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Enfermidades dos Cavalos - Cap. 7

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07
AfeC96es do Aparelho Locomotor
(Pe)
7.1. Anatomia e
considera(:oes gerais.
trabalho muscular e tendfneo sob
a forma de for<;:ade pressao, tra-
<;:aoe tor<;:ao.
Estruturalmente,o pe e cons-
titufdo por ossos, ligamentos,
tend6es, vasos sangufneos, va-
sos linfaticos, nervos e casco. Os
cascos formam a parte inferior
extrema dos membros do cava-
10 e constituem parte dos pes do
animal. Sao formados por um in-
volucro corn eo que protege par-
te da falange media, falange dis-
o pe constitui, no cavalo, a
estrutura anat6mica e funcional
mais complexa do aparelho loco-
motor. Pode ser considerado
como 0 centro de sustenta<;:aodo
corpo durante 0 repouso, e base
de propulsao da locomo<;:aonos
membros posteriores e de recep-
<;:aonos membros anteriores, re-
cebendo toda resultante ffsica do
1. veia digital; 2. arteria digital; 3. nervo digital; 4. n. digital dorsal;
6. n. digital intermedio; 6. n. digital volar (posterior); 7. plexo
coronario; 8. arteria e veia dorsal da falange distal; 9. falange distal;
10. arteria e veia circunflexa da falange distal.
tal eo osso sesamoide distal, ou
osso navicular.
A coroa do casco e uma in-
tumescencia muito sensfvel que
forma a parte superior do cas-
co. Oualquer ferida ou defeito na
coroa pode trazer graves con-
sequencias para as demais es-
truturas do casco devido a in-
tensa atividade metabolica de
ceratogenese do estojo corneo.
As partes que comp6em 0
casco saG a parede externa ou
muralha, com suas placas cor-
neas, a sola e a ranilha.
A parede ou muralha e for-
mada internamente por trabe-
culas corneas muito finas que
se estendem de alto a baixo, que
e 0 tecido podofiloso. A borda
inferior da muralha ou borda
plantar esta diretamente ligada
a sola. A regiao anterior e cons-
titufda pela pin<;a,as partes la-
terais pelos quartos, e a parte
posterior pelos tal6es.
A sola e a regiao do casco
que entra em contato com 0
chao. E perfeitamente adaptada
como conjunto do aparelho
fibroelastico para amortecer os
choques durante 0 trabalho. No
ponto em que se une a parede,
existe um sulco circular, denomi-
nado linha branca, que se volta
para dentro formando as barras.
A ranilha e uma especie de
cunha formada de substancia
cornea elastica, que parte dos
tal6es e avan<;:apara 0 centro da
sola formando 0 apice. Seus dois
sulcos delimitam uma conca-
vidade denominada lacuna me-
diana. A fisiologia da ranilha nao
e muito bem explicada, muito
embora ja se identifique sua par-
ticipac;:ao direta ou indireta em
muitas afecc;:6es do estojo cor-
neo. A perfeita integridade des-
tas estruturas esta diretamente
relacionada a capacidade que os
componentes do aparelho fi-
broelastico do pe (talao, ranilha,
cartilagens alares, coxim plantar
etc.) possuem para suportar 0 tra-
balho.Todas as causas que ultra-
passam 0 limite de resistencia
dessas estruturas, assim como
todos os fatores que diminuem
a elasticidade e a tenacidade do
estojo corneo, devem potencial-
mente ser consideradas como
predisponentes ou mesmo de-
terminantes de alterac;:6es. A
ranilha tem por func;:aodurante
a locomoc;:ao, dissipar a com-
pressao sobre a face solear do
casco, distribuindo 0 impacto que
recebe aos demais componen-
tes do aparelho fibroelastico, ra-
zao pela qual e importante que
ela se encontre no mesmo nlvel
da parede da muralha.
Basicamente, podemos con-
siderar que a grande maioria
das alterac;:6esdos pes pode ter
como etiologia fatores trauma-
ticos, funcionais, estruturais,
medicamentosos, microbianos e
higienicos, voltados estes para
uma ma toalete dos pes.
A predisposic;:ao hereditaria
tem, ultimamente, assumido gran-
de importancia nas les6es podais,
principalmente quanto a forma do
casco, tamanho e elasticidade,
responsaveis pela inutilizac;:aode
centenas de cavalos para 0 tra-
balho. Cascos de colorac;:aoclara
(despigmentados) apresentam
maior grau higrometrico e sac
mais susceptrveis a les6es.
Alem dos aspectos geneti-
cos e ambientais, a alimentac;:ao
do cavalo exerce fundamental
importancia quanto a qualidade
do estojo corneo. Animais ali-
mentados com deficiencias nu-
tricionais ou dietas desequilibra-
das apresentam predisposic;:ao
a desenvolverem les6es no es-
tojo corn eo, predispondo-os a
afecc;:6es graves em todos os
componentes do pe. Pela quali-
dade f1sica e histologica dos
cascos podemos estimar a qua-
lidade da alimentac;:ao que 0
cavalo ingere. A avaliac;:ao da
ultraestrutura de amostras do
casco, anal isadas atraves de
microscopia eletr6nica, pode
proporcionar elementos para a
correc;:aodo manejo nutricional
e dietetico do cavalo.
Figura 7.2 Estruturas internas do pe (corte sagital)
t
1. falange proximal; 2. t. extensor digital comum; 3. falange media;
4. coroa do casco; 5. apofise piramidal; 6. falange distal;
7. muralha do casco; 8. lamina cornea; 9. lamina sensitiva; 10. jun-
Qao da lamina sensitiva da sola e da lamina sensitiva falangica do
pe; 11. linha branca; 12. sola; 13. sola sensitiva; 14. inserQao do t.
flexor digital profundo; 15. coxim digital; 16. osso navicular; 17. liga-
mento navicular; 18. t. flexor digital profundo; 19. ligamento
sesamoideo superficial; 20. t. flexor digital superficial; 21.
articulaQao metacarpofalangica; 22. terceiro o. metacarpico.
1. lamina cornea; 2. superffcie superior das barras; 3. espinha da
ranilha; 4. palma; 5. linha perioplica; 6. muralha do casco;
7. banda coronaria.
5
Figura 7.4 Estruturas externas do casco
1. pinc;:a;2. quartos; 3. taloes; 4. bulbos; 5. sulco lateral e medial da
ranilha; 6. sulco central da ranilha; 7. barras; 8. vertice da ranilha; 9.
sola do casco; 10. linha branca; 11. muralha do casco.
7.2. Contusao da regiao
coronaria.
A regiao coronaria 8 a prin-
cipal estrutura de nutric;:aoe de
crescimento do casco; possui
intensa rede vascular para a
suprimento das suas principais
func;:6es.
A contusao, que nada mais
8 do que um trauma fechado de
maior au menor intensidade
produz processo inflamatorio
localizado au extenso, que, qua-
se sempre, leva a alterac;:6es
funcionais da locomoc;:ao.
Os fatores predisponentes
de afecc;:6es podais podem ser:
defeitos de aprumos, atitudes
viciosas dos membros, imperr-
cia na equitac;:ao,cavalos que se
alcanc;:am durante a marcha,
cavalos que se roc;:amau resva-
lam com as cascos au ferradu-
ras, traumas produzidos par ta-
cos de polo e tipo de solo. As
contus6es podem ser superfici-
ais, profundas au compostas.
As contusoes superficiais
ocorrem par traumas leves e
rapidos, produzindo discreta
equimose na pele da coroa com
processo inflamatorio que nem
sempre 8 traduzido par uma al-
terac;:ao funcional, isto 8, a ca-
vala pode nao mancar, embora
possa sentir dor quando a re-
giao atingida for pressionada
com as dedos polegares.
A contusao profunda produz
intenso processo inflamatorio
pericoronario comprimindo es-
truturas nervosas e vasculares,
prejudicando a retorno sangur-
neo, com consequente edema
na extremidade do membra e
c1audica<;ao que pode ser de
grau elevado.
A contusao composta e
aquela em que a violencia do
trauma chega a comprometer
estruturas mais profundas do
pe como a ap6fise piramidal da
falange distal, a articula<;ao
interfalangica, 0 tendao ex-
tensor digital comum, os liga-
mentos articulares etc. Nestas
condi<;6es, 0 cavalo c1audica
imediatamente e sente inten-
sa dor ao menor toque na re-
giao, que pode estar averme-
Ihada e quente em animais de
pele clara.
o exame radiografico e im-
portante para se estabelecer 0
diagn6stico diferencial das con-
tus6es, com as fraturas da
falange distal.
o tratamento depende da
gravidade e das complica<;6es
praduzidas pelo trauma.
Figura 7.5
Contusao da coroa do casco.
o procedimento imediato e
a aplica<;ao de bolsa de gelo,
compressas ou duchas frias,
impedindo-se, desta forma,
que haja intensoderrame san-
gUlneo, reduzindo sobremanei-
ra as consequencias da infla-
ma<;ao. Isto pode ser feito nas
primeiras duas horas ap6s a
contusao, para em seguida
usarem-se pomadas hepa-
rin6ides associadas ao DMSO
que agem atraves da pele,
friccionando-se suavemente
por cerca de 1 a 2 minutos.
Pode-se aplicar penso com-
pressivo protegido por algodao
e bandagem.
Nas contus6es superficiais,
apenas a manuten<;ao da fric-
<;aocom heparin6ides associa-
dos ao DMSO durante pelo
menos 5 dias, e antiinflamat6-
rios sistemicos por 3 dias, se-
guidos de 10 dias de repouso,
e suficiente para a regressao do
processo.
Situa<;6es em que a a<;ao
traumatica tenha produzido le-
s6es graves na falange distal
(fratura da ap6fise piramidal),
devem ser tratadas por imobili-
za<;aoe ou redu<;ao cirurgica e
aplica<;ao de ferradura fechada.
7.3. Fistula na regiao
coronaria.
E caracterizada por lesao
cutanea mais ou menos pro-
funda, com secre<;ao de pus.
Geralmente e causada por
traumas perfurantes, como os
produzidos por gravetos ou pe-
da<;os de bambus, ou por con-
tiguidade de uma lesao perfu-
rante da sola, na por<;ao da
pin<;a do casco, vindo poste-
riormente fistulizar-se na face
anterior da regiao coronaria.
