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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC ANA RIBEIRO COELHO DA SILVA A ELABORAÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO NA PERSPECTIVA DE FREUD E LACAN São Paulo – SP 2015 Trabalho como exigência do Curso Sujeitos da Psicanálise da Pontifícia Universidade Católica - PUC, com a Coordenação da Profa. Thais Garrafa. 2 A Elaboração do Complexo de Édipo na Perspectiva de Freud e Lacan Resumo: Este trabalho tem como objetivo através da análise bibliográfica de Sigmund Freud e Jacques Lacan, estudar de que forma o indivíduo encontra as “saídas” ou não para a elaboração do complexo de Édipo na infância. Entendendo que a maneira com que o indivíduo se organiza para lidar com a castração o transforma de alguma forma em sujeito. O complexo de Édipo nada mais é do que as formas com que o indivíduo se organiza sexualmente elegendo a masculinidade ou feminilidade dando destino para sua energia libidinal, advindo daí a forma com que o mesmo se estrutura psiquicamente. O nome Édipo se origina da Mitologia grega, na qual narra a história do personagem Édipo que matou o seu próprio pai Laio para ficar com a sua mãe Jocasta em cumprimento de uma maldição, a qual o Oráculo de Delfos havia alertado Laio que o seu próprio filho o mataria para ficar com a mãe. Este estudo trará compreensão do complexo de Édipo na Psicanálise que compreende uma faze do desenvolvimento infantil. Palavras chave: Complexo de Édipo; Freud: Lacan, mecanismos de defesa A LENDA DE ÉDIPO Conta a mitologia a história de um personagem de nome Édipo, envolvido numa tragédia a qual mata seu pai Laio, para desposar de sua mãe. O Oráculo Delfos deu uma previsão para Laio que seu próprio filho o mataria para ficar com a mãe. Laio desta forma quando teve um filho de nome Édipo o abandona ao nascer e prega os seus dois pés no monte Citerão no intuito de mata-lo. Édipo foi resgatado por um pastor o qual o batiza de “Edipodos”, que significa aquele que tem os pés furados. Édipo cresceu e também consultou o Oráculo, o qual lhe dá a mesma previsão: diz que Édipo vai matar o pai para desposar de sua mãe. Desta forma, Édipo foge de Corinto com medo que essa profecia se cumprisse pensando que tinha relação com seus pais adotivos. 3 Aparece um homem no caminho de Édipo o qual o manda sair de sua frente e, Édipo o mata. Édipo a caminho de sua cidade mata um monstro e soluciona o enigma da esfinge. Em sua cidade casa-se e tem com sua mulher que por acaso é Jocasta, 4 filhos. Em consulta a um Oráculo, Édipo e Jocasta descobrem que são mãe e filho biológicos. Jocasta comete suicídio e Édipo fura os próprios olhos por não ter percebido que ela era sua mãe (RONALDO, 2014) O COMPLEXO DE ÉDIPO DE SIGMUND FREUD Segundo Nasio (2007), Sigmund Freud denomina de “complexo de Édipo” o desenvolvimento infantil desencadeado por volta dos três ou quatro anos de idade que se constitui numa torrente de pulsões que ocorre através das fantasias sexuais da criança vivida por causa do desejo incestuoso que elas mantém com seus progenitores, baseado na tragédia mítica, do teatro Grego escrita por Sófocles chamada “Édipo rei”. Freud descobre o complexo de Édipo através da análise de adultos, mais precisamente das pacientes histéricas, através dos relatos feitos por elas de cenas de sedução que teriam se originado da infância, mais precisamente na primeira tópica oriundos de seus pais biológicos (NASIO,2007) Segundo Freud as crianças alimentavam desejos sexuais incestuosos em relação aos seus pais quando estes lhe exerciam alguma espécie de carinho, que emergiam as fantasias de sedução por parte das crianças. Estes desejos incestuosos faz parte do pensamento de toda criança e que era satisfeito em forma de fantasia (NASIO, 2007). Freud descreve essas fantasias de seduções das crianças em torno de seus progenitores como parte do desenvolvimento infantil e que se dá de formas diferentes para os meninos e para as meninas. Os meninos e meninas frente ao complexo de castração vivenciado em seu desenvolvimento quando dão conta; no menino “a impressão e o perigo de perder o pênis”, (pag.135) faz com que o menino abandone o complexo de Édipo, recalcando-o. Nas meninas, a inveja do pênis faz com que ela repudie a mãe. (NASIO, 2007). 