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AULA 1 CONCURSO DE PESSOAS

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Metodologia e Avaliação
I-Apresentação da disciplina:
Material Didático
-Livros 
-Xérox
-Slide
-Filme
Obs.: Orientação para estudo: seguir slide
Recomendações: Faltas, celular, conversas paralelas, cola, horário.
Avaliação
AV 1
-Trabalhos: 2,0.
-Provas: 8,0 pts.
-Pontos Extras: até 2,0
AV 2
Prova: 10,0.
Divisão de temas
Origem das penas. Finalidade das penas. Teoria adotada pelo art. 59 CP. Sistemas prisionais: Daniel, Camila, Rayane, Debora, Oberdan, Lucas: Data 01/03
Reclusão e detenção. Regimes de cumprimento de pena. Regras de regime fechado. Regras de regime aberto. Regras de regime semiaberto Progressão e regressão de regime. Liandro, Marcos, Matheus, Alan, Marcos Queiroz. Data 01/03 
Direito dos presos. Trabalho do preso e remição de pena. Superveniência de doença mental. Detração. Prisão especial. Prisão-albergue. Lya, Raissa, Pedro, Neila, Jatecilene, Rosilene. Data 07/03
Divisão de temas
Espécies de penas restritivas de direito. Requisitos para A SUBSTITUIÇÃO. Duração das penas restritivas de direito. Prestação pecuniária. Perda de bens e valores. Geovana, Jonaia, Joelmo, Dariele. Data 07/03
Prestação de serviço à comunidade. Interdição temporária de direitos. Limitação de fim de semana. Conversão das penas restritivas de direitos. Thaila, Elen, Alexandre, Alyssa. Data 08/03
Pena de multa. Isabela, Juliana, Geovana, Ramilly, Hagatta, João Gabriel . Data 08/03
Divisão de temas
Concurso de crimes material. . Data 14/03
Concurso de crimes formal. Data14/03
Crimes continuado
Suspensão condicional da pena
Livramento condicional
Divisão de temas
Origem das penas. Finalidade das penas. Teoria adotada pelo art. 59 CP. Sistemas prisionais: Nayra, Joyce, Amanda, Marcela: Data 01/03
Reclusão e detenção. Regimes de cumprimento de pena. Regras de regime fechado. Regras de regime aberto. Regras de regime semiaberto Progressão e regressão de regime. Hanneely, Jeferson, Magno, Sabrina, Katia, Ceres. Data 01/03 
Direito dos presos. Trabalho do preso e remição de pena. Superveniência de doença mental. Detração. Prisão especial. Prisão-albergue. Vitor, Pedro, Gabriel. Data 07/03
Divisão de temas
Espécies de penas restritivas de direito. Requisitos para A SUBSTITUIÇÃO. Duração das penas restritivas de direito. Prestação pecuniária. Perda de bens e valores. Hidaiane, Ana Paula, Ivanete, Carla, Edivan, João. Data 07/03
Prestação de serviço à comunidade. Interdição temporária de direitos. Limitação de fim de semana. Conversão das penas restritivas de direitos. Lorena, Layla, Joaquin, Glenda, Clennys, Rosyeli. Data 08/03
Pena de multa. Daniel, Gabrielle, Kamila, Valéria, Karina. Data 08/03
Divisão de temas
Concurso de crimes material. Emmilly, Thaysa, Brenda, Carla. Data 14/03
Concurso de crimes formal. Leonardo, Marcos, Bruno, Fernando, Data14/03
Crimes continuado
Suspensão condicional da pena
Livramento condicional
Referências Bibliográficas
 Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Vol 1, 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
 Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, 16.ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
 GRECO, Rogério. Curo de Direito Penal: parte geral, 16. Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014. Volume 1.
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Concurso de Pessoas
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Concurso de Pessoas
Em que pese a maioria dos tipos contidos na parte especial do Código Penal referir-se a fatos praticáveis por uma só pessoa, frequentemente o que se verifica é a associação de dois ou mais agentes concorrendo para a execução de um evento criminoso. Deste consórcio resulta o concurso de delinquentes, também conhecido como concurso de pessoas, concurso de agentes, co-autoria ou participação.
