Buscar

LEITORES E LEITURAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

65LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
UNIDADE IV
LEITORES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO PARA A 
FORMAÇÃO 
Professora Me. Débora Azevedo Malentachi
Objetivos de Aprendizagem
•	 Autoavaliar	suas	características	enquanto	leitor,	com	vistas	ao	aprimoramento	das	habilidades	típicas	
de	leitores	competentes,	experientes	e	proficientes.
•	 Compreender	a	importância	da	leitura	na	formação	humana	e	acadêmica,	de	modo	a	praticá-la	com	
criticidade.
•	 Conhecer	as	etapas	e	estratégias	de	leitura,	para	que	possa	aplicá-las	de	modo	consciente.
•	 Entender	a	leitura	enquanto	produção	de	sentidos,	colocando-se	como	sujeito	ativo	diante	dos	textos.
Plano de Estudo
A	seguir,	apresentam-se	os	tópicos	que	você	estudará	nesta	unidade:
•	 Leitores:	algumas	características
•	 Leitura:	etapas,	níveis	e	concepções
•	 Estratégias	de	leitura
66 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
67LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
(Salvador	Felipe	Jacinto	Dali	y	Domenech	–	Sem	título	–	óleo	s/	tela	–	1954	–	120	x	80cm)
Fonte:	<muraldosescritores.ning.com>
Se	alguém	 lhe	perguntasse	 sobre	 como	você	 se	 considera	enquanto	 leitor,	 qual	 avaliação	 faria	 de	 si	
mesmo?	Qual	 o	 significado	 da	 leitura	 para	 você	 e	 qual	 a	 sua	 concepção	 a	 esse	 respeito?	Quais	 os	
motivos	e	objetivos	que	o	conduzem	nas	suas	leituras?	O	que	busca	a	partir	delas,	como	as	realiza	e	qual	
seu	nível	de	compreensão	ao	final	de	cada	texto?	
Para	que	esta	unidade	lhe	seja	produtiva,	é	fundamental	que	você	comece	por	uma	autoavaliação	acer-
ca	de	suas	características	enquanto	leitor.	Este	será	o	seu	primeiro	passo	e	as	perguntas	acima	podem	
ajudá-lo	a	iniciar	esse	processo	de	autoconhecimento.	Aliás,	para	que	você	seja,	de	fato,	um	leitor	de	su-
cesso,	é	importante	que	esse	passo	seja	parte	de	sua	rotina	acadêmica	e,	sobretudo,	de	sua	vida	pessoal.	
Todos	nós	somos	leitores	em	processo	e	é	sempre	importante	cuidar	da	QUALIDADE	das	nossas	leituras,	
lançando-lhes	um	olhar	crítico,	avaliando	nossas	habilidades	leitoras,	de	modo	a	lidar	conscientemente	
com	algumas	dificuldades	que	podem	interferir	no	desenvolvimento	desse	processo	fascinante	que	é	a	
leitura	–	de	mundo,	de	imagens,	de	palavras,	de	pessoas,	de	tudo	o	que	está	disponível	para	atribuição	
de sentidos! 
Tudo	 o	 que	 você	 já	 sabe	 sobre	 textos	 e	 leituras	 certamente	 tem	 algum	 valor.	 Porém,	 é	 tempo	 de	
aprofundar	seus	conhecimentos	e	aperfeiçoar	suas	habilidades	leitoras,	de	modo	a	acrescentar	em	sua	
formação	humana,	acadêmica	e	profissional	todas	as	características	de	um	leitor	proficiente,	experiente.	
Nesse	sentido,	visitaremos	alguns	estudiosos	da	linguagem	que	nos	explicam	as	principais	concepções	
de	leitura.	Vamos	entender	o	porquê	de	sua	importância,	compreendê-la	enquanto	processo,	analisar	o	
encontro	do	leitor	com	o	texto	e	averiguar	as	estratégias	que	constituem	esse	diálogo.	Estudaremos	suas	
etapas	e	níveis,	concomitantemente	passearemos	por	alguns	textos	e,	na	tarefa	de	interpretá-los,	você	
perceberá	que	eles	dizem	muito	mais	do	que	está	explícito	em	suas	palavras.	
68 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
Os	verdadeiros	analfabetos	são	os	que	aprenderam	a	ler	e	não	leem.	
(Mário	Quintana)
LEITORES: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
Já	ouvimos	muitos	acadêmicos	 reclamando	de	suas	dificuldades	na	 leitura,	e	nossa	maior	 satisfação	
enquanto	 professores	 é	 dizer-lhes	 que	 a	 leitura	 é	 um	 processo	 que	 pode	 ser	 aprendido. Ser 
alfabetizado,	 e	muito	 bem	alfabetizado,	 não	 basta	 para	 a	 formação	de	 leitores	 críticos,	 experientes	 e	
proficientes.	É	necessário	mais	do	que	simplesmente	decodificar	signos	ou	códigos	linguísticos.	Então,	
se	não	basta	saber	ler	em	sua	língua	materna,	o	que	é	preciso	para	ser	um	bom	leitor?	Para	pensar	nisso	
juntos,	começaremos	com	um	texto	de	opinião	que	nos	mostra	outra	face	da	moeda:	
O QUE É UM MAU LEITOR?
Por	Lizia	Helena	Hagel
[...]	o	mau	leitor	precisa	ser	melhor	especifi	cado	para	que	estratégias	diversas	para	sua	recuperação	possam	ser	
levantadas.	Nesse	detalhamento	inclui-se,	em	primeiro	lugar,	a	falta	de	curiosidade	que	ele	apresenta	sobre	
o	que	se	lhe	oferece	como	estímulo	material	para	desenvolvimento	de	sua	vida,	para	desenvolvimento	de	sua	
personalidade,	ou	para	sua	atuação	como	profi	ssional.	O	desinteresse	por	algo	fora	dele	mesmo	é	marcante;	o	
mau	leitor	não	consegue	ter	propósito	ou	vontade	intencionalmente	direcionada	para	além	de	seus	interes-
ses mais imediatos ou primários. [...] 
O	mau	leitor,	na	verdade,	não	se	propõe	a	nenhum	diálogo	intermediado	por	outra	coisa	que	não	seja	seus	pró-
prios	desejos	interiores.	A	letargia,	ou	a	preguiça,	acompanha	e	consagra	o	indivíduo	que	se	mantém	dominado	
por	impulsos	ou	como	joguete	de	estímulos	os	quais	não	controla.	Ele	não se pergunta,	por	exemplo,	-	o	que	sei	
sobre isso?	O	compromisso	do	aprendiz	consigo	mesmo,	enquanto	potencialmente	um	aprendiz,	não	se	realiza.	
Como	o	aprendiz	não	se	pergunta	sobre	o	que	sabe	ou	não	sabe,	não	direciona	sua	atenção,	muito	menos	
se	concentra	em	qualquer	leitura.	Com	esse	tipo	de	comportamento,	não	pode	identifi	car	quais	sejam	a	idéias	
principais	de	um	texto,	assinalar	as	partes	mais	importantes	de	um	artigo	ou	confrontar	os	pontos	de	vista	do	
autor	com	os	seus.	Impossível,	conseqüentemente,	analisar,	avaliar,	julgar	por	parâmetros	defi	nidos,	externos,	
universais	ou	objetivos.	
No	entanto,	mesmo	admitindo	que	está	fazendo	um	curso	porque	sua	formação	não	está	fi	nalizada,	não	aceita	
ter	defi	ciências	ou	limites	na	esfera	do	conhecimento,	nas	habilidades	cognitivas.	A	imagem	que	tem	de	si	mesmo	
não	confere	com	seu	desempenho	afetivo	e	intelectual.	Seu	sentir	e	seu	pensar	apresentam-se	desconectados.	
Não	reconhece	o	tipo	de	energia	que	lhe	move	e,	por	isso	mesmo,	terá	imensa	difi	culdade	em	tornar-se	um	bom	
leitor. 
Para	se	 tornar	um	bom	 leitor,	o	sujeito,	de	qualquer	 faixa	etária,	precisaria	buscar	sempre	dominar	a	própria	
69LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
língua	e,	particularmente,	o	seu	vocabulário.	O	vocabulário,	no	entanto,	só	é	enriquecido	pelo	hábito	de	ler.	Para	
essa	dinâmica	começar	a	funcionar	é	preciso	modifi	car	o	próprio	comportamento.
