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A história do Testamento

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A história do Testamento
Seu significado e um breve resumo histórico
O que é o Testamento?
Acerca do significado de Testamento (do latim Testamentum, de Testor = atestação da mente ou da vontade; ou de testis = testemunho) o Dicionário Jurídico Referenciado o define como “Ato personalíssimo, unilateral, solene e revogável, pelo qual alguém, segundo as prescrições da lei, dispõe total ou parcialmente de seu patrimônio para depois de sua morte, ou nomeia tutores para os seus filhos, ou reconhece filhos naturais, ou faz declarações de última vontade. Das definições clássicas, encontram-se a de MODESTINO (Legítima manifestação de nossa vontade, para vigorar depois de nossa morte, a de ULPIANO (Testamento é a justa manifestação de nossa mente, feita de modo solene e vale depois de nossa morte. Também faz-se notável a definição do autor PONTES DE MIRANDA (Testamento é o ato pelo qual a vontade de alguém, declarada para o caso de morte, cria, transmite ou extingue direitos.
O Testamento através das eras
Tempos primitivos
Segundo GOUVÊA PINTO, “a origem dos Testamentos se perde na escuridão dos tempO”, afirmando ainda que a prática da sucessão de bens começou com os hebreus, egípcios (contestada) e gregos. A mais antiga manifestação de Testamento se encontra no ato de Noé, que, por ordem de Deus, divide o Universo entre seus três filhos, Jafé, Sem e Cam. Por ser considerada apócrifa, esta versão não é encontrada nas Sagradas Escrituras. Mas encontram-se outros atos testamentários na Bíblia, como o caso em que o Patriarca Abraão constitui Eliézer, seu servo, herdeiro; e depois, disso, seu filho Isaque e, aos filhos de suas concubinas, apenas presentes (legados particulares). Também no livro de Gênesis, encontra-se o caso em que Jacó altera a ordem de sucessão, dando ao seu filho mais novo, José, a parte dobrada em relação aos outros irmãos, galardoando os seus netos[6]. Na Grécia, o Testamento somente apareceu depois das reformas de Sólon (para a cidade de Atenas) e da Guerra do Peloponeso (para a cidade de Esparta).
O Testamento apoia-se na instituição da propriedade privada, já que, se um bem for de comum uso a todos, não há o que se falar em sucessão.
Testamento Romano
Em Roma, o Testamento medrou, adquiriu corpo definido através de múltiplos aperfeiçoamentos, com os quais adquiriu as características que se conhecem hoje. Pode-se dizer, com convicção, que o Testamento é uma invenção dos Romanos. No Direito Clássico, eram conhecidas duas formas de Testamento: o Calatis comitiis (ou Testamento Comicial) e o deProcintu. O primeiro era aquele de cunho aristocrático e se fazia perante assembleias convocadas – ou comitia curati – e tinham caráter pacifico. Era exclusiva aos nobres e não acessível a plebeus. Apenas posteriormente surgiu o testamento para o “povo” (Plebeus), chamado de per aes et libram, que ocorria através da venda ficta (ou MANCIPAÇÃO) ao “comprador” da herança (familiae emptor).
Nesses modos iniciais, não havia as divisões das características basilares dos Testamentos, vindo a misturar aspectos contratuais (per aes et libram) - ou importavam em derrogação de leis (calatis comitiis) -, demandando a intercessão do legislador. Deviam abranger instituição de Herdeiro e comportar todos os bens do Testador, qualidades estas que perduram, no Testamento Romano, a despeito de alterações ulteriores.
Através de Pretores (Pretor era o magistrado encarregado da administração de Justiça) e Justiniano, as formas supracitadas se simplificaram, restringido o Testamento a simples escrito, do qual participavam sete testemunhas (daí o Testamento Pretoriano), que assinavam o mesmo, acrescentando suas chancelas ou sinetes. Segundo asInstitutas, tal testamento tem tergémina origem: Direito Civil, Editos de Pretores e Constituições Imperiais (testamento tripertitum).
