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09 AfeC90es do Aparelho Urinario 9.1. Anatomia e considerat;:oes gerais. o aparelho urinario e forma- do por dois rins, dois ureteres bexiga urinaria e uretra, 0 rim e uma estrutura anatomo-fisioI6- gica complexa composto por extenso sistema tubular e vas- cular, 0 que permite que 0 san- gue seja filtrado eliminando os produtos indesejaveis (catab6- litos), formados no processa- mento metab61ico do organis- mo, Os rins saGtambem respon- saveis pelo equillbrio hldrico, pelo pH do sangue, e pelos nl- veis sericos de muitos eletr6- litos. Este sistema de controle e filtrac;:ao permite a estabilida- de da composic;:ao do sangue e de produtos essenciais ao me- tabolismo do animal, retendo 0 que e necessario e eliminando os t6xicos ou excedentes, o produto do filtrado renal e a urina, a qual vai a bexiga por meio de dois tubos, um para cada rim, que saGchamados ureteres, desembocando num local deno- minado trlgono vesical. A bexiga e um 6rgao muscular, distenslvel e flexlvel que armazena a urina ate atingir certo volume, sendo entao eliminada atraves da ure- tra de maneira voluntaria ou in- voluntaria, controlada pelo siste- ma nervoso que desencadeia 0 reflexo da micc;:ao, Nas femeas, a bexiga se co- munica com a vagina por meio de um curto conduto membra- noso chamado uretra que se abre a pouca distancia da vulva, no assoalho da vagina, em uma estrutura denominada meato urinario, No macho, ate a bexiga, as estruturas urinarias saGiguais as da femea. A bexiga continua pela uretra que e um tubo muscular que se estende ate a glande, Pr6- ximo do assoalho da pelvis a ure- tra atravessa a pr6stata e recebe os dutos prostaticos, os dutos das glandulas bulbouretrais e os dutos das glandulas uretrais la- terais, A porc;:aoterminal da ure- tra e formada pelo apendice uretral com cerca de 2,5 centl- metros de comprimento, Na realidade, 0 cavalo e mui- to pouco acometido por enfermi- dades primarias do aparelho uri- nario, embora os rins possam se- cundariamente sofrer graves con- sequencias nasdoenc;:asmetab6- licas como na hipovolemia, na mioglobinuria paralltica, e nas in- toxicac;:6es por drogas antiinfla- mat6rias nao hormonais (fenilbu- tazona), que nos casos graves pode provocar "falencia" renal. Por se localizarem na regiao 10mbar, muitos processos dolo- rosos da coluna, e os "envara- mentos" do terc;:o posterior do animal, tem sido falsamente atri- bUldos a enfermidades renais, assim como e imputada a reten- c;:aode urina, alguns dos qua- dros de c61icas com origem no trato intestinal. Sao inflamac;:6es renais que muito raramente acometem os equinos na forma primaria agu- da. E uma doenc;:ade alta inci- dencia no homem e nos caes sob a forma primaria, desenvol- vendo quadro muito grave, Nos cavalos, as nefrites ge- ralmente saG decorrentes de processos t6xico-infecciosos ou de les6es septicemicas como na septicemia dos potros, causada pelo Actinobaci/us equu/i. Muito embora seja de ocorrencia rara, abscessos renais podem ocasio- nalmente ocorrer em potros du- rante processos infecciosos cr6- nicos por Streptococcus. Os sintomas renais algumas vezes SaG mascarados pela doenc;:aprimaria, porem podem manifestar-se nos casos agu- dos determinando aumento da sensibilidade renal exteriorizado por convexidade do dorso ou regiao 10mbar (ventroflexao da coluna); a locomoc;:ao e caute- losa e diflcil. Ocasionalmente, os equinos que saGacometidos por problemas renais apresentam quadro de c61icas leves, c1assi- ficadas como falsas c6licas por serem desencadeadas por 6r- gaos que nao comp6em 0 apa- relho digest6rio. Paralelamente se observam transtornos gerais como apatia, debilidade, febre, anorexia e tenesmo urinario. o diagn6stico c1lnico do pro- cesso renal e muitas vezes difl- cil de ser estabelecido. A priori, deve-se determinar se 0 com- portamento c1lnico decorre de outras enfermidades que aco- metem 0 terc;:oposterior do ani- mal, como lombalgias, miosites dorsilombares e artropatias t6- racolombares, por exemplo, ou II processos t6xico-infecciosos. A sensibilidade renal pode ser tes- tada por palpaC;13.oretal ou atra- ves de percuss13.odireta