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PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE 
 
1 – O início 
Quando pensamos na Terra, imaginamos um planeta predominantemente azul sobre um 
fundo negro, o que normalmente nos remete, num conhecimento básico de ciências e em 
observações rotineiras, para um corpo imutável aos olhos humanos. Mas o nosso planeta vai 
muito além das limitadas observações humanas e muitas vezes, mesmo para além das 
interpretações instrumentais que simulam os ambientes planetários (Garcia et al, 2015). 
A Terra é, ao contrário do sugerido acima, um planeta dinâmico, que evoluiu/evolui a 
escalas (temporais e espaciais) bem mais amplas do que as humanas; principalmente, quando se 
pensa em tempo, sua análise é feita através do tempo geológico (onde os milhões de anos 
aparecem como a unidade de trabalho). O conhecimento deste passado geológico longínquo 
pode ser acedido através do estudo das rochas e dos fósseis; torna-se então possível conhecer 
algumas das transformações da Terra e de seus ambientes, bem como a forma como a Vida 
evoluiu no nosso planeta, ainda segundo a mesma autora. 
Segundo Press et al. (2006) o nosso planeta funciona como um sistema de dinâmico entre 
a geosfera, a hidrosfera e a atmosfera, que são por sua vez subsistemas complexos. Embora por 
vezes para entender o funcionamento da Terra se estudem seus subsistemas separadamente, 
como se cada um deles existisse sozinho, para obter uma perspectiva completa do seu 
funcionamento, torna-se necessário entender os modos como seus subsistemas interagem entre 
si (e.g. como os gases de um vulcão podem induzir mudanças climáticas). 
Atualmente, neste mundo em que a fasquia dos mais de 7 bilhões de seres humanos já foi 
ultrapassada, as questões de conservação da Natureza são vitais e inadiáveis. Não apenas do 
ponto de vista do seu valor intrínseco mas, também, pelos valores cultural, estético, educativo, 
científico, econômico, utilitário, etc. 
 Um aspecto de base a ter bem presente é que a natureza abiótica, a par da natureza 
biótica, é parte integrante e fundamental da Natureza (Gray, 2004, Larwood & Durham, 2005), e 
que as transformações constantes da Terra (graduais ou não graduais) são um elemento crucial 
dessa dinâmica natural, constituindo um elo entre o passado, o presente e o futuro e mantendo 
um delicado equilíbrio de condições no qual a Vida vai evoluindo. 
 Desta forma, convidamos a todos para participarem de uma reflexão sobre o nosso 
ambiente, sobre a importância de sua preservação e também em como podemos interligar e 
praticar nossa profissão da segurança da vida, para todas as formas de vida. Que tal 
começarmos pelo entendimento do que é, efetivamente, meio ambiente? 
 
 
 
2 - Meio Ambiente 
 
 
Uma discussão recorrente a respeito do termo meio ambiente é a suposta redundância que 
existe entre ambos os termos: a palavra meio significa o mesmo que ambiente. 
O motivo desta reiteração obedece razões históricas, já que, durante a Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a impressão semântica das 
traduções do inglês, acabou por gerar o termo meio ambiente como e uso comum, em vez de se 
usar somente um deles (ou meio ou ambiente). 
Será que existe um conceito certo ou errado de ambiente? Com esta questão iniciaremos 
nosso processo de reflexão conjunta nesta disciplina. 
 
Ambiente: 
 O conceito de ambiente ou meio ambiente, está em constante processo de construção e é 
possível encontrarmos diferentes definições para este termo, segundo a FEEMA (1990) e o 
IBAMA (1994). 
 
Ano Meio Ambiente - Definições 
1976 As condições, influência ou forças que envolvem ou influem ou modificam: o 
complexo de fatores climáticos, edáficos e bióticos que atuam sobre um 
organismo vivo, ou uma comunidade ecológica, e acaba por determinar sua 
forma e sua sobrevivência, a agregação das condições sociais e culturais 
que influenciam a vida de um indivíduo ou uma comunidade (Webster’s, 
1976). 
1977 O conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos e 
biológicos e dos fatores sociais suscetíveis de terem um efeito direto ou 
indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas 
(Poutrel & Wasserman, 1977). 
1977 A soma das condições externas e das influências que afetam a vida, o 
desenvolvimento e, em última análise, a sobrevivência de um organismo 
(Banco Mundial, 1977). 
1978 O conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e 
 
 
os outros organismos (PNUMA, 1978) 
1978 O conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem o homem e os 
demais organismos e de onde obtêm sua subsistência (Conferência de 
Tibillisi, 1978) 
1988 “Conjunto de componentes naturais e sociais, e suas interações em um 
determinado espaço de tempo, no qual se dá a dinâmica das interações 
sociedade-natureza, e suas conseqüências, no espaço que habita o ser 
humano, o qual é parte integrante deste todo. Desta forma, o ambiente é 
gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação e 
transformação do espaço da sociedade (Gutman, 1988) 
1992 “Qualquer espaço de interação e suas conseqüências entre a sociedade 
(elementos sociais, recursos humanos) e a Natureza (elementos ou recursos 
naturais)”(Queiroz e Tréllez, 1992) 
Tabela 01: Definições de Meio Ambiente. Adaptado de FEEMA (1990) e IBAMA (1994 apud 
FUNIBER, 2009). 
 
Já, segundo o site 
http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/o_que_e_meio_ambiente.htm (acessado em 
2/04/2011), é o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutura de ordem física, química 
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
 
Vamos observar: a questão ambiental, a qual vemos que é complexa, pois os sistemas 
ambientais são evolutivos, ou seja, não-deterministas, não-lineares, irreversíveis e com estados 
de desequilíbrio constante. Esse processo evolutivo e suas modificações constantes inserem 
acontecimentos irreversíveis, aumentando a complexidade do sistema (Philippi Junior e Silveira, 
2009). 
Aqui chegamos a conclusão de que há muitas maneiras de abordar conceitualmente o meio 
ambiente e uma única área do conhecimento humano não pode abranger e explicar a gama de 
fenômenos naturais e culturais que ocorrem em escalas espaciais e temporais diversas. 
Vemos assim, que a questão da definição do ambiente é complexa, pois está relacionada 
aos aspectos evolutivos da própria sociedade. 
Apenas para ampliarmos essa discussão, numa segunda abordagem conceitual da própria 
questão ambiental, percebemos que há o envolvimento da visão econômica. Os economistas 
 
 
clássicos, com algumas exceções, sempre teorizaram sobre os sistemas econômicos sem 
considerar o meio natural como fornecedor de materiais energia para a sociedade humana, e 
como receptor dos resíduos resultantes e da energia dissipada pelas atividades antrópicas 
(Philippi Junior e Silveira, 2009). 
Agora, vamos refletir um pouco sobre como o homem vê o meio ambiente perante a 
constituição: 
 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever 
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Artigo 225 da Constituição 
Federal). 
Percebemos aqui a abertura de interpretações que a lei nos fornece: o que é ambiente 
ecologicamente equilibrado? Será que isso tem o mesmo parâmetro para mim e para você? Mais 
uma coisa: Essencial à sadia qualidade de vida – será que há igualdade na qualidade de vida da 
sociedade? Todos tem o mesmo padrão de vida social (pobres, classe media e classe alta)? 
Vemos com isso que meio ambiente está muitomais relacionado com a questão social e 
cultural, do que somente definições biológicas. Esse é um dos desafios primordiais do século XXI 
para a preservação do meio ambiente: a questão da reforma de valores culturais e sociais, 
começando pela reforma das próprias políticas públicas. 
 
3 - Educação Ambiental 
 
Educação, do vocábulo latino educere, significa conduzir, liderar, puxar para fora. Baseia-se 
na idéia de que todos os seres humanos nascem com o mesmo potencial, que deve ser 
desenvolvido no decorrer da vida. O papel do educador é portanto, criar condições para que isso 
ocorra, criar condições para que levem o desenvolvimento desse potencial, que estimulem as 
pessoas a crescerem cada vez mais ( Pelicioni, 2009). 
Segundo Paulo Freire, famoso educador brasileiro, hoje reconhecido internacionalmente, 
ninguém educa ninguém, ninguém conscientiza ninguém, ninguém se educa sozinho. Isso 
significa que a educação depende de adesão voluntária, depende de quem a incorpora e não de 
quem a propõe. 
No Relatório para a UNESCO de 1996, da Comissão Internacional sobre Educação para o 
século XXI, a educação aparece como indispensável à humanidade na construção dos ideais de 
paz, da liberdade e da justiça social como também para o desenvolvimento contínuo, tanto das 
pessoas como das sociedades, do século XXI em diante (Pelicioni, 2009). 
 
