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Matemática Financeira Professor conteudista: Dalton Millan Marsola Sumário Matemática Financeira Unidade I 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS .........................................................................................................................1 1.1 Taxa de juros ..............................................................................................................................................2 1.2 Taxa percentual ........................................................................................................................................4 1.3 Taxa unitária ..............................................................................................................................................4 1.4 Juro exato e juro comercial .................................................................................................................6 1.5 Equivalência de capitais .......................................................................................................................7 2 DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA .................................................................................................................7 3 ANÁLISE DE ALTERNATIVAS POR VALOR ATUAL ................................................................................. 10 3.1 Regime de capitalização dos juros .................................................................................................11 3.1.1 Regime de capitalização simples .......................................................................................................11 3.1.2 Regime de capitalização composta ................................................................................................. 12 3.2 Diferenças entre capitalização simples e composta .............................................................. 13 4 JUROS SIMPLES ................................................................................................................................................ 14 4.1 Montante e capital .............................................................................................................................. 19 5 JUROS COMPOSTOS ....................................................................................................................................... 23 6 TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES ............................................................................................ 29 6.1 No regime de juros simples .............................................................................................................. 30 6.2 No regime de juros compostos ....................................................................................................... 32 7 DESCONTO SIMPLES RACIONAL OU “POR DENTRO” ......................................................................... 36 8 DESCONTO BANCÁRIO OU COMERCIAL OU “POR FORA” ................................................................ 39 Unidade II 9 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS .................................... 42 9.1 Definições básicas ................................................................................................................................ 43 10 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) ............................................................................... 46 10.1 Expressões de cálculo do SAC ....................................................................................................... 49 10.2 SAC com carência .............................................................................................................................. 50 11 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS ................................................................................................. 54 11.1 Expressões de cálculo do SAF ........................................................................................................ 57 11.2 SAF com carência ............................................................................................................................... 58 12 TABELA PRICE ................................................................................................................................................. 61 13 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO ...................................................................................................... 65 14 COMPARAÇÕES ENTRE SAC, SAF E SAM ............................................................................................. 66 14.1 Gráfico de comparação SAC, SAF E SAM ................................................................................. 67 15 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO ......................................................................................... 68 15.1 Sinking fund ou fundo de amortização ................................................................................... 70 16 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CRESCENTE (SACRE) .......................................................................... 72 17 SISTEMA PRICE X SISTEMA SACRE ........................................................................................................ 76 18 CUSTO EFETIVO .............................................................................................................................................. 80 18.1 Planilha com despesas adicionais ............................................................................................... 80 1 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Unidade I5 10 15 20 25 30 35 OBJETIVOS Fornecer subsídios fundamentais para a formação acadêmica do discente na área financeira e, também, contribuir para o desenvolvimento da capacidade de raciocínio lógico e reflexivo. Este é um fator essencial na tomada de decisão, atividade típica da função de administrador financeiro. 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS “Um dólar hoje vale mais do que um dólar no futuro...” (Gitman, 2004). A matemática financeira trata do estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo. Seu objetivo é efetuar análises e comparações da movimentação de dinheiro em tempos diferentes. As operações de aplicação e empréstimos são geralmente realizadas por uma instituição financeira, que capta recursos no mercado e os empresta a outros com taxas maiores. A diferença entre a captação e o empréstimo é a remuneração (lucro) da instituição. Investidores têm várias opções de aplicação à sua disposição, e cada opção tem sua taxa em função do prazo da aplicação e dos riscos envolvidos. Do ponto de vista matemático, um determinado valor a qualquer época é chamado de Capital, e a soma dos juros de determinado tempo a esse Capital é chamada de Montante. 2 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Segundo Assaf (2009), ao se emprestar um recurso a taxas de juros deve-se ser eficiente de maneira a remunerar os seguintes fatores importantes: • risco: probabilidade de o tomador do empréstimo não resgatar a dívida, sendo a incerteza como futuro; • perda do poder de compra do capital motivado pela inflação: a inflação é um fenômeno que corrói o capital, é a desvalorização do poder aquisitivo da moeda previsto para o prazo do empréstimo, diminuindo o poder de compra de um bem pelo mesmo capital; • ganho (ou lucro): fixado em função das demais oportunidades de investimentos; justifica-se pela privação da utilidade do capital pelo seu dono; • despesas (nos dias atuais): todas as despesas operacionais, contratuais e tributárias para a formalização do empréstimo e à efetivação da cobrança. 