Fonte:	<http://www.espacoacademico.com.br/032/32cnagel.htm>.	Acesso	em:	14	mar.	2012.Fonte:	<http://www.espacoacademico.com.br/032/32cnagel.htm>.	Acesso	em:	14	mar.	2012.
Ótimo	texto	para	reflexão,	não	é	mesmo?	Você	poderia	resumi-lo	em	algumas	poucas	frases,	usando	suas	
próprias	palavras?	Ou	apenas	sintetizar	de	imediato	qual	seu	assunto	geral	e	o	ponto	de	vista	defendido	
pela	autora?	Ou	seria	necessário	realizar	outra	 leitura?	Se	sua	resposta	para	esta	última	pergunta	 for	
sim,	muito	bem!	Faça-o	sem	nenhum	constrangimento,	pois	alguns	textos,	mais	que	outros,	exigem	mais	
leituras,	e	RELEITURAS	FAZEM	PARTE	NATURAL	DO	PROCESSO.
Agora,	não	vamos	simplesmente	parafrasear	ou	dizer	com	outras	palavras	o	que	a	autora	tão	claramente	
explicou	e	argumentou.	Faremos	a	leitura	daquilo	que	está	dito	por	trás	das	linhas,	as	ideias	implícitas.	Se	
um	mau	leitor	é	tudo	o	que	afirma	a	autora,	então	podemos	inferir	que:
-	Um	bom	leitor	é	curioso,	interessado,	ávido	por	conhecimento.	
-	Um	bom	leitor	não	espera	que	as	motivações	para	a	aprendizagem	venham	de	fora,	pois	nele	mesmo	
há	volição,	ou	seja,	vontade	de	aprender.	
-	Um	bom	leitor	estuda	não	por	mera	obrigação	ou	simplesmente	para	concluir	o	que	começou.	Estuda	
porque	reconhece	suas	limitações	e	objetiva	superá-las.	
-	Um	bom	leitor	é	e	se	comporta	como	um	aprendiz	em	potencial.	
-	Um	bom	 leitor	não	vive	 imerso	em	uma	 ilha,	escravizado	e	 limitado	em	seus	desejos	 interiores.	Ele	
dialoga	com	o	mundo	da	leitura,	com	a	leitura	do	mundo,	com	os	desejos	de	outras	pessoas,	impressos	
em	uma	folha	de	papel	ou	expressos	em	um	simples	olhar.	
-	Um	bom	leitor	nunca	se	sente	vazio,	porque	busca	concentrar	suaatenção	e	seus	interesses	de	fora	
(outros	textos)	para	dentro	(seus	próprios	textos),	e	de	dentro	para	fora,	interagindo	com	conteúdos	que	
enriquecem	e	enchem	sua	alma	de	conhecimento.	
O	que	fi	zemos	aqui	foi	um	diálogo	com	a	autora	do	texto.	Ainda	com	base	em	suas	ideias,	propomos	que	dê	
continuidade	a	esse	diálogo,	às	inferências:	se	a	autora	diz	que	um	mau	leitor	não	se	pergunta	“o	que	sei	sobre	
isso?”,	um	bom	leitor	faria	o	quê?
Vamos	lá!	INFERIR	é	uma	das	ações	ou	estratégias	de	leitura	sobre	as	quais	abordaremos	mais	adiante.
70 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
Para	dar	continuidade	à	temática,	vamos	apreciar	um	poema	de	Drummond.	
A	PALAVRA	MÁGICA
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo 
minha palavra.
(Carlos	Drummond	de	Andrade,	in:	“Discurso	da	Primavera”)
Esse	poema	permite	algumas	interpretações...
É	possível	que	o	eu lírico,	isto	é,	a	voz	que	fala	no	poema,	simbolize	um	leitor	convicto	não	apenas	do	valor	
e	poder	contido	nas	palavras,	mas,	sobretudo,	de	seu	próprio	valor	diante	delas.	O	mundo	da	linguagem	
está	à	disposição	dos	escritores	que,	por	sua	vez,	escrevem	para	serem	 lidos,	 compreendidos	e,	até	
mesmo,	contestados.	
O	leitor	do	mundo	real	tem	a	seu	favor	todo	o	universo	da	linguagem	e,	assim	como	acontece	com	o	eu	
lírico,	vive	à	procura	da	palavra	que	melhor	traduza	seus	pensamentos,	que	da	melhor	forma	possível	
expresse	 seus	 sentimentos.	De	modo	 consciente	 ou	 não,	 cada	 um	 dos	 leitores	 é	 a	 razão	 de	 ser	 de	
cada	 palavra.	 É	 quem	deixa	 para	 sempre	 as	 palavras	 esquecidas	 e	 apagadas	 nos	 livros	 da	 estante,	
empoeirados;	ou	quem,	espontânea	ou	obrigatoriamente	retira	as	relíquias	do	armário	e	leva	às	palavras	
Fo
nt
e:
	P
ho
to
s.
co
m
71LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
um	sopro	de	vida.	
É	fundamental,	caro(a)	aluno(a),	que	você	compreenda	que	existe	em	cada	leitura	uma	relação	dialógica	
entre	autor	e	leitor.	Ambos	interagem	por	meio	da	palavra	escrita.	De	um	lado	da	ponte	está	o	autor,	que	
escreve	para	ser	lido	(não	para	que	suas	palavras	fiquem	eternamente	à	mercê	da	poeira...).	Do	outro,	o	
leitor	que	não	é	(ao	menos	não	deveria	ser)	mera	vítima	do	poder	que	há	nas	palavras	do	autor.	Cabe	ao	
leitor	encontrar	o	autor	ausente	(porém	presente	em	suas	palavras)	e,	neste	diálogo,	manter-se	crítico	e	
atento,	de	modo	a	propor	a	sua	contrapalavra	(sua	opinião,	seus	argumentos).	Um	leitor	crítico	não	cai	na	
armadilha	da	alienação	e	da	manipulação.	
A	 ideia	 “palavra	mágica”,	 no	 poema,	 também	nos	 sugere	 a	 constatação	 de	 que,	 por	 ser	 tão	mágica,	
uma	mesma	palavra	ou	texto	pode	gerar	mil	e	uma	interpretações.	Isso	porque	nenhum	leitor	é	igual	ao	
outro	e,	por	isso,	cada	qual	faz	de	um	mesmo	texto	leituras	diferentes!	Isso	não	significa	que	todas	as	
interpretações	estarão	corretas,	adequadas	ou	coerentes.	Cada	texto	traz	as	pistas	para	que	o	leitor	
faça	interpretações	coerentes,	e	não	aleatórias.
Até	aqui,	prezado(a)	aluno(a),	é	importante	que	você	compreenda,	principalmente,	a	importância	de	seu	
posicionamento	crítico	frente	às	leituras,	de	modo	que	você	entre	em	cada	texto	de	um	jeito	e	saia	dele	
uma	nova	pessoa:	cada	vez	mais	crítica,	prudente,	perspicaz	e	experiente;	com	uma	roupagem	nova	em	
sua	visão	de	mundo,	com	pontos	de	vista	e	conhecimentos	enriquecidos.	Para	o	bem	ou	para	o	mal	(e,	
como	nos	contos	de	 fada,	 torcemos	para	que	o	bem	sempre	prevaleça...),	os	 textos	produzem	efeitos	
em	leitores	atentos.	Caso	contrário,	o	que	ocorre	é	uma	leitura	desatenta,	aleatória,	sem	objetivos.	Uma	
pseudoleitura!
Na	pseudoleitura,	o	sujeito	lê	o	texto	e,	ao	final	dele,	resta-lhe	apenas	um	grande	ponto	de	interrogação	
sinalizando	sua	completa	falta	de	compreensão	do	que	foi	 lido.	 Isso	ocorre,	basicamente,	porque	algo	
inadequado,	involuntário	e	não	consciente	ocorreu	no	processo	dessa	leitura.	Seja	o	cansaço	que	limita	a	
concentração	e,	consequentemente,	a	compreensão	do	texto;	ou	a	preguiça	de	processar	com	o	cérebro	o	
que	está	sendo	lido	com	os	olhos;	ou,	ainda	a	pressa	de	concluir	a	leitura	simplesmente	para	dizer	a	quem	
quer	que	seja	que	leu	o	texto	“in-tei-ri-nho”.	Lamentavelmente,	existem	leitores	muito	mais	preocupados	
com	a	quantidade	do	que	com	a	qualidade	de	suas	leituras.	Para	valer	de	fato	a	pena,	a	quantidade	de	
leituras	deve	estar	de	mãos	dadas	com	a	qualidade!	
