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10 AfeC90es do Aparelho Reprodutor do Macho 1. rins; 2. ureteres; 3. bexiga urinaria; 4. vesicula seminal; 5. pr6s- tata; 6. glandula bulbouretral; 7.sinfise publica; 8. musculo gracilis; 9. cordao espermatico; 10. corpo do penis; 11. musculo retrator do penis; 12. uretra; 13. epididimo; 14. testiculo; 15. bolsa escro- tal; 16. bainha externa do prepucio; 17.bainha prepucial; 18. apen- dice uretral; 19. glande. 10.1. Anatomia e considera~oesgerais. semen; pela pr6stata que tam- bem produz um Ifquido caracte- rfstico; glandulas bulbouretrais; pela uretra, que constitui um ca- nal misto, dando passagem as secrec;:6es reprodutivas e urina- rias, e pelo penis que constitui 0 6rgao copulador masculino. Os testfculos SaGos principais 6rgaos do aparelho genital mas- culino por efetuarem duas fun- c;:6esessenciais: a espermatoge- nica e androgenica. Os testfculos estao situados no interior da bol- o aparelho reprodutor do ga- ranhao e composto por dois tes- tfculos que SaGglandulas essen- ciais para a reproduc;:ao,produ- zindo horm6nios masculinos e os espermatoz6ides; pelos condu- tos ou canal deferente, que ser- ve de via secretora dos testfcu- los; pelas vesfculas seminais, que produzem um Ifquido caracterfs- tico que entra na formac;:ao do sa escrotal que forma uma do- bra cutanea, que internamente esta recoberta por um prolonga- mento peritoneal chamado de tunica vaginal comum. A bolsa escrotal exerce uma importante func;:ao;alem de alojar os testfcu- los, e a estrutura que realiza 0 controle termico, pois a atividade glandular e tambem regulada pela temperatura a que os testfculos estao submetidos. Ouando a bol- sa escrotal. aparece relaxada, ocorre um aumento da sua su- perffcie externa permitindo maior perda de calor, e ao ser exposta ao frio, 0 musculo cremaster ex- terno e a tUnica dartos se contra- em, reduzindo a superffcie exter- na,diminuindo desta forma a per- da de calor. Basicamente, 0 testf- culo e constitufdo externamente por uma tunica albugfnea, que e a capsula testicular, por septos interlobares e pelos tubos semi- nfferos, que se unem no centro do testfculo para formarem varios condutos eferentes que atraves- sam a albugfnea e penetram na cabec;:ado epidfdimo como um conduto unico. o epidfdimo permanece uni- do ao testfculo e e formado pela cabec;:a,corpo e cauda; desem- penha as func;:6esde transporte, concentrac;:ao e armazenamen- to, alem de proporcionar a ma- turac;:aodos espermatoz6ides. A cauda do epidfdimo se une gradualmente ao canal deferen- te que forma parte do canal ex- cretor de espermatoz6ides, ate atingir a uretra que recebe os condutos excretores das vesIcu- las seminais, glandulas bulbou- retrais e da prostata. Junto ao canal deferente encontram-se as arterias e veias espermaticas, vasos linfaticos, nervos e 0 mus- culo cremaster, formando 0 cor- dao espermatico. o penis do cavalo e uma for- ma<;aocilfndrica e pode ser divi- dido em raiz,corpo e glande; sua estrutura e composta essencial- mente par tecido eretil que se enche de sangue durante a ere- <;aoe a copula. A glande ou ex- tremidade livre do penis tem uma forma caracterfstica no cavalo e apresenta, ainda, 0 apendice uretral que se projeta para 0 ex- terior do penis. 0 tecido que re- cobre a glande e fino, desprovi- do de glandulas e ricamente iner- vado para auxiliar na transmis- sao dos estlmulos da copula para que a ejacula<;ao se processe. Externamente, 0 penis e reco- berto por uma invagina<;ao du- pia da pele, cobrindo a por<;ao livre quando este nao esta em ere<;ao.A dobra externa do pre- pucio se estende ate proximo ao umbigo, onde forma 0 ostio pre- pucial em sentido ao interior da bolsa do prepucio, formando a invagina<;ao tubular secundaria que contem 0 penis relaxado. Durante a mic<;ao, fisiologica- mente, 0 cavalo relaxa 0 penis, exteriorizando-o, para em segui- da tornar a recolhe-Io. 10.2. Aplasia e hipoplasia testicular. A aplasia testicular, embora seja evento extremamente raro, consiste na ausencia de um ou de ambos os testlculos, seja na bolsa escrotal ou ate