1.1 Taxa de juros Taxa de juros é o coeficiente que determina o valor do juro, a razão entre os juros recebidos (ou pagos)e o capital inicial aplicado (ou emprestado). As taxas de juros referem-se sempre a uma unidade de tempo (dia, mês, semestre, ano etc.) e podem ser representadas equivalentemente de duas maneiras: taxa percentual e taxa unitária (fração decimal). A desvantagem da definição da taxa de juro J não incluir um período de tempo é eliminada com a taxa unitária de juro i, definida como: i J P = 3 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 1 i x= = = =$ $ . , , , % 110 10 000 0 0110 0 011 100 11 Exemplo 1.1 O gerente do banco outorgou um empréstimo de $2.000,00 pelo prazo de 48 dias. No momento de assinar o contrato, o devedor se comprometeu a devolver $2.250,00. Calcule o juro, a taxa unitária de juro e a taxa percentual de juro dessa operação. • Juro da operação é j=2.250–2000=$250. • Taxa unitária de juro é i= =$ $ . , 250 2 000 0 125 em 48 dias. • Taxa percentual de juro é i=0,125x100=12,5% em 48 dias. Exemplo 1.2 O gerente da instituição garantiu que aplicando $5.000,00, pelo prazo de sessenta (60) dias nominais, você resgatará $5.122,50 no final da operação. Calcule o juro, a taxa unitária de juro e a taxa percentual de juro dessa aplicação. • Juro da operação é j = 5.122,50–5.000 =122,50. • Taxa unitária de juro é i= =$ , $ . , 122 50 5 000 0 0245i= = $ , $ . , 122 50 5 000 0 0245 em 60 dias. • Taxa percentual de juro é i=0,0245x100=2,45% em 60 dias. 4 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 1.2 Taxa percentual Trata-se dos “centos” do capital, ou seja, o valor dos juros para cada centésima parte do capital. Esse valor é um acréscimo sobre o valor inicial em forma de fração, onde o denominador é sempre 100, conhecido como porcentagem (%). Se falarmos em 10% (dez por cento), significa que, a cada grupo de 100, haverá um acréscimo de 10. Exemplo 1.3 Um capital de R$2.000,00, aplicado a 20% ao ano, rende de juros, ao final deste período: Juros x= $ ,2000 00 100 20 Juros = $ 20,00 x 20 = $ 400,00 O capital de R$ 2.000,00 tem vinte centos. Como cada um deles rende 20, a remuneração total da aplicação no período é de $ 400,00. 1.3 Taxa unitária É o rendimento de cada unidade de capital em certo período. A transformação da taxa percentual em unitária é processada pela divisão da notação em percentagem por 100. Exemplo 1.4 Um capital de R$2.000,00, aplicado a 20% ao ano, rende de juros, ao final deste período. A taxa percentual de 20% ao ano indica um rendimento de 0,20 (20% / 100) por cada unidade de capital aplicada, ou seja: Juros R x= $ . ,2 000 00 20 100 Juros = R$ 2.000,00 x 0,20 = $ 400,00 5 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Para a transformação inversa, basta multiplicar a taxa unitária por 100, assim transformando a taxa unitária em porcentagem. Exemplo 1.5 Taxa percentual Fórmula N / 100 Taxa unitária 0,5% 0,5 / 100 0,005 1,3% 1,3 / 100 0,013 22% 22 / 100 0,22 31,5% 31,5 / 100 0,315 58% 58 / 100 0,58 150% 150 / 100 1,5 Exemplo 1.6 Converta para a forma percentual: 0,57 = 0,57 x 100 = 57% 2,08 = 2,08 x 100 = 208% 0,02 = 0,02 x 100 = 2% Exemplo 1.7 Converta para a forma unitária: 163% = 163 / 100 = 1,63 2.107% = 2,107 / 100 = 21,07 12% = 12 / 100 = 0,12 Exemplo 1.8 Num lote de 100 lâmpadas, 15 apresentam defeito. A razão entre o número de lâmpadas defeituosas e o total de lâmpadas é dada por: 15 100 15= % Nas fórmulas de matemática financeira, todos os cálculos são efetuados utilizando-se a taxa unitária de juros. 6 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 1.9 Um DVD é vendido por R$ 28,00. Se o seu preço fosse acrescido em 18%, quanto o DVD passaria a custar? Se fosse anunciado um desconto de 20% sobre o preço original, quanto o DVD passaria a custar? • Aumento: preço = 28 + 0,18 x 28 = 28 . (1 + 0,18) = 28 . 1,18 = R$ 33,04. • Desconto: preço = 28 – 0,20 x 28 = 28 . (1 – 0,20) = 28 . 0,80 = R$ 22,40. 1.4 Juro exato e juro comercial Comum nas operações de curto prazo – onde predominam as aplicações com taxas referenciadas em juros simples – ter o prazo definido em número de dias. Nesses casos, o número de dias pode ser calculado: a) pelo tempo exato, utilizando-se efetivamente o calendário do ano civil (365 dias). O juro apurado desta maneira denomina-se juro exato; b) pelo ano comercial, o qual admite o mês com 30 dias e o ano com 360 dias. Tem-se, por este critério, a apuração do denominado juro comercial ou ordinário. Exemplo 1.10 15% ao ano equivalem, pelo critério de juro simples, à taxa diária de: a) Juro exato: 15% / 365 dias= 0,041096% ao dia. b) Juro comercial: 15% / 360 dias = 0,041667% ao dia. 7 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 1.5 Equivalência de capitais Imaginemos uma situação em que eu saiba, hoje, que dentro de um ano terei de efetuar um pagamento no valor de $1200,00. Entretanto, eu disponho de dinheiro hoje para quitação desse débito. Será melhor eu efetuar o pagamento hoje? A resposta é não. Se eu efetuar esse pagamento hoje, terei de desembolsar $1200,00 sendo que eu poderia aplicar $1000,00 no prazo de um ano a uma taxa de 20% ao ano. Percebemos que o dinheiro não tem o mesmo valor ao passar do tempo (mesmo não existindo inflação), e essa argumentação foi feita com termos estritamente econômicos e não pessoais. Pagamentos diferentes em sua magnitude total, mas que são feitos em datas diferentes, podem ser equivalentes. Capitais são ditos equivalentes quando os seus valores, transferidos para a mesma data, com a mesma taxa de desconto (custo de oportunidade), são iguais. Em termos gerais: Valor Atual = Valor Futuro / (1 + i) e, também, Valor futuro = Valor Atual x (1 + i), onde i é a taxa de desconto referente ao período considerado. Como i corresponde ao período inteiro em consideração, é chamado de taxa simples. O termo (1 + i) permite a comparação entre valores em tempos diferentes. A taxa de desconto pode corresponder a um custo de oportunidade. 2 DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA Para facilitar a visualização dos movimentos monetários estabelecidos em distintos momentos ao longo do tempo, 8 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 o diagrama do fluxo de caixa é de grande utilidade para as operações de matemática financeira. 500 200 700 200 800 200 0 1 2 3 4 5 i% A linha horizontal registra a escala de tempo, o ponto zero indica o momento inicial, e os demais pontos representam entrada e saída de caixa ao longo do tempo. As setas para cima da linha do tempo refletem as entradas de dinheiro e as setas para baixo da linha horizontal indicam saídas de dinheiro. É imprescindível que o prazo e a taxa de juros estejam expressos na mesma unidade. Exemplo 2 Uma dívida de R$ 48.000,00 vence daqui a 6 meses. O devedor pretende quitá-la da seguinte forma: uma prestação hoje de R$ 4.800,00, uma prestação de R$14.000,00 daqui a 2 meses e uma última prestação de R$ 27.500,00 daqui a 7 meses. Como fica o diagrama do fluxo de caixa dessa dívida? R$ 48.000,00 0 2 6 7 R$ 4.800,00 R$ 14.000,00 R$ 27.500,00 Exemplo 2.1 Um estudante pode ter seus cinco anos de estudos financiados pela Caixa Econômica com juros de 14% aoano. Observe que 9 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 esses juros totais, inferiores à inflação, correspondem a um subsídio. A devolução iniciará após a formatura. Assim, a quantia emprestada no início do primeiro ano será devolvida no início do sétimo ano. Primeiro empréstimo Ingresso na escola Formatura Primeira devolução anos A primeira anuidade cobrada pela escola é de R$ 14.000,00. É de se esperar reajustes anuais de 35% devidos à inflação. O custo de oportunidade do capital é de 40% ao ano (depósito bancário a prazo fixo). Calcule a redução percentual nas anuidades da escola a que correspondem esses empréstimos a juros baixos da Caixa Econômica. A B C D Anuidades em R$ Devolução para CE 6 períodos depois: 14% a.a. Valor do empréstimo 6 períodos mais tarde: 40% a.a. Desconto (C – B) / C 1º ano 14.000 30.730 105.414 71% 2º ano 18.900 41.485 142.308 71% 3º ano 25.515 56.005 192.116 71% 4º ano 34.445 75.606 259.355 71% 5º ano 46.501 102.068 350.131 71% 10 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 De fato, o estudante que deixar de pagar R$ 14.000,00 no primeiro ano e depositar essa quantia a prazo fixo durante seis anos receberá R$ 105.414,00, mas só terá de devolver R$ 30.730,00 à Caixa Econômica, por ter tido sua anuidade paga pela Caixa Econômica. Observe que a coluna D pode ser calculada devido às parcelas B e C estarem referidas ao mesmo ponto no tempo. 3 ANÁLISE DE ALTERNATIVAS POR VALOR ATUAL Trata-se de comparar e discutir critérios econômicos para escolher a melhor alternativa baseando-se no valor atual das possibilidades. Exemplo 3 500 600 500 550 – 1000 Alternativa I 400 550 450 550 – 1200 Alternativa II 11 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Na figura acima, fica evidente que a alternativa II é melhor, devido aos valores estarem no mesmo tempo e período, o que torna simples a comparação, sem a necessidade de cálculo. O método do valor atual consiste em descapitalizar todos os valores para a data de hoje (período igual a zero). Dadas diversas alternativas, é possível calcular os valores atuais equivalentes às séries correspondentes e compará-los para decidir qual é a melhor. 3.1 Regime de capitalização dos juros É a forma como os juros são incorporados ao capital no decorrer do tempo e podem ser identificados em dois regimes de capitalização: simples e composto. 