Já a modalidade Procintu era o Testamento que se fazia nas guerras ou batalhas iminentes, nos campos de batalha, sobretudo pelos feridos em combate. Dele vieram os Testamentos Militares, amparados nas legislações modernas. Segundo as Institutas do Imperador Justiniano, era uma forma especial e privilegiada de Testamento. Assim transcreveu tais apontamentos o autor MANOEL UBALDINO DE AZEVEDO:
“As constituições imperiais somente concederam esse privilégio aos soldados, enquanto militam nos arraiais. Os veteranos, que obtiveram baixa e os militares de serviço, mas fora dos arraiais, devem fazer testamento de acordo com as regras de direito, comuns a todos os cidadãos” e dispensavam formalidades, “pela sua muita imperícia dessa estrita observância, na confecção dos testamentos"
Poderia ser realizado por soldados ou qualquer outra pessoa que se encontrava em iminência de receber uma batalha, mesmo não sendo um guerreiro.
Também encontram-se expressas nas supracitadas Institutas a admissão do Testamento Oral (ou Nuncupativo). Novamente, faz-se notável e necessário o precioso entendimento do já citado autor MANOEL UBALDINO DE AZEVEDO:
“Se alguém quiser fazer testamento não escrito, segundo o direito civil, poderá faze-lo, perfeita e validamente, na presença de sete testemunhas, declarando, perante elas, a sua vontade".
Ainda sob o escopo do Direito Romano, o Testamento poderia ser solene, menos solene, ou privilegiado; também poderia ser público (chamado deCoram Principi, ao passo que fosse aprovado pelo Imperador ou Príncipe) e Apud Acta, que era aquele aprovado por autoridade judiciária.
Pode-se seguramente dizer que o Testamento moderno possui os traços do Direito Romano, ainda mais no Direito Brasileiro, que bebeu diretamente dessa magnifica fonte de inspiração.
O Testamento na idade Média e nos tempos modernos
Ao chegar a Idade Média, o Testamento caiu em desuso. Segundo o autor Orosimbo Nonato, isso ocorreu, sobretudo, porque “os bárbaros não admitiam outra sucessão fora da legítima e que, entre eles, dominava, invencida, a ideia endogênica da transmissão de bens”.
Após a descoberta das Pandectas e a reascensão do Direito Romano, o Testamento readquiriu o status de importância que antes possuía. A Igreja deu-lhe força e importância, ao conferir religiosidade e santidade ao ato do Testamento. Introduziu-o no Direito Canônico e o Testamento ad pias causas, que se baseava em uma “Graça da Igreja” e virou obrigatório entre os crentes. O Cristão que viesse a morrer sem fazer o Testamento cometera algo grave, um verdadeiro “Pecado mortal”, tanto que, em certos casos, os herdeiros buscavam cumprir o ato em que o morto foi “omisso”, fazendo heranças a Instituições Religiosas.
A Igreja se encarregou de difundir na antiga Lusitânia a disposição de ultima vontade, por intermédio do Testamento ad pias causas, que beneficiava a mesma. Essas praticas se incidiram nas Ordenações Afonsinas, que transverteram para seu corpo as normas tradicionais do Direito Romano. E nesse ambiente carregado de uma religiosidade supersticiosa os Testamentos começaram a aumentar, visando sempre a permuta de bens “físicos, terrenos” por promessas de graças “sobrenaturais e celestiais”.
A reação iniciada por Mello Freire contra o Direito Romano, articulado com o anticatolicismo do Marquês de Pombal ocasionaram reformas legislativas para reprimir os abusos que essas praticas acarretavam. Arguia-se que o clero se aproveitava de seu status de “fiscal e diretor de consciências” para desapossar e extorquir os enfermos, a quem acudia, valiosas heranças, para si próprios ou para corporações, com grave prejuízo, face a preterição aos parentes dos Testadores.
Através dessas reformas, determinou-se a nulidade dos legados em favor dos próprios escritores, diretores, ou mesmo sugestores dos Testamentos e das corporações a que pertencessem e seus parentes, assim como dos Testamentos feitos pelos doentes, em estado grave de enfermidade. E a sucessão legitima se viu favorecido pela lei, quando considerou-se a sucessão do Testamento “tendente a aniquilar a sucessão dos propínquos, que é a conforme a natureza e a caridade cristã”.
