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BPC E A ASSISTENCIA SOCIAL NO BRASIL

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1 
 
 
 
 
 
 
ADEMAR RIBEIRO 
 
 
 
 
 
BPC-BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO 
BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Três Passos(RS) 
2014 
 
2 
 
 
 
 
 
 
ADEMAR RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BPC-BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E A ASSISTÊNCIA SOCIAL 
NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia final do Curso de Graduação em 
Direito da Universidade Regional do Noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, 
objetivando a aprovação no componente 
curricular Monografia. DCJS - Departamento 
de Ciências Jurídicas e Sociais. 
 
 
 
Orientador: MSc. Carlos Guilherme Probst 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Três Passos(RS) 
2014 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos que de uma 
forma ou de outra me auxiliaram e 
ampararam durante todos, os anos desta 
árdua caminhada acadêmica. Mas de modo 
especial aos meus familiares. 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus acima de tudo, pela força e por sempre 
ter iluminado meus caminhos e guiado meus 
passos. 
A minha esposa Mara Lia, que sempre me 
incentivou afetiva e moralmente diante as 
grandes dificuldades que surgiram, para 
nunca pensar em desistir. 
Agradeço a minha mãe, dona Amélia, que 
nunca mediu esforços para me proporcionar 
ajuda. 
Ao meu irmão Adelar, um dos principais 
responsáveis pela realização deste sonho. 
Aos meus filhos Michael e Gean Paulo, que 
mesmo longe, estiveram sempre apoiando e 
torcendo pelo meu sucesso. 
De forma especial, aos meus enteados 
Henrique e Monica, pelo apoio e carinho, 
contribuindo sempre para esta conquista. 
E por fim, a todos os professores e 
funcionários da UNIJUI Campus Três Passos, 
e em especial ao meu orientador professor 
Carlos Guilherme Probst, pela dedicação e 
muita compreensão. 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma analise da Seguridade Social 
com ênfase no Beneficio de Prestação Continuada, vinculado ao atendimento da Assistência 
Social. Discute brevemente a distinção entre os segurados da Previdência Social e aqueles que 
dependem do apoio da Assistência Social para ter um amparo no momento de necessidade. 
São abordados aspectos gerais do Beneficio de Prestação Continuada, juntamente com 
orientações para sua postulação tanto via administrativa como também via Judiciaria, visa 
ainda apresentar jurisprudências com os entendimentos dos Tribunais brasileiros, diversos do 
que a Lei propriamente dita impera. 
 
 
 Palavras Chaves: Assistência Social, Benefício de Prestação Continuada, 
Jurisprudências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
 
 
 This work monographic research is an analysis of Social Security with emphasis on 
Continuous Cash Benefit, involved in the treatment of Social Assistance. Briefly discusses the 
distinction between Social Security pensioners and those who depend on the support of the 
Welfare to have a shelter in the time of need. Are covered general aspects of the Continuous 
Cash Benefit, along with guidelines for their postulation both administratively as well as via 
Judiciary, aims to demonstrate jurisprudence with the minds of Brazilian courts, many of 
which the Law itself reigns. 
 
 
 Keys words: Social Assistance, Continuous Cash Benefit, Jurisprudence . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 08 
 
 
1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE O BPC E A ASSISTÊNCIA SOCIAL 
(posteriores) a CF/88 .............................................................................................................. 10 
1.1 Conceito e distinções ........................................................................................................ 11 
1.2 Importâncias da assistência social na busca do BPC.....................................................13 
1.3 Dificuldades do acesso ao BPC........................................................................................18 
 
 
2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E A MANUTENÇÃO DO BPC .......................................... 23 
2.1 A Natureza jurídica da assistência social........................................................................23 
2.2 Como se mantem o BPC...................................................................................................26 
2.3 A importância da Assistência social para o BPC...........................................................30 
 
 
3 VISÕES JURISPRUDÊNCIAIS........................................................................................32 
3.1 Supremo Tribunal Federal...............................................................................................32 
3.2 Superior Tribunal de Justiça...........................................................................................34 
3.3 Tribunais Regionais Federais..........................................................................................36 
 
 
CONCLUSÃO.........................................................................................................................38 
 
 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................40 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho de conclusão intitulado BPC-BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO 
CONTINUADA E A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL busca realizar um estudo 
sobre os direitos sociais inscritos na organização institucional da Constituição Federal de 
1988. 
 
Assistência social é direito social inserido constitucionalmente, voltado à melhoria das 
condições de vida e cidadania de determinados grupos da sociedade, a fim de possibilitar o 
recebimento de amparo através do benefício assistencial. 
 
O Beneficio de Prestação Continuada tem caráter assistencial, regido pela Lei n. 
8.742-93, denominado LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) e do decreto 1.744, de oito 
de dezembro de hum mil novecentos e noventa e cinco, que fazem parte das regras do BPC. 
Posteriormente o Decreto 6.214 de vinte e seis de setembro de dois mil e sete, que estabeleceu 
a nova regulamentação ao benefício em questão. 
 
A presente pesquisa foi dividida em três capítulos. O primeiro capítulo falou sobre 
história do benefício de prestação continuada e Assistência social na mudança de vida das 
pessoas necessitadas, que buscam este apoio junto as agencias da previdência social no Brasil. 
 
No segundo capítulo foi realizada uma pesquisa sobre a assistência social e a 
manutenção do beneficio de prestação de continuada, que são destinadas a proteger o 
indivíduocontra certas contingências, a fim de assegurar à previdência social e à assistência 
social. A assistência social, que resulta no cumprimento de benefícios sociais de prestação 
9 
 
continuada pelo Estado, serve como uma espécie de ajuda para aqueles que do contrario 
viveriam em situação de muita dificuldade, percebe-se assim que a assistência social tem 
dupla face: por um lado é prestação de serviços e por outro é uma ação sócio educativa, sendo 
um espaço de busca e reconhecimento e apoio aos projetos e necessidades da própria 
população, que a ela recorrem buscando ser beneficiadas. 
 
E o terceiro capítulo fez uma analise das visões jurisprudenciais existentes hoje em 
nosso país, onde as decisões judiciais apontam tendências a serem seguidas ou pelo menos 
dão um entendimento mais amplo de como pode agir a pessoa que busca o benefício 
assistencial, de acordo com os tribunais, referente ao benefício de prestação continuada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
1 APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE O BPC E A ASSISTÊNCIA SOCIAL 
(posteriores) a CF/88 
 
 O presente trabalho visa demonstrar a importância do benefício de prestação 
continuada, e a influencia da assistência social na mudança de vida das pessoas necessitadas, 
que buscam este apoio no Brasil. 
 
O presente capítulo apresenta-se dividido em três seções: 
 
1.1 Conceito e distinções 
1.2 Importância da assistência social na busca do BPC 
 1.3 Dificuldades do acesso ao BPC 
 
A seção 1.1, trata dos conceitos e distinções, primeiramente definindo a questão do 
entendimento das pessoas sobre o beneficio de prestação continuada, tratando após onde está 
amparado legalmente, conceituando e diferenciando os diversos tipos de benefícios que são 
regidos através da assistência social entre estes o beneficio de prestação continuada-BPC. 
 
A seção 1.2, aborda o apoio da assistência social no encaminhamento e agendamento 
dos beneficiários que a ela recorrem em busca de informações e ajuda inicialmente definindo 
o que seria o beneficio de prestação continuada e quem tem direito de reivindicá-lo. 
 
A seção 1.3, trata sobre as dificuldades do acesso ao BPC– ao procurar a assistência 
social cria-se uma grande expectativa das pessoas que necessitam de ajuda para encaminhar 
um auxilio assistencial, que muitos tratam como sendo um beneficio previdenciário, pois 
culturalmente todas as pessoas que recebem algum tipo de ajuda dos órgãos públicos 
geralmente esta ajuda é tratada como sendo um beneficio previdenciário, mas não é, pois, 
estes tipos de auxílios independem de contribuição. 
 
 Após estas abordagens, se terá uma definição das características do individuo 
necessitado, não somente em seu aspecto físico, mas também psicológico sócio econômico e 
quais têm direitos em buscar através da assistência social um BPC ou qualquer outro tipo de 
auxilio gerido pela assistência social, conseguindo diferenciá-lo dos demais tipos de 
11 
 
benefícios que não dependem da ajuda deste órgão, e também avaliar os aspectos para 
realização do agendamento e ou encaminhamento para o referido requerimento do BPC. 
 