3.1.1 Regime de capitalização simples Compara-se a uma progressão aritmética, isto é, o juro cresce de forma linear ao longo do tempo. Os juros incidem somente ao capital inicial da operação e não acumulativo. Ano Saldo no início de cada ano Juros apurados para cada ano Saldo devedor ao final de cada ano Crescimento anual do saldo devedor Hoje 0 – 1000 – 1 1000 0,10 x 1000 = 100 1100 100 2 1100 0,10 x 1000 = 100 1200 100 3 1200 0,10 x 1000 = 100 1300 100 4 1300 0,10 x 1000 = 100 1400 100 5 1400 0,10 x 1000 = 100 1500 100 Algumas observações podem ser apresentadas: • os juros, por incidirem exclusivamente sobre o capital inicial de $1.000,00, apresentam valores idênticos ao final de cada ano ($ 100,00); 12 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 • em consequência, o crescimento dos juros no tempo é linear, revelando um comportamento idêntico a uma progressão aritmética. Os juros totais da operação atingem, nos 5 anos, $ 500,00; • se os juros simples não forem pagos ao final de cada ano, a remuneração do capital emprestado somente se opera pelo seu valor inicial ($ 1.000,00), não ocorrendo remuneração sobre os juros que se formam no período. Assim, no 5º ano, a remuneração calculada de $ 100,00 é obtida com base no capital emprestado há 5 anos, ignorando-se os $400,00 de juros que se foram acumulando ao longo do período; • como os juros variam linearmente no tempo, a apuração do custo total da dívida no prazo contratado é processada simplesmente pela multiplicação do número de anos pela taxa anual, isto é: 5 anos x 10% ao ano = 50% para 5 anos. 3.1.2 Regime de capitalização composta Compara-se a uma progressão geométrica, isto é, o juro cresce de forma exponencial ao longo do tempo. Os juros incorporam-se ao capital inicial da operação e de forma acumulativa, isto é, juros sobre juros. Ano Saldo no início de cada ano Juros apurados para cada ano Saldo devedor ao final de cada ano Hoje – – 1000 1 1000 0,10 x 1000 = 100 1100 2 1100 0,10 x 1100 = 110 1210 3 1210 0,10 x 1210 = 121 1331 4 1331 0,10 x 1331 = 133,1 1464,1 5 1464,1 0,10 x 1464,10 = 146,41 1610,51 13 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Os comentários sobre o quadro ilustrativo são colocados: • no critério composto, os juros não incidem unicamente sobre o capital inicial de $ 1.000,00, mas sobre o saldo total existente no início de cada ano. Esse saldo incorpora o capital inicial emprestado mais os juros incorridos em períodos anteriores; • o crescimento dos juros se dá em progressão geométrica, evoluindo de forma exponencial ao longo do tempo. Exemplo 3.1 Um capital de $ 1.000,00 foi aplicado durante 3 anos à taxa de 10% ao ano, em regime de juros compostos. No final do período, o montante será? • 1o ano: 1.000,00 x 0,10 = $ 100,00 ⇒ Montante = $ 1.100,00 • 2o ano: 1.100,00 x 0,10 = $ 110,00 ⇒ Montante = $ 1.210,00 • 3o ano: 1.210,00 x 0,10 = $ 121,00 ⇒ Montante = $ 1.331,00 3.2 Diferenças entre capitalização simples e composta Segundo Mathias e Gomes (2002), a diferença entre o regime de juros simples e juros compostos é caracterizada pelo fato de que nos juros simples apenas o capital inicial rende juros e este é diretamente proporcional ao tempo e à taxa, e os juros compostos, que retratam melhor a realidade, são capitalizados junto ao capital, incorporando-o e passando a participar da geração de juros do período seguinte. Juros compostos Juros simples M n 0 0,5 1 1,5 14 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Observe, na figura acima, que o comportamento do juro simples cresce linearmente ao longo do tempo, enquanto o juro composto cresce exponencialmente. Os juros simples têm aplicações práticas limitadas devidas às suas restrições técnicas. São raras as operações financeiras que usam a capitalização linear e, dentre elas, as operações financeiras de curtíssimo prazo. O regime composto é adotado por todo mercado financeiro e de capitais: aplicações financeiras, cartão de crédito, sistema financeiro de habitação etc. 4 JUROS SIMPLES O regime de juros simples tem como particularidade a incidência dos juros sobre o valor principal do empréstimo, isto é, os cálculos dos montantes (capital + juros) serão realizados com referência no valor principal, independente do período. Sobre os juros gerados a cada período, não incidirão novos juros. Valor principal ou simplesmente principal ou capital é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes de somarmos os juros. Transformando isso em fórmula, temos: J=C.i.n Algebricamente: C=J/(i.n) I=J/(C.n) n=J/(C.i) Onde: J = juros C = Capital (Principal) 15 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão :M ár ci o - 06 /1 2/ 10 i = taxa de juros n = número de períodos Abreviaturas empregadas na notação das taxas: Abreviatura Significado a.d. ao dia a.m. ao mês a.b. ao bimestre a.t. ao trimestre a.q. ao quadrimestre a.s. ao semestre a.a. ao ano Observação: a taxa de juros (i) e o número de períodos (n) devem estar na mesma base. Porém, deve-se sempre alterar n, evitando-se alterar i. Exemplo 4 Um capital de $ 1500,00 foi aplicado à taxa de 5% a.m. pelo período de 2 meses no regime de capitalização simples. Qual o valor dos juros mensais? J=C.i.n 1500 x 0,05 x 2 J = $ 150 Exemplo 4.1 Um capital de $1120,00 foi aplicado a uma taxa de 5% a.m. no regime de capitalização simples por sete meses. Qual o valor dos juros capitalizados durante o período de vigência da aplicação? J=C.i.n 1120,00 x 0,05 x 7 J = $ 392,00 16 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 4.2 Uma pessoa compra a prazo um DVD (que custa, à vista, $ 500,00) que pode ser pago em três parcelas mensais iguais (entrada no ato) no valor de $ 270,00. Qual é a taxa de juros mensal cobrada pela loja? C = 500,00 – 270,00 = $ 230,00 J = 270,00 – 230,00 = $ 40,00 i=J/(C.n) i = 40 / 230 x 1 i = 0,1739 ou 17,39% Exemplo 4.3 Temos uma dívida de R$ 80.000,00 que deve ser paga com juros de 8% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 3 meses. Quanto pagaremos de juros? J=C.i.n J = 80000 x 0,08 x 3 J = R$ 19.200,00 Exemplo 4.4 Temos uma dívida de R$ 50.000,00 que deve ser paga com juros de 20% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 8 meses. Quanto pagaremos de juros? J=C.i.n J = 50000 x 0,20 x 8 J = R$ 80.000,00 Exemplo 4.5 Um negociante pegou um empréstimo a uma taxa de 12% no regime de juros simples para pagar daqui a 10 17 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 meses. O juro apurado foi de R$ 20.000,00. Quanto ele pegou emprestado? C=J/(i.n) C = 20000 / (0,12 x 10) C = R$ 24.000,00 Exemplo 4.6 Você investiu numa aplicação o valor de R$ 45,000,00 por 12 meses, o que lhe proporcionou um rendimento de R$ 8.000,00. Qual foi a taxa de juros simples dessa aplicação? i=J/(C.n) i = 8000 / (45000 x 12) i = 0,014815 “taxa unitária” taxa percentual = 0,014815 x 100 = 1,4815% a.m. Exemplo 4.7 Quanto tempo você tem de deixar R$ 6.200,00 aplicados a uma taxa de 4,7% a.m. para obter um rendimento de R$ 1.625,00. n=J/(C.i) n = 1625 / ( 6200 x 0,047) n = 5,576 meses ou 6 meses Exemplo 4.8 Um capital de $75.000,00 é aplicado à taxa de 4% ao mês durante um período de um quadrimestre. Calcular o valor dos juros acumulados. J=C.i.n J = 75.000 x 0,04 x 4 J = $ 12.000,00 18 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Para operações com prazo em dias e o período da taxa de juro com período anual, o prazo da operação em dias é convertido numa fração de um ano, faltando definir quantos dias tem um ano e como se calcula a fração de um ano. Por exemplo, para um ano de 360 dias e uma operação a prazo de t dias, a fração que ajusta a taxa anual de juro ao prazo da operação é (t/360).No cálculo do juro, o período da taxa de juro é ajustado ao prazo da operação utilizando taxas proporcionais: J = P x i x t / 360 Exemplo 4.9 O empréstimo de $ 17.000,00 pelo prazo de 55 dias foi acertado com a taxa de juro de 19% ao ano, com a condição de pagar o juro junto à devolução do empréstimo. Calcule o juro no regime de juros simples considerando o ano de 360 dias. J C i n= . . 360 J = 17000 x 0,19 x 55 / 360 J = $ 493,47 Exemplo 4.10 Um capital de $ 1500,00 foi aplicado à taxa de 3% a.m. no regime de capitalização simples por um período de 4 meses. Qual o valor dos juros mensais? J=C.i.n J = 1500 x 0,03 x 4 J = $ 180,00 No cálculo do exemplo 4.9, foi utilizada a taxa de juro 4% com período igual a 55 dias, igual ao prazo do empréstimo, resultado obtido com: 19 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 it = 0 4 55 360 , . A partir da taxa anual i com período de 360 dias e a taxa proporcional it com período igual ao prazo da operação t obtém-se: i i t t = . 360 t i t t 360 = O resultado do primeiro membro da última expressão é a taxa diária proporcional da taxa i com período de um ano de 360 dias. E o resultado do segundo membro é a mesma taxa unitária, porém calculada com a taxa de juro it com período t. 4.1 Montante e capital Um capital aplicado a uma taxa periódica de juro por determinado tempo produz um valor acumulado denominado de montante (M) ou valor futuro (VF). Assim, o montante é calculado com o capital mais o valor acumulado dos juros: M = C + J No entanto, sabe-se que: J = C . i . n Assim, M = C + C . i . n M = C.