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FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS

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Módulo 1. 
Teoria Geral dos Fatos Jurídicos 
1. Conceito: Em sentido amplo, fatos jurídicos são os acontecimentos que dependem ou independem da 
vontade humana, previstos na norma jurídica, em virtude dos quais nascem, se modificam, subsistem e 
se extinguem as relações jurídicas. 
 As relações jurídicas, marcadas pela intersubjetividade, são relações sociais tuteladas pelo 
Direito. 
2. Classificação: 
Os fatos jurídicos em sentido amplo (lato sensu) podem ser naturais (independem da vontade 
humana) ou humanos (dependem da vontade humana). 
 2.1. Fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido estrito (strictu 
sensu), são os acontecimentos que independem da vontade humana, ou seja, decorrem da natureza. 
Os fatos jurídicos em sentido estrito (strictu sensu) se subdividem em: 
 2.1.1. Fatos jurídicos em sentido estrito ordinários (morte, nascimento, 
maioridade, decurso de tempo - prescrição etc.). 
 2.1.2. Fatos jurídicos em sentido estrito extraordinários (terremoto, tempestade, 
inundação, enchente etc.). 
 2.2. Fatos humanos são os acontecimentos que dependem da vontade humana, abrangendo 
tanto os atos lícitos como os ilícitos. Os fatos humanos se subdividem em: 
 2.2.1. Atos lícitos ou atos jurídicos em sentido amplo: são os atos humanos 
praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, também denominados pela doutrina 
como voluntários, uma vez que produzem efeitos jurídicos querido pelo agente. Os atos jurídicos em 
sentido amplo se subdividem em: 
a) Atos jurídicos em sentido estrito (ou meramente lícitos). Em tais 
atos, os efeitos da manifestação da vontade estão predeterminados na lei. 
Exemplos: notificação, que constitui em mora o devedor; reconhecimento 
de filho; tradição; ocupação; uso de alguma coisa. 
Assim, os atos jurídicos meramente lícitos ou em sentido estrito são 
manifestações da vontade obedientes à lei, porém geradoras de efeitos que 
a própria lei determina. As partes não podem através de suas vontade 
modificar os efeitos jurídicos que serão produzidos. 
b) Negócios jurídicos. Nestes há uma composição de interesses 
mediante a criação de normas que objetivam regular tais interesses, 
harmonizando vontade que, na aparência, demonstram serem antagônicas. 
O negócio jurídico é uma declaração da vontade destinada à produção de 
efeitos queridos pelas partes. Pode haver ou não correspondência entre o 
desejado pelas partes e o determinado pela lei. Neste caso prevalecerá a 
vontade das partes, uma vez que a regra da norma é meramente supletiva, 
isto é, valerá somente na ausência da vontade. Exemplos: testamento 
(negócio jurídico unilateral na formação); contratos (negócio jurídico 
bilateral na formação). 
2.2.1. Atos ilícitos, também denominados pela doutrina de involuntários, uma vez 
que acarretam consequências jurídicas alheias à vontade do agente. A prática de ato 
ilícito produz efeitos previstos em norma jurídica, como sanção, porque viola 
mandamento normativo. 
O Código Civil de 2002 substitui a expressão genérica “ato jurídico” (art. 82, CC/1916) por “negócio 
jurídico” – art. 104, uma vez que somente os negócios justificam a pormenorizada regulamentação dos 
preceitos contidos no Livro III da Parte Geral. Contudo, o art. 185 determina que se apliquem, no que 
couber, aos atos jurídicos lícitos, as disposições disciplinadoras do negócio jurídico. 
_______________//__________ 
Da representação. 
1. Conceito 
A representação se trata de relação jurídica mediante a qual certa pessoa se obriga diretamente perante 
terceiro, por meio de ato praticado em seu nome por um representante ou intermediário. 
Desta forma, com exceção dos atos personalíssimos, os atos jurídicos podem ser praticados por 
intermédio da representação, uma vez, que, nos termos do art. 116 “A manifestação de vontade pelo 
representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado”. 
Reza o art. 115 que os poderes de representação são conferidos pela lei ou pelo interessado. Tal artigo 
elenca duas das espécies de representação existentes no ordenamento jurídico: a legal e a convencional. 
2. Espécies 
A representação legal é aquela na qual a norma jurídica confere poderes para administrar bens alheios, 
como: os pais, em relação aos filhos menores (art.1634, V e 1690); os tutores, em relação aos pupilos 
(art. 1747, I) e os curadores, quanto aos curatelados (art. 1774). 
A representação convencional ou voluntária é estabelecida na Parte Especial do Código (Contrato de 
Mandato - art. 653 ao art. 691). Art. 653. O mandato ocorre quando alguém recebe de outrem poderes 
para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. 
Ressalte-se, ainda, que a representação pode se dar também por via judicial. Nesta espécie de 
representação o juiz nomeia determinadas pessoas para exercerem certos cargos em determinados 
processos (o síndico como representante da massa falida, no processo de falência; o inventariante como 
representante do espólio, na abertura do inventário etc.). 
3. Prova da representação 
Conforme disposto no art. 118, o representante tem o dever de provar às pessoas, com quem vier a 
contratar em nome do representado, não só sua qualidade, como a extensão de seus poderes, sob pena 
de responder pelos atos negociais que a estes excederem. 
4 Efeitos da Representação 
A representação produz efeitos, dentre os quais, o principal é o fato de que uma vez realizado o negócio 
jurídico pelo representante, o representando adquire direitos e obrigações. Os direitos são incorporados 
no patrimônio do representado. Por sua vez, as obrigações assumidas em nome do representado devem 
ser cumpridas, e por elas responde o seu acervo patrimonial. 
5. Hipóteses de anulabilidade do negócio jurídico realizado via representação: 
5.1. Negócio jurídico realizado pelo representante consigo mesmo, no seu interesse ou por conta de 
outrem (art. 117), salvo se a lei ou o representado permitir. 
5.2. Substabelecimento da representação (art. 117, parágrafo único), salvo se o representado permitir. 
5.3. Celebração do negócio jurídico pelo representante em conflito de interesses com o representado, se 
tal fato era ou devia ser do conhecimento da outra parte. Caso o representante em conflito de interesses 
com o representado celebrar negócio jurídico, este poderá ser anulado no prazo decadencial de 180 dias, 
a contar da celebração do ato negocial ou da cessação da incapacidade. 
____________//____________________________ 
Modulo 2. 
Negócio Jurídico 
1. Conceito: Negócio Jurídico é uma norma concreta estabelecida pelas partes, cujo objetivo é produzir 
direitos e deveres. Ë no negócio jurídico que se revela o princípio da autonomia da vontade, ou seja, os 
sujeitos de direto podem autorregular os seus interesses legais, nos limites estabelecidos pela lei. 
2. Origem: O negócio jurídico nasce da vontade humana, ou seja, pressupõe a presença de um 
elemento volitivo que se materializa numa declaração da vontade através da qual se realiza uma ação 
ou um ato, o qual está vinculado a uma intenção. Ressalte-se, ainda, que o princípio da autonomia da 
vontade é relativo, uma vez que é reduzido pela supremacia das normas de ordem pública (normas 
absolutamente cogentes). Nas últimas décadas verifica-se uma “publicização” do Direito Civil, com a 
evidência de muitas normas públicas no direito privado. 
3. Declaração da Vontade 
O que interessa para o Direito? A intenção ou a ação? Interessa para o Direito a vontade declarada, haja 
vista que somente a intenção não possui nenhum valor. Após a declaração da vontade a intenção será 
considerada. A declaração da vontade deve ser declarada por palavras (escritas ou não), gestos ou 
sinais. Podeser, ainda, expressa ou tácita, sendo que o silêncio, juridicamente considerado, é nada. Via 
de regra, o silêncio é nada. O silêncio só terá valor quando houver indicação na norma. 
Ex.: art. 539 – “O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou não, a liberalidade. 
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, 
se a doação não for sujeita a encargo”. 
Neste caso, o silêncio do donatário significa que aceitou a doação (manifestação tácita). Trata-se de 
exceção à regra de que o silêncio nada significa para o Direito. 
A declaração da vontade pode ser receptícia (endereçada) ou não receptícia (não 
endereçada). 
a) Declaração da vontade endereçada ou receptícia: Tal declaração é endereçada a pessoa 
determinada, seja com o propósito de levar-lhe o conhecimento da intenção do agente, seja com a 
finalidade de ajustar a declaração de vontade oposta com o objetivo de concretizar o negócio jurídico. 
Ex. proposta e aceitação (art. 427 e seguintes). 
b) Declaração de vontade não endereçada ou não receptícia é aquela onde basta tão somente a 
manifestação do declarante, sem que tal declaração tenha que ser conhecida pela outra parte para a 
produção de efeitos jurídicos. Ex. seguro de vida em nome de terceira pessoa. 
4. Classificação dos negócios jurídicos 
4.1. Quanto à manifestação da vontade: 
 a) Negócio Jurídico Bilateral é aquele negócio jurídico que reclama para a sua concretização 
a convergência de duas ou mais vontades, sendo que tais vontades determinarão o surgimento do 
negócio e a consequente produção dos efeitos almejados pelas partes. Ex.: contratos 
 b) Negócio Jurídico Unilateral é aquele negócio no qual a sua concretização depende tão 
somente de manifestação da vontade de somente uma das partes. Ex.: testamento, promessa de 
recompensa. 
4.2. Quanto às vantagens que produzem: 
 a) Negócio Jurídico Oneroso é aquele onde em relação à vantagem obtida corresponde um 
sacrifício. Ex. compra e venda. 
 b) Negócio Jurídico Gratuito é aquele onde apenas uma das partes suporta o sacrifício e a 
outra a vantagem. Ex. doação pura. 