 
1.1 Conceito e distinções 
 
Antes de fazermos qualquer menção ao beneficio de prestação continuada, temos que 
analisar a identidade do individuo, esta tem sofrido mudanças consideráveis no decorrer dos 
tempos, ligados principalmente ao desenvolvimento da sociedade. 
 
A perspectiva de organização e de participação dos usuários nos programas e serviços 
sociais públicos coloca a questão em outro plano e relaciona-a a outras conquistas dos que 
lutam por uma verdadeira cidadania social, representando por isso um importante passo para 
inclusão social. 
 
A lei nº 8.742, de 1993, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), 
regulamenta os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, como os responsáveis pela 
prestação da assistência social, seus objetivos, dos benefícios assistenciais e do perfil dos seus 
beneficiários. Distinguindo-se assim as funções da LOAS que são: assegurar que o disposto 
na Constituição seja transformado em direito real; definir, detalhar e explicitar a natureza, o 
significado e o campo de abrangência da assistência social no âmbito da seguridade social, 
sua competência, organização e destinação dos recursos. 
 
A assistência social, que resulta no cumprimento de benefícios sociais de prestação 
continuada pelo Estado, serve como uma espécie de ajuda para aqueles que do contrario 
viveriam em situação de muita dificuldade, percebe-se assim que a assistência social tem 
dupla face: por um lado é prestação de serviços e por outro é uma ação sócio educativa, sendo 
um espaço de busca e reconhecimento e apoio aos projetos e necessidades da própria 
população que a ela recorre e se beneficia. 
 
A LOAS prevê benefícios eventuais tais como: auxilio a natalidade, a funeral, a 
calamidades publicas e de prestação continuada que beneficia com renda de um salario 
mínimo idosos e deficientes, prestação de serviços assistenciais, além de outros programas de 
assistência social e projetos de enfrentamento da pobreza em nosso país. 
12 
 
 
Para Pereira (1996, p. 42) a assistência social e sua função: 
 
 À medida que a assistência social desempenhar a função de incluir e manter 
incluídos os segmentos pobres da sociedade no bojo das politicas públicas setoriais, 
ela deixara de ser pontual, isolada e restrita, e cumprirá um papel universalizante e 
essencial. 
 
Neste sentido toda a população deve ter acesso às politicas públicas sociais, 
cumprindo o preceito constitucional de garantia do combate à fome e a miséria de modo a 
promover a diminuição das dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro contribuindo assim 
para o avanço da sua cidadania. O governo brasileiro valorizou a atenção à assistência social a 
partir da década de 60, em resposta aos expressivos movimentos sociais urbanos e rurais, 
deflagrado pelo sindicalismo operário e com o apoio dos intelectuais, profissionais e da igreja, 
em favor dos pobres, fracos e oprimidos. 
 
Desse modo embora muitas vezes pretendendo pautar-se no modelo de bem estar 
social, o caráter excludente do regime autoritário burocrático e suas vinculações aos interesses 
privados não conformavam as politicas sociais adotadas como sendo direitos. O assistencial 
foi compreendido apenas como uma solução emergencial e casuística para certos momentos 
de crise populacional. 
 
O social tornou-se mais notadamente como um campo de reivindicação coletiva em 
que os segmentos menos favorecidos manifestavam-se e exigiam um novo direcionamento 
das politicas sociais, mas mesmo com o clamor popular o Estado ainda não reconhecia com 
amplitude os direitos da população mais pobre, ainda mantendo uma politica excludente, 
baseada em benefícios oferecidos como privilégios de alguns, e não como direitos efetivos. 
 
Sendo o Brasil concomitantemente subdesenvolvido e industrializado, apresenta um 
capitalismo moderno caracterizado pela extrema concentração de renda pelas profundas 
desigualdades sociais. E são justamente para enfrentar essas desigualdades que o Estado vem 
contando com a execução da assistência social como uma espécie de compensação 
benevolente aos trabalhadores mais pobres, carentes desamparados, desse modo a assistência 
social brasileira configura-se como sendo um mecanismo de controle social, usado para 
13 
 
diminuir as tensões sociais da população carente, do que propriamente um meio de promover 
a cidadania. 
 
Observa-se que as politicas sociais brasileiras apesar do mecanismo assistencial, são 
fenômenos políticos enquanto expressão do confronto de interesses de classes, no espaço das 
relações sociais é que se busca umanova forma de cidadania, essa nova forma pôde ocorrer 
na conjuntura de luta pós-78 e no movimento de retorno ao Estado democrático de direito, no 
debate em torno da questão dos direitos humanos. 
 
A assistência é um dos direitos sociais reconhecidos pela Constituição Federal de 
1988, vinculados aos valores da liberdade, da igualdade de chances e da solidariedade, assim 
sendo as prestações assistenciais destinam-se a garantir às pessoas que não tem meios de 
sustento, as condições básicas de uma vida digna e de cidadania, além de constituir-se um 
instrumento para erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais. 
 
 
1.2 Importâncias da assistência social na busca do BPC 
 
A importância do alcance das politicas de assistência social, no caso brasileiro 
verifica-se pela efetiva cobertura que foi sendo gradativamente ampliada desde a década de 
80, para que se tenha uma ideia mais clara apenas no ano de 2000, foi possível resgatar mais 
de dois milhões de pessoas que viviam como indigentes, graças ao beneficio de prestação 
continuada no valor de um salario mínimo. Mas as normas sobre assistência social, previstas 
no art. 203 da Constituição Federal de 1988, possuem dupla natureza, de princípios e de 
regras. 
 
São considerados princípios de eficácia limitada: a criação de programas de proteção 
da família, da maternidade, da infância, da adolescência e da velhice (inciso I); o amparo às 
crianças e adolescentes carentes (inciso II); e a promoção da integração ao mercado de 
trabalho (inciso III). Essas normas impõem ao Estado a implantação de uma rede de ações que 
se destina à proteção das pessoas necessitadas que se encontrem em situação de miséria total. 
 
Conforme a Lei 8.742/93, com relação aos benefícios elencados nos incisos I, II e III 
do artigo 203 da Constituição Federal: 
14 
 
a) Cabe aos Municípios o pagamento dos benefícios de auxilio funeral e 
natalidade, e a prestação de serviços de proteção da infância e da adolescência; 
b) As ações assistenciais de caráter emergencial em caso de calamidade são 
atribuição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
 Já quanto às regras, consideram-se como tais as normas previstas nos incisos IV e V, 
do mesmo artigo, sendo que o primeiro trata de serviços de habilitação e reabilitação 
profissional de pessoas portadoras de deficiência e promoção de integração à vida 
comunitária, enquanto o segundo dispõe sobre o pagamento de beneficio de prestação 
continuada-BPC no valor de um salario mínimo ao idoso ou portador de deficiência que 
comprovadamente não possuam meios de sustento próprio ou custear a mantença da sua 
família. 
 
 Em relação ao beneficio de prestação continuada à norma constitucional possui 
natureza de regra, devendo ser a previsão objetiva dos requisitos para melhor fruição dos 
benefícios concretizada por lei. A Lei 8.742/93 estabelece em seu artigo 20, os requisitos 
necessários para protocolar o requerimento que são: deficiência, idade avançada e situação 
necessidade ou miserabilidade. 
 
 De acordo com site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(2009), o beneficio de prestação continuada (BPC) é um direito garantido pela constituição 
Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salario mínimo mensal a pessoas com 65 
anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para gerir seus atos da vida 
independente e para o trabalho. Em ambos os casos por via de regra a renda per capita 
familiar precisa ser inferior a ¹/4 do salario mínimo, por que se trata como via de regra, pois 
uma pessoa pode ter vida digna e sobreviver com um valor destes. O BPC também está 
legalmente amparado pela Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003 que instituiu o Estatuto do 
Idoso. 
 