(1 + i . n) 20 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 O valor de C pode ser obtido por: C = M (1 + i .n) O valor de i pode ser obtido por: i M C n = − 1 O valor de n pode ser obtido por: n M C i = − 1 Exemplo 4.11 Um capital de $ 70.000,00 é aplicado à taxa de 3,5% ao mês no RCS, durante um semestre. Pede-se determinar o valor dos juros acumulados neste período. J = C . i . n J = 70000 . 0,035 . 6 J =$ 14.700,00 Exemplo 4.12 Um negociante tomou um empréstimo pagando uma taxa de juros simples de 8% ao mês durante dez meses. Ao final deste período, calculou em $ 255.000,00 o total dos juros incorridos na operação. Determinar o valor do empréstimo: C M i n = + ⋅( )1 21 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 C C= − + ⋅( ) 255 000 1 0 08 10 . , C = 318.750,00 Exemplo 4.13 Um capital de $ 35.000,00 foi aplicado num fundo de poupança por 9 meses, produzindo um rendimento financeiro de $ 9.750,00. Pede-se apurar a taxa de juros simples oferecida por esta operação. i M C n = − 1 i= − 44750 35000 1 9 i = 0,03095 = 3,095% Exemplo 4.14 Uma aplicação de $ 244.000,00 rendendo uma taxa de juros simples de 1,9% ao mês produz, ao final de determinado período, juros no valor de $ 31.000,00. Calcular o prazo da aplicação. n M C i = − 1 n = − 275 000 244 000 1 0 019 . . , n = 6,686 meses ou 7 meses 22 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 4.15 Uma empresa tomou $ 3.500,00 emprestados para pagar dentro de 7 meses, a uma taxa de juros simples igual a 5,5% a.m. Calcule o valor futuro dessa operação. M = C.(1 + i . n) M = 3.500.(1 + 0,055 . 7) M = $ 4.847,50 Exemplo 4.16 Uma aplicação feita no regime de juros simples rendeu um montante igual a $ 780,00 após 6 meses, a uma taxa de 9,5% a.m. Qual o capital inicial da operação? C M i n = + ⋅( )1 C = + ⋅( ) 780 1 0 095 6, C = $ 496,81 Exemplo 4.17 O valor de $ 350,00 foi aplicado por seis meses, permitindo a obtenção de $ 480,00. Sabendo que o regime de capitalização é simples, calcule a taxa de juros mensal praticada durante a operação. i M C n = − 1 i= − 480 350 1 6 i =0,0619 = 6,19% 23 MATEMÁTICAFINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 4.18 A quantia de $ 254,00 foi obtida como montante de uma aplicação de $ 78,00 feita à taxa de 2,5% a.m. no regime de capitalização simples. Qual a duração da operação? n M C i = − 1 n = − 254 78 1 0 025, n = 90,26 ou 91 meses 5 JUROS COMPOSTOS O regime de juros compostos é comumente usado no sistema financeiro e, com isso, o mais usual para cálculos de problemas financeiros do cotidiano. Uma particularidade dos juros compostos é que são juros gerados a cada período e incorporados ao principal para serem referência no cálculo dos juros do período seguinte, isto é, juros sobre juros. O momento quando os juros são incorporados ao valor principal é quando ocorre a capitalização. Abaixo, temos a expressão algébrica que demonstra os juros sobre juros em três períodos: 1º mês: M =C.(1 + i) 24 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 2º mês: o principal passa a ser o montante do mês anterior: M = C x (1 + i) x (1 + i) 3º mês: o principal passa a ser o montante do mês anterior: M = C x (1 + i) x (1 + i) x (1 + i) Dessa forma, é possível obter a fórmula: M=C.(1+i)n Algebricamente: C = M (1 + i)n Para calcular o juro: j=C.[(1+i)n–1] Importante: a taxa i tem de ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja, taxa de juros ao mês para n meses. Obviamente, podem ser usadas outras unidades de tempo como ano, semestre, entre outras, mas sempre usar a mesma unidade para período e taxa. Para calcular o juro, basta diminuir o principal do montante ao final do período: J=M–C Exemplo 5 Se uma pessoa deseja obter R$ 26.750,00 dentro de onze meses, quanto deverá depositar hoje numa poupança que rende 1,65% de juros compostos ao mês? 25 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 C M i n = +( )1 C = + 26750 1 0 0165 11( , ) C = R$ 22.343,05 Exemplo 5.1 Qual o valor de resgate de uma aplicação de R$ 12.000,00 em um título pelo prazo de 8 meses à taxa de juros composta de 3,5% a.m.? M = C . (1 + i)n M = 12000 (1 + 0,035 )8 M = R$ 15.801,71 Exemplo 5.2 Calcule o montante de um capital de R$6.750,00 aplicado a juros compostos, durante 13 meses, à taxa de 3,8% ao mês. C = R$6.750,00 n = 13 meses i = 3,8% a.m. = 0,038 M = ? M=C.(1+i)n M=6750.(1+0,038)13 M=10.961,48 Exemplo 5.3 Determinar o juro pago de um empréstimo de $ 87.520,00 pelo prazo de 6 meses à taxa composta de 3,35% ao mês. 26 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 j=C[(1+i)n–1] j = 87.520 [(1,0335 )6 – 1] j = $ 19.132,29 Exemplo 5.4 Calcule quanto se deve depositar hoje para resgatar $ 100.000,00 daqui a 15 meses, considerando a taxa de juro de 1,75% ao mês no regime de juros compostos. C = M / (1 + i)n C = 100.000 / (1+0,0175) 15 C = $ 77.087,46 Exemplo 5.5 Um financiamento foi desenvolvido após seis meses, desembolsando $ 141.852,00. Calcule a taxa de juro mensal dessa operação sabendo que o valor recebido pelo cliente foi $ 100.000,00. i = (M / C)1/n –1 i = (141.852 / 100.000)1/6 –1 i = 0,06 Exemplo 5.6 Hoje, foram aplicados $ 10.000,00 pelo prazo de 4 trimestres, com taxa de juro de 3,5 ao trimestre. Calcule o valor do resgate considerando o regime de juros compostos. M = C x ( 1 + i )n M = 10.000 x ( 1 + 0,035 )4 = $ 11.475,23 27 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 5.7 Calcule quanto deveria ser aplicado hoje para se resgatarem $ 10.000,00 daqui a doze meses, considerando a taxa de juro constante de 2,2% ao mês no regime de juros compostos. C = M / (1 + i)n C = 10000 / (1+0,022)12 C = $ 7.701,75 Exemplo 5.8 Um investidor tem R$ 11.000,00 para aplicar durante 4 meses. Consultou um determinado banco e recebeu as propostas de investimento: • I – 2,5% de juros simples ao mês; • II – 1,3% de juros compostos ao mês; • III – resgate de R$ 11.450,00, no final de um período de quatro meses. A considerar a situação hipotética acima, e, uma vez aplicado o dinheiro, não haja retirada alguma antes de quatro meses, julgue os itens seguintes: a) Se optar pela proposta I, ele terá, no final do 1º mês, R$11.275,00. b) Se optar pela proposta I, ele terá, no final do 2º mês, mais de R$11.500,00. c) Se optar pela proposta II, ele terá, no final do 2º mês, mais de R$11.250,00. d) Para o investidor, a proposta financeiramente menos favorável é a III. 28 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Solução: C = 11000; n =4; iI = 0,025 Na proposta I, no final do primeiro mês: MI = 11000 * (1+0,025*1) MI = 11.275,00 Na proposta I, no final do segundo mês: MI = 11000 * (1+0,025*2) MI = 11.550,00 Logo, as alternativas a) e b) são verdadeiras. Solução: C = 11000; n =4; iI = 0,013 Na proposta II, no final do segundo mês: iII = 0,01 MII = 11.000 * (1+0,013)² MII = 11.287,86 Então, a alternativa c) também é verdadeira. Olhando para todas as opções de investimento, temos: MI = 11000 * (1+0,025*4) = 12.100,00 MII = 11.000 * (1+0,013) 4 = 11.583,25 • MI = 12.100,00 • MII = 11.583,25 • MIII = 11.450,00 Então, a alternativa d) também é verdadeira. 29 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 5.9 Calcule os juros compostos e o montante referentes a um capital de R$ 7.500,00 aplicado durante 6 meses à taxa de 10% a.m. C = R$ 7.500,00 i = 10% a.m. = 0,10 n = 6 meses J = ? M = ? M = C . (1 + i)n M = 7.500,00 . (1 + 0,10)6 M = 7.500,00 . 1,106 M = 7.500,00 . 1,77 M = 13.286,71 J = M – C J = 13.286,71 – 7.500,00 J = 5.786,71 ou J = C . [(1 + i)n – 1] J = 7.500,00 . [(1 + 0,10)6 – 1] J = 5.786,71 6 TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES Para compreender o significado dessas taxas, é necessário reconhecer que toda operação envolve dois prazos: • prazo a que se refere a taxa de juros; • prazo de capitalização dos juros. A fim de exemplificar, um investimento paga aos investidores uma taxa de juros de 6% ao ano, a qual é capitalizada ao principal 30 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 todo mês por meio de um percentual proporcional de 0,5% ao mês. Portanto, temos dois prazos: prazo da taxa em ano e prazo da capitalização em mês. Para uso das fórmulas da matemática financeira, é necessário expressar esses prazos diferentes, na mesma unidade de tempo. 