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RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 1 Aula 05 ---------------------------------- MANOBRAS MIOFASCIAIS ----------------------------------------- ------------------------------------ FÁSCIAS E POMPAGES -------------------------------------------- AS FÁSCIAS: Anatomicamente a palavra “fáscia” designa uma membrana de tecido conjuntivo fibroso de proteção: de um órgão (fáscia periesofagiana), ou de um conjunto orgânico (fáscia endocárdica). É também empregada para designar os tecidos conjuntivos de nutrição: fáscia superficial e profunda. Não é dessa forma que nossas modernas técnicas a consideram. A palavra “fáscia” que nos interessa foi inventada por osteopatas que, pelo que sabemos, foram os primeiros a ter noção de globalidade. A palavra “fáscia” no singular não representa uma entidade fisiológica, mas um conjunto membranoso, muito extenso, no qual tudo está ligado, em continuidade, uma entidade funcional. Esse conjunto de tecidos que constitui uma peça única trouxe a noção de globalidade, sobre a qual se apoiam todas técnicas modernas de terapia manual. Sabe-se hoje, que o menor tensionamento, seja ativo ou passivo, sobre um ponto do sistema fascial, repercutirá sobre todo o conjunto do sistema fascial. Esse tecido conjuntivo parece-nos mal conhecido por nossa profissão. Ele ocupa, no entanto, um lugar considerável e vital em nossa fisiologia geral, lugar distante do papel puramente mecânico ao qual é em geral relegado. A função do tecido conjuntivo fibroso (fáscias, aponeuroses, tendões, ligamentos, cápsulas) é em geral, mal compreendida. Vemos apenas seu papel de revestimento, de divisão. Apesar de sua função mecânica dominar nossa vida profissional, devemos encarar as coisas de forma diversa. Os livros clássicos citam o tecido conjuntivo como “coração periférico”. Trata-se de um motor do fluxo sanguíneo, em especial da circulação de retorno. As aponeuroses têm aí um papel importante. Em primeiro lugar, a massa muscular não apertaria os vasos se não estivesse contida em seu envelope aponeurótico. Por outro lado, um dos papéis mais importantes das grandes aponeuroses de revestimento é a proteção do sistema vascular e nervoso subjacente. Sem dúvida os movimentos, os deslizamentos, as tensões e relaxamentos, em resumo, a mobilidade contínua dos tecidos influem de forma considerável sobre o fluxo sanguíneo. O conjunto das vísceras e dos tecidos periféricos é levado no mesmo ritmo respiratório e diafragmático. Isso constitui um verdadeiro bombeamento tóraco-abdominal, que faz mais pelo fluxo sanguíneo do que o conjunto de contrações musculares. O tecido conjuntivo, em seu todo, desempenha papel considerável na “circulação de fluídos”. É o mais extenso; é na realidade, o principal agente dessa circulação, por sua contínua mobilidade. O conjunto do tecido conjuntivo constitui uma imensa rede de proteção do músculo contra si mesmo. A aponeurose mantém suas contrações em seus limites, confere-lhes um sentido funcional e sobretudo, evita rupturas. As fáscias e aponeuroses separam os órgãos e todas as estruturas do corpo humano, tanto de forma superficial como profunda. Essa organização estrutural não é inerte; corresponde certamente às necessidades de transmissão motora e são ricos em receptores sensitivos; RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 2 desempenhando importantíssimo papel na coordenação motora e das funções. Os músculos nunca se unem ao osso. As células e estruturas musculares flutuam em uma rede fascial. Seus movimentos puxam a fáscia, que está unida ao periósteo, e o periósteo traciona o osso. No plano motor, os músculos são individualizados anatomicamente; mas não funcionalmente. É por meio das aponeuroses que suas diversas contrações se coordenam. São elas que permitem a um grupo muscular influenciar outro grupo a distância, principalmente através de receptores sensitivos (Golgi), transmitindo a distância não apenas tensões, mas também sensações. Uma função capital do tecido conjuntivo é incompreensivelmente negligenciada em muitos livros: a função biológica. As atividades celulares deste tecido, promovem a primeira defesa celular, por meio dos macrófagos; os capilares linfáticos bombeiam os primeiros elementos constituintes da linfa, é através das atividades celulares deste tecido que ocorre a promoção de nutrição tecidual e trocas tissulares; é o principal agente de circulação de fluidos. RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 3 POMPAGE: Dentre as várias técnicas da terapia manual, a Pompage é uma das mais simples de ser aplicada e traz benefícios aos pacientes de imediato. Foi desenvolvida por um osteopata norte americano chamado Cathie, e o francês Marcel Bienfait resgatou