 O beneficio é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(MDS), a quem compete a sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao Instituto Nacional do 
Seguro Social (INSS) compete a sua operacionalização. Os recursos para o custeio do BPC 
provem do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Para ser concedido o beneficio de 
15 
 
prestação continuada, a pessoa ou o cidadão interessado deve seguir os procedimentos legais 
da seguinte maneira: 
 
a) Solicitar ao INSS, por meio de requerimento próprio fornecido pela autarquia, o 
qual deve ser preenchido com clareza e assinado pelo requerente ou seu 
representante/responsável legal; 
b) Declarar em formulário próprio e especifico a composição do grupo familiar 
juntamente com a comprovação da renda per capita inferior a ¹/4 do salario mínimo 
mensal; 
c) No caso das pessoas idosas devem também comprovar a idade de 65 anos ou 
mais; 
d) Quando o caso for de deficiência a pessoa devera comprovar sua condição de 
incapacitada para a vida independente e para o trabalho através de atestado 
fornecido pela pericia medica do INSS, o qual os convocará informando a data da 
realização da pericia; 
 
 Considera-se renda mensal bruta familiar como descrito no item b, à soma dos 
rendimentos brutos auferidos mensalmente por todos os membros que compõe o grupo 
familiar composta por salários, proventos, pensões alimentícias, benefícios de previdência 
publica ou privada, comissões, pró-labore, e outro rendimentos do trabalho não assalariado ou 
informal, Renda Mensal Vitalícia e Beneficio de Prestação Continuada, exceto quando se 
aplica a concessão do BPC a outro idoso da mesma família conforme previsto no Estatuto do 
Idoso no paragrafo único do artigo 34 da Lei 10.741 de 2003. 
 
 São considerados integrantes da mesma família para efeitos de requerimento do BPC, 
o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto tais como, o requerente, o cônjuge, a 
companheira, o companheiro, o filho não emancipado de qualquer condição, menor de 21 
anos ou invalido, os pais e o irmão não emancipado de qualquer condição. 
 
 No que concerne à exigência contida no paragrafo 3º do artigo 20 da Lei 8.742/93 esta 
tem sido motivo constantes indeferimentos do BPC pelo INSS. No entanto, o Superior 
Tribunal Federal, ao julgar a Ação de Inconstitucionalidade nº 1232, do Distrito Federal, 
entendeu ser plenamente invalido o dispositivo acima citado, ementando-o nos seguintes 
termos: 
 
16 
 
 Constitucional. Impugna dispositivo de lei federal que estabelece o critério para 
receber o beneficio do inciso V do artigo 203 da CF. Inexiste a restrição alegada em 
face ao próprio dispositivo constitucional que reporta a lei para fixar os critérios de 
garantia do beneficio de salario mínimo à pessoa portadora de deficiência física e ao 
idoso. Esta Lei traz hipótese objetiva de prestação assistencial do Estado. Ação 
julgada improcedente. 
 
 Mas afinal, como pode o BPC proporcionar uma vida mais digna para todos os seus 
beneficiários? 
 
 A Constituição Federal insculpiu como um dos fundamentos da Republica Federativa 
do Brasil a dignidade da pessoa humana, entendendo-a como um valor moral inerente a toda e 
a qualquer pessoa. 
 
 Nas palavras de Alexandre Moraes (Atlas, 2005, p.48) 
 
 Constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, 
de modo que somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício 
dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que 
merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. 
 
O Beneficio de Prestação Continuada (BPC) é um programa assistencial criado em 
janeiro de 1996, cuja operacionalização incumbe ao Instituto Nacional de Seguro Social 
(INSS), que atua sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a 
Fome. Este programa foi instituído em consonância com a Constituição Federal de 1988, em 
seu artigo 203, que estabeleceu no titulo VIII- da Ordem Social- Capitulo II da Seguridade 
Social e SeçãoIV da Assistência Social: 
 
 Artigo 203. A assistência social será a quem dela necessitar, independe de 
 contribuição a seguridade social, e tem por objetivos: 
 [...] 
 V- a garantia de um salario mínimo de beneficio mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
 
Entretanto, somente com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social – Lei 
8.742 (LOAS) – ficou explicitado como esse beneficio seria operacionalizado e concedido, da 
seguinte forma: 
 
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo 
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais 
que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la 
provida por sua família 
17 
 
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o 
cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o 
padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, 
desde que vivam sob o mesmo teto. 
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência 
aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual 
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais 
pessoas. 
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou 
idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do 
salário-mínimo. 
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário 
com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da 
assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. 
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica 
o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação 
continuada. 
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de 
impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social 
realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de 
Seguro Social - INSS. 
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do 
beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu 
encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. 
 
Também a LOAS previu outros dispositivos sobre a concessão do BPC: 
 
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos 
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. 
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as 
condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário. 
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão 
ou utilização. 
 
Esse artigo estabeleceu um processo sistemático de revisão do beneficio com o 
objetivo de manter um controle sobre a sua utilização, impedindo que benefícios fossem 
concedidos ou mantidos fora dos critérios exigidos, tanto em casos de morte do beneficiário 
como nas situações em que não mais houvessem as condições requeridas, ou naquelas 
situações compatíveis com fraudes. 
 
Não se pode deixar de considerar que esse benefício, ao representar uma garantia de 
rendimento comporta características de certeza e regularidade, desde que sejam cumpridos os 
requisitos necessários que comprovem a necessidade das pessoas beneficiarias. Cabe ressaltar 
que a implantação do BPC extinguiu a renda mensal vitalícia, o auxilio-natalidade e o auxilio-
funeral que eram regulamentados pela Lei 6.179/74. 
 
18 
 
1.3 Dificuldades do acesso ao Beneficio de Prestação Continuada 
 
Segundo a convenção da ONU de 2006, pessoas com deficiência são aquelas que têm 
impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em interação com 
diversas barreiras podem obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdade de condições com as demais pessoas. No caso da pessoa idosa, conforme o Estatuto 
do Idoso a Lei 10.741/03, o BPC de uma pessoa idosa não pode entrar no calculo da renda 
familiar para concessão do beneficio a outro idoso membro da mesma família. O Beneficio de 
Prestação Continuada pode ser concedido a mais de um membro da família, desde que a renda 
familiar esteja de acordo com os requisitos exigidos. 
 
A comprovação da renda familiar mensal per capita será feita mediante Declaração da 
Composição e Renda Familiar, em formulário instituído para este fim fornecido pelo INSS, 
assinada pelo requerente ou por seu representante legal. As informações são confrontadas com 
os documentos pertinentes e o declarante fica sujeito as penas previstas em lei no caso de 
omissão de informação ou declaração falsa. Mesmo os moradores de rua podem requerer o 
beneficio, neste caso deve ser adotado como o endereço o do serviço da rede sócio 
assistencial pelo qual esteja sendo acompanhado, ou em sua falta deve ser fornecido endereço 
de pessoas com as quais mantem contato ou proximidade. 
 
O brasileiro nato ou naturalizado domiciliado no Brasil, idoso ou deficiente, observado 
os critérios estabelecidos no regulamento, que não receba qualquer outro beneficio no âmbito 
da seguridade social ou de outro regime, nacional ou estrangeiro, exceto o da assistência 
medica, pode também ser beneficiário do Beneficio de Prestação Continuada. Além disso, o 
BPC é um direito reclamável, ou seja, se o requerimento for negado e o requerente não 
concordar com a decisão do INSS, poderá entrar com recurso à Junta de Recurso da 
Previdência Social e ou reivindicar seu direito ao beneficio via judiciaria. 
 
Diante de todas as abordagens acerca do BPC, pode-se observar que esse benefício 
pretende em sua essência atender ao principio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares 
da Constituição Federal brasileira. Isso porque em conformidade com os objetivos 
fundamentais do Estado brasileiro, consagrados no artigo 3º da Constituição Federal: 
“construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, 
erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e 
19 
 
promover o bem de todos”, abrem-se assim as perspectivas de realização profunda pela 
pratica dos direitos sociais, visando à construção da cidadania e a promoção da justiça social, 
fundadas na dignidade da pessoa humana. 
 
O constituinte de 1988, aparentemente preocupou-se em garantir um amplo rol de 
direitos sociais tanto por meio de princípios quanto por determinações positivas do Estado, o 
que conferiu à Constituição dele decorrente um caráter eminentemente social. A relação que 
envolve o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos sociais prestacionais é 
analisada da seguinte forma por Tavares (2003): 
 
 Em relação aos direitos sociais, da dignidade humana resulta a obrigação de o 
Estado garantir um mínimo de recursos materiais suficientes para que a partir daí, a 
pessoa possa exercer sua própria autonomia. A dignidade humana ao servir de 
princípio fundamentador dos direitos prestacionais, consolida o conceito de mínimo 
social e gera, por consequência, a incorporação dos direitos prestacionais mínimos à 
concepção material de direitos fundamentais. 
 