4.3. Quanto ao tempo da produção dos efeitos: 
 a) Negócio Jurídico Inter Vivos – os efeitos serão produzidos durante a vida dos emitentes 
da vontade. Ex. compra e venda. 
 b) Negócio Jurídico Causa Mortis – o pressuposto para a produção de efeitos jurídicos é a 
morte do emitente da vontade. Ex. testamento. 
4.4. Quanto à solenidade: 
 A forma do negócio jurídico pode ser ad solemnitatem (solene) e ad probationem 
tantum (não solene). Ressalte-se que, em relação à forma dos negócios jurídicos, vigora a regra 
geral: LIBERDADE DE FORMA. Entretanto, à vezes, a lei exige forma solene (ex.: compra e venda de 
imóvel – escritura pública, salvo se o valor do imóvel for inferior a 30 salários mínimos, cf. art. 108, 
além de registro no Cartório de Registro de Imóveis, cf. art. 1227). Se o negócio jurídico exigir forma 
solene, esta deve ser obedecida sob pena de nulidade absoluta, nos termos dos art. 104, III, cc. art. 
166, IV. 
4.5. Quanto à existência 
 a) Negócio Jurídico Principal – existe por si só. Ex. contrato de locação entre locador e 
locatário. 
 b) Negócio Jurídico Acessório – depende do principal. Ex. contrato de fiança entre o locador 
e o fiador não existe por si só, pois depende do contrato principal. 
4.6. Quanto ao conteúdo 
 a) Negócio Jurídico Patrimonial – o objeto da relação jurídica pode ser avaliado 
economicamente (direitos pessoais ou obrigacionais e direitos reais). 
 b) Negócio Jurídico Extrapatrimonial – o objeto da relação jurídica não pode ser avaliado 
economicamente (direitos de família e direitos da personalidade). 
4.7. Quantos aos efeitos 
 a) Constitutivo - Ex Nunc – o negócio jurídico passa a ter efeitos a partir da conclusão. Ex. 
adoção, compra e venda. 
 b) Declaratório - Ex Tunc – os efeitos do negócio jurídico retroagem à data que se operou o 
fato a que se vincula a vontade. Ex. reconhecimento de filho. 
4.8. Quanto ao exercício dos direitos 
 a) Negócios Jurídicos de Disposição – exercício amplo de direitos sobre o objeto. Ex. 
doação. 
b) Negócios Jurídicos de Simples Administração – exercício de direitos restritos sobre o objeto, 
sem que haja alteração na sua substância. Ex. locação, mútuo. 
_____________________________________//________________________ 
Interpretação e Requisitos do Negócio Jurídico 
1. Interpretação 
A declaração da vontade deve ser interpretada com a finalidade de buscar o sentido e o alcance das 
expressões. Reza o art.112 que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciadas do que o sentido literal da linguagem. 
Assim, quando se interpreta a vontade leva-se em conta mais à intenção manifestada no contrato, não o 
pensamento íntimo do contratante. 
Art. 113: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração. 
A boa-fé é presumida, a má-fé deve ser provada. 
Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restritivamente. 
Nos contratos benéficos apenas um dos contratantes se obriga, enquanto o outro aufere um benefício 
(ex.: doação pura). Deve ter interpretação restrita pois importa renúncia de direitos. 
Na parte especial do Código existem outras regras de interpretação: art. 423, 843, 819, 1899. 
A interpretação do negócio jurídico pode ser: 
a) Declaratória = expressa a intenção dos interessados 
b) Integrativa - preenche lacunas por meio de normas supletivas, p.ex. costumes. 
c) Construtiva - objetiva reconstruir o negócio com a finalidade de salvá-lo. 
Exemplos de entendimento doutrinário e jurisprudencial relativo à interpretação dos negócios 
jurídicos: 
- Nos contratos com palavras que admitem dois sentidos, deve-se preferir o que mais convier a sua 
natureza. 
- Nos contratos de compra e venda, no que se refere à extensão do bem alienado, deve-se interpretar a 
favor do comprador. Nos contratos de compra e venda, as dúvidas são interpretadas contra o vendedor. 
- As estipulações obrigacionais devem ser interpretadas de modo menos oneroso ao devedor. 
- A interpretação do contrato de consumo será sempre a favor do consumidor – art. 47, CDC. 
- Nas cláusulas duvidosas, prevalece o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga. 
2. Requisitos do Negócio Jurídico 
2.1. Segundo o Prof. Sílvio Rodrigues, o negócio jurídico para ter validade e possuir eficácia deve 
preencher os seguintes requisitos: 
·Elementos essenciais = vontade humana, idoneidade do objeto e forma. 
Os elementos essenciais se referem à própria substância do negócio. Caso tais elementos não se 
apresentem ocorre a inexistência do negócio. Negócio jurídico inexistente não produz efeitos jurídicos. 
a) Manifestação da vontade humana. Esta deve ser límpida. Se uma pessoa pratica qualquer ato 
jurídico em virtude de coação física, a vontade inexiste. Se o ato é praticado em face de coação moral, a 
vontade é viciada. 
b) Idoneidade do objeto é diferente de ilicitude do objeto. Um objeto pode ser lícito, mas ser inidôneo 
para a relação jurídica em questão. Objeto idôneo é aquele que se presta para determinado fim. Por ex. 
A coisa fungível é objeto idôneo para figurar no contrato de mútuo (empréstimo de coisa fungível), mas 
não o é em relação ao contrato de comodato (empréstimo de coisa infungível) 
c) Forma – como regra há liberdade de forma para a prática do negócio jurídico. Porém, determinados 
negócios reclamam forma solene. Por ex. O instrumento adequado para a transmissão da propriedade 
imóvel decorrente de um contrato de compra e venda é a escritura pública, salvose o valor for inferior 
de 30 vezes o salário mínimo vigente (art. 108), que deve ser levada a registro no competente Cartório 
de Registro de Imóveis (art. 1227). 
·Requisitos de Validade - agente capaz, objeto lícito e forma. 
Tais requisitos determinam se o negócio é válido, ou seja, indicam a maior ou menor possibilidade de 
produzir efeitos jurídicos. Negócio jurídico válido é ato eficaz, ou seja, capaz de produzir a aquisição, 
modificação ou extinção de efeitos jurídicos. 
a) Agente capaz – Relembre-se que a capacidade é a regra e a incapacidade, nos termos dos art. 3º e 
4º é a exceção. Os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes podem praticar os atos da 
vida civil, desde que devidamente representados, mediante o instituto da representação, no primeiro 
caso (absolutamente incapazes), e da assistência, no segundo (relativamente incapazes). 
Saliente-se que a representação pode ser legal (pais, tutores e curadores); judicial (síndico é o 
representante da massa falida) ou convencional (decorrente de um contrato de mandato). 
Ressalte-se que, outras vezes, para o negócio ter validade, necessária também a legitimação para a sua 
prática. A legitimação é relativa e se refere a determinadas pessoas, que em virtude de determinados 
vínculos, não podem praticar certos negócios, ou devem praticá-los sob certas condições impostas pela 
norma jurídica. Ex. Os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os demais 
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente consintam. Sem o devido consentimento a venda 
é anulável – art. 496. Há a dispensa do consentimento do cônjuge, se o regime de bens for o da 
separação obrigatória. – par. único do art. 496. 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – Nos termos do art. 104, II o objeto do 
negócio jurídico deve ser lícito (permitido pelo Direito) e possível. Saliente-se, ainda, que o objeto deve 
ser física e juridicamente possível. Ex. Não pode ser objeto de compra e venda um terreno na Lua 
(impossibilidade física). Não pode se objeto de compra e venda herança de pessoa viva - pacto corvina 
(impossibilidade jurídica). O objeto deve ser determinado, ou pelo menos determinável (ex.: obrigação 
de dar coisa incerta, que deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade - art. 243). 
c) Forma – como regra há liberdade de forma para a prática do negócio jurídico. Porém, determinados 
negócios reclamam forma solene. 
2.2. Conforme entendimento da Profa. Maria Helena Diniz, o negócio jurídico deve possuir os 
seguintes requisitos: 
·Requisitos essenciais gerais = consentimento, capacidade do agente e objeto lícito e 
possível. 
a) Consentimento é a anuência válida do sujeito a respeito do entabulamento de uma relação jurídica 
que versa sob determinado objeto 
b) capacidade do agente (vide acima, item a - requisitos de validade do Prof. Silvio Rodrigues). 
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável (vide acima, item b – requisitos de validade do 
Prof. Silvio Rodrigues). 
·Requisitos essenciais especiais. 
No contrato de compra e venda são requisitos essenciais especiais a coisa, o preço e o consentimento 
(art. 481). 
Conclusão: os requisitos essenciais são aqueles imprescindíveis à existência do próprio negócio, uma vez 
que se referem à sua própria substância. A sua ausência determinará a inexistência ou a nulidade que 
pode ser absoluta ou relativa, quando será chamada de anulabilidade. 
·Requisitos naturais = são as consequências jurídicas normais do negócio jurídico, as quais estão 
previstas na hipótese da lei, razão pela qual é dispensável qualquer menção a seu respeito no ato de 
vontade. Ex. No contrato de compra e venda as duas mais importantes consequências são o vício 
redibitório e a evicção. Vício redibitório é o defeito oculto da coisa que diminui o seu valor ou a torna 
imprópria para o uso a que se destina. Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial. A lei 
diz “só pode vender quem é dono e, mais, não se deve vender coisa com defeito oculto”. Entretanto, as 
partes podem, pela manifestação da vontade, diminuir, aumentar ou excluir as consequências naturais 
dos negócios jurídicos. 