6.1 No regime de juros simples No regime de juros simples, essa transformação é processada pela denominada taxa proporcional de juros e é obtida pela divisão entre a taxa de juros considerada na operação e o número de vezes em que ocorrerão os juros (número de períodos de capitalização). Por exemplo, para uma taxa de juros de 25% a.a., se a capitalização for definida mensalmente (ocorrerão juros 12 vezes em um ano), o percentual de juros que incidirá sobre o capital a cada mês será: Taxa proporcional = 25% / 12 = 2,083% ao mês. A aplicação de taxas proporcionais é difundida em operações de curto e curtíssimo prazo como: cálculo de juros de mora, descontos bancários, apuração de encargossobre saldo devedor de conta corrente bancária etc. As taxas de juros simples são equivalentes quando aplicadas a um mesmo capital e pelo mesmo intervalo de tempo: produzem o mesmo volume linear de juros. Exemplo 6 Em juros simples, um capital de $4.000,00, se aplicado a 5% ao mês ou 15% ao trimestre pelo prazo de um ano, produz o mesmo montante linear de juros: 31 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 J (5% a.m.) = $ 4.000,00 x 0,05 x 12 meses = $ 2.4000,00 J (15% a.t.) = $ 4.000,00 x 0,15 x 4 trimestres = $ 2.4000,00 Os juros produzidos pelas taxas lineares são iguais, portanto, equivalentes. Exemplo 6.1 Calcular a taxa de juros semestral proporcional de: 60% ao ano: Solução: i= =60 12 6 30 % . % ao semestre; 9% ao trimestre: Solução: i= =9 3 6 18 % . % ao semestre ou i=9%.2=18%. Exemplo 6.2 Demonstre se 36% ao ano é proporcional a 12% ao trimestre: Solução: 12 3 36 12 = Colocadas as taxas em proporções iguais para comparação, notamos que as taxas não são proporcionais, pois o produto dos meios (3x6) é diferente do produto dos extremos (12x12). 32 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 6.2 No regime de juros compostos No regime de juros compostos, o conceito de taxa equivalente permanece válido, diferenciando a fórmula de cálculo da taxa de juros. i iq q= + −1 1 onde: q = número de períodos de capitalização. Exemplo 6.3 Qual a taxa equivalente composta mensal de 10,3826% ao semestre? i6 6 1 0 103826 1= + −, i6 6 1103826 1 1 0166 1 0 0166= − = − =, , , ou 1,66% A um mesmo capital e prazo de aplicação, é financeiramente indiferente o rendimento de 1,66% ao mês ou 10,3826% ao semestre. A fim de demonstrar, usaremos um exemplo de aplicação de $ 50.000,00 aplicado por dois anos: Para i = 1,66% e n = 24 meses: M = 50.000,00 (1,0166)24 = $ 74.228,81 Para i = 10,3826% e n = 4 semestres: M = 50.000,00 (1,103826)4 = $ 74.228,81 33 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 6.4 A taxa Selic anual (do dia 8 de junho de 2004) foi de 15,84%. Calcule a taxa equivalente diária. i ia= + −( )1 1 1 252 ou i ia= + −1 1 252 (essas fórmulas são as mesmas!) i= + −( , )1 0 1584 1 1 252 = 0,00058366 Resposta: para as aplicações no mercado financeiro, em setembro de 2000, o Banco Central do Brasil definiu que o número de dias úteis do ano é de 252 dias. A taxa equivalente diária no regime de juros compostos com 252 dias úteis por ano é 0,0005837 ou 0,05837% ao dia útil. Exercício 6.5 No dia 1 de fevereiro de 2005, a operação foi fechada com taxa diária 0,066509%. Calcule a taxa equivalente anual. i=(1+id) 252–1 i=(1+0,00066509)252–1 i=0,1824008 Resposta: a taxa equivalente anual no regime de juros compostos considerando 252 dias úteis por ano é 0,1824 ou 18,24% ao ano de 252 dias úteis. Exercício 6.6 A taxa de juros de um financiamento está fixada em 4,2% a.m. em determinado instante. Qual a taxa acumulada para um ano? 34 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 i=(1+im) 12–1 i=(1+0,042)12–1 64% a.a. Exercício 6.7 A taxa de juros de um financiamento está fixada em 3,3% a.m. em determinado momento. Qual o percentual desta taxa acumulada para um ano? Capitalizar as seguintes taxas: • 2,3 % ao mês para um ano: ia=(1+0,023) 12–1 = 31,37% a.a. • 0,14% ao dia para 23 dias: id=(1+0,0014) 23–1 = 3,27% para 23 dias. • 7,45% ao trimestre para um ano: ia=(1+0,0745) 4–1 = 33,30% a.a • 6,75% ao semestre para um ano: ia=(1+0,0675) 2–1= 13,96% a.a. Exercício 6.8 Calcular a taxa equivalente composta a 34% ao ano para os seguintes prazos: • 1 mês: im = + −( , )1 0 34 1 1 12 = 2,47% a.m. • 1 quadrimestre: iq = + −( , )1 0 34 1 1 3 = 10,25% a.q. 35 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 • 1 semestre: is = + −( , )1 0 34 1 1 2 = 15,76% a.s. • 5 meses: im = + −( , )1 0 34 1 5 12 = 12,97% para 5 meses. • 10 meses: im = + −( , )1 0 34 1 10 12 = 27,62% para 10 meses. Exercício 6.9 Quais as taxas de juros compostos mensal e trimestral equivalentes a 25% ao ano? Solução: Taxa de juros equivalente mensal: i = 25% ao ano; q = 1 ano (12 meses) i12 121 0 25 1= + −, i12 12125 1= −, i12=1,877% a.m. Taxa de juros equivalente trimestral: q = 1 ano (4 trimestres) i4 4 1 0 25 1= + −, 36 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 i4 4 125 1= −, i4=5,737% a.t. 7 DESCONTO SIMPLES RACIONAL OU “POR DENTRO” Desconto simples racional, também chamado de desconto “por dentro”, assume os conceitos e relações básicas de juros simples. Dessa forma, Dr é o valor do desconto racional, C é o capital (ou valor atual), i é a taxa periódica de juros e n é o prazo do desconto (número de períodos em que o título é negociado antes de seu vencimento), tem-se abaixo a expressão de juros simples: Dr = C x i x n Pela definição de desconto, e incorporando o conceito de valor descontado no lugar do capital no cálculo do desconto, obtém-se: Dr = N – Vr Sendo que N é o valor nominal (ou valor de resgate ou montante) e Vr é o valor descontado racional (ou valor atual) na data da operação. Como: V C N i nr = = + ×1 Algebricamente, obtém-se o valor do desconto racional a juros simples: 37 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 D N N i n N i n N i n N N i n N i nr = − + × = + ×( ) − + × = + × × − + ×1 1 1 1 D N i n i nr = × × + ×1 O valor descontado é obtido pela seguinte expressão: Vr = N – Dr V N N i n i n N i n N i n i n N N i n N i n i nr = − × × + × = + ×( ) − × × + × = + × × − × × + ×1 1 1 1 V N i nr = + ×1 No desconto racional, o juro incide sobre o capital do título. A taxa de juro (desconte) cobrada representa o custo efetivo de todo o período do desconto. Exemplo 7 Seja um título de valor de $ 3.500,00 vencível em um ano, que está sendo liquidado 2 meses antes de seu vencimento. Sendo 48% a.a. a taxa nominal de juros corrente, pede-se calcular o desconto e o valor descontado. Solução (graficamente): N=$3.500,00Vr i=48% a.a. 4% a.m. 0 10 12 (meses) Desconto: D N i n i nr = × × + ×1 38 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Dr = × × + × = =3 500 00 0 04 2 1 0 04 2 280 00 1 08 259 26 . , , , , , $ , Valor descontado: Vr = N – Dr Vr = 3.500,00 – 259,29 = $ 3.240,71 ou V N i nr = + ×1 Vr = + × =3 500 00 1 0 04 2 . , , $ 3.240,71 Para o devedor, $ 259,26 representa o valor que está deixando de pagar por quitar a dívida antecipadamente. O valor líquido do pagamento (valor descontado) é de $ 3.240,71. Exemplo 7.1 Determinar a taxa mensal de desconto racional de um título negociado 90 dias antes de seu vencimento. O valor de resgate é $ 28.800,00 e valor atual na data do desconto é de $ 25.235,10. Solução: sabe-se que no desconto racional o desconto é aplicado sobre o valor atual dotítulo, ou seja, sobre o capital liberado. Dr = Vr x i x n e i D V n r r = × i Vr = − × = =28 800 00 25 235 10 3 1 563 90 48 872 20 0 047 25 23510 . , . , . , . , , . , 008 ou 4,708% a.m. 39 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 8 DESCONTO BANCÁRIO OU COMERCIAL OU “POR FORA” Esse tipo de desconto, simplificadamente, por incidir sobre o valor nominal (valor de resgate) do título, proporciona maior volume de encargos financeiros efetivos nas operações. A modalidade de desconto “por fora” é amplamente adotada pelo mercado em operações de crédito bancário e comercial em curto prazo. O valor desse desconto (desconto por fora) DF no regime de juros simples é determinado pelo produto do valor nominal do título (N), da taxa de desconto periódica “por fora” contratada na operação (d) e do prazo de antecipação definido para o desconto (n). Isto é: DF = N x d x n O valor descontado “por fora” (VF), aplicando-se a definição, é obtido: VF = N – DF VF = N – N x d x n VF=N(1–d x n) Exemplo 8 Determinar a taxa de desconto “por fora” de um título negociado 90 dias antes de seu vencimento, sendo seu valor de resgate igual a $ 27.500,00 e valor atual na data do desconto de $ 21.225,10. Solução: N=$27.500,00VF=$21.225,10 t – 3 t (meses) n = 3 meses 40 Unidade I Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 DF = N – VF DF = 27.500,00 – 21.225,10 ⇒ DF = $ 6.274,90 DF = N x d x n 6.274,90 = 27.500,00 x d x 3 6.274,90 = 82.500,00 x d d = =6.274,90 82 500 00 0 07606 . , , ou 7,606% ao mês Exemplo 8.1 Qual o valor do desconto bancário de uma duplicata de R$ 100,00 descontado 60 dias antes do vencimento, à taxa de desconto de 0,2% a.d.? Db = ? N = R$ 100,00 i = 0,2% a.d. = 0,002 a.d. n = 60 dias Db = N . i . n Db = 100,00 x 0,002 x 60 Db = R$ 12,00 O valor do desconto bancário é de R$ 12,00. Exercício 8.2 Uma empresa emitiu uma duplicata de R$ 7.500,00 a vencer em 03 de abril. No dia 19 de janeiro, descontou o título num banco que cobra 2,5% a.m. de desconto bancário. Calcular o valor de resgate do título. 