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CENTRO DE CIÊNCIAS JURIDICAS DIREITO CIVIL – PARTE GERAL SUJEITO, OBJETO E FATO Prof.: ROMEO A. NEDEL Guaíba, 2017 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 2 AOS DISCENTES Este breve apanhado da disciplina de Direito Civil - Parte Geral tem por objetivo auxiliar os alunos em sala de aula, reduzindo o tempo desperdiçado para a anotação dos conceitos básicos para compreensão da matéria. Não se pretende de modo algum, desvirtuá-los da leitura dos livros de doutrina constantes do programa, dos quais este é fruto. Ao contrário, aqueles deverão constituir-se em material indispensável para o aprendizado constante dos futuros advogados, administradores da justiça. “As eventuais incorreções que porventura este trabalho possa apresentar serão corrigidas em revisões posteriores e sob minha inteira responsabilidade”. Prof.: Romeo A. Nedel DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 6 1. O DIREITO ......................................................................................................................................................... 7 CONCEITO ........................................................................................................................................................ 9 1.1DIVISÃO FORMAL DO DIREITO............................................................................................................ 11 1.1.1 Direito Privado ..................................................................................................................................... 12 1.1.2 Direito do Trabalho .............................................................................................................................. 13 1.1.3 Direito Econômico ................................................................................................................................ 13 1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIAS DO DIREITO CIVIL ................................................................... 14 1.3 FONTES DO DIREITO ............................................................................................................................. 14 1.4 LEI .............................................................................................................................................................. 14 1.4.1 Caracteres ............................................................................................................................................ 15 1.4.1.1 Obrigatoriedade ............................................................................................................................. 15 1.4.1.2 Generalidade .................................................................................................................................. 15 1.4.2 Classificação da Lei Quanto à: ............................................................................................................ 15 1.4.2.1 Duração.......................................................................................................................................... 15 1.4.2.2 Amplitude ........................................................................................ Erro! Indicador não definido. 1.4.2.3 À Intensidade da Coação ................................................................. Erro! Indicador não definido. 1.4.2.4 Sanção ........................................................................................................................................... 16 1.5 COSTUME .................................................................................................................................................. 17 1.6 NORMAS .................................................................................................................................................... 17 1.7 JURISPRUDÊNCIA .................................................................................................................................. 17 1.8 DOUTRINA ................................................................................................................................................ 18 1.9 NORMA JURÍDICA ................................................................................................................................... 18 1.10 REGRA JURÍDICA .................................................................................................................................. 19 1.11 RELAÇÃO JURÍDICA ............................................................................................................................. 19 1.12 ATO JURÍDICO ....................................................................................................................................... 20 1.13 FATO JURÍDICO .................................................................................................................................... 20 1.14 A VIGÊNCIA DA LEI .............................................................................................................................. 20 1.15 FONTES ................................................................................................................................................... 21 1.16 FORMAS .................................................................................................................................................. 21 2. A PERSONALIDADE ...................................................................................................................................... 22 2.1 AS PESSOAS EM GERAL ........................................................................................................................ 22 2.1.1 Categorias ............................................................................................................................................ 22 2.1.2 Existência / Duração ............................................................................................................................ 22 2.2 PESSOAS FÍSICAS ................................................................................................................................... 23 2.2.1 Personalidade Fictícia ......................................................................................................................... 23 2.2.2 Término da Personalidade ................................................................................................................... 23 2.2.3 Ausência ............................................................................................................................................... 23 2.2.5 Direitos de Personalidade .................................................................................................................... 24 2.2.5.1 Classificação dos Direitos.............................................................................................................. 25 2.2.6 Cidadania ............................................................................................................................................. 25 2.2.7 Estrangeiro ........................................................................................................................................... 26 2.2.8 Asilo Político ........................................................................................................................................26 2.2.9 Extradição ............................................................................................................................................ 26 2.2.10 Expulsão ............................................................................................................................................. 26 2.2.11 Deportação ......................................................................................................................................... 27 2.3 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PERSONALIDADE ..................................................................................... 27 2.4 ESTADO ..................................................................................................................................................... 27 2.4.1 Espécies ................................................................................................................................................ 27 2.4.2 Características ..................................................................................................................................... 27 2.4.1 Ações de Estado .................................................................................................................................... 28 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 4 2.4.2 Da Capacidade ..................................................................................................................................... 28 2.4.2.1 de Direito ....................................................................................................................................... 