Conceito de Concurso de Pessoas: É a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal.
Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal às hipóteses em que duas ou mais pessoas envolvem​-se na prática de uma infração penal. A doutrina e a jurisprudência também se utilizam das expressões concurso de agentes e codelinquência para referir​-se a essas hipóteses de pluralidade de envolvidos no ilícito penal (GONÇALVES, 2016, p. 449).
1- Espécies de Crimes quanto ao concurso de Pessoas
Monosubjetivo ou de concurso eventual: São aqueles crimes que podem ser cometidos por um ou mais agentes como é o caso do crime de homcídio.
Ex.: Art. 121. Matar alguém: 
Plurisubjetivos ou de concurso necessário: São os que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso como no crime de associação para o tráfico previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006.
Ex.: Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Considerando a finalidade para a qual se dá a união dos infratores, os crimes plurissubjetivos são assim classificados: 
a) Crimes de Condutas Paralelas: são aqueles cujas condutas auxiliam-se mutuamente, visando à produção de um resultado comum, ou seja, todos irão se unir para conseguir um objetivo comum.
Ex.: Associação para o Crime, todos os agentes possuem o mesmo objetivo, que é a prática de crimes.
art. 288 do Código Penal
Obs.: Uma conduta acompanha a outra.
1.1-Os crimes plurissubjetivos são divididos em:
b) Crimes de Condutas Convergentes: são aqueles cujas condutas tendem a se encontrar, e desse encontro surge o resultado, as condutas se fundem gerando o resultado ilícito.
Ex.: adultério (abolido).
Art. 240 - Cometer adultério: [...]
 1º - Incorre na mesma pena o co-réu.
 Ex.: Atualmente, costuma​-se dar como exemplo o crime de bigamia, ressalvando​-se, porém, que só haverá o concurso se houver má​-fé por parte do cônjuge ainda solteiro, ou seja, se ele tiver ciência de que o parceiro já é casado e, ainda assim, contrair matrimônio.
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: [...]
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
Obs.: Uma conduta vai ao encontro da outra
c) Crimes de Condutas Contrapostas: As condutas são praticadas umas contras as outras, sendo os agentes tanto autores como vítimas. Os envolvidos agem uns contra os outros. 
Ex.: Crime de Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Obs.: Uma conduta vai de encontra a outra conduta.
Resumo
Espécie de crimes qt ao concurso de pessoas
Crimes plurissubjetivos
Crimes monossubjetivos
De condutas paralelas
De condutas contrapostas
De condutas convergentes
2- Espécies de Concurso de Pessoas
Concurso Necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o concurso de pelo menos duas pessoas. Aqui é necessária a existência de mais de um autor, de maneira que a conduta não pode ser praticada por uma só pessoa. 
Obs.: A coautoria é obrigatória, podendo haver ou não a participação de terceiros. 
Exemplo: a rixa só pode ser praticada em coautoria por três ou mais agentes. Entretanto, além deles, pode ainda um terceiro concorrer para o crime, na qualidade de partícipe, criando intrigas, alimentando animosidades entre os que participam da rixa.
Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um ou mais agentes. 
Quando cometidos por duas ou mais pessoas em concurso, haverá coautoria ou participação, dependendo da forma como os agentes concorrerem para a prática do delito, mas tanto uma como outra podem ou não ocorrer, sendo ambas eventuais. 
Ex.: O
sujeito pode cometer um homicídio sozinho, em coautoria com alguém ou, ainda, ser favorecido pela participação de um terceiro que o auxilie, instigue ou induza.
Obs.: O concurso eventual diz respeito a possibilidade de coautoria ou participação.
3- Teorias quanto ao conceito de autor
Teoria unitária: todos são considerados autores, não existindo a figura do partícipe. Autor é todo e qualquer causador do resultado típico, sem distinção, ou seja aquele que tenha, qualquer contribuição, maior ou menor, para o resultado é considerada autor. 