·Elementos acidentais = são aqueles que não sendo indispensáveis para a constituição do negócio 
jurídico podem existir para alterar as consequências jurídicas que ordinariamente produzem. Tais 
elementos são inseridos no negócio jurídico por intermédio de cláusulas e, desta forma, possuem a 
denominação de cláusulas acessórias acidentais (ou modalidades) dos negócios jurídicos. São eles: 
condição, encargo (modo) e termo. 
_______________________________//_________________ 
Ato jurídico lícito (em sentido estrito) 
1. Introdução: O ato jurídico em sentido estrito é espécie de Fato Jurídico Lato Sensu e subespécie de 
Ato Jurídico Lato Sensu, este também denominado pela doutrina como Fato Humano. Desta forma, o ato 
jurídico em sentido estrito depende Vontade Humana. 
2. Conceito 
Conceito da Professora Maria Helena Diniz: “O ato jurídico em sentido estrito é o que gera 
consequências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação 
da autonomia privada”. 
3. Classificação dos atos jurídicos em sentido estrito, segundo o Professor Orlando Gomes: 
3.1. Atos jurídicos em sentido estrito materiais (ou reais) – a vontade humana atua e lhes dá 
existência imediata, sendo que não têm destinatários. Exemplos: a)ocupação (art.1263) b) fixação do 
domicílio (art. 70) 
3.2. Participações – Tratam-se de atos jurídicos em sentido estrito consistentes em declarações para 
ciência ou comunicação de intenções ou fatos, sendo que têm destinatários. Exemplos: 
a) intimação (alguém participa a outra pessoa a intenção em exigir-lhe certo comportamento); 
b) interpelação (ato judicial ou extrajudicial praticado pelo credor para constituir o devedor em mora 
(art. 397, 2ª parte. 
4. Semelhanças e diferenças entre ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico. 
Tanto o ato jurídico em sentido estrito quanto o negócio jurídico são fatos jurídicos lato sensu 
que dependem da vontade humana, também denominados pela doutrina fatos humanos ou atos 
jurídicos em sentido amplo. 
No ato jurídico estrito sensu a vontade humana não pode alterar os efeitos jurídicos que estão pré-
fixados na norma jurídica. Exemplo: a lei civil garante o reconhecimento da paternidade (Lei 
8.560/1992). Assim, o pai que vai ao Cartório de Registro Civil e solicita o assentamento da paternidade 
na certidão de nascimento do filho que deseja reconhecer, utiliza-se de uma prerrogativa da lei, mas não 
pode ampliar, nem restringir os efeitos da norma jurídica. O citado pai não pode dizer: reconheço o filho, 
mas o excluo da sucessão. 
Por sua vez, no negócio jurídico vige o princípio da autonomia da vontade, ou seja, em regra, as partes 
podem ampliar ou restringir os efeitos da norma jurídica. 
O art. 441 dispõe que a coisa recebida em virtude de contrato comutativo (ex. compra e venda) pode 
ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe 
diminuam o valor. Tal artigo e os seguintes tratam dos vícios redibitórios - cláusula natural do contrato 
de compra e venda. Tal cláusula pode ser afastada pela vontade das partes, ou seja, o vendedor não se 
responsabiliza, em comum acordo com o comprador, pelos vícios redibitórios da coisa vendida. Saliente-
se que na relação de consumo, tutelada pelo Código de Defesa do Consumidor, não pode haver o 
afastamento do vício, uma vez que o contrato é de adesão. 
Conclusão 
O ato jurídico em sentido estrito se trata de manifestação da vontade obediente à lei, 
geradora de efeitos que a própria lei determina. Assim, no campo de ato jurídico em sentido 
estrito, as partes não podem, por meio de suas vontades, modificar os efeitos jurídicos queserão produzidos. 
Inversamente, o negócio jurídico se trata de manifestação da vontade destinada à produção 
de efeitos queridos pelas partes, podendo haver ou não correspondência entre o desejado 
pelas partes e o determinado pela norma. Nesse caso, prevalecerá a vontade das partes, uma 
vez que a regra disposta na norma jurídica é meramente supletiva. Lembre-se, a norma 
dispositiva, primeiramente, é permissiva (as partes podem dispor da vontade). Caso as partes 
não manifestem a vontade, valerá o disposto na regra, que é supletiva, ou seja, valerá 
somente na ausência de vontade. 
MODULO 3 
Dos defeitos dos negócios jurídicos 
Dos defeitos do negócio jurídico: Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão (vícios de 
consentimento) e Fraude contra Credores. 
Os vícios de consentimento provocam uma manifestação da vontade não correspondente ao íntimo e 
verdadeiro querer da pessoa que a manifestou. Há discrepância entre a vontade manifestada e a real 
intenção. No vício social isso não ocorre, haja vista que a vontade manifestada corresponde exatamente 
à intenção do agente. Tal vontade é manifestada com a intenção de prejudicar terceiros (credores). 
IMPORTANTE: A simulação, antes tratada como vício social (conforme o revogado CC/1916), hoje é fator 
de nulidade absoluta, uma vez que objetiva iludir terceiros ou violar a lei. Está disciplinada no capítulo 
que trata da invalidade do negócio jurídico. 
Os defeitos podem gerar a anulabilidade (nulidade relativa) – art. 171, II do negócio jurídico, sendo de 
quatro anos o prazo decadencial para pleitear a anulação, nos termos do art. 178, I e II. 
Obs.: no casamento, o erro torna o negócio jurídico anulável no prazo decadencial de 3 (três) anos. 
1. Erro – art. 138: É o estado da mente, que por defeito do conhecimento do verdadeiro 
estado das coisas impede uma real manifestação da vontade. 
Erro = falsa percepção da realidade. 
Ignorância = completa ausência de conhecimento. 
Pergunta: Qualquer erro é erro capaz de viciar o negócio jurídico? 
Resposta: Não, somente o erro substancial, escusável e real nos termos do art. 138, ou seja, 
aquele de tal importância que se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria, ou 
manifestar-se-ia de outra forma. O erro substancial é erro de fato por recair sobre circunstância de fato, 
ou seja, sobre qualidades essenciais da pessoa ou da coisa. 
a) Hipóteses de erros substanciais – art.139 
 Erro que interessa à natureza do negócio jurídico. Ex: o negócio jurídico pode ser oneroso 
ou gratuito. Há erro quando uma das partes pensa que está vendendo algo e a outra pensa 
que está recebendo em virtude de uma doação. 
 Erro sobre o objeto todo do negócio jurídico. Ex: O comprador pensa que está comprando 
obra autêntica, mas é uma cópia. 
 Erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto. A compradora pensa que está 
comprando um candelabro de bronze, mas, na verdade está comprando, por erro, um 
candelabro de latão. 
 Erro sobre uma qualidade essencial da pessoa. Ex.: O testador deixa um bem, 
equivocadamente, a uma pessoa que imaginou ser seu filho natural. 
 Erro de direito, desde que não implique recusa à aplicação da lei e seja o único ou 
principal motivo do negócio jurídico. A ignorância da lei pode ser alegada para anular o 
contrato, sem que com isso se pretenda que a lei seja descumprida. 
b) Erro acidental – o erro acidental diz respeito à circunstância acessória do objeto 
ou da pessoa, e, desta forma, não vicia o negócio jurídico. Ex: alguém compra uma 
casa pensando que a mesma tem quatro janelas frontais e, na verdade, o imóvel 
possui apenas três janelas frontais. 
c) Falsa causa ou falso motivo – art. 140 – A falsa causa (ou motivo), em regra, 
não vicia o negócio jurídico, salvo se nele figurar expressamente, como razão essencial 
ou determinante, caso em que torna o negócio anulável. Ex: José, por testamento, 
deixa determinado bem para Maria Joaquina, que pensa ser sua filha natural. Manoel 
compra um estabelecimento comercial, tendo como condição primordial certo 
movimento que, posteriormente, verifica-se ser falso. 
d) Os erros podem ocorrer de forma pessoal ou através de outros meios de 
comunicação – rádio, carta, televisão, etc. Nos termos do art. 141, havendo 
desavença entre a vontade declarada e a interna, o erro poderá ser alegado nas 
mesmas condições em que a manifestação da vontade pessoal. 
e) Erro de Direito – é aquele relativo à existência de uma norma jurídica. Só é 
admissível, conforme art. 139, III do CC, sendo a causa determinante do negócio e 
não implicando em recusa de aplicar a lei. 
O art. 3º da LICC trata do Princípio da Obrigatoriedade da Lei a partir de sua 
publicação. Assim, a publicação da lei gera a presunção absoluta de seu 
conhecimento. “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. 
Salvo a exceção do art. 139, III, o erro de direito NÃO é considerado como causa de 
anulação do negócio jurídico. 
f) Erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração da vontade – 
art. 143. 
g) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a 
quem a manifestação da vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante. Tal artigo protege, por exemplo, 
o vendedor, que não induziu o comprador em erro (seria caso de dolo) e é prejudicado 
com a anulação do negócio jurídico. Pode evitar a anulação, oferecendo-se para 
executar o contrato na conformidade da vontade real do manifestante. 
2. Dolo – art. 145: É o artifício empregado para induzir alguém à prática de um ato prejudicial 
ao seu autor e que aproveita o autor do dolo ou terceira pessoa. 
O erro é um ato espontâneo. A própria pessoa tem uma falsa percepção da realidade, ou seja, se 
engana. O erro é pessoal. 