mesmo da cavidade abdominal. A aplasia de apenas um dos testfculos carac- terizaria 0 cavalo como sendo monorqufdico. A hipoplasia do testfculo e considerada como a interrup<;ao no desenvolvimento em tama- nho e fun<;ao, quer 0 testlculo esteja localizado na bolsa escro- tal, no trajeto do canal inguinal. ou no interior da cavidade ab- dominal. Dentre os fatores a- pontados como responsaveis pela hipoplasia testicular desta- cam-se as infec<;6es transpla- centarias, criptorquidia idiopa- tica, intoxica<;6es da egua du- rante 0 perfodo de gesta<;ao,de- ficiencias hormonais, interrup- <;aoda migra<;aotesticular, anor- malidades de cariotipo, afec- <;6es vasculares intrfnsecas ao testfculo, e administra<;ao pro- longada de antiinflamatorios hormonais em garanh6es e po- tros em desenvolvimento. A avalia<;ao do diametro da bolsa escrotal permite a elabo- ra<;aoda suspeita de hipoplasia testicular. Garanh6es em ativida- de reprodutiva, quando possuem testlculos hipoplasicos, apresen- tarao diametro da bolsa escrotal abaixo de 3'2 centlmetros em media, alem de aspermia ou al- tera<;6es espermaticas que tor- nam 0 cavalo subfertil. o tratamento e inconsisten- te e dependera da suspeita eti- ologica do processo. Em geral, em razao da multiplicidade dos fatores etiopatogenicos e dos resultados terapeuticos ruins, 0 cavalo devera ser retirado da reprodu<;ao e orquiectomizado. Consiste na falha de desci- da de um ou de ambos os testl- culos para a bolsa escrotal. Os potros ao nascerem, ge- ralmente apresentam ambos os testlculos na bolsa escrotal, re- gidos por mecanismos hormo- nais espedficos e por um am- plo anel inguinal que, as vezes, possibilita a forma<;ao da her- nia inguino-escrotal. Ocasionalmente, os potros ao nascerem nao apresentam os testfculos nas bolsas, 0 que os situam como animais predispos- tos, quando atingirem a idade de '2 a 3 anos, a serem considera- dos criptorqufdico abdominal ou inguinal, devido a localiza<;ao anormal dos testlculos. Existem fortes indfcios de que a interrup<;aoou ausencia de migra<;ao dos testfculos para 0 interior da bolsa escrotal seja por predisposi<;aohereditaria, supos- tamente dominante no cavalo, com um padrao poligenico de transmissao, e recessiva simples em outras especies. o criptorquidismo pode ser unilateral ou bilateral, com 0 tes- t1culo localizado na cavidade ab- dominal ou no trajeto do canal inguinal. Mais raramente pode- mos ter caval os com ausencia de um ou de ambos os testfcu- los em razao dedisgenesia tes- ticular. Em geral, a criptarquidia e unilateral, prevalecendo a do lado esquerdo. o testlculo intra-abdominal nao produz espermatozoides via- veis em razao da temperatura do abdomen ser de 0,5 a 4,0 graus acima da temperatura intra-es- crotal ideal, porem, as celulas es- permatogenicas se mantem ati- vas e secretam testosterona. Os cavalos criptorqurdicos unilaterais desenvolvem caraeterrsticas se- xuais secundarias normais, ape- sar de apresentarem concentra- c;:aoespermatica reduzida,em ra- zaode seus testrculos produzirem e secretarem testosterona em nrveis proximos dos normais. A migrac;:ao ou descida dos testrculos nos mamrferos ocor- re por um processo de reg res- san do gubernacufun testis, que se estende do polo caudal do testlculo em direc;:aoao anel in- guinal externo. A trac;:aoque se desenvolve devido a regressao do ligamento, em sua porc;:ao extra-abdominal do gubernacu- fun, traz 0 testrculo para 0 traje- to do canal inguinal e para sua posic;:ao normal no interior do saco escrotal. Os mecanismos de regressao do gubernacufun san tambem hormonio depen- dentes, sendo que a deficiencia de gonadotrofina poderia ser responsavel pela falha na des- cida testicular. Outracausa de criptorquidismo em cavalos e 0 anel inguinal estreito, e a migra- c;:aotardia, 0 que impossibilita- ria 0 testlculo de passar ao in- terior da bolsa escrotal. Ouando a criptorquidia e bi- lateral, 0 cavalo e infertil, e, ge- ralmente, san mais nervosos do que garanh6es normais, tornan- do-se mais agressivos e com li- bido aumentado, devido a maior produc;:aode hormonios mascu- linos no