Com a quedado Marques de Pombal, suspenderam-se os efeitos dessas leis, mas perdurou o seu espírito e vigor, através de disposições que resguardavam as legitimas partes dos descendentes e monitorar os excessos que se praticavam, em relação ás disposições testamentárias.
As Ordenações Filipinas, iterando a legislação predecessora, admitiu quatro modalidades de Testamentos: o Público, o Cerrado, o Particular e o Nuncupativo.
O Novo Código Civil e os tipos de testamento:
1. O TESTAMENTO PÚBLICO
O primeiro tipo de testamento previsto no Código Civil vigente é o denominado testamento público, art. 1.864 a 1.867, assim chamado porque confeccionado por tabelião do registro de notas, o qual, conforme reza a Lei 8. 935/94, tem competência exclusiva para este ato. Desta forma, reveste-se o documento de maior credibilidade e seriedade, além de um rigor formal. A denominação “testamento público”, não significa que seja aberto ao público, mas à oficialidade de sua elaboração, por óbvio, que as disposições do testador somente deverão ser tornadas públicas após sua morte, posto que, além das determinações de ordem patrimonial, poderão conter informações de ordem pessoal, como um reconhecimento de um filho adulterino, por exemplo.
Por ser um ato solene, deve ser acompanhado na sua integralidade por, pelo menos, duas testemunhas, e registrado em livro próprio. O testador dita para o oficial sua última vontade, a lavratura pode ser por escrito ou mecanicamente, e atualmente também admitida a forma digitada, seguindo-se é efetuada a leitura desse registro pelo tabelião, ou pelo próprio testador, em voz alta e perante esse grupo anteriormente citado, depois o documento é assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo oficial.
O local onde esse testamento é elaborado é o próprio tabelionato, em geral obedecido o de domicílio do testador, nada obsta, entretanto, que o testador escolha o tabelionato de outra cidade, se assim o preferir. Em casos excepcionais, dadas as condições e circunstâncias, por exemplo, a internação do testador em um hospital, ser efetuado no local onde se encontra o paciente, sendo isso registrado no documento, observada, ainda, nesta situação, a área de jurisdição do notário, para não tornar o ato nulo. Para o caso de brasileiros residentes no exterior, poderão fazê-lo perante o agente consular, conforme art. 18 da LICC-Lei de Introdução ao Código Civil.
No que diz respeito às testemunhas, as restrições resumem-se aos interessados diretos, ou seja, os ascendentes, descendentes, os irmãos e o cônjuge do testador.
Não se excluem de efetuar testamento público os analfabetos e os incapacitados auditivos e os visuais, mas há regras especiais para esses casos, previstas nos art. 1.865, 1.866 e 1.867.
2. O TESTAMENTO CERRADO
Quanto ao testamento cerrado, ou para alguns secreto, é importante referir que, como o nome já denuncia, trata-se de um documento fechado, escrito pelo testador, ou por alguém a seu mando, e assinado por aquele, conforme previsto nos art. 1.868 a 1.875 do CC. A escrita pode ser de punho, ou mecânica, ou por digitação, no caso dessas duas últimas, devem ser todas as folhas numeradas e assinadas pelo testador.
O documento deve ser levado ao tabelião, que diante de duas testemunhas, lavra o termo de aprovação, registrado logo após a última linha do testamento, que vai assinado por ele, pelas testemunhas e pelo testador.
Este termo de aprovação, ou auto de aprovação, tem por finalidade atestar que o documento entregue é autêntico.
Se o testamento não foi lavrado pelo testador, mas por alguém a seu rogo, essa pessoa não pode ser incluída como beneficiária, mesmo que por meio de interposta pessoa (ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro do mesmo).
