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CÉLULAS DO SANGUE E HEMOCITOPOES1

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CÉLULAS DO SANGUE E HEMOCITOPOESE
O sangue é formado pelos glóbulos sanguíneos e pelo plasma, parte líquida na qual os primeiros estão suspensos. Os glóbulos sanguíneos são os eritrócitos ou hemácias, as plaquetas (fragmentos do citoplasma dos megacariócitos da medula óssea) e diversos tipos de leucócitos ou glóbulos brancos.
Hematócrito: resultado obtido a partir da sedimentação das células sanguíneas após seu tratamento com anticoagulantes. No hematócrito, o plasma corresponde ao sobrenadante translúcido e amarelado. Os glóbulos sedimentam em duas camadas facilmente distinguíveis, a camada inferior tem cor avermelhada e é formada pelos eritrócitos, a camada imediatamente superior é acinzentada e contém os leucócitos, que são menos densos que os eritrócitos. Sobre os leucócitos repousa uma delgada camada de plaquetas, não distinguíveis a olho nu.
O sangue é principalmente um meio de transporte. Por seu intermédio, os leucócitos, células que desempenham várias funções de defesa e constituem uma das primeiras barreiras conta infecção, percorrem constantemente o corpo, atravessam por diapedese a parede das vênulas e capilares e concentram-se rapidamente nos tecidos atacados por microorganismos, onde desempenham suas funções defensivas. Diapedese é a saída ativa de leucócitos para fora do sistema circulatório, por movimentos amebóides. 
O sangue transporta oxigênio, gás carbônico, o primeiro ligado à hemoglobina dos eritrócitos e o segundo, ou ligado à hemoglobina dos eritrócitos e a outras proteínas dos eritrócitos ou dissolvido no plasma. O plasma também transporta nutrientes e metabólitos dos locais de absorção ou síntese, distribuindo-os pelo organismo, transporta escórias do metabolismo que são removidas do sangue pelos órgãos de excreção, é veículo de distribuição de hormônios, possibilitando a troca de mensagens químicas entre órgãos distantes, e é, também, regulador da distribuição de calor, no equilíbrio ácido-básico e no equilíbrio osmótico dos tecidos.
As células sanguíneas geralmente são estudadas em esfregaço.
Hemocitopoese
É o processo contínuo e regulado de produção de células do sangue, que envolve renovação, proliferação, diferenciação e maturação celular. As células do sangue têm vida curta e são constantemente renovadas pela proliferação mitótica de células localizadas nos órgãos hemocitopoéticos.
As primeiras células sanguíneas do embrião surgem no mesorderma do saco vitelínico, essa fase da hemocitopose, denominada mesoblástica, é caracterizada pelo desenvolvimento de eritroblastos primitivos e geralmente ocorre no interior de vasos sanguíneos em desenvolvimento. 
Posteriormente, o fígado funciona temporariamente como órgão hemocitopoético, essa fase, denominada hepática, é caracterizada pelo desenvolvimento de eritroblastos, granulócitos e monócitos; as primeiras células linfóides e megacariócitos aparecem.
Outros órgãos em desenvolvimento como baço, timo e linfonodos também contribuem para a hemocitopoese, especialmente para a produção de linfócitos.
No segundo mês de vida intra-uterina a clavícula já começou a se ossificar e tem início a formação de medula óssea hematógena (vermelha) em seu interior, dando inicio a fase medular da hematopoese. A medida que a ossificação pré-natal do resto do esqueleto avança, a medula óssea se torna cada vez mais importante como órgão hemocitopoético.
Na vida pós-natal, eritrócitos, granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas se originam a partir de células-tronco da medula óssea vermelha. Conforme o tipo de glóbulo formado, o processo recebe os seguintes nomes: eritropoese, granulocitopoese, linfocitopoese, monocitopoese e megacariocitopoese. Essas células passam por diversos estágios de diferenciação e maturação na medula óssea, antes de passarem para o sangue.
Os órgãos onde o desenvolvimento linfóide ocorre são classificados como primários (medula óssea e timo) e secundários. Todas as células são derivadas primariamente da medula óssea; linfócitos B se diferenciam na medula, enquanto linfócitos T provêm de células que migram da medula para o timo, para ali se diferenciarem. Em órgãos linfóides secundários como o baço, linfonodos e agregados linfóides os linfócitos T e B proliferam intensamente, em geral estimulados por antígenos.