28 2.4.2.2 de Fato ou Exercício ...................................................................................................................... 28 2.4.2.3 Profissional .................................................................................................................................... 29 2.4.3 Proteção dos Incapazes ........................................................................................................................ 29 2.4.4 Emancipação ........................................................................................................................................ 29 2.5 DO NOME .................................................................................................................................................. 30 2.5.1 Generalidades....................................................................................................................................... 30 2.5.2 Elementos do Nome ............................................................................................................................. 30 Pseudônimo .................................................................................................................................................. 30 2.5.3 Mudança de Nome ................................................................................................................................ 31 2.5.4.1 Regime Legal ................................................................................................................................. 31 2.5.4.2 Necessários .................................................................................................................................... 32 2.5.4.3 Voluntária ...................................................................................................................................... 32 2.5.5 Direito ao Nome ................................................................................................................................... 32 2.5.5.1 Caracteres ...................................................................................................................................... 33 2.5.5.2 Conteúdo........................................................................................................................................ 33 2.5.6 Proteção ao Nome ................................................................................................................................ 33 2.6 DO DOMICÍLIO ........................................................................................................................................ 34 2.6.1 Conceito ................................................................................................................................................ 34 2.6.2 Natureza Jurídica ................................................................................................................................. 35 2.6.3 Importância .......................................................................................................................................... 35 2.6.4 Espécies ................................................................................................................................................ 35 2.6.4.1Voluntário ....................................................................................................................................... 35 2.6.4.2 Necessário...................................................................................................................................... 35 2.6.4.3 Múltiplo ......................................................................................................................................... 36 2.6.4.4 Aparente ........................................................................................................................................ 36 2.7 DAS PESSOAS JURÍDICAS ..................................................................................................................... 36 2.7.1 Conceito ................................................................................................................................................ 36 2.7.2 Natureza Jurídica ................................................................................................................................. 37 2.7.3 Classificação ........................................................................................................................................ 37 2.7.3.1Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno .................................................................................. 37 2.7.3.2 Pessoas Jurídicas de Direito Internacional ..................................................................................... 38 2.7.3.3 Pessoas Jurídicas de Direito Privado ............................................................................................. 38 2.7.3.4 Associações ................................................................................................................................... 38 2.7.3.5 Sociedades Civis ............................................................................................................................ 39 2.7.3.6 Fundações ...................................................................................................................................... 39 2.7.4 Existência da Pessoa Jurídica ........................................................................................................ 40 2.7.5 Sede ............................................................................................................................................... 40 2.7.6 Funcionamento .............................................................................................................................. 40 2.7.7 Extinção ......................................................................................................................................... 40 3. DOS BENS ........................................................................................................................................................ 41 3.1 CONCEITO ................................................................................................................................................41 3.2 OBJETO ..................................................................................................................................................... 42 3.3 COISA ......................................................................................................................................................... 42 3.4 PRESTAÇÃO .............................................................................................................................................. 43 3.5 DIREITOS .................................................................................................................................................. 43 3.6 PATRIMÔNIO ........................................................................................................................................... 43 3.7 EMPRESA .................................................................................................................................................. 44 3.8 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ................................................................................................................. 44 3.8.1 Bens Considerados em Si Mesmos ....................................................................................................... 45 3.8.1.1 Corpóreos e Incorpóreos ................................................................................................................ 45 3.8.1.2 Bens Imóveis ................................................................................................................................. 45 3.8.1.3 Móveis ........................................................................................................................................... 46 3.8.1.4 Genéricos ou Individuais ............................................................................................................... 46 3.8.1.5 Fungíveis e Não-fungíveis ............................................................................................................. 46 3.8.1.6 Consumíveis e Não-consumíveis ................................................................................................... 47 3.8.1.7 Divisíveis e Não-divisíveis ............................................................................................................ 47 3.8.1.8 Singulares e Compostos ................................................................................................................. 47 3.8.1.9 Coletivos ........................................................................................................................................ 47 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 5 3.8.1.10 Partes ........................................................................................................................................... 