 
Aqui vemos que para falar de educação ambiental, temos que admiti-la como processo de 
educação política que busca formar para que a cidadania seja exercida e para uma ação 
transformadora, a fim de melhorar a qualidade de vida da coletividade. A abordagem sociocultural 
permite a ação pró-ativa e transformadora, proposta pela educação ambiental, se efetive, já que 
implica em formação para uma reflexão crítica (Pelicioni, 2009). 
A educação ambiental se coloca numa posição contrária ao modelo de desenvolvimento 
econômico vigente no sistema capitalista selvagem, em que os valores éticos, de justiça social e 
solidariedade não são considerados nem a cooperação é estimulada, mas prevalecem o lucro a 
qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em detrimento da maioria da 
população (Pelicioni e Philippi Junior, 2005). 
VEJAM: mais um desafio para o século XXI!!! 
 
Mas, enfim, qual é a definição de educação ambiental? 
Educação ambiental é um instrumento que pode proporcionar mudanças na relação do 
homem com o ambiente e surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da 
vida (alterado de: http://pga.pgr.mpf.gov.br/pga/educacao/que-e-ea/o-que-e-educacao-ambiental, 
acessado em 20/04/2011). 
A educação ambiental também pode ser chamada de EA, sua abreviação, e tem como 
proposta principal a superação da dicotomia entre natureza e sociedade, através da formação de 
uma atitude ecológica nas pessoas. Um dos seus fundamentos é a visão socioambiental, que 
afirma que o meio ambiente é um espaço de relações, é um campo de interações culturais, 
sociais e naturais (a dimensão física e biológica dos processos vitais). Ressalte-se que, de acordo 
com essa visão, nem sempre as interações humanas com a natureza são daninhas, porque existe 
um co-pertencimento, uma coevolução entre o homem e seu meio. Coevolução é a idéia de que a 
evolução é fruto das interações entre a natureza e as diferentes espécies, e a humanidade 
também faz parte desse processo, segundo o mesmo site. 
Para fecharmos esta primeira discussão, definimos a educação ambiental como um 
processo que busca: 
“(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com 
os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, 
atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de 
soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)” (capítulo 36 da 
agenda 21). 
 
4 – Consumir para quê? 
 
 
Desde os tempos dos caçadores e coletores, três grandes mudanças culturais aumentaram 
o impacto sobre o meio ambiente. Para que possamos entendê-las e assim discutir o 
desenvolvimento sustentável na dimensão humana, vamos ler o texto de Miller Junior (2007): 
Evidências fósseis e estudos de culturas antigas sugerem que a atual forma de nossa 
espécie, Homo sapiens sapiens, tem povoado a Terra há apenas 60 mil anos (algumas 
evidências recentes afirmam 90 mil a 195 mil) – menos que um piscar de olhos nesse 
maravilhoso planeta com 3,7 bilhões de anos de vida. 
Até aproximadamente 12 mil anos atrás, éramos na maioria caçadores e coletores que se 
moviam conforme a necessidade de encontrar alimento suficiente para a sobrevivência. A partir 
daí, três grandes mudanças culturais ocorreram: a revolução agrícola (que começou há 10-12 mil 
anos); a revolução industrial-médica (iniciada por volta de 275 anos atrás) e a revolução da 
informação-globalização (iniciada há cerca de 50 anos). 
Essas mudanças culturais aumentaram de forma considerável nosso impacto no meio 
ambiente. Por meio dessas mudanças, passamos a dispor de muito mais energia e novas 
tecnologias para alterar e controlar o planeta, visando atender a nossas necessidades básicas e 
crescentes desejos. Elas também permitiram a expansão da população humana, em especial 
devido à farta disponibilidade de suprimentos alimentares e maior expectativa de vida. Além 
disso, elevaram consideravelmente o uso de recursos, poluição e degradação ambiental, que 
ameaçam a sustentabilidade das culturas humanas a longo prazo. 
Interessante este histórico exposto pelo autor não? Mas o que é desenvolvimento 
sustentável então? 
Antes de respondermos essa questão, vamos observar, como o fez Gonçalves (1990 apud 
Pelicioni, 2005), que o modo de ser, de produzir e de viver dessa sociedade é fruto de um modo 
de pensar e agir em relação à natureza e aos outros seres humanos que remonta a muitos 
séculos. Restringindo-se ao pensamento ocidental, percebem-se nas obras de alguns filósofos da 
Grécia e Roma clássicas, bem como na tradição judaico-cristã, espinha dorsal da cultura 
ocidental, indícios de certos valores bastante presentes nas sociedades atuais, como o 
antropocentrismo e a visão dicotomizada entre o ser humano e a natureza. 
Platão, por exemplo, no ano de 111 a.C., já denunciava a ocorrência de desmatamento e 
erosão de solo nas colinas de Átila, na Grécia, ocasionados pelo excesso de pastoreio de ovelhas 
e pelo corte de madeira (Darby, 1956). 
Observação importante: Através do exposto acima, percebemos que medidas precisariam ter 
sido tomadas desde então, mas que infelizmente não o foram. 
 
 
 
A concepção de desenvolvimento sustentável tem suas raízes fixadas na Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, capital da Suécia, em 
julho de 1972, segundo Brunacci e Philippi Junior (2009). 
Segundo Funiber (2009), o termo desenvolvimento sustentável, como é, foi estabelecido 
pela International Union for The Conservation of Nature (IUCN), embora sua popularidade tenha 
origem no relatório “Nosso futuro comum” ou relatório Bruntland (WCED, 1987), preparado pela 
Comissão Bruntland das Nações Unidas, no qual se lê: 
“O desenvolvimento sustentável satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a 
capacidade de futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades”. 
Analisemos que os componentes substantivos nesta definição são as questões de equidade, 
tanto entre uma mesma geração como entre diferentes gerações, a fim de que todas as gerações, 
presentes e futuras, aproveitem o máximo sua capacidade potencial. Porém, a maneira como as 
atuais oportunidades estão distribuídas não é, na realidade, indiferente. Seria estranho que 
estivéssemospreocupados profundamente com o bem-estar das futuras gerações e deixássemos 
de lado a triste sorte dos pobres de hoje. No entanto, atualmente, nenhum desses dois objetivos 
tem assegurada a prioridade que merece. Consequentemente, talvez uma reestruturação, das 
pautas concernentes à distribuição de renda, à produção e ao consumo em escala mundial seria 
uma condição prévia necessária a toda estratégia viável de desenvolvimento sustentável. 
Vemos que o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em um contexto de crise 
econômica e da revisão de paradigmas de desenvolvimento. A crise econômica na maior parte do 
mundo, a instabilidade, o aumento da pobreza, etc., colocavam em dúvida a viabilidade dos 
modelos convencionais, inclusive, a própria idéia de “desenvolvimento” havia sido sustada das 
políticas ante a urgente necessidade de estabilizar as economias e recuperar o crescimento 
econômico (Funiber, 2009). 
O surgimento da idéia do desenvolvimento sustentável teve repercussões importantes em 
todos os meios – graças aos esforços da Comissão das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD) – devido à necessidade de renovar concepções e estratégias, 
buscando o desenvolvimento das nações pobres e reorientando o processo de industrialização 
dos países mais avançados. O conceito convencional de desenvolvimento se referia ao processo 
de melhoria das condições econômicas e sociais de uma nação. O enfoque da Comissão buscou 
ir além da dimensão econômica e social, tratando de incluir a questão ambiental como um dos 
elementos centrais da concepção e da estratégias de desenvolvimento, ainda segundo Funiber 
(2009). 
Ainda segundo o mesmo autor, ao qualificar o desenvolvimento como o adjetivo 
“sustentável”, incorpora-se um conceito de capacidade de subsistir ou continuar. A 
 
 
sustentabilidade expressa uma preocupação com o meio ambiente para que as gerações futuras 
o utilizem e o desfrutem da mesma forma que a presente. Neste caso, “desenvolvimento” não é 
sinônimo de “crescimento”. Crescimento econômico é entendido como aumentos na renda 
nacional. Em contra partida, o desenvolvimento implica algo mais amplo, uma noção de bem-
estar econômico que reconhece componentes não monetários. Estes podem incluir a qualidade 
do meio ambiente. 
É importante ressaltar que o desenvolvimento sustentável exige que se definam prazos, com 
qual ordem de prioridades, a que níveis e escalas e quais recursos econômicos utilizar para obter 
a sustentabilidade. Essa tarefa é muito complexa, dados os aspectos sociais, políticos e 
elementos técnicos implicados, por exemplo, na superação da pobreza, em que a 
sustentabilidade pode ser inalcançável, mesmo em prazos relativamente longos (Funiber, 2009). 
Vemos em diversos estudos, que as modificações ambientais provocadas pela ação 
antrópica, alterando significativamente os ambientes naturais, poluindo o meio ambiente físico, 
consumindo recursos naturais sem critérios adequados, aumentam o risco de exposição a 
doenças e atuam negativamente na qualidade de vida da população (Miranda et al., 1994; 
Ministério da Saúde, 1995; Banco Mundial, 1998; Who, 1999). 
As modificações ambientais decorrentes do processo antrópico de ocupação dos espaços e 
de urbanização, que ocorrem em escala global, especialmente as que vêm acontecendo desde os 
séculos XIX e XX, impõem taxas incompatíveis com a capacidade de suporte dos ecossistemas 
naturais (Philippi Junior & Malheiros, 2008). 
Ainda segundo os mesmos autores, a análise dos impactos potenciais dessas modificações 
pode ser feita sob o enfoque da mudança nos padrões de consumo e de produção, facilitando 
assim a compreensão dessa questão e das medidas necessárias para a reversão dos problemas 
instaurados. 
Mas afinal, o que podemos fazer em relação ao consumo, se o mesmo é necessário para a 
sobrevivência das espécies? 
Para responder isso, surge as questões de consumo consciente e consumo sustentável. 
 
