiro, o repasse para as instituições de caridade, pagamento de funcionários (todas essas são ações racionais).
Ação Racional com relação a fins
	Pode ser definida como uma ação na qual o meio utilizado para atingir um objetivo é sempre e totalmente racional. Nesse caso, a ação não é orientada por um sentimento ou por um valor pessoal, mas por um fim objetivamente estabelecido. Esse tipo de ação também é chamado de ação tecnocrática.
Exemplos
- Imagine que o engenheiro tenha como objetivo construir um edifício. Ele se utiliza, para isso, de vá-rios conhecimentos racionais no campo da matemática, física, resistência de materiais, etc. A eficiência do engenheiro vai ser medida pelo domínio técnico usado para atingir o objetivo (construir o edifício).
- Um pai de família percebe que o orçamento familiar não está sendo suficiente para pagar as despesas do mês. Percebendo o descontrole, ele vai até um supermercado, compra um software de controle financeiro e passa a lançar seus gastos todos no computador. A sua ação (comprar e usar o software) foi um meio racional encontrado para atingir o objetivo pretendido (controle dos gastos de sua família).
Ação Social em Weber - Análise
	Weber acreditava que as ações humanas não têm apenas uma explicação, já que elas são causadas por múltiplos fatores. Também acreditava que o homem nunca agia de acordo com apenas um tipo (como os citados acima) de ação, mas de vários tipos misturados.
	Para ele, uma das principais características das sociedades modernas era a mudança constante da motivação dos comportamentos individuais. Entretanto, as ações do tipo “racional com relação a um fim” é a que mais se sobressai no mundo atual.
	Vamos agora observar como um mesmo exemplo pode se encaixar nos três tipos de ação. Pense num consumidor que vai ao shopping comprar um tênis. Para Weber, a ação social de um indivíduo é sempre orientada por outros indivíduos. Ou seja, o consumidor vai escolher um tênis baseado em outras escolhas. Mas essa influência pode se dar de várias formas:
(afetiva)
Ele pode comprar o modelo de que mais goste, ou seja, sua escolha é emocional (gosto pessoal). Nesse caso, temos uma ação emocional. Lembre-se que o gosto pessoal também é influenciado pelo gosto dos demais.
(tradicional)
Ele pode adquirir o tênis que tradicionalmente todos na sua família costumam a comprar. Ele sequer se questiona se o tênis é feio ou bonito. Isso não importa, já que sua ação, aqui, é do tipo tradicional.
(valores)
Ele pode comprar o tênis pelo valor que ele atribui a determinada marca. Aqui, ele toma a marca do tênis como um valor importante, independente da beleza ou do preço. Em alguns casos, o consumidor passa a considerar o tênis bonito simplesmente pelo fato dele ser da marca pretendida.
(fins)
Ele pode comprar o tênis mais adequado ao fim proposto com o melhor preço. Se ele vai jogar vôlei, compra um tênis de vôlei. 
Comprar em função do preço pode ser considerado uma ação racional, mas comprar a mercadoria mais barata nem sempre pode ser considerada uma atitude racional, uma vez que podemos não estar levando em conta a qualidade do produto. O racional, nesse tipo de situação, é tentar calcular o custo-benefício.
Podemos ainda imaginar ações que misturam os vários tipos: o consumidor, querendo um sapato para passear, compra observando a marca pela qual tem preferência. Mesmo levando seu gosto pessoal em consideração, ele compra sapato porque acha que é um hábito que pessoas da sua idade usem sapatos, e não tênis. Enfim, mistura as ações do tipo “com relação a fins” (sapato para passear), “afetiva” (marca) e “tradicional” (sapato e não tênis).
A ética protestante e o espírito do capitalismo
Um dos trabalhos mais conhecidos e importantes de Weber é A ética protestante e o espírito do capitalismo, no qual ele relaciona o papel do protestantismo na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno.