48 3.8.2 Bens Reciprocamente Considerados .................................................................................................... 48 3.8.2.1 Principal ......................................................................................................................................... 48 3.8.2.2 Acessórios...................................................................................................................................... 48 3.8.2.3 Produtos ......................................................................................................................................... 49 3.8.2.4 Rendimentos .................................................................................................................................. 49 3.8.2.5 Acessões ........................................................................................................................................ 49 3.8.2.6 Pertenças ........................................................................................................................................ 49 3.8.2.6 Benfeitorias .................................................................................................................................... 49 3.8.4 Extinção dos Bens ............................................................................................................................... 51 4. DO FATO JURÍDICO ....................................................................................................................................... 52 4.1 FUNÇÃO .................................................................................................................................................... 52 4.2 CLASSIFICAÇÃO...................................................................................................................................... 53 4.3 EFEITOS .................................................................................................................................................... 53 4.4 NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................................................... 55 4.5 FATO JURÍDICO STRICTU SENSO ....................................................................................................... 57 4.6 ATO JURÍDICO ESTRITO SENSO ......................................................................................................... 58 4.7 ATO-FATO JURÍDICO ............................................................................................................................. 59 4.8 DA REPRESENTAÇÃO, art. 115 CCB ..................................................................................................... 60 4.8.1 Conceito ................................................................................................................................................ 60 4.8.2 Espécies ................................................................................................................................................ 60 4.8.3 Sujeitos ................................................................................................................................................. 60 4.8.4 Elementos ............................................................................................................................................. 60 4.8.5 Substabelecimento ................................................................................................................................ 61 4.8.6 Autocontrato ......................................................................................................................................... 61 4.8.7 Extinção ................................................................................................................................................ 61 4.9 DOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ................................................................................... 61 4.9.1 Erro ...................................................................................................................................................... 61 4.9.2 Dolo ...................................................................................................................................................... 62 4.9.3 Coação.................................................................................................................................................. 62 4.9.4 Estado de Perigo .................................................................................................................................. 63 4.9.5 da Lesão ............................................................................................................................................... 63 4.9.6 Fraude Contra Credores ...................................................................................................................... 63 4.9.6.1 Espécies de Fraudes Contra Credores ............................................................................................64 4.10 DAS MODALIDADES DOS ATOS JURÍDICOS ................................................................................... 65 4.11 DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E SUA PROVA ......................................................................... 67 4.12 DAS NULIDADES DOS ATOS JURÍDICOS ......................................................................................... 69 4.12.1 Ato Nulo .............................................................................................................................................. 70 4.12.2 Ato Anulável ....................................................................................................................................... 71 4.13 DOS ATOS ILÍCITOS .............................................................................................................................. 71 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA ..................................................................................................... 74 5.1 PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................................ 74 5.2 DA DECADÊNCIA .................................................................................................................................... 77 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................ 79 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................... 80 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 6 INTRODUÇÃO Tendo em vista a extensão do conteúdo da disciplina de Direito Civil – Parte Geral, procurou-se estabelecer um resumo dos conteúdos dos títulos que compõe a disciplina, a partir das principais obras catalogadas pelas principais Instituições de Ensino Jurídico do país. Visa-se com este estudo, auxiliar os discentes em sala de aula como forma de diminuir o tempo gasto para as anotações sobre o conteúdo apresentado, e assim poder aumentar a participação em aula, o que sem dúvida alguma, aumenta o interesse pela disciplina, facilitando a apresentação e o desenvolvimento dos temas pelo Professor. A disciplina é desenvolvida ao longo de quatorze encontros aula e dividida em quatro capítulos, de modo que o primeiro versa sobre o Direito em geral, sua conceituação, suas fontes: a lei; o costume; a doutrina; a jurisprudência; etc.. E ainda a sua divisão formal, em público e privado. O segundo capítulo trata da personalidade: natural e jurídica, da existência e extinção, da capacidade, da incapacidade, da legitimidade, da representação, além dos atributos: nome e seus elementos; estado e seus caracteres; e o domicílio e sua classificação. O capítulo três trata dos diferentes tipos bens, sua classificação e importância no universo social e econômico, passando pelos modos de aquisição e transferência ou extinção dos mesmos. Enquanto que, o capítulo quatro ocupa-se dos fatos jurídico lato senso e estrito senso e sua importância para aquisição, manutenção e perda dos direitos. Encerra-se o conteúdo da disciplina com os itens prescrição e decadência. 