41 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 N = R$ 7.500,00 C = ? i = 2,5% a.m. = 0,025 a.m. n = 74 dias C = N (1 – i . n) C = 7.500,00 × − × 1 0 025 74 30 , C = 7.500,00 x (1 – 0,061667) C = 7.500,00 x 0,938333 C = 7.037,50 O valor do resgate é R$ 7.037,50. 42 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Unidade II5 10 15 20 25 30 35 9 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Os sistemas de amortização são desenvolvidos basicamente para operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo, envolvendo desembolsos periódicos do principal e encargos financeiros. Sistema Financeiro da Habitação (SFH) Criado em 1964, com o objetivo de viabilizar a concessão de financiamentos de longo prazo para aquisição da casa própria, o Sistema Financeiro da Habitação é composto por um complexo conjunto de leis e regras próprias que definem as condições da concessão do financiamento em cada época. A concessão de um financiamento inicia-se com a procura, pelos interessados, de um agente financeiro. Os recursos para o financiamento podem ser oriundos das contas vinculadas do FGTS, do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), demais Fundos ou mesmo recursos próprios do agente financeiro. A hipoteca do imóvel é a garantia do financiamento. Na vigência deste sistema, foram criados planos e formas de reajuste de prestações, com benefícios aos tomadores, que causaram o descasamento entre saldo e prestação, tendo um grande déficit a ser coberto pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). Fonte: Banco Central do Brasil1 1 Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SFH>. Acesso em 4 dez. de 2010. 43 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Há várias maneiras de amortizar uma dívida. É imprescindível, para cada operação, as partes estabelecerem contrato a fim de esclarecer as formas, taxas e afins para o acerto da antecipação do montante e quitação da dívida. Uma característica fundamental dos sistemas de amortização é a utilização exclusiva do critério de juros compostos, incidindo os juros exclusivamente sobre o saldo devedor (montante) apurado em período imediatamente anterior. Para cada sistema de amortização, é construída uma planilha financeira, a qual relaciona, dentro de certa padronização, os diversos fluxos de pagamentos e recebimentos. São consideradas também modalidades de pagamento com e sem carência. Na carência, não há pagamento do principal, sendo pagos somente os juros. Eventualmente, os juros podem ser capitalizados durante o prazo de carência. Os sistemas de amortização mais usados no mercado são: a) Sistema de Amortização Constante – SAC; b) Sistema de Amortização Francês (Price) – SAF; c) Sistema de Amortização Misto – SAM; d) Sistema de Amortização Americano – SAA; e) Sistema de amortização Crescente – SACRE; f) Sistema de Amortização Variável (parcelas intermediárias). 9.1 Definições básicas Os sistemas de amortização de empréstimos e financiamentos tratam da forma pela qual o principal e os encargos financeiros são restituídos ao credor do capital. 44 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Antes do estudo desses sistemas, é importante definir os principais termos empregados nas operações de empréstimos e financiamentos. Encargos financeiros: representam os juros da operação, caracterizados como custo para o devedor e retorno para o credor. Eles podem ser prefixados ou pós-fixados. O que distingue essas duas modalidades é a correção (indexação) da dívida em função de uma expectativa (prefixação) ou verificação posterior (pós-fixação) do comportamento de determinado indexador. Nas operações pós-fixadas, há um desmembramento dos encargos financeiros em juros e correção monetária (ou variação cambial, no caso da dívida ser expressa em moeda estrangeira) que vier a se verificar no futuro; e nas prefixadas estipula-se uma taxa única, a qual incorpora evidentemente uma expectativa inflacionária, para todo o horizonte de tempo. Dessa forma, para uma operação pós-fixada, a taxa de juros contratada é a taxa definida como real, isto é, aquela situada acima do índice de inflação verificado no período. Além do encargo real da taxa de juros, as operações pós-fixadas preveem também a correção monetária (ou variação cambial) do saldo devedor da dívida, o que representa normalmente a recuperação da perda de poder aquisitivo (desvalorização perante a inflação) da parte do capital emprestado e ainda não restituído. Nas operações prefixadas, os encargos financeiros são medidos por uma única taxa, a qual engloba os juros exigidos pelo emprestador e a expectativa inflacionária (correção monetária) para o período em vigência. Amortização: refere-se exclusivamente ao pagamento do principal (capital emprestado), o qual é efetuado, 45 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 geralmente, mediante parcelas periódicas. Alguns tipos de empréstimos permitem que o capital emprestado seja amortizadopor meio de um único pagamento ao final do período. Essa situação é descrita no sistema de amortização americano. Saldo devedor: representa o valor do principal da dívida, em determinado momento, após a dedução do valor pago ao credor a titulo de amortização. Prestação: composto do valor da amortização mais encargos financeiros devidos em determinado período de tempo. Prestação = Amortização + Encargos financeiros Carência: muitas operações de empréstimos e financiamentos preveem um diferenciamento na data convencional do início dos pagamentos. Por exemplo, ao tomar um empréstimo por quatro anos, a ser restituído em prestações trimestrais, o primeiro pagamento ocorrerá normalmente três meses (um trimestre) após a liberação dos recursos, vencendo as demais ao final de cada um dos trimestres subsequentes. Pode ocorrer um deferimento (carência) no pagamento da primeira prestação, iniciando nove meses após o recebimento do capital emprestado. Nesse caso, diz-se que a carência corresponde a dois trimestres, ou seja, ela equivale ao prazo verificado entre a data convencional de início de pagamento (final do primeiro trimestre) e a do final do 9º mês. Carência significa a postergação só do principal, excluídos os juros. Os encargos financeiros podem, dependendo das condições contratuais, serem pagos ou não durante a carência. É mais comum o pagamento dos juros durante o período de carência. Na hipótese de decidir pela carência de juros, os mesmos são capitalizados e pagos junto à primeira parcela de amortização do principal ou distribuídos para as várias datas pactuadas de pagamento. 46 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Características: • basicamente desenvolvidos para operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo, envolvendo amortizações periódicas do principal e encargos financeiros (juros da operação); • utilizam exclusivamente o critério de juros compostos, incidindo os juros sobre o saldo devedor apurado em período imediatamente anterior; • cada sistema de amortização obedece certa padronização, tanto nos desembolsos, quanto nos reembolsos; • podem ter ou não carência, sendo que, no período de carência, normalmente são pagos os juros. 10 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) O sistema de amortização constante tem como característica básica serem as amortizações do principal sempre iguais em todo o prazo da operação. O valor da amortização é facilmente obtido mediante a divisão do capital emprestado pelo número de prestações. Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, cujo montante decresce após o pagamento de cada amortização, assumem valores decrescentes nos períodos. Em consequência do comportamento da amortização e dos juros, as prestações periódicas e sucessivas do SAC são decrescentes em progressão aritmética. Exemplo 10 Admita o empréstimo de $ 100.000,00, dentro de um prazo de 10 anos, em 20 prestações semestrais. Desconsidere a existência de um prazo de carência. Foram considerados juros de 7% a.s. 47 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 95.000 5.000 6.650,00 11.650,00 2 90.000 5.000 6.300,00 11.300,00 3 85.000 5.000 5.950,00 10.950,00 4 80.000 5.000 5.600,00 10.600,00 5 75.000 5.000 5.250,00 10.250,00 6 70.000 5.000 4.900,00 9.900,00 7 65.000 5.000 4.550,00 9.550,00 8 60.000 5.000 4.200,00 9.200,00 9 55.000 5.000 3.850,00 8.850,00 10 50.000 5.000 3.500,00 8.500,00 11 45.000 5.000 3.150,00 8.150,00 12 40.000 5.000 2.800,00 7.800,00 13 35.000 5.000 2.450,00 7.450,00 14 30.000 5.000 2.100,00 7.100,00 15 25.000 5.000 1.750,00 6.750,00 16 20.000 5.000 1.400,00 6.400,00 17 15.000 5.000 1.050,00 6.050,00 18 10.000 5.000 700,00 5.700,00 19 5.000 5.000 350,00 5.350,00 20 0 5.000 0,00 5.000,00 Total – 100.000 66.500,00 166.500,00 O SAC determina que a restituição do principal (capital emprestado) seja efetuada em parcelas iguais. Assim, o valor de cada amortização devida semestralmente é calculado pela simples divisão do principal e o número fixado de prestações, ou seja: Amortização = valor do empréstimo / nº de prestações Amortização = 100.000 / 10 Amortização = 10.000 / semestre 48 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Os pagamentos desses valores determinam decréscimos iguais e constantes no saldo devedor em cada um dos períodos, ocasionando reduções nos valores semestrais dos juros e das prestações. Nesse exemplo, para o cálculo de juros, trabalhou-se, como é mais comum nessas operações de crédito de médio e longo prazos, com a taxa equivalente composta. Assim, para uma taxa equivalente nominal de 30% ao ano, conforme a taxa equivalente semestral atinge: Taxa equivalente semestral de 30% a.a. = 130, – 1 = 14.0175% a.s. Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor imediatamente anterior, apresentam valores aritmeticamente decrescentes, conforme são apurados na penúltima coluna da tabela exemplificada acima. Para o final do primeiro semestre, os encargos financeiros somam: 14,0175% x 100.000 = $ 14.017,50; para o final do segundo semestre: 14,0175% x 90.000 = $ 12.615,80; para o final do terceiro semestre: 14,0175% x 80000 = $ 11.214,00; e assim por diante. Soma-se, para cada período, o valor da prestação semestral do financiamento. Assim, para o primeiro semestre, a prestação atinge: $ 10.000,00 + $ 14.017,50 = $ 24.017,50; para o segundo semestre: $ 10.000,00 + $ 12.615,80 = $ 22.615,80. Pode ser observado, uma vez mais, que a diminuição de $ 1.401,70 no valor dos juros em cada período é explicada pelo fato de as amortizações (fixas) reduzirem o saldo devedor da dívida (base de cálculo dos juros) semestralmente em $ 10.000,00. Essa diminuição provoca, em consequência, uma redução nos juros equivalente: 14,017% x 10.000,00 = 1401,70. 49 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 10.1 Expressões de cálculo do SAC São desenvolvidas, a seguir, as expressões genéricas de cálculo de cada parcela da planilha do sistema de amortização constante. Amortização (Amort): os valores são sempre iguais e obtidos por: Amort PV n = Onde: PV = principal (valor do financiamento); n = número de prestações. Logo: PV n Amort Amort Amort Amortn= = = = =1 2 3 ... PV = Amort1 + Amort2 + Amort3 + ... + Amortn Saldo devedor (SD): é decrescente em PA (progressão aritmética) pelo valor constante da amortização. Logo, a redução periódica do SD é: PV n . Juros (J): pela redução constante do saldo devedor, os juros diminuem linearmente ao longo do tempo, comportando-se como uma PA decrescente. O valor periódico da redução é: (P/n) x i, sendo i a taxa de juros. A expressão de cálculo dos juros: J PV n x n t xi1 1= − +( ) 50 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Prestação (PMT): soma da amortização com juros e com encargos administrativos, que deve ser analisada em cada situação de empréstimo com a instituição financeira. PMT=Amort + J (não consideraremos encargos administrativos nesse modelo). Algebricamente: PMT PV n n t i= + − +.[ ( ). ]1 1 Exemplo 10.1 PV = 100.000,00; n = 5 anos; i = 30% ao ano. Calcular o valor da prestação no 5º semestre: PMT5 100 000 10 1 10 5 1 0 140175= + − +. .[ ( ). , ]PMT5=10.000.[1+6x0,140175] PMT5=18.410,50 10.2 SAC com carência A ilustração desenvolvida na tabela anterior não previu existência de prazo de carência para a amortização do empréstimo. Ao supor uma carência de dois anos (contada a partir do final do primeiro semestre), por exemplo, três situações podem ocorrer: a) os juros são pagos durante a carência; 51 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 b) os juros são capitalizados e pagos totalmente quando do vencimento da primeira amortização; c) os juros são capitalizados e acrescidos ao saldo devedor gerando um fluxo de amortizações de maior valor. Exemplo 10.2 A próxima tabela demonstra uma situação em que os juros são pagos durante a carência estipulada. Ao final dos quatro primeiro semestres, a prestação, constituída unicamente dos encargos financeiros, atinge $ 14.017,50, ou seja: 14,0175% x $ 100.000,00. A partir do quinto semestre, tendo sido encerrada a carência de dois anos, inicia-se a amortização do principal emprestado, sendo o fluxo de prestações, deste momento em diante, idêntico ao desenvolvido no exemplo anterior. SAC com carência (2 anos) e pagamento dos juros Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 100.000 – 14.017,50 14.017,50 2 100.000 – 14.017,50 14.017,50 3 100.000 – 14.017,50 14.017,50 4 100.000 – 14.017,50 14.017,50 5 90.000 10.000 14.017,50 24.017,5 6 80.000 10.000 12.615,80 22.615,80 7 70.000 10.000 11.214,00 21.214,00 8 60.000 10.000 9.812,30 19.812,30 9 50.000 10.000 8.410,50 18.410,50 10 40.000 10.000 7.008,80 17.008,80 11 30.000 10.000 5.607,00 15,607,00 12 20.000 10.000 4.205,30 14.205,30 13 10.000 10.000 2.803,50 12.803,50 14 – 10.000 1.401,80 11.401,80 TOTAL – 100.000 133.166,50 233.166,50 52 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 10.3 SAC com carência (02 anos) e capitalização dos juros Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 114.017,50 – – – 2 129.999,90 – – – 3 148.222,60 – – – 4 168.999,70 – – – 5 90.000 10.000 92.689,30 102.689,30 6 80.000 10.000 12.615,80 22.615,80 7 70.000 10.000 11.214,00 21.214,00 8 60.000 10.000 9.812,30 19.812,30 9 50.000 10.000 8.410,50 18.410,50 10 40.000 10.000 7.008,80 17.008,80 11 30.000 10.000 5.607,00 15,607,00 12 20.000 10.000 4.205,30 14.205,30 13 10.000 10.000 2.803,50 12.803,50 14 – 10.000 1.401,80 11.401,80 TOTAL – 100.000 155.768,30 255.768,30 Exemplo 10.4 SAC com carência (02 anos) com juros capitalizados e acrescidos ao saldo devedor Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 114.017,50 – – – 2 129.999,90 – – – 3 148.222,60 – – – 4 168.999,70 – – – 5 152.100,00 16.900 23.689,60 40.589,60 6 135.200,00 16.900 21.320,60 38.220,60 53 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 7 118.300,00 16.900 18.951,70 35.851,70 8 101.400,00 16.900 16.582,70 33.482,70 9 84.500,00 16.900 14.213,70 31.113,70 10 67.600,00 16.900 11.844,80 28.744,80 11 50.700,00 16.900 9.475,80 26.375,80 12 33.800,00 16.900 7.106,90 24.006,90 13 16.900,00 16.900 4.737,90 21.637,90 14 – 16.900 2.369,00 19.269,00 TOTAL – 169.000,00 130.292,70 299.292,70 O quadro do exemplo 10.2 ilustra o plano de amortização da dívida na hipótese dos juros não serem pagos durante a carência. Nesse caso, os encargos são capitalizados, segundo o critério de juros compostos, e devidos integralmente quando do vencimento da primeira parcela de amortização. Exemplo 10.5 Um banco concede um financiamento de $660.000,00 para ser liquidado em 8 pagamentos mensais pelo SAC. A operação é realizada com uma carência de 3 meses, sendo somente os juros pagos nesse período. Para uma taxa efetiva de juros de 2,5% ao mês, elaborar a planilha de desembolsos desse financiamento. Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 R$660.000 – – – 1 R$660.000 – R$16.500 R$16.500 2 R$660.000 – R$16.500 R$16.500 3 R$660.000 – R$16.500 R$16.500 4 R$577.500 R$ 82.500 R$16.500 R$99.000 5 R$495.000 R$ 82.500 R$14.438 R$96.938 6 R$412.500 R$ 82.500 R$12.375 R$94.875 7 R$330.000 R$ 82.500 R$10.313 R$92.813 8 R$247.500 R$ 82.500 R$ 8.250 R$90.750 9 R$165.000 R$ 82.500 R$ 6.188 R$88.688 10 R$82.500 R$ 82.500 R$ 4.125 R$86.625 11 – R$ 82.500 R$ 2.063 R$84.563 TOTAL – R$ 660.000 R$123.750 R$83.750 54 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Exemplo 10.6 Empréstimo ou financiamento: R$ 100.000,00 (Capital, principal, PV); Prazo: 10 anos Taxa de juros: 25% a.a. (efetiva). Período Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 0 100.000,00 – – 1 90.000,00 10.000,00 25.000,00 35.000,00 2 80.000,00 10.000,00 22.500,00 32.500,00 3 70.000,00 10.000,00 20.000,00 30.000,00 4 60.000,00 10.000,00 17.500,00 27.500,00 5 50.000,00 10.000,00 15.000,00 25.000,00 6 40.000,00 10.000,00 12.500,00 22.500,00 7 30.000,00 10.000,00 10.000,00 20.000,00 8 20.000,00 10.000,00 7.500,00 17.500,00 9 10.000,00 10.000,00 5.000,00 15.000,00 10 – 10.000,00 2.500,00 12.500,00 Total – 100.000,00 137.500,00 237.500,00 11 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS O sistema de amortização francês (SAF), amplamente adotado no mercado financeiro do Brasil, estipula que as prestações devem ser iguais, periódicas e sucessivas. Equivale, em outras palavras, ao modelo-padrão de fluxos de caixa. Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, são decrescentes, e as parcelas de amortização assumem valores crescentes. 55 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 No SAF, os juros decrescem e as amortizações crescem ao longo do tempo. A soma dessas duas parcelas permanece sempre igual ao valor da prestação. Para exemplificar, a planilha financeira desse sistema, a qual é mais bem-elaborada partindo-se da última coluna para a primeira. Isto é, calculam-se inicialmente as prestações e posteriormente, para cada período os juros, as parcelas de amortização e o respectivo saldo devedor. Exemplo 11 SAF sem carência Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 94.833,10 5.166,90 14.017,50 19.184,40 2 88.941,80 5.891,20 13.293,20 19.184,40 3 82.224,80 6.717,00 12.467,40 19.184,40 4 74.566,20 7.658,60 11.525,90 19.184,40 5 65.834,10 8.732,10 10.452,30 19.184,40 6 55.877,90 9.956,20 9.228,30 19.184,40 7 44.526,20 11.351,80 7.832,70 19.184,40 8 31.583,20 12.943,00 6.241,50 19.184,40 9 16.825,90 14.757,30 4.427,20 19.184,40 10 – 16.825,90 2.358,60 19.184,40 Total – 100.000 91.844,00 191.844,00 As prestações semestrais são determinadas pela aplicação da fórmula de valor presente do modelo –padrão. PV = PMT x FPV (i,n) Onde: PV = valor presente; PMT = valor da prestação periódica, igual e sucessiva; 56 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 FPV = fator de valor presente, sendo: FPV i i n = − + −1 1( ) Substituindo os valores do exemplo ilustrativo na equação, tem-se: 100 000 00 1 1140175 0 140175 10 . , ( , ) , = − − PMT x PMT = $ 19.184,40/semestre.Os demais valores da planilha são mensurados de forma sequencial em cada um dos períodos. Assim, para o primeiro semestre, têm-se: • Juros (calculados sobre o saldo devedor imediatamente anterior): 14,0175% x 100.000,00 = $ 14.017,50. • Amortização (obtida pela diferença entre o valor da prestação e dos juros acumulados para o período): $19.184,40 – $14.017,50 = $5.166,90. • Saldo devedor (saldo anterior no momento zero – parcela de amortização do semestre) $100.000,00 – $5.166,90 = $94.833,10. Para o segundo semestre, os cálculos são os seguintes. • Juros: 14,0175% x $94.833,70 = $13.293,20. • Amortização: $19.184,40 – $13.293,20 = $5.891,20. • Saldo devedor: $94.833,10 – $5.891,20 = $88.941,90, e assim por diante. 57 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 11.1 Expressões de cálculo do SAF No Sistema Francês de Amortização, as prestações são constantes, os juros decrescentes e as amortizações são exponencialmente crescentes ao longo do tempo. As expressões básicas de cálculo desses valores são desenvolvidas a seguir. Amortização (Amort): é obtida pela diferença entre o valor da prestação e os juros: Amort = PMT – J A amortização do primeiro período é expressa: Amort1 = PMT – J1, o que equivale a: Amort1 = PMT – (PV x i). Como o seu crescimento é exponencial no tempo, o valor da amortização num momento t qualquer é calculado: Amort1 = Amort1 x (1 + i) t–1 Por exemplo, o valor da amortização no quarto semestre atinge: Amort4 = 5.166,90 x (1 + 0,140175) 4–1 Amort4 = 7.658,60 Prestação (PMT): conforme demonstrado, o valor da prestação é calculado mediante a aplicação da fórmula do valor presente desenvolvida para o modelo-padrão de fluxos de caixa: PMT PV FPV i n = 1 ( , ) 58 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Onde: FPV i n i i n , ( )( ) = − + −1 1 Saldo devedor (SD): para cada período, é calculado pela diferença entre o valor devido no início do intervalo de tempo e a amortização do período. Logo, para uma dada taxa de juros, o saldo devedor de qualquer período é apurado: SDt = PMT x FPV (i, n – t) Por exemplo, o saldo devedor no sexto semestre do financiamento atinge: SD6 = 19.184,40 x FPV (14,175%, 10 – 6) SD6 = 55.877,90 Juros (J): incidem sobre o saldo devedor apurado no início de cada período (ou ao final de cada período imediatamente anterior). A expressão de cálculo de juros pode ser ilustrada: J1 = SD0 x i = PV x i J2 = SD1 x i = (PV – Amort) x i J3 = SD2 x I = (PV – Amort1 – Amort2) x i E assim sucessivamente. 11.2 SAF com carência De modo idêntico aos demais sistemas, no SAF, podem-se verificar períodos de carência, nos quais, ainda, os encargos financeiros podem ser pagos ou capitalizados. 59 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 A seguir, está ilustrada a situação em que os juros são pagos durante a carência e capitalizados para resgate posterior (juntamente às prestações). Exemplo 11.1 SAF com carência (2 anos) e pagamentos dos juros Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 100.000 – – – 1 100.000 – 14.017,50 14.017,50 2 100.000 – 14.017,50 14.017,50 3 100.000 – 14.017,50 14.017,50 4 100.000 – 14.017,50 14.017,50 5 94.833,10 5.166,90 14.017,50 19.184,40 6 88.941,80 5.891,20 13.293,20 19.184,40 7 82.224,80 6.717,00 12.467,40 19.184,40 8 74.566,20 7.658,60 11.525,90 19.184,40 9 65.834,10 8.732,10 10.452,30 19.184,40 10 55.877,90 9.956,20 9.228,30 19.184,40 11 44.526,20 11.351,80 7.832,70 19.184,40 12 31.583,20 12.943,00 6.241,50 19.184,40 13 16.825,90 14.757,30 4.427,20 19.184,40 14 – 16.825,90 2.358,60 19.184,40 TOTAL – 100.000,00 91.844,00 191.844,00 O sistema francês, com carência e pagamento dos juros no período, segue basicamente o mesmo esquema anterior (SAF sem carência), diferenciando-se unicamente nas prestações dos quatro primeiros semestres (carência). Nestes períodos, estão previstos somente pagamentos de $ 14.017,50 referentes aos juros do principal não amortizado (14,0175% x $ 100.000,00). Para os demais semestres, o raciocínio é idêntico ao formulado anteriormente, apurando-se prestações com valores constantes, juros decrescentes e amortizações crescentes. 60 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 No quadro SAF com carência, está prevista a capitalização dos juros durante o período de carência de quatro semestres. Somando-se este montante ao saldo devedor, tem-se um novo valor ao final do quarto semestre de $169.000,00, o qual serve de base para o cálculo das prestações com vencimento a partir do quinto semestre, ou seja: Saldo devedor (4º semestre) que serve de base para o cálculo das prestações após o período de carência (5º semestre): $ 100.000,00 x (1,140175)4 = $ 169.000,00 Prestação (PMT) semestral a ser paga a partir do 5º semestre. PV PMT x i i n = − + −1 1( ) 169 000 1 1140175 0 140175 10 . ( , ) , = − − PMT x 169.000 = PMT x 5,212555 PMT = 169.000 / 5,212555 = $ 32.421,70 / semestre O preenchimento da planilha financeira a partir do final do período de carência é análogo ao proposto anteriormente. Exemplo 11.2 Um equipamento no valor de $ 1.200.000,00 será financiado por um banco pelo prazo de 6 anos. A taxa de juros contratada é de 15% ao ano, e as amortizações anuais são efetuadas pelo sistema francês. O banco concede uma carência de 2 anos para o inicio dos pagamentos, sendo os juros cobrados nesse intervalo. 61 MATEMÁTICA FINANCEIRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /1 2/ 10 Períodos (semestres) Saldo devedor ($) Amortização ($) Juros ($) Prestação ($) 0 1.200.000,00 – – – 1 1.200.000,00 – 180.000,00 180.000,00 2 1.200.000,00 – 180.000,00 180.000,00 3 1.200.000,00 137.084,00 180.000,00 317.084,00 4 1.042.353,00 157.647,00 159.437,00 317.084,00 5 723.975,00 181.294,00 135.790,00 317.084,00 6 515.487,00 208.488,00 108.596,00 317.084,00 7 275.726,00 239.761,00 77.323,00 317.084,00 8 – 275.726,00 41.358,00 317.084,00 TOTAL – 1.200.000,00 1.062.504,00 2.262.504,00 12 TABELA PRICE O sistema Price de Amortização (ou Tabela Price) representa uma variante do sistema francês. Na realidade, o sistema francês, desenvolvido originalmente pelo inglês Richard Price, assumiu esta denominação pelo seu uso amplamente generalizado na França no século passado. O sistema Price, fundamentalmente adotado quando os períodos das prestações (normalmente mensais, mas não necessariamente) se apresentarem menores que o da taxa de juros, tem como característica básica o uso da taxa proporcional (linear) simples em vez da taxa equivalente composta de juros. No exemplo ilustrativo geral proposto, utilizou-se a taxa equivalente semestral de 14,0175% para o cálculo dos juros no sistema francês (e no SAC também). Este percentual, conforme estudado no capítulo 2, quando capitalizado para um ano, é igual à taxa de 30% de acordo com o estabelecido na operação de empréstimo [(1,140175) – 1 = 30%]. No entanto, se fosse utilizada a denominada Tabela Price no plano de amortização da dívida, a taxa semestral a ser considerada seria a taxa proporcional simples de 15% (30%/2), a qual, quando 62 Unidade II Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : M ár ci o
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