Dado que o art. 1.872 prevê que não poderão dispor de seus bens os que não souberem ou não puderem ler, estão impedidos de testar por meio cerrado os analfabetos e os incapacitados de visão, porque não poderão ver ou ler a transcrição, para se certificarem se o que foi ditado está registrado por aquele quem, à seu rogo, redigiu o documento, já o surdo-mudo, se tiver condições de escrever o seu, e afirmá-lo perante ao escrivão e duas testamunhas, mediante ratificação por escrito que aquele documento foi de sua lavra.
A abertura do documento, naturalmente que após a morte do autor, se dará pelo juiz, diante da pessoa que o apresentou e do escrivão. Feitas as verificações de autenticidade, mandará o juiz, ouvido o Ministério Público, registrar, arquivar e cumprir o testamento, conforme art. 1.875.
3. O TESTAMENTO PARTICULAR
O testamento particular, ou privado, ou também chamado por alguns doutrinadores de testamento hológrafo (de holos, inteiro e graphein, escrever), está previsto no art. 1.876, CC, e seguintes, tem como característica principal a necessidade de ser redigido de próprio punho pelo testador, não obstante, admite-se sua feitura por processo mecânico (datilografado), ou, na esteira da modernidade, ser digitado (naturalmente que deve ser impresso, porquanto o documento tem de ser assinado em todas as folhas pelo testador). O testamento não pode conter rasuras ou espaços em branco se efetuado por meio de processo mecânico ou digitado, no caso de ser redigido de próprio, as eventuais emendas ou rasuras deverão ser ressalvadas pelo testador.
Para sua validade, em ambos os casos acima referidos, é necessária, além da transcrição da vontade, a leitura desse texto pelo testador diante de, pelo menos, três testemunhas idôneas e capazes (para evitar-se problemas futuros de identificação e localização, é importante que essas testemunhas sejam qualificadas, importante referir que é citado um número mínimo de três, podendo ter mais testemunhas, o que facilitará a validação no futuro, porque, a critério do juiz, presente apenas uma das testemunhas, poderá esse testamento ser considerado válido), as quais também assinarão o documento, após a leitura.
No caso de redação por meio mecânico/digitado, a ação deve ter sido do próprio testador (há opiniões divergentes nos doutrinadores a esse respeito, dada a impossibilidade de comprovar se foi ou não “datilografado” ou “digitalizado” pelo autor, tornando-se portanto irrelevante, diante da confirmação das testemunhas, que o ato foi lido pelo testador), o documento não poderá conter rasuras ou espaços em branco, todas as folhas deverão estar devidamente rubricadas pelo testador, e pelas testemunhas, para ter validade.
Trata-se do meio testamentário mais simples de ser implementado, todavia, é considerado um ato imperfeito até que seja convalidado perante a justiça, assim, quando sobrevinda a morte do testador, é necessário, para que tenha força legal, a publicação em juízo, a citação dos herdeiros do “de cujus”, e chamamento das testemunhas para confirmar o testamento, só assim o juiz considerará eficaz a vontade expressa no documento, conforme preconiza os arts. 1.877 e 1.878.
Se escrito de próprio punho, no que difere do testamento cerrado? Na verdade, entre eles há enormes diferenças, a começar pelo quesito da participação das testemunhas e no ato da validação. No caso do particular, as testemunhas assinam após a leitura do inteiro teor do testamento, e são de, no mínimo três, a validação se dá pela publicação em juízo e o chamamento das testemunhas para confirmá-lo; já no cerrado, as testemunhas são duas; não é dado o conhecimento do conteúdo para elas, por razões já citadas, mas apenas leitura da declaração do tabelião de que o testamento está aprovado, perante a presença dessas testemunhas, a validação deste se dá pela assinatura do tabelião no auto de aprovação, juntamente à assinatura das duas testemunhas e do testador.
