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07 AfeC96es do Aparelho Locomotor (Pe) 7.1. Anatomia e considera(:oes gerais. trabalho muscular e tendfneo sob a forma de for<;:ade pressao, tra- <;:aoe tor<;:ao. Estruturalmente,o pe e cons- titufdo por ossos, ligamentos, tend6es, vasos sangufneos, va- sos linfaticos, nervos e casco. Os cascos formam a parte inferior extrema dos membros do cava- 10 e constituem parte dos pes do animal. Sao formados por um in- volucro corn eo que protege par- te da falange media, falange dis- o pe constitui, no cavalo, a estrutura anat6mica e funcional mais complexa do aparelho loco- motor. Pode ser considerado como 0 centro de sustenta<;:aodo corpo durante 0 repouso, e base de propulsao da locomo<;:aonos membros posteriores e de recep- <;:aonos membros anteriores, re- cebendo toda resultante ffsica do 1. veia digital; 2. arteria digital; 3. nervo digital; 4. n. digital dorsal; 6. n. digital intermedio; 6. n. digital volar (posterior); 7. plexo coronario; 8. arteria e veia dorsal da falange distal; 9. falange distal; 10. arteria e veia circunflexa da falange distal. tal eo osso sesamoide distal, ou osso navicular. A coroa do casco e uma in- tumescencia muito sensfvel que forma a parte superior do cas- co. Oualquer ferida ou defeito na coroa pode trazer graves con- sequencias para as demais es- truturas do casco devido a in- tensa atividade metabolica de ceratogenese do estojo corneo. As partes que comp6em 0 casco saG a parede externa ou muralha, com suas placas cor- neas, a sola e a ranilha. A parede ou muralha e for- mada internamente por trabe- culas corneas muito finas que se estendem de alto a baixo, que e 0 tecido podofiloso. A borda inferior da muralha ou borda plantar esta diretamente ligada a sola. A regiao anterior e cons- titufda pela pin<;a,as partes la- terais pelos quartos, e a parte posterior pelos tal6es. A sola e a regiao do casco que entra em contato com 0 chao. E perfeitamente adaptada como conjunto do aparelho fibroelastico para amortecer os choques durante 0 trabalho. No ponto em que se une a parede, existe um sulco circular, denomi- nado linha branca, que se volta para dentro formando as barras. A ranilha e uma especie de cunha formada de substancia cornea elastica, que parte dos tal6es e avan<;:apara 0 centro da sola formando 0 apice. Seus dois sulcos delimitam uma conca- vidade denominada lacuna me- diana. A fisiologia da ranilha nao e muito bem explicada, muito embora ja se identifique sua par- ticipac;:ao direta ou indireta em muitas afecc;:6es do estojo cor- neo. A perfeita integridade des- tas estruturas esta diretamente relacionada a capacidade que os componentes do aparelho fi- broelastico do pe (talao, ranilha, cartilagens alares, coxim plantar etc.) possuem para suportar 0 tra- balho.Todas as causas que ultra- passam 0 limite de resistencia dessas estruturas, assim como todos os fatores que diminuem a elasticidade e a tenacidade do estojo corneo, devem potencial- mente ser consideradas como predisponentes ou mesmo de- terminantes de alterac;:6es. A ranilha tem por func;:aodurante a locomoc;:ao, dissipar a com- pressao sobre a face solear do casco, distribuindo 0 impacto que recebe aos demais componen- tes do aparelho fibroelastico, ra- zao pela qual e importante que ela se encontre no mesmo nlvel da parede da muralha. Basicamente, podemos con- siderar que a grande maioria das alterac;:6esdos pes pode ter como etiologia fatores trauma- ticos, funcionais, estruturais, medicamentosos, microbianos e higienicos, voltados estes para uma ma toalete dos pes. A predisposic;:ao hereditaria tem, ultimamente, assumido gran- de importancia nas les6es podais, principalmente quanto a forma do casco, tamanho e elasticidade, responsaveis pela inutilizac;:aode centenas de cavalos para 0 tra- balho. Cascos de colorac;:aoclara (despigmentados) apresentam maior grau higrometrico e sac mais susceptrveis a les6es. Alem dos aspectos geneti- cos e ambientais, a alimentac;:ao do cavalo exerce fundamental importancia quanto a qualidade do estojo corneo. Animais ali- mentados com deficiencias nu- tricionais ou dietas desequilibra- das apresentam predisposic;:ao a desenvolverem les6es no es- tojo corn eo, predispondo-os a afecc;:6es graves em todos os componentes do pe. Pela quali- dade f1sica e histologica dos cascos podemos estimar a qua- lidade da alimentac;:ao que 0 cavalo ingere. A avaliac;:ao da ultraestrutura de amostras do casco, anal isadas atraves de microscopia eletr6nica, pode proporcionar elementos para a correc;:aodo manejo nutricional e dietetico do cavalo. Figura 7.2 Estruturas internas do pe (corte sagital) t 1. falange proximal; 2. t. extensor digital comum; 3. falange media; 4. coroa do casco; 5. apofise piramidal; 6. falange distal; 7. muralha do casco; 8. lamina cornea; 9. lamina sensitiva; 10. jun- Qao da lamina sensitiva da sola e da lamina sensitiva falangica do pe; 11. linha branca; 12. sola; 13. sola sensitiva; 14. inserQao do t. flexor digital profundo; 15. coxim digital; 16. osso navicular; 17. liga- mento navicular; 18. t. flexor digital profundo; 19. ligamento sesamoideo superficial; 20. t. flexor digital superficial; 21. articulaQao metacarpofalangica; 22. terceiro o. metacarpico. 1. lamina cornea; 2. superffcie superior das barras; 3. espinha da ranilha; 4. palma; 5. linha perioplica; 6. muralha do casco; 7. banda coronaria. 5 Figura 7.4 Estruturas externas do casco 1. pinc;:a;2. quartos; 3. taloes; 4. bulbos; 5. sulco lateral e medial da ranilha; 6. sulco central da ranilha; 7. barras; 8. vertice da ranilha; 9. sola do casco; 10. linha branca; 11. muralha do casco. 7.2. Contusao da regiao coronaria. A regiao coronaria 8 a prin- cipal estrutura de nutric;:aoe de crescimento do casco; possui intensa rede vascular para a suprimento das suas principais func;:6es. A contusao, que nada mais 8 do que um trauma fechado de maior au menor intensidade produz processo inflamatorio localizado au extenso, que, qua- se sempre, leva a alterac;:6es funcionais da locomoc;:ao. Os fatores predisponentes de afecc;:6es podais podem ser: defeitos de aprumos, atitudes viciosas dos membros, imperr- cia na equitac;:ao,cavalos que se alcanc;:am durante a marcha, cavalos que se roc;:amau resva- lam com as cascos au ferradu- ras, traumas produzidos par ta- cos de polo e tipo de solo. As contus6es podem ser superfici- ais, profundas au compostas. As contusoes superficiais ocorrem par traumas leves e rapidos, produzindo discreta equimose na pele da coroa com processo inflamatorio que nem sempre 8 traduzido par uma al- terac;:ao funcional, isto 8, a ca- vala pode nao mancar, embora possa sentir dor quando a re- giao atingida for pressionada com as dedos polegares. A contusao profunda produz intenso processo inflamatorio pericoronario comprimindo es- truturas nervosas e vasculares, prejudicando a retorno sangur- neo, com consequente edema na extremidade do membra e c1audica<;ao que pode ser de grau elevado. A contusao composta e aquela em que a violencia do trauma chega a comprometer estruturas mais profundas do pe como a ap6fise piramidal da falange distal, a articula<;ao interfalangica, 0 tendao ex- tensor digital comum, os liga- mentos articulares etc. Nestas condi<;6es, 0 cavalo c1audica imediatamente e sente inten- sa dor ao menor toque na re- giao, que pode estar averme- Ihada e quente em animais de pele clara. o exame radiografico e im- portante para se estabelecer 0 diagn6stico diferencial das con- tus6es, com as fraturas da falange distal. o tratamento depende da gravidade e das complica<;6es praduzidas pelo trauma. Figura 7.5 Contusao da coroa do casco. o procedimento imediato e a aplica<;ao de bolsa de gelo, compressas ou duchas frias, impedindo-se, desta forma, que haja intensoderrame san- gUlneo, reduzindo sobremanei- ra as consequencias da infla- ma<;ao. Isto pode ser feito nas primeiras duas horas ap6s a contusao, para em seguida usarem-se pomadas hepa- rin6ides associadas ao DMSO que agem atraves da pele, friccionando-se suavemente por cerca de 1 a 2 minutos. Pode-se aplicar penso com- pressivo protegido por algodao e bandagem. Nas contus6es superficiais, apenas a manuten<;ao da fric- <;aocom heparin6ides associa- dos ao DMSO durante pelo menos 5 dias, e antiinflamat6- rios sistemicos por 3 dias, se- guidos de 10 dias de repouso, e suficiente para a regressao do processo. Situa<;6es em que a a<;ao traumatica tenha produzido le- s6es graves na falange distal (fratura da ap6fise piramidal), devem ser tratadas por imobili- za<;aoe ou redu<;ao cirurgica e aplica<;ao de ferradura fechada. 7.3. Fistula na regiao coronaria. E caracterizada por lesao cutanea mais ou menos pro- funda, com secre<;ao de pus. Geralmente e causada por traumas perfurantes, como os produzidos por gravetos ou pe- da<;os de bambus, ou por con- tiguidade de uma lesao perfu- rante da sola, na por<;ao da pin<;a do casco, vindo poste- riormente fistulizar-se na face anterior da regiao coronaria. De forma indireta, as les6es causadas por agentes micro- bianos que destroem 0 tecido solear, como as chamadas bra- cas, podem aprofundar-se comprometendo as estruturas sensitivas do casco, e, ocasio- nalmente, fistulizarem na coroa. Todavia, quando a afec- <;ao e causada por trauma perfurante, direto sobre a re- giao coronaria, toda a sua ex- tensao podera estar acometi- da, de um dos bulbos dos ta- 16es ate 0 outro. o quadro c1lnico e de man- queira de apoio e, alem do au- mento de volume que se instala no inlcio do processo, podemos observar lesao com solu<;ao de Figura 7.6 PeriuraQao da sola com "broca". continuidade da pele e secre- to deve ser local com anti-sep- iodo-povidine 1%. Pode-se ins- c;:aode pus. A palpac;:aodigital ticos como iodo-povidine, e sis- tituir pediluvios com soluc;:aosa- da regiao ou a aplicac;:aoda te- temico, preferencialmente com turada de sulfato de magnesio naz de casco produz muita dor. antibioticos de amplo espectro, 2 vezes ao dia com 0 objetivo de Devido a infecc;:ao que se auxiliar a reduc;:aodo processo instala pela contaminac;:ao com Tratamento local inflamatorio e de permanganato germes piogenicos, 0 tratamen- Deve-se verificar se nao hou- de potassio, soluc;:ao 1:3000, ve perfurac;:aoda sola; caso nao para agilizar a recuperac;:ao do tenha ocorrido, aplique dentro do animal. 