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A Hierarquia das Normas Segundo Kelsen - Trabalho

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UNIP 
CIÊNCIAS JURÍDICAS - 1º SEMESTRE 
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
PROFESSORA: MARIA APARECIDA DOMINGOS 
 
 
 
 
 
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
A HIERARQUIA DAS NORMAS SEGUNDO KELSEN 
 
 
 
ALUNOS: 
MARIANE MACHADO BARBOSA 
MAYARA GUARSONI DADÁRIO 
PATRÍCIA ALVES SILVA PINTO 
ANTÔNIO MARCOS ROMEIRO 
MARCOS GONÇALVES GOMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSIS/SP 
2013 
 
 
A HIERARQUIA DAS NORMAS SEGUNDO KELSEN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] uma ciência jurídica objetiva que se 
limita a descrever o seu objeto esbarra com a pertinaz 
oposição de todos aqueles que, desprezando os limites entre 
ciência e política, prescrevem ao Direito, em nome daquela, um 
determinado conteúdo, quer dizer, creem poder definir um 
Direito justo e, consequentemente, um critério de valor para o 
Direito positivo. [...] 
 
 
Prefácio à segunda edição de Teoria Pura do Direito 
(Hans Kelsen) 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho faz uma breve explanação sobre a Hierarquia das 
Normas, tendo por norte a edição brasileira de Teoria Pura do Direito, de Hans 
Kelsen, em especial o capítulo V, denominado Dinâmica Jurídica. Foi também 
importante para o desenvolvimento deste estudo a consulta à consagrada obra 
Filosofia do Direito do célebre jurista Miguel Reale, e de outras fontes, não menos 
expressivas, as quais estão referenciadas no final deste trabalho. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This paper gives a brief explanation of the hierarchy of norms, with reference 
of the Portuguese version to the book Pure Theory of Law by Hans Kelsen, in 
particular Chapter V, called ‗Dinâmica Jurídica‘. It was also important for the 
development of this study refers to the dedicated work ‗Filosofia do Direito‘ of the 
celebrated Brazilian jurist Miguel Reale, and other sources, no less expressive, which 
are referenced at the end of this work. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 5 
 