De forma indireta, as les6es
causadas por agentes micro-
bianos que destroem 0 tecido
solear, como as chamadas bra-
cas, podem aprofundar-se
comprometendo as estruturas
sensitivas do casco, e, ocasio-
nalmente, fistulizarem na
coroa. Todavia, quando a afec-
<;ao e causada por trauma
perfurante, direto sobre a re-
giao coronaria, toda a sua ex-
tensao podera estar acometi-
da, de um dos bulbos dos ta-
16es ate 0 outro.
o quadro c1lnico e de man-
queira de apoio e, alem do au-
mento de volume que se instala
no inlcio do processo, podemos
observar lesao com solu<;ao de
Figura 7.6
PeriuraQao da sola com "broca".
continuidade da pele e secre- to deve ser local com anti-sep- iodo-povidine 1%. Pode-se ins-
c;:aode pus. A palpac;:aodigital ticos como iodo-povidine, e sis- tituir pediluvios com soluc;:aosa-
da regiao ou a aplicac;:aoda te- temico, preferencialmente com turada de sulfato de magnesio
naz de casco produz muita dor. antibioticos de amplo espectro, 2 vezes ao dia com 0 objetivo de
Devido a infecc;:ao que se auxiliar a reduc;:aodo processo
instala pela contaminac;:ao com Tratamento local inflamatorio e de permanganato
germes piogenicos, 0 tratamen- Deve-se verificar se nao hou- de potassio, soluc;:ao 1:3000,
ve perfurac;:aoda sola; caso nao para agilizar a recuperac;:ao do
tenha ocorrido, aplique dentro do animal. 0 pe deve ser protegido
trajeto fistuloso, 2 vezes ao dia, por penso impermeabilizado ate
com auxilio de uma seringa, 11- que haja a reparac;:aodo tecido
Iquido de Dakin seguido de glice- cornea da sola.rina iodada 10%; ou abundante
lavagem do trajeto com agua Tratamento sistemico.
oxigenada 10 volumes seguido Caso 0 cavalo nao tenha ~0-
de iodo-povidine, Verifique cui- sido vacinado contra 0 tetano, •..0
dadosamente se nao ficaram convem aplicar-Ihe 1,500 a
+J
0
fragmentos do posslvel estrepe 3,000 U de soro antitetanico E0u
na ferida, 0 curativo deve ser pela via intramuscular, alem de 0...J
feito diariamente ate a cicatriza- 20.000 a 40.000 UI/kg de pe- 0.c
c;:aoda lesao, Caso 0 processo nicilina G benzatina, tambem a;•..
tenha se instalado em virtude de pela via intramuscular, que pode IIIa.
lesao da sola, lave vigorosamen- ser repetida apos 3 dias,
«
0
te 0 casco com agua e saban de
-0
(/)
Figura 7.7 coco com escova, e fac;:a0 debri-
Q)
'0(,)-
Flegmao da coroa do casco. damento e a desinfecc;:ao com 7.4. Contusao da regiao 0Q)
'+-
plantar. «
Pode ocorrer em qualquer
ponto da sola consequente ao
choque contra uma estrutura
dura, produzindo compressao
do corium do casco contra a su-
perffcie plantar da falange dis-
"
tal, ou derrame sangulneo pela
ruptura dos capilares, e conse-
quente processo inflamatorio
localizado.
A lesao pode ser desenca-
. - . deada pela marcha em terrenos
duros e irregulares, pedregosos,
ou entao pela ac;:aode ferraduras
Figura Z8 Figura Z9 aplicadas de forma inadequada,
Fistula da parede do casco Flegmao do talao por perfura- A intensidade da lesao e dos
com perfuraQao de sola. Qao comcorpo estranho. sintomas varia com a intensida-
165
de do trauma e a extensao do
processo.
Podemos distinguir a contu-
sac superficial, profunda e com-
posta:
a. Na contusao superficial
ocorre processo inflamat6rio
do corium da sola e do teci-
do viloso, sendo a c1audica-
c;:aodiretamente proporcional
a intensidade do agente con-
tuso e da extensao do der-
rame sangulneo. Geralmen-
te, e localizada e diagnosti-
cada com a tenaz como um
ponto doloroso a pressao
mais forte. Raramente pro-
duz claudicac;:ao intensa.
b. As contus5es profundas ca-
racterizam-se por um maior
comprometimento das estru-
turas cerat6genas do casco
devido a maior violencia da
ac;:aodo agente traumatico
contra a sola.
A sintomatologia revela in-
tensa claudicac;:ao denotada
pela falta de apoio do membro
no solo. Geralmente, 0 pe per-
manece fletido, aumenta a tem-
peratura do casco e, ocasional-
mente, pode ocorrer 0 desloca-
mento da sola devido ao der-
rame sero-sanguinolento. De-
verao ser feitos exames radio-
graficos para 0 diagn6stico di-
ferencial com fratura da fa-
lange distal.
As contusoes compostas
sac aquelas em que os sinto-
mas sac extremamente exacer-
bad os, traduzindo serio com-
prometimento cerat6geno,
alem de posslvel ostelte ou fra-
tura da falange distal e do
navicular. 0 diagn6stico, alem
de ser baseado nos sintomas,
devera ser confirmado atraves
dos Raios-X.
Tratamento
a. Superficial: adelgac;:amento
da sola e muralha e aplicac;:ao,
2 vezes ao dia, durante 20
minutos, de duchas frias, e re-
pouso de pelo menos 10 dias.
Figura Z10
Pesquisa de sensibilidade com tenaz de casco.
b. Profundas e compostas:
adelgac;:amento da sola ou
mesmo escarificac;:ao para a
drenagem do derrame san-
gUlneo. Utilizar-se de ferra-
duras com chapas e em bizel
Qustura inglesa).
Duchas ou pediluvios frios, 3
vezes ao dia, durante 20 minu-
tos cada sessao.
Pela via sistemica, quando
nao houver fratura de falange,
devem ser utilizadas substan-
cias antiinflamat6rias pelo me-
nos durante 5 dias.
o repouso devera ser de
pelo menos 30 a 60 dias, des-
de que ocorra evoluc;:aofavora-
vel do processo.
7.5. Feridas na regiao
plantar.
Sao produzidas geralmente
por objeto pontiagudo que ul-
trapassa a capacidade de re-
sistencia da sola ou ranilha,
perfurando-as.
A claudicac;:ao sobrevem
imediatamente, ou se acentua
aos poucos na dependencia se
o objeto perfurante (prego, caco
de vidro, lascas de madeira,
bambu, grampo de cerca etc.)
permanece ou nao no local da
perfurac;:ao. A intensidade da
c1audicac;:aopode variar segun-
do 0 grau de comprometimento
dos tecidos atingidos e, depen-
dendo de seu comprimento, 0
corpo estranho pode atingir a
falange distal, 0 sesam6ide dis-
tal, ou mesmo a articulac;:ao do
pe (falanges media e distal),
Figura 7.11
Picada na sola com prego de rua.
Figura 7.12
Encravadura na sola com prego em cama de maravalha.
produzindo graves consequen-
cias como caries 6sseas e artri-
te purulenta.
o diagn6stico ou a identifi-
ca~ao da lesao baseia-se na
c1audica<;:ao, onde 0 animal
ap6ia 0 casco do lado oposto a
ferida, ou entao nao ap6ia 0
membro ao solo em virtude da
intensa dor produzida pela pres-
sao de contato do casco ao solo.
o exame minucioso da sola
permite observar 0 corpo estra-
nho ou 0 ferimento por ele causa-
do, alem da secre~ao de liquido
enegrecido com odor fetido de-
vido a infec~ao que se instala pela
penetra<;:aodo corpo estranho.
Se 0 processo nao for recen-
te e a lesao profunda, podera
ocorrer a fistuliza<;:aopela regiao
coronaria.o adelga~amento da sola,
ap6s rigorosa lavagem com agua
e sabao, devera ser feito para
permitir a avalia~ao da extensao
e profundidade da lesao e per-
mitir a drenagem do pus, am-
pliando-se 0 oriflcio produzido
pelo corpo estranho com a rineta.
o tratamento local sera fei-
to com solu<;:6es anti-septicas,
sob forma de pediluvios em bal-
de, com permanganato de po-
tassio a 1:3000 ap6s a remo-
~ao do corpo estranho (prego
ou estrepe); em seguida pode-
se injetar, atraves da ferida,
glicerina iodada 10% ou iodo-
povidine. Para prote~ao da le-
sao fa<;:apenso completo para
o casco, ou ferradura de chapa,
impermeabilizando 0 penso com
alcatrao vegetal ou outro imper-
meabilizante, por pincelamento.
I Figura 7.13
Encravadura na sola com prego de rua e fratura completa e
profunda dos quartos.
Figura 7.14
Drenagem de pus de picada na sola com prego de rua.
Se a ferida for profunda e
apresentar necrose ou restos de
estrepe, 0 tratamento devera ser
realizado atraves de curetagem
profunda com amplia<;:aodo ori-
f1cio de entrada, para em segui-
da instituir-se 0 procedimento
acima indicado. Nestas circuns-
tancias, pode-se instituir pedi-
luvios com solu<;:aosaturada de
sulfato de magnesio.
o tratamento sistemico de-
vera constar de aplica<;:ao de
40.000 U1/ kg de peso de pe-
nicilina G benzatina, repetida
ap6s 72 horas e de 1.500 a
3.000 U de soro antitetanico
pela via intramuscular.
Sao chamadas de picadas e
encravaduras os ferimentos dos
tecidos sensitivos do casco
(podofiloso e podoviloso) pro-
duzidos por cravos de fixa<;:aode
ferraduras.
Consideramos picada toda
vez que houver a retirada do
cravo, por parte do ferrador,
quando ele tiver seguido per-
curso errado. Nestas circuns-
tancias, por imperfcia do ferra-
dor, 0 animal reage violenta-
mente, retirando 0 membro da
conten<;:ao de ferrar. Ap6s a re-
tirada do cravo pode-se obser-
var uma gota de sangue que flui
pelo oriflcio formado.
Em condi<;:6es normais, as
consequencias da picada sac
passageiras e pode-se injetar
no trajeto agua oxigenada 10
volumes e solu<;:aode tintura de
iodo 10%, aplicando-se um
novo cravo fora do oriflcio cau-
sado pelo acidente.
Caso nao ocorra a extrac;:ao
imediata do cravo erronea-
mente colocado e ele tenha ul-
trapassado a espessura da
muralha, grave c1audicac;:ao
p6s-ferrageamento ira ocorrer,
podendo-se ter a mesmo qua-
dro e consequencias do feri-
menta penetrante citado na
afecc;:aoanterior.
A encravadura propriamen-
te dita corresponde a fixac;:aodo
cravo, geralmente de laminas
grossas, na porc;:aomais profun-
da da muralha do casco, e com
entrada pr6xima a linha branca
que corresponde ao limite da
muralha com as tecidos vivos e
a sola. A fixac;:aodos cravos nas
condic;:6es citadas produz com-
pressao de tecidos vivos e
craveira alta, correspondente a
entrada anomala dos cravos.
Uma atenta observac;:ao na
"craveira" de um cavalo que
manca ap6s ferrageamento po-
dera eventual mente revelar a
direcionamento err6neo do cra-
va. Muito provavelmente a reti-
rada deste cravo, com poste-
rior adelgac;:amento da muralha
correspondente ao seu trajeto,
devera produzir alfvio do sinto-
ma doloroso.
Caso ap6s a retirada do cra-
va ocorrer a drenagem de pus
de colorac;:ao enegrecida e de
odor fetido, devemos produzir
adelgac;:amentoprofunda do tra-
jeto do cravo, lavar com agua
oxigenada 10 volumes e soluc;:ao
anti-septica e aplicar tintura de
iodo a 10% no primeiro curativo,
e glicerina iodada a 10% nos
curativos subsequentes. Se a
adelgac;:amento for profunda a
ponto de expor tecido vivo, deve-
se aplicar penso protetor de cas-
co, impermeabilizado.
Par via intramuscular, apli-
que sora antitetanico caso a
animal nao seja vacinado e an-
tibioticoterapia na presenc;:ade
sinais de infecc;:ao.
7.7. Fratura da falange
distal.
As fraturas do ossa do pe
(falange distal au 3a falange),
embora nao sejam frequentes,
revestem-se de certa gravidade
devido a complexa relac;:aodes-
te ossa com as estruturas do
casco.