5 – Consumo Consciente e Sustentável 
 
Para começarmos a falar de consumo consciente e consumo sustentável, vamos ver o 
vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=HNHfguQb14I 
 Consumir é necessário para a sobrevivência dos seres vivos. Todos os organismos 
consomem: água, nutrientes, energia. Mas há uma diferença significativa entre outras espécies 
 
 
de organismos vivos e o homem: o consumismo desenfreado e exagerado que não é somente 
para sobreviver no meio em que vive. 
 Segundo do site http://www.ressoar.org.br/conceito_consumo_consciente.asp, quando se 
fala em consumo, a primeira coisa que vem à mente é o simples ato de comprar, seja de maneira 
programada, por necessidade ou por impulso. A compra é apenas um dos sentidos deste 
conceito. Antes dela, temos que decidir o que consumir, por que consumir, como consumir e de 
quem consumir. Depois de refletir a respeito desses pontos é que partimos para a compra. E 
após a compra, existe o uso e o descarte do que foi adquirido, que também geram impactos e 
degradação ambiental. 
O consumo consciente é uma maneira de consumir levando em consideração os impactos 
provocados pelo consumo. Com isso, o consumidor pode, por meio de suas escolhas, buscar 
maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos dos seus atos de consumo, e desta 
forma contribuir com seu poder de consumo para construir um mundo melhor. 
Ainda conforme cita o mesmo site, o consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua 
satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta, lembrando que a sustentabilidade implica em 
um modelo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Ele também 
reflete a respeito de seus atos de consumo e como eles irão repercutir sobre si mesmo, nas 
relações sociais, na economia e na natureza. Além disso, busca disseminar o conceito e a prática 
do consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos de consumo realizados por um 
número muito grande de pessoas promovam grandes transformações. 
 Vários são os exemplos que podem ser citados quanto ao uso não consciente dos recursos 
naturais esgotáveis que já estão gerando sérios problemas no mundo: água potável, combustíveis 
fósseis, energia elétrica, minerais como ouro e o mercúrio. 
Já, quando falamos em consumo sustentável, precisamos saber que este conceito passou 
a ser construído a partir do termo desenvolvimento sustentável, divulgado com a Agenda 21, 
documento produzido durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. A Agenda 21 relata quais as principais ações que 
devem ser tomadas pelos governos para aliar a necessidade de crescimento dos países com a 
manutenção do equilíbrio do meio ambiente. Os temas principais desse documento falam 
justamente sobre mudanças de padrões de consumo, manejo ambiental dos resíduos sólidos e 
saneamento e abordam ainda o fortalecimento do papel do comércio e da indústria 
(http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article151). 
 
 
Assim, podemos definir o consumo sustentável como o uso dos recursos naturais para 
satisfazer as necessidades pessoais sem o comprometimento das necessidades das gerações 
futuras. Isso é o saber usar para nunca faltar. 
Sabendo que o consumo é um ato essencial e inevitável da vida humana e apresenta 
características particulares que ultrapassam as necessidades da vida biológica ou material, 
precisamos raciocinar que a satisfação das necessidades humanas têm três componentes: o 
utilitário, o de comunicação e o psicológico. Segundo a FUNIBER (2009), eles podem ser 
discutidos: 
O componente utilitário nem sempre determina a escolha; às vezes o ato do consumo está 
motivado pelo propósito de se comunicar com os outros,de demonstrar que se respeitam as 
convenções sociais, que se está na moda ou que se é completamente diferente. O componente 
psicológico impulsiona a consumir para se provar algo a si mesmo, para se assemelhar à 
imagem que tem de si e se sentir bem consigo mesmo. 
O consumo desmedido das sociedades modernas implica o uso de elevadas quantidades 
de recursos naturais. Ao mesmo tempo, os atos de consumo comprometem todas as esferas da 
vida humana: a material, a social e a psicológica. Modificar os hábitos de compra da população é 
um objetivo indispensável para coadjuvar a proteção do meio ambiente, diminuir a contaminação 
e a geração de resíduos e promover um eficiente controle de energia, entre outras coisas. A 
aquisição de novos hábitos implica a modificação da cultura que faz consumir bens e serviços 
supérfluos, limitando-se apenas a satisfação das necessidades básicas e gerando novas formas 
de relação entre a população e o meio natural. Torna-se evidente que a educação é um 
instrumento catalisador através do qual se pode impulsionar e fomentar uma cultura da 
responsabilidade ambiental. 
Para concluirmos esta parte do assunto, percebemos ao longo da discussão desse tema, 
que temos a possibilidade de ainda deixarmos para as futuras gerações um pouco do nosso 
patrimônio natural, nos dado pelo planeta Terra, de modo que todos tenham a possibilidade de 
usofruto consciente do mesmo. Mas medidas políticas, sociais e culturais precisam ser tomadas e 
praticadas continuamente. 
Que tal fazermos a nossa parte? 
 
6 - Sustentabilidade 
 
 
 
Antes de entrarmos nos conceitos e objetivos da sustentabilidade, tal qual ela o é, vamos 
continuar lendo o texto de Miller Junior (2007) para podermos entender melhor as explicações da 
aula: 
Alguns críticos acreditam que as visões de mundo ambientais centradas no ser humano 
deveriam ser expandidas para reconhecer o valor intrínseco ou inerente de todas as formas de 
vida, independentemente de seu uso potencial ou real para os seres humanos. A maioria das 
pessoas que têm essa visão de mundo acredita que temos responsabilidade ética de evitar a 
extinção prematura de espécies por meio de nossas atividades por três razões. Primeira, cada 
espécie é depósito único de informações genéticas e deveria ser respeitada e protegida 
simplesmente porque existe (valor intrínseco). Segunda, cada espécie é um bem econômico 
potencial para uso humano (valor instrumental). Terceira, populações de espécies são capazes, 
por meio da evolução e da especiação, de se adaptar às mudanças das condições ambientais. 
Alguns acreditam que devemos ir além de focar nas espécies. De acordo com essas 
pessoas, temos responsabilidade ética de não degradar os ecossistemas, a biodiversidade e a 
biosfera para esta e para as futuras gerações de seres humanos e de outras espécies. Essa 
visão de mundo ecocêntrica é dedicada à preservação da biodiversidade e do funcionamento de 
sistemas de suporte à vida para todas as vidas. 
 Uma das visões de mundo centradas na Terra é chamada visão de mundo de sabedoria 
ambiental. Em muitos aspectos, ela é o oposto da visão de mundo de gestão planetária. De 
acordo com essa visão de mundo, somos parte – não estamos isolados – da comunidade de vida 
e dos processos ecológicos que sustentam todas as formas vivas. 
 Para compreendermos essas visões comentadas, vamos analisar a tabela abaixo: 
 
Manejo Planetário Gerenciamento Sabedoria Ambiental 
- Nós estamos afastados do 
restante da natureza e 
podemos utilizá-la para 
satisfazer nossas 
necessidades e desejos 
crescentes. 
- Temos responsabilidade 
ética de sermos os gerentes 
ou administradores 
cuidadosos da Terra. 
- Nós somos uma parte da 
natureza e dependemos dela; 
a natureza existe para todas 
as espécies. 
- Por causa de nossa 
inventividade e tecnologia não 
haverá falta de recursos. 
- Provavelmente não 
ficaremos sem recursos, mas 
eles não devem ser 
- Os recursos são limitados, 
não deveriam ser 
desperdiçados e não são 
 
 
desperdiçados. exclusividade nossa. 
- O potencial para o 
crescimento econômico é 
ilimitado. 
- Deveríamos encorajar formas 
benéficas de crescimento 
econômico e desencorajar as 
formas prejudiciais ao meio 
ambiente. 
- Deveríamos encorajar formas 
sustentáveis de crescimento 
econômico e desencorajar as 
formas degradantes. 
- Nosso sucesso depende de 
quão bem utilizaremos os 
sistemas de suporte à vida 
principalmente em nosso 
benefício. 
- Nosso sucesso depende de 
quão bem utilizaremos os 
sistemas de manutenção da 
vida em nosso benefício e do 
restante da natureza. 
- Nosso sucesso depende de 
aprender como a natureza se 
sustenta e integrar essas 
lições ao nosso modo de 
pensar. 
Tabela 02: Visões de mundo ambientais (fonte: Miller Junior, 2007). 
 