1. O DIREITO DIREITOS FUNDAMENTAIS A concepção formal baseia-se na previsão do direito no documento constitucional. Nessa acepção, são fundamentais os direitos previstos na Constituição do Estado, em um tópico especialmente destinado à disciplina de tais direitos nela consagrados, equiparados pelo sistema jurídico do Estado. Em determinado período histórico e em certa sociedade e reputados essenciais para seus membros. Como melhor técnica, para Perez Luño, os direitos fundamentais são: um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. Neste sentido os direitos humanos são reconhecidos como inerentes à própria natureza humana, os direitos a que todos fazem jus pelo mero fato de existirem, de sua condição de pessoa humana, sendo totalmente desvinculados de quaisquer considerações espaço-temporais1. Os direitos fundamentais por sua vez, não são estanques, não podem ser reunidos num elenco fixo, imutável, vale lembrar que a resolução burguesa legou-nos os chamados direitos fundamentais de primeira geração, basicamente civis e políticos – denominados “liberdades públicas” – ou clássicos (vida, liberdade, segurança e propriedade) art. 5º CF2. O alvorecer do século XX presenciou o nascimento dos direitos fundamentais de segunda geração, ligados ao princípio da igualdade, de cunho social, econômico e cultural. Direito ao trabalho, à previdência de primeira segurança etc. Surgem após os direitos de primeira geração e não visam a uma atuação estatal negativa, mas positiva, pois têm por conteúdo alguma prestação que o Estado deva cumprir perante os indivíduos. Vinculam-se essencialmente aos valores da fraternidade ou solidariedade, e são tradução de um ideal intergeracional, que liga as gerações presentes às futuras, art. 225 CF. 1 MOTTA, Silvio. Barchet Gustavo – Cursos de direito constitucional. Rio de Janeiro: Campus, 2007, p. 147-148. 2 Historicamente frutos do Estado Liberal, sua origem encontra-se na Magna Carta Libertsatum, promulgada em 1215 na Inglaterra, a efetiva positivação desses direitos deu-se com as declarações de direitos elaboradas nos Estados norte-americanos, no século XVIII, sendo a primeira delas a Declaração dos Direitos do Bom Povo da Virgínia, datada de 1776. Posteriormente reconhecidos e reforçados na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789 durante a Revolução Francesa. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 8 O Pós-guerra mundial, por sua vez, trouxe os direitos considerados de terceira geração, cuja marca essencial é seu caráter difuso, transindividual, pois englobam toda a sociedade e não se dirigem a nenhum indivíduo em particular. São exemplos os direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos povos, à conservação do patrimônio histórico e cultural, à comunicação, à infância e juventude e aos direitos do consumidor. Uma quarta geração de direitos fundamentais está relacionada à expressão do processo democrático em nível mundial, entre os quais os direitos à democracia, à informação e ao pluralismo. Incluem ainda, os são direitos relativos à manipulação genética, relacionada à biotecnologia e à bioengenharia, tratando de discussões sobre a vida e a morte, pressupondo sempre um debate ético prévio. Os direitos de quinta geração que tratam da realidade virtual e de sua influência na efetividade dos demais direitos fundamentais. Demonstram a preocupação do sistema constitucional com a difusão e o desenvolvimento da cibernética na atualidade, envolvendo a internacionalização da jurisdição constitucional, em virtude do rompimento das fronteiras através da “grande rede”. Os conflitos bélicos cada vez mais freqüentes entre o Ocidente e o Oriente explicam o quão urgente é a regulamentação de tais direitos3. Os direitos fundamentais não sofrem apenas transformações quantitativas pela inserção de novos direitos dentro dessa categoria, mas também qualitativas, em função da diversidade de significado e do alcance que tais direitos. Para Ignácio Sanchez Câmara da Universidadede La Coruña, os direitos fundamentais são uma criação do homem enquanto criação divina: direito à vida; à liberdade; e à integridade, são condições de existência. O direito à integridade moral visa o poder de persuasão no grupo social, enquanto que o direito à propriedade tem por objetivo o elemento motivador indispensável no universo econômico e social, Art. 5º da Const. Federal de 05/10/1988. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Na atualidade trata-se de um Direito Civil constitucionalizado, face a necessidade de interação com as normas constitucionais, daí porque se torna importante apresentação dos e sua divisão como forma de auxílio à compreensão dessa grande gama de direitos civis existentes. 3 MOTTA, Silvio. Barchet Gustavo – Cursos de direito constitucional. Rio de Janeiro: Campus, 2007, p. 149- 154. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 9 CONCEITO O direito constitui-se de um conjunto de normas que disciplinam a vida do homem em sociedade, revestidas de coercibilidade física e material. O principal elemento de sustentação do direito é a sua confiança na capacidade de superação dos conflitos em sociedade. ORLANDO GOMES – Entende que o direito é a norma que vige numa determinada sociedade, impondo-se pela força da autoridade, às pessoas que a constituem. Sob o aspecto formal o Direito é norma de conduta imposta coativamente ao individuo. Sob o aspecto material é norma para disciplinar o convívio social. O aspecto material é composto pelos fatores sociais. SILVIO DE SALVO VENOSA – Entende que o Direito é uma realidade histórica que provém da acumulação de experiência valorativa, que não existe fora da sociedade. Só haverá Direito onde o homem convive, pois o Direito disciplina condutas, impondo-se como princípio da vida social. A realidade que nos cerca compõe-se do mundo da: Natureza: que independe do homem; Valores: que afetam os homens em todos os sentidos; Cultura: tanto espiritual quanto material, pois trata das relações humanas. Onde o mundo do “Ser” é o do conhecimento e, o do “Dever ser” o objeto da ação, sendo primordial conciliar o interesse individual com o coletivo. SILVIO RODRIGUES - Por sua vez, entende que o direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana e imposta à observância de todos. À medida que as sociedades evoluem e se organizam as sanções, em vez de manifestar- se pelo ofendido, manifesta-se pela autoridade constituída. Esta impõe à norma, força coercitiva, obrigando a sua obediência e a infração à norma cogente, provoca uma reação do DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 10 poder público. Para Fábio Ulhoa Coelho, o direito não é só um conjunto de normas, mas um complexo sistema de solução de conflitos de interesses em que as normas positivas servem de principal referência4. Desse modo, os preceitos de etiqueta são menos intensos que os de ordem moral e estes mesmos intensos que os de direito, de maneira que a desobediência a qualquer um deles, provoca uma reação sob a forma de sanção. Ex.: Mulher de vida desregrada provoca reação do grupo social. Por outro lado, a lei obriga o marido a manter a família, sob pena de sanção. Por essa razão, a essência do direito, está em seu caráter normativo e obrigatório. O direito visa à justiça que é constituída por leis e quando possível, não depende diretamente da moral. Embora ambos tenham por objetivo o equilíbrio perfeito do comportamento humano, tanto a moral como direito, impõe normas de conduta que interferem na vida dos homens. Evidencia-se dessa forma, que o homem criou o direito, porque é um ser imperfeito e que tem necessidade de conviver com os seus semelhantes, tendo o direito o objetivo de prevenir conflitos. DIREITO NATURAL - JUSNATURALISMO – “ARISTÓTELES” - O direito natural tem validade em toda parte e em todo lugar, não depende de aceitação ou não, porque se baseia em princípios normais. Ex.: Autoconservação. HELMUT GOING - Entende que o direito do Estado, deve estar fundamentado pelo direito natural. Porque, vida íntima, liberdade de reuniões, bom nome e integridade física, etc., são direitos que o Estado também deve respeitar. 4 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, vol. 1, São Paulo: Saraiva, 2003, p. 32. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 11 DIREITO POSITIVO - POSITIVISMO – “AUGUSTO COMTE” - É a expressão escrita pelo Estado e usada num determinado momento, é uma espécie de ciência que terá que se adaptar a cada tipo de Estado. Sua característica reside no caráter normativo e obrigatório. BENTHAN - Classifica a moral e o direito, como dois círculos concêntricos; sendo a moral, representada pelo círculo mais amplo e contendo todas as normas reguladoras da vida em sociedade e o direito, o círculo menor, abrangendo tão-somente aquelas normas munidas de força coercitiva do Estado. Tanto a moral quanto o direito, impõe normas de conduta, que interferem na vida dos homens. Direito absoluto, é oponível contra todos, tem eficácia absoluta - "erga omnes". JUSTIÇA - É o princípio de coordenação entre os homens e de conformidade com a lei divina. É ainda o modo de comportar-se diante de todos os homens e de viver honestamente, que é o conceito necessário para sobrevivência. O princípio da justiça fundamenta-se no reconhecimento do direito alheio. 