Qualquer pessoa capaz e que saiba praticar a escrita pode testar por instrumento particular, assim como ser testemunha, desta forma, excluem-se dessas práticas os analfabetos, os surdos-mudos, os mudos e os cegos, dada a exigência de que o testador leia o testamento perante as testemunhas e estes tenham a condiçãoatestar que o que está sendo lido é o que está escrito e de assinar o documento, todavia, há doutrinadores que divergem, pois ao cego, no caso de testador, poderia ser dada a capacidade por meio de utilização da escrita especial para essa necessidade, assim como a leitura e aferição dessa por outras pessoas que tenham conhecimento específico, quanto aos surdos-mudos e mudos, há alternativas que podem ser utilizadas e aceitas em juízo.
Sendo necessária a confirmação posterior do testamento por meio do chamamento das testemunhas, há risco de que, em não sendo estas localizadas, o testamento não possa ser implementado.
Embora a data seja importante, esse requisito, por si só, não tornará o testamento inválido caso não a contiver, há outros meios de comprovar sua veracidade.
No art 1.879 há previsão de um tipo especial de testamento particular, é o que alguns autores chamam de “TESTAMENTO EXTRAORDINÁRIO”, nessa hipótese é admitido que o testamento não contenha testemunhas, desde que efetuado de próprio punho do testador e a circunstância devidamente justificada no documento (naufrágio, desastre, e outras circunstâncias de urgência e de risco de vida), podendo ser validado pelo juiz, e ,se for o caso, ser requerida a perícia da grafia do falecido.
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4. OS TESTAMENTOS ESPECIAIS
O terceiro grupo de testamento que está contido no Código Civil são os chamados testamentos especiais. Como o próprio nome define, são testamentos feitos em condições de exceção e tem características especiais.
O primeiro deles, na ordem em que aparecem no Código Civil, é o testamento marítimo, contido no inciso I do artigo 1.886, seguido pelo testamento aeronáutico, que está previsto no inciso II. O marítimo, segundo a doutrina, praticamente não é aplicado hoje em
dia. As regras para esses dois testamentos são bastante semelhantes, consiste no testamento feito a bordo de navios ou aeronaves de guerra, ou mercantes, também de transporte, durante as viagens, portanto não podem ser feitos em caso de navio ancorado ou aeronave em solo, diante de perigo e iminente possibilidade de o navio vir a afundar ou a aeronave cair, pode alguém, como manifestação de última vontade, no caso de navio será diante do comandante e de duas testemunhas, obedecidas a regras do testamento público ou particular cerrado, testamento será registrado no diário de bordo, sendo em aeronave, o comandante irá designar alguém para registrar as ordens do testador. Dadas as circunstâncias excepcionais, o juiz poderá admitir o testamento sem testemunhas (art. 1.979), o comandante ficará com a guarda do documento. Caducam esses testamentos em 90 dias, não morrendo o testador na viagem, ou nesse período, conforme art. 1.891.
O terceiro tipo de testamento especial é o denominado testamento militar, cujas instruções estão previstas nos art. 1.893 a 1.896. Esse testamento somente pode ser efetuado em situação de guerra, por militares e pessoal envolvido a serviço das forças armadas, e no impedimento do testador de efetuar o testamento nas condições normais.
São admitidas três formas: a) na similitude do testamento público, na presença do comandante ou oficial graduado; b) do testamento particular ou do cerrado, diante de duas testemunhas, de um auditor, ou de um oficial ou alguém que lhe faça às vezes; c) à maneira nuncupativa, como previsto no art. 1.896, é uma forma verbal, efetuado em campo de batalha ou feridas, diante de duas testemunhas, as quais tem a incumbência de transcrever essas instruções posteriormente, assinar o documento e apresentá-las ao auditor.
Assim como no caso do marítimo e no aeronáutico, se o testador não morrer de imediato ou em 90 dias depois de efetuado o testamento, este caduca, salvo se for revestido das formalidades previstas no art. 1.894, ou seja, anotação do auditor e subscrição de duas testemunhas (art. 1.895).
 