testlculo retido. Ao exame, 0 que se observa primariamente e a ausencia de um ou ambos os testrculos den- tro da bolsa escrotal, sendo con- siderados criptorqurdicos os ca- valos que apresentarem esta con- dic;:aoja a partir do segundo ana de vida. 0 testrculo retido pode ser palpado por via transretal. Frequentemente, os cavalos que apresentam criptorquidia uni- lateral possuem 0 testrculo que ficou retido, hipoplasico, de con- sistencia mole, apesar de ter al- terac;:6esfibroticas em seus con- dutos, principal mente na cauda do epidrdimo. Testrculos retidos no trajeto do canal inguinal po- dem apresentar edema e altera- c;:6esdegenerativas. o diagnostico da criptorqui- dia inguinal e abdominal e rea- lizado pela observac;:ao da au- sencia do testlculo na bolsa es- crotal, pela palpac;:aoretal; sen- do que, nos casos de retenc;:ao inguinal, pela palpac;:aodo anel inguinal externo, sera possrvel observar-se a insinuac;:aoda cau- da do epidrdimo atraves do anel. A ultra-sonografia transretal pode ser utilizada e fornece ele- mentos morfometricos do testr- culo retido. o diagnostico c1rnicopode ser consubstanciado por avaliac;:ao laboratorial atraves de dosagens da concentrac;:aoserica da testos- terona. Cavalos criptorqurdicos podem apresentar concentrac;:6es basais elevadas de testosterona, o que poderia justificar a libido exacerbada Entretanto, estudos recentes sugerem nao haver di- ferenc;:as significativas entre os nrveis de testosterona serica en- Figura 10.2 Hipoplasia testicular na criptorquidia. tre animais normais e criptor- quidicos inquinais ou abdominais. A dosagem serica dos niveis de testosterona e realizada atraves de radioimunoensaio apos a ad- ministrac;:aode 6.000 a 12.000 UI de hCG (gonadotrofina corio- nica humana), pela via intraveno- sa, 0 que ira aumentar a sintese e secrec;:aode testosterona pe- las celulas de Leydig dos testlcu- los, produzindo elevac;:aodos ni- veis de testosterona circulante entre 30 e 120 minutos apos a administrac;:ao.Os resultados des- te teste em cavalos com menos de 18 meses de idade sac mais significativos quando 0 soro e co- Ihido apos 24 horas, melhorando a confiabilidade do diagnostico do criptorquidismo. 0 nivel plasma- tico de estrogeno tambem pode se constituir em um bom indica- dor de criptorquidismo. E frequente 0 medico veteri- nario deparar-se com cavalos sem os testlculos alojados na bolsa e com historico de ter sido cirurgicamente removido apenas Figura 10.3 Testfculo intra-abdominal na criptorquidia. (foto gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Luiz Claudio Lopes Correia da Silva) um. Nestas situac;:6es,a avalia- c;:aodos niveis sericos de testos- terona possibilita 0 diagnostico diferencial com 0 monorquidismo verdadeiro com mais de 90% de seguranc;:a. o tratamento mais eficaz e 0 cirurgico realizando-se a orquiec- tomia pelas vias inguinal, pre- inguinal, pre-pubica, parame- diana, paraprepucial, pela fossa paralombar ou por cirurgia trans- endoscopica. Tratamentos a base de hor- monios, realizados na tentativa de se induzir a descida dos tes- t1culos, nao produzem nos equi- nos os mesmos resultados obti- dos na criptorquidia no homem. Animais portadores de crip- torquidia, mesmo unilateral, pre- ventivamente nao devem ser aproveitados como garanh6es, visto que existem evidencias de participac;:aode componente he- reditario no processo, 0 que in- dici3-riaa orquiedomia bilateral. 10.4. Tor~ao do cordao espermatico. E 0 deslocamento do testl- culo e consequentemente do cordao espermatico, que pode- ra ocorrer no sentido horario ou anti-horario. A torc;:ao do cordao esper- matico e possivel de ocorrer em garanh6es que apresentam 0 ligamento caudal do epididimo longo e "frouxo". As torc;:6es abaixo de 90° podem se apre- sentar sem qualquer sinal c1ini- co consideravel e reverterem-se espontaneamente; rotac;:6esate 180° demonstram quadros c1i- nicos moderados, ao passo que torc;:6es acima de 180° em ge- ral, sac caraderizadas por situa- c;:6esde extrema urgencia c1ini- co-cirurgica. Clinicamente 0 quadro e de desconforto abdominal agudo, com