Weber parte de dados estatísticos que lhe mostraram a proeminência de adeptos da Reforma Protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão-de-obra qualificada. A partir daí, procura estabelecer conexões entre a doutrina e a pregação protestante, seus efeitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista.
Weber descobre que os valores do protestantismo — como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho — atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos — conjunto dos costumes e hábitos fundamentais — propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao "alheamento" e à atitude contemplativa do catolicismo, voltado para a oração, sacrifício e renúncia da vida prática.
Um dos aspectos importantes desse trabalho, no seu sentido teórico, está em expor as relações entre religião e sociedade e desvendar particularidades do capitalismo. Além disso, nessa obra, podemos ver de que maneira Weber aplica seus conceitos e posturas metodológicas.
Alguns dos principais aspectos da análise:
1. 	A relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele.
2. 	O motivo que mobiliza internamente os indivíduos é consciente. Entretanto, os atos individuais vão além das metas propostas e aceitas por eles. Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adapta facilmente ao mercado de trabalho, acumula capital e o reinveste produtivamente.
3. 	Ao cientista cabe, segundo Weber, estabelecer conexões entre a motivação dos indivíduos e os efeitos de sua ação no meio social. Procedendo assim, Weber analisa os valores do catolicismo e do protestantismo, mostrando que os últimos revelam a tendência ao racionalismo econômico, base da ação capitalista.
4. Para constituir o tipo ideal de capitalismo ocidental moderno, Weber estuda as diversas características das atividades econômicas em várias épocas e lugares, antes e após o surgimento das atividades mercantis e da indústria.E, conforme seus preceitos, constrói um tipo gradualmente estruturado a partir de suas manifestações particulares tomadas à realidade histórica. Assim, diz ser o capitalismo, na sua forma típica, uma organização econômica racional assenta¬da no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conheci¬mentos científicos e o surgimento do direito e da administração racionalizados.
As relações políticas: Poder e dominação 
A dominação, para Weber, é a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato (político, religioso, líder, etc.). A obediência pode depender:
a) vantagens obtidas por parte daquele que obedece (obediência ao patrão que paga o salário);
b) do costume, do hábito cego (obediência à bronca de um professor);
c) no afeto ou gosto pessoa por quem domina;
Mas se a dominação se baseasse apenas nesses três fundamentos, ela seria relativamente instável. Nas relações entre dominados e dominantes, a dominação costuma apoiar-se em bases jurídicas, nas quais se funda a sua legitimidade. O abalo dessa crença na legitimidade (o poder é legítimo, aceitável) por parte dos dominados pode acarretar conseqüências de grande alcance. 
Weber dividiu assim os tipos de dominação:
1º) Dominação Legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto sancionado corretamente), tendo a burocracia como sendo o tipo mais puro desta dominação. Os princípios fundamentais da burocracia são: a administração está baseada em documentos, a demanda pela aprendizagem é profissional, as atribuições são oficializadas e há uma exigência de todo o rendimento do profissional. 
	A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado.
2º) Na Dominação Tradicional a autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela existência de uma fidelidade tradicional. O governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os súditos e o funcionário é o servidor. O patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação. Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se reputa sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não legais). A criação de um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que se acha sob a dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência coletiva.
3º) Na Dominação Carismática a autoridade é suportada, graças a uma devoção afetiva por parte dos dominados. Ela assenta sobre as “crenças” havidas em profetas, sobre o “reconhecimento” que pessoalmente alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras e sedições, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá devido às suas qualidades pessoais. Não apresenta nenhum procedimento ordenado para a nomeação e substituição. Não há carreiras e não é requerida formação profissional por parte do “portador” do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma mais pura de dominação carismática é o caráter autoritário e imperativo. Contudo, Weber classifica a dominação carismática como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuação da devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados.
	Max Weber observa que o poder racional ou legal cria em suas manifestações de legitimidade a noção de competência, o poder tradicional a de privilégio e o carismático dilata a legitimação até onde alcance a missão do “chefe”, na medida de seus atributos carismáticos pessoais.
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