 Agora ficou mais claro como podemos ter visões de mundo diferentes. Nosso desafio é 
tentarmos focar naquela que se reverta em benefício conjunto: Terra, homem e outras formas de 
vida. 
Mas, e as definições de sustentabilidade, o que é afinal sustentabilidade? 
Vamos ler esse texto de Raquel Nunes, da revista ecologia urbana de 21 de outubro de 
2008 (Fonte: http://www.ecologiaurbana.com.br/sustentabilidade/o-que-e-sustentabilidade/): 
 Acrescentando ao que disse Raquel Nunes, Miller Junior (2007), coloca que 
sustentabilidade é a capacidade dos diversos sistemas da Terra, incluindo as economias e 
sistemas culturais humanos, de sobreviverem e se adaptarem às condições ambientais em 
mudança. 
 Segundo o mesmo autor, a primeira etapa é conservar o capital natural da Terra – os 
recursos e serviços naturais que mantêm a nossa e outras espécies vivas e que dão suporte às 
nossas economias. 
 O primeiro passo em direção á sustentabilidade é entender os componentes e a 
importância do capital natural e da renda natural ou biológica que ele fornece. Para os 
economistas, capital é a riqueza para sustentar uma empresa e gerar mais riqueza. O capital 
financeiro pode gerar renda financeira. Por exemplo, suponha que você invista R$ 10.000,00 e 
obtenha 10% de retorno sobre o valor aplicado ao ano. Em um ano você terá R$ 1.000,00 de 
rendimento e aumentará seu capital para R$ 11.000,00. 
 
 
Por analogia, os recursos renováveis que compõem parte do capital natural da Terra, 
podem nos fornecer uma renda biológica indefinidamente renovável, desde que não usemos 
esses recursos mais rápido do que a natureza o renova. Por exemplo, os serviços naturais, Omo 
a reciclagem de nutrientes e o controle do clima (incluindo a precipitação), renovam os recursos 
naturais, como a superfície do solo e os depósitos de água subterrâneos (aqüíferos). A 
sustentabilidade significa sobreviver com essa renda biológica sem exaurir ou degradar o capital 
natural que a fornece (Miller Junior, 2007). 
Vamos ler agora, o texto modificado de Reis, Fadigas e Carvalho (2009) para entendermos 
os objetivos da sustentabilidade na sociedade atual: 
 Desde as primeiras discussões relacionadas ao meio ambiente, nas quais é possível 
ressaltar o papel coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU), vários acordos 
ambientais tem sido negociados e inúmeros fóruns de discussão criados com o objetivo de 
repensar o modelo economicista adotado para o desenvolvimento e de conter o encaminhamento 
para a exaustão dos recursos naturais. Embora ocorram grandes discussões, a implementação 
de ações objetivas tem sido muito lenta, em grande parte devido à complexidade do cenário 
multifacetado das nações, ao desequilíbrio da organização institucional do mundo e aos 
interesses políticos e econômicosespecíficos. 
É percebido, que nos últimos 20 anos, a agenda ambiental internacional e a busca pela 
sustentabilidade têm evoluído tanto no sentido de implementar os acordos já assinados, como no 
sentido de encontrar formas de proteger outros recursos naturais essenciais como, por exemplo, 
mananciais de água. Muito trabalho tem sido feito principalmente no nível político e científico. No 
setor econômico nota-se ainda cautela no sentido de adotar formas de produção sustentáveis, 
mas muitas empresas e setores já se posicionaram progressivamente nesse sentido. Muitas 
companhias internacionais não mais ignoram o fato de que padrões de sustentabilidade irão 
afetar mais e mais os padrões de consumo da sociedade e as formas de produção e de relação 
com os consumidores que dominarão o século XXI, sendo, portanto, condicionantes significativos 
de competitividade. 
Para que se alcancem os objetivos de sustentabilidade é importante que o trabalho iniciado 
prossiga em diversas frentes, em âmbito global e local, com a modificação dos sistemas 
produtivos e das práticas de uso dos recursos naturais. 
Para a pesquisadora Elisete Batista da Silva Medeiros, da Revista Virtual Partes 
(http://www.partes.com.br/socioambiental/sustentabilidadecaminho.asp, acessado em 21 de julho 
de 2011), o objetivo da sustentabilidade é colocado sob forma de três restrições que vem 
enquadrar a função utilidade intertemporal: os recursos naturais devem ser extraídos procurando 
fazer a substituição por recursos equivalentes; a exploração dos recursos renováveis deve ser 
 
 
feita respeitando a sua renovação; e a emissão de rejeitos deve ser compatível com a capacidade 
de assimilação do ambiente. 
 Segundo a mesma autora, o fator determinante da sustentabilidade é a rede de relações 
entre cinco componentes que configuram um determinado modelo de ocupação territorial, a partir 
de então pode-se propor que a sustentabilidade depende das inter-relações entre seu/sua: 
população, referente a seu tamanho, sua composição e dinâmica demográfica; organização 
social, referente aos padrões de produção e de resolução de conflitos, e estratificação social; 
entorno, refere-se ao ambiente físico e construído, processos ambientais, recursos naturais; 
tecnologia, no que tange a inovação, ao progresso técnico, ao uso de energia; aspirações sociais, 
quanto aos padrões de consumo, os valores e a cultura. 
 Quando o ser humano constitui a razão de ser do processo de desenvolvimento significa 
defender com razões e argumentos um novo estilo de desenvolvimento que seja: ambientalmente 
sustentável no acesso e no uso de recursos naturais conjuntamente com a preservação da 
biodiversidade; socialmente sustentável na redução da pobreza e das desigualdades sociais e 
promovendo a justiça e a equidade; culturalmente sustentável na conservação de valores, 
praticas e símbolos de identidade; politicamente sustentável ao aprofundar a democracia e 
garantir o acesso e a participação efetiva da população no processo de decisão de ordem pública, 
ainda segundo Medeiros. 
 Esse estilo é guiado por uma nova ética de desenvolvimento, ética essa na qual os 
objetivos econômicos do progresso estão subordinados as leis de funcionamento dos sistemas 
naturais e aos critérios de respeito e dignidade humana e de melhoria da qualidade de vida das 
pessoas. Essa interpretação reflete um paradigma de desenvolvimento. Além disso, a 
sustentabilidade do desenvolvimento é resultado da preservação da integridade dos processos 
naturais que garantem os fluxos de energia e de materiais na biosfera, e que se consiga 
preservar a biodiversidade do planeta (Medeiros, 2007). 
 
7 - Legislação Ambiental 
 
O poder público no Brasil começa a se preocupar com o meio ambiente na década de 1930. 
Não que antes não houvesse nada a respeito, mas as poucas iniciativas que existiam até então, 
além de pouco significativas em termos práticos, se alcançavam algum efeito sobre o meio 
ambiente era pela via indireta, quase sempre subalterna a outros interesses. Por exemplo, as 
ordenações portuguesas que proibiam o corte do pau-brasil não podem ser vistas como leis 
ambientais, pois seu objetivo era assegurar o monopólio das madeiras de tinturaria estabelecido 
pela Coro Portuguesa em 1502, propósito que perdurou até depois da Independência do Brasil, 
 
 
como mostra Simonsen (1969). Essas ordenações diferiram em muito das medidas criadas na 
Europa nos séculos XVII para proteger os remanescentes de florestas nativas e promover o 
plantio, e que Castro (1998) considera o início dos processos de gestão ambiental. 
Ainda conforme Castro (1998), a criação dos jardins botânicos a partir do século XVI decorre 
de uma preocupação dos biólogos viajantes com a pura proteção das espécies aclimatadas. O 
que ocorreu por aqui, não foi muito diferente; o objetivo inicial de D. João VI foi utilizar o Jardim 
Botânico para o cultivo de especiarias das Índias Orientais e da Ásia, para suprir o mercado 
Português, segundo Acot (1990 apud Barbieri, 2010). 
Até o início do século XX, o campo político e institucional brasileiro não se sensibilizava 
com os problemas ambientais, embora não faltassem problemas e nem vozes que os 
apontassem. A abundância de terras férteis e de outros recursos naturais, enaltecida desde a 
Carta de Caminha ao rei de Portugal, tornou-se uma espécie de dogma que impedia enxergar a 
destruição que vinha ocorrendo desde os primeiros anos da colonização. A degradação de uma 
área não era considerada um problema ambiental pela classe política, pois sempre havia outras a 
ocupar com o trabalho escravo. As denúncias sobre o mau uso dos recursos naturais não 
encontravam ecos na esfera política dessa época, embora muitos denunciantes fossem políticos 
ilustres, como José Bonifácio, Joaquim Nabuco e André Rebouças. Nenhuma legislação 
explicitamente ambiental teve origem nas muitas denúncias desses políticos, que podem ser 
considerados os precursores dos movimentos ambientalistas nacionais e que, já nas suas 
origens, apresentavam uma tônica socioambiental dada pela luta contra a escravatura, a 
monocultura e o latifúndio. Somente quando o Brasil começa a dar passos firmes em direção á 
industrialização, inicia-se o esboço de uma política ambiental. A adesão do Brasil aos acordos 
ambientais multilaterais das primeiras décadas do século XX, praticamente não gerou nenhuma 
repercussão digna de nota na ordem interna do país. Tomando como critério a eficácia da ação 
pública e não apenas a geração de leis, pode-se apontar a década de 1930 como início de uma 
política ambiental efetiva (Barbieri, 2010). 
Conforme Barbieri (2010), uma data de referência é o ano de 1934, quando foram 
promulgados os seguintes documentos relativos à gestão de recursos naturais: Código de Caça, 
Código Florestal, Código de Minas e Código de Águas. Outras iniciativas governamentais 
importantes desse período foram: criação do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil e a 
organização do patrimônio histórico e artístico nacional. As políticas públicas dessa fase 
procuram alcançar efeitos obre os recursos naturais por meio de gestões setoriais (água, 
florestas, mineração, etc), para as quais foram sendo criados órgãos específicos, como o 
Departamento Nacional de Recursos Minerais, Departamento Nacional de Água e Energia 
Elétrica e outros. Os problemas relativos à poluição só seriam sentidos em meados da década de 
 
 
1960, quando o processo de industrialização já havia se consolidado.No início dessa fase, na 
década de 1930, o rio Tietê, por exemplo, era usado para lazer de muitos paulistanos, que se 
tornaria inviável algumas décadas depois. Até meadosda década de 1970, a poluição industrial 
ainda era vista como sinal de progresso e, por isso, muito bem vinda para muitos políticos e 
cidadãos. 
 
