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Como a sociologia pode ajudar em nossa vida social?
Por Roniel Sampaio Silva
Ao contrário do que muita gente pensa, a Sociologia tem implicações práticas as quais podem ser instrumentalizadas pelas experiências individuais e sociais de modo tal que sua compreensão pode ajudar a desenvolver algumas habilidades. O sociólogo Antony Giddens nos ajuda a pensar em alguns pontos em que a Sociologia, aliada à imaginação sociológica, pode nos aprimorar como sujeitos.
É fato que pensamos a partir da nossa visão de mundo. Portanto, nosso ponto de vista algumas vezes é passível que equívocos o quais naturalizam certas diferenças sociais e amplia o preconceito e a intolerância.
A Sociologia pode nos proporcionar uma visão de mundo ampla e ajuda a
entender que nosso “mundo social” não é único. O que existe, na verdade, é um universo social que é construído socialmente e por meio da Sociologia, temos a possibilidade de conhecer, compreender e aprender a respeitar as diferenças. 
Giddens, em seu livro “Sociologia”, cita como exemplo “o fato de um assistente social branco, operando numa comunidade predominante negra jamais ganhará a confiança dos habitantes se não desenvolver uma sensibilidade às diferenças na experiência social, que amiúde, separam brancos e negros” (Giddens, 2005, p.27).
Além disto, a sociologia auxilia naquilo que chamamos de exercício de alteridade, habilidade ou competência de se colocar no lugar do outro. É o que foi apontado por Wright Mills: “Ver o similar como diferente e o diferente como similar”. Ou ainda, o que DaMatta chama de “transformar o familiar em exótico e o exótico em familiar”.
Por tanto, a principal função da sociologia é proporcionar uma leitura do mundo social para que o indivíduo possa compreender que vivemos numa teia de relações sociais, jogos de poder impregnados por elementos simbólicos. Estamos mergulhados em elementos culturais que carecem de leitura e releituras constantes e a Sociologia nos possibilita compreender tal realidade, o que nos auxilia a jogar dentro das regras e possibilidades sociais a qual estamos inseridos.
A Sociologia possibilita o confronto de diversos pontos de vista, proporcionando uma abordagem crítica da vida social, o que ajuda o indivíduo a fazer conexões de eventos sociais que viabilizam uma avaliação dos resultados da política. Como diz Bourdieu “Não há uma verdadeira democracia sem espírito crítico”. Sujeitos mais informados e bem preparados a fazerem uma leitura da realidade social tornam-se mais aptos a avaliar ações governamentais, por exemplo, que dizem respeito a todo sistema social e que afeta a sua vida pessoal.
Vivemos numa sociedade em que há um turbilhão de informações. Lidar com o grande fluxo de dados na “sociedade da informação” não é tarefa fácil. Nossa mente fica mais volátil e se tais informações não forem relativizadas e passarem por um filtro crítico, as notícias podem ser meramente reproduzidas e nos deixarão “perdidos” em relação a o que somos e qual nosso papel na sociedade.
O pensador Egdar Morin, usa a expressão made self para se referir a uma cegueira do conhecimento que nos faz tomar para si um raciocínio que já vem pronto. Este equívoco, que é provocado principalmente pelos meios de comunicação em massa, pode nos levar a termos uma opinião vinculada a um “pensamento acabado”, de modo tal que as notícias sejam transmitidas de maneira que já trazem um direcionamento de percepção e opinião.
A Sociologia nos auxilia a fazermos reflexões como sujeitos pertencentes a um mundo social o qual nos constroi socialmente e ao mesmo tempo é construído por nós. Nos ajuda a entender quem somos e para onde vamos. 
Esta ciência tem oferecido subsídios para movimentos sociais, grupos de auto-ajuda e grupos reivindicatórios, por exemplo, dando-lhes condições para alcançar um entendimento mais amplo da realidade a qual estão inseridos, podendo igualmente contribuir para a resoluções de problemas.
Esta ciência social pode nos fazer uma pessoa melhor pelo fato de instigar no indivíduo a compreensão que a sua história de vida está entrelaçada com a vida de outros indivíduos os quais são influenciados por fenômenos sociais dentro de uma estrutura social. Tal padrão condiciona boa parte das escolhas dos indivíduos criando teias sociais que vão “amarando o indivíduo”. Como diria Weber “é um animal amarrado a teia de significados que ele mesmo teceu”. Diante disto o indivíduo passa a ter noção das suas limitações e possibilidades, assim como o que pode ser modificado por ele e o que pode ser transformado pela coletividade. Nesse sentido, aprende a fazer melhor suas escolhas e tendo consciência das limitações impostas pela estrutura social buscar caminho para minimiza-las. 