0 pe deve ser protegido trajeto fistuloso, 2 vezes ao dia, por penso impermeabilizado ate com auxilio de uma seringa, 11- que haja a reparac;:aodo tecido Iquido de Dakin seguido de glice- cornea da sola.rina iodada 10%; ou abundante lavagem do trajeto com agua Tratamento sistemico. oxigenada 10 volumes seguido Caso 0 cavalo nao tenha ~0- de iodo-povidine, Verifique cui- sido vacinado contra 0 tetano, •..0 dadosamente se nao ficaram convem aplicar-Ihe 1,500 a +J 0 fragmentos do posslvel estrepe 3,000 U de soro antitetanico E0u na ferida, 0 curativo deve ser pela via intramuscular, alem de 0...J feito diariamente ate a cicatriza- 20.000 a 40.000 UI/kg de pe- 0.c c;:aoda lesao, Caso 0 processo nicilina G benzatina, tambem a;•.. tenha se instalado em virtude de pela via intramuscular, que pode IIIa. lesao da sola, lave vigorosamen- ser repetida apos 3 dias, « 0 te 0 casco com agua e saban de -0 (/) Figura 7.7 coco com escova, e fac;:a0 debri- Q) '0(,)- Flegmao da coroa do casco. damento e a desinfecc;:ao com 7.4. Contusao da regiao 0Q) '+- plantar. « Pode ocorrer em qualquer ponto da sola consequente ao choque contra uma estrutura dura, produzindo compressao do corium do casco contra a su- perffcie plantar da falange dis- " tal, ou derrame sangulneo pela ruptura dos capilares, e conse- quente processo inflamatorio localizado. A lesao pode ser desenca- . - . deada pela marcha em terrenos duros e irregulares, pedregosos, ou entao pela ac;:aode ferraduras Figura Z8 Figura Z9 aplicadas de forma inadequada, Fistula da parede do casco Flegmao do talao por perfura- A intensidade da lesao e dos com perfuraQao de sola. Qao comcorpo estranho. sintomas varia com a intensida- 165 de do trauma e a extensao do processo. Podemos distinguir a contu- sac superficial, profunda e com- posta: a. Na contusao superficial ocorre processo inflamat6rio do corium da sola e do teci- do viloso, sendo a c1audica- c;:aodiretamente proporcional a intensidade do agente con- tuso e da extensao do der- rame sangulneo. Geralmen- te, e localizada e diagnosti- cada com a tenaz como um ponto doloroso a pressao mais forte. Raramente pro- duz claudicac;:ao intensa. b. As contus5es profundas ca- racterizam-se por um maior comprometimento das estru- turas cerat6genas do casco devido a maior violencia da ac;:aodo agente traumatico contra a sola. A sintomatologia revela in- tensa claudicac;:ao denotada pela falta de apoio do membro no solo. Geralmente, 0 pe per- manece fletido, aumenta a tem- peratura do casco e, ocasional- mente, pode ocorrer 0 desloca- mento da sola devido ao der- rame sero-sanguinolento. De- verao ser feitos exames radio- graficos para 0 diagn6stico di- ferencial com fratura da fa- lange distal. As contusoes compostas sac aquelas em que os sinto- mas sac extremamente exacer- bad os, traduzindo serio com- prometimento cerat6geno, alem de posslvel ostelte ou fra- tura da falange distal e do navicular. 0 diagn6stico, alem de ser baseado nos sintomas, devera ser confirmado atraves dos Raios-X. Tratamento a. Superficial: adelgac;:amento da sola e muralha e aplicac;:ao, 2 vezes ao dia, durante 20 minutos, de duchas frias, e re- pouso de pelo menos 10 dias. Figura Z10 Pesquisa de sensibilidade com tenaz de casco. b. Profundas e compostas: adelgac;:amento da sola ou mesmo escarificac;:ao para a drenagem do derrame san- gUlneo. Utilizar-se de ferra- duras com chapas e em bizel Qustura inglesa). Duchas ou pediluvios frios, 3 vezes ao dia, durante 20 minu- tos cada sessao. Pela via sistemica, quando nao houver fratura de falange, devem ser utilizadas substan- cias antiinflamat6rias pelo me- nos durante 5 dias. o repouso devera ser de pelo menos 30 a 60 dias, des- de que ocorra evoluc;:aofavora- vel do processo. 7.5. Feridas na regiao plantar. Sao produzidas geralmente por objeto pontiagudo que ul- trapassa a capacidade de re- sistencia da sola ou ranilha, perfurando-as. A claudicac;:ao sobrevem imediatamente, ou se acentua aos poucos na dependencia se o objeto perfurante (prego, caco de vidro, lascas de madeira, bambu, grampo de cerca etc.) permanece ou nao no local da perfurac;:ao. A intensidade da c1audicac;:aopode variar segun- do 0 grau de comprometimento dos tecidos atingidos e, depen- dendo de seu comprimento, 0 corpo estranho pode atingir a falange distal, 0 sesam6ide dis- tal, ou mesmo a articulac;:ao do pe (falanges media e distal), Figura 7.11 Picada na sola com prego de rua. Figura 7.12 Encravadura na sola com prego em cama de maravalha. produzindo graves consequen- cias como caries 6sseas e artri- te purulenta. o diagn6stico ou a identifi- ca~ao da lesao baseia-se na c1audica<;:ao, onde 0 animal ap6ia 0 casco do lado oposto a ferida, ou entao nao ap6ia 0 membro ao solo em virtude da intensa dor produzida pela pres- sao de contato do casco ao solo. o exame minucioso da sola permite observar 0 corpo estra- nho ou 0 ferimento por ele causa- do, alem da secre~ao de liquido enegrecido com odor fetido de- vido a infec~ao que se instala pela penetra<;:aodo corpo estranho. Se 0 processo nao for recen- te e a lesao profunda, podera ocorrer a fistuliza<;:aopela regiao coronaria.o adelga~amento da sola, ap6s rigorosa lavagem com agua e sabao, devera ser feito para permitir a avalia~ao da extensao e profundidade da lesao e per- mitir a drenagem do pus, am- pliando-se 0 oriflcio produzido pelo corpo estranho com a rineta. o tratamento local sera fei- to com solu<;:6es anti-septicas, sob forma de pediluvios em bal- de, com permanganato de po- tassio a 1:3000 ap6s a remo- ~ao do corpo estranho (prego ou estrepe); em seguida pode- se injetar, atraves da ferida, glicerina iodada 10% ou iodo- povidine. Para prote~ao da le- sao fa<;:apenso completo para o casco, ou ferradura de chapa, impermeabilizando 0 penso com alcatrao vegetal ou outro imper- meabilizante, por pincelamento. I Figura 7.13 Encravadura na sola com prego de rua e fratura completa e profunda dos quartos. Figura 7.14 Drenagem de pus de picada na sola com prego de rua. Se a ferida for profunda e apresentar necrose ou restos de estrepe, 0 tratamento devera ser realizado atraves de curetagem profunda com amplia<;:aodo ori- f1cio de entrada, para em segui- da instituir-se 0 procedimento acima indicado. Nestas circuns- tancias, pode-se instituir pedi- luvios com solu<;:aosaturada de sulfato de magnesio. o tratamento sistemico de- vera constar de aplica<;:ao de 40.000 U1/ kg de peso de pe- nicilina G benzatina, repetida ap6s 72 horas e de 1.500 a 3.000 U de soro antitetanico pela via intramuscular. Sao chamadas de picadas e encravaduras os ferimentos dos tecidos sensitivos do casco (podofiloso e podoviloso) pro- duzidos por cravos de fixa<;:aode ferraduras. Consideramos picada toda vez que houver a retirada do cravo, por parte do ferrador, quando ele tiver seguido per- curso errado. Nestas circuns- tancias, por imperfcia do ferra- dor, 0 animal reage violenta- mente, retirando 0 membro da conten<;:ao de ferrar. Ap6s a re- tirada do cravo pode-se obser- var uma gota de sangue que flui pelo oriflcio formado. Em condi<;:6es normais, as consequencias da picada sac passageiras e pode-se injetar no trajeto agua oxigenada 10 volumes e solu<;:aode tintura de iodo 10%, aplicando-se um novo cravo fora do oriflcio cau- sado pelo acidente. Caso nao ocorra a extrac;:ao imediata do cravo erronea- mente colocado e ele tenha ul- trapassado a espessura da muralha, grave c1audicac;:ao p6s-ferrageamento ira ocorrer, podendo-se ter a mesmo qua- dro e consequencias do feri- menta penetrante citado na afecc;:aoanterior. A encravadura propriamen- te dita corresponde a fixac;:aodo cravo, geralmente de laminas grossas, na porc;:aomais profun- da da muralha do casco, e com entrada pr6xima a linha branca que corresponde ao limite da muralha com as tecidos vivos e a sola. A fixac;:aodos cravos nas condic;:6es citadas produz com- pressao de tecidos vivos e craveira alta, correspondente a entrada anomala dos cravos. Uma atenta observac;:ao na "craveira" de um cavalo que manca ap6s ferrageamento po- dera eventual mente revelar a direcionamento err6neo do cra- va. Muito provavelmente a reti- rada deste cravo, com poste- rior adelgac;:amento da muralha correspondente ao seu trajeto, devera produzir alfvio do sinto- ma doloroso. Caso ap6s a retirada do cra- va ocorrer a drenagem de pus de colorac;:ao enegrecida e de odor fetido, devemos produzir adelgac;:amentoprofunda do tra- jeto do cravo, lavar com agua oxigenada 10 volumes e soluc;:ao anti-septica e aplicar tintura de iodo a 10% no primeiro curativo, e glicerina iodada a 10% nos curativos subsequentes. Se a adelgac;:amento for profunda a ponto de expor tecido vivo, deve- se aplicar penso protetor de cas- co, impermeabilizado. Par via intramuscular, apli- que sora antitetanico caso a animal nao seja vacinado e an- tibioticoterapia na presenc;:ade sinais de infecc;:ao. 7.7. Fratura da falange distal. As fraturas do ossa do pe (falange distal au 3a