manifestac;:6es de dor de intensidade que pode variar con- forme 0 grau detorc;:ao. A res- posta neurogenica desencadea- da pela isquemia aguda causa reac;:aoadrenergica semelhante aos quadros de desconforto ab- dominal agudo de origem gas- trenterica, caraderizada por ele- vac;:aodas frequencias cardiaca e respiratoria; aumento de volu- me, da temperatura e da sensi- bilidade no testiculo correspon- dente a torc;:ao;a bolsa escrotal estara retraida e extremamente sensivel ao toque. o diagnostico e realizadocom base no quadro c1inicode inten- so desconforto, que se asseme- Iha as colicas causada por herni- as inguino-escrotais, e na detec- c;:aoda torc;:ao,que se constata em alguns casos, pela inversao da posic;:aode referencia entre a ca- bec;:ae a cauda do epididimo no interior da bolsa escrotal. Normal- mente a cabec;:ado epididimo si- tua-se cranio-dorsalmente, ao passo que a cauda direciona-se caudalmente ao eixo longitudinal do corpo do cavalo. o tratamento consiste em sustentac;:aovolemica com solu- c;:6espolionicas, com sedac;:aoe manobras manuais no sentido oposto a torc;:ao,nos casos ate 180°, Em ton;oes mais graves (>180°), au no insucesso das manobras manuais, deve-se op- tar pela tratamento cirurgico, E de extrema importancia a fato de que torc;:oescom mais de 6 ho- ras de ocorrencia, em geral, de- yam ser tratadas com orquiec- tomia, uma vezque as les6es que se instalam sao irreverslveis, alem da possibilidade do testl- culo comprometido desencadear resposta imunologica devido a isquemia e quebra da barreira hematica aos espermatozoides, E a processo inflamatorio que se instala nos testlculos e que pode ser devido a traumas, como coices, au decorrentes de complicac;:oes de enfermidades infecciosas, principal mente a brucelose, A orquite pode acometer in- distintamente um au as dais tes- t1culos, que se apresentam fir- mes, quentes, dolorosos e, qua- se sempre, aumentados de vo- lume, Eventualmente, a orquite e a epididimite, que e a inflama- c;:aodo epidldimo, ocorrem con- comitantemente, 0 aumento do volume pode persistir par um perlodo consideravel e a testl- culo sofrer necrose par liquefa- c;:aoe fibrosar-se. Os cavalos acometidos po- dem ficar estereis temporaria au . definitivamente, perdendo a li- bido, na dependencia do grau de acometimento do testlculo. A 10- comoc;:aopode estar dificultada devido a dor, a apetite pode es- tar diminuldo e a cavalo apati- co, Raramente ocorre absce- dac;:aoe fistulizac;:ao do testlcu- 10 comprometido. Ouando a orquite se instalar devido a traumas como co ices, por exemplo, podera ocorrer der- rame sangulneo no interior da balsa escrotal au mais tardiamen- te a hidrocele, Nestas circunstan- cias, e comumque acontec;:aa quebra da barreira tecidual e a organismo desenvolver processo auto-imune com formac;:ao de anticorpos antiespermatoz6ides, determinando serio comprometi- menta a fertilidade do garanhao, o processo traumatico podera levar a fibrosamento testicular, conduzindo quase sempre a tra- tamento para a orquieetomia, que se for unilateral, ainda preservara a fertilidade do animal. o diagn6stico e muito sim- ples de ser feito quando se ob- serva a aumento de volume do testlculo; porem, deve-se aten- tar para a fato de que a hernia inguino-escrotaltambem produz aumento de volume, so que da balsa escrotal, podendo, entre- tanto, causar confusao quanta ao quadro, principal mente quan- do pequena quantidade de alc;:a do intestino delgado se exte- rioriza pelo anel inguinal exter- no, 0 diagn6stico diferencial assim como a observac;:ao de les6es testicular podera ser rea- lizada pela ultra-sonografia, o tratamento, nos casas de trauma, deve ser realizado apli- cando-se ducha par aspersao, na balsa escrotal e aplicac;:aode antiinflamat6rios pela via intra- venosa au intramuscular profun- da, podendo ser na dose de 4,4 mg/kg de butazolidina au 1,1 mg/kg de flunixin meglu- mine, au mesmo a esquema ge- ral de corticosteroides. Nos pa- cientes em que aparentemente nao existe nenhuma razao para justificar a orquite, convem soli- citar a prova de soro-aglutina- c;:aopara a