 
Figura 01: Parque nacional do Itatiaia (fonte: http://i.olhares.com/data/big/183/1833205.jpg, 
acessado em 18/05/2011) 
 
Enquanto isso ocorria no Brasil, no mundo iniciava-se uma política de comando e controle 
(Command and Control Policy), que assumiu duas características muito definidas, segundo 
Lustosa, Cánepa e Young (2003): 
- a imposição pela autoridade ambiental, de padrões de emissão incidentes sobre a produção 
final (ou sobre o nível de utilização de um insumo básico) do agente poluidor; 
- a determinação da melhor tecnologia disponível para abatimento da poluição e cumprimento do 
padrão de emissão. 
 A razão de ser dessa política é perfeitamente compreensível. Dado o elevado crescimento 
das economias ocidentais no pós-guerra, com a sua também crescente poluição associada, é 
necessária uma intervenção maciça por parte do Estado. Este não pode mais se apoiar 
simplesmente na disputa em tribunais, caso a caso (esfera do Direito Civil), sendo necessário 
dispor de instrumentos vinculados ao Direito Administrativo, mais adequados a essa atuação 
maciça. Entretanto, essa política “pura” de comando e controle apresenta uma série de 
deficiências, como a morosidade de sua implementação, segundo os mesmos autores. 
 Tentando solucionar os problemas, de certo modo acumulados e agravados ao longo do 
tempo, os países desenvolvidos encontram-se hoje numa terceira etapa da política ambiental e 
que, à falta de melhor nome, poderíamos chamar de política “mista” de comando e controle. 
Nessa modalidade de política ambiental, os padrões de emissão deixam de ser meio e fim da 
intervenção estatal e passam a ser instrumentos, dentre outros, de uma política que usa diversas 
alternativas e possibilidades para a consecução de metas acordadas socialmente. Temos assim, 
a adoção progressiva dos padrões de qualidade dos corpos receptores como metas de política e 
 
 
a adoção de instrumentos econômicos – em complementação aos padrões de emissão – no 
sentido de induzir os agentes a combaterem a poluição e a moderarem a utilização dos recursos 
naturais, ainda conforme Lustosa, Cánepa e Young (2003). 
 Voltando ao Brasil, após a Conferência de Estocolmo de 1972, quando as preocupações 
ambientais se tornam mais intensas, embora nessa ocasião o governo militar brasileiro não 
reconheceu a gravidade dos problemas ambientais e defendeu sua idéia de desenvolvimento 
econômico, na verdade um maldesenvolvimento, em razão da ausência de preocupações com o 
meio ambiente e a distribuição de renda. Porém, os estragos ambientais mais do que evidentes e 
a colocação dos problemas ambientais em dimensões planetárias exigiram do poder público uma 
nova postura. Em 1973, o Executivo Federal cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente e 
diversos estados criaram sua agências ambientais especializadas, como a Cetesb no Estado de 
São Paulo e a Feema no Estado do Rio de Janeiro (Barbieri, 2010). 
 O mesmo autor também mostra que, em matéria ambiental, o Brasil também seguiu uma 
tendência observada em outros países. Onde os problemas ambientais são percebidos e tratados 
de modo isolado e localizado, repartindo o meio ambiente em solo, ar e água, e mantendo a 
divisão dos recursos naturais: água, florestas, recursos minerais e outros. Só no início da década 
de 1980 é que passariam a ser considerados problemas generalizados e interdependentes, que 
deveriam ser tratados mediante políticas integradas. A legislação federal sobre matéria ambiental 
nessa fase, procurava atender problemas específicos, dentro de uma abordagem segmentada do 
meio ambiente e percebe-se isso através dos textos legais abaixo: 
- Decreto-lei 1.413 de 14/08/1975 sobre medidas de prevenção da poluição industrial; 
- Lei 6.453 de 17/10/1977 sobre responsabilidade civil e criminal relacionada com atividades 
nucleares; 
- Lei 6.567 de 24/09/1978 sobre regime especial para exploração e aproveitamento das 
substâncias minerais; 
- Lei 6.766 de 19/12/1981 sobre o parcelamento do solo urbano; 
- Lei 6.902 de 27/04/1981 sobre a criação de estações ecológicas e áreas de proteção ambiental. 
 Foi com o advento da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente, que conhecemos uma definição legal e passamos a ter uma visão 
global de proteção ao meio ambiente. Ela foi editada com o fito de estabelecer a política nacional 
do meio ambiente, seus fins, mecanismos de formulação, aplicação, conceitos, princípios, 
objetivos e penalidades devendo ser entendida como um conjunto de instrumentos legais, 
técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento 
sustentado da sociedade e da economia brasileira. Embora tenha sido editada no início da 
 
 
década de 1980, continua sendo de fundamental importância para o meio ambiente (Funiber, 
2009). 
 
 
Figura 02: Slogan da campanha sobre a Política Nacional de Meio Ambiente na Rio + 10 (fonte: 
http://www.mundodastribos.com/wp-content/uploads/2011/01/Curso-de-Engenharia-Ambiental-
Faculdades-Pre%C3%A7os-Sal%C3%A1rio-300x200.jpg, acessado em 18/05/2011) 
 
8 - Princípios da PNMA (Política Nacional de Meio Ambiente) 
 
 O artigo 2º. Da referida lei , estabeleceu que a preservação, a melhoria e a recuperação da 
qualidade ambiental propiciem à vida, visando assegurar no pais, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida 
humana, atendidos os seguintes princípios, segundo Funiber (2009): 
- I. Equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público 
- II. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
- III. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos naturais; 
- IV. Proteção dos ecossistemas; 
- V. Controle e zoneamento das atividades potencialmente ou efetivamente poluidoras; 
- VI. Incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias voltadas para o uso racional e a proteção 
dos recursos ambientais; 
- VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
- VIII. Recuperação de áreas degradadas; 
- IX. Proteção de áreas ameaçadas de degradação; e 
- X. Educação ambiental em todos o níveis de ensino. 
 A Lei da PNMA, foi em quase todos os seus aspectos, recepcionada pela Constituição 
Federal de 1988, pois, valoriza a dignidade humana, a qualidade ambiental propícia à vida e ao 
desenvolvimento socioeconômico e tem uma abrangência grandiosa. A preservação referida na 
lei tem sentido de perenizar, de perpetuar, de salvaguardar, os recursos naturais. Já a melhoria 
do meio ambiente significa dar-lhe condições mais adequadas do que aquelas que se 
apresentam. O art. 3º. da lei em comento, considerou o meio ambiente como sendo o conjunto de 
 
 
condições, leis influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e 
rege a vida em todas as suas formas (Funiber, 2009). 
 “Meio Ambiente” é a expressão incorporada à língua portuguesa para indicar, segundo o 
Aurélio, o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e 
os seres humanos. 
 José Afonso da Silva (segundo Funiber, 2009), observou que a apalavra “ambiente” 
indicando a esfera, o círculo, o âmbito que nos cerca, em que vivemos, em certo aspecto, já 
contém o sentido da palavra “meio”. Justifica o uso, na língua portuguesa, pela necessidade de 
reforçar o sentido significante de determinados termos diante do enfraquecimento no sentido a 
destacar ou, porque sua expressividade é mais ampla e mais difusa. E afirmou, o meioconstitui 
uma unidade que abrange bens naturais, e culturais e que compreende a interação do conjunto 
de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida 
humana. 
 
8.1 - Objetivos da PNMA 
 
 Os objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente estão dispostos no artigo 4º. (Lei n. 
6.938/81) e visará: 
- I. A compatibilização do desenvolvimento econômico-social coma preservação da qualidade do 
meio ambiente e do equilíbrio ecológico; 
- II. À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio 
ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
- III. Ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao 
uso e manejo de recursos ambientais; 
- IV. Ao desenvolvimento de pesquisa e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional 
de recursos ambientais; 
- V. À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações 
ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
- VI. À preservação e restauração dos recursos ambientais, com vistas à sua utilização racional e 
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à 
vida; 
- VII. Á imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos 
causados, e ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos. 
 