Geralmente as fraturas sao
produzidas par violentas contu-
s6es, principalmente nos mem-
bras ante ria res dos cavalos de
corrida au salta, recebendo a
falange distal todo a impacto
produzido pela sustentac;:ao do
movimento de avanc;:o.Podem
tambem ser produzidas, algu-
mas vezes, par esforc;:osexage-
rados dos tend6es, principal-
mente extensor comum au par
traumatismo direto sabre a
ap6fise piramidal, arrancando-a.
Os esmagamentos e as
estilhac;:amentos sao raros, le-
vando a graves consequencias
e a formulac;:ao de progn6sti-
co sombrio.
A ostefte (rarefac;:ao 6ssea)
predisp6e ao acidente e, na
maioria das vezes, localiza-se na
porc;:aoapical e angular do ossa.
Animais com falange distal
fraturada apresentam intensa
c1audicac;:aologo ap6s a traba-
Iho, recusam-se a apoiar a
membra no solo e toda mano-
bra c1fnica de pesquisa da dor
com tenaz de casco, pode faze-
10 reagir violentamente.
o diagn6stico se baseia no
aparecimento brusco da man-
queira denotada pela intensa
dor, devendo a fratura ser con-
firmada radiograficamente.
Tratamento
a. Fraturas transversais sim-
ples: Adelgac;:amento da sola
e muralha, aplicac;:aode fer-
radura de ramas fechadas,
duchas frias diariamente e
aplicac;:6es de antiinflamat6-
rios nao corticoster6ide como
fenilbutazona na dose de 4,4
a 8,8 mg/kg, 1 vez ao dia, du-
rante 5 dias, pela via intrave-
nasa. Pode-se dividir a dose
total em 2 aplicac;:6esao dia.
b. Fraturas cominutivas au es-
magamentos: 0 progn6stico
e extremamente reservado
devido a gravidade da lesao.
Porem, pode-se utilizar, alem
dos procedimentos para a
caso anterior, excec;:ao feita
a ducha, imobilizac;:aoda ex-
tremidade do pe a partir do
terc;:o media do terceiro o.
metacarpico au metatarsico,
com penso gessado.envol-
venda todo a casco;
As fraturas au arrancamentos
da ap6fise piramidal podem ser
tratadas atraves de cirurgia, por
Figura 7.15
Fratura da falange distal, Raios-X.
Figura 7.16
Ferradura com ramas fechadas.
fixac;:ao do fragmento com pa-
rafuso ortopedico. Sob qualquer
circunstancia, a aplicac;:ao de
ferraduras fechadas ou com
pestanas ou guarda-cascos, au-
xiliam a imobilizac;:ao do casco
possibilitando melhor reparac;:ao
do foco de fratura. 0 cavalo de-
ve ser mantido em baia com ca-
ma alta e macia.
De qualquer maneira, prog-
nostico das fraturas de falange
distal sempre e reservado
quanto a func;:ao, sendo 0 re-
pouso 0 mais importante auxi-
liar do tratamento.
7.8. Ostefte da falange
distal.
Processo degenerativo da
falange distal por desmine-
ralizac;:aoresultante de inflama-
c;:aoou infecc;:oes situadas no
interior do estojo corneo.
A lesao pode ser desenca-
deada por processo inflamato-
rio cr6nico, como nos casos da
laminite cr6nica, de ferimentos
perfurantes da sola, que podem
atingir a falange, por contusoes
no casco, por cascos ferrados
com ferraduras de ramas lon-
gas, assim como por fatores
predisponentes nutricionais
que diminuem 0 metabolismo
do osso.
A osteite rarefaciente pode
ser total ou parcial:
a. Osteite difusa total: quando
acomete grande parte da
falange distal.
b. Osteite angular: localizada
na apofise angular, podendo
ser uni ou bilateral.
c. Osteite piramidal ou coro-
naria: acomete 0 processo
extensor do tendao extensor
digital comum.
d. Osteite semilunar: acomete
a crista semilunar.
e. Osteite palmar: acomete a
palma ou a borda marginal da
falange distal.
A manqueira de apoio e 0
principal sinal, sendo que a pes-
quisa da dor revela sensibilida-
de difusa ou localizada, em ra-
zao do local e grau de com pro-
metimento do osso,
A localizac;:ao no processo
extensor produz discreta dificul-
dade na fase de extensao e
avanc;odo membro em locomo-
c;ao,e a osterte angular constitui
o primeiro passo para a ossifi-
cac;aoda cartilagem alar que
tambem deprecia esteticamen-
te 0 pe do animal.
Na maioria das vezes, a ten-
dencia e de apoio cuidadoso ou,
ate mesmo, a manutenc;ao do
pe em flexao passiva. 0 cavalo
procura apoiar 0 membro no
solo na regiao contra-lateral a
osterte. Existe certa relutancia
do animal em iniciar a marcha.
Deve ser realizado diagn6s-
tico diferencial, como, p.ex.,com
a contusao solear, pois algumas
afecc;6es dos pes do equino pro-
duzem quadro c1rnico bastante
similar, sendo apenas 0 exame
Figura 7.17
Ostefte da falange distal,
Raias-X.
radiografico 0 meio disponrvel
para um diagn6stico seguro.
o progn6stico e grave devi-
do a tendencia de irreversibili-
dade da rarefac;ao,mesma ap6s
o controle dos fatores causais.
o tratamento deve ser feita
com repousa, pediluvios com
agua fria e ferraduras de ramas
fechadas, acolchoadas com bor-
racha para evitar 0 contato com-
pressivo direto com 0 casco.
Ouando a osterte decorre de fe-
rimentos perfurantes, tratar con-
forme 0 recomendado no trata-
mento das feridas perfurantes
da sola.
Tratamento auxiliar com ad-
ministrac;ao de substancias re-
calcificantes como c1oretode Ca
na dose de 20 9 ao dia na rac;ao,
podendo-se associar ao trata-
mento, a aplicac;aode calcitonina
na dose de 2 ampolas pela via
intramuscular 2 vezes por sema-
na durante pelo menos 2 meses,
que pode ser benefica, muito
embora os resultados ainda se-
jam inconsistentes para garantir
a sua eficacia.
Figura 7.18
Calcifica<;:aodas cartilagens alares, Raias-X.
7.9. Osteoperiostite
periarticular
interfalangica.
Consiste numa proliferac;:ao
do peri6steo que se inicia pri-
mariamente pr6ximo a articula-
c;:ao,em virtude de traumas le-
yes e constantes sobre os liga-
mentos articulares, ou por de-
feitos de conformac;:ao dos pes.
Sao principal mente predis-
postos os cavalos cambaios e
esquerdos pelo excesso de tra-
c;:aoque exercem nos ligamen-
tos colaterais, assim como no
processo extensor do tendao
extensor digital comum .
. Figura 7.19
Osteoperiostite proliferativa
periarticular.
A lesao pode ser c1assifica-
da como uma osteoperiostite
proliferativa anquilosante devido
a sua tendencia em evoluir de
uma art rite serosa a osteoartrite
anquilosante das faces articula-
res interfalangicas.
Basicamente, 0 trauma e a
fator etiol6gico mais comum,
sendo que as cavalos acometi-
dos apresentam um espessa-
mento com aumento de volume
de consistencia dura ao redor
da coroa do casco que pode
Figura 7.20
Osteoperiostite proliferativa periarticular - Raios-X.
atingir a articula<;ao da falange
media e proximal, devido as pro-
lifera<;oes 6sseas.
A c1audica<;ao pode ser in-
tensa, assim como dor a pres-
saGprofunda. Pode ocorrer ede-
ma nos tecidos circunvizinhos
devido a compressao dos vasos
da regiao e dificuldade de retor-
no sangufneo.
o diagn6stico se baseia na
deformidade que se observa na
regiao e nas forma<;oes prolife-
rativas do peri6steo, verificadas
radiograficamente.
o tratamento nas fases ini-
ciais pode ser realizado por apli-
ca<;oes de drogas antiinflama-
t6rias e massagens locais com
pomada iodetada, friccionando-
a sobre a regiao uma vez ao dia.
Nos casos em que as prolife-
ra<;oes6sseas nao saGextensas,
e a sintomatologia nao regrediu
ap6s 0 tratamento medico, pode-
se optar pela ponta de fogo (em
desuso), remo<;ao cirurgica da
proliferac;:ao6ssea, artrodese ci-
rurgica ou entao a neuredomia
alta, no que pese todos os incon-
venientes destas praticas.
7.10. Enfermidade do
navicular.
Denominada tambem de sfn-
drome do navicular, doenc;:ado
navicular, podotrocleose ou en-
fermidade do navicular, consti-
tui-se na causa mais frequente
de claudicac;:ao cr6nica dos
membros anteriores de cavalos
atletas (Quarto de Milha, Puro
Sangue Ingles e Anglo-Arabe).
A enfermidade do navicular e
assim denominada porque predo-
minantemente apresenta lesoes
no ossa navicular, na bolsa sub-
cutanea correspondente e na
aponeurose do tendao flexor di-
gital profunda, na regiao em que
este passa sabre 0 osso navicular.
Alem do tipo de trabalho que
a animal executa e da idade de
maior frequencia de aparecimen-
to da lesao ocorrer ser dos 4 aos
15 anos, existe causas predis-
ponentes ao aparecimento e
agravamento das lesoes, como
em casas de encastelamentos,
atrofia do coxim plantar,desequi-
l!brios de Ca:p, ferraduras inade-
quadas e cascas pequenos e
baixos nos taloes, geralmente
devido a cruzamentos seletivos
em algumas ra<;as,com manifes-
ta<;oesffsicas geneticamente in-
desejaveis. Animais que saGsub-
metidos a trabalho pesado, como
corridas de longa distancia, cor-
ridas de obstaculos, esbarros na
ra<;aQuarto de Milha,vaquejadas
e provas de lac;:o,sao especial-
mente susceptfveis a doenc;:a,
1. terceiro metacarpico; 2. sesam6ide proximal; 3. articulayao meta-
carpofalangica; 4. falange proximal; 5. falange media; 6. sesam6ide
distal (navicular); 7. falange distal.
principal mente devido aos trau-
mas violentos, ou entao leves e
repetidos que 0 0550 navicular e
as estruturas da regiao sao sub-
metidas.
o osso navicular transmite
parte do peso recebido pela
falange media a falange distal,
sendo, consequentemente, for-
<;:adoem dire<;:aopalmar contra
o tendao flexor digital profun-
do, principal mente quando 0
membro encontra-se em apoio
e estendido durante 0 movimen-
to em exerdcio intenso,
Muito embora nao estejam
absolutamente c1aras,varias hip6-
teses sobre a patogenia da en-
fermidade do navicular sao con-
sideradas pela maioria dos pro-
fissionais medicos veterinarios.
Dentre estas, destaca-se a bur-
site da bolsa navicular; remode-
la<;:ao6ssea ativada pela pressao
elevada do tendao flexor digital
profundo sobre 0 osso navicular,
em particular sobre sua face
palmar,e trombose nas arteriolas
nutridoras do osso navicular com
consequente isquemia, levando a
1. falange proximal; 2. falange media; 3. falange distal; 4. inseryao
do tendao flexor digital profunda; 5. bursa do navicular; 6. ossa
navicular; 7. ligamenta suspens6rio do navicular; 8. t. flexor digital
profunda; 9. ligamenta sesam6ide superficial.
desmineraliza<;:aoe deforma<;:ao
dos oriflcios nutridores.