sobre a regi13.o10mbar direita e esquer- da, pr6ximo ao rebordo das ulti- mas costelas. Os sinais de des- conforto podem ser avaliados por press13.odigital da regi13.o, servindo de diferencial com ou- tras afecc;6es t6racolombares. o diagn6stico definitivo das nefrites e realizado em labora- t6rio, por exames f1sico-quimicos da urina e os componentes do sedimento ap6s a centrifugaC;13.o. o exame baderiol6gico com cul- tura e antibiograma pode reve- lar 0 germe causador do proces- so e facilitar a instituiC;13.ode an- tibioticoterapia especifica. o tratamento e feito atraves da antibioticoterapia, observan- do-se que os antibi6ticos a se- rem utilizados devam atingir ni- veis terapeuticos na urina e n13.O serem nefrotoxicos. Deve-se ain- da preservar a filtrac;13.orenal, administrando-se fluidos eletro- liticos isot6nicos, lentamente pela via intravenosa. A nefrose e'o processo dege- nerativo e inflamatorio que pode acometer os rins dos cavalos, principal mente seus tubulos de filtrac;13.o,caraderizada por ne- crose tubular aguda. A grande maioria dos casos de nefrose e decorrente de pro- cessos toxemicos endogenos ou exogenos, sendo, portanto, con- siderada um processo secunda- rio. Algumas intoxicac;6es como as causadas por ingest13.oaci- dental ou criminosa de mercu- rio, arsenico, cobre, tetracloreto de carbono, nitrato de s6dio, fe- notiazina, sulfas em altas doses, tetracloroetileno, inseticidas e fenilbutazona podem desenca- dear les6es renais irreversiveis. Como causas end6genas tam- bem sac consideradas nefro- t6xicos a hemoglobina liberada nas enfermidades hemoliticas, a mioglobina nos processos de mioglobinuria paralitica, excess i- va destruiC;13.ode proteinas no or- ganismo e toxinas que sac ab- sorvidas durante as doenc;as in- testinais que produzem putrefa- C;13.oe diminuiC;13.ono transito dos alimentos. Eventualmente, as to- xinas baderianas tambem po- dem causar les6es renais duran- te as manifestac;6es de enfermi- dades infecciosas agudas. Durante a manifestac;13.ode nefrose aguda,ocorre, em funC;13.o das les6es degenerativas e infla- mat6rias, reduC;13.oou ate mesmo a obstruc;13.odo fluxo liquido filtra- do dos glomerulos. Estes sac es- truturas microsc6picas e fazem parte do sistema de filtrac;13.odos rins,e,quando lesados,desenvol- vem oliguria obstrutiva e conse- quente uremia por aumento da concentrac;13.ode nitrogenio u- reico sanguineo. A necrose tubu- lar aguda tambem pode se iniciar ap6s isquemia renal aguda devi- do a hipovolemia e endotoxemia que comumente ocorrem em ca- valos com sindrome c6lica de ori- gem gastrenterica. Os sinais c1inicosde nefrose geralmente est13.omascarados pelos sinais da afecC;13.oprimaria, porem, nos casos agudos, pode- se observar oliguria e proteinuria, e, sinais c1inicos de uremia nos estagios finais da doenc;a.Cava- Figura 9.1 Necrose da camada cortical do rim. (foto gentilmente cedida pelo Servi<;:ode Patologia da FMVZ-UNESP Botucatu) los uremicos apresentam depres- s13.o,fraqueza e tremores muscu- lares, desidratac;:13.o,anuria ou oliguria, diarreia copiosa, ulcera- C;:13.oda mucosa oral e gastrica e rapida deteriorac;:13.odo estado geral. A respirac;:13.oe profunda e a frequencia pode estar aumen- tada. Muito embora possa ser im- perceptivel ou mesmo estar au- sente, algumas vezes pode-se sentir um odor amoniacal ou de urina na respirac;:13.o,nas fases fi- nais da doenc;:a. o diagn6stico especifico de nefrose geralmente e feito du- rante a necr6psia do animal. Cli- nicamente pode ser suspeitada devido a associac;:13.ode sinais de degenerac;:13.orenal com a doen- c;:aprimaria, ou ent13.oser detec-tada por exames laboratoriais da urina e dos niveis de nitrogenio ureico e creatinina. o tratamento deve estar diri- gido para a correc;:13.oda afecc;:13.o primaria devendo 0 c1inico estar sempre atento a qualquer mani- festac;:13.oanormal do comporta- mento do aparelho urinario no decorrer da doenc;:a.Um trata- mento adjuvante pode ser feito com fluidoterapia, principal men- te soluc;:13.ofisiol6gica ou solu- c;:6espolii6nicas isosm6ticas, e, eventual mente, com produtos que contenham calcio, para au- xiliar 0 animal a superar a