esse tipo de tratamento e o dividiu de maneira mais detalhada. Falar de pompage significa, necessariamente, falar de ação sobre o tecido conjuntivo; pois são realizadas através de manobras de distensão das fáscias associadas com movimentos respiratórios. Possui efeito relaxante, melhora a circulação e quando aplicada em articulações, melhora a nutrição das cartilagens, favorecendo a cicatrização. É recomendada em contraturas musculares, estases de líquidos (edemas), encurtamentos, retrações e para alívio de dores musculares e articulares. Objetivos da Técnica: - Relaxamento Muscular : nos casos de contratura e retrações, as estruturas de actina e miosina interpenetram-se excessivamente, promovendo diminuição da comprimento muscular, tracionando juntamente os elementos conjuntivos do músculo. A pompage realizada no sentido das fibras musculares, promove um deslizamento dessas estruturas em sentido contrário e aumenta o comprimento total do músculo. - Favorecimento da Circulação : os tecidos conjuntivos representam mais de 70% dos tecidos corporais. Neles estão incluídas as fáscias que envolvem e estruturam a musculatura corporal. Nestes tecidos ocorre a circulação lacunar, que é responsável pelas trocas vitais de aporte de elementos nutritivos e retirada de toxinas. Se uma retração muscular, uma cicatriz, um edema promoverem estase, haverá ausência de mobilidade entre as fáscias, e a circulação lacunar não ocorrerá eficientemente. Neste sentido, a pompage será realizada com o objetivo de liberar bloqueios e promover o retorno da circulação. Indicações: Contraturas musculares não agudas Estase líquida (ausência do movimento do líquido intersticial) Encurtamentos e tensões musculares Dores musculares não agudas Disfunções miofasciais em geral Contra Indicações: Estiramento muscular Estiramento ligamentar Contraturas musculares agudas Ruturas e rupturas ligamentares e fasciais RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula05 4 A Técnica: 1- O primeiro tempo é o “tensionamento” do segmento. É muito importante entender que a palavras tensão não quer dizer tração. O terapeuta alonga lenta, regular e progressivamente, toma aquilo que vem, aquilo que a fáscia cede. Vai apenas até o limite da elasticidade fisiológica. Isso é dosado pela sensibilidade. Caso a tensão ultrapasse a elasticidade do tecido, apenas irá provocar reações de defesa. Isso deve ser evitado. O primeiro tensionamento parece não ter obtido nada. É sempre uma falsa impressão. Pouco a pouco, à medida que a fáscia se solta e o paciente fica mais confiante, o alongamento de amplifica. 2- O segundo tempo é o tempo de “manutenção da tensão”. Assumirá formas diferentes, de acordo com o objetivo procurado. A – Com o objetivo circulatório, isto é, para uma pompage fascial, o terapeuta retém a fáscia durante alguns segundos, o tempo de sentir sua mão sendo tracionada para o ponto inicial pela elasticidade. Deverá conservar essa sensação durante toda a terceira parte de retorno e controlar assim o trabalho da fáscia. B – O tempo principal da pompage é este, de manutenção da tensão. Em fisiologia vimos que o alongamento conjuntivo resultava de um tensionamento mantido e lento do tecido. Os sarcômeros também são alongados através do tensionamento visco-elástico do músculo. Esses fenômenos são lentos, os miofilamentos de actina só podem deslizar lentamente entre os filamentos de miosina. É importante que durante essa fase o paciente encontre-se perfeitamente relaxado, que inconscientemente não se oponha a tensão. Lembrando empregamos essa fase associada a expirações relaxantes. C – Esse segundo tempo é também o tempo mais importante para as pompages articulares. A descompressão obtida será mantida de 15 a 20 segundos, necessários para que a cartilagem se impregne com seu líquido nutridor. 3 – O terceiro tempo é o “tempo de retorno”: A – Nas pompages circulatórias, este é p tempo principal. Deve ser o mais lento possível. A fáscia puxa a mão do terapeuta, mas este controla essa tração para obrigá-la a trabalhar, a utilizar todas as suas possibilidades, todo o seu comprimento. É durante esse período que se rompem as barreiras, os bloqueios de movimento, as estases. Ele requer muita concentração por parte do terapeuta. A tensão da fáscia deve ser controlada, mas não interrompida ao longo de todo o movimento de retorno. É com certeza o momento mais importante da técnica. B – No trabalho muscular, esse retorno será bastante lento, para não provocar o reflexo contrátil do músculo. RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 5 PARÂMETROS PARA REALIZAÇÃO DO TÉCNICA: REGRA GERAL : na expiração SEMPRE alongamos (ida) e na inspiração SEMPRE se mantêm o alongamento realizado. O ciclo de repetições corresponde de 8 a 10 incursões