falange), embora nao sejam frequentes, revestem-se de certa gravidade devido a complexa relac;:aodes- te ossa com as estruturas do casco. Geralmente as fraturas sao produzidas par violentas contu- s6es, principalmente nos mem- bras ante ria res dos cavalos de corrida au salta, recebendo a falange distal todo a impacto produzido pela sustentac;:ao do movimento de avanc;:o.Podem tambem ser produzidas, algu- mas vezes, par esforc;:osexage- rados dos tend6es, principal- mente extensor comum au par traumatismo direto sabre a ap6fise piramidal, arrancando-a. Os esmagamentos e as estilhac;:amentos sao raros, le- vando a graves consequencias e a formulac;:ao de progn6sti- co sombrio. A ostefte (rarefac;:ao 6ssea) predisp6e ao acidente e, na maioria das vezes, localiza-se na porc;:aoapical e angular do ossa. Animais com falange distal fraturada apresentam intensa c1audicac;:aologo ap6s a traba- Iho, recusam-se a apoiar a membra no solo e toda mano- bra c1fnica de pesquisa da dor com tenaz de casco, pode faze- 10 reagir violentamente. o diagn6stico se baseia no aparecimento brusco da man- queira denotada pela intensa dor, devendo a fratura ser con- firmada radiograficamente. Tratamento a. Fraturas transversais sim- ples: Adelgac;:amento da sola e muralha, aplicac;:aode fer- radura de ramas fechadas, duchas frias diariamente e aplicac;:6es de antiinflamat6- rios nao corticoster6ide como fenilbutazona na dose de 4,4 a 8,8 mg/kg, 1 vez ao dia, du- rante 5 dias, pela via intrave- nasa. Pode-se dividir a dose total em 2 aplicac;:6esao dia. b. Fraturas cominutivas au es- magamentos: 0 progn6stico e extremamente reservado devido a gravidade da lesao. Porem, pode-se utilizar, alem dos procedimentos para a caso anterior, excec;:ao feita a ducha, imobilizac;:aoda ex- tremidade do pe a partir do terc;:o media do terceiro o. metacarpico au metatarsico, com penso gessado.envol- venda todo a casco; As fraturas au arrancamentos da ap6fise piramidal podem ser tratadas atraves de cirurgia, por Figura 7.15 Fratura da falange distal, Raios-X. Figura 7.16 Ferradura com ramas fechadas. fixac;:ao do fragmento com pa- rafuso ortopedico. Sob qualquer circunstancia, a aplicac;:ao de ferraduras fechadas ou com pestanas ou guarda-cascos, au- xiliam a imobilizac;:ao do casco possibilitando melhor reparac;:ao do foco de fratura. 0 cavalo de- ve ser mantido em baia com ca- ma alta e macia. De qualquer maneira, prog- nostico das fraturas de falange distal sempre e reservado quanto a func;:ao, sendo 0 re- pouso 0 mais importante auxi- liar do tratamento. 7.8. Ostefte da falange distal. Processo degenerativo da falange distal por desmine- ralizac;:aoresultante de inflama- c;:aoou infecc;:oes situadas no interior do estojo corneo. A lesao pode ser desenca- deada por processo inflamato- rio cr6nico, como nos casos da laminite cr6nica, de ferimentos perfurantes da sola, que podem atingir a falange, por contusoes no casco, por cascos ferrados com ferraduras de ramas lon- gas, assim como por fatores predisponentes nutricionais que diminuem 0 metabolismo do osso. A osteite rarefaciente pode ser total ou parcial: a. Osteite difusa total: quando acomete grande parte da falange distal. b. Osteite angular: localizada na apofise angular, podendo ser uni ou bilateral. c. Osteite piramidal ou coro- naria: acomete 0 processo extensor do tendao extensor digital comum. d. Osteite semilunar: acomete a crista semilunar. e. Osteite palmar: acomete a palma ou a borda marginal da falange distal. A manqueira de apoio e 0 principal sinal, sendo que a pes- quisa da dor revela sensibilida- de difusa ou localizada, em ra- zao do local e grau de com pro- metimento do osso, A localizac;:ao no processo extensor produz discreta dificul- dade na fase de extensao e avanc;odo membro em locomo- c;ao,e a osterte angular constitui o primeiro passo para a ossifi- cac;aoda cartilagem alar que tambem deprecia esteticamen- te 0 pe do animal. Na maioria das vezes, a ten- dencia e de apoio cuidadoso ou, ate mesmo, a manutenc;ao do pe em flexao passiva. 0 cavalo procura apoiar 0 membro no solo na regiao contra-lateral a osterte. Existe certa relutancia do animal em iniciar a marcha. Deve ser realizado diagn6s- tico diferencial, como, p.ex.,com a contusao solear, pois algumas afecc;6es dos pes do equino pro- duzem quadro c1rnico bastante similar, sendo apenas 0 exame Figura 7.17 Ostefte da falange distal, Raias-X. radiografico 0 meio disponrvel para um diagn6stico seguro. o progn6stico e grave devi- do a tendencia de irreversibili- dade da rarefac;ao,mesma ap6s o controle dos fatores causais. o tratamento deve ser feita com repousa, pediluvios com agua fria e ferraduras de ramas fechadas, acolchoadas com bor- racha para evitar 0 contato com- pressivo direto com 0 casco. Ouando a osterte decorre de fe- rimentos perfurantes, tratar con- forme 0 recomendado no trata- mento das feridas perfurantes da sola. Tratamento auxiliar com ad- ministrac;ao de substancias re- calcificantes como c1oretode Ca na dose de 20 9 ao dia na rac;ao, podendo-se associar ao trata- mento, a aplicac;aode calcitonina na dose de 2 ampolas pela via intramuscular 2 vezes por sema- na durante pelo menos 2 meses, que pode ser benefica, muito embora os resultados ainda se- jam inconsistentes para garantir a sua eficacia. Figura 7.18 Calcifica<;:aodas cartilagens alares, Raias-X. 7.9. Osteoperiostite periarticular interfalangica. Consiste numa proliferac;:ao do peri6steo que se inicia pri- mariamente pr6ximo a articula- c;:ao,em virtude de traumas le- yes e constantes sobre os liga- mentos articulares, ou por de- feitos de conformac;:ao dos pes. Sao principal mente predis- postos os cavalos cambaios e esquerdos pelo excesso de tra- c;:aoque exercem nos ligamen- tos colaterais, assim como no processo extensor do tendao extensor digital comum . . Figura 7.19 Osteoperiostite proliferativa periarticular. A lesao pode ser c1assifica- da como uma osteoperiostite proliferativa anquilosante devido a sua tendencia em evoluir de uma art rite serosa a osteoartrite anquilosante das faces articula- res interfalangicas. Basicamente, 0 trauma e a fator etiol6gico mais comum, sendo que as cavalos acometi- dos apresentam um espessa- mento com aumento de volume de consistencia dura ao redor da coroa do casco que pode Figura 7.20 Osteoperiostite proliferativa periarticular - Raios-X. atingir a articula<;ao da falange media e proximal, devido as pro- lifera<;oes 6sseas. A c1audica<;ao pode ser in- tensa, assim como dor a pres- saGprofunda. Pode ocorrer ede- ma nos tecidos circunvizinhos devido a compressao dos vasos da regiao e dificuldade de retor- no sangufneo. o diagn6stico se baseia na deformidade que se observa na regiao e nas forma<;oes prolife- rativas do peri6steo, verificadas radiograficamente. o tratamento nas fases ini- ciais pode ser realizado por apli- ca<;oes de drogas antiinflama- t6rias e massagens locais com pomada iodetada, friccionando- a sobre a regiao uma vez ao dia. Nos casos em que as prolife- ra<;oes6sseas nao saGextensas, e a sintomatologia nao regrediu ap6s 0 tratamento medico, pode- se optar pela ponta de fogo (em desuso), remo<;ao cirurgica da proliferac;:ao6ssea, artrodese ci- rurgica ou entao a neuredomia alta, no que pese todos os incon- venientes destas praticas. 7.10. Enfermidade do navicular. Denominada tambem de sfn- drome do navicular, doenc;:ado navicular, podotrocleose ou en- fermidade do navicular, consti- tui-se na causa mais frequente de claudicac;:ao cr6nica dos membros anteriores de cavalos atletas (Quarto de Milha, Puro Sangue Ingles e Anglo-Arabe). A enfermidade do navicular e assim denominada porque predo- minantemente apresenta lesoes no ossa navicular, na bolsa sub- cutanea correspondente e na aponeurose do tendao flexor di- gital profunda, na regiao em que este passa sabre 0 osso navicular. Alem do tipo de trabalho que a animal executa e da idade de maior frequencia de aparecimen- to da lesao ocorrer ser dos 4 aos 15 anos, existe causas predis- ponentes ao aparecimento e agravamento das lesoes, como em casas de encastelamentos, atrofia do coxim plantar,desequi- l!brios de Ca:p, ferraduras inade- quadas e cascas pequenos e baixos nos taloes, geralmente devido a cruzamentos seletivos em algumas ra<;as,com manifes- ta<;oesffsicas geneticamente in- desejaveis. Animais que saGsub- metidos a trabalho pesado, como corridas de longa distancia, cor- ridas de obstaculos, esbarros na ra<;aQuarto de Milha,vaquejadas e provas de lac;:o,sao especial- mente susceptfveis a doenc;:a, 1. terceiro metacarpico; 2. sesam6ide proximal; 3. articulayao meta- carpofalangica; 4. falange proximal; 5. falange media; 6. sesam6ide distal (navicular); 7. falange distal. principal mente devido aos trau- mas violentos, ou entao leves e repetidos que 0 0550 navicular e as estruturas da regiao sao sub- metidas. o osso navicular transmite parte do peso recebido pela falange media a falange distal, sendo, consequentemente, for- <;:adoem dire<;:aopalmar contra o tendao flexor digital profun- do, principal mente quando 0 membro encontra-se em apoio e estendido durante 0 movimen- to em exerdcio intenso, Muito embora nao estejam absolutamente c1aras,varias hip6- teses sobre a patogenia da en- fermidade do navicular sao con- sideradas pela maioria dos pro- fissionais medicos veterinarios. Dentre estas, destaca-se a bur- site da bolsa navicular; remode- la<;:ao6ssea ativada pela pressao elevada do tendao flexor digital profundo sobre 0 osso navicular, em particular sobre sua face palmar,e trombose nas arteriolas nutridoras do osso navicular com consequente isquemia, levando a 1. falange