 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DOS CODICILOS E SUA PREVISÃO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
            O instituto jurídico do codicilo tem origem romana. Ele possui ligação com os costumes de pequenas recomendações após o testamento. Naquela época as recomendações podiam ser em forma de bilhetes aos herdeiros instituídos e não possuíam o caráter de obrigatoriedade para os seus destinatários. Aos poucos, o caráter obrigatório passou a prevalecer. Através dos codicilos era possível instituir o fideicomisso, destinar legados, conceder liberdade a escravos, entre outros.
 
            Em Roma surgiu duas espécies de codicilos: o testamentário e o ab intestato. O testamentário como o próprio nome já diz, possui ligação com o testamento e o ab intestato,possui ligação com os herdeiros legítimos.
 
            Nas Ordenações Filipinas o codicilo era considerado como pequeno testamento e tinha o objetivo de dispor de algumas coisas, em razão da morte. Era exigida a capacidade para dispor e admitia-se qualquer uma das formas exigidas para os testamentos ordinários. Também era permitido o codicilo nuncupativo (feito de forma oral e ao tempo da morte).
 
            No Código Civil de 2002, o codicilo está presente no capítulo IV, do título III, do livro V (Direito das Sucessões). Faz-se importante mencionar que o codicilo é um assunto abordado por poucas legislações, além do Código Civil brasileiro, ele possui previsão legal na Áustria, Bolívia e na Catalunha. 
O CODICILO
Previsto entre os arts. 1.881 a 1.885 do Código Civil, para entendermos melhor esse Instituto, é necessário, inicialmente, definirmos o que expressa essa palavra, assim, Codicilo é: “ato de última vontade, pelo qual alguém faz disposições especiais sobre seu enterro, dá pequenas esmolas, lega móveis, roupas e jóias de uso pessoal, não muito valiosas, nomeia ou substitui testamenteiros”. No direito ancião, dizia-se também da alteração ou anulação de um testamento, por disposições adicionais a ele, ou também, pela importância menor de seu conteúdo, de um “pequeno testamento” ou “quase um testamento”, mas evidentemente que não é um testamento. Atualmente está praticamente em desuso, embora mantido na revisão do código civil publicada em 2002.
Pelo que se pode depreender da definição contida no parágrafo antecedente, trata-se de um escrito particular, sem maiores formalidades, que traz instruções e diretrizes de menor importância, atos de última vontade e de interesse mais pessoal para serem adotadas após a morte do subscritor, inclusive quanto ao seu enterro, se for o caso.
A diferença básica entre o codicilo e o testamento está justamente na disposição, no conteúdo, ou seja, no primeiro, são bens de pouca monta, no segundo, trata-se de dispor do patrimônio mais substancial, nesse caso o testador pode dispor de até 50% de seus bens de maneira geral. Os dois institutos podem coexistir sem qualquer problema, desde que, se o testamento for posterior, em nada contrariar ou modificar do contido no codicilo, segundo o previsto no art. 1.884.
O requisito essencial do codicilo é a sua forma manuscrita e particular, ou seja, de próprio punho, conforme texto do art. 1.881,
porém, assim como no testamento particular, admite-se a forma datilografada e a digitalizada.
Quanto à data, trata-se de um requisito importante, posto que prevista no art. 1.881, todavia, há doutrinadores que entendem ser dispensável para a validade do documento, pois se é possível um testamento particular sem data, que contém instruções de cunho muito mais abrangentes, porque o codicilo, com limitações de disposição, não poderia ser validado sem esse requisito.
Caso o codicilo tenha sido feito em caráter fechado, dar-se-á ao mesmo tratamento análogo ao da abertura do testamento cerrado, segundo o contido no art. 1.885.
Também não há problema se o codicilo for efetuado por escritura pública, aberto ou da forma cerrada, desde que tenham sido observadas as regras contidas para esses institutos, no que diz respeito à forma, testemunhas, aprovação, etc. Também pode vir sozinho ou acompanhar um testamento, como previsto no art. 1.882.Mas uma pergunta se sobressai, quais são os bens que podem ser incluídos em um codicilo? Primeiramente, importante referir que no código não há qualquer referência quanto a tipo ou valores, apenas lista como sendo “esmolas de pouca monta”, “móveis/roupas/jóias de pouco valor e de uso pessoal”, assim, a doutrina inclina-se pelo bom senso e prudente arbítrio do juízo, se for o caso. Se as instruções contidas no codicilo extrapolarem o princípio da razoabilidade, os interessados poderão reclamar ao juízo que acompanha o cumprimento das ordens contidas no documento. Por certo, no codicilo, jamais estaremos falando de um imóvel do “de cujus”, mesmo que tenha constado de tal documento. Há também que ser respeitado o interesse de terceiros, porque ninguém pode dispor do que não é seu, assim como o interesse de herdeiros necessários, aos quais é resguardada a metade dos bens do falecido (art. 1.846), inclusive os de pequena monta
Comparação feita entre o antigo CPC e o novo CPC: 
               Artigo 735 ao 746 
 
Seção V 
Dos Testamentos e dos Codicilos 
	CPC 2015 
	CPC 1973 
	Art. 735 Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante. 
§ 1º Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. 
§ 2º Depois de ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas aseremesclarecidas, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento. 
§ 3º Feito o registro, será intimado o testamenteiro para assinar o termo da testamentária. 
§ 4º Se não houver testamenteiro nomeado ou se ele estiver ausente ou não aceitar o encargo, o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
§ 5º O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias e prestar contas em juízo do que recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei. 
	Art. 1.125. Ao receber testamento cerrado, o juiz, após verificar se está intacto, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou. 
Parágrafo único. Lavrar-se-á em seguida o ato de abertura que, rubricado pelo juiz e assinado pelo apresentante, mencionará: 
I – a data e o lugar em que o testamento foi aberto; 
II – o nome do apresentante e como houve ele o testamento; 
III – a data e o lugar do falecimento do testador; 
IV – qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testamento. 
Art. 1.126. Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento, seIhenão achar vício externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade. 
Parágrafo único. O testamento será registrado e arquivado no cartório a que tocar, dele remetendo o escrivão uma cópia, no prazo de8(oito) dias, à repartição fiscal. 
Art. 1.127. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a assinar, no prazo de5(cinco) dias, o termo da testamentaria; se não houver testamenteiro nomeado, estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão certificará a ocorrência e fará os autos conclusos; caso em que o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
 