* Célula madura é a que atingiu um estágio de diferenciação que lhe permite execer todas suas funções especializadas.
► Células-tronco, fatores de crescimento e diferenciação:
	 As células-tronco originam células filhas que seguem dois destinos: algumas permanecem como células-tronco, mantendo a população destas células (auto-renovação), e outras se diferenciam em outros tipos celulares com características específicas. Acredita-se que a decisão inicial pela auto-renovação ou diferenciação seja aleatória (modelo estocástico), enquanto a diferenciação posterior seria determinada por agentes reguladores presentes no microambiente medular, de acordo com as necessidades do organismo (modelo indutivo).
As células-tronco são caracterizadas por: 
Capacidade de auto-renovação;
Capacidade de gerar uma ampla variedade de tipos celulares;
Capacidade de reconstruir o sistema hemocitopoético quando injetadas na medula de camundongos letalmente irradiados.
Admite-se que todas as células do sangue derivam de um único tipo celular da medula óssea, por isso chamada célula-tronco pluripotente. Essas células proliferam e formam duas linhagens: a das células linfóides, que vai formar linfócitos, e a das células mielóides, que origina as os leucócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas.
A proliferação das células-tronco pluripotentes origina células filhas com potencialidade menor. Essas células filhas são células progenitoras multipotentes que produzem as células precursoras (blastos). É nas células precursoras que as características morfológicas diferenciais das linhagens aparecem pela primeira vez. Células-tronco pluripotentes e células progenitoras são indistinguíveis morfologicamente e se parecem com linfócitos grandes.
As células progenitoras, quando se dividem, podem originar outras células progenitoras e também células precursoras, mas as células precursoras só originam células sanguíneas maduras.
Os fatores de crescimento hemocitopoéticos regulam a proliferação, a diferenciação e a apoptose de células imaturas, assim como a atividade funcional de células maduras. Dentre estes fatores encontram-se pelo menos 18 diferentes interleucinas, diversas citosinas e fatores estimuladores de colônia. De maneira geral, os fatores de crescimento hemocitopoéticos podem ser divididos em fatores multipotentes que atuam precocemente e fatores que atuam tardiamente, mais específicos para cada linhagem. A resposta mitótica aos fatores de crescimento atinge seu máximo no meio do processo. Daí em diante, acentuam-se as características morfológicas da célula e aumentam sua atividade funcional.
Aplicação médica: as doenças da hemocitopoese são causadas, geralmente, pelo aumento ou diminuição da produção de células-tronco, com a consequente superprodução ou subprodução de células das linhagens hemocitopoéticas. Um exemplo é a leucemia, onde ocorre a formação excessiva de leucócitos anormais.
► Medula óssea:
A medula óssea é encontrada no canal medular dos ossos longos e nas cavidades dos ossos esponjoso. Distinguem-se a medula óssea vermelha, hematógena, que deve sua cor à presença de numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação, e a medula óssea amarela, rica em células adiposas e que não produz células sanguíneas. Tanto na medula óssea amarela quanto na vermelha existem nódulos linfáticos, que são acúmulos de linfócitos. A medula óssea não tem vasos linfáticos.
Medula óssea vermelha:
É constituída por células reticulares, associadas a fibras reticulares (colágeno tipo III). Entre as células reticulares existe um número variável de macrófagos, células adiposas e muitas células hemopoéticas. A matriz extracelular, além de colágeno tipos I e III, contém fibronectina,laminina e proteoglicanos. Laminina, fibronectina e outra molécula com afinidade para células, a hemonectina, interagem com receptores celulares, fixando temporariamente as células.
Além de produzir células do sangue, a medula óssea armazena ferro sob a forma de ferritina e de hemossiderina, principalmente no citoplasma dos macrófagos. A medula óssea também é responsável pela destruição de eritrócitos envelhecidos.
A liberação de células maduras da medula para o sangue é controlada pelos fatores de liberação, moléculas produzidas em resposta às necessidades do organismo.
Composição do plasma: 
O plasma é uma solução aquosa composta por proteínas, sais inorgânicos e diversos compostos orgânicos (como aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose).
Os componentes de baixo peso molecular do plasma estão em equilíbrio, através das paredes dos capilares e das vênulas, com líquido intersistial dos tecidos, por isso a composição do plasma é um indicador do líquido extracelular.