Teoria extensiva: todos também são considerados como autores, não existe partícipe, mas admite a existência de causas de diminuição de pena, com vistas a estabelecer diferentes graus de autor. Surge, então, a figura do cúmplice, ou seja, o autor menos importante, aquele que contribuiu de modo menos significativo para o evento. 
Teoria do domínio do fato: O autor é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. Não importa se o agente pratica ou não o verbo descrito no tipo legal, pois o que a lei exige é o controle de todos os atos, desde o início da execução até a produção do resultado.
Teoria restritiva: faz diferença entre autor e partícipe. Não é qualquer contribuição para o desfecho do crime que será considerado como autoria. 
Obs. Para esta corrente, o mandante e o mentor intelectual, que não realizarem atos de execução no caso concreto, não serão autores, e sim partícipes da infração penal.
Autor: é o que realiza a conduta descrita no tipo penal, aquela descrita na definição legal.
Partícipe: será aquele que, sem realizar a conduta principal, concorrer para o resultado. 
Obs.: o mandante de um crime não é considerado seu autor, visto que não lhe competiram os atos de execução do núcleo do tipo.
Obs.: É a adotada pelo Código Penal.
3.1- Quanto ao significado do que vem a ser o autor, o conceito restritivo apresentará duas vertentes:
a) Teoria ou critério objetivo-formal: é considerado autor aquele que pratica o crime de forma direta. É, portanto, o que mata, subtrai, obtém vantagem ilícita, constrange etc. 
b) Teoria ou critério objetivo-material: O autor não é aquele que realiza o verbo do tipo, mas a contribuição objetiva mais importante. 
Obs.: Trata-se de critério gerador de insegurança, na medida em que não se sabe, com precisão, o que vem a ser “contribuição objetiva mais importante”. Fica-se na dependência exclusiva daquilo que o intérprete irá considerar relevante. Por essa razão, não é adotado.
3.2- Teoria adotada pelo CP
A teoria adotada quanto ao concurso de agentes é a restritiva, que diferencia autores e partícipes, sendo autores aqueles que realizam a conduta descrita no tipo penal. 
Ex.: O mandante contrata uma pessoa para matar a vítima, o executor contratado pode fugir com o dinheiro, ser preso antes de cometer o crime, ou, cometer delito mais grave do que o combinado. Em nenhum desses casos, o mandante tinha pleno controle da situação. 
No que diz respeito à autoria mediata, contudo, aplica​-se a teoria do domínio do fato.
Resumo
Teorias quanto ao conceito de autor
Unitária
Extensiva
Restritiva
Do domínio do Fato
critério objetivo-formal
critério objetivo-material
4- Formas de Concurso de Pessoa
Tendo nossa legislação adotado a teoria restritiva no que diz respeito ao concurso de pessoas, teoria esta que diferencia autores e partícipes, pode​-se dizer que as formas de concurso de pessoas são a coautoria e a participação. 
Coautoria: É a realização conjunta, por mais de uma pessoa, de uma mesma infração penal, sendo, portanto, a ação consciente de estar contribuindo na realização comum de uma infração penal.
Obs.: A contribuição dos coautores no fato criminoso não necessita, contudo, ser materialmente a mesma, podendo haver uma divisão dos atos executivos. 
Exemplo: no delito de roubo, um dos coautores emprega violência contra a vítima e o outro retira dela um objeto; no estupro, um constrange, enquanto o outro mantém conjunção carnal com a ofendida, e assim por diante. 
Participação: partícipe é quem concorre conscientemente para que o autor ou coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado. 
Exemplo: O agente que exerce vigilância sobre o local para que seus comparsas pratiquem o delito de roubo é considerado partícipe, pois, sem realizar a conduta principal (não subtraiu, nem cometeu violência ou grave ameaça contra a vítima), colaborou para que os autores lograssem a produção do resultado.
Obs.: “Participação” em sentido amplo envolvem todos que concorrem para delito, em sentido estrito é aquele que concorre para o crime, mas não é autor.
a) vontade de cooperar com a conduta principal, mesmo que a produção do resultado fique na inteira dependência do autor; 
b) cooperação efetiva, mediante uma atuação concreta acessória da conduta principal;
Obs.: o enquadramento criminal do partícipe segue o do autor do delito. Assim, se alguém induz outrem a cometer um crime e este inicia a execução mas não consegue consumá​-lo por circunstâncias alheias à sua vontade, a infração é considerada tentada para ambos.