Finalizando, tomamos por exemplo comum: um indivíduo que tem uma visão influenciada pela Sociologia entenderá que a sua atração pela compra de bens de consumo oriundos de grifes famosas nada mais é que uma necessidade social que este tem pertencer a um determinado grupo, grupo este que, por sua vez, tem seu padrão criado pela indústria da moda que passa a lucrar a partir de uma necessidade canalizada para o consumo. Consciente pode optar ou não por romper com tal atração. O que está em jogo não é a atração, mas a liberdade de escolha diante a compreensão da realidade proporcionada pelo conhecimento sociológico.
Toda palavra, antes que lhe conheçamos o significado, 
é um enigma formidável.
(Manuel Bandeira)
Hoje vivemos em um mundo marcado pela mudança. É comum nossos pais relatarem com saudosismo das coisas do tempo deles. Em contraponto a isso, temos as mais extraordinárias promessas para o futuro. Nosso tempo tem sido marcado pelas diversas divisões sociais, conflitos étnicos e relações sociais rápidas e fragmentadas. A tecnologia tem modificado radicalmente a natureza. Vivemos na era das incertezas num mundo turbulento onde cada vez mais se fala em crise. 
Quando esta crise surgiu? Por que alguns problemas são mais freqüentes que outros? Cada um de nós tem algumas formas de explicações particulares para estas crises. A sociologia em especial apresenta forma diferenciada de ver os problemas e busca fazer uma interconexão destes problemas com o contexto social, sem no entanto determinar o comportamento do indivíduo ao meio.
Para entender bem a questão da sociologia. Vamos analisar o exemplo do divórcio. Para muitos ele é considerado um “problema pessoal”. Entretanto, avaliando a estatística que mostra que o fenômeno tem crescido significativamente no Brasil, tomando grandes proporções, podemos concluir que não se trata apenas de um problema individual, trata-se de um problema social. Quais poderiam ser as possíveis interconexões de fenômenos que se relacionam a este fato? Explicar um fenômeno como este seria uma das preocupações da sociologia..
O que é sociologia?
Agora que entendemos que a sociologia está preocupada com os aspectos sociais e não individuais podemos conceituá-la. Ela é um estudo que aborda como temática sociedade. Todavia, somente esta definição é insuficiente uma vez que a História também estuda a sociedade. Desta maneira sociologia é um estudo das relações sociais entre os indivíduos e grupos. Ou seja, preocupa-se com o comportamento social destes a partir de “influências sociais”. Podemos exemplificar desde um encontro entre dois amigos até as relações globais como uma rede social como o facebook.
A maioria de nós vê o mundo a partir de características familiares às nossas próprias vidas. A sociologia mostra a necessidade de assumir uma visão mais ampla sobre o que somos. Ela nos ensina que aquilo que encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser bem assim e que os “dados” de nossa vida são fortemente influenciados por forças históricas e sociais. Entender os modos sutis, porém complexos e profundos pelos quais nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social é fundamental para a abordagem sociológica.
Diferença entre sociologiae senso comum
Antes de problematizarmos esta relação vamos delimitar bem os espaços que estamos “pisando”. A maioria das explicações que temos do mundo são reproduzidas do senso comum e é baseado nele que manifestamos muitas de nossas opiniões. Este é um tipo de conhecimento. Dentre outros podemos destacar:
	Tipo de conhecimento
	Características
	Senso comum 
	Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.
Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.
Assistemático - a organização da experiência não visa a uma sistematização das ideias, nem da forma de adquirí-las nem na tentativa de validá-las.
Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
	Teológico/Mítico
	O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.
	Filosófico 
	A Filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
	Científico
	A ciência baseia-se em fatos para fazer afirmações, as quais são refutáveis por meio de novas descobertas. Assim como a filosofia, precisa ter uma coerência racional. Além disto, busca a proposição de modelos gerais baseados em experiências empíricas. 
Fonte: http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/tiposdeconhecimento.rtf
O senso comum é um tipo de conhecimento dogmático o qual acaba por encerrar a discussão. “Lugar de mulher é na cozinha”. Ponto final. A principal diferença entre a sociologia e o senso comum e que o senso comum tende a dar um ponto final nos assuntos estudados e a sociologia, assim como os demais conhecimentos críticos, busca ampliar o debate, sem esgotá-lo. Como similaridade elas tratam de temas bem parecidos. Na maioria das vezes a explicação do senso comum precede à sociologia. Então esta precisa do senso comum para tentar oferecer uma explicação alternativa.