Principais proteínas do plasma: albuminas, alfa, beta e gamaglobulinas, lipoproteínas, protrombinas e fibrinogênio, as duas últimas participam da coagulação do sangue.
As albuminas são sintetizadas no fígado e têm papel fundamental na manutenção da pressão osmótica do sangue. As gamaglobulinas são anticorpos e, por isso, também chamadas imunoglobulinas. O sistema de coagulação engloba pelo menos 16 proteínas plasmáticas, além de algumas enzimas e cofatores enzimáticos. Há também enzimas plasmáticas que são responsáveis pela destruição posterior do coágulo.
Eritrócitos: 
Função: transporte de oxigênio e gás carbônico.
Os eritrócitos, ou hemácias, dos mamíferos, são anucleados e contêm grande quantidade de hemoglobina, apresentam forma de disco bicôncavo, o que facilita as trocas de gases, são flexíveis, passado facilmente pelas bifurcações dos capilares mais finos, onde sofrem deformações temporárias, mas não se rompem. Em condições normais, não saem do sistema circulatório, permanecendo sempre no interior dos vasos. Os eritrócitos usam energia derivada da glicose.
A forma bicôncava é mantida por proteínas estruturais do citoesqueleto e ligadas à membrana da hemácia. Anormalidades ou deficiências destas proteínas levam à formação de eritrócitos deformados, como ocorre na esferocitose e eliptocitose hereditária.
Ao penetrarem na corrente sanguínea, vindos da medula óssea vermelha onde foram formados, os eritrócitos imaturos (reticulócitos) contem uma grande quantidade de ribossomos.
A molécula da hemoglobina é formada por quatro subunidades, cada uma contendo um grupo heme ligado a um polipeptídio. O grupo heme é um derivado porfirínico contendo Fe2+.
Hemoglobina A1 (Hb A1) representa 97% e a hemoglobina A2 (Hb A2), 2% da hemoglobina do adulto normal. O terceiro tipo de hemoglobina normal é característico do feto, sendo conhecido como hemoglobina fetal ou F (Hb F). Representa 100% da hemoglobina do feto e cerca de 80% da do recém-nascido, e sua taxa abaixa progressivamente até o oitavo mês de idade, quando atinge 1%, porcentagem semelhante à encontrada no adulto.
A hemoglobina fetal é muito ávida pelo oxigênio, tendo importante papel na vida fetal, pois o feto não tem acesso ao ar e obtém oxigênio do sangue materno, através da plascenta. 
Maturação dos eritrócitos: O processo básico da maturidade da série eritrocítica ou vermelha é a síntese de hemoglobina e a formação de um corpúsculo pequeno e bicôncavo, que oferece o máximo de superfície para trocas de oxigênio.
Durante a maturação dessas células ocorre o seguinte: 
diminuição do volume da célula;
diminuição do seu núcleo e condensação cada vez maior da cromatina, até que o núcleo se apresente picnótico e seja expulso da célula;
os nucléolos também diminui e se tornam invisíveis no esfregaço;
diminuição dos polirribossomos (diminuição da basofilia) e aumento da hemoglobina (aumentos da acidofilia) no citoplasma;
diminuição da quantidade de mitocôndrias e de outras organelas;
De acordo com seu grau de maturação, as células eritrocíticas são chamadas de:
proeritroblastos: célula grande que apresenta todos os elementos característicos de uma célula que sintetiza intensamente proteínas. O núcleo é esférico, central, tem cromatina com estrutura delicada e um ou dois núcleos grandes. O citoplasma é intensamente basófilo com uma região clara em redor do núcleo. Contém mitocôndrias, o aparelho de Golgi e um par de centríolos. O restante do citoplasma contém numerosos polirribossomos, porém o retículo endoplasmático é pouco desenvolvido. As proteínas sintetizadas pelo proeritroblastos destinam-se principalmente a reconstituir o tamanho da célula, que se divide ativamente. Há também síntese de hemoglobina (pequena quantidade). O ferro é trazido para os pro- e outros eritroblastos pela transferrina (proteína plasmática transportadora de ferro). Os eritroblastos possuem na membrana, receptores para transferrina. Após se combinarem, o complexo receptor-transferrina penetra no citoplasma por endocitose.
Eritroblasto basófilo: célula menor do que a anterior. A cromatina é condensada em grânulos grosseiros. Não há nucléolos visíveis.