Estas disposições tem natureza jurídica de princípios, e se caracterizam pela 
generalidade e por que seu conteúdo refere-se aos valores que o sistema jurídico deve 
preservar. Dentre esses princípios destacam-se a universalidade e a seletividade, o principio 
da universalidade é tratado como universalidade dacobertura e do atendimento. 
 
No que tange à universalidade da cobertura, entende-se que a proteção social deve 
alcançar todos os eventos cuja reparação seja possível, a fim de manter a subsistência de 
quem dela necessite. A universalidade do atendimento significa por sua vez a entrega das 
ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos 
de Previdência Social como no caso da saúde e da assistência social. 
 
Quanto ao principio da seletividade este pressupõe que os benefícios são concedidos a 
todos aqueles que efetivamente deles necessitem motivo pelo qual a seguridade social deve 
apontar os requisitos necessários para a concessão de benefícios e serviços. Por outro lado o 
inciso III do art. 194 da Constituição Federal prevê, juntamente com a seletividade, a 
distributividade na prestação dos benefícios e serviços, razão pela qual eles devem contribuir 
com a melhor distribuição de renda e bem-estar social. A seletividade destina-se a garantia 
dos mínimos vitais necessários à obtenção de bem-estar. A distributividade visa à redução das 
desigualdades sociais e regionais com o que programa a justiça social. 
20 
 
 
A constituição Federal de 1988 e a Lei 8.742/93 não selecionaram as contingencias 
adotando a posição de que os mínimos vitais prescindem de causas para serem supridas pelas 
politicas assistenciais. Foram selecionadas as necessidades, todas elas referentes a condições 
mínimas necessárias a existência digna da pessoa humana. Estão protegidas as necessidades 
das famílias, da maternidade, da infância, da adolescência, da velhice, das crianças e 
adolescentes carentes, a promoção das pessoas portadoras de deficiências e a sua integração a 
vida comunitária. 
 
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) reconhece a assistência como politica 
publica da seguridade social não contributiva, como um direito de todo o cidadão e dever do 
Estado. A LOAS regulamentada pelos artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, que 
tem como um de seus objetivos a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de 
deficiências e a promoção de sua integração à vida comunitária. Ao mesmo tempo é uma 
medida que visa a assegurar as pessoas de 65 anos ou mais um meio básico de sustento 
baseado no mínimo social até o fim de suas vidas. 
 
O reconhecimento desses direitos do idoso e do deficiente representa uma mudança de 
paradigma na relação do Estado com a sociedade. A assistência passa a ser um dever do 
Estado a quem dela necessitar em vez da troca de favores e do socorro emergencial, caso a 
caso e paliativo que era concedido pela renda mínima caracterizada pelo assistencialismo. É o 
reconhecimento da cidadania pelo direito a mínimos sociais, em respeito e defesa da vida. 
 
Diante do desenvolvimento das ideias apresentadas, e as pesquisas efetuadas para este 
trabalho conclui-se que a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) foi elaborada em 
consonância com os princípios constitucionais da igualdade e dignidade da pessoa humana, 
justamente para possibilitar o acesso da porção menos favorecida da população aos meios de 
desenvolvimento humano, pois somente desta forma e baseada nos princípios acima citados é 
que se pode buscar uma sociedade mais justa e mais solidária. 
 
Estes princípios constituem as bases da assistência social, que deve ser prestada em 
face dos menos favorecidos e ou excluídos para promover sua integração a vida social. A 
LOAS prevê que a assistência social deverá ser operacionalizada por meio do beneficio de 
prestação continuada- BPC, de benefícios eventuais e de programas e serviços ao cidadão, 
21 
 
voltados à saúde e a qualidade de vida. Resta duvidas se, da forma como se apresentam nas 
Leis, tais benefícios realmente têm de fato assegurados a inclusão social e atuado de modo 
satisfatório e efetivo na construção das igualdades e dignidades sociais. 
 
A dignidade da pessoa humana é expressa por um conjunto de valores civilizatórios 
incorporados ao patrimônio da humanidade, o conteúdo jurídico do principio vem associado 
aos direitos fundamentais envolvendo aspectos dos direitos individuais, políticos e sociais. 
Seu núcleo elementar material é composto do mínimo existencial, locução que identifica o 
conjunto de bens e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da 
própria vida em liberdade, aquém do patamar mínimo, ainda que haja sobrevivência não 
podemos considerar que exista dignidade. 
 
Para se compreender o real sentido da palavra dignidade é necessário conhecer as 
pessoas, esse ser igual em tantos aspectos a todos os outros e, no entanto, tão diferente de seus 
semelhantes. É preciso aceitar cada ser humano único insubstituível, e, portanto apenas por 
natureza, representante de toda a humanidade. Por mais indigente que uma pessoa seja, ela é 
importante como um todo por sua essência e por subsistir de maneira independente, dizer que 
o homem é uma pessoa significa que, no fundo de seu ser, ele é um todo mais do que uma 
parte. A pessoa humana tem uma dignidade absoluta simplesmente porque ela está em contato 
permanente com o absoluto, no qual ela pode encontrar plena auto realização. 
 
Portanto na historia da evolução das sociedades, observa-se um crescimento de 
valorização muito grande do ser humano, num movimento em direção à liberdade e à 
emancipação politica e social levando ao respeito pelo homem como pessoa, a justiça e o 
direito impondo sua lei ao homem e dirigindo-se à razão que se baseia no respeito a sua 
personalidade e à sua dignidade. 
 
Os conceitos que definem o valor da dignidade da pessoa humana relacionam-se 
diretamente com as funções da assistência social. As prestações que a compõem são 
responsáveis por garantir o mínimo de direitos sociais aos mais necessitados, por meio do 
Beneficio de Prestação Continuada- BPC, em consonância com os direitos fundamentais 
previstos em nossa carta magna definida como Constituição Federal de 1988. 
 
22 
 
Tais benefícios são prestados pelo Estado em resposta às necessidades dos sujeitos que 
dele dependem, dentre os quais, os idosos e os portadores de deficiências que não conseguem 
garantir sua sobrevivência nem com a ajuda da sua família, em decorrência da situação de 
pobreza em que se encontram, sendo muitas vezes, o auxilio mensal recebido do BPC a única 
fonte de renda de toda sua família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E A MANUTENÇÃO DO BENEFICIO DE PRESTAÇÃO 
DE CONTINUADA. 
 
 
 O surgimento da Assistência Social foi para amenizar o sofrimento do proletariado que 
era explorado pela burguesia. A Política de Assistência Social, inscrita no campo democrático 
dos direitos sociais, garantindo densidade e visibilidade à questão. No entanto o contexto do 
processo constituinte que gestou a Nova Constituição Federal é marcado por grande pressão 
social, crescente participação corporativa de vários setores e decrescente capacidade de 
decisão do sistema político. 
 
2.1 A Natureza jurídica da assistência social 
 
Assistência Social é uma Política de Seguridade Social não contributiva que se realiza 
através de ações de iniciativa pública e da sociedade, garantindo atendimento às necessidades 
básicas. 
 
A assistência social é a garantia dos necessitados em casos de deficiência ou idade 
avançada através do amparo social do Estado para sobreviverem. Assim temos a previdência 
que ampara os trabalhadores segurados e a assistência que presta serviços aos carentes e 
necessitados, sendo que a situação de carência deve ser sinônima de miserabilidade. 
 
De acordo com o artigo 3º do Decreto 3.048 de seis de maio de 1999: 
 
“A assistênciasocial é a política social que provê o atendimento das necessidades 
básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, 
à velhice e à pessoa portadora de deficiência independentemente de contribuição à 
seguridade social.” 
 
 De acordo com a Constituição Federal de 1988 – CF/88, aprovada em 5 de outubro, 
deste ano, trouxe uma nova concepção para a Assistência Social, incluindo-a na esfera da 
Seguridade Social: 
 
Art.203 A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II- o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III- a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
24 
 
IV- a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a de sua 
integração à vida comunitária; 
V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
Art.204 As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com 
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art.195, além de outras 
fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: 
I–descentralização político administrativa, cabendo a coordenação e as normas 
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às 
esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência 
social; 
II–participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. 
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 2003, p. 130) 
 
 A Lei 8.212 de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade 
Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências, em seu art.4º, faz referencia sobre 
como será a forma de atuação da assistência social: 
 
Art. 4° A Assistência Social é a política social que provê o atendimento das 
necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à 
adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de 
contribuição à Seguridade Social. 
Parágrafo único. A organização da Assistência Social obedecerá às seguintes 
diretrizes: 
a ) descentralização político-administrativa; 
b) participação da população na formulação e controle das ações em todos os níveis. 
 