 
 Quanto ao art. 5º., este faz referência às diretrizes da PNMA, que deverão orientar a ação 
dos governos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, determinando que 
esta ação seja reformulada em normas e planos, buscando a preservação da qualidade ambiental 
e manutenção do equilíbrio ecológico (Funiber, 2009). 
 Importante também saber que, a lei 6.938/81 instituiu o Sistema Nacional do meio 
Ambiente (Sisnama), responsável pela proteção e melhoria do ambiente e constituído por órgãos 
e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Espelhando-se no 
Sisnama, os estados criaram os seus Sistemas Estaduais do Meio Ambiente para integrar as 
ações ambientais de diferentes entidades públicas nesse âmbito. Outra inovação foi o conceito de 
responsabilidade objetiva do poluidor. O poluidor fica obrigado, independente da existência de 
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por 
suas atividades (Barbieri, 2010). 
 
Observação: Embora aprovada em 1981, a implementação da Lei 6.938/81 só deslanchou 
efetivamente ao final desta década de 1980, principalmente a partir da promulgação da 
Constituição Federal de 1988. 
 Para fecharmos a discussão deste assunto, vamos analisar que a política ambiental é 
necessária para induzir ou forçar os agentes econômicos a adotarem posturas e procedimentos 
menos agressivos ao meio ambiente, ou seja, reduzi a quantidade de poluentes lançados no 
ambiente e minimizar a depleção dos recursos naturais (Lustosa, Cánepa e Young, 2003). 
 Segundo os mesmos autores, no caso das indústrias, os recursos naturais são 
transformados em matérias-primas e energia, gerando impactos ambientais iniciais 
(desmatamento, emissões de gases poluentes, erosão de solos, entre outros). As matérias-
primas e energia são insumos da produção, tendo como resultado o produto final e os rejeitos 
industriais- fumaça, resíduos sólidos e efluentes líquidos. Como os recursos naturais usados nos 
processos industriais são finitos e muitas vezes não-renováveis, a utilização deve ser racional a 
fim de que o mesmo recurso possa servir para a produção atual e também para as gerações 
futuras – esse é o princípio do desenvolvimento sustentável. 
 Com isso vemos a necessidade urgente do cumprimento da Lei 6.938/81 e de sua 
fiscalização para que possamos ter esperança na sobrevivência humana e das espécies no meio 
ambiente de forma harmônica e sustentável. 
 
9 – Responsabilidade Ambiental 
 
 
 
Dentre os países que consagram o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado em 
suas legislações – tenha sido por previsão, em seus sistemas jurídicos de direito interno, 
conseqüente da internalização de tratado internacional, ou como conseqüência de evolução 
autônoma de seu direito interno - , uma coisa é certa: o simples fato de o terem feito traz em si 
latente o reconhecimento da importância em tratar a questão ambiental admitindo-se sua 
especificidade a partir do acompanhamento dos princípios gerais do Direito Ambiental (Pedro e 
Frangetto, 2009). 
Tanto isso é verdade que países que incluíram esse direito em suas Constituições (diga-se 
de passagem, entre eles o Brasil; ao lado da Holanda, Grécia, Peru e Portugal) vêm 
estabelecendo, de forma explícita, inúmeras determinações que contêm em si orientações dos 
citados princípios dentre as obrigações que impõem. Uma constituição analítica, como é a 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1998, claramente absorve a orientação dos 
princípios gerais do Direito Ambiental ao, por exemplo, prever o Estudo de Impacto Ambiental – 
um dos instrumentos de implementação do Princípio da Prevenção – para toda atividade 
potencialmente degradadora do meio ambiente (Pedro e Frangetto, 2009). 
Na realidade o próprio caput do artigo reservado ao meio ambiente, na Constituição Federal 
de 1988, é uma releitura do princípio 1 da Declaração de Estocolmo. A redação de ambos os 
dispositivos apresenta semelhanças, o que não é mera coincidência. Enquanto a Declaração de 
Estocolmo afirma que o homem tem um direito fundamental à liberdade, à igualdade e a 
condições de vida satisfatórias, em um ambiente cuja qualidade lhe permita viver com dignidade e 
bem-estar; que ele tem o dever solene de proteger e melhorar o ambiente para a presente e as 
futuras gerações; e que; sob esse ponto de vista, as políticas que encorajam ou permitem que 
perpetuem o apartheid, a segregação racial, a discriminação, as formas, coloniais ou outras, de 
opressão ou de dominação estrangeiras são condenadas e devem ser eliminadas (Princípio 1, 
Declaração de Estocolmo, 1972). 
Com isso, percebemos que não há o que não esteja relacionado ao meio ambiente e, logo, 
precise, sob ao menos um aspecto, sofrer influência das leis e princípios que regulam o uso dos 
recursos naturais.Por esse motivo, ressalta-se ser o Direito Ambiental dotada da 
transdisciplinariedade. O meio ambiente, como tema transversal, implica atrelar, principalmente 
nas avaliações ambientais, opiniões de toda ordem, vindas dos entendimentos das mais diversas 
disciplinas. A composição mista das comissões e conselhos ambientais é a exata demonstração 
disso (Pedro e Frangetto, 2009). 
Ainda segundo os mesmos autores, cada um tem seu papel a exercer no processo de 
desenvolvimento sustentável. As pessoas (naturais ou jurídicas; públicas ou privadas) têm uma 
função a cumprir na gestão do meio ambiente. Isoladamente, mantendo ao menos uma conduta 
 
 
ambiental não destrutiva; e, em conjunto, sendo pró-ativos na administração e recuperação dos 
bens ambientais. A essa forma conjunta de participação dos atores ambientais costuma-se dar o 
nome de função jurídica ambiental; ressalva-se que são titulares dessa função, nos termos do art. 
225, caput da Lei Maior, o Poder Público e a coletividade. 
Na função jurídica ambiental, os titulares ao direito ecologicamente equilibrado estão na 
posição de sujeitos ativos deste direito (eles são a primeira parte da relação jurídica ambiental) e, 
por isso mesmo, podem exigir dos sujeitos passivos (outra parte)as prestações objeto da relação 
jurídica em questão (Pedro e Frangetto, 2009). 
Para podermos falar sobre responsabilidade civil, administrativa e criminal perante danos ao 
meio ambiente, temos que primeiro entender o que é o dano ambiental. 
A obrigatoriedade da reparação do dano ambiental está inserida na Lei n. 6.938/81 em seu 
1. do art. 14, que estabelece: “Sem obstar a aplicação das penalidades deste artigo, é o poluidor 
orbigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar ou reparar os danos causados 
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (...)”. Sendo essa norma uma 
ferramenta de fundamental importância para a garantia de um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. 
“Dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com conseqüente degradação – 
alteração adversa ou in pejus –equilíbrio ecológico”. Por recursos ambientais, entende-se como 
sendo a “atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera,a fauna e a flora” (Lei n. 6.938/81. Art. 3º., 
V). Podemos então concluir, que dano ambiental é toda e qualquer degradação que afete o 
equilíbrio ecológico do meio ambiente, tanto físico quanto estético. Denota-se pelo próprio 
conceito acima, que é muito difícil a reparação do dano ambiental (Funiber, 2009). 
 
 
Figura 03: Dano ambiental causado por plataforma de petróleo (fonte: 
http://segurancaemrisco.files.wordpress.com/2009/11/visao-do-dano-ambiental.jpg, acessado em 
13/06/2011) 
 