O dolo, por sua, vez, é um erro provocado por alguém. No dolo há a interferência de uma 3ª 
pessoas que cria uma situação onde a pessoa é levada ao equívoco. No dolo, a má-fé de 3ª pessoa está 
implícita. 
a) Espécies de dolo 
 dolus malus e dolus bonus 
O dolus bonus é aquele tolerável, ou seja, não acarreta a anulabilidade do negócio jurídico. Tal 
espécie de dolo pode ser visualizada na conduta do vendedor que exalta as qualidades do 
produto. O dolus malus é aquele que gera ou poderá gerar a anulabilidade do negócio jurídico, 
uma vez que é praticado com o objetivo de prejudicar alguém. Esta espécie de dolo sempre 
decorre da utilização de manobras astuciosas com o fim primordial de prejudicar alguém. 
Ressalte-se que a diferença entre o dolus malus e o dolus bonus deve ser analisada no caso 
concreto, submetido à apreciação do juiz, levando-se em conta a inexperiência e o nível de 
informação da vítima. 
 Dolo principal (dolus causam) e dolo acidental (dolus incidens) – art. 146 
O dolo principal é aquele que se revela como sendo a causa determinante do ato (ex. uma 
pessoa muito pobre é induzida a vender, por preço baixo, seu quinhão hereditário valioso). Por 
sua vez, o dolo acidental é aquele, que a despeito de sua existência, o ato seria praticado. Ex. 
José é fiador de seu irmão João num contrato de locação de um estabelecimento mercantil para 
venda de discos, que na verdade é utilizado para o comércio de discos piratas. 
Conclusão: o dolo apto a gerar a anulabilidade do negócio jurídico deve ser o malus e principal. 
O dolo acidental, quando muito, pode gerar o dever de indenizar por perdas e danos. 
 Dolo por ação (ou positivo) e dolo por omissão (ou negativo) 
O dolo por ação é o dolo positivo, qual seja, se compõe de um artifício astucioso que se revela 
por afirmações falsas a respeito da qualidade da coisa. 
O dolo por omissão também se compõe de manobras astuciosas que se revelam por ocultações 
sobre a qualidade de uma coisa, que uma vez conhecidas da outra parte impediriam que o 
negócio fosseconcluído. Ex: o vendedor vende uma casa cheia de trincas e esconde, 
dolosamente, tal fato do comprador. 
b) Dolo de terceiro – art. 148 
Mário, ao sair de uma joalheria, encontra-se com seu amigo João e lhe diz:- Vi na joalheria um 
relógio de ouro, maravilhoso, preço campeão... não comprei porque não tinha dinheiro... 
João vai até a joalheria e adquire o relógio. O dono da loja não tem conhecimento da conversa 
entre os amigos. 
Nos termos do art. 148, CC, o dolo de terceiro, para acarretar a anulabilidade do negócio 
jurídico, exige o conhecimento de uma das partes contratantes. Não sendo o dolo de terceiro 
(Mario) conhecido pelo beneficiado (joalheiro) dará lugar a uma indenização (perdas e danos), 
por parte da vítima (João), contra o terceiro (João, mui amigo), autor do engano intencional. 
c) Dolo do representante legal só obriga o representado a responder civilmente 
até a importância do proveito que teve. – art. 149, 1ª parte. 
d) Dolo do representante convencional (contrato de mandato) – o representado 
responde solidariamente com o representante. – art. 149, parte final. 
e) Dolo bilateral – art.150 
Princípio basilar do Direito: “A ninguém é dado alegar a própria torpeza para dela tirar 
proveito”. Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma delas pode alegar o dolo da 
outra para anular o ato, ou reclamar indenização. Ex: o vendedor induziu o comprador a 
comprar gato por lebre, sendo que o comprador escondeu maliciosamente o fato de ter 17 
anos de idade. 
Conclusão= um dolo anula o outro. Se ambas as partes procedem com dolo, não há boa-fé a 
defender. 
3. Coação – art. 151: A coação está ligada à palavra violência, ou seja, alguém é obrigado a 
manifestar a vontade, sob pena de sofrer uma consequência danosa. Tal violência pode ser 
materializada de duas formas: violência física ou absoluta e violência moral ou relativa. A violência física 
significa ausência de vontade, ou seja, diante da violência física o ato inexiste. 
Assim, a coação, como vício de consentimento, deve ser entendida como toda e qualquer 
pressão exercida sobre um indivíduo para determiná-lo a concordar com o ato. A coação exige 
a presença de violência na sua forma relativa, ou seja, a chamada violência moral ou 
psicológica, haja vista que se houver violência física não haverá manifestação da vontade, 
inexistindo o ato. 
 
a) Pressupostos da Coação – art. 151 
a.1. Causa do ato – o primeiro requisito para a configuração da coação é a relação de 
causalidade, ou seja, deve haver ligação causal entre a violência psicológica e a vontade 
declarada. Desta forma, deve ser utilizado o raciocínio da exclusão, ou seja, excluindo-se a 
violência moral (causa) e assim mesmo ocorre a manifestação da vontade, inexiste a 
causalidade. 
a.2. Violência moral grave (considerável) – a pressão psicológica deve ser grave, isto é, a 
coação deve provocar temor que viciará a vontade. Assim, a ameaça de mal injusto deve ser 
revestida de gravidade suficiente. Se uma determinada situação será ou não considerada como 
grave, dependerá da análise das situações particulares da pessoa ameaçada, ou seja, o critério 
é concreto, analisado caso a caso, nos termos do art. 152. 
a.3. Ameaça injusta – a ameaça deve ser injusta, ou seja, não se considerará como tal a 
ameaça que consiste em exercício regular de um direito – art. 153 (ex.: o locador ameaça 
cobrar os alugueres atrasados do inquilino, desde que não seja em público - constrangimento -
, não se caracteriza como ameaça) 
a.4. Ameaça atual e iminente – a ameaça deve estar por acontecer, não podendo ser 
pretérita, nem futura. 
a.5. Justo receio de prejuízo – o prejuízo deve ser mais ou menos proporcional à 
manifestação da vontade. A ameaça de prejuízo pode se voltar contra a própria pessoa que 
manifesta a vontade, contra outras pessoas próximas (familiares) ou, ainda, em relação a 
determinados bens. Se a coação se der em relação a pessoa não pertencente à família do 
coagido, o juiz, com base, nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Importante: o temor reverencial (receio de desgostar os pais ou obediência aos superiores 
na relação empregatícia), em regra, não gera a coação moral – art. 153, parte final. 
b) Coação de terceiro – O ato que vicia a vontade pode ser do próprio interessado em viciá-
la ou por conta de terceira pessoa. Assim como ocorre no caso de dolo, a coação de terceiro só 
vicia o ato se a pessoa a quem aproveita sabe que a anuência ou manifestação de vontade é 
viciada por coação. 
4. Fraude contra credores – art. 158: A fraude contra credores ocorre quando devedor insolvente, ou 
na iminência de tornar-se insolvente, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo 
desse modo a garantia que ele (patrimônio) representa para resgate de suas dívidas. 
 A legislação brasileira exige para a caracterização da fraude contra credores, oriunda de atos de 
transmissão a título oneroso, a presença de um ato capaz de prejudicar o credor, quer por levar o 
devedor ao estado de insolvência, quer por ter sido praticado quando tal estado já existia. Deve, ainda, 
existir, a má-fé, ou seja, a intenção de afastar os efeitos da cobrança. 
 Exemplo: a doação e a compra e venda são dois negócios jurídicos bilaterais na formação 
(contratos), nos quais pode ser dar a fraude contra credores. 
 
 A doação pura é negócio jurídico gratuito e a compra e venda é negócio jurídico oneroso. Se o 
negócio jurídico é gratuito, não se questiona a presença de quaisquer requisitos, ou seja, a doação pode 
ser anulada. 
 
 Em se tratando de compra e venda – negócio jurídico oneroso, é necessária a presença de dois 
requisitos: 
 Requisito subjetivo = concilium fraudis – má fé – o devedor e a 3ª pessoa (comprador) 
devem ter a intenção de prejudicar os credores. 
 Requisito objetivo = eventus damni – qualquer ato prejudicial ao credor por tornar o 
devedor insolvente ou por ter sido praticado num estado de insolvência. 
Módulo 4. 
Dos defeitos dos negócios jurídicos – final. 
5. Estado de Perigo – art. 156 
Conforme disposto no art. 156, configura-se estado de perigo quando alguém, premido pela necessidade 
de salvar-se, ou salvar pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa. O parágrafo único dispõe que em se tratando de pessoa não 
pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
O negócio jurídico efetivado em estado de perigo pode ser anulado, conforme disposto no art. 171, II. O 
prazo decadencial para se pleitear a anulação do negócio jurídico, nos termos do art. 178, II, é de 
quatro anos, do dia em que se realizou. 
Exemplos de negócios jurídicos celebrados em estado de perigo: Alguém que, para pagar uma cirurgia 
urgente de pessoa da família, vende seu carro ou sua casa por preço vil; o doente que, em perigo de 
vida, paga honorários exorbitantes ao médico cirurgião para salvá-lo; o pai que, tendo seu filho 
sequestrado, vende joias a preço muito inferior ao do mercado para pagar o resgate, etc. 
Para que exista possibilidade do negócio jurídico ser anulado, a outra parte deve ter conhecimento do 
estado de perigo, aproveitando-se da situação. O perigo pode não ser real, mas o declarante deve 
acreditar que seja. Contudo, havendo perigo real e a pessoa o ignorar, ou entendê-lo como não sendo 
grave, não se configura o defeito de consentimento. 
6. Lesão – art. 157 
Nos termos do art. 157, ocorre a lesão quando uma pessoa assume ônus desproporcional, por 
necessidade ou inexperiência, ou seja, uma pessoa se obriga a uma prestação manifestadamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. Conforme art. 157, § 1º, a proporção deverá ser 
apreciada segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebradoo negócio jurídico. Dispõe o art. 