A política pública de assistência social envolve a proteção básica em especial. A 
primeira está baseada no objetivo de prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento 
de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. 
Segundo a PNAS, 2004 destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social 
decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços 
públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivo-relacionados e de 
pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiência, dentre 
outras). 
 
A proteção social especial está dividida em: proteção especial de média complexidade 
e alta complexidade, a primeira diz respeito ao atendimento às famílias e indivíduos com seus 
direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. No 
entanto, a proteção social especial de alta complexidade, refere-se à garantia e proteção 
integral, como; moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e 
25 
 
indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser 
retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário. 
 
O social tornou-se mais notadamente como um campo de reivindicação coletiva em 
que os segmentos menos favorecidos manifestavam-se e exigiam um novo direcionamento 
das políticas sociais, mas mesmo com o clamor popular o Estado ainda não reconhecia com 
amplitude os direitos da população mais pobre, ainda mantendo uma política excludente, 
baseada em benefícios oferecidos como privilégios de alguns, e não como direitos efetivos. 
 
Sendo assim o Brasil concomitantemente subdesenvolvido e industrializado, apresenta 
um capitalismo moderno caracterizado pela extrema concentração de renda pelas profundas 
desigualdades sociais. E são justamente para enfrentar essas desigualdades que o Estado vem 
contando com a execução da assistência social, como uma espécie de compensação 
benevolente aos trabalhadores mais pobres, carentes desamparados, desse modo a assistência 
social brasileira configura-se como sendo um mecanismo de controle social, usado para 
diminuir as tensões sociais da população carente, do que propriamente um meio de promover 
a cidadania. 
 
Observa-se que as políticas sociais brasileiras apesar do mecanismo assistencial, são 
fenômenos políticos enquanto expressão do confronto de interesses de classes, no espaço das 
relações sociais é que se busca uma nova forma de cidadania, essa nova forma pôde ocorrer 
na conjuntura de luta pós-78 e no movimento de retorno ao Estado democrático de direito, no 
debate em torno da questão dos direitos humanos. 
 
 A assistência é um dos direitos sociais reconhecidos pela Constituição Federal de 
1988, vinculados aos valores da liberdade, da igualdade de chances e da solidariedade, assim 
sendo as prestações assistenciais destinam-se a garantir ás pessoas que não tem meios de 
sustento, as condições básicas de uma vida digna e de cidadania, além de constituir-se um 
instrumento para erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais. 
 
Portanto a Assistência Social é a regulação que estabelece os fundamentos sobre os 
quais está colocada a possibilidade de reversão da lógica do favor para a lógica do direito à 
proteção social para todos os cidadãos. 
 
26 
 
2.2 Como se mantém o beneficio de prestação continuada 
 
O BPC é um beneficio da Política de Assistência Social, que integra a proteção Básica 
no âmbito do Sistema Único de Assistência Social e para acessá-lo não é necessário ter 
contribuído com a Previdência Social. 
 
É um beneficio não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 
um salário mínimo ao idoso, com sessenta e cincos anos ou mais e à pessoa com deficiência 
de qualquer idade com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual 
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
 Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio 
sustento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve ser 
inferior a um quarto do salário mínimo. 
 
O artigo 203, da nossa carta magna ressalta que a Assistência Social não pode ser 
meramente assistencialista, destinada a dar socorro provisório e momentâneo ao necessitado. 
Deve ser fator de transformação social que promova a integração e inclusão do atendido na 
vida comunitária, tornando-o menos desigual e dando-lhe condições de, se possível, exercer 
atividades que lhe garantam a sobrevivência com dignidade. 
 
A Assistência Social foi disciplinada pela Lei nº 8.742, de 07.12.1993 - Lei Orgânica 
da Assistência Social (LOAS), que a definiu como “Política de Seguridade Social não 
contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de 
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades 
básicas”. 
 
 A Assistência Social é um dos pilares da Seguridade Social ao lado da Previdência 
Social e do direito à saúde e, por integrá-la, rege-se pelosmesmos princípios e objetivos. 
 
Para a legislação pertinente à matéria é a Constituição Federal de 1988, artigos: 
 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
27 
 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
Lei nº 8.742/1993 – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA 
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo 
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos* ou mais 
e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la 
provida por sua família. 
§ 1º. Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como o conjunto de pessoas 
elencadas no artigo 16 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que vivam sob 
o mesmo teto. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998, DOU 
01.12.1998) 
§ 2º. Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é 
aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho. 
§ 3º. Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de 
deficiência ou idosa, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um 
quarto) do salário mínimo. 
 § 4º. O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário 
com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da 
assistência médica. 
§ 5º. A situação de internado não prejudica o direito do idoso ou do portador de 
deficiência ao benefício. 
Doutrina Vinculada § 6º. A concessão do benefício ficará sujeita a exame médico 
pericial e laudo realizados pelos serviços de perícia médica do Instituto Nacional do 
Seguro Social - INSS. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998, 
DOU 01.12.1998) 
§ 7º. Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do 
beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu 
encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. (Redação 
dada ao parágrafo pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998, DOU 01.12.1998) 
§ 8º. A renda familiar mensal a que se refere o § 3º deverá ser declarada pelo 
requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos 
previstos no regulamento para o deferimento do pedido. (NR) (Parágrafo 
acrescentado pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998, DOU 01.12.1998). 
 
O direito ao benefício às pessoas idosas se dará após a comprovação da idade e renda 
familiar, conforme previsto na legislação para pessoa com deficiência. E também deve ter a 
comprovação da renda na qual a mesma deverá passar pela avaliação social, realizadas por 
médicos, peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, as 
avaliações são agendadas pelo próprio órgão. 
 
 Em relação ao beneficio de prestação continuada à norma constitucional possui 
natureza de regra, devendo ser a previsão objetiva dos requisitos para melhor fruição dos 
benefícios concretizada por lei. A Lei 8.742/93 estabelece em seu artigo 20, os requisitos 
necessários para protocolar o requerimento que são: deficiência, idade avançada e situação 
necessidade ou miserabilidade. 
 
 De acordo com site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(2009), o beneficio de prestação continuada (BPC) é um direito garantido pela Constituição 
28 
 
Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com 65 
anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para gerir seus atos da vida 
independente e para o trabalho. Em ambos os casos via de regra, a renda per capita familiar 
precisa ser inferior a ¼ do salário mínimo, pois uma pessoa não pode ter vida digna e 
sobreviver com um valor destes. O BPC também está legalmente amparado pela Lei 10.741, 
de 1º de outubro de 2003 que instituiu o Estatuto do Idoso. 
 
 O benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(MDS), a quem compete a sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao Instituto Nacional do 
Seguro Social (INSS) compete a sua operacionalização. Os recursos para o custeio do BPC 
provem do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Para ser concedido o beneficio de 
prestação continuada, a pessoa ou o cidadão interessado deve seguir os procedimentos legais 
da seguinte maneira: 
 
a) Solicitar ao INSS, por meio de requerimento próprio fornecido pela autarquia, o 
qual deve ser preenchido com clareza e assinado pelo requerente ou seu 
representante/responsável legal; 
b) Declarar em formulário próprio e especifico a composição do grupo familiar 
juntamente com a comprovação da renda per capita inferior a ¹/4 do salário mínimo 
mensal; 
c) No caso das pessoas idosas devem também comprovar a idade de 65 anos ou 
mais; 
d) Quando o caso for de deficiência a pessoa devera comprovar sua condição de 
incapacitada para a vida independente e para o trabalho através de atestado 
fornecido pela pericia medica do INSS, o qual os convocará informando a data da 
realização da pericia; 
 
Segundo a convenção da ONU de 2006, pessoas com deficiência são aquelas que têm 
impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em interação com 
diversas barreiras podem obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdade de condições com as demais pessoas. No caso da pessoa idosa, conforme o Estatuto 
do Idoso a Lei 10.741/03, o BPC de uma pessoa idosa não pode entrar no calculo da renda 
familiar para concessão do beneficio a outro idoso membro da mesma família. O Beneficio de 
Prestação Continuada pode ser concedido a mais de um membro da família, desde que a renda 
familiar esteja de acordo com os requisitos exigidos. 
 