Para se definir como participante é necessário:
4.1- Espécies de participação
a) Participação moral: Pode se dar por induzimento ou instigação. 
-Induzimento: o sujeito faz surgir a ideia do crime em outra pessoa. 
Ex.: um empregado sugere a um amigo ladrão que furte a casa de seu patrão porque este viajará no fim de semana. 
-Instigação: o partícipe reforça a intenção criminosa já existente em alguém. 
Ex.: uma pessoa diz a um amigo que está pensando em matar alguém e o amigo o incentiva a fazê​-lo. 
b) Participação material: É o auxílio. Consiste em colaborar de alguma forma com a execução do crime, sem, entretanto, realizar a conduta típica. Este auxílio, portanto, deve ser secundário, acessório. 
Ex.: fornecer meios para o agente cometer o crime (a arma para cometer o homicídio ou o roubo) ou instruções para a sua prática.
Não inviabiliza a punição do partícipe a não identificação do executor do delito, desde que fique provado o envolvimento de ambos.
Ex.: O empregado deixou aberta a porta da casa para o comparsa nela entrar e cometer o furto, será absolutamente possível a sua punição como partícipe, ainda que o furtador tenha fugido e não tenha sido identificado.
4.2-Não identificação do autor e possibilidade de punição do partícipe:
4.3-Natureza jurídica da participação
. A conduta do partícipe é acessória em relação à do autor, uma vez que aquele só pode ser punido se este o for. O próprio art. 31 do Código Penal leva inequivocamente a esta conclusão. 
 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Existem, em razão disso, várias teorias acerca do conceito desta acessoriedade da participação: 
4.3.1- Teorias acerca do conceito da acessoriedade da participação 
Acessoriedade mínima: basta que o partícipe concorra para um fato típico, ainda que este não seja antijurídico. 
 Crítica: Esta teoria é absurda porque considera crime o ato de auxiliar alguém que está agindo em legítima defesa, estado de necessidade etc. 
b) Acessoriedade limitada: há crime se o partícipe colaborou com a prática de um fato típico e antijurídico. É a interpretação que é aceita pela maioria dos doutrinadores. 
c) Acessoriedade extremada: só existe crime em relação ao partícipe se o autor principal tiver cometido fato típico e antijurídico e desde que seja culpável. 
Crítica: Por esta teoria, não há participação quando alguém induz um menor a cometer crime, pois este não é culpável em razão da inimputabilidade. Aplicando​-se tal teo​ria, o maior ficaria impune, pois, segundo ela, não existe participação quando o executor não é culpável.
d) Hiperacessoriedade:
para a punição do partícipe, é preciso que o autor seja culpável, que tenha cometido fato típico e antijurídico, e, ainda, que seja punível. Para esta corrente, se houver extinção da punibilidade em relação ao autor do crime (por prescrição, por morte etc.), torna​-se inviável a responsabilização do partícipe. É evidente o equívoco desta corrente já que a punibilidade de uma pessoa não interfere na da outra.
4.5-Participação impunível
Art. 31-CP: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.
Obs.: A impunibilidade não deve ser atribuída ao agente, mas ao fato, sendo uma causa de atipicidade da conduta do partícipe, e não uma causa de isenção de pena.
Ajuste: Acordo traçado entre duas ou mais pessoas.
Determinação: o que foi decidido por alguém, almejando uma finalidade específica.
Instigação: Reforço para a realização de algo que uma pessoa já estava determinada a fazer.
Auxílio: colaboração material prestada a alguém para atingir um objetivo.
4.5.1- Participação inócua
É aquela que em nada contribui para o resultado, não sendo punível. Em tais casos, não há relevância causal na conduta, o que exclui o concurso de agentes. 