Eritroblasto policromático: célula ainda menor, com um núcleo contendo cromatina mais condensada. Ele contém hemoglobina em maior quantidade que os proeritroblastos.
Eritroblasto ortocromático ou normoblasto: tem núcleo com cromatina condensada e é picnótico. É rico em hemoglobina, por isso seu citoplasma é acidófilo, podendo apresentar traços de basofilia devido os restos de RNA. Em certo momento, o normoblasto começa a emitir uma série de saliências citoplasmáticas, uma delas contendo o núcleo, que é expelido levando ao seu redor uma delgada camada de citoplasma.
Reticulócito: parte anucleada do normoblasto,apresenta algumas mitocôndrias e muitos polirribossomos, que ainda sintetizam hemoglobina, mas por não apresentar núcleo celular esses polirribossomos não podem serem renovados, assim, a síntese protéica cessa em pouco tempo. Em esfregaço, essa célula é maior que o eritrócito. O reticulócito difere do eritrócito, também, por conter vestígios de RNA.
Os núcleos com restos de citoplasma, expelidos dos normoblastos, são fagocitados pelos macrófagos da medula óssea. Os reticulócitos saem da medula óssea e vão para o sangue, onde se tornam eritrócitos maduros.
O hormônio eritropoetina, produzido e secretado por células intersticiais renais, previne a apoptose de precursores e é essencial para a diferenciação, estimulando a síntese de hemoglobina. Ele também estimula a saída precoce de reticulócitos da medula para o sangue. Um estimulo para que as células renais secretem eritropoetina é a baixa tensão de oxigênio no sangue. 
Aplicação médica: 
As anemias são caracterizadas pela baixa concentração de hemoglobina no sangue (hipocrômia) ou pela presença de hemoglobina não funcional, o que resulta na oxigenação reduzida dos tecidos, pode ser também, consequência da diminuição do numero de eritrócitos. A anemia pode ser causada, ainda, por hemorragia, produção insuficiente de eritrócitos, produção de eritrócitos com pouca hemoglobina ou destruição acelerada dos eritrócitos.
O número reduzido de reticulócitos sugere produção diminuída de eritrócitos.
Anemia falciforme: essa doença é devida à mutação de um único nucleotídeo no DNA do gene para a cadeia beta da hemoglobina. O código GAA para o ácido glutâmico é modificado para GUA, código da valina. A hemoglobina que se forma (Hb S) difere da normal apenas pela presença da valina em vez de ácido glutâmico na posição 6 das cadeias beta da hemoglobina. Quando desoxidada, como acontece nos capilares, a Hb S se polimeriza e forma agregados que dão ao eritrócito uma forma comparável a um crescente ou a uma foice. Esse eritrócito falciforme não tem flexibilidade, é frágil e tem vida curta. O sangue se torna mais viscoso, o fluxo sanguíneo nos capilares é prejudicado, levando os tecidos a uma deficiência de oxigênio (hipóxia). Pode também haver lesão daparede capilar e coagulação saguínea.
Anemias sideroblásticas: se desenvolvem quando a incorporação do grupo heme é bloqueada, resultando num acúmulo de ferro na mitocôndria dos eritrócitos em desenvolvimento. Esse bloqueio pode ser devido a deficiências na atividade de enzimas envolvidas na síntese do grupo heme.
Esferocitose hereditária: grupo de doenças das hemácias, geneticamente transmitidas, caracterizadas por hemácias esféricas e muito vulneráveis à ação dos macrófagos, causando anemia e outros distúrbios. Ela é consequência de defeitos nas proteínas do citoesqueleto dos eritrócitos, que impedem a manutenção da forma bicôncava.
Leucócitos:
Função: proteger o organismo contra infecções.
Os leucócitos são incolores, de forma esférica quando em suspensão no sangue. São produzidos na medula óssea ou em tecidos linfóides e permanecem temporariamente no sangue, utilizando-o como meio de transporte para alcançar seu destino final, os tecidos. Os leucócitos deixam os capilares e vênulas por diapedese, passando entre as células endoteliais para penetrar no tecido conjuntivo, onde muitos morrem por apoptose. Os restos celulares são removidos pelos magrófagos.
Quando os tecidos são invadidos por microrganismos os leucócitos são atraídos por quimiotaxia, ou seja, substâncias originadas dos tecidos, do plasma sanguíneo e dos microrganismos provocam nos leucócitos uma resposta migratória, dirigindo-se estas células para locais onde existe maior concentração dos agentes quimiotáticos.