Todo	homem	que	lê	demais	e	pensa	de	menos	adquire	a	preguiça	de	pensar.
Albert	Einstein
Existem	outros	fatores,	de	ordem	pessoal,	física,	emocional	ou	cognitiva,	que	podem	interferir	nas	leituras,	
72 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
e	você	mesmo	poderia	elencar	ao	menos	um	deles,	tomando	como	ponto	de	partida	circunstâncias	em	
que,	ao	final	de	um	texto,	a	temerosa	pergunta	lhe	surgiu	espontaneamente:	“O	que	eu	li	mesmo?”.	
Já	passou	por	situação	semelhante?	Se	já,	certamente	não	é	o	único	e,	ainda	nesta	unidade,	trataremos	
sobre	algumas	estratégias	fundamentais	para	evitar	esse	grande	ponto	de	interrogação.	
Agora,	 vamos	 retomar	o	poema	de	Drummond	e	acrescentar	outro	 rumo	ao	 tema.	O	sentido	que	 lhe	
atribuímos	 pode	 se	 estender	 aos	 signos	 não	 verbais,	 como,	 por	 exemplo,	 as	 imagens.	 Por	 alguns	
segundos,	olhe	a	imagem	a	seguir:
Fonte:	<iplay.com>
Esta	imagem	está	na	internet	e	aparece	com	os	dizeres:	“um	novo	piercing	para	mulheres”.	É	importante	
que	façamos	a	observação	de	todos	os	detalhes	que	a	compõem:	o	que	pode	nos	sugerir,	por	exemplo,	
o	olhar	dessa	mulher,	seu	rosto	sem	maquiagem	e	o	fundo	escuro	da	foto?	Certamente,	cada	um	dos	
aspectos,	em	separado	ou	em	conjunto,	pode	suscitar	várias	impressões	de	leitura	e	interpretações	muito	
pessoais.	Depende	das	experiências	de	cada	leitor	e	de	seu	contexto	sócio-histórico-cultural.	
Vamos	refletir...
Que	tipo	de	leitura	faria	dessa	imagem	uma	mulher	que	sofreu	violência	doméstica?	
Qual	seria	o	sentido	dessa	imagem	para	uma	senhora	que	viveu	no	período	da	ditadura?	Teria	o	mesmo	
sentido	para	uma	jovem	socialite	contemporânea	que	vive	conectada	com	o	consumismo	e	interessada	
apenas	em	dinheiro?
Qual	interpretação	faria	um	homem	que	considera	admirável	a	natureza	comunicativa	da	mulher?
O	que	diria	dessa	imagem	um	homem	que	se	considera	senhor	da	verdade	e	que	não	tolera	ser	contrariado,	
73LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
principalmente	por	mulheres?
O	que	diria	uma	cidadã	comum	e	bem	esclarecida	acerca	de	seus	direitos	frente	a	uma	imagem	dessas?
Enfi	m,	qual	o	sentido	dessa	imagem	para	você,	e	o	que	lhe	faz	pensar	assim?
É	possível	estabelecer	algum	tipo	de	relação	entre	o	poema	de	Drummond	e	a	imagem?
Enquanto	o	poema	nos	sugere	a	leitura	da	palavra	“que	dorme	na	sombra	de	um	livro	raro”,	a	mulher	da	imagem	
suscita	que	tipo	de	refl	exão	acerca	da	palavra?
Em	suma,	você	percebeu	como	não	existe	mesmo	um	sentido	único	para	cada	palavra,	texto	ou	imagem?
LEITURA:	ETAPAS,	NÍVEIS	E	CONCEPÇÕES
De	modo	geral,	a	leitura	consiste	em	quatro	etapas:
Decodificação	–	é	o	reconhecimento	das	letras,	suas	ligações	com	outras	e	com	os	seus	significados.	
Decodificar	é	apenas	o	início	do	processo	de	leitura.	
Compreensão	–	é	assimilar	as	 informações	de	um	texto,	captar	suas	ideias	principais.	Nessa	etapa,	é	
importante	que	o	 leitor	 tenha	conhecimentos	prévios	sobre	o	assunto	tratado	no	texto,	para	que	tenha	
condições	de	atribuir	significação	às	palavras	decodificadas.
Interpretação	–	é	a	capacidade	de	análise	crítica	do	leitor	frente	ao	texto	e	só	ocorre	depois	da	compreensão.	
Se	não	há	compreensão,	não	é	possível	ao	leitor	interpretar	o	que	leu.	Nesta	etapa,	o	leitor	recupera	todas	
as	informações	e	conhecimentosprévios	sobre	o	assunto,	estabelece	a	intertextualidade	entre	os	textos,	
questiona,	julga	e	tira	conclusões	a	respeito	do	que	leu,	concorda	com	as	palavras	do	autor	ou	as	contesta.
Retenção	 –	 nesta	 etapa,	 ocorre	 a	 memorização	 das	 informações	 mais	 importantes,	 as	 quais	 ficam	
arquivadas	na	memória	de	longo	prazo	do	leitor,	seu	repertório	de	conhecimentos.	Desse	repertório,	o	
leitor	resgata	seus	conhecimentos	internalizados	para	dialogar	com	as	novas	leituras	que	realizará.
É	importante	considerar	cada	uma	das	etapas	de	leitura	no	processo	de	autoavaliação	que	combinamos	
no	 início	 desta	 unidade.	 Seu	 desempenho	 nessas	 etapas	 depende	 do	 nível	 de	 suas	 leituras.	 São,	
basicamente,	três	níveis:
Leitura	superficial	–	neste	nível,	o	leitor	fica	preso	na	superficialidade	das	palavras,	decodifica-as,	relaciona	
cada	uma	delas	ao	seu	significado;	se	não	conhece	o	significado	de	alguma,	simplesmente	a	ignora,	em	
vez	de	consultar	um	dicionário.	O	leitor	não	consegue	depreender	o	assunto	geral	do	texto,	muito	menos	
compreendê-lo	em	sua	totalidade.
74 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
Leitura	adequada	–	já	neste	nível,	o	leitor	extrapola	a	mera	decodificação	e	não	fica	preso	na	superfície	
das	linhas	textuais.	Ele	consegue	compreender	o	assunto	geral	e	atribuir,	ao	menos,	um	significado	ao	
texto,	 fazendo	uso	de	seus	conhecimentos	prévios	 (de	mundo,	 textuais	e	 linguísticos,	abordados	mais	
adiante).	
Leitura	complexa	–	neste	nível,	além	de	ler	e	compreender	o	que	está	escrito	nas	linhas	do	texto,	o	leitor	
lê	nas	entrelinhas	e	por	trás	delas.	Ele	produz	vários	sentidos	para	o	texto	e	estabelece	intertextualidades	
nesse	processo.	É	um	leitor	crítico.
Tão	 importante	quanto	conhecer	e	refletir	sobre	as	etapas	e	níveis	de	 leitura,	 importa	retomar,	aqui,	a	
tese	–	ler	é	um	processo	que	pode	ser	aprendido.	Por	isso,	o	avanço	de	uma	etapa	para	outra	e	de	
um	nível	para	outro	é	perfeitamente	possível	para	qualquer	pessoa,	de	qualquer	idade,	desde	que	haja	
vontade	e	empenho.	
Importa,	também,	considerar	o	fato	de	que	teorias	linguísticas	não	bastam	para	aperfeiçoar	habilidades	
leitoras.	Somente	as	desenvolvemos	mediante	a	convicção	do	quanto	a	leitura	é	importante	e	do	quanto	
precisamos	dela	para	a	nossa	formação,	não	apenas	profissional,	mas	humana.	