Ex.: uma pessoa cede uma arma para o agente matar a vítima, mas o executor comete o crime mediante asfixia. Neste caso, quem emprestou a arma não pode ser punido por participação na modalidade auxílio, pois aquele prestado mostrou​-se inócuo. 
Importante: a colaboração posterior à consumação do delito não configura participação, podendo constituir crime autônomo ou irrelevante penal (dependendo do caso).
4.5.2- Participação posterior ao crime.
Só é realmente partícipe de um crime quem contribui para sua consumação. Daí por que seu envolvimento deve ter ocorrido antes ou durante a execução do delito.
Ex.: aquele que recebe o veículo furtado sem ter de qualquer modo incentivado anteriormente o crime incorre em delito de receptação.​ 
4.5.3- Participação por conivência.
a) A conivência consiste na omissão voluntária de fato impeditivo do crime, na não informação à autoridade pública a fim de evitar seu prosseguimento, ou na retirada do local onde o delito está sendo cometido, quando ausente o dever jurídico de agir
Obs.: daí a diferença em relação à participação por omissão. 
4.6- Participação punível
4.6.1- Participação por omissão:
1- O sujeito não é garantidor (Participação por conivência): Responde como partícipe.
Ex.: Juca subtrai dinheiro da empresa onde trabalha, Jorge que é faxineiro omite chaves para que Juca chegue ao cofre. 
2- O sujeito é garantidor (Participação por omissão : Responde como autor.
Ex: Policial militar que presencia alguém subtrair bens de uma pessoa e nada fez porque estava fumando um cigarro e não queria apagá-lo.
 
4.6.2- Participação de menor importância
Art. 29, §1° do CPB: “Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”.
Cuida-se de causa de diminuição da pena, assim se provada a participação de menor importância deve o magistrado diminuir a pena.
Obs.: Este parágrafo só terá aplicação nos casos de participação (sentido estrito), não se aplicando às hipóteses de coautoria.
4.6.3-Participação em crimes omissivos pró​prios e impróprios
A participação é admissível. 
Ex.: Alguém incentiva o pai a não matricular o filho no ensino fundamental. O pai é autor de crime de abandono intelectual (crime omissivo próprio) e quem o incentivou é partícipe. 
4.8- Requisitos para a existência de concurso de agentes
 São quatro os requisitos para a existência do concurso de agentes: 
pluralidade de condutas: é necessário que cada uma delas tenha realizado ao menos uma conduta principal ou acessória.
relevância causal das condutas: Apenas aqueles cujas condutas tenham efetivamente contribuído para o resultado podem responder pelo delito. 
liame subjetivo: é necessário que os envolvidos atuem com intenção de contribuir para o resultado criminoso. 
identidade de crime para todos os envolvidos: todos os envolvidos devem responder pelo mesmo crime em razão da teoria unitária ou monista adotada pelo Código Penal. 
5- Autoria 
Autor: é o que realiza a conduta descrita no tipo penal, aquela descrita na definição legal. (teoria restritiva)
Autor: Quem tem o domínio do resultado final. (teoria do domínio do fato)
5.1- Autoria Mediata
Autor mediato: é aquele que se serve de pessoa sem condições de discernimento para realizar por ele a conduta típica. Ela é usada como um mero instrumento de atuação, como se fosse uma arma ou um animal irracional. O executor atua sem vontade ou consciência, considerando-se, por essa razão, que a conduta principal foi realizada pelo autor mediato.
Ex.: o médico que, dolosa e insidiosamente, entrega uma injeção de morfina, em dose demasiadamente forte, para a enfermeira, que, sem desconfiar de nada, a aplica em um enfermo, matando-o. O médico é autor mediato de homicídio doloso, pois usou sua assistente como instrumento de sua agressão.
a) Falta de capacidade do executor em razão de menoridade, doença mental ou embriaguez: Ex.: convencer uma criança de 6 anos ou doente mental a colocar líquido transparente no copo de alguém e esta, pensando tratar​-se de água, colocar veneno no recipiente que vem a ser ingerido pela vítima do homicídio. 
b) Coação moral irresistível: o executor, ameaçado, pratica o crime com a vontade submissa à do coator. 
c) Provocação de erro de tipo escusável: Ex.: alguém contrata um carreto mentindo ao motorista que o material de construção existente em um terreno lhe pertence, fazendo com que vá até o local, recolha o material e o entregue ao agente, o motorista agiu em situação de erro de tipo, pois não sabia que estava subtraindo coisa alheia. 
d) Obediência hierárquica: O autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas se aproveita do desconhecimento de seu subordinado. Ex.: chefe faz secretária destruir documentos juridicamente relevantes. 