4 Nasio (2007) aponta que na menina o complexo de Édipo se dá em três fases: a fase pré-edipiana, na qual o desejo sexual da menina é voltado para a mãe; a fase da “dor da privação” designada por Nasio, na qual a menina sente inveja do menino por não possuir um pênis e a fase edipiana, na qual a menina volta- se para o pai, desejando-o como objeto sexual. O superego é instituído pelo pai e ajuda a criança a elaborar o complexo de Édipo, dando consciência a criança e o sentimento de culpa inconsciente. Posteriormente, segundo Nasio (2007) na idade adulta o Édipo retorna e é causa de todas as neuroses por causa das fantasias recalcadas na infância, dessa forma a neurose é explicada de acordo com a intensidade que se viveu o prazer sexual infantil e dos recalques das relações incestuosas. Sendo assim o complexo de Édipo, segundo Freud é eleito o núcleo de toda neurose. O COMPLEXO DE ÉDIPO NA TEORIA LACANIANA Na teoria Lacaniana, Nasio (2007) descreve que se dá na relação familiar focando-se no declínio da imagem paterna. É nesse declínio do papel de pai que estaria o núcleo de todas as neuroses. O declínio da imagem paterna se constitui num drama psíquico. O complexo de Édipo para Lacan denomina o pai como uma metáfora onde, um significante entra no lugar de outro significante. Lacan Utilizou-se do Édipo de Freud e modificou para “O nome do Pai”. Para Lacan o complexo de Édipo é a elaboração da metáfora paterna. Lacan discorre que o complexo de Édipo ocorre em 03 tempos ou três momentos: No primeiro momento a criança encontra-se totalmente dependente e num estado fusional com a mãe, ou seja, está no lugar do objeto que falta para essa mãe, fazendo com que a criança se constitua como falo materno. No segundo momento, entra a mediação do pai como um papel decisivo, ou seja, é o momento de privação. O pai aparece em cena para privar o filho do objeto do seu desejo. Ocorre a Frustração. É a entrada da lei o que para a criança tem todo significado, é a representação do complexo de “castração”. A criança passa então a simbolizar o pai. O terceiro 5 momento, se caracteriza pelo declínio do Complexo de Édipo onde a criança simboliza a lei e finaliza então a rivalidade existente. Para Moreira (2004), a cena edípica é fundamental para a constituição do sujeito, não é apenas o núcleo de todas as neuroses, mas também é o que dará destino para a sexualidade humana. É responsável pela estruturação do sujeito como um ser. A teorização do Complexo de Édipo feita por Freud além de representar a constituição do sujeito é um pressuposto principal em torno do qual gira a Psicanálise. Neste interjogo de pulsões, amor, ódio, desejo e desejo do outro, na estruturação do sujeito, algo escapa, a maneira particular que cada sujeito responde ao desejo do outro que é da ordem do objeto real que “se incrusta no simbólico” (pag.126). Nesta perspectiva, a maneira com que o indivíduo lida com essa falta é o que define a estrutura desse indivíduo. A estrutura ultrapassa o significante, pois nem tudo o que é estrutura podemos dizer que é significante. As saídas que o sujeito encontra para lidar com essa falta, ou seja, a ação estruturante desse sujeito que se estrutura. A elaboração docomplexo de Édipo a entrada da Lei aceita pela criança é o núcleo de todas as neuroses. Na perversão a Lei é percebida, mas a criança ignora a Lei e na Psicose, a Lei não entra, fica de fora, não é percebida pela criança. CONSIDERAÇÕES Freud aponta que é na perspectiva da perda, nas experiências de confronto com objeto faltante é que a criança se inscreva na ordem do simbólico. O menino e a menina passam pela fase fálica da mesma forma. Os dois tem que lidar com a castração. Lacan adéqua o conceito de Castração a uma estrutura de linguagem. Para Lacan a passagem pela castração é a experiência da criança passa pela falta do outro. Para que a Castração exerça sua efetiva função é necessário que se 6 atualize a perda do objeto por vias discursivas “deixando cair ilusões de completude e garantia” (138). O Complexo de Édipo ganhou configurações diferenciadas por vários teóricos a base que é a paixão primitiva da menina pelo pai e o desejo de matar a mãe para garantir as relações incestuosas e, no menino a paixão pela mãe e o desejo de matar o pai se caracteriza mundialmente. 7 REFERÊNCIAS G. RONALDO. Lenda de Édipo. Faculdade de Psicologia da Unicsul. (2014) http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe6rEAL/lenda-edipo acesso em 25.05.2015 LACAN: Édipo em Três momentos. http://www.artistasgauchos.com.br/jaimepsi/artigos/edipo3momentos_falico.pdf acesso em 24/05/2015. NASIO, J.D. Édipo o Complexo do qual nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. MOURÃO, M. Y., As estruturas Clínicas e a Criança. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2004) SOUZA, M. R. A Psicanálise e o Complexo de Édipo (novas) Observações a partir de Hamlet. Universidade Federal do Pará. UFPA. Psicologia. USP 2006
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