A comprovação da renda familiar mensal per capita será feita mediante Declaração da 
Composição e Renda Familiar, em formulário instituído para este fim fornecido pelo INSS, 
assinada pelo requerente ou por seu representante legal. As informações são confrontadas com 
29 
 
os documentos pertinentes e o declarante fica sujeito as penas previstas em lei no caso de 
omissão de informação ou declaração falsa. Mesmo os moradores de rua podem requerer o 
beneficio, neste caso deve ser adotado como o endereço o do serviço da rede sócio 
assistencial pelo qual esteja sendo acompanhado, ou em sua falta deve ser fornecido endereço 
de pessoas com as quais mantém contato ou proximidade. 
 
O brasileiro nato ou naturalizado domiciliado no Brasil, idoso ou deficiente, observado 
os critérios estabelecidos no regulamento, que não receba qualquer outro beneficio no âmbito 
da seguridade social ou de outro regime, nacional ou estrangeiro, exceto o da assistência 
medica, pode também ser beneficiário do Beneficio de Prestação Continuada. Além disso, o 
BPC é um direito reclamável, ou seja, se o requerimento for negado e o requerente não 
concordar com a decisão do INSS, poderá entrar com recurso à Junta de Recurso da 
Previdência Social e ou reivindicar seu direito ao beneficio via judiciária. 
 
O constituinte de 1988, aparentemente preocupou-se em garantir um amplo rol de 
direitos sociais tanto por meio de princípios quanto por determinações positivas do Estado, o 
que conferiu à Constituição dele decorrente um caráter eminentemente social. 
 
Por outro lado o inciso III do art. 194 da Constituição Federal prevê, juntamente com a 
seletividade, a distributividade na prestação dos benefícios e serviços, razão pela qual eles 
devem contribuir com a melhor distribuição de renda e bem-estar social. A seletividade 
destina-se a garantia dos mínimos vitais necessários a obtenção de bem-estar. A 
distributividadevisa á redução das desigualdades sociais e regionais com o que programa a 
justiça social. 
 
A constituição Federal de 1988 e a Lei 8.742/93 não selecionaram as contingências 
adotando a posição de que os mínimos vitais prescindem de causas para serem supridas pelas 
políticas assistenciais. Foram selecionadas as necessidades, todas elas referentes a condições 
mínimas necessárias a existência digna da pessoa humana. Estão protegidas as necessidades 
das famílias, da maternidade, da infância, da adolescência, da velhice, das crianças e 
adolescentes carentes, a promoção das pessoas portadoras de deficiências e a sua integração a 
vida comunitária. 
 
 
30 
 
2.3 A importância da Assistência Social para o Beneficio de Prestação Continuada 
 
O reconhecimento do benefício é de suma importância que pretende em sua essência 
atender ao principio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares da Constituição Federal 
brasileira. Isso porque em conformidade com os objetivos fundamentais do Estado brasileiro, 
consagrados no artigo 3º da Constituição Federal: “construir uma sociedade livre, justa e 
solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir 
as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos”, abrem-se assim as 
perspectivas de realização profunda pela pratica dos direitos sociais, visando à construção da 
cidadania e a promoção da justiça social, fundadas na dignidade da pessoa humana. 
 
A assistência social passa a ser um dever do Estado a quem dela necessitar em vez da 
troca de favores e do socorro emergencial, caso a caso e paliativo que era concedido pela 
renda mínima caracterizada pelo assistencialismo. É o reconhecimento da cidadania pelo 
direito a mínimos sociais, em respeito e defesa da vida. 
 
 A Assistência social, que deve ser prestada em face dos menos favorecidos e ou 
excluídos para promover sua integração a vida social. A LOAS prevê que a assistência social 
deverá ser operacionalizada por meio do beneficio de prestação continuada- BPC, de 
benefícios eventuais e de programas e serviços ao cidadão, voltados à saúde e a qualidade de 
vida. Restam dúvidas se, da forma como se apresentam nas Leis, tais benefícios realmente 
têm de fato assegurados a inclusão social e atuado de modo satisfatório e efetivo na 
construção das igualdades e dignidades sociais. 
 
A dignidade da pessoa humana é expressa por um conjunto de valores civilizatórios 
incorporados ao patrimônio da humanidade, o conteúdo jurídico do principio vem associado 
aos direitos fundamentais envolvendo aspectos dos direitos individuais, políticos e sociais. 
Seu núcleo elementar material é composto do mínimo existencial, locução que identifica o 
conjunto de bens e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da 
própria vida em liberdade, aquém do patamar mínimo, ainda que haja sobrevivência não 
podemos considerar que exista dignidade. 
 
Para se compreender o real sentido da palavra dignidade é necessário conhecer as 
pessoas, esse ser igual em tantos aspectos a todos os outros e, no entanto, tão diferente de seus 
31 
 
semelhantes. É preciso aceitar cada ser humano único insubstituível, e, portanto apenas por 
natureza, representante de toda a humanidade. Por mais indigente que uma pessoa seja, ela é 
importante como um todo por sua essência e por subsistir de maneira independente, dizer que 
o homem é uma pessoa significa que, no fundo de seu ser, ele é um todo mais do que uma 
parte. A pessoa humana tem uma dignidade absoluta simplesmente porque ela está em contato 
permanente com o absoluto, no qual ela pode encontrar plena auto realização. 
 
A relação que envolve o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos sociais 
prestacionais é analisada da seguinte forma por Tavares (2003): 
 
Em relação aos direitos sociais, da dignidade humana resulta a obrigação de o 
Estado garantir um mínimo de recursos materiais suficientes para que a partir daí, a 
pessoa possa exercer sua própria autonomia. A dignidade humana ao servir de 
princípio fundamentador dos direitos prestacionais, consolida o conceito de mínimo 
social e gera, por consequência, a incorporação dos direitos prestacionais mínimos à 
concepção material de direitos fundamentais. 
 
Estas disposições tem natureza jurídica de princípios, e se caracterizam pela 
generalidade e por que seu conteúdo refere-se aos “valores que o sistema jurídico deve 
preservar”. Dentre esses princípios destacam-se a universalidade e a seletividade, o principio 
da universalidade é tratado como universalidade da cobertura e do atendimento. 
 
No que tange à universalidade da cobertura, entende-se que a proteção social deve 
alcançar todos os eventos cuja reparação seja possível, a fim de manter a subsistência de 
quem dela necessite. A universalidade do atendimento significa por sua vez a entrega das 
ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos 
de Previdência Social como caso da saúde e da assistência social. 
 
Quanto ao principio da seletividade este pressupõe que os benefícios são concedidos a 
todos aqueles que efetivamente deles necessitem motivo, pelo qual a seguridade social deve 
apontar os requisitos necessários para a concessão destes benefícios e serviços. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3 VISÕES JURISPRUDÊNCIAIS 
 
 
3.1 Supremo Tribunal Federal 
 
 No tocante aos limites objetivos, de que a renda mensal per capita deve ser igual ou 
inferior a ¼ do salario mínimo, podemos visualizar no julgado recente do Superior Tribunal 
Federal o (RE 567.985/MT), onde reconheceu a repercussão geral da questão constitucional 
sendo que por maioria, negou provimento ao recurso extraordinário e declarou a 
inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93, com este entendimento seguido 
também pela Turma Nacional de Uniformização, com referencia ao parágrafo único do art. 34 
da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), pode-se afirmar que o Beneficio de Prestação 
Continuada, pode mudar o critério da renda per capita mensal de ¼ do salário mínimo, para ½ 
salário mínimo, fazendo com que mais pessoas possam alcançar este beneficio e nele se 
amparar, sobreviver e terem um mínimo de dignidade como pessoas humanas. 
 