Desta maneira, a Sociologia estuda justamente o que parece ser óbvio pra nós. Por esta razão, ela precisa distanciar-se dos discursos do senso comum para ter o status de ciência. Para tal, ela precisa de mecanismos de controle. São estas formas de controle que proporcionarão que aquele conhecimento seja “fiscalizável”. Podemos apontar como alguns mecanismos de controle da sociologia a estatística, a pesquisa histórica, entrevistas, vídeos e fotografias.
Embora o senso comum pareça inimigo da sociologia, é principalmente dele que ela se nutre, buscando analisar sobre outra perspectiva estes fenômenos. Tal relação ciência e senso comum é inviável para outras ciências como astronomia uma vez que apenas os especialistas têm acesso a telescópios e outros meios capazes de apreender os astros. Ao contrário da astronomia, antes da “chegada” da sociologia, houve o preenchimento de sentido do senso comum. A exemplo disto, antes mesmo do estudo de uma periferia, há vários sentidos daquele lugar que o cientista precisa considerar apenas como ponto de partida e não como resultado em si. Neste sentido, um dos impedimentos do entendimento da sociologia está no fato de boa parte do que está sendo pesquisada por ela já foi preenchida de interpretação dos próprios indivíduos e reafirmados pelo senso comum. 
Na medida em que a sociologia vai ganhando contornos de nosso entendimento ela vai proporcionando uma articulação com nosso cotidiano. O grande “barato” da sociologia está no fato da possibilidade da articulação da interpretação sociológicos à nossa experiência pessoal. Esta articulação o sociólogo americano Charles Wright Mills chama de imaginação sociológica.
Qual a diferença da sociologia para as demais áreas do conhecimento?
Ao ingressar na biblioteca você reparou que os livros de sociologia têm proximidade com os livros de História, Geografia e Filosofia você perceberá que isto tem um sentido. Implica que tais disciplinas têm algo em comum. Significa dizer que elas vão partilhar algumas vezes do mesmo tema, enfocando análises diferentes. Para que entendamos melhor a sociologia é preciso diferenciá-la destas outras. Vamos fazer uma comparação?
	Ciência
	Objeto de estudo
	Exemplo de método
	Particularidade
	Sociologia
	Relações sociais entre grupos e indivíduos
	Observação sistematizada
	Enfoca-se na sociedade capitalista
	Psicologia
	Comportamento individual
	Entrevista Clínica
	Surgiu no período próximo ao da Sociologia
	Filosofia
	Pensamento
	Experimentações mentais, lógica
	É a mãe de todas as ciências
	História
	Fatos históricos nas sociedades
	Registros escritos e orais 
	Estuda as sociedades pré-capitalista
	Geografia
	As relações espaciais humanas e físicas na superfície terrestre 
	Interpretação cartográfica
	Aborda elementos sociais e físicos do espaço
É possível perceber que a relação entre estas ciências é bem íntima de modo que em alguns momentos o tema será o mesmo, mas a forma de abordagem será diferenciada. É provável que nenhum destas disciplinas relatadas dê conta de explicar a realidade em si na totalidade. Todas elas precisam umas das outras para ampliar o entendimento sobre o assunto estudado na medida em que cada uma delas é uma forma de ver o mundo.
Desse modo, podemos concluir que o mundo não se distingue dos fenômenos em si. Não há um mundo sociológico, histórico, filosófico. O que há são formas de enxergar o mundo. Estas formas de ver o mundo se relacionam e se completam. E você está pronto para aprender como ter esta visão sociológica?
Questões para reflexão:
Como poderíamos resumir o que é sociologia em uma frase?
O que é senso comum?E qual a relação entre sociologia e senso comum?
Qual a diferença da sociologia para Psicologia, Filosofia, História e Geografia?
A frase “Qual a relação entre casamento e religião?” poderia ser um problema que cabe a sociologia. Cite outro problema sociológico envolvendo os problemas da sua cidade.
Origens da sociologia
Por Cristiano Bodart
“O mundo Moderno depende da Sociologia para ser explicado, para compreender-se. Talvez se possa dizer que sem ela esse mundo seria mais confuso, incógnito” (IANNI, 1989, p.1).