Nesse	sentido,	quem	já	não	ouviu	de	pais,	professores	e	até	mesmo	da	mídia	os	famosos	clichês:	“a	leitura	
é	importante”,	“leia	mais”,	“ler	é	viajar”	etc.?	Pois	bem!	Que	a	leitura	é	importante	todo	mundo	já	sabe.	
Que	muitas	leituras	nos	possibilitam	conhecer	e	viajar	por	tantos	outros	mundos,	contextos	e	situações,	
também	sabemos.	Entretanto,	poucos	sabem	qual	é,	de	fato,	a	verdadeira leitura,	aquela	capaz	de	formar,	
completar	e	transformar	meros	sujeitos	passivos	inseridos	em	uma	sociedade	em	sujeitos	ativos	nela,	isto	
é,	cidadãos	–	no	sentido	pleno	da	palavra!	
Em	que	consiste,	afinal,	a verdadeira	leitura?	
O	texto	a	seguir	sugere	reflexões	muito	pertinentes	a	esse	respeito.	Foi	escrito	pela	historiadora,	filósofa,	
dramaturga	 e	 escritora	mineira	Guiomar	 de	Grammont.	 Vale	 a	 pena	 conhecer,	 na	 íntegra,	 as	 sábias	
palavras	da	autora.
75LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
A	pensar	fundo	na	questão,	eu	diria	que	ler	devia	ser	proibido.	
Afi	nal	de	contas,	 ler	 faz	muito	mal	às	pessoas:	acorda	os	homens	para	 realidades	 impossíveis,	 tornando-os	
incapazes	de	suportar	o	mundo	insosso	e	ordinário	em	que	vivem.	A	leitura	induz	à	loucura,	desloca	o	homem	
do	humilde	lugar	que	lhe	fora	destinado	no	corpo	social.	Não	me	deixam	mentir	os	exemplos	de	Don	Quixote	e	
Madame	Bovary.	O	primeiro,	coitado,	de	tanto	ler	aventuras	de	cavalheiros	que	jamais	existiram	meteu-se	pelo	
mundo	afora,	a	crer-se	capaz	de	reformar	o	mundo,	quilha	de	ossos	que	mal	sustinha	a	si	e	ao	pobre	Rocinante.	
Quanto	à	pobre	Emma	Bovary,	tomou-se	esposa	inútil	para	fofocas	e	bordados,	perdendo-se	em	delírios	sobre	
bailes	e	amores	cortesãos.
Ler	realmente	não	faz	bem.	A	criança	que	lê	pode	se	tornar	um	adulto	perigoso,	inconformado	com	os	problemas	
do	mundo,	induzido	a	crer	que	tudo	pode	ser	de	outra	forma.	Afi	nal	de	contas,	a	leitura	desenvolve	um	poder	
incontrolável.	Liberta	o	homem	excessivamente.	Sem	a	leitura,	ele	morreria	feliz,	ignorante	dos	grilhões	que	o	
encerram.	Sem	a	leitura,	ainda,	estaria	mais	afeito	à	realidade	quotidiana,	se	dedicaria	ao	trabalho	com	afi	nco,	
sem	procurar	enriquecê-la	com	cabriolas	da	imaginação.	
Sem	ler,	o	homem	jamais	saberia	a	extensão	do	prazer.	Não	experimentaria	nunca	o	sumo	Bem	de	Aristóteles:	o	
conhecer.	Mas	para	que	conhecer	se,	na	maior	parte	dos	casos,	o	que	necessita	é	apenas	executar	ordens?	Se	
o	que	deve,	enfi	m,	é	fazer	o	que	dele	esperam	e	nada	mais?
Ler	pode	provocar	o	inesperado.	Pode	fazer	com	que	o	homem	crie	atalhos	para	caminhos	que	devem,	neces-
sariamente,	ser	longos.	Ler	pode	gerar	a	invenção.	Pode	estimular	a	imaginação	de	forma	a	levar	o	ser	humano	
além	do	que	lhe	é	devido.	
Além	disso,	os	livros	estimulam	o	sonho,	a	imaginação,	a	fantasia.	Nos	transportam	a	paraísos	misteriosos,	nos	
fazem	enxergar	unicórnios	azuis	e	palácios	de	cristal.	Nos	fazem	acreditar	que	a	vida	é	mais	do	que	um	punhado	
de	pó	em	movimento.	Que	há	algo	a	descobrir.	Há	horizontes	para	além	das	montanhas,	há	estrelas	por	trás	
das	nuvens.	Estrelas	jamais	percebidas.	É	preciso	desconfi	ar	desse	pendor	para	o	absurdo	que	nos	impede	de	
aceitar	nossas	realidades	cruas.	
Não,	não	deem	mais	livros	às	escolas.	Pais,	não	leiam	para	os	seus	fi	lhos,	pode	levá-los	a	desenvolver	esse	gos-
to	pela	aventura	e	pela	descoberta	que	fez	do	homem	um	animal	diferente.	Antes	estivesse	ainda	a	passear	de	
quatro	patas,	sem	noção	de	progresso	e	civilização,	mas	tampouco	sem	conhecer	guerras,	destruição,	violência.	
Professores,	não	contem	histórias,	pode	estimular	uma	curiosidade	indesejável	em	seres	que	a	vida	destinou	
para	a	repetição	e	para	o	trabalho	duro.	
Ler	pode	ser	um	problema,	pode	gerar	seres	humanos	conscientes	demais	dos	seus	direitos	políticos	em	um	
mundo	administrado,	onde	ser	livre	não	passa	de	uma	fi	cção	sem	nenhuma	verossimilhança.	Seria	impossível	
controlar	e	organizar	a	sociedade	se	todos	os	seres	humanos	soubessem	o	que	desejam.	Se	todos	se	puses-
sem	a	articular	bem	suas	demandas,	a	fi	ncar	sua	posição	no	mundo,	a	fazer	dos	discursos	os	instrumentos	de	
conquista	de	sua	liberdade.	
O	mundo	já	vai	por	um	bom	caminho.	Cada	vez	mais	as	pessoas	leem	por	razões	utilitárias:	para	compreender	
formulários,	contratos,	bulas	de	remédio,	projetos,	manuais	etc.	Observem	as	fi	las,	um	dos	pequenos	cancros	
da	 civilização	 contemporânea.	Bastaria	 um	 livro	 para	que	 todos	 se	 vissem	magicamente	 transportados	para	
outras	dimensões,	menos	incômodas.	É	esse	o	tapete	mágico,	o	pó	de	pirlimpimpim,	a	máquina	do	tempo.	Para	
o	homem	que	lê,	não	há	fronteiras,	não	há	cortes,	prisões	tampouco.	O	que	é	mais	subversivo	do	que	a	leitura?	
É	preciso	compreender	que	ler	para	se	enriquecer	culturalmente	ou	para	se	divertir	deve	ser	um	privilégio	conce-
dido	apenas	a	alguns,	jamais	àqueles	que	desenvolvem	trabalhos	práticos	ou	manuais.	Seja	em	fi	las,	em	metrôs,	
ou	no	silêncio	da	alcova…	Ler	deve	ser	coisa	rara,	não	para	qualquer	um.	
Afi	nal	de	contas,	a	leitura	é	um	poder,	e	o	poder	é	para	poucos.	
Para	obedecer	não	é	preciso	enxergar,	o	silêncio	é	a	linguagem	da	submissão.	Para	executar	ordens,	a	palavra	
76 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
é	inútil.	Além	disso,	a	leitura	promove	a	comunicação	de	dores,	alegrias,	tantos	outros	sentimentos…	A	leitura	é	
obscena.	Expõe	o	íntimo,	torna	coletivo	o	individual	e	público,	o	secreto,	o	próprio.	A	leitura	ameaça	os	indivíduos,	
porque	os	faz	identifi	car	sua	história	a	outras	histórias.	Torna-os	capazes	de	compreender	e	aceitar	o	mundo	do	
Outro.	Sim,	a	leitura	devia	ser	proibida.	
Ler	pode	tornar	o	homem	perigosamente	mais	humano.	
Fonte:In:	PRADO,	J.	&	CONDINI,	P.	(Orgs.).	A	formação	do	leitor:	pontos	de	vista.	Rio	de	Janeiro:	Argus,	1999,	
pp.71-3.