brucelose. Sempre que algum garanhao tenha sofrido orquite, a realizac;:ao de espermograma e imprescindl- vel para que se possa avaliar a fertilidade do animal antes que ele inicie a temporada de manta au colheita de semem, poupando, desta forma, posslveis dissabores quanta aos resultados de cober- turas au inseminac;:ao, 10.6. Orquiectomia e funiculite de castra~ao. A orquieetomia au castra- <;aoe realizada, desde que nao se tenha a objetivo de selecio- nar animais de alto valor zoo- tecnico como garanhoes, para que atraves da abla<;aodos tes- t1culos, e consequentemente da nao-produc;:ao de horm6nios sexuais masculinos, se consi- ga um cavalo docil, sem libido, para ser utilizado como monta- ria de trabalho au esportiva, o cavalo tradicionalmente vem sendo castrado par "pe6es" au por "praticos", que raramente utilizamcuidados quanta aassep- sia e anti-sepsia dos instrumen- tos usados para a castra<;:ao, as- sim como a higiene das maos e da bolsa escratal. Por esta razao, frequentemente deparamos com complica<;:6es p6s-castra<;:ao, que acometem, principal mente 0 funfculo ou 0 cordao espermatico. Esta pratica se constitui em exer- cicio ilegal da Medicina Veterina- ria, implicando em sans6es de ordem legal. Funiculite como cientificamen- te e conhecida, e 0 processo que se instala no cordao espermatico, decorrente de contamina<;:ao local durante a cirurgia ou no p6s-ope- rat6rio. 0 cordao inflamado deter- mina uma lesao cronica de toda a regiao ate atingir 0 canal inguinal, e, eventualmente, pode alcan<;:ar o interior da cavidade abdominal. o cordao inflamado apresen- ta-se endurecido, quente e pode projetar-se atraves da incisao da bolsa escratal. A ferida nao cica- triza e pode deixar fluir uma se- cre<;:ao purulenta causada pelo S aureus, 0 mesmo germe respon- savel pela Botriomicose. Ouase sempre aparece um edema de prepucio, que pode se estender pelo abdomen, ate atingir a regiao peitoral. 0 cavalo tem dificuldade para se locomover, perde 0 ape- tite e fica apatico. 0 tetano pode se instalar quando nao forem to- madas medidas preventivas como vacina<;:ao ou aplica<;:ao do sora antitetanico antes da cirurgia. o tratamento medico da fu- niculite e muito demorado e, qua- se sempre, produz resultados in- satisfat6rios, razao pela qual 0 tratamento cirurgico e 0 indica- do, por retirar todo 0 cordao con- Figura 10.4 Funiculite de castra<;;ao. Figura 10.5 Edema de prepucio na orquiectomia e funiculite de castra<;;ao. Figura 10.6 Cordao espermatico com funiculite - sec<;;ao sagital. taminado e estabelecer, agora sim, condi<;:6esde recupera<;:ao p6s-operat6ria atraves de cura- tivos locais e aplica<;:aosistemi- ca de antibi6ticos e antiinflama- t6rios. 0 edema do prepucio e do abdomen sera absorvido pela a<;:aodas drogas antiinflamat6ri- as e pelas duchas que se podem aplicar 3 vezes ao dia com dura- <;:aode pelo menos 20 minutos cada aplica<;:ao. 10.7. Hernia inguino- escrotal do garanhao. Pode ocorrer por predispo- si<;:aohereditaria ou pelo "alar- gamento" do anel inguinal em razao de um aumento agudo da pressao intra-abdominal, princi- palmente durante a cobertura. Algumas vezes, quando 0 aumento de volume da bolsa escrotal nao e evidente, apenas uma pequena por<;:aodo intes- tino delgado pode ter se insinu- ado no anel inguinal interno e produzir 0 quadro de desconfor- to abdominal agudo. Nestas cir- cunstancias 0 profissional deve ficar atento para este fato, pois muitos cavalos vaG a 6bito por serem tratados de forma con- servadora, por nao se ter diag- nosticado precocemente a cau- sa primaria da afec<;:ao.0 exa- me dos aneis inguinais quando da palpa<;:aoretal, nos casos de srndrome c6lica, e suficiente pa- ra a realiza<;:aodo diagn6stico diferencial, que pode ser auxili- ado por ultra-sonografia. Ouando uma extensao mai- or de al<;:as,geralmente do intes- tino delgado Qejunoou neo),des- ce para a bolsa escrotal e sofre estrangulamento quando 0 anel inguinal e estreito, 0 animal ira apresentar quadro de desconfor- to abdominal que pode ser agu- do, com intensa dor, devido ao estrangulamento da al<;:a.Nos casos em que 0 anel inguinal e amplo, pode nao ocorrer mani- festa<;:aoc1rnicaimediata, poden- do, a qualquer momento, apre- sentar encarceramento e estran- gulamento que desencadearia quadro clrnico semelhante as manifesta<;:6es agudas do des- conforto abdominal. 