proximal; 2. falange media; 3. falange distal; 4. inseryao do tendao flexor digital profunda; 5. bursa do navicular; 6. ossa navicular; 7. ligamenta suspens6rio do navicular; 8. t. flexor digital profunda; 9. ligamenta sesam6ide superficial. desmineraliza<;:aoe deforma<;:ao dos oriflcios nutridores. Os animais afetados apre- sentam claudica<;:aointermiten- te que se agrava com 0 traba- Iho e melhora com 0 repouso. A claudica<;:ao e tipicamente de apoio, sendo que 0 animal ar- rastara a pin<;:ano solo ao se locomover, e, quando parado, mantera 0 pe em semiflexao, apoiando cuidadosamente a pin<;:ado casco no solo. Quan- do 0 animal for exercitado em solo irregular que cause aumen- to da pressao sobre a ranilha, que a transmite a regiao do osso navicular, podera haver manifes- ta<;:aode c1audica<;:aoacentua- da com intenso desconforto a locomo<;:ao. o diagn6stico se baseia nas caracteristicas clinicas, notada- mente 0 tipo de locomo<;:aoe do apoio do membro em pin<;:adu- rante 0 repouso. A pesquisa de dor com a aplica<;:aoda tenaz de casco, nos ter<;:osmedio e poste- rior da ranilha, e sobre 0 osso navicular, produz desconforto quando a afec<;:aoja esteja insta- lada em grau moderado. Outra provac1inicasimples que pode ser feita e a da cunha de Lungwitz ou prova da rampa de 18°, que exacerba a claudica<;:aoap6s 2 minutos de extensao for<;:ada.A confirma<;:aoda afec<;:aodeve ser feita por bloqueios anestesicos do nervo digital palmar e pelo exa- me radiografico. Quanto aos bloqueios anes- tesicos, e importante observar- se que 0 cavalo pode nao res- ponder adequadamente devido a erros de tecnica, aderencias entre 0 osso navicular e estrutu- ras do tendao flexor digital pro- fundo, artrite interfalangica dis- tal, ramos acess6rios dos nervos digital dorsal ou palmar, feridas na sola do casco e artrite me- tacarpofalangica.Ocasionalmen- te torna-se necessaria a anes- tesia complementar da bursa navicularpara se estabelecer a confirma<;:aodo diagn6stico. Radiograficamente poderao ser observadas lise ossea ou deformidades sob a forma de cones dos oriffcios nutridores do osso navicular, alem de forma- <;:6esc1sticas, afilamento da su- perfrcie flexora,osteofitose mar- ginal, perda da jun<;:aocortico- medular e fratura com remode- la<;:aoespontanea do tecido os- seo. Em alguns casos, as alte- ra<;:6esnao apresentam rela<;:ao Figura 7.23 Osso navicular normal - Raios-X (PA - DV). diagnostica com a enfermidade do navicular, obrigando 0 profis- sional a uma nova investiga<;:ao semiologica, desta feita mais profunda e meticulosa. o tratamento baseia-se no repouso com ligas de descan- so, pelo menos por 2 semanas na fase inicial do processo, po- rem, e importante observar-se que as recidivas de c1audica<;:ao san muito freqi..ientes apos 0 animal retornar ao trabalho. 0 ferrageamento adequado e um metodo que deve ser a base do tratamento, assim como 0 adel- ga<;:amento e sulcamento da muralha do casco nos quartos e tal6es. As ferraduras fechadas ou com ramp6es ou talonetes podem ser uteis para aliviarem a dor, pois evitam a compressao causada pelo apoio do membro, sobre as estruturas afetadas. Figura 7.24 Cunha de Lungwitz (prova do sesam6ide). o tratamento medicamento- so pode ser realizado com apli- cac;:6esde antiinflamat6rios nao ester6ides par via sistemica e corticoster6ide intra-bursal. Com base na etiopatogenia tromb6- tica do processo, pode-se lan- c;:armao de drogas anticoagu- lantes par via sistemica, porem, sempre com cautela e acom- panhamento laboratorial dos fa- tores de coagulac;:aosangulnea. Substancias beta-bloqueadoras como isoxisuprina sao indicadas para a melhora do fluxo circula- t6rio local, na dose de 0,4 a 1,2 mg/kg de peso, 2 vezes ao dia, pela via intramuscular, durante 6 a 14 dias. A neuredomia e a procedi- mento paliativo radical que pos- sui indicac;:aopara a abolic;:aoda dor, entretanto, sempre devemos considerar suas passiveis conse- quencias indesejaveis como: neuromas, rupturas do tendao flexor digital profunda, exungu- lac;:ao,regenerac;:ao do nervo e dessensibilizac;:aoincompleta da regiao. o progn6stico e favoravel nos casas em que as animais apresentam claudicac;:ao ate grau I, sendo que menos de 50% dos animais se recuperam quando apresentam graus de claudicac;:6es maiores. 7.11. Dermovilite exsudativa ou necrose da ranilha. E uma afecc;:aodegenerativa que envolve a ranilha, principal- mente a lacuna lateral, medial e central, caraderizada par mace- rac;:ao,amolecimento e destrui- c;:aoda camada c6rnea, com pro- duc;:ao de secrec;:ao necr6tica enegrecida e de odor putrido. Ocorre principal mente devi- do a falta de higiene nas cava- laric;:as e, pela ac;:aodo barra, fezes e urina, especial mente em cavalos cujos cascos nao sao aparados quando necessario, e nao ocorra limpeza peri6dica dos sulcos da ranilha. Cascos com tal6es elevados impedem a cantata da ranilha ao solo permitindo acumulo de fe- zes e forragens entre as sulcos, propiciando, desta forma, pro- cessas fermentativos que favo- recem a proliferac;:aodos germes. Muitos microorganismos es- tao envolvidos no processo de putrefac;:ao,sendo as fusiformes as mais importantes. Figura 7.25 Dermovilite exudativa da ranilha. o sinal mais evidente da le- sao e a necrose com secrec;:ao fetid a enegrecida e a destruic;:ao da estrutura anat6mica da ranilha. Raramente ocorre claudicac;:ao, porem quando ela se apresenta pode ser um sinal de comprome- timento profunda, atingindo estru- turas senslveis. o tratamento preventivo con- siste na eliminac;:ao das condi- c;:6espredisponentes da lesao, com higiene das instalac;:6es,eli- minac;:aode focos lamacentos, limpeza diaria das cocheiras com solo que permita boa drenagem da urina. o casqueamento regular que possibilite 0 contato da ranilha ao solo, assim como a limpeza diaria do sulco central e lateral da ra- nilha nos animais estabulados, constitui boa pratica.preventiva. o tratamento curativo con- siste em lavagem rigorosa do Figura 7.26 Dermovilite exudativa da ranilha. casco com agua e sabao, e re- tirada com rineta de todo teci- do necrotico da ranilha; se for preciso, retire toda a ranilha, lave com soluc;:aoanti-septica e apli- que por pincelamento na sola, formol a 5% e tintura de iodo a 10%, ou Licor de Villate. Caso a lesao seja profunda, aconselha-se tratamento siste- mico com aplicac;:aode quimio- terapicos pela via intravenosa durante pelo menos 5 dias. Os pensos dos cascos devem ser protegidos com impermeabi- lizante nos primeiros 7 dias e a tratamento com formol associa- do a tintura de iodo deve ser man- tido ate a controle da lesao e inl- cio da reconstituic;:aoda ranilha. 7.12. Fissura e fratura do casco. Sao soluc;:6esde continuida- de que comprometem a mura- Iha do casco. Podem ser long i- tudinais au transversais ao sen- tido dos tubulos corneas. Sao chamadas de fissuras as rachaduras superficiais, isto e, aquelas que nao atingem tecidos senslveis do corium do casco; completas quando perpendicula- res ao solo e atingem desde a regiao proxima a coroa, ate a ex- tremidade da muralha que toca a solo; incompleta, longitudinal ou transversal, quando apenas par- te do casco esta comprometida. As fraturas sao soluc;:6esde continuidade profundas, atingin- do tecidos senslveis, podendo ser completas ou incompletas. As causas predisponentes ou determinantes do problema estao relacionadas com a tena- cidade e elasticidade do estojo cornea, que pode refletir a seu grau higrometrico, e posslveis desequillbrios nutricionais. Entre outras causas pode- mos citar ainda: defeitos de aprumos, esforc;:os exagera- dos, cas cas mal-aparados, fe- rimentos, inflamac;:6es, fistulas, ferraduras inadequadas e he- reditariedade na transmissao de cas cas pequenos e de ma qualidade. Em geral, tanto a fissura quanta a fratura podem estar Figura 7.27 Fratura perpendicular completa profunda do estojo corneo. Figura 7.28 Fratura perpendicular completa profunda do estojo corneo. presentes em qualquer regiao do casco. Tal situac;:aodepende das caracterfsticas do casco e do agente desencadeante da lesao. Os sintomas nas fissuras praticamente sao inexistentes, e o diagn6stico e feito pelo sim- ples aspecto c1fnico da lesao e explorac;:aoda profundidade do processo. Nas fraturas com ple- tas podemos observar, alem da dor pelo comprometimento de tecidos sensitivos, presenc;:ade secrec;:aode aspecto purulento. A impotencia funcional apare- ce em virtude da dor que ocor- re pela compressao e inflama- c;:aodo tecido podofiloso, junto as bordas da fratura. Uma simples fissura incom- pleta pode evoluir para comple- ta ou ate mesmo para fratura se nao tratada a contento. o tratamento geral preventi- vo consiste na higiene do casco, casqueamento peri6dico ade- quado, manutenc;:ao da elastici- dade e grau higrometrico atra- ves da aplicac;:ao de lanolina a cada 15 a 30 dias nos cascos de equinos estabulados, aplica- c;:aode ferraduras adequadas e higiene geral das cavalaric;:as. Tratamento curativo a. Fissuras: razamento e adel- gac;:amento das bordas, ra- nhuras direcionadas para di- minuir as forc;:asde tensao e pressao sobre a fissura. Fi- nalmente 0 uso de pr6teses, ap6s correc;:ao e regulariza- c;:aodo sulco, atraves da apli- cac;:aode acrnico autopolime- rizavel ou massa ep6xi de secagem rapida. b. Fraturas: utilizar-se das ra- nhuras e adelgac;:amentos, tratar as infecc;:6es com so- luc;:6esanti-septicas, antibi6- ticos sistemicos, ferraduras com pestanas ou guarda- Figura 7.29 Sutura com fio de avo em fratura perpendicular completa e profunda do estojo corneo. cascos, suturas e tratamen- to cirurgico por avulsao da parede do cascofraturado. Em qualquer das situac;:6es referidas, e de fundamental im- portancia que se corrija e se equilibre a alimentac;:ao do ca- valo, e se institua a suplemen- tac;:aocom biotina, para que pos- sa haver melhora da qualidade do estojo c6rneo e acelerar 0 seu crescimento. 