5.1.1- A doutrina costuma apontar que a autoria mediata pode ocorrer 
nos seguintes casos: 
5.1.2- Aspectos de autoria mediata
Autoria mediata e coação física: Nos casos de coação física irresistível ou naqueles em que o agente se vale de hipnose ou do sonambulismo de outrem para que neste estado cometa o crime, sem ciência do que está fazendo, considera​-se não haver conduta por parte destes. A ação é atribuída diretamente ao outro, de modo que sua autoria é imediata. Não havendo pluralidade de condutas, não há concurso de agentes.
Autoria mediata em crimes culposos: não é possível, haja vista que, nestes, o resultado é produzido de forma involuntária. 
Autoria mediata e autoria intelectual: Nesta, o mentor é mero partícipe por ter concorrido para o crime ao idealizá​-lo e induzir os demais a cometê​-lo. Os executores têm plena ciência de que estão cometendo infração penal e respondem pelo delito, havendo, portanto, concurso de agentes, ao contrário do que se passa na autoria mediata (autor).
5.2- Autoria Colateral
Há autoria colateral quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a contribuição da outra, realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração penal. 
É o agir conjunto de vários agentes, sem reciprocidade consensual, no empreendimento criminoso que identifica a autoria colateral. 
Importante: A ausência do vínculo subjetivo entre os intervenientes é o elemento caracterizador da autoria colateral.
Ex: Dois indivíduos, sem saber um do outro, colocam-se de tocaia e quando a vítima passa desferem tiros, ao mesmo tempo, matando-a, cada um responderá, individualmente, pelo crime cometido.
Obs.: Se houvesse liame subjetivo, ambos responderiam como coautores de homicídio qualificado. 
Importante: Já na autoria colateral é indispensável saber quem produziu o quê, ou seja, o que o tirou causou a morte, responderá por homicídio e o outro por tentativa. 
5.3- Autoria Incerta
Surge no campo da autoria colateral,
quando mais de uma pessoa é indicada como autora do crime, mas não se apura com precisão qual foi a conduta que efetivamente produziu o resultado.
Ex: “A” e “B”, com armas de fogos e munições iguais, atiram contra “C”, causando sua morte. O exame pericial constata que um único disparo causou a morte de “C”, mas não conseguiu comprovar quem efetuou o disparo fatal.
-Ambos vão responder por tentativa de homicídio.
5.4-Autoria Desconhecida
Ocorre quando um crime foi cometido, mas não se sabe quem foi o autor.
Ex.: João foi vítima de furto, pois todos os bens de sua residência foram subtraídos enquanto estava fora de casa. Não há provas acerca do responsável pelo delito.
Autoria Desconhecida x Autoria Incerta.
6- Delação Premiada
Benefício concedido pelo juiz ao réu que colabora com o esclarecimento dos fatos, desde que suas declarações sejam úteis para a apuração de infrações, identificação de seus autores ou para a localização do produto do ilícito. Em troca da cooperação, o acusado pode ser agraciado com uma redução de pena ou com o perdão judicial.
7 - João, José e Pedro acertaram, mediante prévio ajuste, a prática de um crime de furto qualificado em residência. Pedro escolheu a residência e emprestou seu veículo para o transporte dos objetos furtados. João arrombou a porta da residência indicada por Pedro e entrou. José entrou em seguida. João e José recolheram todos os objetos de valor, colocaram no veículo e fugiram do local. Nesse caso:
 a) João, José e Pedro foram coautores.
 b) João foi autor, José partícipe e Pedro autor mediato.
 c) João e José foram partícipes e Pedro foi autor imediato.
 d) João, José e Pedro foram autores.
 e) João e José foram coautores e Pedro partícipe.