Os animais afetados apre-
sentam claudica<;:aointermiten-
te que se agrava com 0 traba-
Iho e melhora com 0 repouso. A
claudica<;:ao e tipicamente de
apoio, sendo que 0 animal ar-
rastara a pin<;:ano solo ao se
locomover, e, quando parado,
mantera 0 pe em semiflexao,
apoiando cuidadosamente a
pin<;:ado casco no solo. Quan-
do 0 animal for exercitado em
solo irregular que cause aumen-
to da pressao sobre a ranilha,
que a transmite a regiao do osso
navicular, podera haver manifes-
ta<;:aode c1audica<;:aoacentua-
da com intenso desconforto a
locomo<;:ao.
o diagn6stico se baseia nas
caracteristicas clinicas, notada-
mente 0 tipo de locomo<;:aoe do
apoio do membro em pin<;:adu-
rante 0 repouso. A pesquisa de
dor com a aplica<;:aoda tenaz de
casco, nos ter<;:osmedio e poste-
rior da ranilha, e sobre 0 osso
navicular, produz desconforto
quando a afec<;:aoja esteja insta-
lada em grau moderado. Outra
provac1inicasimples que pode ser
feita e a da cunha de Lungwitz
ou prova da rampa de 18°, que
exacerba a claudica<;:aoap6s 2
minutos de extensao for<;:ada.A
confirma<;:aoda afec<;:aodeve ser
feita por bloqueios anestesicos do
nervo digital palmar e pelo exa-
me radiografico.
Quanto aos bloqueios anes-
tesicos, e importante observar-
se que 0 cavalo pode nao res-
ponder adequadamente devido
a erros de tecnica, aderencias
entre 0 osso navicular e estrutu-
ras do tendao flexor digital pro-
fundo, artrite interfalangica dis-
tal, ramos acess6rios dos nervos
digital dorsal ou palmar, feridas
na sola do casco e artrite me-
tacarpofalangica.Ocasionalmen-
te torna-se necessaria a anes-
tesia complementar da bursa
navicularpara se estabelecer a
confirma<;:aodo diagn6stico.
Radiograficamente poderao
ser observadas lise ossea ou
deformidades sob a forma de
cones dos oriffcios nutridores do
osso navicular, alem de forma-
<;:6esc1sticas, afilamento da su-
perfrcie flexora,osteofitose mar-
ginal, perda da jun<;:aocortico-
medular e fratura com remode-
la<;:aoespontanea do tecido os-
seo. Em alguns casos, as alte-
ra<;:6esnao apresentam rela<;:ao
Figura 7.23
Osso navicular normal - Raios-X (PA - DV).
diagnostica com a enfermidade
do navicular, obrigando 0 profis-
sional a uma nova investiga<;:ao
semiologica, desta feita mais
profunda e meticulosa.
o tratamento baseia-se no
repouso com ligas de descan-
so, pelo menos por 2 semanas
na fase inicial do processo, po-
rem, e importante observar-se
que as recidivas de c1audica<;:ao
san muito freqi..ientes apos 0
animal retornar ao trabalho. 0
ferrageamento adequado e um
metodo que deve ser a base do
tratamento, assim como 0 adel-
ga<;:amento e sulcamento da
muralha do casco nos quartos
e tal6es. As ferraduras fechadas
ou com ramp6es ou talonetes
podem ser uteis para aliviarem
a dor, pois evitam a compressao
causada pelo apoio do membro,
sobre as estruturas afetadas.
Figura 7.24
Cunha de Lungwitz
(prova do sesam6ide).
o tratamento medicamento-
so pode ser realizado com apli-
cac;:6esde antiinflamat6rios nao
ester6ides par via sistemica e
corticoster6ide intra-bursal. Com
base na etiopatogenia tromb6-
tica do processo, pode-se lan-
c;:armao de drogas anticoagu-
lantes par via sistemica, porem,
sempre com cautela e acom-
panhamento laboratorial dos fa-
tores de coagulac;:aosangulnea.
Substancias beta-bloqueadoras
como isoxisuprina sao indicadas
para a melhora do fluxo circula-
t6rio local, na dose de 0,4 a 1,2
mg/kg de peso, 2 vezes ao dia,
pela via intramuscular, durante
6 a 14 dias.
A neuredomia e a procedi-
mento paliativo radical que pos-
sui indicac;:aopara a abolic;:aoda
dor, entretanto, sempre devemos
considerar suas passiveis conse-
quencias indesejaveis como:
neuromas, rupturas do tendao
flexor digital profunda, exungu-
lac;:ao,regenerac;:ao do nervo e
dessensibilizac;:aoincompleta da
regiao.
o progn6stico e favoravel
nos casas em que as animais
apresentam claudicac;:ao ate
grau I, sendo que menos de
50% dos animais se recuperam
quando apresentam graus de
claudicac;:6es maiores.
7.11. Dermovilite
exsudativa ou
necrose da ranilha.
E uma afecc;:aodegenerativa
que envolve a ranilha, principal-
mente a lacuna lateral, medial e
central, caraderizada par mace-
rac;:ao,amolecimento e destrui-
c;:aoda camada c6rnea, com pro-
duc;:ao de secrec;:ao necr6tica
enegrecida e de odor putrido.
Ocorre principal mente devi-
do a falta de higiene nas cava-
laric;:as e, pela ac;:aodo barra,
fezes e urina, especial mente em
cavalos cujos cascos nao sao
aparados quando necessario, e
nao ocorra limpeza peri6dica
dos sulcos da ranilha.
Cascos com tal6es elevados
impedem a cantata da ranilha ao
solo permitindo acumulo de fe-
zes e forragens entre as sulcos,
propiciando, desta forma, pro-
cessas fermentativos que favo-
recem a proliferac;:aodos germes.
Muitos microorganismos es-
tao envolvidos no processo de
putrefac;:ao,sendo as fusiformes
as mais importantes.
Figura 7.25
Dermovilite exudativa
da ranilha.
o sinal mais evidente da le-
sao e a necrose com secrec;:ao
fetid a enegrecida e a destruic;:ao
da estrutura anat6mica da ranilha.
Raramente ocorre claudicac;:ao,
porem quando ela se apresenta
pode ser um sinal de comprome-
timento profunda, atingindo estru-
turas senslveis.
o tratamento preventivo con-
siste na eliminac;:ao das condi-
c;:6espredisponentes da lesao,
com higiene das instalac;:6es,eli-
minac;:aode focos lamacentos,
limpeza diaria das cocheiras com
solo que permita boa drenagem
da urina.
o casqueamento regular que
possibilite 0 contato da ranilha ao
solo, assim como a limpeza diaria
do sulco central e lateral da ra-
nilha nos animais estabulados,
constitui boa pratica.preventiva.
o tratamento curativo con-
siste em lavagem rigorosa do
Figura 7.26
Dermovilite exudativa
da ranilha.
casco com agua e sabao, e re-
tirada com rineta de todo teci-
do necrotico da ranilha; se for
preciso, retire toda a ranilha, lave
com soluc;:aoanti-septica e apli-
que por pincelamento na sola,
formol a 5% e tintura de iodo a
10%, ou Licor de Villate.
Caso a lesao seja profunda,
aconselha-se tratamento siste-
mico com aplicac;:aode quimio-
terapicos pela via intravenosa
durante pelo menos 5 dias.
Os pensos dos cascos devem
ser protegidos com impermeabi-
lizante nos primeiros 7 dias e a
tratamento com formol associa-
do a tintura de iodo deve ser man-
tido ate a controle da lesao e inl-
cio da reconstituic;:aoda ranilha.
7.12. Fissura e fratura do
casco.
Sao soluc;:6esde continuida-
de que comprometem a mura-
Iha do casco. Podem ser long i-
tudinais au transversais ao sen-
tido dos tubulos corneas.
Sao chamadas de fissuras as
rachaduras superficiais, isto e,
aquelas que nao atingem tecidos
senslveis do corium do casco;
completas quando perpendicula-
res ao solo e atingem desde a
regiao proxima a coroa, ate a ex-
tremidade da muralha que toca a
solo; incompleta, longitudinal ou
transversal, quando apenas par-
te do casco esta comprometida.
As fraturas sao soluc;:6esde
continuidade profundas, atingin-
do tecidos senslveis, podendo
ser completas ou incompletas.
As causas predisponentes
ou determinantes do problema
estao relacionadas com a tena-
cidade e elasticidade do estojo
cornea, que pode refletir a seu
grau higrometrico, e posslveis
desequillbrios nutricionais.
Entre outras causas pode-
mos citar ainda: defeitos de
aprumos, esforc;:os exagera-
dos, cas cas mal-aparados, fe-
rimentos, inflamac;:6es, fistulas,
ferraduras inadequadas e he-
reditariedade na transmissao
de cas cas pequenos e de ma
qualidade.
Em geral, tanto a fissura
quanta a fratura podem estar
Figura 7.27
Fratura perpendicular completa profunda do estojo corneo.
Figura 7.28
Fratura perpendicular completa profunda do estojo corneo.
presentes em qualquer regiao do
casco. Tal situac;:aodepende das
caracterfsticas do casco e do
agente desencadeante da lesao.
Os sintomas nas fissuras
praticamente sao inexistentes, e
o diagn6stico e feito pelo sim-
ples aspecto c1fnico da lesao e
explorac;:aoda profundidade do
processo. Nas fraturas com ple-
tas podemos observar, alem da
dor pelo comprometimento de
tecidos sensitivos, presenc;:ade
secrec;:aode aspecto purulento.
A impotencia funcional apare-
ce em virtude da dor que ocor-
re pela compressao e inflama-
c;:aodo tecido podofiloso, junto
as bordas da fratura.
Uma simples fissura incom-
pleta pode evoluir para comple-
ta ou ate mesmo para fratura se
nao tratada a contento.
o tratamento geral preventi-
vo consiste na higiene do casco,
casqueamento peri6dico ade-
quado, manutenc;:ao da elastici-
dade e grau higrometrico atra-
ves da aplicac;:ao de lanolina a
cada 15 a 30 dias nos cascos
de equinos estabulados, aplica-
c;:aode ferraduras adequadas e
higiene geral das cavalaric;:as.
Tratamento curativo
a. Fissuras: razamento e adel-
gac;:amento das bordas, ra-
nhuras direcionadas para di-
minuir as forc;:asde tensao e
pressao sobre a fissura. Fi-
nalmente 0 uso de pr6teses,
ap6s correc;:ao e regulariza-
c;:aodo sulco, atraves da apli-
cac;:aode acrnico autopolime-
rizavel ou massa ep6xi de
secagem rapida.
b. Fraturas: utilizar-se das ra-
nhuras e adelgac;:amentos,
tratar as infecc;:6es com so-
luc;:6esanti-septicas, antibi6-
ticos sistemicos, ferraduras
com pestanas ou guarda-
Figura 7.29
Sutura com fio de avo em fratura perpendicular completa e
profunda do estojo corneo.
cascos, suturas e tratamen-
to cirurgico por avulsao da
parede do cascofraturado.
Em qualquer das situac;:6es
referidas, e de fundamental im-
portancia que se corrija e se
equilibre a alimentac;:ao do ca-
valo, e se institua a suplemen-
tac;:aocom biotina, para que pos-
sa haver melhora da qualidade
do estojo c6rneo e acelerar 0
seu crescimento.