DESENVOLVIMENTO................................................................................................ 6 
 
CONCLUSÃO........................................................................................................... 10 
 
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Foge de nosso objetivo discorrer de forma completa sobre a obra Teoria Pura 
do Direito, mas uma explanação se faz necessária para que possamos nos 
enveredar especificamente no tema proposto, ou seja, a hierarquia das normas sob 
a ótica do pensamento Kelseniano. 
Hans Kelsen, em 1934, publicou a "Teoria Pura do Direito", uma de suas 
obras mais importantes. Ele nasceu na cidade austríaca de Praga, no ano de 1881. 
Fundou a Escola de Viena, onde lecionou por um período 10 anos (1919-1929). 
Morreu nos Estados Unidos da América no estado da Califórnia, em 1973. 
Kelsen inovou todas as explicações dadas ao Direito, distinguindo as Ciências 
Jurídicas de outras áreas do conhecimento. Tenta explicar o direito por meio de uma 
doutrina lógica e precisa, contendo métodos fixos pelos quais se chegariam a um 
resultado irrefutável. A referida ciência, proposta por ele, deveria desempenhar o 
papel de identificar e descrever as normas que integram determinado ordenamento 
jurídico. Hans analisa nos modelos das ciências da natureza as relações de causa e 
efeitos, cujo principio é de causalidade, em que os cientistas formulam leis gerais 
para a transmissão do conhecimento e assegurar a hipótese de previsibilidade de 
ocorrência dos eventos. Neste sentido, o autor infere ao seu rebento a estrutura do 
dever-ser, através do principio da imputabilidade, em que um fato torna-se condição 
de outro conectado com o anterior por uma vontade atributiva do vínculo. 
Surgem desta forma, as normas primárias – sanções – tidas como 
verdadeiras normas e as normas secundárias, ou também denominada reflexo da 
primária, sendo normas que evidenciam condutas. Entretanto, as normas 
secundárias, são normas dependentes, tendo sua identificação somente a partir das 
normas sancionadoras, ou primárias. Por outro lado, revela Kelsen, a existência de 
um "mínimo de liberdade", em que nem sempre a conduta humana estará 
incorporada em uma sanção. Ao estabelecer a estrutura do dever na norma jurídica, 
o autor se preocupa em diferenciar o dever da moral e da religião, de modo que a 
sua validez ou vigência se prende a uma ordem escalonada, à uma hierarquia, 
independente do reconhecimento e da vontade dos indivíduos, ou seja, de sua 
eficácia. 
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DESENVOLVIMENTO 
Kelsen estabelece uma hierarquização das normas, atribuindo a existência 
destas na dicotomia: Norma superior-fundamental X Norma inferior-fundamentada. A 
primeira sempre direciona esta última. A norma superior-fundamental é quem regula 
e institui a criação e os métodos utilizados na norma inferior-fundamentada. 
Entretanto, o autor se depara com uma resistência: se há sempre uma superior-
fundamental, isto é, se a Constituição direciona as normas inferiores, como ocorre a 
existência de uma norma superior a ela, que a oriente? Surge nesse momento a 
norma "hipotética" fundamental, a qual se estabelece como uma pressuposição, uma 
hipótese capaz de dar identidade e identificar as normas da ordem jurídica. 
Em principio, desempenha o papel de desvincular o direito das deduções, dos 
pensamentos metafísicos, no entanto, Kelsen se vê obrigado a utilizar da 
transcendentalidade para justificar sua teoria. Assim a norma "hipotética" 
fundamental trata-se de um pensamento, uma pressuposição situada em um plano 
superior e inacessível, estando além do ordenamento jurídico, mas, é ela quem 
confere, segundo o autor, validade a todo o ordenamento jurídico. 
Para Kelsen, o direito só existe dentro de um ordenamento jurídico imposto 
pelo Estado, desta forma, a justiça se estabelece na aplicação de tais normas. Neste 
caso, para ele, é irrelevante avaliar a norma jurídica como justa ou não, devido 
acreditar que o conceito de justiça é relativo, desta forma a injustiça é concebida 
somente se as normas contidas no ordenamento não estiverem de acordo com a 
norma superior fundamental, isto é, aquela que direciona e fundamenta as outras 
normas tidas como inferior-fundamentada. Outro caso de injustiça da norma que o 
autor vienense admite, ocorre quando a norma utilizada na aplicação é oriunda de 
um órgão que não possui competência para legislar determinada matéria. Neste 
sentido, Kelsen peca ao não estabelecer o conceito de justiça, afinal, nem sempre a 
justiça estará disposta na norma. Além, de que muitas vezes, os próprios órgãos 
competentes legislam leis arbitrárias que beneficiam somente uma ínfima parcela da 
sociedade. Em outras palavras, para Kelsen a justiça ocorre somente quando há 
subsunção da norma ao caso concreto, acabando assim, por limitar 
demasiadamente a função do julgador, que estará direcionado a norma exercendo 
apenas um papel mecânico, e não observando os princípios gerais do direito. 
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O direito possui a particularidade de regular sua própria criação, logo uma 
norma só é valida porque foi criada e determina por outra norma superior àquela. 
Essa relação de criação é denominada por kelsen de supra-infra-ordenação. A 
norma que regula a produção é a norma superior e anorma produzida é a norma 
inferior. O modo de criação, função e aplicação das normas inferiores são 
determinados pelas normas hierarquicamente superiores. Muitas vezes ainda, é 
determinado o conteúdo a ser disposto na norma inferior. No entanto, kelsen 
ressalta que pelo menos a norma superior deve estipular qual é o órgão criador da 
norma inferior. 
Para o pensamento Kelseniano, as normas não ocorrem isoladamente, mas 
em conjuntos, chamados "ordens". A partir da norma geral "não matar outros seres 
humanos", segue-se dedutivamente que A não deve matar B. Kelsen chama isso de 
forma "estática". Embora o ordenamento jurídico forma uma hierarquia, ele é 
"dinâmico", em que o seu princípio ordenador é a autorização. Cada norma 
relativamente "superior" autoriza alguém (um indivíduo ou um órgão, principalmente 
do Estado) a criar normas relativamente inferiores. Nesse entendimento, encontra-se 
a característica específica do direito positivo, portanto, de toda a lei, que regula a 
sua própria criação. Este processo pode resultar em múltiplas e mutuamente 
desiguais fios de hierarquia, como os fios legislativo, executivo e judicial. Em cada 
vertente, em cada ponto do processo de norma-criação, muitos fatores extras podem 
ser levados em conta como a moral, a política etc. 
As normas, no direito comum, deve seguir um critério de escalonamento 
assemelhados a uma pirâmide; os diplomas estão colocados em um sistema que, na 
base estão as normas inferiores e no seu ápice a norma mais superior. Devem estar 
estruturadas de tal forma que deve haver uma ―lei mãe‖, que sirva de norte para as 
outras, que direcione as demais. As inferiores devem ser sentidas como se tivessem 
saídas do ventre da lei maior. 
No caso específico do Direito brasileiro todas as leis existentes devem ser 
ajustadas a nossa Carta Magna, ou seja, à Constituição Federal, promulgada no ano 
de 1988. Então, sinteticamente, o nosso ordenamento está estruturado 
hierarquicamente na seguinte conformidade: 
 