0 quadro agudo e consequente ao estran- gulamento da al<;ae a interrup- <;:aodo fluxo sangurneo em gran- des vasos do mesenterio. 0 ca- vale apresenta dor aguda inten- sa e intratavel, no inrcio do pro- cesso; quadro de toxemia, carac- terizado por conjuntivas conges- tas, aumento da frequencia car- Figura 10.7 Hernia inguino-escrotal do garanhao. dfaca, da frequencia respirat6ria e do tempo de perfusao capilar e inquietac;:ao, podendo morrer em menos de 24 horas. A balsa escrotal apresentar-se-a fria, de consistencia firme e sensfvel a palpac;:ao,no infcio do processo. o testfculo ipsilateral podera es- tar retrafdo devido a dor. As hernias agudas geralmen- te sao redutfveis imediatamente ap6s a sua ocorrencia, quando, com a animal tranquilizado, por palpac;:aopela via pela via retal, podemos tracionar delicadamen- te a alc;:apara 0 interior do abdo- men, ou entao reduzi-Ia pela via escrotal realizando-se pressao de baixo para cima com as pon- tas dos dedos (taxe), muito em- bora, na maio ria das vezes, seja necessaria a instituic;:ao do tra- tamento cirurgico. E de fundamental importan- cia que 0 atendimento do ga- ranhao com hernia inguino-es- crotal seja feito sempre em ca- rater emergencial, devido a pos- sibilidade de necrose do seg- mento de alc;:aherniado. Nestas condic;:6es, a evoluc;:aodo qua- dro c1fnico e rapida e a deterio- rac;:aodas alc;:asestranguladas, pode ocorrer em torno da 6a ho- ra do infcio do processo. Sempre que houver informa- c;:aode que 0 garanhao mani- festou sinais de dor abdominal ap6s a cobertura, suspeite, ini- cialmente, de que possa ter ocorrido a instalac;:aode hernia inguinal au inguino-escrotal. As hernias cronicas devem ser tratadas 0 mais precoce- mente possfvel, antes que os sintomas de obstruc;:ao possam se manifestar e colocar a ani- mal em risco de morte. 0 trata- menta de eleic;:aoe 0 cirurgico, sendo recomendada a remoc;:ao do testfculo correspondente ao lado comprometido. com habitos de masturbac;:ao contra 0 abdomen au objetos. Os ferimentos do penis e pre- pucio quase sempre saG com- plicados pela ac;:aoirritante da urina e do esmegma, produzin- do intenso processo inflamat6- rio com edema que pode pro- longar-se pela parede do abdo- men ate a regiao peitoral. Quan- do no penis, 0 processo infla- mat6rio podera determinar pa- rafimose, isto e, impossibilidade de retenc;:ao do penis no inte- rior do prepucio. 10.8. Feridas no prepucio e penis. Podem ser consequentes a traumas diretos por corpos estra-nhos, ou decorrentes de animais Figura 10.8 Habronemose na glande. A irritac;:aoe 0 "ardor" produ- zidos pela urina que escorre pelo prepucio, devido a impos- sibilidade reflexa de expor 0 penis no momento da micc;:ao, agravam a lesao, tornando-a exsudativa e atrativa as moscas que podem depositar ovos que desenvolvem larvas e formam a mifase, ou transferem a lesao, larvas de Habronema, transfor- mando uma simples ferida em granuloma parasitario de diffcil cicatrizac;:ao. o diagn6stico nas fases ini- ciais e feito pelo exame do pe- nis e prepucio, ap6s se observar dificuldades de exteriorizac;:aoe micc;:ao.Ouase sempre as feri- das saG extensas, brilhantes, exsudam secrec;:ao purulenta e apresentam mifase. 0 prepucio pode apresentar-se edemaciado, quente e dolorido a palpac;:ao profunda. o tratamento e feito lavan- do-se cuidadosamente a ferida com agua e sabao comum, ate que esteja total mente livre de secrec;:6ese tecido necr6tico. Se houver mifase, instile c1orof6r- mio ou drogas larvicidas e reti- re cuidadosamente larva por lar- va. Em seguida, passe uma so- luc;:aode glicerina iodada a 10%. Oeixe secar e unte a ferida com nitrofurazona pomada adiciona- da de larvicida. Fac;:aesta ma- nobra 2 vezes ao dia. Caso 0 ferimento nao cicatrize em mais ou menos 1 semana, solicite 0 exame diferencial de habrone- mose cutanea e de carcinoma, enviando uma bi6psia da lesao a um laborat6rio de patologia. Em se tratando de habronemo- se ou carcinoma, a remoc;:aoci- rurgica e a melhor forma de se eliminar 0 problema. Em ferimentos extensos que comprometem a glande, os te- cidos cavernosos e a uretra, a peneetomia parcial pode ser 0 tratamento de eleic;:ao. Figura 10.9 Edema de prepucio. 