7.13. Evulsao do casco -
exungula~ao.
Denomina-se evulsao ou
exungulac;:aotodo processo que
levaao "descolamento" ou "arran-
camento" do casco separando-o
do tegumento subc6rneo que e
o tecido podoviloso e podofiloso.
Podera ocorrer evulsao se-
cundaria a traumatismos mal-
cuidados dos pes, pododerma-
Figura 7.30
Exungulayao primaria por
arrancamento.
tite asseptica difusa aguda e
les6es inflamatorias ou purulen-
tas da coraa do casco.
As neuredomias, principal-
mente dos nervos plantares po-
dem predispor a alterac;:6estro-
ficas que tambem podem con-
duzir a exungulac;:ao.
o arrancamento primario,em-
bora rara, pode ocorrer por ac;:ao
traumatica violenta onde, apos ter
o casco preso em um buraco ou
cerca, 0 animal exerce brutal rea-
c;:aopara livrar 0 membra, arran-
cando 0 estojo cameo.
Os sinais principais da evul-
sac secundaria sac: intensa c1au-
dicac;:ao,descolamento da coroa
do casco em toda faixa germi~
nativa, ou descolamento da co-
roa na regiao dos tal6es.
Muitas vezes observamos a
drenagem de liquido de colora-
c;:aocinza-enegrecida e de odor
fetido na regiao do descola-
mento, revelando a gravidade do
Figura 7.31
ExungulaQao secundaria a
descolamento da coroa
do casco.
processo devido a infecc;:aoins-
talada.
o prognostico na exungu-
lac;:aoprimaria, isto e, no arran-
camento traumatico, e grave e
a eutanasia quase sempre e re-
comendada devido a impossibi-
lidade de regenerac;:ao. Nos
descolamentos parciais da co-
roa do casco, as possibilidades
de cura sac boas, devendo-se,
no entanto, avaliar-se 0 custo
final, ja que em media, a rege-
nerac;:ao ocorre em torno de
180 dias. Nos casos de les6es
pos-neuredomias 0 prognosti-
co e mais grave, e so excepcio-
nalmente sera tratada.
Tratamento
Sera empreendido apos a
avaliac;:aoecon6mica e da gravi-
dade do caso. Fac;:apediluvios
anti-septico com permanganato
de potassio a 1:3.000, diaria-
mente; apos enxugar 0 casco
Figura 7.32
ExungulaQao secundaria.
injete ou passe no descolamento
nitrofurazona soluc;:ao, ou gli-
cerina iodada a 10%. Penso
acolchoado e espesso alivia a dor
no pe, permitindo a melhora da
locomoc;:ao.
No membro oposto, deve-se
aplicar liga de descanso para que
haja compensac;:aode apoio.
Em func;:aoda gravidade da
lesao instituir antibioticoterapia
utilizando-se penicilina G benza-
tina na dose de 40 000 UI/kg
a cada 7'2 horas ou quimiotera-
pia a cada '24 horas.
o encastelamento consiste
na diminuic;:aodo diametro late-
ral do pe, principal mente na re-
giao dos quartos e dos tal6es,
assemelhando-se, dessa forma,
ao casco de muar.
Muitas sac as teorias e hi-
poteses lanc;:adassobre a etio-
patogenia do encastelamento,
sem, contudo, haver uma expli-
cac;:aounica para 0 aparecimen-
to do problema. Acredita-se que
varias sac as condic;:6es neces-
sarias para 0 desencadeamen-
to do encastelamento como:
cascos secos e mal-aparados,
ferraduras inadequadas, afec-
c;:6esde tend6es, ligamentos, ar-
ticulac;:6es e doenc;:a do navi-
cular, processos estes que al-
teram 0 bom funcionamento do
aparelho fibroelastico, produzin-
do, consequentemente, a "atro-
fia" do casco.
Frequentemente, 0 encas-
telamento e caraderizado pelos
auto res como sendo a ausencia
inicial de contato da ranilha ao
solo, prejudicando a expansao
lateral do casco, porem, e POSSI-
vel que esta condic;ao possa ser
consequente ao proprio proces-
so de atrofia que se instalou.
A identificac;ao do animal en-
castelado e relativamente sim-
ples devido a forma caracterlsti-
ca que 0 casco toma, isto e, for-
mato de casco de muar. Ocorre
elevac;ao do talao, atrofia da
ranilha, aumento da concavidade
da sola, e, ocasionalmente, c1au-
dicac;ao devido a compressao e
a ostelte da falange distal.
o tratamento preventivo
deve estar voltado a higiene do
casco, assim como 0 bom cas-
queamento. Cascos com ten-
dencia a ressecamento podem
ser tratados com aplicac;ao de
lanolina,o que aumenta sua fle-
xibilidade. Animais predispostos
a encastelamento nao devem
usar ferraduras, ou se for neces-
Figura 7.33
Encastelamento.
sario ferra-los, a ferradura deve
abranger apenas a pinc;a e par-
te dos quartos.
o tratamento curativo e extre-
mamente trabalhoso para um
prognostico reservado.Nos casos
de encastelamento secundario a
outras afecc;6es podais ou impo-
tencia funcional do membro, e
importante 0 tratamento conco-
mitante. Para 0 pe encastelado
pode-se utilizar ferraduras espe-
ciais que possibilitem 0 contato
da ranilha ao solo sem prejudicar
a elasticidade dos cascos. Adel-
gac;amento da muralha e ranhu-
ras possibilitam uma boa dilata-
c;ao ao casco. Os tal6es devem
ser gradativamente rebaixados,
procurando sempre se manter a
angulac;aodo eixo podofalangico
o mais proximo do normal. 0 uso
da lanolina e unguentos, conser-
va a muralha em bom estado de
flexibilidade. A cura quase sem-
pre e parcial e a utiIizac;aodo ani-
mal devera ser moderada.
Figura 7.34
Encastelamento.
7.15. Queratoma
(querofilocele,
queratocele).
E um processo "tumoral" raro
originario de celulas epider-
micas produtoras de queratina
da camada germinativa da co-
roa do casco.
o queratoma pode ter origem
no tecido podofiloso e se carac-
terizar por neoformac;ao laminar,
ou simplesmente, como uma
concrec;ao cornea circunscrita.
Ouando a apresentac;ao do tu-
mor cornea for laminar, este re-
cebe a denominac;ao de quero-
filocele, e na forma circunscrita
de queratocele.
Muito embora nao esteja
bem definido, 0 queratoma, tan-
to 0 laminar quanto 0 circuns-
crito, pode ter como causa de-
sencadeante inicial, os traumas
e fen6menos irritativos cr6nicos,
em particular quando se instala
a pododermite localizada.
Figura 7.35
Ouerato.,made coluna -
vista cranial.
A querofilocele ou tumor
laminar pode se apresentar sob
a forma de coluna, atingindo des-
de a coroa do casco ate a extre-
midade palmar da muralha; difu-
so, localizado no tecido subcor-
neo; diploide, com formac;:ao
transversal ao dos tubulos cor-
neos e solear, consequente ao
desenvolvimento exagerado de
substancias corneas proceden-
tes das vilosidades plantares.
A querocele tem origem pri-
maria na face interna da pal-
ma, preferencialmente em cas-
cos pianos e com tal6es baixos,
que estao mais expostos a
ac;:aodo trauma.
A sintomatologia c1inica va-
ria muito com a forma de apre-
sentac;:aoe a extensao do com-
prometimento. Ocorrem defor-
mac;:6esdo casco que na forma
de querofilocele em coluna se
Figura 7.36
Oueratoma de coluna -
dobra da muralha.
apresenta com protrusao da
coroa do casco, por crescimen-
to da muralha e linha branca,
que pode se estender ate a ex-
tremidade da pinc;:acomo uma
dobra ovoide circunscrita com
cerca de 1 a:2 centrmetros, que
corresponde a linha branca. 0
animal podera apresentar c1au-
dicac;:ao de graus III a IV, com
crescimento do estojo corneo,
e sobrecarga mecanica nos ta-
16es,quando a lesao localiza-se
na face anterior do casco. Po-
dera, ainda, ocorrer soluc;:aode
continuidade da sola com con-
sequente invasao de microorga-
nismos e corpos estranhos que
poderao determinar a formac;:ao
de fistula, e osteomielite focal
na falange distal. Nesta forma
de apresentac;:ao c1inica, a apa-
rencia da lesao e de uma fratu-
ra profunda do estojo corneo.
Figura 7.37
Oueratoma de coluna - dobra
da muralha - vista palmar.
o diagnostico tem por base
os sinais c1inicos e a apresen-
tac;:aodas les6es do casco. Exa-
mes radiograficos permitem
avaliar a extensao do processo
e se ha ou nao comprometimen-to da falange distal com proces-
sos osteiticos.
o tratamento consiste na
extirpac;:ao cirurgica da lesao,
sendo que no caso de querofi-
locele em coluna, faz-se a res-
secc;:ao em forma de cunha,
abrangendo toda a extensao da
muralha. 0 adelgac;:amento da
muralha do casco, e 0 sulca-
mento paralelo ao "tumor" pro-
duzem alivio da dor desenca-
deada pela compressao sobre
os tecidos sensitivos do casco.
Procedimentos como pedi-
luvios com anti-septicos e an-
tibioticoterapia sistemica po-
dem ser adotados para 0 com-
bate a infecc;:ao.
o prognostico quanto a ple-
na utilizac;:aodo cavalo para tra-
balho esportivo e extremamen-
te reservado, devido as seque-
las, que, em geral, permanecem
apos a reparac;:aodo casco sub-
metido ao tratamento cirurgico.
7.16. Pododermatite
asseptica difusa
(aguamento,
laminite).
A laminite e definida c1assi-
camente como um processo in-
flamatorio que atinge 0 tecido
laminar dos pes. Raramente 0
processo acomete um so mem-
bro, sendo mais frequente nos
dois anteriores eocasionalmen-
te nos quatro,
Modernamente, a laminite e
definida tambem como sendo
uma afecc;:13.ometab6lica siste-
mica que afeta os sistemas
cardiocirculat6rio, renal, end6cri-
no, 0 equillbrio acido-base, 0
equillbrio hidroeletrolltico e al-
tera os fatores de coagulac;:13.o
sang UInea, man ifestando-se,
em particular, mais intensamen-
te nos cascos do cavalo,
A capacidade de um cavalo
se locomover adequadamente,
entre outras caracterlsticas
morfofuncionais, depende da
integridade do sistema de sus-
tentac;:13.odo casco proporciona-
do pelo tecido podofiloso, per-
feitamente interdigitado e com-
posto pelo corium laminar e a
muralha do casco, Este sistema
laminar de sustentac;:13.opossui
uma' delicada rede microvas-
cular responsavel pela nutric;:13.o
e eliminac;:13.ode catab61itos pro-
venientes da junc;:13.oda lamina
epidermica externa e da dermi-
ca interna,
Muitas SaGas teorias aven-
tadas para explicar a etiologia,
do processo, permanecendo, no
entanto, uma serie de duvidas
sobre a real compreens13.odos
fen6menos que envolvem 0 pro-
blema, S13.oreconhecidas cau-
sas predisponentes e determi-
nantes na etiologia da laminite,
porem a interac;:13.oentre elas e
que na realidade produz 0 apa-
recimento da afecc;:13.o,
Os fatores mais comuns
no desencadeamento da lami-
nite SaG:
a. Alimentar: Devido a excessi-
va ingest13.ode gr13.os,princi-
palmente milho, aveia e trigo,
Geralmente ocorre uma asso-
ciac;:13.odo quadro da laminite
ao de uma indigest13.o ou
gastrenterite, onde a histidina
formada na digest13.o dos
gr13.ose transformada em his-
tamina, principal droga de
ac;:13.ona rede vascular do pe
na fase de instalac;:13.odo pro-
cesso, 0 mesmo pode ocor-
rer ap6s manifestac;:13.ode qua-
dro de c6lica de origem diges-
tiva, sugerindo sempre aten-
C;:13.opara a possibilidade de
ocorrencia da laminite ap6s
disturbios gastrentericos,
Com base no modelo experi-
mental da laminite por ingest13.o
excessiva de carboidratos, foram
identificados fen6menos que
promovem alterac;:6esno equill-
brio dos microorganismos do
ceco, resultando em aumento da
populac;:13.ode baderias produto-
ras de acido ladico, como Strep-
tococcus sp e Lactobacillus sp.