São divididos em dois grupos: 
Granulócitos: apresentam núcleo de forma irregular e mostram grânulos específicos no citoplasma, são divididos em neutrófilos, basófilos e eosinófilos. 
Agranulócitos: apresentam núcleo mais regular e não possuem grânulos específicos no citoplasma, são divididos em linfócitos e monócitos.
	Granulócitos
	Neutrófilo ou polimorfonucleares:
Têm núcleos formados por 2 a 5 lóbulos (normalmente 3) ligados entre si por finas pontes de cromatina. Nos núcleos dos neutrófilos das pessoas do sexo feminino, aparece freqüentemente um pequeno apêndice, muito menor do que um lóbulo nuclear, com a forma de raquete. Essa raquete contém a cromatina sexual, constituída por um cromossomo X heterocromático (condensado) que não transcreve seus genes.
Seu citoplasma apresenta predominantemente grânulos específicos (que auxiliam na proteção da célula contra agentes oxidantes, apresentam enzimas que combatem microrganismos e componentes para reposição da membranda) e azurófilos (lisossomos que contêm proteínas e peptídeos destinados à digestão e morte de microrganismos). Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa do organismo.
Aplicação médica: neutrofilia é o aumento do número de neutrófilos e, frequentemente, indica uma infecção bacteriana.
O microrganismo invasor é rodeado por pseudópodes, que se fundem em torno dele, assim, o microrganismo ocupa um vacúolo (fagossomo) delimitado por uma menbrana derivada da superfície do neutrófilo. Logo a seguir os grânulos específicos situados nas proximidades fundem suas membranas com a dos fagossomos e esvaziam seu conteúdo no interior destes. Em seguida os grânulos azurófilos descarregam suas enzimas no fagossomo, onde têm lugar a morte e a digestão dos invasores. Morto o microrganismo, as enzimas lisossômicas promovem sua hidrólise em moléculas pequenas que se difundem para fora do fagossomo.
	Eosinófilo:
Têm aproximadamente o mesmo tamanho dos neutrófilos. Seu núcleo é bilobado. Apresenta granulações ovóides que se coram pela eosina (granulações acidófilas). Essas granulações são maiores do que a dos neutrófilos. Apresentam antígenos para os linfócitos.
Aplicação médica: eles fagocitam e digerem complexos de antígenos com anticorpos que aparecem em casos de alergia. Esses granulócitos são atraídos para áreas de inflamação alérgica pela histamina, produzida principalmente por basófilos e mastócitos. Ali chegando, promovem a desgranulação nestas células e liberam mediadores inflamatórios.
Os eosinófilos não são células especializadas para a fagocitose de microrganismos. Sua atividade defensiva é realizada pela liberação seletiva do conteúdo de seus grânulos para o meio extracelular e pela fagocitose e destruição de complexos antígeno-anticorpo.
	Basófilo:
Têm núcleo volumoso, com forma irregular e retorcida, geralmente em forma de S. o citoplasma é carregado de grânulos maiores do que os dos outros granulócitos, os quais muitas vezes obscurecem o núcleo. São metacromáticos. A membrana plasmática dos basófilos, assim como a dos mastócitos, também possui receptores para imunoglobulina E (Ig E). Os basófilos liberam seus grânulos para o meio extracelular, sob a ação dos mesmos estímulos que promovem a expulsão dos grânulos dos mastócitos. Mastócitos e basófilos não são aspectos diferentes do mesmo tipo celular, pois se originam na medula óssea de precursores diferentes.
Granulocitopoese: 
No processo de maturação dos granulócitos ocorrem modificações citoplasmáticas caracterizadas pela síntese de muitas proteínas, que são condicionadas em dois tipos de grânulos, os azurófilos e os específicos. As proteínas desses grânulos são produzidas no RER e recebem o acabamento final e o endereçamento no aparelho de Golgi, em dois estágios sucessivos. O primeiro estágio resulta na produção de grânulos azurófilos e contêm enzimas do sistema lisossomal. No segundo estágio, ocorre uma modificação na atividade sistêmica da célula, com a produção das proteínas dos grânulos específicos. Os grânulos específicos contêm diferentes proteínas, conforme o tipo de granulócito
Maturação dos granulócitos:
O mieloblasto é a célula mais imatura já determinada para formar exclusivamente os três tipos de granulócitos, é uma célula com citoplasma basófilo e que contém grânulos azurófilos, seu núcleo é grande, esférico, com cromatina muito delicada e um ou dois necléolos.