A leitura caracteriza-se como um dos processos que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, 
em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de transformação sociocultural 
futura.
Ezequiel T. da Silva
Impressionante	 o	 poder	 trans(formador)	 da	 leitura,	 não	 é	 mesmo?	 Sociedades	 inteiras	 podem	 ser	
modificadas	se	forem	compostas	por	multidões	de	leitores	críticos.	Leitores	críticos	são	“perigosamente”	
mais	humanos.	Percebeu	que	ser	perigoso,	no	sentido	sugerido	pelo	texto,	não	consiste	em	algo	destrutivo?	
Muito	pelo	contrário!	Consiste	na	construção	de	uma	sociedade	mais	justa	e	solidária,	feita	por	pessoas	
muito	mais	conscientes	de	seus	deveres,	muito	bem	preparadas	para	exigir	seus	direitos.	
A	“pensar	fundo	na	questão”,	o	que	mais	você	diria	sobre	a	LEITURA?	
Qual	a	sua	opinião	sobre	as	ideias	da	autora?	
Você	percebeu	o	quanto	seus	exemplos	e	argumentos	estão	carregados	de	ironia?	
Você	conseguiu	fazer	a	leitura	nas	entrelinhas?
Você	está	satisfeito	com	a	leitura	que	realizou	desse	texto?	Se	não,	sugerimos	que	leia-o	de	novo.	Experimente-o	
mais	uma	vez.	FAÇA	SUAS	ANOTAÇÕES	ÀS	MARGENS.	Pelo	computador,	você	pode	utilizar	o	ícone	inserir 
comentários. É	ótimo!	Se,	no	decorrer	das	suas	leituras,	você	tiver	por	hábito	registrar	seus	argumentos,	suas	
ideias,	questionamentos	e	conclusões,	então	você	já	não	será	mais	um	sujeito	passivo	diante	dos	textos	e,	por	
isso,	a	cada	leitura	será	uma	nova	pessoa.isso,	a	cada	leitura	será	uma	nova	pessoa.
Para	Leffa	(1996,	p.	10)	“ler	é	[...]	reconhecer	o	mundo	através	de	espelhos”,	“é,	na	sua	essência,	olhar	
uma	coisa	e	ver	outra”.	Como,	por	exemplo,	fixar	os	olhos	em	um	montante	de	dinheiro	e	ver	uma	casa	
luxuosa.	Trata-se	de	um	processo	de	“triangulação”.	Segundo	o	autor,	“sem	triangulação	não	há	leitura”,	
há	somente	uma	tentativa	de	leitura.	O	leitor	lê,	mas	não	entende;	olha,	mas	não	vê.	
Em	termos	mais	específicos,	existem	três	linhas	teóricas	a	respeito	da	leitura:	alguns	teóricos	acreditam	
que	 ler	é	extrair	 significado	do	 texto;	para	outros,	atribuir-lhe significados;	para	o	 terceiro	grupo,	 ler	é	
interagir. 
77LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
Fonte:	Photos.com
Na	primeira	concepção,	o	 texto	 tem	maior	 importância,	 tem	um	fim	em	si	mesmo,	é	a	voz	absoluta	e	
precisa	do	leitor	apenas	para	ser	decodificado.	O	significado,	exato	e	completo,	está	contido	nas	palavras	
do	autor,	 cabendo	ao	 leitor,	 simplesmente,	 a	 árdua	 tarefa	 de	 compreendê-las	 integralmente	 e,	 assim,	
descobrir	esse	significado.	Na	segunda	concepção,	o	leitor	ganha	importância.	Nessa	acepção,	a	origem	
do	significado	de	um	texto	está	no	leitor.	“O	mesmo	texto	pode	provocar	em	cada	leitor	e	mesmo	em	cada	
leitura	uma	visão	diferente	da	realidade”	(LEFFA,	1996,	p.	14).
Por	fim,	na	terceira	concepção,	o	sentido	da	leitura	consiste,	exclusivamente,	da	relação	entre	leitor	e	texto.	
Este	não	é	mais	importante	que	aquele,	ou	vice	e	versa.	Ambos	dependem	um	do	outro	e	da	interação	
entre	eles	para	que	a	atribuição	de	sentidos	ocorra	de	modo	eficaz.	A	leitura	é,	portanto,	um	processo	
de	interlocução	entre	leitor	e	autor,	mediado	pelo	texto.	Não	se	trata	apenas	de	extrair	informações	da	
escrita,	decodificando-a	palavra	por	palavra.	É	um	processo	no	qual	o	leitor	realiza	um	trabalho	ativo	de	
construção	de	significados	do	texto.
Ainda	com	o	 intuito	de	pensar	a	 leitura	em	seu	sentido	pleno,	nos	Parâmetros	Curriculares	Nacionais	
encontramos	a	seguinte	definição:	
“A	leitura	é	o	processo	no	qual	o	leitor	realiza	um	trabalho	ativo	de	compreensão	e	interpretação	do	texto,	a	
partir	de	seus objetivos,	de	seu	conhecimento	sobre	o	assunto, sobre o autor,	de	tudo	o	que	sabe	sobre a 
linguagem etc.[...]”	(Parâmetros	Curriculares	Nacionais:	terceiro	e	quarto	ciclos	de	ensino	fundamental:	língua	
portuguesa/Secretaria	de	Educação	Fundamental.	–	Brasília:	MEC/SEF,	1998,	pp.	69-70).
Observe	que,	de	fato,	 tal	como	nos	ensinou	Paulo	Freire,	“a	leitura	do	mundo	precede	a	leitura	da	
78 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
palavra”.	Isto	é,	toda	a	leitura	de	mundo	e	outros	elementos	prévios	que	o	leitor	traz	consigo	contribuem,	
e	muito,	para	que	ele	compreenda	os	conteúdos	lidos.	A	partir	da	definição	supracitada,	vamos	esmiuçar	
alguns	desses	elementos	e	acrescentar	outros.
Conhecimento	sobre	o	assunto
Sem	conhecimento	prévio	sobre	o	assunto	a	ser	lido,	as	dificuldades	de	compreensão	são	gigantescas,	
mas	não	intransponíveis.	
Se	em	um	curso	de	oratória	somos	convocados	para	falar	ao	público	e	altamente	surpreendidos	com	o	
assunto	sorteado,	algo	que	desconhecemos	totalmente	ou	sobre	o	qual	temos	pouco	domínio,	a	situação	
seria	embaraçosa,	não	é	mesmo?	Não	teríamos	nenhuma	chance,	nem	mesmo	tempo,	para	buscarmos	
informações	a	respeito,	a	fim	de	conseguirmos,	ao	menos,	meia	dúzia	de	palavras	para	dizer.	Por	outro	
lado,	se	nos	for	proposta	a	leitura	de	conteúdos	sobre	os	quais	não	temos	prévio	conhecimento,	a	situação	
não	será	tão	embaraçosa	quanto	a	mesma	circunstância	no	curso	de	oratória,	porque	teremos	tempo	e	
condições	para	suprir	essa	lacuna	por	meio	de	uma	série	de	leituras.	
Não	há	leitura	qualitativa	no	leitor	de	um	livro.	A	qualidade	(profundidade?)	do	mergulho	de	um	leitor	em	um	texto	
depende	–	e	muito	–	de	seus	mergulhos	anteriores.
Geraldi
O	conhecimento	prévio	sobre	o	assunto	possibilita	ao	leitor	colocar	em	prática	uma	estratégia	de	leitura	
fundamental:	inferir	ou	levantar	hipóteses	sobre	o	que	será	dito	no	texto	antes	mesmo	de	iniciar	
sua leitura. No	percurso	da	leitura,	caberá	ao	leitor	confirmá-las	ou	refutá-las.	
Quanto	mais	 leituras	 qualitativamente	 realizadas	 sobre	 conteúdos	 diversos	 –	 não	 apenas	 os	 exigidos	
pela	academia	–	maior	o	repertório	de	conhecimentos	do	leitor,	tanto	o	de	mundo	quanto	o	linguístico.	
Consequentemente,	maiores	as	possibilidades	de	compreensão	e	interpretação	de	textos.	