o acido ladico em altas concen-
trac;:6esno ceco, e a consequen-
te reduc;:13.odo pH, desencadea-
ria a lise de baderias gram-ne-
gativas com liberac;:aode endoto-
xinas (Iipopolissacarldeos vasoa-
tivos), Acredita-se que a reduc;:ao
do pH do ceco e a presenc;:ada
endotoxina seriam as responsa-
veis pela quebra da barreira da
mucosa, possibilitando a absor-
c;:aoda toxina e 0 desencadea-
mento dos demais fen6menos
etiopatogenicos,
b. Infecciosas: Eguas com re-
tenc;:ao placentaria, advindo
endometrite, desenvolvem
quadra de laminite bastante
severa, assim como animais
com pneumonia ou graves
infecc;:6es sistemicas,
c. Mecanica: Ocorre em ani-
mais com treinamento defi-
ciente ou inadequado e que
saG submetidos a trabalho
intenso, Frequentemente a
conformac;:13.oe elasticidade
dos pes est13.orelacionadas
com esta causa,
Cavalos com impotencia fun-
cional de apoio de um dos mem-
bros anteriores, quer por ferimen-
tos nos pes, quer por fraturas,
geralmente acabam apresentan-
do, ap6s alguns dias, laminite no
membra contralateral devido a
intensa fadiga de apoio.
d. Mistas: Muitos saG os fato-
res que podem ser respon-
saveis pela laminite, porem
quando n13.Oexistem eviden-
cias de causas mais comuns,
deve-se atentar a possibilida-
de de desequillbrios hormo-
nais, alterac;:6es tr6ficas da
falange distal, usa prolonga-
do de doses excessivas de
corticoster6ide e derivados
da fenilbutazona e animais
com hipertensao digital. Es-
tes fatores etiol6gicas san os
mais diflceis de ser estabe-
lecidos devido a falta de in-
formac;:6es precisas na rese-
nha do caso.
Independentemente do fator
etiol6gico, as alterac;:6esque se
instalam saGdecorrentes de um
complexo mecanismo patogenico
que em muitas de suas carade-
rlsticas, se assemelham aos me-
canismos intermediarios do cicio
do choque e do DIC no homem.
As manifesta<;:oes siste-
micas da laminite, principal men-
te na fase aguda de sua evolu-
<;:ao,produzem alterac;:6es car-
diovasculares como taquicardia,
aumento do tempo de perfusao
capilar (TPC), acidose metab6-
lica, hipertensao e hemograma
caracteristico de estresse. 0 sis-
tema end6crino responde com
elevac;:aode catecolaminas, cor-
tisol, testosterona (res posta
adrenal), aumento da renina
plasmatica e reduc;:aode hormo-
nios da tire6ide. Os rins durante
a fase cronica, ou no decorrer
da hipovolemia por sequestro
hid rico para a luz intestinal, na
fase aguda, podera manifestar
insuficiencia aguda ou glomeru-
lonefrite, consequente a isque-
mia aguda e ou utilizac;:ao de
antiinflamat6rios nao ester6ides
para 0 tratamento da dor.
Ouanto aos fenomenos que
ocorrem no pe do cavalo, estes
saG consequentes a mecanis-
mos vasoativos e de coagula-
c;:ao,notadamente por ac;:aode
mediadores como prostaglandi-
nas, acetilcolina, histamina e
serotonina. Convem salientar-se
que 0 fluxo sanguineo podal se
processa por vasos provenien-
tes da regiao caudal do casco,
atraves dos foramens nutridores
da falange distal, junto as ap6-
fises angulares, em direc;:ao a
coroa, para depois se formar a
rede de microcirculac;:ao no sis-
tema de sustentac;:ao laminar do
casco. A ac;:ao vasoativa dos
mediadores se processa predo-
minantemente por vasoconstri-
c;:aoque determina reduc;:aode
fluxo sanguineo de retorno, ede-
ma e baixa oferta de nutrientes,
principal mente de oxigenio, ao
sistema podofiloso do pe. Con-
sequentemente, ocorrera ne-
crose isquemica no tecido la-
melar e a abertura de "shunts"
ou derivac;:oes arterio-venosas,
no restante da microcirculac;:ao.
A instalac;:aoda necrose isque-
mica produz perda da inter-re-
lac;:aodo tecido podofiloso, pre-
dispondo ao abaixamento (afun-
damento) e aos fenomenos de
rotac;:aoda falange distal.
o aumento da pressao tissular
desencadeado pela baixa perfu-
saGsanguinea e pelo edema, se-
gundo pesquisas recentes, seria
responsavel por:
1. agravamento do baixo fluxo
sanguineo atraves da micro-
circulac;:ao do pe, levando a
lamina dermal a isquemia;
2. proporcionar meio ambiente
adequado para 0 desenvol-
vimento de micro-tromboses;
3. resultar em abertura de
"shunts" arterio-venosos da
coroa do casco, agravando
ainda mais os fenomenos cir-
culat6rios do pe do cavalo.
o corium coronario palmar, a
lamina dermica palmar eo corium
palmar da sola, nao saGcompro-
metidos pelos fenomenos de
isquemia por apresentarem inten-
sa rede de vasos colaterais.
Tendo como base 0 modelo
experimental de ingestao exces-
siva de carboidratos, a laminite
pode ser classificada quanto a
evoluc;:ao(HOOD, 1989) em:
1. Fase de desenvolvimento: ini-
cia-sepela atuac;:aodos me-
diadores e outros fatores que
desencadeiam 0 cicio fisiopa-
tol6gico, ate que 0 animal ma-
nifeste os primeiros sinais de
claudicac;:ao,variando em tor-
no de 16 a 24 horas.
2. Fase aguda: inicia-se desde
o momento em que 0 animal
apresenta os primeiros sinais
de claudicac;:ao,ate que ocor-
ra 0 rebaixamento (afunda-
mento) ou a rotac;:ao da fa-
lange distal.
3. Fase cr6nica: inicia-se com 0
rebaixamento ou a rotac;:aoda
falange distal, ou quando dor
de intensidade alta perdurar
por mais de 48 horas de for-
ma continua. Os fenomenos
de rebaixamento ou rotac;:ao
da falange distal poderao se
iniciar precocemente desde a
24a hora do inicio do quadro
de claudicac;:ao,que na fase
cronica podera se caraeteri-
zar por intermitencia e dar a
nitida impressao c1fnica de
agudizac;:aodo processo.
A forma aguda da laminite
caraeteriza-se pelo aparecimen-
to brusco dos sintomas, predo-
minando os sinais de locomo-
c;:aopenosa e lenta devido a dor.
Ouando os dois membros ante-
riores estao afetados, 0 animal
adota uma atitude antialgica ca-
raeteristica com extensao dos
anteriores, apoio em talao, avan-
c;:odos posteriores, deslocando
o eixo de gravidade do corpo
para tras, dando a impressao de
que vai cair "sentado". 0 apoio
nos taloes justifica-se por serem
mais intensas as altera<;6es e,
consequentemente, a dor na re-
gi13.oda pin<;a.
Os padr6es de comportamen-
to locomotor do cavalo com lami-
nite na fase aguda podem ser
c1assificadosem 4 graus e refle-
tem a gravidade dos fen6menos
decorrentes das altera<;6es na
microvasculatura do pe. Com
base nos estudos de OBEL
(1948), os graus de manifesta-
<;13.0locomotora da laminite po-
dem ser:
Figura 7.38
Laminite - postura tipica do cavalo.
Figura 7.39
Laminite - postura tfpica do cavalo.
(destaque a linha de hipertrofia da musculatura do abdomen)
a. Grau 1: 0 cavalo levanta os
membros anteriores inces-
santemente, alternando 0
apoio no solo em intervalos
de poucos segundos. A man-
queira e imperceptlvel e ob-
serva-se, apenas e t13.oso-
mente, um encurtamento da
primeira fase da 10como<;13.o
ao trote (fase de apoio), 0
animal retira rapidamente 0
membro do solo.
b. Grau 2: 0 cavalo movimenta-
se voluntariamente ao passo,
encurtando ainda mais a pri-
meira fase de apoio no solo
(marcha caracterlstica da
laminite). Neste grau, ainda e
posslvel erguer-se um dos
membros anteriores do ani-
mal sem muita dificuldade.
c. Grau 3: 0 cavalo reiuta em
iniciar a 10como<;13.oe reage,
n13.opermitindo qualquer ten-
tativa de erguer-se um dos
membros.
d. Grau 4: 0 cavalo somente
inicia a 10como<;13.oquando
for<;ado e, em geral, ao faze-
10 projeta ambos os mem-
bros anteriores para cima e
para frente, ficando apoiado
por alguns momentos so-
mente nos membros poste-
riores. Acima deste grau, 0
animal permanece em decu-
bito e raramente consegue
manter-se, mesmo que por
alguns momentos, em posi-
<;13.0quadrupedal.
Paralelamente ao quadro lo-
comotor, 0 animal pode apresen-
tar-se angustiado, com con-
juntivas congestas, taquipneia,
taquicardia, tempo de perfus13.o
capilar acima de 2 segundos e
cascos quentes e sensiveis a
percussao e pressao com a te-
naz de casco. 0 pulso das arte-
rias digitais torna-se muito evi-
dente, cheio e forte, desde os
primeiros sinais de claudica<;ao.
Os fenomenos sistemicos saG
determinados predominante-
mente pela a<;aoda endotoxina,
entretanto, a dor e a acidose
participam ativamente na exacer-
ba<;aodos sinais clinicos. E: nes-
ta fase de evolu<;ao,entre 12 a
24 horas, que os processos de
vasoconstri<;ao da microcir-
cula<;aodo sistema de laminulas
e laminas do pe, promovem a
abertura dos "shunts" arterio-ve-
nosos e instalam-se os fenome-
nos de necrose isquemica.
Ainda na fase aguda, em
graus mais avan<;ados de lami-
nite, onde 0 edema e intenso e
ja foi capaz de provocar isque-
mia na regiao da coroa do cas-
co com necrose tecidual preco-
ce, poden§. ocorrer 0 descola-
mento parcial ou completo da
banda coronaria com drenagem
de liquido sero-sanguinolento.