10.9. Parafimose- paralisia do penis. A parafimose e a impossibi- lidade de retrac;:aodo penis para a cavidade prepucial, e se ca- raeteriza pela exteriorizac;:ao to- tal e flacida do penis atraves do prepucio, causada principal- mente por paralisias motoras pr6prias do musculo retrator, ou secundarias, como consequen- cia do uso de drogas tranquili- zantes como a acepromazina. Raramente a paralisia do penis ocorre por complicac;:6es de ou- tras molestias, principal mente as infecciosas e parasitarias. o quadro aparece comu- mente ap6s a tranquilizac;:ao de animais com drogas como a acepromazina, eo animal apre- senta impossibilidade de reco- Iher 0 penis, mesmo ap6s ter cessado 0 efeito tranquilizante. o 6rgao pende entre as pernas, sofre traumatismo, pela fricc;:ao e ac;:aode corpos estranhos e aumenta de volume devido a inflamac;:ao e ao edema. Pode apresentar, a priori, sulcos se- melhantes a aneis e mais tarde escoriac;:6ese feridas. Oevido ao edema e constric;:aoda uretra, 0 cavalo podera apresentar difi- culdade de micc;:ao, urinando pouco e aos jatos, ou frequente e em gotas. o diagn6stico e simples de ser feito devido a exteriorizac;:ao flacida permanente do penis, sendo 0 tratamento medico pa- liativo, demorado e raramente suficiente para a cura. No en- tanto, deve ser tentado, lavan- do-se 0 penis diariamente com agua moma e sabao, para em seguida imergi-Io em soluc;:aode permanganato de potassio a 1:5000, Ap6s a imersao, que deve durar cerca de 5 minutos, enxugue 0 penis e aplique so- bre a ferida nitrofurazona poma- da. Concomitantemente, aplique pela via intramuscular 19 de vi- tamina B 1, a cada 48 horas, e 20,000 mcg de vitamina B12 ao dia. 0 tratamento sera trabalho- so e prolongado. Se 0 resultado for parcial ou muito demorado, ou se as les6es do penis forem demasiadamente graves, have- ra necessidade de se realizar a amputac;:ao e implantac;:ao da uretra na porc;:ao anterior do coto, 0 que impossibilitara, no caso de garanh6es, 0 ato sexual. Figura 10.10 Paralisia de penis. 10.10. Tripanossomose (durina). A durina e uma enfermida- de contagiosa causada pelo Trypanosoma equiperdum e que produz sinais predominante- mente nos 6rgaos genitais do macho e da femea. A transmissao da doenc;:a ocorre somente pelo coito, atra- yes de um macho infedado que elimina tripanossomos com a se- crec;:ao uretral, ou mesmo um macho nao infedado que atue como transmissor mecanico do agente, 0 perlodo de incubac;:ao da afecc;:aoe muito variavel, po- dendo ser de 2 a 4 semanas, es- tendendo-se, excepcionalmente, ate 12 semanas, Os tripanos- somos ao invadirem 0 organismo animal, se multiplicam no local da invasaoe posteriormente atingem outros tecidos como os nervos alem de causarem les6es nos vasos sangulneos. Clinicamente, a durina pode ter suas manifestac;:6esdivididas em tres fases distintas, A primei- ra, que pode ocorrer entre 0 10° e 0 20° dia depois da monta, se apresenta, no garanhao, como um edema de prepucio que pode se estender ate a bolsa escrotal, regiao inguinal e a por- c;:aoventral do abdomen; a glan- de pode tambem ser atingida pelo edema, assim como os lin- fonodos regionais. Ha corrimen- to mucopurulento pela uretra, que produz ardor a micc;:ao e tenesmos esporadicos acompa- nhados de ligeiras erec;:6es do penis. 