Para o Prof. Paulo de Bessa Antunes (apud Funiber, 2009), a reparação dos danos 
ambientais é, provavelmente, o momento mas crítico da delicada relação entre o meio ambiente 
 
 
natural, desenvolvimento socioeconômico e a aplicação das normas do Direito Ambiental. Tal fato 
é indiscutível pois, a dedicação ao cuidado com o meio ambiente é diretamente proporxional ao 
maior ou menor rigor com a qual é encarada a responsabilização dos causadores de danos ao 
meio ambiente. Por muito que se tenha falado sobre o assunto, a realidade é que até hoje, não 
existe um critério para fixação do que, efetivamente, constitui-se no dano ambiental e como este 
deve ser reparado. A primeira hipótese a ser considerada é a repristinação do ambiente agredido 
ao seu status quo ante. Todos nós sabemos que não é simples a reconstrução de um local 
degradado. Muitas vezes a degradação de um determinado local implicou na extinção de uma 
espécie vegetal, ou animal, por exemplo. E em muitas situações não será possível colocar na 
natureza espécie destruída. 
Segundo a Revista de direito Ambiental (Revista dos Tribunais, 1997), no nosso 
ordenamento jurídico há duas formas de reparação do dano ambiental: a primeira pela 
reconstituição do bem lesado e a segunda pela indenização em dinheiro. 
Ainda segundo a mesma revista, a reconstituição do bem lesado seria a forma mais 
adequada ao ressarcimento do evento prejudicial ao meio ambiente, pois o objetivo primordial em 
sede de direito ambiental é preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as 
gerações presente e futuras. Contudo, na prática, isto muitas vezes torna-se impossível e em 
alguns casos, embora na composição do dano, o responsável, replante a mesma espécie florestal 
que desmatou, o ambiente agredido não retorna ao seu status quo ante, é só verificarmos os 
casos de exploração florestal nas resrvas indígenas, onde foi retirada vegetação, que a natureza 
levou 50 anos para formar. Por outro lado, não há no nosso ordenamento jurídico, normas legais 
que versem sobre critérios de reparação de danos ambientais. Ficando muitas vezes difícil apurar 
o valor do dano ambiental, posto que os elementos que o compõem são insuscetíveis de fixação 
valorativa. 
 Poderão responder pelo dano ambiental os autores diretos ou indiretos da lesão ambiental, 
a administração pública e os entes público, basta que exista a atividade danosa ao meio 
ambiente, somado à existência do nexo causal entre estes e a atividade danosa. Nos termos da 
lei, o responsável principal é o “poluidor”. De acordo com dispositivo legal, poluidor é “ a pessoa 
física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade 
causadora de degradação ambiental” (Lei n. 6.938/81, art. 14, 1º. E art. 3º. , IV). 
“Embora quem quer que contribua para a degradação do meio ambiente é civilmente 
responsável pelos danos daí decorrentes, não há dúvida que a responsabilidade primeira- mas 
não exclusiva – reside com o empreendedor. É ele o titular do dever principal de zelar pelo meio 
ambiente e é ele que aproveita, direta e economicamente, a atividade lesiva”. 
 
 
Havendo mais de um empreendedor, pode a reparação ser exigida de todos e de qualquer 
um dos responsáveis, segundo as regras da solidariedade. É que, como sustenta Jorge Alex 
Nunes Athias (apud Funiber, 2009), “uma das maiores dificuldades que se pode ter em ações 
relativas ao meio ambiente é exatamente determinar de quem partiu efetivamente a emissão que 
provocou o dano ambiental, máxima quando isso ocorrem em grandes complexos industriais 
onde o número de empresas em atividade é elevado. Não seria razoável que, por não se poder 
estabelecer com precisão a qual deles cabe a responsabilização isolada, se permitisse que o 
meio ambiente restasse indene”. Ao que pagar pela integridade do dano caberá ação de regresso 
contra os outros corresponsáveis, pela via da responsabilização subjetiva, e onde se poderá 
discutir a parcela de responsabilidade de cada um. Tratando-se de conduta comissiva, a 
administração pública e o ente público respondem objetivamente pelas lesões que causarem ao 
meio ambiente, ressalvado o direito de regresso contra o servidor que agiu com dolo ou culpa. 
A simples autorização do órgão ambiental para funcionar uma atividade não gera por si só a 
responsabilidade da Administração Pública. É preciso que haja nexo causal entre a autorização 
emitida e o dano efetivamente causado ao meio ambiente. Se o IBAMA expede as licenças 
ambientais para a instalação de uma grande hidrelétrica sem exigir o EIA/RIMA, pode ser 
responsabilizado, pois o EIA/RIMA é uma exigência legal, o qual não fica a critério do poder 
discricionário do administrador público. Portanto, não é só como agente poluidor que o Poder 
Público pode ser controlado pelo Poder Judiciário, mas também quando se omite do dever 
constitucional de proteger o meio ambiente (Funiber, 2009). 
 
10 - Da Responsabilidade Penal, Civil e Administrativa (Texto de Funiber, 2009) 
 
O desenvolvimento econômico e social indispensável à civilização dos tempos modernos, 
tem sido a justificativa para a acelerada e muitas vezes, irreversível devastação, do nosso 
patrimônio natural. Nas últimas décadas a poluição, o desmatamento, a caça, a pesca predatória 
não são mais praticadas em pequena escala. A degradação ambiental, tem alcançado níveis tão 
assustadores, que levou a sociedade a repensar esse modelo de desenvolvimento, e ao mesmo 
tempo, buscar a tutela jurídica penal dos bens ambientais, por entender, serem os mesmos, 
necessários à vida. 
Com efeito, o controle a ser exercido sobre o homem predador, dar-se-á pela aplicação de 
normas penais ambientais, rígidas, onde se objetiva, efetivamente, combater a degradação 
ambiental, utilizando-se estes instrumentos normativos para proteção do meio ambiente. 
A responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, de acordo com os preceitos do 1º. Do 
art. 14º. Da Lei n. 6.938/81, é uma responsabilidade objetiva e se fixa independentemente de 
 
 
culpa. O que significa que quem danificar o ambiente tem o dever legal de repará-lo. Não se 
perguntando a razão dadegradação para que haja o dever de reparar. Caberá ao acusado provar 
que a degradação era necessária, natural ou impossível de ser evitada. 
As pessoas que vivem em sociedade são obrigadas a abstenções (deixar de fazer algo), a 
ações (fazer algo) ou prestações (pagar algo). Nasce assim, para cada um, um certo dever de 
comportamento, uma obrigação de suportar essa imposição. Esse comportamento passivo, 
juridicamente é denominado de dever jurídico. 
O dever de conhecer essa delimitação, é de suma importância para todos, sob pena de 
sujeitarmo-nos à punição. A noção de dever jurídico é fundamental para o entendimento do que 
seja um ilícito. 
Os atos ilícitos civil, administrativo ou penal, encontram-se absortos no mesmo conceito, ou 
seja, a antijuricidade, a qual é entendida não só como uma transgressão de um preceito jurídico, 
mas também como agressão aos valores guardados e protegidos na norma legal ou 
regulamentar. 
Os atos ilícitos constituem-se nos atos praticados em desacordo com as normas legais. São 
assim considerados, por serem contrários ao direito por serem irregulares e proibidos. Podemos 
considerar ato ilícito, como sendo a violação do direito ou dano causado a outrem, por dolo ou 
culpa, podendo ser decorrente de uma ação ou omissão do sujeito. 
 
1 – Infração administrativa: é o cometido de uma transgressão contra a administração pública, 
cuja sanção pode ser aplicada isolada ou cumulativamente. Na verdade, é a transgressão 
cometida em desacordo com as normas legais ou regulamentos da administração pública, a qual 
se impõe a penalidade administrativa. 
A Lei 9.605/98, preencheu uma importante lacuna no que se refere aos ilícitos administrativos 
ambientais e quanto à previsão de sanções a serem impostas pela Administração Pública. 
2 – Infração civil: é a infração cometida em desacordo com as leis, normas, ou regras jurídicas, 
ou contra o interesse privado de outrem, onde se impõe, obrigatoriamente a responsabilidade civil 
de reparação ao dano. 
3 – Infração penal: a lei 9.605/98 sistematizou os tipos penais antes de dispersos em vários 
diplomas legais e deu um tratamento mais rigoroso aos responsáveis pelas condutas criminosas 
que agridem o meio ambiente. 
A infração penal é a violação da lei penal, que resulta no crime ou na contravenção e dá margem 
à aplicação da pena restritiva de liberdade. 
 
 
 
 É ressaltado que é imposta aos infratores de forma repressiva e abarcam uma graduação 
que vai desde a pena de advertência, até a reparação dos danos causados. 
 
Pense: Diante do exposto, espera-se que, em conjunto, os instrumentos de implementação dos 
princípios ambientais continuem sendo reforçados, organizados e efetivamente utilizados, para 
que todos, exercendo os respectivos papéis de atores ambientais, viabilizem a vida saudável 
almejada no processo de desenvolvimento sustentável por meio de mecanismos de 
harmonização entre as chamadas dimensões humana e natural do meio ambiente (Pedro e 
Frangetto, 2009). 
 É importante sabermos que quando estamos estudando as responsabilidades e suas 
sanções, há uma infinidade de coisas a serem observadas e estudadas. O aqui exposto, foi 
apenas um pequeno resumo do que consideramos necessário para que você possa começar a 
procurar o que mais considere necessário para seu próprio conhecimento. 
 