É	mais	do	que	natural	e	até	mesmo	necessário	ao	nosso	crescimento,	em	alguns	momentos	da	vida,	
sermos	 desafiados	 a	 compreender	 algum	 texto	 que	 nos	 apresente	 assuntos	 completamente	 novos,	
ou	velhos	assuntos	 tratados	sob	um	viés	completamente	 inusitado.	 Isso	significa	que,	provavelmente,	
aquele	texto	exigirá	mais	que	uma	leitura	para	que	possamos	compreendê-lo	em	sua	totalidade.	Como	já	
dissemos,	releituras	fazem	parte	do	processo.	Depende	do	grau	de	complexidade	não	apenas	decorrente	
da	novidade	do	assunto,	mas,	 também,	do	estilo	de	quem	o	produziu.	Alguns	escritores	utilizam	uma	
linguagem	bastante	rebuscada,	períodos	muito	extensos,	inversão	de	classes	gramaticais	e	outros	fatores	
que	podem,	sim,	exigir	muito	mais	o	empenho	de	seus	leitores.
79LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
Conhecimento	linguístico
Nas	aulas	de	gramática,	em	que	o	estudo	da	língua	ocorre	de	modo	completo,	sistemático	e	minucioso,	
adquirimos	um	 repertório	 linguístico	 importantíssimo	e	essencial	 para	o	nosso	desempenho	enquanto	
leitores	e,	 também,	produtores	de	 texto.	Entretanto,	para	que	seja	ampliado,	esse	 repertório	 requer	a	
prática	de	muitas	leituras	realizadas	de	modo	crítico	e	consciente.	
Portanto,	na	leitura	dos	tantos	materiais	sobre	os	quais	você	se	debruça,	lance-lhes	um	olhar	de	detetive.	
Seja	 um	 detetive	 de	 palavras.	 Observe	 o	 estilo	 do	 autor,	 o	 emprego	 de	 regências	 e	 concordâncias.	
Atente	para	o	modo	como	ele	usa	os	pronomes.	Olhe	atentamente	para	a	escrita	de	palavras	que	você	
não	considera	fáceis.	Memorize-as	e	comece	a	usá-las	com	certa	frequência,	nas	situações	que	julgar	
convenientes,	seja	na	fala	ou	na	escrita.	Identifique	as	figuras	de	linguagem	utilizadas	pelo	autor,	como,	
por	exemplo,	as	 ironias	e	metáforas.	Se	não	se	 lembra	das	figuras	de	 linguagem,	busque	revisá-las	e	
aplicá-lasna	 produção	 de	 seus	 próprios	 textos.	Além	de	um	dicionário	 da	 língua	portuguesa	 em	
mãos,	tenha	também	uma	gramática	e	a	estude	de	vez	em	quando.
Fonte:	Photos.com
Conhecimento	sobre	o	autor
O	conhecimento	prévio	sobre	o	autor	–	seu	estilo	de	escrita,	as	ideias	que	defende	ou	que	contesta,	suas	
crenças	ou	descrenças,	seu	posicionamento	político	e	outros	fatores	–	também	garante	ao	leitor	bagagem	
para	 inferir,	 por	 exemplo,	 o	 ponto	 de	 vista	 defendido	 por	 ele,	 suas	 prováveis	 ideias	 e	 seus	 possíveis	
argumentos	ou	conclusões.
Caso	 o	 leitor	 conheça,	 por	 exemplo,	 boa	 parte	 das	 obras	 de	 Cecília	 Meireles,	 uma	 das	 grandes	
representantes	da	literatura	brasileira,	e,	certo	dia,	depara-se	com	um	poema	de	sua	autoria	que	antes	
não	conhecia,	já	a	partir	de	seu	título	poderá	inferir	algumas	hipóteses-temáticas:	talvez	o	poema	aborde	
a	transitoriedade	das	coisas	e	da	vida,	ou	então	a	fantasia;	talvez,	a	solidão;	quem	sabe,	seja	um	poema	
marcado	 por	 apelos	 sensoriais.	Enfim,	 as	 hipóteses	 antecipam	possibilidades	 e,	 como	 consequência,	
auxiliam	na	compreensão	leitora.	
80 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
Conhecimento	sobre	o	gênero
Uma	bula	de	remédios	exige	uma	leitura	específica.	Um	gibi	requer	outra	postura	completamente	diferente	
por	parte	do	leitor.	Não	é	possível	ler	um	texto	científico	da	mesma	forma	como	se	lê	uma	receita	caseira.	
É	fundamental	considerar	as	características	específicas	de	cada	gênero,	pois	esse	tipo	de	conhecimento	
auxilia	na	compreensão.	
Ao	ler	um	projeto	acadêmico,	por	exemplo,	é	importante	que	o	leitor	conheça	não	apenas	as	especificidades	
do	gênero	e	as	partes	que	o	compõem,	mas,	 também,	a	 função	de	cada	uma	dessas	partes.	Se	não	
souber,	por	exemplo,	em	que	consiste	a	introdução,	a	justificativa	e	os	objetivos	do	projeto,	encontrará	
grandes	obstáculos	para	dialogar	com	o	autor	do	projeto	–	via	texto	–	e,	por	fim,	terá	sérias	dificuldades	
para	prosseguir	a	leitura,	tornando-se	impossível	compreender	o	conteúdo	em	sua	totalidade.	
Motivação	e	intenção
É	muito	 importante	 que	 o	 leitor	 esteja	motivado	 para	 realizar	 a	 leitura	 com	 a	 intenção	 de	 fazê-la	 da	
melhor	forma	possível,	mesmo	quando	tratar-se	de	uma	leitura	obrigatória,	imposta	por	um	sistema	que	
requer	a	devolução	de	resultados	para	que	lhe	seja	atribuído	algum	tipo	de	conceito	ou	nota.	Se	lhe	faltar	
motivação,	será	mais	difícil	(não	impossível)	colocar	os	neurônios	para	trabalhar,	já	que,	em	se	tratando	
de	leitura,	esta	consiste	em	um	“trabalho	ativo	de	compreensão	e	interpretação	do	texto”.	Porém,	mesmo	
sem	motivação,	a	intenção	de	ler	pode	fazer	a	diferença	e	ajudá-lo	a	cumprir	suas	tarefas.	
Ainda	assim,	a	motivação	não	perde	a	sua	 relevância.	Como	encontrar	motivação,	por	exemplo,	para	
fazer	a	leitura	de	textos	exigidos	pela	faculdade	e	que,	embora	abordem	assuntos	importantes	para	a	sua	
formação	acadêmica	e	profissional,	não	correspondem	às	suas	preferências	literárias?	Se	a	motivação	
não	vem	de	dentro,	terá	que	buscá-la	do	lado	de	fora:	nos	objetivos!
Objetivos
Antes	de	iniciar	qualquer	leitura,	é	fundamental	que	tenhamos	muito	bem	definido	ao	menos	um	objetivo 
para	realizá-la.	E,	mais	uma	vez,	a	ideia	da	intenção	vem	à	tona.	A	intenção	de	ler para cumprir determinado 
objetivo.	Nossa	postura	frente	aos	textos,	e	também	nossa	motivação,	dependerá	disso.	Sem	motivação	
não	saímos	do	lugar	e	sem	objetivos	não	chegamos	a	lugar	algum!	
Fonte:	Photos.com
81LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
Seu	sucesso	enquanto	leitor	requer,	pois,	a	soma	de	vários	fatores,	mas,	sobretudo,	de	objetivos	específicos	
pré-determinados	 antes	 da	 leitura,	 com	 vistas	 ao	 cumprimento	 de	 algum	objetivo	 geral.	 Citamos,	 por	
exemplo,	as	leituras	realizadas	com	fins	para	uma	pesquisa	acadêmica.	Se,	por	solicitação	do	professor,	
o	objetivo	geral	de	uma	pesquisa	for	investigar	o	nível	de	leitura	dos	brasileiros,	o	acadêmico	terá	como	
objetivo	específico	coletar	 informações	nos	textos	que,	previamente	selecionados	para	a	realização	da	
pesquisa,	apresentam	os	dados	necessários.	Nem	sempre	é	o	professor	quem	determina	o	objetivo	geral.	
Na	graduação,	em	especial,	muitas	vezes	é	o	aluno	quem	terá	que	tomar	todas	as	decisões:	qual	será	a	
temática	da	sua	pesquisa	dentro	de	determinado	eixo	do	conhecimento,	qual	será	o	objetivo	geral,	quais	
os	objetivos	específicos,	quais	livros	deverá	selecionar	e	assim	por	diante.