157, § 2º, que não haverá decretação da anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, 
ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
A lesão é, pois, o prejuízo que uma das partes sofre na conclusão de um contrato comutativo, em razão 
da desproporção existente entre as prestações dos contraentes, sendo que uma das partes, abusando da 
premente necessidade ou inexperiência da outra parte, obtém lucro exorbitante ou desproporcional ao 
proveito da prestação. 
Exemplo: Uma pessoa encontra-se prestes a ser despejada do imóvel onde reside na qualidade de 
locatário. Diante de tal situação procura outro imóvel, cujo proprietário cobra um aluguel muito elevado. 
Diante da necessidade de ter onde morar e abrigar sua família, tal pessoa, perdendo a noção do justo 
valor da locação é levada a efetivar o contrato de locação que lhe é desfavorável. 
Saliente-se que o defeito do negócio jurídico decorrente da lesão dispensa a verificação do dolo da parte 
que tirou proveito com a lesão. A regra ordena a anulabilidade do ato negocial (art. 171, II) ou a 
possibilidade da parte favorecida concordar com a redução do proveito (art. 157, § 2º). No exemplo 
acima, o locador pode concordar em diminuir o aluguel. O prazo decadencial para a anulação do negócio 
jurídico celebrado com o defeito da lesão é de quatro anos, conforme disposto no art.178, II, contados 
da data da celebração do contrato. 
____________________________//__________________ 
Simulação - Causa de Nulidade 
art.166 ao art.167 
No Código Civil de 2002, a simulação é retirada do Capítulo relativo aos defeitos dos negócios jurídicos, 
passando a ser considerada como causa de nulidade absoluta. 
A simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeitos diversos dos 
ostensivamente ostentados. A simulação requer um ajuste de vontade entre as partes contratantes 
visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir. 
Duas são as espécies de simulação: absoluta e relativa 
Na simulação absoluta, as partes não têm a intenção de celebrar o negócio, mas fingem celebrá-lo para 
criar uma ilusão externa. 
Exemplo: Pedro tem um patrimônio que é a garantia dos credores. Pedro está preste a separar-se 
judicialmente de sua esposa. Pedro celebra um negócio fictício (o negócio inexiste) com um amigo João. 
Devido a tal negócio fictício, Pedro fica com o patrimônio negativo, uma vez que “pagou” a sua dívida. 
Finalidade da simulação absoluta – prejudicar a esposa na futura separação judicial, subtraindo-se da 
partilha dos bens do casal. 
Na simulação relativa, ocorre a existência de um negócio jurídico entre as partes que, porém, prejudica 
terceira pessoa, ou viola imperativo legal. Assim, para despistar o efetivo negócio, as partes fingem 
celebrar outro negócio. Na simulação relativa observa-se a presença de dois negócios: o aparente 
(simulado) e o oculto (dissimulado). 
Exemplo: A lei proíbe a doação para amantes, ou seja, tal negócio jurídico pode ser anulado. João, 
casado, quer doar um carro para sua amante Rafaela. Devido a proibição legal, João faz um contrato de 
compra e venda com Rafaela e lhe transfere a propriedade do carro. 
Negócio simulado = compra e venda 
Negócio dissimulado = doação. 
Reza o art. 167, que é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for 
na substância e na forma Assim, embora o Código Civil de 2002 não faça distinção entre a simulação 
absoluta e a relativa, pela interpretação do art. 167, 2ª parte, entende-se que a simulação absoluta é 
nula, mas na relativa, o negócio dissimulado pode ser nulo ou válido (se válido for na substância e na 
forma). 
MÓDULO 5 
Das modalidades 
(elementos acidentais dos negócios jurídicos) 
Condição – Encargo - Termo 
art. 121 ao art. 137 
1. Introdução 
Além dos elementos essenciais, que constituem requisitos de existência e de validade do negócio 
jurídico, pode este conter outros elementos meramente acidentais, introduzidos pela vontade das partes. 
Os elementos acidentais também são conhecidos como modalidades dos negócios jurídicos, uma vez que 
modificam os efeitos normais dos mesmos. São considerados, pois, cláusulas acessórias que 
introduzidas no negócio jurídico modificam os efeitos que normalmente produziriam. 
Tais elementos acidentais somente são admitidos nos atos jurídicos de natureza patrimonial, com 
algumas exceções, e não podem ser inseridos em atos jurídicos de caráter extrapatrimonial. Exemplo: o 
reconhecimento de um filho não admite condição. 
2. Conceito 
Elementos acidentais são aqueles que não sendo indispensáveis para a constituição do negócio jurídico 
podem existir para alterar as consequências jurídicas que ordinariamente resultariam. 
3. Requisitos 
3.1. Vontade: o elemento acidental exige, em regra, a manifestação da vontade das partes (negócio 
jurídico bilateral na formação) e, excepcionalmente, a manifestação de apenas uma vontade (negócio 
jurídico unilateral na formação). 
3.2. Licitude: o elemento acidental deve ser lícito. Exemplo: incabível uma doação de uma casa com o 
encargo de se construir um prostíbulo. 
3.3. O elemento acidental não pode ser da essência do negócio jurídico. Ex: a venda de um 
terreno somente produzirá efeitos após a lavratura da escritura pública e do competente registro no 
Cartório de Registro de Imóveis. Tal cláusula não é elemento acidental, uma vez que é da essência do 
negócio jurídico da compra e venda de imóveis (forma prescrita em lei – art. 104, III). 
4.Espécies: condição, termo e encargo (ou modo) 
4.1. Condição – art. 121, CC “Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da 
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”. 
Trata-se de eficácia, ou seja, maior ou menor possibilidade que um ato tem de produzir efeitos jurídicos. 
A condição condiciona a eficácia de um ato a um evento futuro e incerto. 
4.1.1. Requisitos da condição: futuridade e incerteza. 
4.2.2. Classificação das condições: 
a) Quanto à possibilidade (art. 123 e 124) 
A condição deve ser jurídica e fisicamente possível. Se for impossível e resolutiva, tem-se 
por inexistente. Se for impossível e suspensiva, invalida o negócio a ela subordinado. 
Exemplos: Dar-te-ei um carro se tocar a lua com os dedos, sem tirar os pés do chão. A 
condição é fisicamente impossível e resolutiva, portanto, tida como não escrita. O negócio 
a ela subordinado permanece. Dar-te-ei um carro se você matar fulano. A condição é 
juridicamente impossível e suspensiva, e invalida o ato jurídico a ela subordinado. 
b) Quanto à licitude (art. 122) 
São lícitas, em geral, todas as condições as quais a lei não vedar expressamente. Entre as 
condições proibidas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o 
sujeitarem ao arbítrio de uma das partes. 
Exemplo: Num processo de divórcio, o imóvel do casal foi doado aos filhos, sendo que a 
mulher ficou com o usufruto. Se tiver a seguinte condição “só poderá continuar morando 
no imóvel se não se casar de novo”, ela é considerada ilícita. Aqui de trata de uma 
restrição absoluta. Entretanto se a restrição for relativa, a condição é lícita – “só poderá 
continuar morando no imóvel se não se casar com Pedro”. 
c) Quanto à natureza 
A condição não pode ser necessária à existência ou validade do negócio jurídico e deve ser 
voluntária, haja vista que deve nascer da vontade das partes ou de apenas uma vontade. 
Quanto à participação da vontade (ou quanto à fonte) 
d.1.) Condição causal – O implemento da condição depende do acaso, do alheio ou do 
fortuito. Trata-se de condição válida, mas não usual. Ex: Dar-te-ei um carro se chover 
durante 2 meses. 
d.2.) Condição potestativa – Decorre da vontade de uma das partes, ou seja, os efeitosdo 
negócio jurídico subordina-se à vontade de uma das partes que pode impedir ou permitir 
sua ocorrência. 
A condição potestativa pode ser: puramente potestativa (art. 122, parte final) ou 
simplesmente potestativa. 
Exemplo de condição puramente potestativa (VEDADA): O contrato de locação será 
renovado se o locador assim o quiser. 
Exemplo de condição simplesmente potestativa (PERMITIDA): O contrato de locação será 
renovado se não se encontrar outra casa nas mesmas condições. 
Assim, a condição puramente potestativa depende exclusivamente do arbítrio de uma das 
partes, sendo vedada. Por sua vez, a condição simplesmente potestativa depende um 
pouco da vontade e subordina-se, também, a uma situação externa, não sendo vedada. 
d.3.) Condição mista – É aquela que depende da vontade de uma das partes, bem como 
da verificação de outra situação qualquer. Ex: Se você for ao Japão te dou meu carro. 
Depende da vontade e também da situação financeira. 
e) Quanto ao modo de atuação: suspensiva e resolutiva 
e.1.) Condição suspensiva – 
Necessária a ocorrência de um evento futuro e incerto para que o negócio produza seus 
efeitos (ou tenha eficácia) O direito não será adquirido enquanto não se verificar a 
condição suspensiva (art. 125). 
e.2.) Condição resolutiva – 
A condição resolutiva extingue ou resolve o direito transferido pelo negócio, ocorrido o 
evento futuro e incerto. Assim, o negócio produz seus efeitos (tem eficácia) até o 
implemento do evento futuro e incerto (art. 127). 
Importante: o implemento da condição suspensiva produz efeitos ex tunc, ou seja, os 
efeitos retroagem à data da constituição do negócio jurídico. 
Por sua vez, a condição resolutiva produz efeitos ex nunc, ou seja, a partir do implemento 
da condição, o negócio jurídico se extingue ou resolve. 
4.2. Termo – art.131 
Por termo endente-se o início ou o fim da eficácia de um negócio jurídico, ou seja, o dia do início ou do 
fim de sua eficácia. O termo é um evento futuro e certo. 