Esta solu<;aode continuidade da
coroa do casco podera servir de
porta de entrada de microorga-
nismos e transformar 0 proces-
so que anteriormente era assep-
tico, em septico. Ocasionalmen-
te, e imediatamente antes da
caracteriza<;ao de cronifica<;ao,
quando 0 processo inflamat6rio
do corium laminar determinar
edema abundante com exten-
sa mortifica<;ao do sistema po-
dofiloso, podera ocorrer a exun-
gula<;ao precoce, praticamente
condenando 0 animal ao sacri-
ficio, ou 0 rebaixamento da fa-
lange distal, observado pela for-
ma<;ao de sulco na transi<;ao
dermoungueal, que se estende
de bulbo a bulbo.
Embora seja mais frequente
na forma cronica da laminite, a
rota<;ao da falange distal pode
ocorrer na forma aguda a partir
do 2° dia nos casos de maior gra-
L
Figura 7.40
Mecanica da rotac;;aoda falange distal.
vidade, tornando 0 tratamento
mais trabalhoso e prolongado.
A forma cronica da laminite
advem da evolu<;ao de uma
laminite aguda que nao foi tra-
tada, que foi tratada tardiamen-
te, ou cujo tratamento tenha
sido ineficiente para reverter 0
processo congestivo que se ins-
talou. Nestas condi<;oes, e sob
a a<;ao dos fenomenos de
necrose isquemica, agrava-se 0
rebaixamento e a rota<;ao da
falange distal, que praticamen-
te perde a rela<;ao de sustenta-
<;aocom 0 corium laminar.
A falange distal sofre a
ac;:aodo tendao extensor digi-
tal comum, compressao da so-
Ia no sentido ventro-dorsal. e
trac;:ao do tendao flexor digital
profundo, alterando sua rela-
c;:aode paralelismo com a mu-
ralha do casco.
Os fenomenos relacionados
ao rebaixamento e rotac;:ao da
falange distal determinam um
maior comprometimento dos va-
sos circunflexos e da coroa do
casco, levando a deformidades
do estojo que se caracterizam
por convexidade da sola, cresci-
mento dos taloes, concavidade
da face cranial da muralha (sa-
pato chines) e forma<;aode aneis
transversais, devido as deforma-
c;:oesno sistema de tubulos do
casco e altera<;oes no metabo-
lismo da ceratogenese.
Caso nao tenha ocorrido ne-
crose na coroa do casco, nas fa-
ses finais da laminite aguda,como
consequencia do rebaixamento e
da compressao da coroa pela
ap6fise piramidal da falange dis-
tal rotacionada, podera agora ha-
ver necrose isquemica do corium
coronario dorsal com descola-
mento e predisposic;ao a invasao
de microorganismos,
A cronificac;aoda laminite pro-
move reduc;ao da resposta dolo-
rosa difusa em virtude do abran-
damento dos processos conges-
tivos e exsudativos, responsaveis
em parte pelo deslocamento da
falange distal. Este deslocamen-
to ocorre concomitantemente aos
fenomenos de deformidade do
casco, comprimindo 0 corium da
sola, ate 0 ponto da falange dis-
tal perfura-Ia e exteriorizar-se,
podendo transformar, a seme-
Ihanc;ada fase aguda do proces-
so asseptico, em septico.
Concomitantemente a evolu-
c;aodos sinais de deformidade do
estojo corneo,e abrandamento da
sensibilidade dolorosa na regiao
Figura Z41
Rotayao da falange distal - Raios-X.
anterior ao apice da ranilha,ocor-
re reduc;ao da intensidade dos
fenomenos gerais, da amplitude
do pulso das arterias digitais e da
temperatura do casco, 0 animal
podera apresentar escaras de
decubito e hipertrofia da muscu-
latura dos membros posteriores
devido ao esforc;o para manuten-
c;aodo novo eixo de gravidade do
corpo, Uma nitida linha de hiper-
trofia muscular podera ser obser-
vada bilateralmente ao abdomen
em razao da tensao sobre os
musculos abdominais que a nova
postura determina,
Baseando-se nas manifesta-
c;6es motoras, dor e infecc;ao
podai, a laminite cronica pode
ser c1assificada em:
a. Grau 1 : presenc;ade dor sem
evidencia de comprometimen-
to acentuado na locomoc;ao,
b. Grau 2: reduc;ao da dor com
comprometimentoevidente
da locomoc;ao,
Figura Z42
Deformayao do casco na
laminite cr6nica.
c. Grau 3: presen<;a de dor e
comprometimento na loco-
mo<;ao sem evidencia de in-
fec<;ao podal.
d. Grau 4: comprometimento
na locomo<;ao e evidencia de
infec<;ao podal sem manifes-
ta<;ao patente de dor.
e. Grau 5: presen<;ade dor, difi-
culdade de locomo<;ao,infec-
<;aoe decubito prolongado.
Radiograficamente a rota-
<;ao da falange distal e obser-
vada pela perda do paralelismo
entre a face dorsal da falange e
a muralha do casco. Na depen-
dencia do grau de rota<;ao e da
compressao da borda da falan-
ge no corium solear, podera ha-
ver 0 desenvolvimento de ostei-
te rarefaciente com perda do
arcabou<;o mineral do osso ..
Uma avalia<;aocompleta dos
sinais c1inicos gerais e podais e
fundamental para 0 estabeleci-
mento do diagn6stico da lami-
nite. Entretanto, 0 grau de com-
prometimento metab6lico, ne-
cessario para 0 acompanha-
mento da evolu<;ao de cada
caso, assim como para a insti-
tui<;ao de tratamento adjuvante
espedfico e a elabora<;ao do
progn6stico, devera ser acom-
panhado por exames laborato-
riais para a detec<;ao de infec-
<;6es cronicas, enfermidades
hepatica, renais, gastrentericas
e cardiovasculares. Dentre os
exames basicos para a avalia-
<;aodo estado geral do animal,
destacam-se: hemograma com-
pleto, proteina total, fibrinogenio,
fosfatase alcalina, bilirrubinas,
AST, ureia, creatinina, s6dio, c10-
ro, potassio e f6sforo. Aten<;ao
especial deve ser dada as pro-
vas de fun<;ao hepatica e renal,
em virtude do f1gado ser a pri-
meira linha de defesa contra
endotoxinas e outras toxinas
absorvidas do trato intestinal, e
os rins responderem com dege-
nera<;ao as a<;6es da isquemia
Figura 7.43
Deformac;:aodo casco na laminite cr6nica.
e de drogas antiinflamat6rias
como fenilbutazona, flunixin
meglumine e ketoprofen, quan-
do utilizadas em altas doses e
por tempo prolongado.
o tratamento da pododer-
matite asseptica difusa exige do
medico veterinario, do proprie-
tario do animal e do pessoal de
enfermaria, consciencia da gra-
vidade do caso, conhecimento
dos custos da terapeutica que
sera instituida e dedica<;ao in-
tegralmente voltada a recupe-
ra<;aoplena da capacidade f1si-
ca do paciente.
Independentemente da lami-
nite se apresentar sob a forma
aguda ou cronica, e do grau de
c1assifica<;ao em que 0 quadro
c1inico se situar, a terapeutica
envolvera procedimentos medi-
cos, f1sicos, dieteticos e cirurgi-
cos objetivando conter e rever-
ter as consequencias etiopato-
genicas. A terapeutica da lami-
nite sempre deve ser instituida
Figura 7.44
Crescimento anormal do casco
na laminite cr6nica.
tendo-se em mente a condic;:ao
emergencial da afecc;:ao,sendo
que se obtem os melhores re-
sultados quando se institui tra-
tamento intensivo nas primei-
ras 12 horas, ou mesmo duran-
te a fase de desenvolvimento
em casos de retenc;:ao de pla-
centa, metrites, sobrecargas de
graos, no p6s-operat6rio ime-
diato de cirurgias gastrente-
ricas por excesso de ingestao
de carboidratos ou em qualquer
outra enfermidade predispo-
nente da laminite.
o tratamento da laminite na
fase aguda deve ser conduzido
no sentido de se bloquear a cau-
sa desencadeante e desconges-
tionar 0 sistema laminar de sus-
tentac;:ao do casco, melhorando
a perfusao da microcirculac;:aodo
pe e, finalmente, deve ser dirigi-
do para que haja sustentac;:aodo
estado geral do animal. A utiliza-
c;:aode duchas frias, pediluvios
com agua com gelo ate a altura
da articulac;:ao metacarpofalan-
gica, 3 vezes ao dia, durante pelo
menos 15 minutos cada aplica-
c;:ao,apresenta ac;:aodesconges-
tionante proporcionando sensa-
c;:aode bem estar ao animal.
Durante 0 periodo hiperagudo, a
sangria com retirada de cerca de
3 a 5 litros, desencadeia hipovo-
lemia relativa aguda, reduzindo
a hipertensao geral, notadamen-
te na regiao distal do membro.
Ainda com 0 objetivo de se pro-
duzir hipotensao, pode-se lanc;:ar
mao de bloqueadores alfa-
adrenergicos como c1oridrato de
acepromazina na dose de 40 mg
totais pela via intravenosa ou in-
tramuscular por um periodo de
24 a 72 horas; c1oridrato de
fenoxibenzamina na dose de 2
mg/kg, divididas em 2 aplica-
c;:6es,injetadas lentamente em
intervalos de 2 horas; isoxisupri-
na possui tambem ac;:aobeta-
agonista e deve ser aplicada na
dose de 0,6 a 0,9 mg/kg, pela
via intramuscular, 2 vezes ao dia
ate a completa remissao dos si-
nais c1inicos. Cloreto de potas-
sio e furosemida devem ser evi-
tados na fase aguda, devendo,
apenas, serem introduzidos, po-
rem com cautela, em animais
portadores de processo cr6nicos.
A utilizac;:aode drogas antiin-
flamat6rias nao ester6ides, ob-
jetiva principal mente a elimina-
c;:aoda dor que se constitui em
importante estlmulo simpatico
Figura 7.45
Rota<;8.oe osteite da falange distal na laminite cr6nica.
agravante da hipertensao, da
forma~ao de "shunts" arterio-
venosos e da vasoconstri~ao
podal. Alem do efeito antihiper-
tensivo indireto, os ester6ides
nao hormonais atuam decisiva-
mente inibindo a atividade pr6-
inflamat6ria das prostaglandi-
nas e das cininas, assim como
do tromboxane A-2. Como dro-
gas antiinflamat6rias nao este-
r6ides SaG utilizadas na rotina
terapeutica:
a. Fenilbutazona: nas doses de
4,4 mg/kg, 2 vezes ao dia no
1° dia; 2,2 mg/kg, 2 vezes ao
dia no 2° dia e 2,2 mg/kg, 1
vez ao dia, ate a remissao dos
sinais. A aplica~ao da fenil-
butazona deve ser acompa-
Figura 7.46
Perfurac;8.oda sola na rotac;8.oda falange distal, Raios-X.
nhada por observa~ao c1fni-
ca rigorosa, vez que efeitos
colaterais indesejaveis pode-
rao se manifestar com ulce-
ra~ao gastrica e insuficien-
cia renal aguda;
b. flunixin meglumine: e quatro
vezes mais potente do que a
fenilbutazona e de maior efi-
cacia anti-prostaglandina. A
dose recomendada e de 1,1
mg/kg, 3 vezes ao dia no 1 °
dia, e 2 vezes ao dia durante
mais 5 a 7 dias, pela via in-
tramuscular ou intravenosa.