7.13. Evulsao do casco - exungula~ao. Denomina-se evulsao ou exungulac;:aotodo processo que levaao "descolamento" ou "arran- camento" do casco separando-o do tegumento subc6rneo que e o tecido podoviloso e podofiloso. Podera ocorrer evulsao se- cundaria a traumatismos mal- cuidados dos pes, pododerma- Figura 7.30 Exungulayao primaria por arrancamento. tite asseptica difusa aguda e les6es inflamatorias ou purulen- tas da coraa do casco. As neuredomias, principal- mente dos nervos plantares po- dem predispor a alterac;:6estro- ficas que tambem podem con- duzir a exungulac;:ao. o arrancamento primario,em- bora rara, pode ocorrer por ac;:ao traumatica violenta onde, apos ter o casco preso em um buraco ou cerca, 0 animal exerce brutal rea- c;:aopara livrar 0 membra, arran- cando 0 estojo cameo. Os sinais principais da evul- sac secundaria sac: intensa c1au- dicac;:ao,descolamento da coroa do casco em toda faixa germi~ nativa, ou descolamento da co- roa na regiao dos tal6es. Muitas vezes observamos a drenagem de liquido de colora- c;:aocinza-enegrecida e de odor fetido na regiao do descola- mento, revelando a gravidade do Figura 7.31 ExungulaQao secundaria a descolamento da coroa do casco. processo devido a infecc;:aoins- talada. o prognostico na exungu- lac;:aoprimaria, isto e, no arran- camento traumatico, e grave e a eutanasia quase sempre e re- comendada devido a impossibi- lidade de regenerac;:ao. Nos descolamentos parciais da co- roa do casco, as possibilidades de cura sac boas, devendo-se, no entanto, avaliar-se 0 custo final, ja que em media, a rege- nerac;:ao ocorre em torno de 180 dias. Nos casos de les6es pos-neuredomias 0 prognosti- co e mais grave, e so excepcio- nalmente sera tratada. Tratamento Sera empreendido apos a avaliac;:aoecon6mica e da gravi- dade do caso. Fac;:apediluvios anti-septico com permanganato de potassio a 1:3.000, diaria- mente; apos enxugar 0 casco Figura 7.32 ExungulaQao secundaria. injete ou passe no descolamento nitrofurazona soluc;:ao, ou gli- cerina iodada a 10%. Penso acolchoado e espesso alivia a dor no pe, permitindo a melhora da locomoc;:ao. No membro oposto, deve-se aplicar liga de descanso para que haja compensac;:aode apoio. Em func;:aoda gravidade da lesao instituir antibioticoterapia utilizando-se penicilina G benza- tina na dose de 40 000 UI/kg a cada 7'2 horas ou quimiotera- pia a cada '24 horas. o encastelamento consiste na diminuic;:aodo diametro late- ral do pe, principal mente na re- giao dos quartos e dos tal6es, assemelhando-se, dessa forma, ao casco de muar. Muitas sac as teorias e hi- poteses lanc;:adassobre a etio- patogenia do encastelamento, sem, contudo, haver uma expli- cac;:aounica para 0 aparecimen- to do problema. Acredita-se que varias sac as condic;:6es neces- sarias para 0 desencadeamen- to do encastelamento como: cascos secos e mal-aparados, ferraduras inadequadas, afec- c;:6esde tend6es, ligamentos, ar- ticulac;:6es e doenc;:a do navi- cular, processos estes que al- teram 0 bom funcionamento do aparelho fibroelastico, produzin- do, consequentemente, a "atro- fia" do casco. Frequentemente, 0 encas- telamento e caraderizado pelos auto res como sendo a ausencia inicial de contato da ranilha ao solo, prejudicando a expansao lateral do casco, porem, e POSSI- vel que esta condic;ao possa ser consequente ao proprio proces- so de atrofia que se instalou. A identificac;ao do animal en- castelado e relativamente sim- ples devido a forma caracterlsti- ca que 0 casco toma, isto e, for- mato de casco de muar. Ocorre elevac;ao do talao, atrofia da ranilha, aumento da concavidade da sola, e, ocasionalmente, c1au- dicac;ao devido a compressao e a ostelte da falange distal. o tratamento preventivo deve estar voltado a higiene do casco, assim como 0 bom cas- queamento. Cascos com ten- dencia a ressecamento podem ser tratados com aplicac;ao de lanolina,o que aumenta sua fle- xibilidade. Animais predispostos a encastelamento nao devem usar ferraduras, ou se for neces- Figura 7.33 Encastelamento. sario ferra-los, a ferradura deve abranger apenas a pinc;a e par- te dos quartos. o tratamento curativo e extre- mamente trabalhoso para um prognostico reservado.Nos casos de encastelamento secundario a outras afecc;6es podais ou impo- tencia funcional do membro, e importante 0 tratamento conco- mitante. Para 0 pe encastelado pode-se utilizar ferraduras espe- ciais que possibilitem 0 contato da ranilha ao solo sem prejudicar a elasticidade dos cascos. Adel- gac;amento da muralha e ranhu- ras possibilitam uma boa dilata- c;ao ao casco. Os tal6es devem ser gradativamente rebaixados, procurando sempre se manter a angulac;aodo eixo podofalangico o mais proximo do normal. 0 uso da lanolina e unguentos, conser- va a muralha em bom estado de flexibilidade. A cura quase sem- pre e parcial e a utiIizac;aodo ani- mal devera ser moderada. Figura 7.34 Encastelamento. 7.15. Queratoma (querofilocele, queratocele). E um processo "tumoral" raro originario de celulas epider- micas produtoras de queratina da camada germinativa da co- roa do casco. o queratoma pode ter origem no tecido podofiloso e se carac- terizar por neoformac;ao laminar, ou simplesmente, como uma concrec;ao cornea circunscrita. Ouando a apresentac;ao do tu- mor cornea for laminar, este re- cebe a denominac;ao de quero- filocele, e na forma circunscrita de queratocele. Muito embora nao esteja bem definido, 0 queratoma, tan- to 0 laminar quanto 0 circuns- crito, pode ter como causa de- sencadeante inicial, os traumas e fen6menos irritativos cr6nicos, em particular quando se instala a pododermite localizada. Figura 7.35 Ouerato.,made coluna - vista cranial. A querofilocele ou tumor laminar pode se apresentar sob a forma de coluna, atingindo des- de a coroa do casco ate a extre- midade palmar da muralha; difu- so, localizado no tecido subcor- neo; diploide, com formac;:ao transversal ao dos tubulos cor- neos e solear, consequente ao desenvolvimento exagerado de substancias corneas proceden- tes das vilosidades plantares. A querocele tem origem pri- maria na face interna da pal- ma, preferencialmente em cas- cos pianos e com tal6es baixos, que estao mais expostos a ac;:aodo trauma. A sintomatologia c1inica va- ria muito com a forma de apre- sentac;:aoe a extensao do com- prometimento. Ocorrem defor- mac;:6esdo casco que na forma de querofilocele em coluna se Figura 7.36 Oueratoma de coluna - dobra da muralha. apresenta com protrusao da coroa do casco, por crescimen- to da muralha e linha branca, que pode se estender ate a ex- tremidade da pinc;:acomo uma dobra ovoide circunscrita com cerca de 1 a:2 centrmetros, que corresponde a linha branca. 0 animal podera apresentar c1au- dicac;:ao de graus III a IV, com crescimento do estojo corneo, e sobrecarga mecanica nos ta- 16es,quando a lesao localiza-se na face anterior do casco. Po- dera, ainda, ocorrer soluc;:aode continuidade da sola com con- sequente invasao de microorga- nismos e corpos estranhos que poderao determinar a formac;:ao de fistula, e osteomielite focal na falange distal. Nesta forma de apresentac;:ao c1inica, a apa- rencia da lesao e de uma fratu- ra profunda do estojo corneo. Figura 7.37 Oueratoma de coluna - dobra da muralha - vista palmar. o diagnostico tem por base os sinais c1inicos e a apresen- tac;:aodas les6es do casco. Exa- mes radiograficos permitem avaliar a extensao do processo e se ha ou nao comprometimen-to da falange distal com proces- sos osteiticos. o tratamento consiste na extirpac;:ao cirurgica da lesao, sendo que no caso de querofi- locele em coluna, faz-se a res- secc;:ao em forma de cunha, abrangendo toda a extensao da muralha. 0 adelgac;:amento da muralha do casco, e 0 sulca- mento paralelo ao "tumor" pro- duzem alivio da dor desenca- deada pela compressao sobre os tecidos sensitivos do casco. Procedimentos como pedi- luvios com anti-septicos e an- tibioticoterapia sistemica po- dem ser adotados para 0 com- bate a infecc;:ao. o prognostico quanto a ple- na utilizac;:aodo cavalo para tra- balho esportivo e extremamen- te reservado, devido as seque- las, que, em geral, permanecem apos a reparac;:aodo casco sub- metido ao tratamento cirurgico. 