RE 567.985 / MT- PREVIDENCIÁRIO LATO SENSU – BENEFÍCIO 
ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –CONCESSÃO – 
REQUISITOS VERTIDOS NO ART. 20 DA LEI 8.742/93 – IDOSO – RENDA 
“PER CAPITA” FAMILIAR INFERIOR A ½ SALÁRIO MÍNIMO – 
BENEFÍCIO DEVIDO. 
I – O critério objetivo de miserabilidade previsto no art. 20, § 3º, da Lei 
8.742/93 restou modificado para ½ salário mínimo, por força das Leis nº 
9.533/97 e nº 10.689/2003. 
II – Recurso improvido. 
No extraordinário de folha 100 a 131, interposto com alegada base na alínea “a” do 
permissivo da Carta, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS argui 
transgressão dos artigos 203, inciso V, e 205, § 5º, do Texto Maior. Afirma que o 
Colegiado de origem não poderia adotar, na aferição do estado de pobreza, critério 
diverso daquele previsto na lei de regência, porquanto a norma constitucional 
instituidora do benefício de prestação continuada possuiria eficácia limitada, 
devendo-se atentar para o diploma integrador. Sustenta, à luz do que decidido na 
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.232/DF, não caber ao juiz alargar o 
âmbito de incidência da Lei nº 8.742/1993, ao argumento de a miserabilidade poder 
ser comprovada por outros meios. Anota ter o Supremo, no julgamento da 
mencionada ação direta, afastado qualquer possibilidade de dar ao artigo 20, § 3º, da 
Lei nº 8.742/1993 interpretação conforme à Constituição. Cita pronunciamentos 
deste Tribunal em que assentada, quanto ao benefício de prestação continuada, a 
necessária observância das regrasestritamente estabelecidas pela Lei nº 8.742/1993 
e a inaplicabilidade das Leis nº 9.533/97 e 10.689/2003. Assevera, por fim, que a 
Turma Recursal, ao afastar a incidência do artigo 20, § 3º, da Lei Orgânica da 
Assistência Social, acabou por declará-lo inconstitucional. A recorrida, nas 
contrarrazões de folha 133 a 141, aduz, preliminarmente, a ausência de 
prequestionamento da matéria constitucional. No mérito, evoca precedentes do 
Superior Tribunal de Justiça e de Turma Recursal de outro Estado da Federação no 
sentido da decisão ora impugnada. Menciona, ainda, o Enunciado nº 11 da Súmula 
da Turma Nacional de Uniformização. Insiste em estar devidamente comprovada a 
33 
 
existência, no caso, dos requisitos para a concessão do pleiteado benefício 
assistencial. O extraordinário foi admitido na origem (folha 143). 
O Tribunal reconheceu a repercussão geral da questão constitucional versada no 
processo (folha 148): REPERCUSSÃO GERAL – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL 
DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – IDOSO – RENDA PER CAPITA FAMILIAR 
INFERIOR A MEIO SALÁRIO MÍNIMO –ARTIGO 203, INCISO V, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Admissão pelo Colegiado Maior(....)RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 567.985 
PROCED. : MATO GROSSO 
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO 
REDATOR DO ACÓRDÃO : MIN. GILMAR MENDES 
RECTE.(S) : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS 
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL 
RECDO.(A/S) : ALZIRA MARIA DE OLIVEIRA SOUZA 
ADV.(A/S) : GISELDA NATALIA DE SOUZA WINCK ROCHA E OUTRO(A/S) 
INTDO.(A/S) : UNIÃO 
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
INTDO.(A/S) : DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DA UNIÃO 
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL 
INTDO.(A/S) : ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E 
GÊNERO 
ADV.(A/S) : JOELSON DIAS E OUTRO(A/S) 
-Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao recurso extraordinário e 
declarou incidenter tantum a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei nº 
8.742/93. Vencidos, parcialmente, o Ministro Marco Aurélio (Relator), que apenas 
negava provimento ao recurso, sem declarar a inconstitucionalidade da norma 
referida, e os Ministros Teori Zavascki e Ricardo Lewandowski, que davam 
provimento ao recurso. Não foi alcançado o quorum de 2/3 para modulação dos 
efeitos da decisão para que a norma tivesse validade até 31/12/2015. Votaram pela 
modulação os Ministros Gilmar Mendes, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia e 
Celso de Mello. Votaram contra a modulação os Ministros Teori Zavascki, Ricardo 
Lewandowski e Joaquim Barbosa (Presidente). O Relator absteve-se de votar quanto 
à modulação. Impedido o Ministro Dias Toffoli. Redigirá o acórdão o Ministro 
Gilmar Mendes. Plenário, 18.04.2013.Presidência do Senhor Ministro Joaquim 
Barbosa. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, 
Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa 
Weber e Teori Zavascki. Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Monteiro 
Gurgel Santos. p/ Luiz Tomimatsu Assessor-Chefe do Plenário. 
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL.PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO 
ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ARTIGO 34,‘CAPUT’ E 
PARÁGRAFO ÚNICO. APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE 
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. 1. O parágrafo único do 
art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à 
hipótese em que o benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. 2. 
É intuitivo que assim seja, na medida em que o desiderato da legislação especial do 
idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com 
dignidade. Sabe-se, inclusive, que a maior parte de suas despesas é gasta com 
medicamentos, de modo que buscou a lei garantir a reserva de um mínimo de 
recursos para tal fim. 3. Precedente desta TNU no Processo nº 2006.83.00.510337-1 
(julg. 29.10.2008). 4. Pedido de Uniformização a que se nega provimento. (TNU , 
Relator: JUIZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, Data de 
Julgamento: 08/02/2010) 
 
 
 
34 
 
3.2 Superior Tribunal de Justiça 
 
 Nos Superiores Tribunais de Justiça e também nos TRFs, das diversas regiões bem 
como as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais, vem tendo um entendimento 
quase que harmônicos, referindo que o julgador poderá usar outros fatores para definir o 
caráter de miserabilidade do grupo familiar, ao qual pertence o idoso ou a pessoa com 
deficiência, que busca o Beneficio da Prestação Continuada. 
 
 Dessa forma, o STJ pode considerar que a decisão do juiz de primeiro grau, deverá ser 
respeitada e mantida, dado a relevância das condições para analisar a situação socioeconômica 
e o grau de miserabilidade em que se encontra o requerente, entendendo não ser necessário 
novo estudo social, como pode ser visualizado pelo julgado a seguir: 
 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.244.258 - PR (2011/0059584-1) RELATOR : 
MINISTRO JORGE MUSSI RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO 
SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL 
- PGF RECORRIDO : MÁRCIA REGINA DE MATOS ADVOGADO : 
GUSTAVO MARTINI MULLER E OUTRO (S) DECISÃO O Instituto Nacional do 
Seguro Social - INSS, com fulcro na alínea a e c do inciso III do artigo1055 da 
Constituição Federal, manifesta recurso especial contra acórdão do Tribunal Federal 
da 4ª Região, assim ementado: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO 
ASSISTENCIAL. ART. 203, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
REQUISITOS. Comprovadas a incapacidade e a hipossuficiência da parte autora, 
devido é o benefício assistencial desde a data do requerimento administrativo 
(fl.357). Aos embargos de declaração opostos pela Autarquia foi negado 
provimento. Sustenta que o Tribunal a quo não poderia adotar interpretação 
ampliativa no sentido de excluir do cálculo da renda per capita mensal familiar, para 
fins de concessão de benefício assistencial, o rendimento oriundo de benefício 
previdenciário, por analogia ao art.34 do Estatuto do Idoso. Por isso, tem por 
contrariado os arts. 20,§ 3º, da Lei n. 8.742/93 e 28, parágrafo único, da Lei n. 
9.868/99. Não foram apresentadas contrarrazões ao recurso especial, conforme 
certidão à fl. 188.É o relatório. A irresignação não merece prosperar. O Tribunal a 
quo, ao analisar o conjunto fático-probatório dos autos, excluiu do cálculo da 
apuração da renda per capita benefício previdenciário percebido por outro membro 
da família, concluindo pelo estado de miserabilidade da ora recorrida. Neste 
Tribunal Superior predomina o entendimento de que o art. 20, § 3º, da Lei n. 
8.742/93 deve receber interpretação restritiva (AgRg no REsp n. 868.590/SP, Quinta 
Turma, Relator o Ministro Felix Fischer, DJU de 5/2/2007). Ressalta-se, todavia, 
que a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o critério previsto no 
artigo 20, § 3º, da Lei n.8.742/1993 deve ser interpretado como limite mínimo, de 
sorte que o julgador pode utilizar outros meios para aferir a condição de 
hipossuficiência para fins de concessão de benefício assistencial. Nesse sentido: 
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. 
ASSISTÊNCIA SOCIAL. PREVISÃO CONSTITUCIONAL. BENEFÍCIO 
RECEBIDO POR PARENTE DO AUTOR. CÔMPUTO DO VALOR PARA 
VERIFICAÇÃO DE MISERABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. ART. 34 DA LEI 
Nº 10.741/2003. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA AO BPC. ART. 20, § 3º, DA 
LEI Nº 8.742/93. POSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO DA MISERABILIDADE 
POR OUTROS MEIOS. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O 
benefício de prestação continuada é uma garantia constitucional, de caráter 
35 
 