	 
 
                     CPC 2015 
	 
 
CPC 1973 
	Art. 736 Qualquer interessado, exibindo o traslado ou a certidão de testamento público, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento, observando-se, no que couber, o disposto nos parágrafos do art. 735. 
	Art. 1.128. Quando o testamento for público, qualquer interessado,exibindo-lheo traslado ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento. 
Parágrafo único. O juiz mandará processá-lo conforme o disposto nosarts. 1.125 e 1.126. 
 
	CPC 2015 
	CPC 1973 
	Art. 737 A publicação do testamento particular poderá ser requerida, depois da morte do testador, pelo herdeiro, pelo legatário ou pelo testamenteiro, bem como pelo terceiro detentor do testamento, se impossibilitado de entregá-lo a algum dos outros legitimados para requerê-la. 
§ 1º Serão intimados os herdeiros que não tiverem requerido a publicação do testamento. 
§ 2º Verificando a presença dos requisitos da lei, ouvido o Ministério Público, o juiz confirmará o testamento. 
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao codicilo e aos testamentos marítimo, aeronáutico, militar e nuncupativo. 
§ 4º Observar-se-á, no cumprimento do testamento, o disposto nos parágrafos do art. 735. 
	Art. 1.130. O herdeiro, o legatário ou o testamenteiro poderá requerer, depois da morte do testador, a publicação em juízo do testamento particular, inquirindo-se as testemunhas queIheouviram a leitura e, depois disso, o assinaram. 
Art. 1.131. Serão intimados para a inquirição: 
I – aqueles a quem caberiaasucessão legítima; 
II – o testamenteiro, os herdeiros e os legatários que não tiverem requerido a publicação; 
III – o Ministério Público. 
Parágrafo único. As pessoas, que não forem encontradas na comarca, serão intimadas por edital. 
Art. 1.133. Se pelo menos três testemunhas contestes reconhecerem que é autêntico o testamento, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, o confirmará, observando-se quanto ao mais o disposto nosarts. 1.126 e 1.127. 
Art. 1.134. As disposições da seção precedente aplicam-se: 
I – ao testamentomarítimo;Il– ao testamento militar; 
III – ao testamento nuncupativo; 
IV – ao codicilo. 
– “As novidades estão nos parágrafos. O § 1º oportuniza o contraditório para os herdeiros que não requereram a abertura do testamento. O § 2º prevê, se for o caso, a oitiva do Ministério Público. O § 3º determina a observância deste procedimento ao codicilo e às outras modalidades de testamento, previsão que corresponde ao art. 1.134 do CPC de 1973. Por fim, o § 4º remete à disciplina relativa à abertura e documentação do testamento constante do art. 735.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 459). 
 
Testamentos e codicilos
(arts. 735 a 737)
Um explicação sobre o novo código  
 
O Novo Código pouco inovou, para além de ajustes no texto do Código anterior, no que diz respeito aos procedimentos para cumprimento de disposição de última vontade. Foi mantida, pois, a sistemática da legislação anterior, por sua vez atenta à disciplina civil da matéria, a qual distingue os testamentos em ordinários (público, cerrado e particular) e especiais (marítimo, militar e aeronáutico), e estes do codicilo (3). Permanece válida, assim, a afirmação alusiva ao procedimento previsto no Código anterior, de que se trata de expediente singelo e destinado a “(...) conhecer a declaração de última vontade do morto, verificar a regularidade formal do testamento e ordenar seu cumprimento” (4). 
 