1.1 DIVISÃO FORMAL DO DIREITO A divisão formal ou morfológica do direito importa em localizá-lo dentro do ordenamento jurídico, se divide em: Direito objetivo - é a norma de agir "norma agendi", através das regras obrigatórias em que se contém e regula-se o poder de ação individual. O direito objetivo é a norma, seja ela a lei ou o costume. Direito subjetivo - é a faculdade de agir "facultas agendi", trata-se da faculdade conferida aos indivíduos, de invocar a norma ao seu favor, sob a sombra do direito, a regra jurídica. Ex.: o direito de propriedade, de buscá- lo e mantê-lo. As pessoas travam relações na sua vida social e o que importa é definir e delinear o poder de cada um deles frente ao seu semelhante. Direito Público - É destinado a disciplinar os interesses gerais e coletivos, de modo que lhe compete: a organização do Estado, através do DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 12 dir. Constitucional; a disciplina de sua atividade, seus fins políticos e financeiros, a hierarquia entre os órgãos e as relações com os seus funcionários, pelo dir. Administrativo; a distribuição da justiça pelo dir. Judiciário; e a repressão aos delitos através do dir. Penal. Direito Privado É aquele que regula as relações entre os homens, tendo em vista o interesse particular dos indivíduos na ordem privada. Compete ao direito privado, disciplinar os conflitos que surgem no âmbito familiar, obrigacional, contratual, comercial, trabalhista etc. TÉCNICA JURÍDICA 1.1.1 Direito Privado O Direito romano, já no tempo do ius civile, distinguia o Direito Público do Direito Privado com o intuito de limitar as relações do Estado e os indivíduos, o ius publicum e o ius privatum. O direito realiza-se mediante processos técnicos que são: conceitos, categorias, construções, ficções e presunções, a saber: conceitos, categorias etc.. Além do direito civil, o direito privado compreende atualmente, o direito comercial e o direitodo trabalho. O direito civil é, por excelência, o ramo do direito privado e possui como instrumento o contrato e a propriedade como direito natural e é também chamado de direito comum. Há autores, que já admitem a autonomia de novos ramos do direito privado, como o direito agrário e o direito autoral, por serem matérias informadas por princípios peculiares e que se separam do direito civil artificialmente. O direito comercial surgiu como um direito tipicamente profissional. A natureza dos atos regulados assegura-lhe o particularismo que justifica sua autonomia frente ao direito civil. Sob o ponto de vista da natureza, a distinção se faz pelo modo que cada qual encara os bens. O direito civil considera-os pelo valor de uso, enquanto que o direito comercial, pelo valor de troca. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 13 TEORIAS Desse modo, percebe-se que o direito comercial, possui regras mais maleáveis para favorecer as relações nos atos de comércio. 1.1.2 Direito do Trabalho 1a. direito público; 2a. direito privado; 3a. de feição eclética, o considera de caráter misto; e 4a. em uma posição mais cômoda, o classifica como sendo nem público, nem privado e sim, uma nova categoria do direito. A heterogeneidade dos seus preceitos dificulta sua localização no direito privado. A relação jurídica principal, que se trava entre os particulares, empregado e empregador, por maior que seja o interesse público em sua regulamentação, não pode ser considerado público, porque nenhuma das partes exerce função pública e nem lhe empresta caráter público. Por essa razão, pode-se afirmar que, enquanto a estrutura da sociedade se fundar na livre iniciativa e tiver por objetivo o lucro, a relação de emprego terá sempre forma contratual e será de direito privado. O direito civil e o direito do trabalho, embora inspirados em matizes filosóficas distintas, relacionam-se estreitamente, cumprindo cada qual a seu modo, as regras que regem as relações entre os particulares. 1.1.3 Direito Econômico Compreende o conjunto de normas relativas às relações de produção, que estejam ou não no corpo do código civil, comercial, ou em leis especiais, sejam elas, de direito público ou privado. Temos ainda, os diplomas normativos que procedem em grande parte, das fontes DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 14 concorrentes do Congresso Nacional, tais como: a administração pública, através de seus órgãos executivos, que hoje dita e prepara as mais importantes normas específicas da vida econômica. Ex: BACEN, INSS, CDC, etc. 1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIAS DO DIREITO CIVIL • Geral: o Pessoas o Bens o Fatos jurídicos • Especial: o Obrigações o Contratos o Coisas o Família o Sucessões 1.3 FONTES DO DIREITO Sabe-se que não há uniformidade de pensamento na classificação das fontes formais do direito. Ora predomina a doutrina, que às reduz à lei e ao costume, ora a jurisprudência e os princípios gerais do direito e há também os que preferem à doutrina e a eqüidade. 1.4 LEI Embora o estudo da lei e das disposições normativas pertença à Teoria Geral do Direito, o conhecimento das espécies e características é indispensável ao estudo do direito civil. A lei constitui-se de um conjunto de normas baixadas pela autoridade competente para solução de conflitos de interesses desenvolvidos na sociedade democrática, que servem de DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 15 referência para orientar e superar conflitos. É de aplicação imediata5. 1.4.1 Caracteres 1.4.1.1 Obrigatoriedade A lei é obrigatória, todos lhe devem obediência, sua sanção é incondicionada, no sentido de que ninguém pode deixar de observá-la. A intensidade de sua força obrigatória varia de acordo com a sua finalidade. Ex.: direito de propriedade, de mantê-la e de defendê-la. 1.4.1.2 Generalidade O caráter de generalidade da lei, não significa que deva aplicar-se a todos os indivíduos, e sim, a todos os que se encontrarem na mesma situação. Ex: Constituição. A lei é regra abstrata e não visa uma situação individual e persistente, nem tampouco se exaure em sua aplicação. Na sua estrutura distinguem-se três elementos: 1º. das disposição; sobre o que a lei prescreve. Ex.: transmissão. 2º. da sanção; a penalidade. Ex.: nulidade do ato. A lei passa a existir após as formalidades procedimentais, a publicação. Antes disso, não existe. A vigência e a existência não se confundem: a vigência corresponde à aptidão para produzir efeitos juridicamente válidos, já à existência por si só não gera efeito imediato. 1.4.2 Classificação da Lei Quanto à: 1.4.2.1 Duração Perpétuas - leis de vigência ilimitada. Até a revogação. Ex.:Código Civil. Temporárias - leis de vigência limitada, transitória. Ex.: lei do Imp. Renda, CPMF, etc. 5COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, vol. 1, São Paulo: Saraiva, 2003, p. 32 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 16 1.4.2.2 Amplitude Comuns ou gerais - todo o ordenamento jurídico. Ex.: Código civil, etc. Especiais - regulam critérios particulares, certas relações. Ex.: código Comercial. Especiais ou Excepcionais - são aquelas que regulam de modo contrário o estabelecido na lei geral e constituem uma espécie de limitação ao direito comum, por essa razão, não comportam interpretação extensiva. Ex.: Liberação de recursos para calamidades públicas; O chefe da nação tem este poder para deliberar em virtude da urgência que fato requer. Trata-se de privilégios de aplicação restrita, art. 61 CF. 1.4.2.3 À Intensidade da Coação Coativas - são leis cogentes, de submissão incondicional, que proíbem algum ato, sob certa sanção. Ex. Reparação do dano, art. 186 CCB. Imperativas - são leis que se impõe ao agente. Ex.: regime de casamento. Art. 1639 CCB. Permissivas - são leis que permitem certa deliberação do agente. Ex.: testamento, art. 1639 CCB. Supletivas - são leis que não estão diretamente ligadas ao interesse da sociedade, art. 1640 CCB. Elas funcionam no silêncio da vontade dos contratantes. Ex.: escolha do regime de bens no casamento. É livre, mas terá que haver. 1.4.2.4 Sanção Leis perfeitas - são aquelas, cuja transgressão importa em nulidade do ato, podendo sujeitar o infrator a uma pena. Ex.: Art. 166 CCB. Leis menos-que-perfeitas - são aquelas que cominam sanção inadequada. Ex.: Proibir o casamento da viúva que tiver filhos do cônjuge falecido, enquanto não fizer o DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 17 inventário. Leis imperfeitas - são de ordem moral, porque não impõe qualquer sanção aos transgressores. O ato não sofre nulidade, nem tampouco o agente é punido. Ex.: Proibir casamento da viúva antes do décimo mês de falecimento do marido. 1.5 COSTUME Costume é o uso geral, constante e notório, observado na convicção de corresponder a uma necessidade jurídica, é em síntese, um uso juridicamente obrigatório, que exerceu papel relevante na formação do direito. Possui dois requisitos: O objetivo, que é a observância uniforme da regra, pela generalidade dos interessados, durante longo tempo; e o O subjetivoé representado pela convicção geral de que o uso corresponde a uma necessidade jurídica. 1.6 NORMAS Secundun legen - a lei segundo o costume, na opinião de alguns, a verdadeira lei. Praeter legen - é o que serve de complemento à lei, tem cunho subsidiário do costume das sociedades organizadas e auxiliam o juiz, nos casos em que a lei for omissa. Contra legen - ocorre quando se opõe frontalmente à lei, na opinião da maioria, não prevalece. Por essa razão, a lei ocupa posição superior ao costume. 1.7 JURISPRUDÊNCIA Não há unanimidade a respeito, muitos são os autores que consideram a jurisprudência fonte formal do direito, ao lado do costume e da lei, outros, porém, a contestam. Por isso, é preciso em primeiro lugar, entender o que é jurisprudência. A Jurisprudência é o conjunto de decisões dos tribunais sobre matérias de sua competência e por essa razão, uma série de julgados similares sobre a mesma matéria. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 18 Interpretar e aplicar o direito positivo é o papel dos tribunais e de inegável importância na formação do direito, preenchendo as lacunas do ordenamento jurídico de casos concretos. Duas são as razões que confirmam a exclusão da jurisprudência como fonte de direito: 1a. O juiz é servo da lei, não passando de mera aspiração doutrinária; e 2a. O julgado, só produz efeito entre as partes, é princípio que se anuncia sob a declaração de autoridade, relativa a coisa julgada. A jurisprudência não é fonte formal de direito em países de legislação escrita. 1.8 DOUTRINA A doutrina é a obra dos escritores, que estudam o direito nos seus aspectos filosófico, científico e técnico, em tratados, monografias ou comentários à legislação. A doutrina não é fonte formal do direito, porque os escritores manifestam opiniões pessoais e que por mais abalizadas que sejam, carecem de força obrigatória, permanecendo como simples juízos. Revela-se a doutrina como de suma importância, porque através dela que se constroem as noções gerais, os conceitos, as classificações, as teorias e os sistemas, facilitando a criação, a reforma e a aplicação do direito. Sua influência manifesta-se: o 1o. pelo ensino ministrado nas faculdades de direito; o 2o. sobre o legislador; e o 3o. sobre o juiz. Na doutrina clássica, as fontes formais do direito, resumem-se à lei e ao costume. 1.9 NORMA JURÍDICA Norma geral é a lei, que possui como elementos: o preceito e a sanção. Norma individual é o ato jurídico. A declaração de vontade. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 19 Norma cogente é aquela que por atender mais diretamente o interesse geral, não pode ser alterada pela vontade das partes. É de ordem pública. Art. 1.521 CCB. A norma jurídica para ser eficaz, terá que existir, estando em vigor e destinada a regular uma situação. Ex.: Lei dos Registros Públicos, nº 6.015/73. A partir do momento em que a norma for revogada, desaparecerá. A eficácia da norma se traduz nos efeitos produzidos pelo fato jurídico, que se verifica através da criação, modificação, conservação ou extinção dos direitos, cujos pressupostos de eficácia apresentam-se na seguinte ordem: plano da existência; da validade; e da eficácia. 1o. Existência do fato. Para que haja incidência da norma. Ex.: Testamento 2o. Validade do fato. Testamento válido, aguardando a morte do testador. 3o. Inexistência de causas excludentes. Ex.: Legítima defesa, etc.. O não atendimento ou a não aplicação, não tornam a norma ineficaz. 1.10 REGRA JURÍDICA É a prescrição da lei, o artigo da lei, a forma objetiva da vontade social, manifestada imperativamente a todos pelo Estado através do seu ordenamento jurídico. A previsão abstrata da norma é em função de determinado fato que a lei visa tratar. 1.11 RELAÇÃO JURÍDICA É o vínculo que se estabelece entre duas ou mais pessoas, tutelado pelo direito. É também, o nexo entre o sujeito ativo e o sujeito passivo de que resultem direitos e obrigações. Ou ainda, o vínculo entre o sujeito e o objeto, que possui como elementos: a. Sujeito - é o elemento subjetivo, que requer capacidade. b. Objeto - é a coisa, ou o bem, sobre o qual incide o poder do sujeito c. Fato - é o acontecimento dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui a função de criar, modificar, conservar ou extinguir direitos. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 20 1.12 ATO JURÍDICO É a declaração de vontade, cuja finalidade é a criação, a conservação, modificação ou a extinção de direitos individuais. A lei também é manifestação de vontade tendente à produção de efeitos jurídicos. A diferença está em que o ato, produz uma situação pessoal e a lei impessoal. Entre a lei e o contrato não pode haver oposição, pois são aspectos do mesmo fenômeno e a fonte única do direito neste caso, é o ato jurídico. 1.13 FATO JURÍDICO É um acontecimento natural ou social, capaz de produzir efeitos jurídicos, tornando-se relevante para o direito. 1.14 A VIGÊNCIA DA LEI LEI - É uma regra geral, que emanando da autoridade competente, é imposta coativamente à obediência de todos. É dirigida a todos indistintamente, a quem obriga, em razão de sua força coercitiva. A iniciativa ou proposição da lei cabe ao Presidente da República, Deputados, Senadores e Ministros dos Tribunais, art. nº 61 da CF. A sanção da lei manifesta-se através da promulgação pelo Chefe da nação, que é o ato de aprovação, ou declaração solene da existência da lei. Feita a promulgação, dá-se então a publicação da lei, ato através do qual, torna-se obrigatória a sua obediência em todo o território nacional. O conhecimento da Lei de Introdução ao Código Civil torna-se importante para compreensão do ordenamento jurídico brasileiro. Vacatio legis - é o intervalo entre a data de publicação da lei e a data de sua entrada em DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 21 vigor. A ordem hierárquica da lei é a seguinte: Hierarquia: 1o. Constituição Federal 2o. Lei ordinária ou comum 3o. Decreto - Poder Executivo 4o. Portaria - Poder Executivo 5o. Aviso Ministerial 1.15 FONTES Autêntica - é aquela que emana do próprio legislador e declara o sentido da regra. Doutrinária - é aquela que aparece nos livros, nas obras dos juristas, etc. Jurisprudencial - é a que se elabora nos tribunais, através das decisões do Poder Judiciário. 1.16 FORMAS A interpretação da lei quanto à forma ou ao modo, pode ser: Gramatical - consiste no exame detalhado do texto, para dele extrair a vontade do legislador, o sentido exato da norma. Lógica - consiste na análise do plano da lei, face à ordem jurídica analisando a lei como um todo. Histórica - consiste em trabalhos que precederam à promulgação da lei. Resulta das discussões que rodearam a sua elaboração. Diz respeito ainda, aos anseios que a lei veio satisfazer. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 22 Exercícios: 1) Qual é a diferença entre fonte formal e fonte auxiliar? 2) Qual é a finalidade do costume? 3) Qual é a diferença entre ato jurídico e fato jurídico 2. A PERSONALIDADE 2.1 AS PESSOAS EM GERAL PERSONALIDADE - Todo homem é apto para desempenhar na sociedade um papel jurídico, como sujeito de direitos e obrigações. A personalidade é um atributo jurídico. Art.1º CCB. A personalidade jurídica como dissemos acima, têm-na também, nos grupos de pessoas, assim constituídos, na forma da lei. A ordem jurídica admite duas espécies de pessoas juridicamente existentes, quais sejam as pessoas físicas ou naturais, de existência real e as pessoas jurídicas, de existência ideal. Ambas são sujeitos de direitos e obrigações. 2.1.1 Categorias Pessoas naturais ou físicas Pública associações Pessoas jurídicas Privadas sociedades fundações, art. 44 CCB. A peculiaridade entre uma e outra é que as distingue. 2.1.2 Existência / Duração A existência da personalidade, normalmente coincide com a duração da vida. Começa com o nascimento com vida e termina com a morte. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 23 Entretanto, a ordem jurídica admite a existência da personalidade em hipóteses em que a coincidência não se verifica. É o caso das personalidades fictícias. 2.2 PESSOAS FÍSICAS 2.2.1 Personalidade Fictícia a) Nascituro; é um ser em gestação, art. 1º CCB. b)Ausente; é aquele que desaparece sem deixar notícias nem representante. Art. 22 CCB. c)Inexistente; é o caso do Fideicomisso. Só é possível através de testamento art. 1951 CCB. Trata-se de construção técnica apenas para alcançar certos fins, onde se dilata o termo inicial ou final da vida, para que sejam protegidos certos interesses. O natimorto não adquire personalidade. 2.2.2 Término da Personalidade A personalidade civil do homem termina com a morte real ou presumida, art. 6º CCB. Somente a morte, mesmo que ficta, põe termo a personalidade. Este assunto é do maior interesse, porque trata de determinar o momento em que se extinguiu a personalidade, principalmente, quando duas ou mais pessoas falecem nas mesmas circunstâncias, ou mesma ocasião, sem que se saiba quem morreu primeiro. Chama-se este acontecimento de Comoriência art. 8º CCB, que trata da presunção de morte simultânea, de duas ou mais pessoas nas mesmas circunstâncias. A questão da comoriência interessa essencialmente ao direito das sucessões. O domínio e a posse da herança transmitem-se no exato momento em que se verifica o óbito. Ex: Quando parentes sucessíveis sucumbem no mesmo acidente, a legislação orienta-se pelo critério da simultaneidade. Neste caso, não se estabelecem relações jurídicas entre os sucumbentes e beneficiar-se-ão os herdeiros de cada um, se existentes. 