A sociologia origina-se num período de “dupla revolução” – a Francesa e a Industrial (HOBSBAWM, 1977, p.15). As condições criadas por essas revoluções, mais a centralização da razão, despertaram diversos estudiosos para a necessidade de explicar a realidade social de forma racional e científica.
Havia, no século XIX, uma demanda por explicações científicas – as explicações teleológicas não mais eram suficientes para explicar a realidade social; situação desencadeada pelo iluminismo. Uma desmistificação do mundo estava em curso, a as questões sociais não ficariam de fora dessa onda.
A sociologia é fruto do mundo moderno. Surge no século XIX, “época em que já se revelam mais abertamente as forças sociais, as configurações de vida, as originalidades e os impasses da sociedade civil, urbano-industrial, burguesa ou capitalista (IANNI, 1989, p.1).
Para Ianni (1989, p.1), nessa época os “personagens” mais típicos do
mundo moderno estavam ganhando suas características, dentre eles destacamos as classes sociais (burguesa e proletária), os movimentos sociais, os partidos políticos, o mercado capitalista, a tecnologia, a vida urbana, o lucro, a revolução e contra-revolução, o estado e a nação. Esses “personagens” estiveram presentes nas primeiras análises sociológicas. Karl Marx, por exemplo, debruça-se, dentre outros objetos, sobre as novas relações sociais entre as duas classes e sobre o capitalismo.Max Weber, dedicou-se a muitos temas, dentre eles destacamos o estado e a burocracia. Simmel, preocupou-se, dentro outras coisas, em estudar a vida urbana. 
É importante compreender que, embora o século XIX seja identificado como período de origem da Sociologia, notaremos prenúncios ainda em períodos anteriores, tais como nos estudos de Rousseau, Hobbes, Hegel, Ricardo, Adam Smith, Condorcet e Montesquieu. Embora haja uma multiplicidade de correntes nos trabalhos dos referidos estudiosos, alguns até contraditórios uns aos outros, foi o conjunto de tais ideias que criaram condições epistemológicas para o desenvolvimento da Sociologia (IANNI, 1989, p. 1-2), a qual também apresenta, desde sua origem, uma multiplicidade de perspectiva da realidade estudada.
A partir das contribuições de filósofos anteriores ao século XIX, o a razão passou a ser vista como capaz de explicar os fatos e os dilemas da sociedade que se desenvolvia. A matéria prima para o desenvolvimento da Sociologia foram as condições de vida propiciadas pela Revolução Industrial e Francesa. Essas duas situações foram de extrema importância para o desenvolvimento dessa ciência social.
Estava em curso o desenvolvimento da sociedade nacional, urbano-industrial, burguesa, de classes. Com a dissolução, lenta ou rápida, da comunidade feudal, emergia a sociedade civil. Essa ampla transformação concretiza-se em processos sociais de âmbito estrutural, tais como: “ — industrialização, urbanização, divisão do trabalho social, secularização da cultura e do comportamento, individuação, pauperismo, lumpenização e outros. Esse é o palco do trabalhador livre, formado com a sociedade moderna (IANNI, 1989, p.4).
É nesse vasto cenário que se desenvolve os primeiros estudos sociológicos. As primeiras tentativas de estudar a realidade social de forma científica. Dentre os estudiosos desse contexto destacamos Saint-Simon, Karl Marx, Tocqueville, Comte, Burke, Spencer, Feuerbach. Posterior a esses estudiosos, o empenho, na maioria dos estudos, continuou sendo em compreender e explicar as transformações causadas pela modernidade. Dentre esse esforço destacamos Durkheim, Mauss, Weber, Simmel, Tönnies, Mannheim, Myrdal, Merton, Parsons, Lazarsfeld, Bourdieu, Nisbet, Gouldner, Barrington Moore Jr., Schutz, Adorno, Giddens e outros.
Auguste Comte foi o primeiro a utilizar-se do termo “Sociologia” (antes disso ele usava o termo “Física Social”), porém esta se consagrou definitivamente como ciência social após a publicação da obra “As regras do método sociológico”, de Emile Durhkeim, em 1895 e, a sua definição do objeto da Sociologia como“coisa”. Trata-se do trabalho mais importante de Durkheim, “pois estabeleceu as regras que devem ser seguidas na análise dos fenômeno” (LAKATOS; MARCONI, 2010; COSTA, 2005, p. 72).