assistencial, previsto no art. 203, inciso V, da Constituição Federal, e regulamentado 
pelo art. 20 da Lei nº 8.742/93, que consiste no pagamento de um salário mínimo 
mensal aos portadores de deficiência ou idosos que comprovem não possuir meios 
de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida pelo núcleo familiar. 2. O art. 
34 da Lei nº 10.741/2003 veda o cômputo do valor do benefício deprestação 
continuada percebido por qualquer membro da família no cálculo da renda per capita 
mensal. 3. A Terceira Seção deste Superior Tribunal consolidou o entendimento de 
que o critério de aferição da renda mensal previsto no § 3º do art. 20 da Lei nº 
8.742/93 deve ser tido como um limite mínimo, um quantum considerado 
insatisfatório à subsistência da pessoa portadora de deficiência ou idosa, não 
impedindo, contudo, que o julgador faça uso de outros elementos probatórios, desde 
que aptos a comprovar a condição de miserabilidade da parte e de sua família. 4. 
Recurso especial a que se dá provimento. (REsp nº 841.060/SP, Relatora Ministra 
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 12.6.2007, 
DJU de 25.6.2007). Ademais, tendo o acórdão recorrido, com amparo nas provas 
contidas no processado, entendido que a parte autora não tem condições de prover a 
própria subsistência e nem de tê-la provida por sua família sem o amparo 
assistencial, não há condições de chegar-se à conclusão diversa sem revolver o 
conjunto fático-probatório amealhado ao feito, nos termos da Súmula n. 7 do 
Superior Tribunal Justiça. Confira-se: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE 
PRESTAÇÃO CONTINUADA. AGRAVO REGIMENTAL. ART. 203, V, DA 
CF/88. ART. 20, § 3º, DA LEI 8.742/93. INCIDÊNCIA DOS VERBETES 
SUMULARES 7 E 83/STJ. PRECEDENTES. 1. A Terceira Seção deste Superior 
Tribunal, no âmbito da Quinta e da Sexta Turma, consolidou entendimento de que a 
comprovação do requisito da renda familiar per capita não-superior a ¼ (um quarto) 
do salário mínimo não exclui outros fatores que tenham o condão de aferir a 
condição de miserabilidade da parte autora e de sua família, necessária à concessão 
do benefício assistencial. 2. A reapreciação do contexto fático-probatório em que se 
baseou o Tribunal de origem para deferir o benefício pleiteado, pela via do recurso 
especial, esbarra no óbice do enunciado sumular nº 7/STJ. 3. Agravo regimental 
improvido. (AgRg no REsp nº 529.928/SP, Relator Ministro ARNALDO ESTEVES 
LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 6.12.2005, DJU de 3.4.2006). Oportuno 
mencionar, ainda, que o entendimento acima exposto, de que a aferição da renda per 
capita na forma do artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/1993 deve ser visto como um 
limite mínimo, com a possibilidade de aferir-se a condição de risco social por outros 
meios, coaduna-se com os princípios da assistência social, entre os quais a 
"supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de 
rentabilidade econômica", expresso no artigo 4º, inciso I, da Lei n. 8.742/1993. Ante 
o exposto, nega-se provimento ao recurso especial, nos termos do caput do art. 557 
do Código de Processo Civil. Publique-se e intimem-se. Brasília (DF), 19 de abril de 
2011. MINISTRO JORGE MUSSI Relator (STJ - REsp: 1244258 , Relator: 
Ministro JORGE MUSSI, Data de Publicação: DJ 27/04/2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
3.3 Tribunais Regionais Federais 
 
 Nossos Tribunais Regionais Federais seguem um entendimento bastante semelhante 
aos Superiores Tribunais, quando se trata do BPC, pois usam como mesmo paradigma a 
impossibilidade de sobrevivência humana, com uma renda per capita de ¼ do salario mínimo, 
sendo impossível a aplicação do disposto no art. 34, paragrafo único da Lei 10.741/03, que 
estabelece apenas a exclusão do calculo da renda, o valor relativo a outro beneficio 
assistencial recebido por outro idoso, determinando que por questão de isonomia deve sim ser 
estendido a qualquer tipo de beneficio previdenciário recebido, se este valor não ultrapassar 
um salario mínimo. 
 
 Nos casos em tela, apresentam-se varias discussões relevantes ao BPC, os quais nos 
reportam ao entendimento, de que devem ser respeitados os dispositivos constantes da Lei, 
mas também o julgador pode usar casos análogos para sentenciar, frente a suas condições para 
aferir a situação de miserabilidade em que se encontram os necessitados que buscam o 
amparo do referido beneficio. 
 
CONSTITUCIONAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AO 
DEFICIENTE. PEDIDO DE CONCESSÃO. INCAPACIDADE PARA O 
TRABALHO. RENDA PER CAPITA. JUROS DE MORA. CORREÇÃO 
MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Nos termos do art. 20, da Lei 
nº 8.742/93, a concessão do benefício de prestação continuada ao deficiente está 
condicionada à prova do preenchimento dos seguintes requisitos: ser portador de 
deficiência e não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la 
provida por sua família. Para que reste atendido o primeiro dos requisitos, a Lei nº 
8.742/1993, no art. 20, § 2º, estabelece duas exigências: incapacidade para a vida 
independente e para o trabalho. Quanto ao segundo requisito, é considerada como 
incapaz de manter a pessoa portadora de deficiência a família cuja renda mensal per 
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. 2. De acordo com o laudo 
pericial realizado, o autor é vítima de paralisia infantil (poliomelite paralítica) em 
membro inferior esquerdo sem possibilidade de melhora da atrofia, conta com mais 
de 61 (sessenta e um) anos e baixíssimo grau de instrução. 3. Ademais, de acordo 
com o enunciado nº 30, de 9 de junho de 2008, editado pelo Advogado Geral da 
União, "A incapacidade para promover a própria subsistência por meio do trabalho é 
suficiente para a caracterização da incapacidade para a vida independente, conforme 
estabelecido no art 203, V, da Constituição Federal, e art. 20, II, da Lei nº 8.742, de 
dezembro de 1993". 4. Embora a renda per capita familiar, no caso dos autos, seja a 
1/4 (um quarto) do salário mínimo, o que, a princípio, afastaria o requisito da 
miserabilidade, previsto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993, entende-se, no caso 
concreto, que o fato da esposa do autor receber um salário mínimo não elide a 
condição de miserável da família. 5. "O secretário-executivo adjunto do Ministério 
da Previdência Social, Lúcio da Silva Santos, admitiu que a exigência de renda per 
capita familiar não superior a 1/4 do salário mínimo para acesso ao benefício de 
prestação continuada (BPC) está fora da realidade. 'É inviável. Dá 4 reais por dia. Eu 
sei o quanto é custoso manter uma pessoa nessas condições, remédios caríssimos, 
fisioterapia, se alimentar, se vestir', disse. A declaração foi feita em audiência 
pública sobre o assunto promovida nesta quarta-feira pela Comissão de Direitos 
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Humanos e Minorias". Trecho de matéria veiculada no sítio eletrônico da Câmara 
dos Deputados (http://www2.câmara.gov.br/), acessado em 14 de novembro de 
2008. 6. Destarte, restaram preenchidos os requisitos necessários para o 
restabelecimento do benefício de Amparo Social em favor do autor, bem como, para 
o pagamento das parcelas atrasadas, excluindo-se as verbas que já houverem sido 
objeto de pagamento e parcelas alcançadas pela prescrição. 7. Em razão da remessa 
oficial, juros de mora aplicados no percentual de seis por cento ao ano, previsto no 
art. 1º - F, da Lei nº 9.494/97, julgado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, 
no RE-453740, a partir da citação. O Superior Tribunal de Justiça, em julgados 
recentes da Primeira, Segunda e Sexta Turmas, proferidos à unanimidade, entendeu 
que o supracitado dispositivo legal, apesar de referente a juros de mora nas 
condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias 
devidas a servidores e empregados públicos, aplica-se também aos benefícios 
previdenciários: "O art. 1º-F da Lei 9.494/97, introduzido pela Medida Provisória 
2.180-35/2001, refere-se à incidência de juros moratórios em relação ao pagamento 
de verbas remuneratórias, incluindo-se aí os benefícios previdenciários e demais 
verbas de natureza alimentar" (trecho do da do REsp 860046/MG, Rel. Ministra 
DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26.09.2006, DJ 23.10.2006 
p. 280). Vencido neste ponto o Relator. 8.

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