O termo inicial ou suspensivo é denominado Dies a quo e o termo final ou resolutivo é denominado Dies 
ad quem. 
O termo pode nascer da vontade das partes, denominado termo convencional, ou da vontade da lei, 
denominado termo legal. 
Saliente-se também que existe a possibilidade da ocorrência do termo de graça, que consiste na dilação 
do prazo concedido pelo credor ao devedor. 
O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito (art. 131). Difere da condição, pois 
esta suspende o exercício e a aquisição do direito. O termo só protela o exercício do direito. 
Prazo: é o período de tempo transcorrido entre a manifestação da vontade e o advento do termo. O 
prazo engloba os dois termos – inicial e final. 
Civilmente falando, a contagem do prazo exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do fim do ato 
jurídico. Caso o dia do termo final caia em feriado ou dia não útil, estará automaticamente prorrogado 
para o dia seguinte. 
Em se tratando de relação jurídica obrigacional, o prazo é fixado, em regra, em favor do devedor. 
4.3. Encargo (ou modo) – art. 136 e 137. 
É a cláusula acessória que tem por finalidade limitar a liberalidade, quer por impor o destino do objeto 
da relação jurídica, quer por impor uma contraprestação. 
O encargo é cláusula acessória comum nos negócios jurídicos gratuitos, também denominados de 
liberalidades. 
Diferentemente da condição suspensiva e do termo inicial, o encargo não impõe gravame à aquisição e 
ao exercício do direito. 
Desta forma, aberta a sucessão, a posse e o domínio são transmitidos desde logo aos herdeiros, com a 
obrigação de cumprir o encargo a eles imposto. 
Caso o encargo não seja cumprido, a liberalidade poderá ser revogada. Saliente-se, ainda que o encargo 
pode ser exigido. 
Exemplo: a doação é um típico contrato unilateral nos efeitos, cuja característica é a irrevogabilidade. 
Entretanto este rigor é afastado em duas situações: ingratidão do donatário e não implemento do 
encargo pelo donatário. Assim, o não cumprimento do encargo pode gerar a revogação da doação 
modal. 
MODULO 6 
Da Invalidade do Negócio Jurídico 
O negócio jurídico é um ato de vontade que produz os efeitos na ordem civil. Todo negócio jurídico deve 
apresentar os requisitos essenciais gerais (art. 104, CC) e especiais (respectivos a cada espécie de 
negócio jurídico). Os requisitos naturais são implícitos e requisitos acidentais são inseridos para 
modificar os efeitos do ato jurídico. 
Pergunta: Qual a consequência da inobservância de algum dos requisitos essenciais do negócio ou do 
ato jurídicos? 
Resposta: Nulidade absoluta (nulidade) ou nulidade relativa (anulabilidade). 
1. Conceito 
Nulidade, em sentido amplo, é a declaração legal de que a determinados atos não se prendem os efeitos 
jurídicos normalmente produzidos por atos semelhantes. 
A declaração da nulidade absoluta ou da relativa depende de manifestação do poder judiciário 
(sentença). Logo, há necessidade de provimento judicial (processo). 
Conforme Maria Helena Diniz, a nulidade vem a ser a sanção, imposta pela norma jurídica, que 
determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que se prescreve. 
2. Espécies 
Art. 166 ao art. 171 = nulidade absoluta 
Art. 171 ao 184 = nulidade relativa 
3. Sentenças e seus efeitos 
A sentença decorrente da ação de nulidade absoluta é declaratória e os efeitos são ex tunc, ou 
seja, retroagem desde a celebração do negócio jurídico. Os efeitos da sentença declaratória são ex 
tunc e erga omnes. 
A sentença decorrente de ação de nulidade relativa é constitutiva e os efeitos são ex nunc, não 
retroagem, passando a valer desde a sentença. Os efeitos passados (da celebração do negócio até a 
sentença) são mantidos. Os efeitos da sentença constitutiva são ex nunc e relativos entre as partes. 
4.Quem pode alegar as nulidades? 
a) nulidade absoluta: qualquer pessoas, o Ministério Público e o Juiz (pode 
conhecer de ofício) – 168 e parágrafo único 
b) nulidade relativa: somente as partes interessadas podem alegar. Se o 
sujeito for incapaz, o representante legal também pode alegar. - art. 177 , 
2ª parte. 
5.Ratificação 
A ratificação é a renúncia da parte em buscar a nulidade do ato praticado com a inobservância dos 
requisitos legais. 
A ratificação só é possível em se tratando de nulidade relativa (ex.: relativamente incapaz; vício de 
consentimento). 
A ratificação pode ser expressa (manifestada de forma clara) e tácita (ex.: o filho de 17 anos faz um 
negócio sem assistência do pai. A rigor o negócio pode ser anulado. Porém se o pai começar a pagar as 
prestações do filho, ocorre a ratificação tácita - renúncia em se buscar a anulabilidade do negócio). 
1. Prescrição e decadência 
Nulidade absoluta: ação imprescritível. 
Nulidade relativa: art. 178, I,II e III e art. 179 – prazos decadenciais para se pleitear a anulação de 
negócios jurídicos. 
1. Ato inexistente 
Um ato é inexistente quando desprovido dos elementos mínimos para a estrutura do atos. 
Ex: O caso é a união de duas pessoas de sexos diversos. Casamento de pessoas do mesmo 
sexo é ato inexistente. Outro ex: Brincar de casar: juiz de paz falso, janelas não aberta, 
não habilitação, etc. = ato inexistente. 
1. Incapazes 
O relativamente incapaz pode praticar atos da vida civil, desde que assistido, salvo atos e negócios 
jurídicos que possa (por determinação legal expressa) praticar independentemente de assistência (ex.: 
ser testemunha, votar, etc.). 
Art. 180 - A proteção que o Código confere ao relativamente incapaz não incide se o menor oculta sua 
idade quando requerido pela outra parte, ou quando espontaneamente esconde a idade. Há necessidade 
de dolo do menor. 
______________//________________ 
Forma e Prova do Ato Jurídico 
Forma 
1. ConceitoForma é o conjunto de solenidades, que se devem observar para que a declaração da vontade tenha 
eficácia jurídica. Assim, a forma consiste na maneira pela qual a vontade se exterioriza no sentido de 
conseguir a produção de efeitos jurídicos. 
2. Regra = forma livre 
Vigora a liberdade de forma, verbal ou escrita, por instrumento público ou particular. Só será exigida 
forma especial quando o negócio jurídico assim o exigir (art. 104, CC). Caso o negócio jurídico exija 
forma especial a mesma deve ser observada sob pena de nulidade (art. 166, IV, CC). 
3. Finalidades da observância da forma 
3.1. Garantir a autenticidade do ato. 
3.2. Assegurar a livre manifestação da vontade. 
3.2. Facilitar a prova. 
3.3. Chamar a atenção das partes para a seriedade do ato jurídico. 
4. Espécies de forma 
4.1. Forma livre: a vontade pode ser exteriorizada através de qualquer modo ou meio. 
4.2. Forma especial ou solene 
·a forma especial pode ser única ou plural (ex: a fundação pode ser instituída por escritura pública ou 
testamento – art. 62, CC) 
4.3. Forma contratual: a rigor, o negócio jurídico que não requer forma especial pode ser 
instrumentalizado por forma livre. Entretanto, se as partes estipularem que o negócio jurídico deve ser 
exteriorizado por instrumento público, vale a vontade das partes expressa na cláusula contratual. 
·Forma ad solemnitatem: é aquela onde a forma se apresenta como sendo da essência do ato, ou seja, a 
vontade somente produzirá efeitos se for exteriorizada com a observância da forma exigida (ex: compra 
e venda de imóveis). 
·Forma ad probationem tantum: a princípio a vontade poderá ser materializada sem a observância de 
qualquer forma, mas esta é necessária como elemento de prova. 
Prova 
1. Conceito 
É o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de um negócio jurídico. 
A matéria relativa à prova é estudada no Direito Civil (art. 212 e seguintes) e no Direito 
Processual Civil. O Direito Processual Civil estabelece as formas pelas quais os meios de prova 
ocorrem no processo. 
1. Como provar o alegado? 
Resposta: valendo-se de todos os meios em Direito admitidos. 
Isto significa que a prova nada mais é do que um meio para se atingir um fim, que é determinar a 
existência de um negócio jurídico para buscar a produção de seus efeitos. 
Sempre que o negócio jurídico reclamar forma especial, ela é a forma de prova. Se a forma for livre, 
podem ser utilizados todos os meios de prova. Entretanto, se um ato reclama escritura pública, somente 
esta prova a existência do negócio jurídico. 
4. Requisitos dos meios de prova: 
a) Devem ser admissíveis (inadmissibilidade das provas ilícitas) 
b) Devem ser pertinentes (idôneas para demonstrar os fatos relacionados com a questão) 
c) Devem ser concludentes (devem chegar a um resultado, qual seja, esclarecer pontos controvertidos 
ou confirmar alegações feitas). 
5. Meios de prova 
5.1. Confissão 
Ocorre a confissão quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável 
ao adversário. 
Pode ser: 
Judicial (no processo) 
Extrajudicial (fora do processo) 
Espontânea 
Provocada 
Expressa 
Presumida 
Elementos essenciais: capacidade da parte (213 e par. único do CC), declaração da vontade e objeto 
possível (não vale a confissão a respeito de direitos indisponíveis). 
Se a ação versar sobre bens imóveis, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro – at. 350, 
parágrafo único. 
A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro, dolo ou coação. – art. 214, CC. 
5.2. Documento – público ou particular 
Documentos Públicos são elaborados por autoridade pública, no exercício de suas funções (certidões, 
traslados, instrumentos). 