Uma vez reconhecida como ciência, a Sociologia não se cristalizou em sua abordagem, método, técnica ou objeto. Na verdade, “a sociologia guarda a peculiaridade de pensar-se continuamente, de par-em-par com a reflexão sobre a realidade social” (IANNI, 1989, p. 2). Max Weber, por exemplo, ao contrário de Durkheim apontou que o objeto de estudo das ciências Sociais deveria ser a “Ação Social” e não os “Fatos Sociais” de Durkheim. As definições do objeto da sociologia não pararam por ai. Podemos citar autores contemporâneos, tais como Giddens que aponta que o objeto da Sociologia é, principalmente, a sociedade moderna industrial (GIDDENS, 1984, p. 16).Florestan Fernandes, defendeu de forma mais ampla, que a Sociologia deveria estudar os “Fenômenos Sociais”, cujo conceito estava relacionado “a atividade (ou comportamento) cuja manifestação, generalidade e repetição dependem, indireta ou diretamente, de condições externas ou internas dos organismos”(FERNANDES, p.19).
A Sociologia apresenta-se, desde sua origem, como uma ciência que ao mesmo tempo que pensa a sociedade, reflete-se sobre a si mesma, desconstruindo-se e reconstruindo-se ao mesmo tempo. Isso, contrariamente do que possa parecer, torna essa ciência cada vez mais rica e forte para pensar a realidade social.
Referências Bibliográficas
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2005.
Fato social de Durkain
O que é um “Fato Social”? Eis uma pergunta muito comum na disciplina de introdução à Sociologia. Proponho uma reflexão inicial para começarmos a entender esse conceito desenvolvido por Emile Durkheim em sua obra "As Regras do Método Sociológico", de 1895.
Nós agimos a partir de três elementos básicos: instinto, costumes e racionalidade. Há coisa que fazemos que é inerente a espécie humana, em seu estado biológico, como comer, andar, emitir sons usando a boca e a garganta. Essas ações não são “fatos sociais”. Outra coisa que não é um fato social é uma atitude racional, pensada, mas que seu sentido ninguém conhece, como por exemplo se eu criasse uma linguagem desconhecida de todos de minha sociedade. Nesse contexto, minhas linguagem não teria sentido social. Isso também não seria um “fato social”. Dito o que não é fato social, vamos ao que seria um fato social.
Para pensarmos em fato social não podemos ignorar a dimensão cultural do homem, ou
melhor, dos grupos sociais. O conceito “Fato social” está ligado necessariamente ao elemento “cultura”. Tal conceito é uma categoria desenvolvida por Durkheim para definir o que a sociologia deveria se ocupar. 
Como a Sociologia surge para pensar os fenômenos sociais, logo tornou-se necessário definir uma categoria para classificar o que deveria ou não ser estudado pela sociologia. A partir dessa concepção, Durkheim criou o conceito categorizador denominado “Fatos Sociais”para classificar os fenômenos que seriam ou não objeto de estudo da sociologia.
Para Durkheim se enquadraria em “fato social” o fenômeno dotado de três características: i) generalidade; ii) coercitividade; iii) externalidade. Nota-se que tais características são elementos próprios da cultura de todos os grupos humanos, embora Durkheim possivelmente estivesse pensando nas sociedades de cultura europeia.
Os fatos sociais possuem uma força coercitiva que se dá pelas sanções legais ou espontâneas a que o indivíduo é submetido. Outro aspecto dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre o indivíduo independente de sua vontade.
Os fatos sociais são gerais, se repetindo em quase todos os indivíduos, existindo em distintas sociedades, ainda que em um determinado momento ou longo da sua História.
Em suma, podemos dizer que o fatos sociais são gerais (generalização), ou seja, estão presente em quase toda a sociedade. São coercitivas (coercitividade), pois fazem parte de um conjunto de normas sociais e que somos pressionados para realizá-los. Os fatos sociais possuem externalidade (externalidade) por existir antes do indivíduo e ser independente dele.
A título de exemplo, tomemos o fato de estudar. Antes de nascermos já estava estipulada a norma que todos devem estudar, e isso independe de minha ou sua vontade. Somos coagidos a estudar, caso contrário somos discriminados e pressionados a retornar para a escola. Estudar é uma ação geral, pois praticamente todos os indivíduos estudam. Logo, estudar é “Fato Social”.
É importante destacar que um fenômeno pode ser classificado como fato social em uma sociedade e em outra não. Em outra oportunidade vamos nos aprofundar nesse conceito.

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