7.16. Pododermatite asseptica difusa (aguamento, laminite). A laminite e definida c1assi- camente como um processo in- flamatorio que atinge 0 tecido laminar dos pes. Raramente 0 processo acomete um so mem- bro, sendo mais frequente nos dois anteriores eocasionalmen- te nos quatro, Modernamente, a laminite e definida tambem como sendo uma afecc;:13.ometab6lica siste- mica que afeta os sistemas cardiocirculat6rio, renal, end6cri- no, 0 equillbrio acido-base, 0 equillbrio hidroeletrolltico e al- tera os fatores de coagulac;:13.o sang UInea, man ifestando-se, em particular, mais intensamen- te nos cascos do cavalo, A capacidade de um cavalo se locomover adequadamente, entre outras caracterlsticas morfofuncionais, depende da integridade do sistema de sus- tentac;:13.odo casco proporciona- do pelo tecido podofiloso, per- feitamente interdigitado e com- posto pelo corium laminar e a muralha do casco, Este sistema laminar de sustentac;:13.opossui uma' delicada rede microvas- cular responsavel pela nutric;:13.o e eliminac;:13.ode catab61itos pro- venientes da junc;:13.oda lamina epidermica externa e da dermi- ca interna, Muitas SaGas teorias aven- tadas para explicar a etiologia, do processo, permanecendo, no entanto, uma serie de duvidas sobre a real compreens13.odos fen6menos que envolvem 0 pro- blema, S13.oreconhecidas cau- sas predisponentes e determi- nantes na etiologia da laminite, porem a interac;:13.oentre elas e que na realidade produz 0 apa- recimento da afecc;:13.o, Os fatores mais comuns no desencadeamento da lami- nite SaG: a. Alimentar: Devido a excessi- va ingest13.ode gr13.os,princi- palmente milho, aveia e trigo, Geralmente ocorre uma asso- ciac;:13.odo quadro da laminite ao de uma indigest13.o ou gastrenterite, onde a histidina formada na digest13.o dos gr13.ose transformada em his- tamina, principal droga de ac;:13.ona rede vascular do pe na fase de instalac;:13.odo pro- cesso, 0 mesmo pode ocor- rer ap6s manifestac;:13.ode qua- dro de c6lica de origem diges- tiva, sugerindo sempre aten- C;:13.opara a possibilidade de ocorrencia da laminite ap6s disturbios gastrentericos, Com base no modelo experi- mental da laminite por ingest13.o excessiva de carboidratos, foram identificados fen6menos que promovem alterac;:6esno equill- brio dos microorganismos do ceco, resultando em aumento da populac;:13.ode baderias produto- ras de acido ladico, como Strep- tococcus sp e Lactobacillus sp. o acido ladico em altas concen- trac;:6esno ceco, e a consequen- te reduc;:13.odo pH, desencadea- ria a lise de baderias gram-ne- gativas com liberac;:aode endoto- xinas (Iipopolissacarldeos vasoa- tivos), Acredita-se que a reduc;:ao do pH do ceco e a presenc;:ada endotoxina seriam as responsa- veis pela quebra da barreira da mucosa, possibilitando a absor- c;:aoda toxina e 0 desencadea- mento dos demais fen6menos etiopatogenicos, b. Infecciosas: Eguas com re- tenc;:ao placentaria, advindo endometrite, desenvolvem quadra de laminite bastante severa, assim como animais com pneumonia ou graves infecc;:6es sistemicas, c. Mecanica: Ocorre em ani- mais com treinamento defi- ciente ou inadequado e que saG submetidos a trabalho intenso, Frequentemente a conformac;:13.oe elasticidade dos pes est13.orelacionadas com esta causa, Cavalos com impotencia fun- cional de apoio de um dos mem- bros anteriores, quer por ferimen- tos nos pes, quer por fraturas, geralmente acabam apresentan- do, ap6s alguns dias, laminite no membra contralateral devido a intensa fadiga de apoio. d. Mistas: Muitos saG os fato- res que podem ser respon- saveis pela laminite, porem quando n13.Oexistem eviden- cias de causas mais comuns, deve-se atentar a possibilida- de de desequillbrios hormo- nais, alterac;:6es tr6ficas da falange distal, usa prolonga- do de doses excessivas de corticoster6ide e derivados da fenilbutazona e animais com hipertensao digital. Es- tes fatores etiol6gicas san os mais diflceis de ser estabe- lecidos devido a falta de in- formac;:6es precisas na rese- nha do caso. Independentemente do fator etiol6gico, as alterac;:6esque se instalam saGdecorrentes de um complexo mecanismo patogenico que em muitas de suas carade- rlsticas, se assemelham aos me- canismos intermediarios do cicio do choque e do DIC no homem. As manifesta<;:oes siste- micas da laminite, principal men- te na fase aguda de sua evolu- <;:ao,produzem alterac;:6es car- diovasculares como taquicardia, aumento do tempo de perfusao capilar (TPC), acidose metab6- lica, hipertensao e hemograma caracteristico de estresse. 0 sis- tema end6crino responde com elevac;:aode catecolaminas, cor- tisol, testosterona (res posta adrenal), aumento da renina plasmatica e reduc;:aode hormo- nios da tire6ide. Os rins durante a fase cronica, ou no decorrer da hipovolemia por sequestro hid rico para a luz intestinal, na fase aguda, podera manifestar insuficiencia aguda ou glomeru- lonefrite, consequente a isque- mia aguda e ou utilizac;:ao de antiinflamat6rios nao ester6ides para 0 tratamento da dor. Ouanto aos fenomenos que ocorrem no pe do cavalo, estes saG consequentes a mecanis- mos vasoativos e de coagula- c;:ao,notadamente por ac;:aode mediadores como prostaglandi- nas, acetilcolina, histamina e serotonina. Convem salientar-se que 0 fluxo sanguineo podal se processa por vasos provenien- tes da regiao caudal do casco, atraves dos foramens nutridores da falange distal, junto as ap6- fises angulares, em direc;:ao a coroa, para depois se formar a rede de microcirculac;:ao no sis- tema de sustentac;:ao laminar do casco. A ac;:ao vasoativa dos mediadores se processa predo- minantemente por vasoconstri- c;:aoque determina reduc;:aode fluxo sanguineo de retorno, ede- ma e baixa oferta de nutrientes, principal mente de oxigenio, ao sistema podofiloso do pe. Con- sequentemente, ocorrera ne- crose isquemica no tecido la- melar e a abertura de "shunts" ou derivac;:oes arterio-venosas, no restante da microcirculac;:ao. A instalac;:aoda necrose isque- mica produz perda da inter-re- lac;:aodo tecido podofiloso, pre- dispondo ao abaixamento (afun- damento) e aos fenomenos de rotac;:aoda falange distal. o aumento da pressao tissular desencadeado pela baixa perfu- saGsanguinea e pelo edema, se- gundo pesquisas recentes, seria responsavel por: 1. agravamento do baixo fluxo sanguineo atraves da micro- circulac;:ao do pe, levando a lamina dermal a isquemia; 2. proporcionar meio ambiente adequado para 0 desenvol- vimento de micro-tromboses; 3. resultar em abertura de "shunts" arterio-venosos da coroa do casco, agravando ainda mais os fenomenos cir- culat6rios do pe do cavalo. o corium coronario palmar, a lamina dermica palmar eo corium palmar da sola, nao saGcompro- metidos pelos fenomenos de isquemia por apresentarem inten- sa rede de vasos colaterais. Tendo como base 0 modelo experimental de ingestao exces- siva de carboidratos, a laminite pode ser classificada quanto a evoluc;:ao(HOOD, 1989) em: 1. Fase de desenvolvimento: ini- cia-sepela atuac;:aodos me- diadores e outros fatores que desencadeiam 0 cicio fisiopa- tol6gico, ate que 0 animal ma- nifeste os primeiros sinais de claudicac;:ao,variando em tor- no de 16 a 24 horas. 2. Fase aguda: inicia-se desde o momento em que 0 animal apresenta os primeiros sinais de claudicac;:ao,ate que ocor- ra 0 rebaixamento (afunda- mento) ou a rotac;:ao da fa- lange distal. 3. Fase cr6nica: inicia-se com 0 rebaixamento ou a rotac;:aoda falange distal, ou quando dor de intensidade alta perdurar por mais de 48 horas de for- ma continua. Os fenomenos de rebaixamento ou rotac;:ao da falange distal poderao se iniciar precocemente desde a 24a hora do inicio do quadro de claudicac;:ao,que na fase cronica podera se caraeteri- zar por intermitencia e dar a nitida impressao c1fnica de agudizac;:aodo processo. A forma aguda da laminite caraeteriza-se pelo aparecimen- to brusco dos sintomas, predo- minando os sinais de locomo- c;:aopenosa e lenta devido a dor. Ouando os dois membros ante- riores estao afetados, 0 animal adota uma atitude antialgica ca- raeteristica com extensao dos anteriores, apoio em talao, avan- c;:odos posteriores, deslocando o eixo de gravidade do corpo para tras, dando a impressao de que vai cair "sentado". 0 apoio nos taloes justifica-se por serem mais intensas as altera<;6es e, consequentemente, a dor na re- gi13.oda pin<;a. Os padr6es de comportamen- to locomotor do cavalo com lami- nite na fase aguda podem ser c1assificadosem 4 graus e refle- tem a gravidade dos fen6menos decorrentes das altera<;6es na microvasculatura do pe. Com base nos estudos de OBEL (1948), os graus de manifesta- <;13.0locomotora da laminite po- dem ser: Figura 7.38 Laminite - postura tipica do cavalo. Figura 7.39 Laminite - postura tfpica do cavalo. (destaque a linha de hipertrofia da musculatura do abdomen) a. Grau 1: 0 cavalo levanta os membros anteriores inces- santemente, alternando 0 apoio no solo em intervalos de poucos segundos. A man- queira e imperceptlvel e ob- serva-se, apenas e t13.oso- mente, um encurtamento da primeira fase da 10como<;13.o ao trote (fase de apoio), 0 animal retira rapidamente 0 membro do solo. b. Grau 2: 0 cavalo movimenta- se voluntariamente ao passo, encurtando ainda mais a pri- meira fase de apoio no solo (marcha caracterlstica da laminite). Neste grau, ainda e posslvel erguer-se um dos membros anteriores do ani- mal sem muita dificuldade. c. Grau 3: 0 cavalo reiuta em iniciar a 10como<;13.oe reage, n13.opermitindo qualquer ten- tativa de erguer-se um dos membros. d. Grau 4: 0 cavalo somente inicia a 10como<;13.oquando for<;ado e, em geral, ao faze- 10 projeta ambos os mem- bros anteriores para cima e para frente, ficando apoiado por alguns momentos so- mente nos membros poste- riores. Acima deste grau, 0 animal permanece em decu- bito e raramente consegue manter-se, mesmo que por alguns momentos, em posi- <;13.0quadrupedal. Paralelamente ao quadro lo- comotor, 0 animal pode apresen- tar-se angustiado, com con- juntivas congestas, taquipneia, taquicardia, tempo de perfus13.o capilar acima de 2 segundos e cascos quentes e sensiveis a percussao e pressao com a te- naz de casco. 