0 edema, via de regra, e indolor. Nas eguas, a vulva se apresenta edemaciada e acom- panhadade intenso corrimento viscoso; a vagina esta hiperemi- ca e ocasionalmente pode apre- sentar ulcera<;oes. As eguas podem exibir sinais semelhan- tes ao cio devido a irrita<;ao das mucosas genitais. Nesta fase, a temperatura geralmente nao ul- trapassa 38,5°C e os animais afetados podem ter seu apetite diminurdo. Garanhoes doentes quando cobrem eguas podem apresentar ligeira sensibilidade na regiao 10mbar, prejudicando, desta forma, a monta. A segunda fase se manifes- ta pelo aparecimento de placas urticariformes de 2 a 5 centrme- tros de diametro, distriburdas pelo costado do animal, na ga- rupa e, mais raramente, na es- capula e pesco<;o. As placas podem desaparecer em poucas horas ou dias, reaparecendo sucessivamente, podendo per- sistir por varias seman as. 0 ca- vale fica debilitado, emagrece e, quando se deita, levanta com muita dificuldade. A locomo<;ao come<;a a se tomar diflcil e 0 animal pode arrastar os mem- bras no solo. As vezes, ocorrem sinovites nos membros poste- riores, os linfonodos inguinais hipertrofiam-se e as eguas abor- tam com muita frequencia. A terceira fase e a de ane- mia e de paraplegia. Os animais apresentam extrema magreza, mucosas palidas, e, praticamen- te, permanecem todos os tem- pos em decubito. As eguas que nao abortaram na segunda fase abortam nessa. Os sinais de paralisias sac muito evidentes e a morte pode acontecer neste perrodo. A enfermidade pode durar ate cerca de um ana para terminar seu curso fatal. Quan- do de forma benigna, onde os sintomas sac amenos, a doen- <;a pode se manter de forma subclrnica e 0 animal transfor- mar-se em portador e propa- gador por muitos anos. o diagn6stico e baseado nos sinais c1rnicos,pois a durina nao apresenta sintomas que se confundem com outras doen- <;as.0 tripanossomo pode, na fase precoce, ser detectado no sangue e no exsudato da ure- tra e vagina, para a confirma- <;aodo diagn6stico. o tratamento e inconsistente e com resultados variaveis. A diazoaminodibenzamrdina pode ser utilizadacomo droga tripanos- somicida Sempre convem asso- ciar um tratamento coadjuvante para combater a anemia e a que- da do estado geral do animal. Nos rebanhos em que a du- rina se manifestou em plena es- ta<;ao de monta, deve-se inter- romper as coberturas e subme- ter todos os animais que estive- rem em contato a exames espe- dficos de sangue e exsudatos uretral e vaginal. Mesmo que os tripanossomos nao sejam visua- lizados nos exames de rotina, solicite a realiza<;aode provas de fixa<;aode complemento, que se constitui em excelente recurso diagn6stico para a erradica<;ao da doen<;a,evitando-se assim a sua propaga<;ao. 10.11. Tumoresdo prepucio e penis. Os tumores do prepucio e penis nao sac raros e podem acometer os equinos, principal- mente despigmentados, ou se- rem consequentes da a<;ao cancerrgena do esmegma pro- duzido pelas glandulas prepuci- ais, em cavalos que nao sac higienizados periodicamente. Dos tumores do prepucio e do penis, 0 mais comum e 0 carcinoma, que se manifesta ini- cialmente como um pequeno ferimento que progride e inva- de 0 local, a despeito de qual- quer tratamento institurdo. 0 tumor podera ser tom ado por mirase e a lesao assemelhar-se, quando no prepucio, em muito as feridas comuns. Figura 10.11 Carcinoma na glande. Ouando se instala no penis, geralmente e a glande que e atingida, podendo comprometer inclusive a proeminencia uretral causando dificuldade na mic- <;:ao,ou a mic<;:aoocorrer sem a exterioriza<;:aodo penis. o diagn6stico especffico ge- ralmente e tardio e decorre de tratamentos infrutrferos institu- idos para tratar uma ferida co- mum. Frequentemente 0 medi- co veterinario devera recorrer a bi6psia da lesao, encaminhan- do 0 fragmento a um laborat6- rio de anatomia patol6gica para que 0 diagn6stico diferencial com habronemose seja realiza- do pelo exame histopatol6gico. o tratamento sempre sera a amputa<;:ao parcial do penis, 0 que evita a possibilidade do tu- mor se disseminar, ou a res- sec<;:aoda massa tumoral quan- do 0 carcinoma for localizado no prepucio. Nesta situa<;:ao,0 su- cesso da cirurgia depende ex- c1usivamente do tamanho do tumor e do grau de invasao em tecidos circunvizinhos. Frequentemente a ressec- <;:aode carcinomas prepuciais, que ja apresentam caracteristi- cas invasivas, determinam me- tastases em varios 6rgaos, le- vando 0 animallenta e progres- sivamente a morte. Figura 10.12 Carcinoma no prepucio.
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