Particulares são documentos elaborados por particulares (pessoas naturais ou jurídicas, através de seus 
representantes). Ex: cartas, telegramas, instrumentos 
Documentos não são instrumentos públicos ou particulares. Estes são espécies de documentos. 
Os instrumentos são espécies de documentos com a finalidade de servir de meio de prova (Ex: escritura 
pública, letra de câmbio). 
Requisitos dos instrumentos públicos – art. 215, parágrafos e incisos, CC. 
Obs.: LEIA TODOS OS ARTIGOS REFERENTES A DOCUMENTOS – ART. 215 AO ART. 226, CC. 
5.3 Prova testemunhal. 
As testemunhas podem ser instrumentárias (assinam documento) ou judiciárias (prestam depoimento 
em juízo). 
O artigo 228, CC elenca em seus incisos quais as pessoas que não podem ser admitidas como 
testemunhas: 
I. os menores de 16 anos; 
II. o interessado no litígio, o amigo intimo ou o inimigo capital das partes; 
III. os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das 
partes, por consanguinidade, ou afinidade. 
Parágrafo 1º: Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das 
pessoas a que se refere este artigo. 
Parágrafo 2º: A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais 
pessoas, sendo-lhes assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva (redação cf. a Lei nº 
13.146/2015) 
5.4. Prova por presunção. 
A presunção é um raciocínio lógico que se parte de um fato conhecido para outro desconhecido. 
As presunções podem ser legais (juris) ou comuns (hominis). 
As presunções legais podem ser: absoluta, ou seja, não se admite prova em contrário e 
presunção relativa, admite-se prova em contrário. 
Exemplo: a posse do título de crédito pelo devedor faz presumir que o pagamento foi feito ao credor, 
uma vez que o credor só entrega o título ao devedor se este pagar a dívida (a presunção é relativa, pois 
admite prova em contrário). 
Outro exemplo de presunção relativa: art. 1601, CC – o filho nascido na constância do casamento 
presume ser do marido. Tal presunção pode ser afastada mediante ação negatória de paternidade. 
Exemplo de presunção absoluta: uma vez publicada a lei, há presunção absoluta do seu conhecimento 
por parte de todos, art. 3º da LINDB. 
Outro exemplo de presunção absoluta: Se o devedor insolvente der garantia de dívida a algum credor, 
presume que é fraudatória ao direitos dos outro credores – (art. 163). 
5.5.Perícia – 231 e 232, CC. 
Há dois meios similares de prova: exame e vistoria, que são espécies de provas periciais. 
Exame = apreciação de alguma coisa, por peritos, para auxiliar o juiz a formar a sua convicção (ex: 
exame grafotécnico, DNA). 
Vistoria = trata-se de perícia restrita à inspeção ocular (comum nas ações demarcatórias, possessórias, 
etc.). 
Pode ocorrer perícia destinada a perpetuar a memória de certos fatos que são transitórios (ex: marcas 
de carros ou de sapatos na lama). Tal vistoria é denominada adperpetuam rei memoriam. 
Importante: A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz (ex: não se submeter ao DNA na 
investigação da paternidade), poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame – art. 232. O 
STJ já decidiu: “a recusa do investigado em submeter-se ao exame de DNA, aliado à comprovação de 
relacionamento sexual entre o investigado e a mãe do autor impúbere, gera a presunção de veracidade 
das alegações postas na exordial (RSTJ, 135:315)”. 
MÓDULO 7. 
 
Atos Ilícitos 
1. Diferenciação entre antijuridicidade e ilicitude. 
O Direito é um meio de organizar (ou controlar) a vida do ser humano em sociedade através da (s) 
norma (s) jurídica (s). 
A norma jurídica é o instrumento do Direito. Ela diz como DEVE SER a conduta. Se a conduta está em 
conformidade com a norma, o ato é jurídico. 
Logo, antijurídico é o ato que está em desconformidade com a norma jurídica regedora da conduta. 
Saliente-se que um ato pode ser antijurídico, mas nem por isso ser ilícito. 
A antijuridicidade deve ser analisada sob dois enfoques: 
a) Enfoque objetivoda antijuridicidade 
Objetivamente, a conduta viola preceitos ordinatórios, mas não produz dano ou viola direito 
subjetivo. 
Ex: Alguém deseja transmitir algo (após a sua morte) para uma pessoa. Para tanto se vale do 
testamento. Este deve obedecer a certas formalidades legais, haja vista, ser um ato solene (negócio 
jurídico unilateral na formação). Se o testador não cumprir com as exigências legais, seu ato está em 
DESCONFORMIDADE com a norma e é, portanto, antijurídico. 
A consequência é uma só: o testamento não produz efeitos, é nulo. O ato é tão somente antijurídico. 
Mas o testador não praticou ato ilícito, ou seja, não violou direito subjetivo, nem produziu dano. Não há, 
portanto, a obrigação de reparar o dano. 
b) Enfoque subjetivo da antijuridicidade 
O agente sequer praticou uma conduta, mas devido à imposição da norma é obrigado a 
indenizar. 
Ex. O art. 1251, CC, trata da avulsão que é um meio de aquisição da propriedade imóvel. A avulsão é 
um fato jurídico strictu sensu (independe da vontade humana) e que provoca a aquisição da propriedade 
imóvel para uma pessoa em decorrência da perda da propriedade imóvel para outra pessoa. A avulsão 
decorre de uma força natural violenta que aumenta o curso d’água de um rio, fazendo com que uma 
porção de terra de um terreno situado à margem do rio se desloque e se agregue a outro terreno 
situado na margem oposta. Ressalte-se que os terrenos pertencem a donos distintos. Diz a norma da 
avulsão que o proprietário do terreno onde se agregou a porção de terra (aquisição da propriedade 
imóvel) deve aquiescer com o proprietário que perdeu a terra no sentido deste último poder retirá-la ou, 
então, INDENIZAR o proprietário prejudicado. 
O ato ilícito reclama culpa (em sentido lato), dano e nexo causal entre o dano e a culpa. 
O ato antijurídico é considerado ilícito quando pessoa capaz de entender e querer, violando norma 
jurídica por ação ou omissão culposa (sentido lato), lesa direito subjetivo de outrem, causando-lhe dano 
suscetível de avaliação pecuniária. 
Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Assim, a violação do dever jurídico absoluto determinado pela norma jurídica, que traga prejuízo a 
alguém se configura como ilícito civil capaz de gerar uma obrigação, qual seja reparar o dano causado 
à vítima. 
Saliente-se que o ato ilícito pode também se caracterizar como a violação de um dever jurídico relativo, 
ou seja, decorrente da vontade humana. 
Nesta hipótese existe uma relação jurídica obrigacional entre as partes (relação jurídica originária). O 
eventual descumprimento obrigacional voluntário (absoluto ou relativo – mora) consiste num ato ilícito 
que faz nascer outra relação jurídica derivada, qual seja a responsabilidade contratual, cuja 
consequência jurídica é a mesma da responsabilidade extracontratual: reparar o dano causado. 
2. Ilícito Civil e Ilícito Penal 
Em tese, não há diferença entre o ilícito civil e o ilícito penal. Entretanto, a diferenciação feita pelo 
Direito reside na tutela do bem jurídico violado e também na consequência (sanção). 
No ilícito penal, o agente infringe uma norma de direito público, sendo que o interesse lesado é o da 
sociedade. 
No ilícito civil, o interesse diretamente lesado é o privado, e o prejudicado pode ou não pleitear a 
reparação. 
A prática de ilícito penal gera uma consequência: pena (sanção penal). 
A prática de ilícito civil gera uma consequência que é a obrigação de reparar o dano causado à vítima. 
Desta forma, em regra, a prática de um ilícito penal gera a responsabilidade penal. Por sua vez, a 
prática de um ilícito civil gera a responsabilidade civil. 
A responsabilidade penal e a responsabilidade civil proporcionam as respectivas ações (ação penal e 
ação civil). 
A ação penal é exercível pela sociedade (representada pelo Estado) e tende à punição. A ação civil é 
exercível pela vítima (ou seus representantes) e tende à reparação. 
Saliente-se que a prática de um mesmo ato ilícito pode ser analisada sob o prima civil e penal, gerando 
duas consequências: uma de natureza civil (reparação do dano) e outra de natureza penal (pena). 
2.1. Qual a influência da sentença proferida na jurisdição criminal no juízo cível? E vice-versa; 
qual a influência de uma sentença proferida na jurisdição civil no juízo criminal? 
Em regra, a sentença proferida no juízo cível não produz efeito na jurisdição criminal, porém a sentença 
criminal produz efeitos na jurisdição civil. 
2.1.1. Sentença Penal Condenatória 
Reza o art. 935, CC, 1ª parte: A responsabilidade civil é independente da criminal. 
Por sua vez, o art. 91, I, do Código Penal, que trata de um dos efeitos genéricos da condenação, 
determina: Art. 91. São efeitos da condenação: I – torna certa a obrigação de indenizar o dano causado 
pelo crime 
A sentença penal condenatória transitada em julgado é título executivo judicial. 
Conforme art. 63, do Código de Processo Penal: Transitada em julgado a sentença condenatória, 
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
Assim, a sentença penal condenatória transitada em julgado – título executivo judicial - é meio caminho 
andado para se buscar a reparação do dano, uma vez ser desnecessário, no juízo cível, a busca de um 
título executivo judicial. 
Importante: Sentença criminal – um mesmo crime pode ser praticado por duas pessoas = 
coautoria (art. 29, Código Penal: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade). 
 Sentença civil – um mesmo ato ilícito pode ser praticado por mais de uma 
pessoa: solidariedade legal (Parágrafo único do art. 942). 