0 pulso das arte- rias digitais torna-se muito evi- dente, cheio e forte, desde os primeiros sinais de claudica<;ao. Os fenomenos sistemicos saG determinados predominante- mente pela a<;aoda endotoxina, entretanto, a dor e a acidose participam ativamente na exacer- ba<;aodos sinais clinicos. E: nes- ta fase de evolu<;ao,entre 12 a 24 horas, que os processos de vasoconstri<;ao da microcir- cula<;aodo sistema de laminulas e laminas do pe, promovem a abertura dos "shunts" arterio-ve- nosos e instalam-se os fenome- nos de necrose isquemica. Ainda na fase aguda, em graus mais avan<;ados de lami- nite, onde 0 edema e intenso e ja foi capaz de provocar isque- mia na regiao da coroa do cas- co com necrose tecidual preco- ce, poden§. ocorrer 0 descola- mento parcial ou completo da banda coronaria com drenagem de liquido sero-sanguinolento. Esta solu<;aode continuidade da coroa do casco podera servir de porta de entrada de microorga- nismos e transformar 0 proces- so que anteriormente era assep- tico, em septico. Ocasionalmen- te, e imediatamente antes da caracteriza<;ao de cronifica<;ao, quando 0 processo inflamat6rio do corium laminar determinar edema abundante com exten- sa mortifica<;ao do sistema po- dofiloso, podera ocorrer a exun- gula<;ao precoce, praticamente condenando 0 animal ao sacri- ficio, ou 0 rebaixamento da fa- lange distal, observado pela for- ma<;ao de sulco na transi<;ao dermoungueal, que se estende de bulbo a bulbo. Embora seja mais frequente na forma cronica da laminite, a rota<;ao da falange distal pode ocorrer na forma aguda a partir do 2° dia nos casos de maior gra- L Figura 7.40 Mecanica da rotac;;aoda falange distal. vidade, tornando 0 tratamento mais trabalhoso e prolongado. A forma cronica da laminite advem da evolu<;ao de uma laminite aguda que nao foi tra- tada, que foi tratada tardiamen- te, ou cujo tratamento tenha sido ineficiente para reverter 0 processo congestivo que se ins- talou. Nestas condi<;oes, e sob a a<;ao dos fenomenos de necrose isquemica, agrava-se 0 rebaixamento e a rota<;ao da falange distal, que praticamen- te perde a rela<;ao de sustenta- <;aocom 0 corium laminar. A falange distal sofre a ac;:aodo tendao extensor digi- tal comum, compressao da so- Ia no sentido ventro-dorsal. e trac;:ao do tendao flexor digital profundo, alterando sua rela- c;:aode paralelismo com a mu- ralha do casco. Os fenomenos relacionados ao rebaixamento e rotac;:ao da falange distal determinam um maior comprometimento dos va- sos circunflexos e da coroa do casco, levando a deformidades do estojo que se caracterizam por convexidade da sola, cresci- mento dos taloes, concavidade da face cranial da muralha (sa- pato chines) e forma<;aode aneis transversais, devido as deforma- c;:oesno sistema de tubulos do casco e altera<;oes no metabo- lismo da ceratogenese. Caso nao tenha ocorrido ne- crose na coroa do casco, nas fa- ses finais da laminite aguda,como consequencia do rebaixamento e da compressao da coroa pela ap6fise piramidal da falange dis- tal rotacionada, podera agora ha- ver necrose isquemica do corium coronario dorsal com descola- mento e predisposic;ao a invasao de microorganismos, A cronificac;aoda laminite pro- move reduc;ao da resposta dolo- rosa difusa em virtude do abran- damento dos processos conges- tivos e exsudativos, responsaveis em parte pelo deslocamento da falange distal. Este deslocamen- to ocorre concomitantemente aos fenomenos de deformidade do casco, comprimindo 0 corium da sola, ate 0 ponto da falange dis- tal perfura-Ia e exteriorizar-se, podendo transformar, a seme- Ihanc;ada fase aguda do proces- so asseptico, em septico. Concomitantemente a evolu- c;aodos sinais de deformidade do estojo corneo,e abrandamento da sensibilidade dolorosa na regiao Figura Z41 Rotayao da falange distal - Raios-X. anterior ao apice da ranilha,ocor- re reduc;ao da intensidade dos fenomenos gerais, da amplitude do pulso das arterias digitais e da temperatura do casco, 0 animal podera apresentar escaras de decubito e hipertrofia da muscu- latura dos membros posteriores devido ao esforc;o para manuten- c;aodo novo eixo de gravidade do corpo, Uma nitida linha de hiper- trofia muscular podera ser obser- vada bilateralmente ao abdomen em razao da tensao sobre os musculos abdominais que a nova postura determina, Baseando-se nas manifesta- c;6es motoras, dor e infecc;ao podai, a laminite cronica pode ser c1assificada em: a. Grau 1 : presenc;ade dor sem evidencia de comprometimen- to acentuado na locomoc;ao, b. Grau 2: reduc;ao da dor com comprometimentoevidente da locomoc;ao, Figura Z42 Deformayao do casco na laminite cr6nica. c. Grau 3: presen<;a de dor e comprometimento na loco- mo<;ao sem evidencia de in- fec<;ao podal. d. Grau 4: comprometimento na locomo<;ao e evidencia de infec<;ao podal sem manifes- ta<;ao patente de dor. e. Grau 5: presen<;ade dor, difi- culdade de locomo<;ao,infec- <;aoe decubito prolongado. Radiograficamente a rota- <;ao da falange distal e obser- vada pela perda do paralelismo entre a face dorsal da falange e a muralha do casco. Na depen- dencia do grau de rota<;ao e da compressao da borda da falan- ge no corium solear, podera ha- ver 0 desenvolvimento de ostei- te rarefaciente com perda do arcabou<;o mineral do osso .. Uma avalia<;aocompleta dos sinais c1inicos gerais e podais e fundamental para 0 estabeleci- mento do diagn6stico da lami- nite. Entretanto, 0 grau de com- prometimento metab6lico, ne- cessario para 0 acompanha- mento da evolu<;ao de cada caso, assim como para a insti- tui<;ao de tratamento adjuvante espedfico e a elabora<;ao do progn6stico, devera ser acom- panhado por exames laborato- riais para a detec<;ao de infec- <;6es cronicas, enfermidades hepatica, renais, gastrentericas e cardiovasculares. Dentre os exames basicos para a avalia- <;aodo estado geral do animal, destacam-se: hemograma com- pleto, proteina total, fibrinogenio, fosfatase alcalina, bilirrubinas, AST, ureia, creatinina, s6dio, c10- ro, potassio e f6sforo. Aten<;ao especial deve ser dada as pro- vas de fun<;ao hepatica e renal, em virtude do f1gado ser a pri- meira linha de defesa contra endotoxinas e outras toxinas absorvidas do trato intestinal, e os rins responderem com dege- nera<;ao as a<;6es da isquemia Figura 7.43 Deformac;:aodo casco na laminite cr6nica. e de drogas antiinflamat6rias como fenilbutazona, flunixin meglumine e ketoprofen, quan- do utilizadas em altas doses e por tempo prolongado. o tratamento da pododer- matite asseptica difusa exige do medico veterinario, do proprie- tario do animal e do pessoal de enfermaria, consciencia da gra- vidade do caso, conhecimento dos custos da terapeutica que sera instituida e dedica<;ao in- tegralmente voltada a recupe- ra<;aoplena da capacidade f1si- ca do paciente. Independentemente da lami- nite se apresentar sob a forma aguda ou cronica, e do grau de c1assifica<;ao em que 0 quadro c1inico se situar, a terapeutica envolvera procedimentos medi- cos, f1sicos, dieteticos e cirurgi- cos objetivando conter e rever- ter as consequencias etiopato- genicas. A terapeutica da lami- nite sempre deve ser instituida Figura 7.44 Crescimento anormal do casco na laminite cr6nica. tendo-se em mente a condic;:ao emergencial da afecc;:ao,sendo que se obtem os melhores re- sultados quando se institui tra- tamento intensivo nas primei- ras 12 horas, ou mesmo duran- te a fase de desenvolvimento em casos de retenc;:ao de pla- centa, metrites, sobrecargas de graos, no p6s-operat6rio ime- diato de cirurgias gastrente- ricas por excesso de ingestao de carboidratos ou em qualquer outra enfermidade predispo- nente da laminite. o tratamento da laminite na fase aguda deve ser conduzido no sentido de se bloquear a cau- sa desencadeante e desconges- tionar 0 sistema laminar de sus- tentac;:ao do casco, melhorando a perfusao da microcirculac;:aodo pe e, finalmente, deve ser dirigi- do para que haja sustentac;:aodo estado geral do animal. A utiliza- c;:aode duchas frias, pediluvios com agua com gelo ate a altura da articulac;:ao metacarpofalan- gica, 3 vezes ao dia, durante pelo menos 15 minutos cada aplica- c;:ao,apresenta ac;:aodesconges- tionante proporcionando sensa- c;:aode bem estar ao animal. Durante 0 periodo hiperagudo, a sangria com retirada de cerca de 3 a 5 litros, desencadeia hipovo- lemia relativa aguda, reduzindo a hipertensao geral, notadamen- te na regiao distal do membro. Ainda com 0 objetivo de se pro- duzir hipotensao, pode-se lanc;:ar mao de bloqueadores alfa- adrenergicos como c1oridrato de acepromazina na dose de 40 mg totais pela via intravenosa ou in- tramuscular por um periodo de 24 a 72 horas; c1oridrato de fenoxibenzamina na dose de 2 mg/kg, divididas em 2 aplica- c;:6es,injetadas lentamente em intervalos de 2 horas; isoxisupri- na possui tambem ac;:aobeta- agonista e deve ser aplicada na dose de 0,6 a 0,9 mg/kg, pela via intramuscular, 2 vezes ao dia ate a completa remissao dos si- nais c1inicos. Cloreto de potas- sio e furosemida devem ser evi- tados na fase aguda, devendo, apenas, serem introduzidos, po- rem com cautela, em animais portadores de processo cr6nicos. A utilizac;:aode drogas antiin- flamat6rias nao ester6ides, ob- jetiva principal mente a elimina- c;:aoda dor que se constitui em importante estlmulo simpatico Figura 7.45 Rota<;8.oe osteite da falange distal na laminite cr6nica. agravante da hipertensao, da forma~ao de "shunts" arterio- venosos e da vasoconstri~ao podal. Alem do efeito antihiper- tensivo indireto, os ester6ides nao hormonais atuam decisiva- mente inibindo a atividade pr6- inflamat6ria das prostaglandi- nas e das cininas, assim como do tromboxane A-2. Como dro- gas antiinflamat6rias nao este- r6ides SaG utilizadas na rotina terapeutica: a. Fenilbutazona: nas doses de 4,4 mg/kg, 2 vezes ao dia no 1° dia; 2,2 mg/kg, 2 vezes ao dia no 2° dia e 2,2 mg/kg, 1 vez ao dia, ate a remissao dos sinais. A aplica~ao da fenil- butazona deve ser acompa- Figura 7.46 Perfurac;8.oda sola na rotac;8.oda falange distal, Raios-X. nhada por observa~ao c1fni- ca rigorosa, vez que efeitos colaterais indesejaveis pode- rao se manifestar com ulce- ra~ao gastrica e insuficien- cia renal aguda; b. flunixin meglumine: e quatro vezes mais potente do que a fenilbutazona e de maior efi- cacia anti-prostaglandina. A dose recomendada e de 1,1 mg/kg, 3 vezes ao dia no 1 ° dia, e 2 vezes ao dia durante mais 5 a 7 