insufi- ciencia renal ate que a doenc;:a primaria esteja controlada. o uso de soluc;:6esdiureticas ou de drogas que atuem direta- mente sobre a filtrac;:13.oglome- rular SaG contra-indicadas nas les6es renais graves e devem ser evitadas, excetuando-se os diureticos hiperosm6ticos. Urolito ou calculo urinario SaG concrec;:6es(pedras) que podem ocorrer em qualquer parte do apa- relho urinario. S13.ofrequentes as litiases renais nos c13.es,ao passo que bovinos e equinos apresen- tam os calculos commaior inci- dencia, localizados na uretra e bexiga, respeetivamente. As concrec;:6es podem ter a forma ov6ide, esferoidal ou mul- tifacetada, e a sua formac;:13.ode- pende basicamente de algumas condic;:6es predisponentes, tais como a presenc;:aou formac;:13.o de uma matriz ou nucleo de de- posic;:13.o,quase sempre forma- do por agregados de celulas epiteliais descamadas nos pro- cessos inflamat6rios do trato urinario; por conglomerados de baeterias; por aglomerados de fibrina ou de muco, e, excepcio- nalmente, por corpos estranhos. As urolitrases podem tambem se formar por precipitac;:13.ode solutos devido as instabilidades na concentrac;:13.ourinaria, for- mando, particularmente, precipi- tados de silica que podem es- tar combinados com carbonatos ou oxalatos de calcio, am6nia e magnesio, e por fatores que fa- vorecem as concrec;:6es, princi- palmente a mucoproteina, con- solidando os sais precipitados para a formac;:13.odo calculo. Os calculos SaG compostos principal mente por carbonato de calcio, nos cavalos alimentados com feno ou que se alimentam predominantemente de pas- tagens. Por outro lado, cavalos alimentados com rac;:6esconten- do altos niveis de gr13.ospodem desenvolver urolitos compostos por f6sforo. Os calculos urinarios no ca- valo podem variar de tamanho e numero, mas, em geral, e for- mada somente uma concrec;:13.o que pode chegar ate 15 centr- metros ou mais de diametro. Os sintomas da presenc;:ade calculo vesical variam muito e de- pendem do tamanho e da com- posic;:13.oda "pedra". Os calculos vesicais comumente causam cis- tite, e 0 animal pode apresentar evidente desconforto abdominal, encurvamento da coluna 10mbar (xifose), dificuldade locomotora posterior e relutancia para trotar e galopar. 0 cavalo apresenta tenesmo e dor a micc;:13.o,e a uri- na pode estar de colorac;:13.over- melha (hematuria), devido a les13.o vascular na parede da bexiga, ou apenas manchada de sangue no final da micc;:13.o.Perda de peso cr6nica pode ocorrer em cavalos com calculos vesicais,quando as- sociada a quadros de desconfor- to abdominal de graus leves e es- poradicos.Ocasionalmente, 0 cal- culo podera obstruir 0 trigono ve- sical, impedindo 0 escoamento da . urinaatraves da uretra.Nestas cir- cunstancias, 0 desconforto abdo- minal se torna mais evidente, 0 animal fica inquieto e manifesta quadro de falsa c6lica, emitindo gemidos. A ruptura da bexiga pro- duz alivio no quadro doloroso, po- rem, devido ao escoamento de urina para a cavidade abdominal, rapidamente 0 cavalo entra em uremia,cujo quadro final pode ser a morte. o diagnostico se baseia nos sinais c1inicos e na evolu<;:aoda doen<;:a,e poden§.ser confirma- do atraves de palpa<;:aoretal, de ultra-sonografia e de Raios-X. Ouando 0 quadro e de anuria e a bexiga vesical estiver disten- dida, a interven<;:aodeve ser ra- pida devido a possibilidade de ocorrer ruptura. Nestas circuns- tancias, 0 cavalo ira apresentar distensao abdominal e niveis de ureia serica elevados. o tratamento conservador esta voltado apenas para 0 ali- via do desconforto, e deve ser instituido imediatamente com a utiliza<;:aode drogas antiespas- modicas. A fluidoterapia, quan- do se fizer necessaria, podera ser realizada apenas se nao houver sinais de obstru<;:aouri- naria completa, e mesmo assim, em infusao lenta com 0 animal monitorizado ate 0 final. o tratamento definitivo e rea- lizado atraves da cistotomia para a retirada do cai(:;ulo,instituindo- se posteriormente, aplica<;:6esde anti-septicos urinarios e antibio- ticoterapia. Fig. 9.2 Ultra-som da bexiga contendo calculo ov6ide. Figura 9.3 Calculo vesical ov6ide.
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