Geraldi	(1999)	aponta	alguns	objetivos	possíveis	para	a	leitura:	busca	de	informações,	estudo	do	texto,	
fruição	do	 texto	e	 texto	como	pretexto.	Muitos	exemplos	serviriam	de	 ilustração	para	cada	um	desses	
objetivos,	porém	vamos	elencar	apenas	alguns.	
Busca	de	informações –	esse	objetivo	ocorre	na	realização	de	pesquisas	acadêmicas	ou	muitas	outras	
situações,	como,	por	exemplo,	quando	o	leitor,	por	curiosidade,	quer	ampliar	seu	conhecimento	a	respeito	
de	qualquer	 tema	de	seu	 interesse.	Quando	precisa	 resolver	alguma	situação-problema	e	busca,	nas	
fontes	específicas,	as	informações	certas	para	solucioná-la.	Quando	um	candidato	entra	no	site	de	uma	
empresa	de	grande	porte	e,	de	posse	das	informações	ali	apresentadas,	elabora	seu	curriculum de	modo	
a	convencer	a	empresa	de	que	suas	qualificações	correspondem	às	suas	exigências.	
Estudo	do	texto	–	esse	objetivo	pode	ser	a	prioridade	do	leitor	frente	aos	textos	que	apresentam	conteúdos	
que	serão	cobrados	em	avaliações	acadêmicas	ou	em	concursos	etc.	Tal	objetivo	ocorre,	também,	quando	
o	leitor	quer	apenas	ganhar	conhecimento	sobre	o	conteúdo	apresentado	no	texto	e	sua	forma,	analisando	
o	estilo	do	autor,	bem	como	os	detalhes	linguísticos,	sintáticos	e	estilísticos	que	o	compõem.	
Fruição	do	 texto	–	esse	objetivo	advém	das	 leituras-prazer,	das	 leituras	que	visam,	exclusivamente,	o	
entretenimento.	A	leitura	sem	compromissos	pré-determinados.	
Texto	como	pretexto –	se	o	leitor	vai	ao	texto	com	a	intenção	de	parafraseá-lo	ou	produzir	outro	a	fim	de	
contestar	seu	conteúdo,	então	seu	objetivo	será	usá-lo	como	pretexto;	se	o	leitor	tem	que	produzir	um	
texto	de	opinião	na	academia	e	carece	de	conteúdo	para	fazê-lo,	pode	usar	bons	textos	como	pretexto	
para	citá-los	em	sua	produção,	de	modo	a	atribuir	mais	credibilidade	aos	seus	argumentos.	
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Observe,	prezado(a)	aluno(a),	que	DEFINIR OBJETIVOS IMPLICA NA ESCOLHA DE ESTRATÉGIAS. 
E,	isso,	é	claro,	não	vale	apenas	para	a	leitura.	Se	você	pretende	alcançar	o	objetivo	X,	precisará	das	
estratégias	W,	Y e Z.	Escolhidas	as	estratégias,	 faça	delas	seu	norte.	Se	perceber	que	alguma	delas	
não	foi	uma	escolha	adequada,	faça	mudanças!	Empenhe-se	nas	estratégias	que	funcionam,	de	modo	a	
atingir	seu	objetivo	da	melhor	forma	possível.	
82 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
Vamos	conhecer	algumas	das	principais	estratégias	de	leitura	à	sua	disposição?	Façamos	isso	a	partir	
da	citação	a	seguir:
“Trata-se	de	uma	atividade	que	implica	estratégias	de	seleção,	antecipação,	inferência	e verifi	cação,	sem	as	
quais	não	é	possível	profi	ciência.	É	o	uso	desses	procedimentos	que	possibilita	controlar	o	que	vai	sendo	lido,	
permitindo	tomar	decisões	diante	de	difi	culdades	de	compreensão,	avançar	na	busca	de	esclarecimentos,	
validar	no	 texto	 suposições	 feitas”	 (Parâmetros	Curriculares	Nacionais:	 terceiro	 e	 quarto	 ciclos	 de	 ensino	
fundamental:	língua	portuguesa/Secretaria	de	Educação	Fundamental.	–	Brasília:	MEC/SEF,	1998,	pp.	69-70).	
Em	suma,	um	leitor	competente	coloca	em	prática	as	estratégias	supracitadas:
Selecionar	 –	 é	 uma	 das	 estratégias	 primordiais	 na	 vida	 de	 qualquer	 leitor.	 Afinal,	 em	 determinadas	
situações	mais	que	outras,	é	impossível	ler	tudo	o	que	queremos	ou	todos	os	títulos	que	nos	mandam	ler	
em	tão	pouco	tempo	para	cumprir	certa	tarefa.	Para	nos	manter	informados,	não	precisamos	ler	todos	os	
jornais	ou	assistir	a	todos	os	telejornais;basta	selecionar	os	de	boa	qualidade.	Para	atingir	certo	objetivo	
em	determinada	leitura,	basta	selecionar	os	trechos	mais	importantes.	Qualquer	indivíduo	já	é	seletivo	por	
natureza	(você	não	lê,	por	exemplo,	todos	os	e-mails	que	caem	em	sua	caixa	de	entrada,	não	é	mesmo?	
Você	não	tem	tempo	nem	paciência	para	isso,	sem	contar	as	ameaças	de	spam...)	e	um	leitor	competente	
aperfeiçoa	ainda	mais	suas	habilidades	leitoras,	de	modo	consciente.
Antecipar	e	inferir	–	a	primeira	consiste	em	fazer	previsões	ou	levantar	hipóteses	do	que	será	lido,	a	partir	
do	título	do	texto,	de	seu	conhecimento	sobre	o	autor,	sobre	o	assunto	etc.;	na	segunda,	o	leitor	lê	o	que	
está	nas	entrelinhas	ou	por	trás	das	linhas	do	texto,	a	partir	de	seu	raciocínio	lógico,	das	pistas	textuais	e	
das	advindas	de	outras	leituras,	bem	como	da	relação	que	estabelece	entre	os	textos	(intertextualidade).	
Inferir	também	consiste	em	deduzir,	por	exemplo,	o	significado	de	uma	palavra	desconhecida	a	partir	do	
contexto	em	que	está	 inserida.	Ambas	as	estratégias	são	 importantes,	pois	permitem	ao	 leitor	atribuir	
vários	sentidos	ao	texto	ativamente	e	ler	o	que	não	está	explícito,	de	modo	a	identificar	as	informações	ou	
ideias	implícitas	no	texto.
Verificar	–	é	a	estratégia	que	permite	ao	leitor	avaliar,	confirmar	ou	refutar	as	previsões	feitas	e,	também,	
ter	a	certeza	de	que	suas	inferências	estão	coerentes	e	de	acordo	com	o	texto,	considerando	suas	pistas	
textuais	e	outros	fatores	extratextuais	necessários	à	sua	interpretação	como,	por	exemplo,	o	momento	e	
o	contexto	histórico	em	que	foi	produzido.
São	estratégias	básicas	e	todas	de	igual	importância.	Ao	praticá-las,	de	modo	consciente	e	frequente,	o	
leitor	desenvolve	características	que	demonstram	sua	competência	leitora.
Ler	nas	entrelinhas	do	texto	é	uma	arte.	Em	alguns	momentos	deste	curso	de	nivelamento,	realizamos	e	
83LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
sugerimos	algumas	leituras	nas	entrelinhas	dos	textos	apresentados.	Mais	uma	vez,	vamos	juntos	praticar	
um	pouco	mais	dessa	arte.
Leia	a	tirinha	a	seguir:
Qual	a	informação	implícita	que	se	pode	inferir	da	tirinha	da	Mafalda?	
Com	base	em	que	pistas	ou	elementos	textuais	da	tirinha	você	fez	essa	inferência?
E	que	tipos	de	conhecimentos	você	utilizou	para	chegar	a	essa	conclusão?