 Quando nela surgem granulações citoplasmáticas específicas, essa célula passa a ser chamada de promielócito neutrófilo, eosinófilo ou basófilo, conforme o tipo de granulação presente. O promielócito é meno que o mieloblasto, apresenta núcleo esférico, às vezes com uma reentrância. A cromatina é mais grosseira do que na célula anterior. 
Quando comparado com o mieloblásto, o citoplasma do promielócito é mais basófilo e contém grânulos específicos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) ao lado das granulações azurófilas.
 Os estágios seguintes de maturação são:
Mielócito: seu núcleo pode ser esférico ou em forma de rim e a cromatina é grosseira. A basofilia citoplasmática desaparece e a quantidade de grânulos específicos aumenta, formando os mielócitos neutrófilo, eosinófilo ou basófilo.
Metamielócito: possui núcleo com chanfradura profunda, que indica início do processo de formação dos lóbulos.
Granulócito com núcleo em bastão: fase intermediaria, ocorre antes de o núcleo adquirir sua forma lobulada típica na célula madura.
Granulócito maduro.
Cinética de produção de neutrófilos:
Durante o processo ocorre 5 divisões mitóticas.
Durante sua maturação, os neutrófilos passam por diversos compartimentos anatômicos e funcionais. Esses compartimentos são os seguintes:
Compartimento medular de formação: que pode ser subdividido em compartimento mitótico, onde os novos neutrófilos são produzidos, e compartimento de amadurecimento.
Compartimento medular de reserva: contém os neutrófilos maduros antes de penetrarem no sangue.
Compartimento circulante: constituídos pelos neutrófilos suspensos no plasma e circulando nos vasos sanguíneos.
Compartimento de marginação: formado por neutrófilos que, embora contidos nos vasos sanguíneos, não circulam. Esses neutrófilos estão nos capilares colocados temporariamente fora da circulação, por vasoconstrição, e ligados fracamente a moléculas de integrinas do endotélio dos vasos, não sendo levados pela corrente circulatória. Há troca constante entre células do compartimento circulatório e de maginação.
Osneutrófilos e os outros granulócitos entram no tecido conjuntivo passando entre as células endoteliais dos pailares e vênulas pós-capilares (diapedese). O tecido conjuntivo constitui o quinto compartimento para os neutrófilos, onde eles permanecem e morrem por apoptose, quer tenham exercido sua função de fagocitose ou não.
	Agranulócitos
	Linfócitos:
São responsáveis pela defesa imunológica do organismo, eles reconhecem moléculas estranhas presentes em diferentes agentes infecciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral (produção de imunoglobulinas) e resposta citotóxica mediada por células.
São células esféricas, com diâmetro variável de 6 a 8 µm (linfócitos pequenos), há uma pequena porcentagem de linfócitos maiores, que podem atingir 18µm de diâmetro.
O linfócito pequeno tem núcleo esférico, às vezes com uma chanfradura. Sua cromatina se dispõe em grumos grosseiros, de modo que o núcleo aparece escuro nos preparados usuais.
O citoplasma do linfócito pequeno é muito escasso, aparecendo nos esfregaços como um anel delgado em volta do núcleo.
Os linfócitos ficam recirculando continuamente, ao contrário dos outros leucócitos, que não voltam para o sangue depois que vão para os tecidos.
A medida que os leucócitos maturam, sua cromatina se torna mais condensada, os nucléolos se tornam menos visíveis e a célula diminui de tamanho. Além disso, subpopulações de linfócitos adquirem receptores superficiais específicos, que podem ser identificados por meio de técnicas imunocitoquímicas. Os linfócitos circulantes no sangue e na linfa se originam principalmente no timo e nos órgãos linfóides periféricos (baço, linfonodos e tonsilas, por ex.), a partir de células trazidas da medula óssea pelo sangue. Os linfócitos T e B se diferenciam no timo e na medula óssea, respectivamente, independente de antígenos. Nos tecidos, o linfócito B se diferencia em plasmócito, célula produtora de imunoglobulinas.