Em casos de laminite causa-
da por excessiva ingestao de
carboidratos, quando a a~ao
de endotoxinas constitui-se
na principal variavel etiopa-
togenica, a dose recomenda-
da de flunixin meglumine
para atividade anti-endotoxe-
mica, e de 0,25 mg/kg, 2 a
3 vezes ao dia;
c. acido acetil-salicflico: alem
da atividade anti-prostaglan-
dina, 0 acido acetil-salidico
e um potente anti-agregador·
plaquetario, aumentando 0
tempo de coagula~ao san-
gufnea e prevenindo a forma-
~ao de trombos. A dose re-
comendada varia de 5 a 20
mg/kg, 2 a 3 vezes ao dia.
Muito embora a utiliza~ao de
anticoagulantes como heparina
e warfarim seja um ponto de
grande controversia entre os
profissionais, no que se refere
aos efeitos beneficos como
antitrombogenico, a pratica tem
demonstrado que quando utili-
zadas criteriosamente e sob
controle laboratorial do tempo
I
de protrombina, que os animais
tratados nas fases iniciais do
processo agudo recuperam-se
com poucas sequelas decorren-
tes de trombos na microcircu-
lac;:aodo pe.A heparina pode ser
utilizada em dois esquemas: a)
doses baixas, com aplicac;:6es
de 40 a 100 UI/kg, pela via
subcutanea, 4 vezes ao dia; b)
doses altas, com aplicac;:6es de
100 UI/kg, pela via intraveno-
sa, 4 vezes ao dia ou 80 UI/kg,
pela via intravenosa, seguida de
160 UI/kg, pela via subcutanea,
2 vezes ao dia. Quanto ao war-
farim, seus efeitos saD melho-
res observados na laminite cr6-
nica na dose de 0,001 mg/kg,
1 vez ao dia.
o dimetilsulfoxido (DMSO),
por possuir ac;:aofarmacologica
como antiinflamatorio, analgesi-
co, anti-agregador plaquetario e
vasodilatador entre outras, e uti-
lizado, concomitantemente, as
demais drogas, na dose de 0,1
a 1,0 g/kg, pela via intraveno-
sa, 2 a 3 vezes ao dia, num vo-
lume de 60 ml. A dose melhor
tolerada pelo animal e que efei-
tos produz, e a de 250 ml de
DMSO a 90%diluidos em 4 li-
tros de glicose 5%, em veloci-
dade de infusao de 1 litro da
soluc;:ao a cada 15 minutos, 2
vezes ao dia, durante 2 dias.
Muito utilizados na rotina do
tratamento da laminite aguda,
os antihistaminicos nao apre-
sentam eficacia apos a histami-
na ja ter sido liberada e circu-
lando em altos niveis na corren-
te circulatoria, 0 que acontece
apos aproximadamente 12 ho-
ras do inicio do processo. En-
tretanto, durante a fase de de-
senvolvimento ou preventiva-
mente nas distocias fetais e na
retenc;:ao de placenta, a pro-
mazina na dose de 0,4 a 1,0
mg/kg, pela via intramuscular, 1
a 2 vezes ao dia durante 3 a 5
dias, tem demonstrado excelen-
tes resultados na prevenc;:aodas
fases mais graves da laminite.
Drogas antagonistas H-l e H-
2, como a cimetidina na dose de
300 mg/kg, pela via intramus-
cular, associada ao c1oridrato de
tripenelamina na dose de 1 mg
/kg, tambem demonstraram ser
capazes de prevenir a laminite.
Embora ten ham sido ampla-
mente utilizados como primeira
medicac;:aode combate a lami-
nite, os glicocorticoides (dexa-
metasona e triancinolona) nao
saD mais recomendados por
evidencias de serem os respon-
saveis em induzirem e precipi-
Figura 7.47
PerfuraQao da sola na rotaQao da falange distal.
tarem a laminite por potenciali-
zac;aodos efeitos vasoativos das
catecolaminas e auxiliarem na
formac;ao de tromboses desen-
cadeadas por endotoxinas na
microcirculac;ao do pe do cava-
10.Entretanto, tais fenomenos
indesejaveis, ainda necessitam
de mais estudos cientlficos.
Finalmente, a terapeutica
medica podera ser completada,
nos casas desencadeados por
disturbios gastrentericos, com a
administrac;ao de vaselina Ifqui-
da ou 61eomineral pela via oral,
da dose de 2 a 4 litros pela son-
da nasogastrica, a cada 6 ho-
ras ate completar 3 administra-
c;6es.0 objetivo da administra-
c;ao de vaselina Ifquida ou do
61eo mineral e 0 de impedir a
absorc;ao de toxinas, particular-
mente as endotoxinas, origina-
rias dos disturbios de digestao
Figura 7.48
Palmilha de compressao de ranilha.
Figura 7.49
Gessamento de apoio de casco.
desencadeados pelo excesso
de ingestao de carboidratos.
Concomitantemente aos pro-
cedimentos medicamentosos, e
os ffsicos ja referidos (duchas e
pediluvios frios), deve-se auxiliar
a perfusao no pe do cavalo com
exercfcios moderados, preferen-
cialmente ap6s as duchas em
terrenos arenosos, embora se
constate que 0 exercfcio, mes-
mo moderado, podera em alguns
casas aumentar a sensac;ao de
dor e potencializar os mecanis-
mos de rebaixamento e rotac;ao
da falange distal. Esta situac;ao
podera ser contornada com a
utilizac;ao de palmilhas de apoio
na ranilha ou 0 gessamento do
casco do animal, tanto na fase
aguda, quanto na cronica. Evite
forc;ar0 animal ao exercfcio, prin-
cipalmente quando se utilizou
bloqueios anestesicos peri-
neurais, pois os sinais c1fnicos
podem ser agravar em seguida.
Um detalhe importante a ser
respeitado e 0 de que cavalos
com laminite aguda e com fer-
raduras, devem ter estas ape-
nas afrouxadas nas primeiras
24 horas de evoluc;ao, para de-
pois serem retiradas.
Preferencialmente 0 cavalo
devera ser mantido em piquetes
pianos com abundante cobertu-
ra vegetal, devendo-se retirar de
sua dieta rac;6es ou concentra-
dos, administrando-Ihe apenas
pastagens e fenos de boa quali-
dade. Ocasionalmente, quando
advir emagrecimento, pode-se
administrar 0,5% do peso do
cavalo em concentrados dividi-
dos 2 vezes ao dia, que podera
ainda servir de veiculo para su-
plementa<;:ao de 10 a 20 9 de
biotina e 10 a 30 9 de metioni-
na, como suporte para 0 meta-
bolismo da queratogenese, ate
a plena recupera<;:aodo cavalo.
o tratamento da laminite cro-
nica, alem dos procedimentos
indicados para a fase aguda, e
referidos tambem como uteis na
fase cronica, esta direcionado,
fundamentalmente, para os fe-
nomenos de deformidade do
estojo c6rneo e rotac;:aoda fa-
lange distal. Atraves do controle
radiografico, e medido 0 grau de
desvio da falange, faz-se 0
casqueamento, podendo-se re-
tirar de uma s6 vez 0 excesso de
muralha. Nesta fase evite 0 re-
baixamento abrupto dos tal6es
para se evitar 0 aumento da tra-
c;:aoda falange distal pelo ten-
dao flexor digital profundo, e con-
sequente agravamento da rota-
Figura 7.50
Rotayao da falange distal
antes da correyao, Raios-X.
c;:ao.Gradativamente, com auxi-
lio do podogoni6metro, fac;:aas
correc;:6esnecessarias para que
o casco seja morfologicamente
corrigido, ate atingir a angulac;:ao
normal - 45° a 47° - para os
membros anteriores, e 50° a 55°
para os membros posteriores.
Trabalhos mais recentes e
a experiencia pratica preconi-
zam para os casos que nao res-
ponderem satisfatoriamente ao
tratamento na fase aguda, a
ressecc;:ao parcial da muralha
do casco com 0 intuito de
descompressao e melhor aco-
moda<;:ao da falange distal. E
comum se observar 0 tecido
podofiloso mortificado e a pre-
senc;:ade sangue praticamen-
te liofilizado entre as laminulas
da muralha dos cascos nos ca-
sos cr6nicos. Os resultados
deste metodo de tratamento,
embora em alguns casos tenha
Figura 7.51
Infcio de correyao da rotayao
da falange distal, Raios-X.
sido promissores, ainda perma-
necem inconclusivos nos casos
agudos, devendo ser utilizado
com muita cautela. Ainda como
procedimento auxiliar na me-
Ihora da perfusao sanguinea no
pe do cavalo, e para impedir ou
corrigir 0 rebaixamento e a ro-
tac;:ao da falange distal, deve-
se proceder a aplicac;:aode fer-
raduras em forma de corac;:ao,
fixas ou ajustaveis, que forne-
cerao sustentac;:ao a ranilha,
reduzirao a dor e a com pres-
sao causada pela falange dis-
tal sobre 0 plexo solear, vasos
circunflexos e corium coronario
dorsal, melhorando substan-
cialmente as possibilidade de
recuperac;:ao do cavalo.
Alguns cavalos com laminite
cr6nica, com rotac;:aoda falange
distal, e que nao apresentaram
resposta favoravel aos tratamen-
tos instituidos, como ultimo recur-
Figura 7.52
Correyao da rotayao da
falange distal, Raios-X.
so para a corre<;ao da rota<;ao,
podem ser submetidos a tenoto-
mia do tendao flexor digital pro-
fundo, visto que haven§.a libera-
<;aoda for<;ade tra<;aoda falange
distal, favorecendo 0 resultado
dos demais procedimentos. A
tenotomia pode ser realizada na
regiao proximal, acima da inser-
<;aodo ligamento acess6rio, ou
em um segundo tempo cirurgico,
na regiao distal, abaixo da articu-
la<;aointerfalangica media. A te-
notomia na regiao proximal nao
Figura 7.53
Podogoniometro.
Figura Z54
Ressecyao da muralha do
casco na laminite.
Figura Z55
Ressecyao da muralha do
casco na laminite.
predisp6e a perda de sustenta<;ao
do pe,com eleva<;aoda pin<;a,fato
que tem ocorrido com outros
acessos cirurgicos, e que podera
trazer serias consequencias a
evolu<;aofavoravel do tratamento.
Alguns animais com laminite
cr6nica podem ter recidivas de
agudiza<;ao peri6dicas e neces-
sitam permanecer em baias com
cama alta e macia, evitando a
compressao direta da sola com
o chao duro, protegendo-o tam-
bem no caso de decubito pro-
longado. Cada recidiva de agudi-
za<;ao,caraderizada por agrava-
mento dos sinais gerais e podais,
devera ser tratada como 0 reco-
mendado para a fase aguda.
Em situa<;6es de desenvol-
vimento de pododermatite sep-
tica difusa, devido a perfura<;ao
da sola ou descolamentos da
coraa do casco, e fundamental
a institui<;ao de drenagem do
Figura Z56
Ressecyao da muralha do
casco na laminite.
pus, antibioticoterapia sistemi-
ca e local, e pediluvios com
anti-septicos.
o progn6stico da laminite
cr6nica esta diretamente vincu-
lado a resposta aos tratamentos
instituidos, ao grau de rota<;aoda
falange distal e a presen<;a de
infec<;ao. Cavalos que respon-
dem favoravelmente ao trata-
mento geral entre 7 a 10 dias, e
que possuem

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