2.2.3 Ausência Juridicamente, considera-se ausente, todo aquele que desaparece do seu domicílio sem deixar representante, art. 22 CCB, e a pessoa de quem não se conhece o paradeiro. A DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 24 ausência possui como traço característico, a incerteza da existência da pessoa desaparecida. Há três períodos distintos a serem observados, em que a situação jurídica do desaparecido se modifica: o Ausência presumida - período inicial, a conveniência e a conservação do patrimônio, sugerem a nomeação de um curador provisório para regê-lo. É a fase preparatória; o Ausência declarada momento em que se busca a declaração judicial da ausência e a abertura da sucessão provisória, art. 26. o Morte presumida é quando o juiz declara judicialmente a morte presumida e abre a sucessão definitiva, art. 37 e 38 CCB. A sucessão provisória é em síntese, uma sucessão resolúvel. Os bens conservam-se em seu patrimônio enquanto perdurar a situação de pendência, porém, a titularidade passa para os herdeiros legítimos ou testamentários investidos na posse provisória. A prova do óbito converte a posse provisória em definitiva. A personalidade define-se por particularidades que em conjunto a individualizam. 2.2.5 Direitos de Personalidade São direitos considerados essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana, disciplinados pelo Código Civil, como direitos absolutos, art. 11 a 15 cc. Direitos de personalidade são extrapatrimoniais, intransferíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, vitalícios e necessários6. Por sua natureza, opõem-se contra todos (eficácia erga onmes), implicando o dever geral de abstenção. Não são suscetíveis de avaliação econômica, embora possam constituir-se como objeto de negócio jurídico patrimonial, ou mesmo, objeto a indenização por lesão a qualquer deles. 6 Só as antigas monarquias, que se diziam instituídas pela divindade se consideravam “donas” de tudo, do direito à terra, ou à água. Exigiam pagamento aos súditos não como intermediários de serviços prestados, mas porque se apropriavam até das pessoas. Para mimar aos achegados, por exemplo, abdigavam de certas regalias e concediam aos senhores feudais o “jus primae nocte” – o dereito à primeira noite nupcial com as noivas dos servos. ZH(JB) 21.07.12, pág. 13. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 25 São direitos que nascem e extinguem-se com a pessoa. De seu teor extrapatrimonial, decorre a impossibilidade de execução. São impenhoráveis e imprescritíveis, não se extinguindo pelo não uso durante certo prazo. 2.2.5.1 Classificação dos Direitos a) direito à vida; Direito à Integridade Física b) direito sobre o próprio corpo. c) direito ao cadáver; exigido pelos sucessores. a) direito à honra; b) direito à liberdade; c) direito ao recato; proteção da vida privada, vida íntima; Direito à Integridade Moral d) direito à imagem; preservação da imagem; e) direito ao nome; f) direito à moral do autor; contra o deboche público. Os direitos de personalidade são exercidos por meio de ação, que deve ser requerida pelo próprio ofendido, mediante indenização do dano moral, ou cominação de pena. Também podem ser requeridos cumulativamente. No que diz respeito à: Nacionalidade - É o vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um dos componentes da dimensão pessoal do Estado, na opinião de Pontes de Miranda. Nacionalidade Primária; resulta de fato natural. Ex.: Nascimento, já secundária, resulta de fato voluntário, ex.: naturalização. Nacional - é o brasileiro nato ou naturalizado, aquele que se vincula pelo nascimento, ou naturalização, cujo conjunto forma o povo. Cidadão - é o nacional no gozo dos seus direitos políticos. 2.2.6 Cidadania É o atributo político inerente, decorrente do direito de participar do governo. É ainda, a qualidade daqueles que estão no gozo dos seus direitos políticos. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 26 No direito brasileiro, só o indivíduo é titular de direitos. Adquire-se a cidadania, mediante o alistamento eleitoral. O eleitor é cidadão e titular da cidadania. Sendo assim, cidadania, é o atributo jurídico-político que o nacional adquire no momento em que se torna eleitor, Art. 12 da Constituição. 2.2.7 Estrangeiro Considera-se estrangeiro no Brasil, todo aquele que tenha nascido fora do território nacional, e que por qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade. Os estrangeirosresidentes no país, gozam dos mesmos direitos e têm os mesmos deveres dos brasileiros. 1ª. Visto de entrada Condições de entrada: 2ª. Visto de permanência 3ª. Visto de saída 2.2.8 Asilo Político É o recebimento de estrangeiro no território nacional, sem os requisitos de entrada, para evitar punição em seu país de origem. Importante: Asilo só é concedido a criminosos políticos, jamais a criminosos comuns. 2.2.9 Extradição É o ato pelo qual o Estado entrega um indivíduo acusado de delito e já condenado como criminoso, à justiça de outro Estado, que o reclama e que é competente para puni-lo. 2.2.10 Expulsão É o modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional, por infração cometida em outro e que o torna inconveniente. É ainda, o modo de retirar o estrangeiro do território, por atividade nociva à ordem pública. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 27 2.2.11 Deportação É o modo pelo qual o Estado devolve o estrangeiro ao exterior, que consiste na saída compulsória do estrangeiro. A deportação não decorre da prática de delitos e sim, do não cumprimento dos requisitos de entrada. 2.3 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PERSONALIDADE O nome, que identifica a pessoa, art. 16 CCB. Formas O estado, que identifica sua posição familiar, social e civil, art. 3º e 4º CCB. O domicílio, o lugar de sua atividade principal/ social, art. 70 CCB. 2.4 ESTADO Estado ou Status, é a noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio social. É também, a situação do indivíduo na sociedade política e na família. Finalmente é uma qualificação que encerra elementos de individualização da personalidade. 2.4.1 Espécies 1º Estado Político - nacionais - natos e naturalizados estrangeiros - pertencentes ao direito internacional privado, art. 12 CF.1988; 2º Estado Familiar - cônjuge e parente. No parentesco, o estado difere segundo o grau e a distância entre as gerações; São parentes consangüíneos: pai, mãe, filho, avô, netos, irmãos, tios, primos e sobrinhos, art. 1591 e 1596 CCB. São parentes afins: sogro, genro, nora cunhados, art. 1.595 CCB. O estado familiar, civil e de parente, cria inúmeros direitos e deveres, dependendo do grau e da fonte. 3º Estado Individual - é a condição física do indivíduo e sobre ele a) a idade; pessoas maiores ou menores de 18 anos atuam: b) o sexo; homens e mulheres c) a saúde; sãos ou insanos 2.4.2 Características 1º. Indivisibilidade; o estado é uno e indivisível ninguém pode ter ao mesmo tempo, estados opostos. Ex.: Estar solteiro e casado, maior e menor ao mesmo tempo. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 28 2º. Indisponibilidade; a proibição de dispor do estado não implica, contudo, na impossibilidade de sua variação. Porque determinados estados comportam mudança. Ex.: Casar, separar-se etc.. 3º. Imprescritibilidade; pelo decurso de tempo, ninguém perde ou adquire o estado. Ex.: menoridade pode caducar, quando não exercido, pelo decurso de prazo. O estado da pessoa regula-se por preceitos de ordem pública que interessam a toda sociedade, podendo ser mudado por vontade do indivíduo. 2.4.1 Ações de Estado Chamam-se de ações de estado, cuja finalidade é criar, modificar, ou desconstituir um estado, ou seja, criar uma nova situação jurídica. Trata-se de ações especiais, também conhecidas como "prejudiciais". Ex.: Emancipação. O novo estado resulta de sentença judicial. Em geral, são ações personalíssimas, intransferíveis e imprescritíveis. Constitutivas e possuem autoridade absoluta. 2.4.2 Da Capacidade 2.4.2.1 de Direito É a aptidão genérica para adquirirem direitos. Confunde-se com a personalidade. É geral e inata, a partir do nascimento com vida e extingue-se com a morte. Este tipo de capacidade confunde-se com a personalidade, porque toda pessoa é capaz de direitos. 2.4.2.2 de Fato ou Exercício É a aptidão específica para o exercício pessoal de direitos e obrigações na ordem civil. As limitações da capacidade de fato prendem-se ao estado da pessoa e são de ordem física e jurídica. Decorrente de inserção As limitações da capacidade de fato, produzem a incapacidade, que pode ser: a) Incapacidade Absoluta; consiste na impossibilidade do exercício dos atos da vida civil, em função do estado individual. Ex.: Idade e saúde. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 29 b) Incapacidade Relativa; atinge certos atos e a maneira de exercê-los, suas causas prendem-se também, ao estado individual, sob o ponto de vista da idade e da saúde. A aquisição da capacidade plena antes da maioridade, verifica-se pela emancipação, que habilita o indivíduo para prática de todos os atos da vida civil. Art. 9º. CCB. c) Prodigalidade; não é doença mental, admite-se que é fraqueza de espírito, cujas conseqüências devem ser evitadas. d) Outorga Uxória; o estado familiar de casado, impõe restrições aos cônjuges sobre certos atos que devem ser praticados em conjunto. Ex.:Venda de imóvel. Pode-se dizer que é incapacidade parcial. A velhice não é causa de incapacidade. Por sua vez, a incapacidade relativa, que é tão somente o exercício, é sempre suprível através da assistência. 