respiratórias. Ao término destas incursões, não deve-se soltar o músculo simplesmente. Deve-se ir relaxando a musculatura vagarosamente, utilizando de 8 a 10 ciclos respiratórios, como feito anteriormente, até devolver ao músculo o seu comprimento natural. Sendo que desta vez, no momento expiratório, realizar-se-á o relaxamento da musculatura e na inspiração a manutenção desta. POMPAGE GLOBAL : --------------------------------------------------------------------------------------------------- Essa manobra, independentemente de qualquer mobilização global da fáscia, relaxa todas as tensões a distância. Muito agradável, muito relaxante, prepara o paciente, tanto física quanto psicologicamente, tranquilizando-o. O paciente encontra-se em decúbito dorsal, os membros inferiores alongados, mas não cruzados. Seus braços ao longo do corpo relaxados, palmas das mãos para cima; O terapeuta fica sentado à cabeceira do paciente, os antebraços apoiados sobre a mesa. Escorrega sua mão sob a cabeça do paciente, o occiptal repousa em sua palma. Os polegares apoiam-se contra as têmporas, os indicadores, sobre as apófises mastoides, as extremidades dos demais dedos levemente fletidas sobre a curva occiptal superior A pompage é realizada por um tensionamento suave e simétrico das duas mãos. ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO: ------------------------------------------------------------------------------------- Origem: processo mastóideo Inserção: esterno e clavícula Ação: flexão da cabeça Posição do paciente Decúbito dorsal com a cabeça rodada e extendida (fora da maca) Posição do terapeuta Na cabeceira da maca (sentado ou em pé) Contato Manual Uma mão no processo mastóide, rebatendo a pele e outra mão na clavícula RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 6 TRAPÉZIO: ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Origem: do osso occiptal, ligamento nucal e processos espinhos de C7 e T1-T12 Inserção: acrômio, espinha da escápula, clavícula lateral Ação: elevação do ombro Posição do paciente Decúbito dorsal, cabeça na maca, inclinada e rodada Posição do terapeuta Na cabeceira da maca Contato manual Uma mão na base da nuca lateralmente(processo mastóideo), e a outra mão no ombro (região acromial) ELEVADOR DA ESCÁPULA: ------------------------------------------------------------------------------- Origem: processos transversos das vertebras cervicais 1-4 Inserção: ângulo superior da escápula Ação: elevação da cintura escapular (coluna fixa) Posição do paciente Decúbito dorsal em flexão, apoiada no antebraço do terapeuta (em forma de X) Posição do terapeuta Na cabeceira da maca Contato manual Antebraços cruzados (X), mãos estabilizando o ombro do paciente na maca PEITORAL: --------------------------------------------------------------------------------------------------------- Origem: da clavícula, externo e costelas 1-6 Inserção: tubérculo maior do úmero e sulco intertubercular Ação: adução do braço (flexão horizontal) Posição do paciente Paciente em decúbito dorsal sem mexer o braço Posição do terapeuta Na cabeceira ou de lado da maca Contato manual Uma mão na cabeça umeral (fixo) e a outra mão no esterno e nas primeiras costelas (móvel) RECURSOS TERAPÊUTICOS MANUAIS I Prof Carmindo Carlos Aula 05 7 ESCALENOS: ------------------------------------------------------------------------------------------------------ Origem: dos processos transversos das vertebras cervicais Inserção: costelas 1 e 2 Posição do paciente Decúbito dorsal Posição do terapeuta Cabeceira Contato manual Uma mão na base da nuca (região occipital – fixo) e a outra no manúbrio ( fixo : quando alongar bilateralmente), umamão na 1ª e 2ª costela (móvel : unilateralmente) ATENÇÃO: VARIANTE: As duas mãos unidas (rezando), apoiadas entre a clavícula e a 2ª costela, a cada expiração afasta as bordas mediais da mão, alongando o escaleno (médio e anterior), mantendo na inspiração subsequente. De 8 a 10 repetições. A posição do terapeuta, deve ser na lateral da maca. QUADRO LOMBAR: --------------------------------------------------------------------------------------------- Posição do paciente Decubito ventral Posição do terapeuta Ao lado contrário do quadrado lombar que deseja liberar Contato manual Mão nas costelas e na crista ilíaca OBS: a cada expiração a mão móvel alonga o QL, mantendo na inspiração subsequente por 8 a 10 ciclos. 1- Mão superior nas costelas posteriormente (mão fixa), mão inferior na crista anteriormente (mão móvel) na EIAS. 2- Mão superior nas costelas anteriormente (mão móvel) e a mão inferior na crista posteriormente (mão fixa). 3- Mão superior nas costelas posteriormente (mão móvel) e a outra mão na crista posteriormente (mão móvel).
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