8 – Jeremias, antigo traficante de drogas ilícitas, continuou a dar as ordens a sua quadrilha, mesmo estando encarcerado em um presídio de segurança máxima. Logo, Jeremias:
a) deve responder como autor intelectual do crime de tráfico de drogas, mesmo não praticando atos de execução deste crime.
b) deve responder como partícipe por cumplicidade material do crime de tráfico de drogas, em face de não praticar atos de execução deste crime.
c) deve responder como autor direito do crime de tráfico de drogas, mesmo não praticando atos de execução deste crime.
d) deve responder como partícipe por cumplicidade intelectual do crime de tráfico de drogas, em face de não praticar atos de execução deste crime.
e) não pode responder por crime algum, em face de estar preso.
9 - Uma mulher caminhava pela rua quando foi abordada por dois homens. Enquanto um lhe apontava um revólver e mandava que ela ficasse em silêncio, outro veio por trás e lhe arrancou a bolsa. Em seguida, os dois correram para um carro, dirigido por um terceiro homem, que os aguardava para lhes dar fuga. Sabendo que o art. 157 do Código Penal define roubo como a ação de “subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. No caso de prisão dos criminosos ainda portando a bolsa com todos os seus pertences, deve o delegado instaurar inquérito e indiciar: 
a) como coautores do roubo, o homem que apontou a arma e o que arrancou a bolsa, sendo o motorista do carro apenas um partícipe. 
 b) como autor do roubo apenas o homem que apontou a arma, porque foi ele quem praticou a violência, figurando os demais como seus partícipes. 
 c) como autor do roubo apenas o homem que arrancou a bolsa, porque realizou o núcleo do tipo, figurando os demais como seus partícipes. 
 d) os três envolvidos como coautores diretos do roubo, porque todos concorreram para a execução material do núcleo do tipo. 
 e) os três envolvidos como coautores do roubo, por se constatar a execução do crime mediante divisão de tarefas.
7- Teorias sobre o concurso de Pessoas
Monista ou Unitária: É a teoria na qual todos os participantes (sentido amplo) de uma infração penal incidem nas sanções de um único e mesmo crime.
Importante: quanto à valoração, o nosso sistema adotou um sistema diferenciado, distinguindo atuação de autores e partícipes, permitindo uma adequação da dosagem da pena de acordo com a efetiva participação de cada um dos envolvidos. 
-Em resumo, todos os que contribuem de forma plena para a prática do delito cometem o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao enquadramento típico entre autor e partícipe.
Obs.: É a teoria adotada pelo sistema legislativo brasileiro.
Teoria Dualista: Defende a existência de dois crimes, um para o autor e outro para os partícipes.
Obs.: Destaca-se que não estamos necessariamente falando da prática de dois crimes diferentes, mas sim da divisão entre autor e partícipes, sendo que cada um irá responder por um processo diferente. 
Autores x Partícipes.
Teoria pluralista ou pluralística: cada um dos envolvidos responde por crime autônomo, havendo, portanto, uma pluralidade de fatos típicos. Cada um dos envolvidos deve responder por crime diverso. 
Importante: a teoria pluralista foi adotada, como exceção, no § 2º do art. 29 do CP, que dispõe: 
“Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste...”
Obs.: Com efeito, embora todos os coautores e partícipes devam, em regra, responder pelo mesmo crime, excepcionalmente, com o fito de evitar-se a responsabilidade objetiva, o legislador determina a imputação por outra figura típica quando o agente quis participar de infração menos grave.
Ex.: É o caso do motorista que conduz três larápios a uma residência para o cometimento de um furto. Enquanto aguarda, candidamente, no carro, os executores ingressarem no local e efetuarem a subtração sem violência (furto), estes acabam por encontrar uma moradora acordada, que tenta reagir e, por essa razão, é estuprada e morta. O partícipe que imaginava estar ocorrendo apenas um furto responderá somente por este crime, do qual quis tomar parte. 