dias, pela via in- tramuscular ou intravenosa. Em casos de laminite causa- da por excessiva ingestao de carboidratos, quando a a~ao de endotoxinas constitui-se na principal variavel etiopa- togenica, a dose recomenda- da de flunixin meglumine para atividade anti-endotoxe- mica, e de 0,25 mg/kg, 2 a 3 vezes ao dia; c. acido acetil-salicflico: alem da atividade anti-prostaglan- dina, 0 acido acetil-salidico e um potente anti-agregador· plaquetario, aumentando 0 tempo de coagula~ao san- gufnea e prevenindo a forma- ~ao de trombos. A dose re- comendada varia de 5 a 20 mg/kg, 2 a 3 vezes ao dia. Muito embora a utiliza~ao de anticoagulantes como heparina e warfarim seja um ponto de grande controversia entre os profissionais, no que se refere aos efeitos beneficos como antitrombogenico, a pratica tem demonstrado que quando utili- zadas criteriosamente e sob controle laboratorial do tempo I de protrombina, que os animais tratados nas fases iniciais do processo agudo recuperam-se com poucas sequelas decorren- tes de trombos na microcircu- lac;:aodo pe.A heparina pode ser utilizada em dois esquemas: a) doses baixas, com aplicac;:6es de 40 a 100 UI/kg, pela via subcutanea, 4 vezes ao dia; b) doses altas, com aplicac;:6es de 100 UI/kg, pela via intraveno- sa, 4 vezes ao dia ou 80 UI/kg, pela via intravenosa, seguida de 160 UI/kg, pela via subcutanea, 2 vezes ao dia. Quanto ao war- farim, seus efeitos saD melho- res observados na laminite cr6- nica na dose de 0,001 mg/kg, 1 vez ao dia. o dimetilsulfoxido (DMSO), por possuir ac;:aofarmacologica como antiinflamatorio, analgesi- co, anti-agregador plaquetario e vasodilatador entre outras, e uti- lizado, concomitantemente, as demais drogas, na dose de 0,1 a 1,0 g/kg, pela via intraveno- sa, 2 a 3 vezes ao dia, num vo- lume de 60 ml. A dose melhor tolerada pelo animal e que efei- tos produz, e a de 250 ml de DMSO a 90%diluidos em 4 li- tros de glicose 5%, em veloci- dade de infusao de 1 litro da soluc;:ao a cada 15 minutos, 2 vezes ao dia, durante 2 dias. Muito utilizados na rotina do tratamento da laminite aguda, os antihistaminicos nao apre- sentam eficacia apos a histami- na ja ter sido liberada e circu- lando em altos niveis na corren- te circulatoria, 0 que acontece apos aproximadamente 12 ho- ras do inicio do processo. En- tretanto, durante a fase de de- senvolvimento ou preventiva- mente nas distocias fetais e na retenc;:ao de placenta, a pro- mazina na dose de 0,4 a 1,0 mg/kg, pela via intramuscular, 1 a 2 vezes ao dia durante 3 a 5 dias, tem demonstrado excelen- tes resultados na prevenc;:aodas fases mais graves da laminite. Drogas antagonistas H-l e H- 2, como a cimetidina na dose de 300 mg/kg, pela via intramus- cular, associada ao c1oridrato de tripenelamina na dose de 1 mg /kg, tambem demonstraram ser capazes de prevenir a laminite. Embora ten ham sido ampla- mente utilizados como primeira medicac;:aode combate a lami- nite, os glicocorticoides (dexa- metasona e triancinolona) nao saD mais recomendados por evidencias de serem os respon- saveis em induzirem e precipi- Figura 7.47 PerfuraQao da sola na rotaQao da falange distal. tarem a laminite por potenciali- zac;aodos efeitos vasoativos das catecolaminas e auxiliarem na formac;ao de tromboses desen- cadeadas por endotoxinas na microcirculac;ao do pe do cava- 10.Entretanto, tais fenomenos indesejaveis, ainda necessitam de mais estudos cientlficos. Finalmente, a terapeutica medica podera ser completada, nos casas desencadeados por disturbios gastrentericos, com a administrac;ao de vaselina Ifqui- da ou 61eomineral pela via oral, da dose de 2 a 4 litros pela son- da nasogastrica, a cada 6 ho- ras ate completar 3 administra- c;6es.0 objetivo da administra- c;ao de vaselina Ifquida ou do 61eo mineral e 0 de impedir a absorc;ao de toxinas, particular- mente as endotoxinas, origina- rias dos disturbios de digestao Figura 7.48 Palmilha de compressao de ranilha. Figura 7.49 Gessamento de apoio de casco. desencadeados pelo excesso de ingestao de carboidratos. Concomitantemente aos pro- cedimentos medicamentosos, e os ffsicos ja referidos (duchas e pediluvios frios), deve-se auxiliar a perfusao no pe do cavalo com exercfcios moderados, preferen- cialmente ap6s as duchas em terrenos arenosos, embora se constate que 0 exercfcio, mes- mo moderado, podera em alguns casas aumentar a sensac;ao de dor e potencializar os mecanis- mos de rebaixamento e rotac;ao da falange distal. Esta situac;ao podera ser contornada com a utilizac;ao de palmilhas de apoio na ranilha ou 0 gessamento do casco do animal, tanto na fase aguda, quanto na cronica. Evite forc;ar0 animal ao exercfcio, prin- cipalmente quando se utilizou bloqueios anestesicos peri- neurais, pois os sinais c1fnicos podem ser agravar em seguida. Um detalhe importante a ser respeitado e 0 de que cavalos com laminite aguda e com fer- raduras, devem ter estas ape- nas afrouxadas nas primeiras 24 horas de evoluc;ao, para de- pois serem retiradas. Preferencialmente 0 cavalo devera ser mantido em piquetes pianos com abundante cobertu- ra vegetal, devendo-se retirar de sua dieta rac;6es ou concentra- dos, administrando-Ihe apenas pastagens e fenos de boa quali- dade. Ocasionalmente, quando advir emagrecimento, pode-se administrar 0,5% do peso do cavalo em concentrados dividi- dos 2 vezes ao dia, que podera ainda servir de veiculo para su- plementa<;:ao de 10 a 20 9 de biotina e 10 a 30 9 de metioni- na, como suporte para 0 meta- bolismo da queratogenese, ate a plena recupera<;:aodo cavalo. o tratamento da laminite cro- nica, alem dos procedimentos indicados para a fase aguda, e referidos tambem como uteis na fase cronica, esta direcionado, fundamentalmente, para os fe- nomenos de deformidade do estojo c6rneo e rotac;:aoda fa- lange distal. Atraves do controle radiografico, e medido 0 grau de desvio da falange, faz-se 0 casqueamento, podendo-se re- tirar de uma s6 vez 0 excesso de muralha. Nesta fase evite 0 re- baixamento abrupto dos tal6es para se evitar 0 aumento da tra- c;:aoda falange distal pelo ten- dao flexor digital profundo, e con- sequente agravamento da rota- Figura 7.50 Rotayao da falange distal antes da correyao, Raios-X. c;:ao.Gradativamente, com auxi- lio do podogoni6metro, fac;:aas correc;:6esnecessarias para que o casco seja morfologicamente corrigido, ate atingir a angulac;:ao normal - 45° a 47° - para os membros anteriores, e 50° a 55° para os membros posteriores. Trabalhos mais recentes e a experiencia pratica preconi- zam para os casos que nao res- ponderem satisfatoriamente ao tratamento na fase aguda, a ressecc;:ao parcial da muralha do casco com 0 intuito de descompressao e melhor aco- moda<;:ao da falange distal. E comum se observar 0 tecido podofiloso mortificado e a pre- senc;:ade sangue praticamen- te liofilizado entre as laminulas da muralha dos cascos nos ca- sos cr6nicos. Os resultados deste metodo de tratamento, embora em alguns casos tenha Figura 7.51 Infcio de correyao da rotayao da falange distal, Raios-X. sido promissores, ainda perma- necem inconclusivos nos casos agudos, devendo ser utilizado com muita cautela. Ainda como procedimento auxiliar na me- Ihora da perfusao sanguinea no pe do cavalo, e para impedir ou corrigir 0 rebaixamento e a ro- tac;:ao da falange distal, deve- se proceder a aplicac;:aode fer- raduras em forma de corac;:ao, fixas ou ajustaveis, que forne- cerao sustentac;:ao a ranilha, reduzirao a dor e a com pres- sao causada pela falange dis- tal sobre 0 plexo solear, vasos circunflexos e corium coronario dorsal, melhorando substan- cialmente as possibilidade de recuperac;:ao do cavalo. Alguns cavalos com laminite cr6nica, com rotac;:aoda falange distal, e que nao apresentaram resposta favoravel aos tratamen- tos instituidos, como ultimo recur- Figura 7.52 Correyao da rotayao da falange distal, Raios-X. so para a corre<;ao da rota<;ao, podem ser submetidos a tenoto- mia do tendao flexor digital pro- fundo, visto que haven§.a libera- <;aoda for<;ade tra<;aoda falange distal, favorecendo 0 resultado dos demais procedimentos. A tenotomia pode ser realizada na regiao proximal, acima da inser- <;aodo ligamento acess6rio, ou em um segundo tempo cirurgico, na regiao distal, abaixo da articu- la<;aointerfalangica media. A te- notomia na regiao proximal nao Figura 7.53 Podogoniometro. Figura Z54 Ressecyao da muralha do casco na laminite. Figura Z55 Ressecyao da muralha do casco na laminite. predisp6e a perda de sustenta<;ao do pe,com eleva<;aoda pin<;a,fato que tem ocorrido com outros acessos cirurgicos, e que podera trazer serias consequencias a evolu<;aofavoravel do tratamento. Alguns animais com laminite cr6nica podem ter recidivas de agudiza<;ao peri6dicas e neces- sitam permanecer em baias com cama alta e macia, evitando a compressao direta da sola com o chao duro, protegendo-o tam- bem no caso de decubito pro- longado. Cada recidiva de agudi- za<;ao,caraderizada por agrava- mento dos sinais gerais e podais, devera ser tratada como 0 reco- mendado para a fase aguda. Em situa<;6es de desenvol- vimento de pododermatite sep- tica difusa, devido a perfura<;ao da sola ou descolamentos da coraa do casco, e fundamental a institui<;ao de drenagem do Figura Z56 Ressecyao da muralha do casco na laminite. pus, antibioticoterapia sistemi- ca e local, e pediluvios com anti-septicos. o progn6stico da laminite cr6nica esta diretamente vincu- lado a resposta aos tratamentos instituidos, ao grau de rota<;aoda falange distal e a presen<;a de infec<;ao. Cavalos que respon- dem favoravelmente ao trata- mento geral entre 7 a 10 dias, e que possuem
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