 
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1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
As normas constitucionais estão no topo do ordenamento jurídico, estando 
assim, hierarquicamente, superior a todas as demais regras jurídicas. Nenhuma 
outra norma pode contrariar um preceito constitucional, sob pena de incorrer no vício 
da inconstitucionalidade. Tem seu fundamento na Soberania Nacional, ou seja, na 
independência e exclusividade de resolução de questões internas, e organização 
político-jurídica do país. 
A Constituição Federal organiza os elementos essenciais do Estado, quais 
sejam: regular a forma do Estado, a forma de seu governo, os modos de aquisição e 
exercício do Poder, estabelecendo quais são seus órgãos e seus limites de ação, 
além dos direitos e garantias fundamentais dos homens e cidadãos. 
 
2. LEIS COMPLEMENTARES 
Diferenciam-se entre si pela matéria e pela forma do processo legislativo. A 
Lei Complementar trata de matérias especificamente previstas na Constituição 
Federal e que exige um maior rigor no formalismo do processo legislativo, através do 
quorum mínimo de aprovação da maioria absoluta. 
 
3. LEIS ORDINÁRIAS 
A Lei Ordinária trata de matéria não reservada pela Constituição Federal à 
Lei. Exige um menor rigor no formalismo do processo legislativo, através do quorum 
mínimo de aprovação da maioria simples. Sua matéria é "residual", ou seja, ela só 
poderá tratar de assunto que tenha sido "deixado de lado" pela Lei Complementar. 
Por isso a Lei Complementar esta acima da Lei Ordinária. 
 
3. MEDIDAS PROVISÓRIAS E LEIS DELEGADAS 
A Medida Provisória tem força de lei e é adotada pelo Presidente da 
República em caso de relevância e urgência, mas que tem a necessidade de 
submissão imediata à apreciação do Congresso Nacional. A Lei Delegada é 
elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso 
Nacional. 
 
 
 
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4. RESOLUÇÕES 
São os instrumentos com os quais haverá regulamentações de matérias 
dentro dos limites de ação de cada uma das Casas do Congresso Nacional, 
isoladamente. É que as casas - Senado e Câmara - cada qual, possui um rol 
especifico de atribuições que serão só suas, dentro de todas aquelas que o 
Congresso Nacional, como um todo, possui, e que são paralelas às suas atividades 
ligiferantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
Os ordenamentos jurídicos de vários países se estruturam neste 
escalonamento, a pirâmide de Kelsen, inclusive o Brasil. A Constituição Federal está 
no topo da pirâmide porque ela é lei fundamental e a expressão do Poder 
organizacional, estatal que emana do povo e para ele é feita por seus 
representantes eleitos. Portanto, a pirâmide representa a hierarquia das normas 
dentro do ordenamento jurídico e esta estrutura exige que o ato inferior guarde 
hierarquia com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a Constituição, 
sob pena de ser ilegal e inconstitucional - chamada de relação de compatibilidade 
vertical. 
Em todo país existe forçosamente a necessidade de ser por todos aceita certa 
ordem jurídica, com o reconhecimento de que os seus preceitos devem ser 
observados, sob pena de se aplicarem sanções precisas e predeterminadas. Se 
existe Constituição, ela representa o grau máximo da hierarquia legal. Mas, acima 
dela, porém, há uma norma não escrita, logicamente necessária, que diz: — "O que 
nesta Constituição se pactua deve ser mantido". 
Como vimos, o Direito não é senão um sistema de preceitos que se 
concatenam, a partir da Constituição, que a norma fundamental manda cumprir, até 
aos contratos privados e às sentenças. Desse modo, a concepção kelseniana 
redunda em um monismo normativista, do ponto de vista da atividade 
jurisprudencial. Consiste essa doutrina em dizer que para o jurista a realidade não 
pode ser vista a não ser como sistema de normas que se concatenam e se 
hierarquizam. Todo o mundo jurídico não é senão uma sequência de normas até 
atingir, sob forma de pirâmide, o ponto culminante da norma fundamental, que é 
"condição lógico-transcendental" do conhecimento jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
1. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito [tradução João Batista Machado] – 6ª ed. 
São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
 
2. REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
3. A Pirâmide de Kelsen e O Controle de Constitucionalidade. Sub Judice. 
Disponível em <http://subjudice.net/2011/02/a-piramide-de-kelsen-e-o-controle-de-
constitucionalidade/. Acesso em 03 mai. 13. 
 
4. Pure Theory of Law. Wikipedia. Disponível em 
<http://en.wikipedia.org/wiki/Pure_Theory_of_Law>. Acesso em 12 mai. 13.

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