Interessante: o delito principal foi latrocínio e estupro, mas o partícipe só responderá por furto, único fato que passou pela sua mente (se o resultado mais grave for previsível, a pena ainda poderá ser aumentada até a metade, mas o delito continuará sendo o mesmo).
7.1- Diferença entre a teoria dualista e a pluralista
A diferença não consiste em serem dois crimes na dualista e três ou mais na pluralista. A distinção é que, na dualista, há um crime para os autores e outro para os partícipes, enquanto na pluralista há sempre dois crimes (ainda que ambos os envolvidos tenham realizado atos executórios), havendo, assim, enquadramento em dois dispositivos distintos do Código. 
8- Circunstâncias Incomunicáveis
Caráter pessoal: São aqueles que não se estendem entre coautores e partícipes de uma infração penal, pois se referem ao caráter pessoal do agente.
Circunstâncias: São fatores que agregam ao tipo fundamental, para o fim de aumentar ou diminuir a pena.
Elementares: São dados fundamentais de uma conduta criminosa, sendo os fatores que integram a definição básica da infração penal.
Art. 30-CP. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Art. 121. Matar alguém: (ELEMENTARES)
        Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
        
Caso de diminuição de pena 
        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. (CIRCUNSTÂNCIAS)
       
 Homicídio qualificado 
        § 2° Se o homicídio é cometido: (CIRCUNSTÂNCIAS)
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
        II - por motivo futil; 
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
        Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
8.1- Elementares x Circunstâncias 
Critério de Exclusão ou Eliminação: 
a) Excluindo-se uma elementar o fato se torna atípico ou, será desclassificado para outra infração. Ex.: Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Obs.: Se tirarmos a elementar funcionário público, será desclassificado para furto (ar. 155 do CPB).
b) Excluindo-se uma Circunstância, teremos apenas o aumento ou diminuição da pena.
Identifique elementares e circunstâncias
Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:          
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.      
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:           
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.            
§ 2o  Se da conduta resulta morte:             
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
Obs.: No estupro as circunstâncias não são pessoais.  
8.2- Espécies de Circunstâncias e Elementares
As circunstâncias ou elementares podem ser subjetivas (pessoais) ou objetivas:
a) Subjetivas ou de caráter pessoal: São as relacionadas a pessoa e não ao fato praticado como a motivação.
Ex.: Condição de funcionário Publico no crime de Peculato, que é uma elementar de caráter pessoal.
b) Objetivas ou de caráter real: São as relacionadas ao fato, à infração penal cometida e não ao agente como local, meio, modo, tempo...
Ex.: Emprego de violência contra a pessoa, no roubo, é uma elementar objetiva. O meio cruel na execução do homicídio é uma circunstância objetiva. 
 
8.3- Regras do art. 30 do CPB- circunstâncias
1ª - As circunstâncias e condições de caráter pessoal, ou subjetivas, não se comunicam: Não importa se os dois ingressaram ou não na esfera de conhecimento.
Ex.: “A”, chegando em casa, verifica que sua filha foi estuprada por “B”, por conta de um relevante valor moral, contrata “C” que mata o estuprador.
-“A” irá responder por homicídio privilegiado (art. 121, §1), enquanto “C” responderá por homicídio qualificado por motivo torpe (121, §2°,II).
2ª - Comunicam-se as circunstâncias de caráter real ou objetivas: Sendo necessário, porém, que tenham ingressado na esfera de conhecimento.
Ex.: “A” contrata “B” para matar “C”. “B” informa ao “A” que fará uso de meio cruel e este concorda. Ambos vão responder pelo crime do art. 121,§2°, III-CP.
8.4- Regras do art. 30 do CPB-elementares
1ª - Comunicam-se as elementares, sejam objetivas ou subjetivas: Sendo necessário, porém, que tenham ingressado na esfera de conhecimento.
Ex: “A”, funcionário público”, convida “B” para subtraírem um computador dentro de uma repartição pública, valendo-se das facilidades proporcionadas pelo seu cargo. Ambos vão responder por peculato furto, sendo transmitida a elementar funcionário publico para “B”.
-Se “B” desconhece a condição funcional de “A”, responderá apenas por furto.

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