11 – Crimes Ambientais 
 
Antes mesmo de começarmos a falar da Lei de Crimes Ambientais, vamos tentar entender 
um pouco sobre política, para podermos compreender melhor os fatores que impedem as 
democracias de lidar com problemas ambientais. 
Sabe-se que as democracias foram designadas para lidar principalmente com problemas 
isolados de curto prazo. Mas o que é democracia e política afinal? Segundo Miller Junior (2007): 
Política: é o processo pelo qual indivíduos e grupos influenciam ou controlam as políticas e 
ações dos governos nos níveis local, estadual, nacional e internacional. A política está 
preocupada com quem tem poder sobre a distribuição de recursos e quem recebe o quê, quando 
e como. Muitas pessoas pensam em política no âmbito nacional, mas o que afeta diretamente a 
maioria das pessoas é o que acontece nas comunidades locais. 
Democracia: é o governo das pessoas por meio de delegados ou políticos e representantes 
eleitos. Em uma democracia constitucional, a constituição fornece a base de autoridade 
governamental, limita o poder do governo ordenando eleições livres e garantias de liberdade de 
expressão. 
Segundo o mesmo autor, as instituições políticas nas democracias constitucionais são 
designadas para permitir mudança gradual a fim de assegurar a estabilidade econômica e 
política. Nos Estados Unidos, por exemplo, mudanças rápidas e desestabilizantes são 
controladas por um sistema de verificações e equilíbrio que distribui o poder entre os três poderes 
 
 
do governo – legislativo, executivo e judiciário – e entre os governos, federal, estadual e 
municipal. 
Aprovando leis, desenvolvendo orçamentos e formulando regulamentações, os 
representantes eleitos e nomeados pelo governo devem lidar com a pressão de muitos grupos 
competitivos de interesse especial. Cada grupo defende a aprovação de leis, a concessão de 
subsídios ou a redução de impostos, ou o estabelecimento de regulamentações favoráveis à sua 
causa e enfraquecem ou repelem leis e regulamentações desfavoráveis à sua posição (Miller, 
Junior, 2007). 
Hoje, por estarmos em uma democracia, sabemos que existem fatores que podem 
influenciar as decisões e regulamentações, principalmente na política ambiental, pois a cada 
conhecimento adquirido sobre o meio ambiente, mais a necessidade de mudança de leis para sua 
preservação e proteção. Vamos com isso a liderança ambiental. 
 
De forma individual, podemos exercer a liderança ambiental de quatro maneiras, segundo 
Miller Junior (2007): 
1) Podemos liderar por exemplo, usando nosso estilo de vida para mostrar aos outros que a 
mudança é possível e benéfica. 
2) Podemos trabalhar dentro dos sistemas econômicos e políticos existentes para conseguir a 
melhora ambiental. Nós podemos influenciar as decisões políticas fazendo campanhas, 
votando e nos comunicando com os representantes eleitos. Podemos também enviar 
mensagens para empresas que fabricam produtos ou que tenham políticas prejudiciais ao 
meio ambiente, pressionando-as com nosso poder de consumo e mostrando-lhes as 
escolhas que fizemos. Além disso, podemos fazer parte do sistema ao escolher carreiras 
na área ambiental. 
3) Podemos nos candidatar a cargos públicos em instituições locais. Olhe-se no espelho. 
Talvez você seja a pessoa que pode fazer a diferença em um cargo público. 
4) Podemos propor e trabalhar por melhores soluções para os problemas ambientais. 
Liderança é mais do que ser contra algo. Ela também envolve buscar melhores maneiras 
de atingir os objetivos e persuadir as pessoas a trabalhar juntas para atingi-los. Se nos 
preocuparmos o suficiente, cada um de nós pode fazer a diferença. 
 
Agora que já conhecemos os fatores de política e democracia, além de termos a consciência 
que podemos sim fazer a diferença através da liderança ambiental, vamos aos crimes ambientais. 
 
 
Segundo o site http://www.infoescola.com/ecologia/crime-ambiental/ (acessado em 
18/06/2011), são considerados crimes ambientais as agressões ao meio ambiente e seus 
componentes (flora, fauna, recursos naturais, patrimônio cultural) que ultrapassam os limites 
estabelecidos por lei. Ou ainda, a conduta que ignora normas ambientais legalmente 
estabelecidas mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente. 
Por exemplo, no primeiro caso, podemos citar uma empresa que gera emissões atmosféricas.De acordo com a legislação federal e estadual específica há uma certa quantidade de material 
particulado e outros componentes que podem ser emitidos para a atmosfera. Assim, se estas 
emissões (poluição) estiverem dentro do limite estabelecido então não é considerado crime 
ambiental. 
No segundo caso, podemos considerar uma empresa ou atividade que não gera poluição, ou 
ainda, que gera poluição, porém, dentro dos limites estabelecidos por lei, mas que não possui 
licença ambiental. Neste caso, embora ela não cause danos ao meio ambiente, ela está 
desobedecendo uma exigência da legislação ambiental e, por isso, está cometendo um crime 
ambiental passível de punição por multa e/ou detenção de um a seis meses. 
Da mesma forma, pode ser considerado crime ambiental a omissão ou sonegação de dados 
técnico-científicos durante um processo de licenciamento ou autorização ambiental. Ou ainda, a 
concessão por funcionário público de autorização, permissão ou licença em desacordo com as 
leis ambientais. 
Segundo Faria (2011 – infoescola: http://www.infoescola.com/ecologia/crime-ambiental/), de 
acordo com a Lei de Crimes Ambientais, ou Lei da Natureza (Lei N.º 9.605 de 13 de fevereiro 
de 1998), os crimes ambientais são classificados em seis tipos diferentes: 
a) Crimes contra a fauna: 
Agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar, 
pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, 
maltratar, realizar experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, 
mesmo que para fins didáticos ou científicos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, 
espécimes, ovos ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com esta. Ou ainda a 
modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. Da mesma 
forma, a introdução de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também 
é considerado crime ambiental, assim como o perecimento de espécimes devido à poluição. 
 
 
 
Figura 04: Crimes contra a fauna (fonte: http://2.bp.blogspot.com/_e0Jds1_NVi8/SMwi0dj-
2LI/AAAAAAAAAN0/WyBnJNOsst8/s400/Crimes.bmp, acessado em 18/06/2011). 
b) Crimes contra a flora: 
Destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-
la em desacordo com as normas de proteção assim como as vegetações fixadoras de dunas ou 
protetoras de mangues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar 
incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam 
provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais 
de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em 
desacordo com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente 
pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de 
qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de 
logradouros públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem 
a devida autorização. Neste caso, se a degradação da flora provocar mudanças climáticas ou 
alteração de corpos hídricos e erosão a pena é aumentada de um sexto a um terço. 
 
Figura 05: Crimes contra a flora (fonte: http://static.infoescola.com/wp-
content/uploads/2009/10/desmatamento-amazonia.jpg, acessado em 18/06/2011). 
c) Poluição e outros crimes ambientais: 
A poluição acima dos limites estabelecidos por lei é considerada crime ambiental. Mas, 
também o é, a poluição que provoque ou possa provocar danos a saúde humana, mortandade de 
animais e destruição significativa da flora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios 
 
 
para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do 
abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano 
ambiental grave ou irreversível. 
São considerados outros crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursos 
minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação da área explorada; 
a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, 
transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou 
nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar, instalar ou 
fazer funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em desacordo 
com esta; também se encaixa nesta categoria de crime ambiental a disseminação de doenças, 
pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos 
ecossistemas. 
 
 
Figura 06: Acidente da British Petroleum (fonte: http://3.bp.blogspot.com/_RXvCDmvWiMU/TEW-
I77UxnI/AAAAAAAABoQ/bjMewQPwi24/s1600/BP+desastre+ambiental.jpg, acessado em 
18/06/2011). 
d) Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: 
Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou 
grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros, 
documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer 
por seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico e etc.. Também é 
considerado crime a construção em solo não edificável (por exemplo áreas de preservação), ou 
no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. 
 
 
 
Figura 07: Crime contra o patrimônio cultural (fonte: 
http://blig.ig.com.br/palavrasdopapa/files/2010/04/BXK1467_cristoredentor019800.jpg, acessado 
em 18/06/2011). 
e) Crimes contra a administração ambiental: 
Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou 
omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou 
autorização ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas 
ambientais; deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação 
de relevante interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público. 
 
A Lei de Crimes Ambientais 
Em 12 de fevereiro de 1998 foi a aprovada a Lei de Crimes Ambientais (n. 9.605/98). Essa lei 
disciplinou o capítulo de Meio Ambiente da Constituição Federal quanto ao estabelecimento de 
punições civis, administrativas e criminais para as condutas lesivas ao meio ambiente. Por meio 
dela, são uniformizadas as penalidades antes dispersas em várias leis e as infrações são 
claramente definidas. Como destaque dessa nova legislação estão a possibilidade de 
responsabilização penal da pessoa jurídica, e também da pessoa física autora e co-autora da 
infração, e as medidas de controle da atuação de funcionários de órgãos de controle ambiental 
(Brasil, 1998 apud Philippi Junior e Maglio, 2009). 
Para fecharmos este assunto, percebemos que atualmente a questão ambiental é tão urgente, 
que não somente o meio ambiente precisa de ajuda, mas as políticas públicas que o preservam e 
que regulam as atividades que o degrada. Temos nosso papel nisso e cabe a nós mostrarmos 
nossa responsabilidade perante o planeta que vivemos. O surgimento de uma lei que nos ajude a 
preservar o que temos de patrimônio natural, foi o primeiro passo para continuarmos a ter 
esperança na continuidade da vida do homem na Terra. 
12 – Poluição Atmosférica 
 
Segundo Assunção (2009), qualquer processo, equipamento, sistema, máquina, 
empreendimento, etc., que possa liberar ou emitir matéria ou energia para a atmosfera,

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