A célula mais jovem da linhagem é o linfoblasto, que forma o prolinfócito, formando este, por sua vez, os linfócitos maduros.
O linfoblasto é a mior célula da série lifocítica, é esférico, com citoplasma basófilo e sem granulações azurófilas. A cromatina é relativamente condensada, apresenta 2 ou 3 nucléolos.
O prolinfócito é menor do que a célula anterior;tem citoplasma basófilo, podendo conter granulações azurófilas. A cromatina do prolifócito é condensada, porém menos do que nos linfócitos. Os nucléolos não são facilmente visíveis. Essa célula dá origem diretamente ao linfócito circulante.
Aplicação médica: o aumento no número de linfócitos no sangue se chama linfocitose e é frequentemente associado a infecções virais. O número redusido de linfócitos denomina-se linfopenia ou linfocitopenia e geralmente é associado a terapia farmacológica prolongada ou imunodeficiência.
	Monócitos:
São células intermediárias, destinadas a formar os macrófagos dos tecidos.
Apresentam núcleo ovóide, em forma de rim ou ferradura, geralmente excêntrico. Sue núcleo é mais claro que o dos linfócitos devido ao arranjo pouco denso da cromatina, e contem 2 ou 3 nucléolos.
Seu citoplasma é basófilo e contem grânulos azurófilos (lisossomos) muito finos. Estes grânulos podem preencher todo o citoplasma, conferindo-lhe uma coloração acinzentada. O citoplasma possui pequena quantidade de polirribossomos e RER pouco desenvolvido. Há muitas mitocôndrias pequenas e o aparelho de golgi é grande.
Os monócitos do sangue representam uma fase na maturação da célula mononucleada fagocitária originada na medula óssea. Essa célula passa para o sangue e, atravessando por diapedese a parede dos capilares e vênulas, penetra em alguns órgãos, transformando-se em macrófagos, que constituem uma fase mais avançada na vida da célula mononuclear fagocitária. Desta forma, o monócito faz parte do sistema mononuclear fagocitário ou sistema histiocitário.
A célula mais jovem da linhagem é o promonócito, encontrado somente na medula óssea, ela é virtualmente idêntica morfologicamente ao mieloblasto.
O promonócito é uma célula medindo aproximadamente 20µm de diâmetro. Com cromatina delicada e citoplasma basófilo, apresentando aparelho de Golgi grande e RE desenvolvido. Mostra numerosos grânulos azurófilos finos (lisossomos). Eles se dividem 2x e se transformam em monócitos que passam para o sangue, depois migram para o tecido conjuntivo, atravessando a parede das vênulas e capilares, e se diferenciam em macrófagos.
Aplicações médicas: o aumento do número de monócitos circulantes denomina-se monocitose e pode sinalizar uma doença hematológica (ex. leucemia), infecção causada por alguns tipos de bactérias e parasitas ou doença auto-imune. A diminuição, denomina-se monocitopenia, pode ser ocasionada pelo tratamento com corticoteróides. Nas leucemias, geralmente há produção excessiva de células funcional e morfologicamente defeituosas, originadas de um único tipo de célula precursora, podendo haver redução na formação das outras células sanguíneas.
	Plaquetas:
As plaquetas são corpúsculos anucleados, derivados de células gigantes e poliplóides da medula óssea, os megacariócitos. Elas promovem a coagulação do sangue e auxiliam na reparação da parede dos vasos sanguíneos, evitando a perda de sangue. Apresentam uma parte transparente, azul-clara, o hialômero, o qual contém grânulos que constituem o cromômero.
As plaquetas têm um sistema de canais, o sistema canalicular aberto, que se comunica com invaginações da membrana plasmática da plaqueta. Assim, o interior da plaqueta se comunica livremente com sua superfície, isso facilita a liberação de moléculas ativas que são armazenadas nas plaquetas. Na periferia da plaqueta, fazendo parte do hialômero, observa-se o feixe marginal de microtúbulos, que contribui para manter a forma ovóide desses corpúsculos. O hialômero contém também microfilamentos de actina e moléculas de miosina, responsáveis pela formação de filopódios (prolongamentos finos) e pela contração das plaquetas.
O granulômero possui uma variedade de grânulos delimitados por membrana, algumas mitocôndrias e inclusões de glicogênio. Os grânulos densos ou delta armazenam ADP e ATP, contêm serotonina retirada do plasma sanguíneo. Os grânulos alfa conte^m fibrogênio e fator de crescimento plaquetário, que estimula as mitoses no músculo liso dos vasos sanguíneos e a cicatrização das feridas. Os grânulos lambda são lisossomos carregadoscom enzimas usuais dessas organelas.