2.4.2.3 Profissional É a capacidade especial para prática de atos do direito privado, regulados pelo direito do trabalho, em que o indivíduo é considerado plenamente capaz antes da maioridade e apto para o exercício dos direitos trabalhistas. 2.4.3 Proteção dos Incapazes A ordem jurídica criou vários institutos apropriados com o objetivo de viabilizar o exercício dos direitos dos incapazes, são eles: a Representação; a Assistência e a Autorização e sobre estes, criaram-se o Poder Familiar, art. 1.630, 1.634 e 1.635 a Tutela e a Curatela. Tutela – é instituto civil e idêntico ao pátrio poder, a nomeação compete aos pais e avós e a juiz. Recai sobre os filhos menores, art. 1728 CCB. Curatela – é encargo público, de administrar e defender os interesses dos absolutamente incapazes ou impedidos, art. 1767 CCB. 2.4.4 Emancipação É concedida pelos pais e devidamente lavrada no registro público, art. 5º, § único e 1.763 CCB. Depois de concedida torna-se irrevogável, salvo por sentença judicial. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 30 A emancipação de fato ocorre quando o menor: casar; colar grau; for aprovado em concurso público, ou quando se estabelecer civil ou comercialmente com economia própria. Seja qual for à emancipação, habilitará o menor, relativamente incapaz a reger a sua própria pessoa e os seus bens em geral. 2.5 DO NOME 2.5.1 Generalidades Toda pessoa natural individualiza-se pelo nome. A individualização é feita no interesse de cada pessoa e no da sociedade, são de ordem pública as normas relativas ao nome, art. 16. O nome é objeto de um direito personalíssimo que tem como fonte a lei e não o registro que é apenas a sua prova. 2.5.2 Elementos do Nome 1º. Sobrenome é o nome de família ou sobrenome e é comum a todos os membros da família. Sobrenome é o acréscimo ao nome do pai, Chamado cognome. Ex.: João da Silva. 2º. Prenomeé o nome próprio de cada pessoa, também chamado de nome de batismo. Secundariamente encontramos ainda, os títulos (honoríficos, científicos, religiosos e militares), as partículas (de, do da e) e o Agnome, elemento aposto em último lugar (filho, júnior, neto, bisneto, sobrinho, terceiro). Como substitutivos ao nome, temos o vocatório, designação comum pela qual a pessoa é reconhecida: epíteto; alcunha ou apelido e o pseudônimo7. Pseudônimo É lícito ao indivíduo adotar outro nome pelo que se torne mais conhecido, o que é comum no meio artístico e cultural, art. 19 CCB. É de livre escolha e possui proteção jurídica quanto ao uso e a defesa e distingue-se do prenome, porque não é imposto e pode ser mais de um. O filho legítimo toma o nome patronímico do pai, ao qual pode juntar-se o da mãe. O 7 AMARAL, Francisco, p. 271. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 31 sobrenome é composto normalmente pelo nome dos pais, tendo por regra o nome do pai como o último. Ex: Carlos Silva e Marlene Alves têm um filho e este se chamará João Alves da Silva. Admite-se ainda a preposição e artigos, como por exemplo: João Alves da Silva8. Sendo legitimado, adquire o nome do pai, com a legitimação a partir do casamento. Com relação aos filhos ilegítimos, cumpre ressaltar que os simplesmente naturais, podem ser reconhecidos em conjunto ou separadamente pelos pais e, no reconhecimento sucessivo é recomendável sempre o uso do nome do genitor (pai). Os filhos adulterinos, quando reconhecidos, podem adquirir o nome dos pais, nas mesmas condições dos naturais. Aos filhos adotivos é permitido acrescentar o patronímico do adotante e aos legitimados por adoção, o patronímico dos legitimantes. O prenome serve para distinguir os membros da mesma família e é de livre escolha dos pais, que não devem escolher prenomes capazes de expor os seus portadores ao ridículo. O prenome é imutável. Não há proibição de alguém ter dois ou mais prenomes, por isso se diz que ele pode ser simples ou duplo. 2.5.3 Mudança de Nome O nome não pode ser alterado por livre arbítrio, salvo em casos necessários ou voluntários. 2.5.4.1 Regime Legal A lei dos registros públicos dispõe sobre o nome das pessoas naturais, em seu art. nº 754 e seg. LRP n° 6.015 de 31.12.1973. Atualmente, já há possibilidade de adoção pela mulher, do nome patronímico do homem com quem se uniu livremente, contanto que o homem seja solteiro, viúvo ou separado judicialmente, art. 1565 § 1° e 2° NCC. Esta alteração se faz mediante autorização do juízo, no registro de nascimento. 8 Art. nº: 55 da Lei nº 6.015/1973. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 32 Requisitos 1°: Consentimento expresso do homem com quem viva; 2°: Prova da vida em comum por mais de cinco anos; 3°: Não ter sido a titular culpada da separação do seu pretendente; e 4°: Haver a ex-mulher renunciando ao nome, se separada o homem. 2.5.4.2 Necessários a) Modificação no estado de filiação; ocorre quando o filho natural não é reconhecido, é legitimado ou perfilhado. Quando há contestação sobre sua paternidade, é declarado adulterino e assim reconhecido. b) Modificação pelo casamento; quando a mulher se casa adquirindo os apelidos do marido. Quando se divorcia, perde o nome de casada ou renuncia a ele. c) Mudança do nome do pai; acarreta a do filho, pois a natureza do nome exige que coincida o da prole com o dos genitores. 2.5.4.3 Voluntária A mudança voluntária depende de autorização judicial, em caráter de exceção e devidamente motivada. Quanto ao prenome, somente se admite quando exponha o seu portador ao ridículo ou se houver outra pessoa de nome igual ou se preste a confusão, não devendo em hipótese alguma prejudicar os apelidos de família. Além da mudança, pode ocorrer ainda, retificação, quando houver erro de grafia, entretanto não se confundem as duas. Os efeitos da mudança do nome não retroagem, iniciam na data em que se completarem as suas formalidades. 2.5.5 Direito ao Nome O direito ao nome é personalíssimo, explicado por três teorias, a saber: 1a. Teoria da Propriedade; vê no nome, um objeto de propriedade, cujo titular seria a família. O correto é que o direito de propriedade possui natureza patrimonial e o direito ao nome, natureza extra patrimonial. Por essa razão, ninguém poderá aliená-lo, abandoná-lo ou simplesmente a ele renunciar; DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 33 2a. Teoria do Estado entende que o nome é um fato protegido pela ordem jurídica, não passando de simples sinal exterior. Esta teoria não satisfaz pela sua artificialidade; 3a. Teoria do Atributo da Personalidade; entende que o nome é um direito sui generis, submetido a regras especiais, compreendidas no sistema de proteção da personalidade. O nome comercial possui valor pecuniário, sendo patrimonial e em conseqüência o direito do titular é avaliável, enquanto o nome civil tem natureza extra patrimonial. 2.5.5.1 Caracteres O direito ao nome, é intransferível e imprescritível, não pode ser alienado a título oneroso nem gratuito e é irrenunciável. Admite-se, entretanto, uma espécie de posse do nome, pelo uso pacífico e contínuo durante muitos anos, embora não se adquira propriamente o nome, mas prova-se a sua existência, podendo transmiti-lo aos descendentes, caso não sofra oposição. 2.5.5.2 Conteúdo O direito ao nome, contém duas faculdades: 1ª. De usá-lo: consiste no direito de todo homem se fazer chamar por ele e de exigir a retificação nos atos em que for alterado; 2ª. De defendê-lo: consiste no poder de agir contra quem o empregue de maneira a expor o indivíduo ao desprezo público, tornando-o ridículo, desprezível, odioso ou recuse a chamar o titular por aquele nome. As ações que visam à proteção do nome podem ser propostas independentemente da ocorrência de dano material, basta para tanto, que haja interesse moral. 2.5.6 Proteção ao Nome O direito de proteção ao nome, tem dupla finalidade, nas ações relativas ao uso do nome: 1º. Retificação: consiste no interesse de preservar o nome verdadeiro; 2º. Contestação: consiste na preservação do nome contra exposição pública, sob forma de desprezo. DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - PROF.: ROMEO A. NEDEL 34 O pseudônimo goza de proteção na área do direito civil- "Direitos Autorais"- embora não se lhe estendam as medidas da tutela administrativa, que podem ser assumidos ou abandonados, com inteira liberdade. O direito ao nome tem proteção pelo direito público, nas esferas administrativa e criminal. 2.6 DO DOMICÍLIO 2.6.1 Conceito Domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece a sede principal de seus negócios, ou ainda, o ponto central de suas ocupações habituais. O domicílio envolve a residência e a habitação, art. 70 e 78 CCB. Residência - é o lugar onde o indivíduo mora habitualmente, com a intenção de permanecer, ainda que se afaste temporariamente. Habitação - é o lugar onde o indivíduo se encontra e permanece sem a intenção de ficar. É residente transitória. O conceito legal de domicílio integra dois elementos: 1º. Objetivo: é o fato de permanecer em certo lugar, por força da atividade; 2º. Subjetivo: é o ânimo definitivo de ter o lugar como sede das ocupações
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