O Novo Código trata expressamente apenas das regras para validação dos testamentos ordinários, as quais se aplicam subsidiariamente aos especiais (NCPC, art. 737, §3º) e variam de acordo com a forma da disposição de última vontade. Em qualquer caso, porém, o procedimento terá início com a apresentação do testamento ao juízo competente (5). Daí em diante, tratando-se de testamento cerrado, o juiz deverá verificar a existência de algum vício externo, abri-lo e determinar que seja lido ao apresentante pelo escrivão (NCPC, art. 735). 
 
Todo os atos então praticados deverão constar de termo de abertura lavrado na ocasião, com a indicação do apresentante e do modo como se obteve o testamento. Também deverá constar a data e o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, a declaração de outras circunstâncias relevantes para os fins de validade ou cumprimento das disposições de última vontade (NCPC, art. 735, §1º). 
 
O Ministério Público deverá ser ouvido e, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, cabe ao juiz determinar o registro, arquivamento e cumprimentodo testamento. 
 
Após o registro, o testamenteiro será intimado para assinar o termo da testamentária. Na falta de testamenteiro nomeado ou estando ele ausente ou recusando o encargo, o juiz deverá nomear testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal. 
 
Compete ao testamenteiro cumprir as disposições testamentárias, obrigando-se a prestar contas em juízo daquilo que recebeu e despendeu. 
 
As regras do procedimento de abertura do testamento cerrado aplicam-se subsidiariamente ao testamento público, cujo cumprimento pode ser requerido por qualquer interessado, mediante apresentação do respectivo traslado ou da certidão de testamento público em juízo (NCPC, art. 736). Também se aplicam ao testamento particular (NCPC, art. 737, §4º), cuja publicação poderá ser requerida pelo herdeiro, legatário, testamenteiro ou terceiro detentor do testamento (quando impossibilitado de entregá-lo a algum dos outros legitimados, cf. art. 737 do NCPC). 
 
Os herdeiros que não tiverem requerido a publicação do testamento serão intimados para comparecer à audiência de validação das disposições de última vontade. No Código anterior, falava-se expressamente na inquirição das testemunhas que presenciaram o ato (CPC/1973, art. 1.130), condicionando-se a validade do testamento à confirmação por pelo menos três delas (CPC/1973, art. 1.133), facultando-se a manifestação dos interessados nos cinco dias subsequentes à oitiva (CPC/1973, art. 1.132). Já o Novo Código dispõe apenas que “verificando a presença dos requisitos da lei, ouvido o Ministério Público, o juiz confirmará o testamento” (NCPC, art. 737, §2º). 
 
O legislador optou, pois, por eliminar a confirmação por pelo menos três testemunhas como requisito mínimo de validação do testamento. Até porque, mesmo sob a égide da legislação anterior, o recebimento e a aprovação da disposição de última vontade não impediam o questionamento de seu conteúdo (ou mesmo a invalidade por aspectos formais) nas vias ordinárias (6). Ao que tudo indica, o intuito é evitar a anulação prematura da disposição de última vontade, por apego à lógica tarifária ao se aferir a validade do testamento. Desse modo, os depoimentos tomados poderão, futuramente, servir para formar a convicção do magistrado a respeito da validade ou não do testamento
 
 
 
 
 CONCLUSÃO
Como vimos, o testamento é um instrumento muito importante para resguardar interesses patrimoniais, em nenhum momento é citada a necessidade de que um advogado intervenha no documento, ou até posteriormente, para que o testamento seja considerado válido e que produza a eficácia pretendida, mas é importante que o interessado consulte os profissionais da área, para que não sejam dispostas condições que possam tornar o documento anulável ou nulo.
 há limites para o ato de testamentar, pois, no máximo, o testador pode fazer determinações que envolvam até 50% de seu patrimônio quando houver herdeiros necessários. Quanto ao formalismo, depende do tipo, alguns têm mais exigências, outros, consideradas as situações de limites que as pessoas possam estar vivenciando, são mais flexíveis, visto o caso do testamento militar; mas todos têm regras bem definidas, faltando um dos requisitos, o testamento não será considerado válido, o cumprimento aos requisitos, principalmente, é que garante a autenticidade e o cumprimento da vontade do testador.
Havendo alguma dúvida ou dubiedade quanto à interpretação da vontade, aplica-se o contido no art. 1.899, ou seja, prevalecerá a que melhor assegurar a vontade do falecido.

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