Origem das plaquetas:
As plaquetas se originam na medula óssea vermelha pela fragmentação do citoplasma de megacariócitos. Estes, por sua vez formam-se pela diferenciação dos megacarioblastos.
Megarioblasto: tem núcleo grande e oval ou em forma de rim, com mumerosos nucléolos. O núcleo é poliplóide, contendo até 30x a quantidae normal de DNA, e o citoplasma é homogêneo e intensamente basófilo. Seu citoplasma é rico em REL e RER.
Megacariócito: tem núcleo irregularmente lobulado e cromatina grosseira, sem nucléolos visíveis nos esfregaços. O citoplasma é abundante e levemente basófilo. Contém numerosas granulações que ocupam, às vezes, a maior parte do citoplasma. Essas granulações vão formar os cromômeros das plaquetas. Durante sua maturaçõ aparecem grânulos citoplasmáticos, delimitados por membrana. Esses grânulos se formam no aparelho de golgi e depois se distribuem por todo o citoplasma, são precursores do hialômero das plaquetas e contêm diversas substâncias biologicamente ativas, como o fator de crescimento derivado das plaquetas, o fator de crescimento dos fibroblastos, o fator de Von Willebrand ( que provoca a adesão das plaquetas a algunas substratos) e o fator IV das plaquetas (que favorece a coagulação do sangue). Com o amadurecimento do megacariócito a quantidade de membranas lisas aumenta, são essas membranas que vão formar os canais de demarcação. Essas membranas acabam se confluindo, dando origem à membrana das plaquetas.
Os megacariócitos localizam-se adjacentes aos capilares sinusóides, o que facilita a liberaçãodas plaquetas para o sangue. Um dos fatores mais importantes na formação de megacariócitos é a trombopoetina. A trombopoetina é um hormônio produzido pelo fígado, que estimula a proliferação e a diferenciação de progenitores de megacariócitos, estimula o desenvolvimento das linhagens eritróide e mielóide. A deficiência desse hormônio leva a redução de progenitores de todas as linhagens e a produção de plaquetas fica seriamente prejudicada, assim ela é considerada o principal regulador do megacariócito e da produção de plaquetas.
Aplicações médicas:
As plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue. Sua participação na coagulação sanguínea pode ser resumida da seguinte forma:
Agregação primária: descontinuidades do endotélio produzidas por lesão vascular são seguidas pela absorção de proteínas do plasma sobre o colágeno adjacente. As plaquetas também aderem ao colágeno, formando um tampão plaquetário.
Agregação secundária: as plaquetas do tampão liberam ADP, que é um potente indutor da agregação plaquetária, fazendo aumentar o número de plaquetas do tampão.
Coagulação do sangue: durante a agregação das plaquetas, fatores do plasma sanguíneo, dos vasos lesados e das plaquetas promovem a interação sequencial (em cascata) de cerca de 13 proteínas plasmáticas, dando origem a um polímero, a fibrina, e formando uma rede fibrosa tridimensional, que aprisiona eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Forma-se assim o coágulo sanguíneo, mais consistente e firme do que o tampão plaquetário. Um defeito na formação de uma das proteínas do plasma (fator VIII) resulta na doença hemorrágica conhecida como hemofilia.
Retratação do coágulo: inicialmente o coágulo faz grande saliência para o interior do vaso, mas logo se contrai, graças à ação da actina, miosina e ATP das plaquetas.
Remoção do coágulo: protegida pelo coágulo, a parede do vaso se restaura pela formação d tecido novo. Então o coágulo é removido principalmente pela enzima plasmina. Enzimas liberadas pelos lisossomos das plaquetas também contribuem para a remoção do coágulo.
O número elevado de plaquetas no sangue (trombocitose) geralmente sinaliza inflamação ou trauma.
A trombocitemia essencial é uma doença rara caracterizada pela produção descontrolada de plaquetas, sendo uma desordem hematológica grave e potencialmente fatal.
O baixo número de plaquetas (trombocitopenia) é uma consequência comum do tratamento farmacológico prolongado e também pode ser fatal devido à propensão do paciente para lesões vasculares e hemorragias.

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