Lembre-se: a morte do agente, na esfera criminal, é causa extintiva da punibilidade – art. 107, I, do 
Código Penal. Recorde-se, ainda: pena é pessoal e não passa da pessoa do agente que praticou o crime. 
Entretanto, na esfera cível, há a determinação legal da solidariedade em se tratando de responsabilidade 
civil. 
 Vamos exemplificar? 
Ricardo (17 anos de idade) e Roberto (vinte anos de idade), amigos, estudantes, motociclistas, ambos 
residentes na cidade de Indaiatuba, cada qual nas casas de seus respectivos pais, participaram de uma 
despedida de solteiro de um amigo comum, na cidade de Campinas. Na festa beberam além da conta. 
Ao retornarem para sua cidade de origem, os jovens, cada um dirigindo a sua moto, vieram a colidir 
com um automóvel da marca Fiat – modelo Uno. O ocupante do Uno sofreu ferimentos graves e o carro, 
de sua propriedade, restou completamente danificado. Por conta do acidente, Ricardo, um dos 
motociclistas, faleceu. 
Roberto responde penalmente (tem 19 anos e é imputável) e civilmente. 
Entretanto, a vítima do acidente, sabendo que Roberto não tinha rendimentos e, mais, que seus pais 
tinham pouquíssimos bens, resolveu acionar, civilmente, o pai ricaço de Ricardo, o jovem motociclista 
que tinha falecido no acidente. É possível tal ação? 
Resposta: SIM. A vítima acionou o pai de Ricardo com fundamento no art. 942, parágrafo único cc. 932, 
I. 
2.1.2. Sentença condenatória proferida pelo Tribunal do Júri, transitada em 
julgado, também não impede a ação civil de execução visando a reparação dos 
danos causados pela tentativa ou consumação do crime doloso contra a vida. 
2.1.3. Sentença penal absolutória fundamentada em prova da inexistência do crime ou da 
autoria faz coisa julgada no juízo cível. 
O art. 935, CC, diz: A responsabilidade civil é independente da criminal; não se poderá, porém, 
questionar mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quando estas questões se 
acharem decididasno crime. 
Logo, a sentença penal absolutória que se fundamentou em prova de que o crime inexistiu ou em prova 
de que o réu não era o seu autor, faz coisa julgada no juízo cível e NÃO se pode ingressar com ação de 
reparação de dano. 
Vamos exemplificar? 
José e João trabalhavam por dez anos na farmácia de propriedade de Manoel. Numa determinada 
ocasião, Manoel percebeu que o estoque de medicamentos vinha diminuindo sem que tivessem sido 
vendidos. Um belo dia, José e João “pediram a conta”: desligaram-se da farmácia, associaram-se e 
resolveram abrir uma nova farmácia. 
Por conta desses fatos, Manoel dirigiu-se a delegacia e, em decorrência de um boletim de ocorrência, no 
qual havia afirmado suspeitar que o estoque da segunda farmácia lhe pertencia, foi instaurado, pelo 
delegado, um inquérito policial. Com base no inquérito, o digno representante do Ministério Público 
denunciou José e João pela prática de furto qualificado. 
Ocorre que, finda a instrução no processo criminal, o juiz absolveu os réus por inexistência do crime. O 
juiz inviabilizou que Manoel pleiteasse, no juízo cível, uma ação de reparação. 
2.1.4. Sentença criminal absolutória por não existir prova de ter o réu concorrido 
com a infração penal. 
O julgamento penal improcedente por falta de provas, não impede a reparação cível, pois na ação civil 
de conhecimento poderá haver a produção de provas. 
2.1.5. Motivo peculiar ao Direito Penal 
A morte do autor do crime produz a extinção da punibilidade – art. 107, I, Código Penal. 
No juízo cível, os bens do responsável solidário ficam sujeitos à reparação do dano. Se a 
responsabilidade for contratual, a obrigação opera-se entre as partes, bem como entre os seus 
herdeiros. 
3. Excludentes de ilicitude 
Reza o art. 188, CC, e incisos que não constituem atos ilícitos: 
I. os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II. a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover 
perigo iminente. 
O art. 188, CC estabelece em repetição ao determinado pelo Código Penal, causas que excluem a 
ilicitude do fato, ou seja, a legítima defesa, o exercício regular do direito e o estado de necessidade. 
Dispõe o parágrafo único do art. 188, que no caso do inciso II, o ato só será legítimo quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo o indispensável para a remoção do 
perigo. 
Assim, pode ser que mesmo para remover perigo, alguém que destruiu coisa alheia, poderá ser obrigado 
a reparar o dano. 
4. Abuso de Direito – art. 187, CC 
Comete ato ilícito o titular de direito que, ao exercê-lo, excede manifestadamente os limites impostos 
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé e pelos bons costumes. 
Razão da regra: reprimir o exercício antissocial dos direitos subjetivos. 
O abuso de direito prescinde da culpa e acarretará: 
a) Obrigação de ressarcir danos causados a outrem. 
b) anulabilidade do negócio jurídico feito sob coação (art. 153 cc 171,II). 
c) Invocação da idade por menor relativamente incapaz, se dolosamente a ocultou (art. 180,CC). 
Vários são os artigos que reprimem o abuso de direito em nosso Código: 
Art. 1277 – uso anormal da propriedade. 
Art. 939 – cobrança de dívida antes do vencimento (fora dos casos legais) 
Art. 940 – cobrança de dívida já paga, no todo ou em parte. 
Art. 1637 – Suspensão do poder familiar decorrente de abuso de autoridade dos pais (ou 
de um deles), faltando aos deveres ou arruinando os bens dos filhos. 
Art. 1638 – Destituição do poder familiar devido ao castigo imoderado, ao abandono dos 
filhos, etc. 
MODULO 8 
Prescrição e Decadência 
1. Prescrição 
1.1. Conceitos 
Clóvis Bevilácqua: “É a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em 
consequência do não uso dela, durante determinado espaço de tempo”. 
Câmara Leal: “Extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante certo lapso 
de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso”. 
Pontes de Miranda: “Exceção que alguém tem contra o que não exerceu durante um lapso de tempo 
fixado em norma, sua pretensão ou ação”. 
Orlando Gomes: “A prescrição é o modo pelo qual um direito se extingue em virtude da inércia, durante 
certo lapso de tempo, do seu titular, que, em consequência, fica sem ação para assegurá-lo”. 
Assim como entre nossos doutrinadores, no direito comparado sempre houve falta de uniformidade de 
posição em relação ao conceito do instituto da prescrição. 
O direito romano, assim como o medieval, tinha a prescrição como um fenômeno no plano processual, 
que afetava a ação (actio) e não diretamente o direito material. Seguindo essa linha, o direito alemão e 
o suíço evoluíram para a extinção da pretensão (anspruch), como o efeito do transcurso do prazo 
prescricional aliado à inércia do titular do direito violado. Por sua vez, o Código Italiano de 1942 declara 
a prescrição como causa de extinção do próprio direito. 
O Código Civil vigente, na esteira do direito alemão, optou por conceituar a prescrição como perda da 
pretensão: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, 
Nas palavras de Maria Helena Diniz: 
“Violado um direito nasce para o seu titular a pretensão (Anspruch), ou seja, 
o poder de exigir, em juízo, uma prestação que lhe é devida”. 
A pretensão é, pois, o poder de exigir de outrem uma ação ou omissão e, desta forma, a prescrição 
revela-se como uma sanção para o negligente, que deixa de exercer seu direito de ação, dentro de 
determinado prazo estabelecido na lei, ante uma pretensão resistida. 
Não é o direito subjetivo descumprido pelo sujeito passivo que a inércia do titular faz desaparecer, mas 
o direito de exigir em juízo a prestação inadimplida que fica comprometida pela prescrição. 
Desta forma, o direito subjetivo fica, em decorrência da prescrição, desguarnecido da pretensão, 
mas subsiste, pois, caso o devedor se disponha a cumpri-lo, não está autorizado à repetição do indébito 
(art. 882, CC). Vale lembrar, ainda, que se o devedor demandado não arguir a prescrição, o juiz não 
poderá reconhecê-la de ofício, salvo se favorecer o absolutamente incapaz (art. 194, CC). 
Anteriormente, a prescrição era conceituada como a perda do direito de ação. Contudo, o direito de ação 
(ação formal ou processual) não se confunde com a pretensão (ação material). Esta é o poder de exigir 
de outrem uma ação que permite a composição do dano verificado em decorrência da violação de um 
direito. 
O direito de ação processual é um direito subjetivo autônomo, de ordem pública, à prestação 
jurisdicional. Sendo assim, o titular de um direito prescrito não perde o direito processual de ação. 
A violação de um direito subjetivo gera para seu titular a pretensão (poder ou faculdade de exigir de 
alguém uma prestação ativa ou omissiva). O exercício de tal pretensão se sujeita ao fator tempo (prazo 
legal), que findo, sem que o credor a tenha feito valer em juízo, provocará a prescrição. 
A prescrição não extinguirá o direito material, mas cria para aquela pessoa a quem a prescrição 
beneficia (devedor) uma exceção. Se esta não for exercitada, o direito do autor será tutelado em juízo, a 
par de consumada a prescrição. Mesmo se a exceção for acolhida, em havendo o pagamento da 
prestação pelo devedor ou se este renunciar aos efeitos da prescrição, é como se o direito do credor 
jamais tivesse sido afetado pelo efeito prescricional. 
Conclusão: Não é nem o direito subjetivo material, nem o direito processual de ação (ação formal) que 
a prescrição atinge, mas apenas a pretensão de obter a prestação devida por quem a descumpriu (actio 
romana ou em sentido material). 
1.2. Requisitos da Prescrição 
1.2.1. Violação do direito, com o nascimento da pretensão.

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