Com	base	nessa	 tira,	 exemplificamos	um	nível	 de	 leitura	 realizado	por	 leitores	atentos	que	 leem	nas	
entrelinhas	do	texto.	Na	tirinha,	encontramos	pistas	não	verbais	que	nos	permitem	inferir	esta	informação:	
a	democracia	que	se	vê	na	realidade	não	está	de	acordo	com	a	definição	apresentada	no	dicionário.	Essa	
informação	não	está	explícita	na	tira.	Em	nenhum	momento	a	Mafalda,	ou	qualquer	outro	personagem	
ali	apresentado,	disse	isso.	Porém,	a	atitude	da	menina,	quando	cai	na	gargalhada	após	ler	a	explicação	
de	tal	vocábulo	no	dicionário,	e	por	passar	o	dia	todo	nessa	condição	do	riso,	leva-nos	a	inferir,	então,	a	
informação	implícita.	Temos,	portanto,	uma	informação	subentendida.	
Não	existem	marcas	 linguísticas	que	a	comprovem,	por	 isso	pode	ser	contestada.	Se	vivenciássemos	
essa	experiência	ao	vivo	e	a	cores,	Mafalda	poderia	negar	a	nossa	inferência,	alegando,	por	exemplo,	
que	leu	o	significado	da	palavra	democracia	no	dicionário,	mas	suas	gargalhadas	justificam-se	por	outro	
motivo:	algo	que	se	lembrou,	um	episódio	engraçado	que	aconteceu	na	escola	e	que,	de	repente,	veio	
à	sua	lembrança.	Entretanto,	conhecendo	a	natureza	crítica	da	Mafalda	e	a	partir	do	conhecimento	de	
mundo	que	temos	acerca	da	democracia	em	nosso	país,	estabelecemos	a	relação	entre	as	pistas	da	tira	
e,	por	fim,	atribuímos-lhe	uma	inferência	coerente.	
A	seguir,	apresentamos	uma	frase	que	foi	pronunciada	há	alguns	anos	por	uma	personalidade	política,	
84 LÍNGUA PORTUGUESA| Educação a Distância
e	com	este	exemplo	demonstramos	a	 importância	de	cuidar	das	palavras	que	usamos	para	expressar	
nossas ideias.
Ela	é	inteligente,	apesar	de	ser	mulher.
(Mário	Amato,	referindo-se	à	Dorothéa	Verneck)
Quais	as	informações	explícitas	nessa	frase?	Qual	a	informação	implícita?
Na	época	em	que	pronunciou	essa	frase,	Mário	Amato,	autor	de	tantos	outros	dizeres	polêmicos,	conquistou	
a	antipatia	das	mulheres.	Ele	disse,	explicitamente,	que	Dorothéa	é	mulher	e	que	é	inteligente.	Temos,	
então,	duas	informações	escritas	na	linha	do	texto.	Por	outro	lado,	pode-se	inferir	outra	informação,	a	que	
está	implícita:	as	mulheres	não	são	inteligentes. 
Diferente	do	que	ocorre	na	tira	da	Mafalda,	esse	tipo	de	informação	não	pode	ser	negada.	Trata-se	de	uma	
informação	pressuposta,	implícita	no	conectivo	“apesar	de”.	Em	entrevista	posterior	ao	evento	em	que	
essa	frase	foi	registrada	por	jornalistas,	Mário	Amato	explicou-se:	“aquilo	foi	brincadeira”	(<http://veja.abril.
com.br/210802/entrevista.html>).	Entretanto,	mesmo	que	tenha	sido	uma	brincadeira	(aliás,	extremamente	
inadequada	e	infeliz),	em	seu	dizer	existe	uma	marca	linguística	que	denuncia	a	sua	indelicadeza.	
CONSIDERAÇÕES	FINAIS
A	partir	de	vários	aspectos	relacionados	à	leitura,	sobre	os	quais	discutimos	nesta	unidade,	você	teve	a	
oportunidade	de	se	autoavaliar	enquanto	leitor.	Por	fim,	gostaríamos	de	sintetizar	algumas	das	principais	
características	do	leitor	competente	estudadas:	
•	 constrói	vários	sentidos	possíveis	e	coerentes	com	o	conteúdo	do	texto;
•	 compreende	a	mensagem	que	o	autor	pretendia	e	propõe	outras	leituras	não	previstas	pelo	autor;
•	 é	leitor	ativo	(agente)	que	busca	atribuir	significados	ativamente;
•	 a	cada	nova	leitura,	altera	o	significado	de	tudo	o	que	já	leu;
•	 delimita	objetivos	e	analisa	sua	própria	leitura;
•	 emprega	as	estratégias	de	leitura;
•	 controla	o	que	lê	e	toma	decisões	diante	de	dificuldades	de	compreensão;
85LÍNGUA PORTUGUESA | Educação a Distância
•	 tem	iniciativa	própria	para	selecionar	o	texto	ou	trechos	desse	texto	que	atendam	ao	objetivo	daquela	
leitura;
•	 compreende	o	que	lê	e,	também,	o	que	não	está	escrito;
•	 estabelece	relações	entre	o	texto	que	lê	e	outros	já	lidos	(construção	de	intertextualidade).
Vale	a	pena	retomar	a	primeira	pergunta	que	abriu	nossa	introdução:	como	você	se	considera	enquanto	
leitor? E	acrescentamos	esta:	onde	você	quer	chegar	enquanto	leitor? 
Esperamos	 que	 nossas	 discussões	 a	 respeito	 de	 leitores	 e	 leituras	 tenham	 contribuído	 para	 a	 sua	
aprendizagem	e	seu	crescimento,	e	que	sua	autoavaliação	não	pare	por	aqui.	Não	desista	nunca	diante	das	
dificuldades	de	compreensão	em	razão	das	peculiaridades	e	complexidades	de	cada	texto.	E	lembre-se:	
somos	todos	leitores	em	processo.	Não	se	esqueça	de	colocar	em	prática	as	estratégias	que	ensinamos,	
não	deixe	de	considerar	a	importância	de	interagir	com	o	autor,	mediante	a	palavra	escrita,	questionar	o	
que	é	lido	e	reler	os	textos	quantas	vezes	se	fizer	necessário.	Aprimore	suas	habilidades	leitoras	mediante	
a	prática	diária	de	leituras,	as	que	fazem	parte	da	academia	e	as	que	você	realiza	por	iniciativa	própria.	
Sua	dedicação,	autonomia	e	 iniciativa	nesse	processo	serão	sempre	 fundamentais	para	seu	sucesso!	
Seja	um	leitor	experiente,	proficiente,	ativo,	atuante,	competente!	
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1.	 Cite	as	principais	etapas	de	leitura,	explique	cada	uma	delas,	comente	qual(is)	você	considera	mais	
importante(s)	e	justifique	sua	escolha.
2.	 Comente	sobre	as	diferenças	existentes	entre	os	níveis	de	leitura	e	explique	em	qual	desses	níveis	o	
leitor	crítico	está	inserido.
3.	 Cite	as	principais	estratégias	de	leitura	e	explique	de	que	modo	elas	contribuem	para	a	realização	de	
leituras	eficientes.
4.	 Explique	e	exemplifique	as	diferenças	entre	as	 informações	 implícitas	de	modo	subentendido	e	as	
implícitas	de	modo	pressuposto.	
5.	 Cite	quais	os	elementos	prévios	 indispensáveis	ao	 leitor	para	que	suas	 leituras	sejam	plenamente	
satisfatórias	e	explique-os.
86 LÍNGUA PORTUGUESA|Educação a Distância
Título:	Estratégias	de	Leitura
Autor:	Isabel	Sole
ISBN:	9788573074093
Páginas:	194
Edição:	6ª
Editora:	Artmed
Ano:	1998
Assunto:	Pedagogia
Idioma:	Português
O	 livro	escrito	por	 Isabel	Solé	aborda	diferentes	 formas	de	 trabalhar	 com	o	ensino	da	 leitura.	Seu	propósito	
principal	é	promover	nos	alunos	a	utilização	de	estratégias	que	permitam	interpretar	e	compreender	de	forma	
autônoma	os	textos	lidos.	Enfatizando	sempre	que	o	ato	de	ler	é	um	processo	complexo,	a	autora,	utilizando	
um	texto	simples	e	agradável	de	ser	lido,	explicita-o	dentro	de	uma	perspectiva	construtivista	da	aprendizagem.

Outros materiais