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Hipótese de Incidência Tributária Geraldo Ataliba Capítulo Único Noções Introdutórias 1. Tributo como objeto da obrigação tributária O mandamento principal de toda norma jurídica é o conteúdo. Para as normas tributárias o conteúdo é uma determinação ou comando, com o propósito de entregar ao estado ou pessoa por ele qualificada, certa soma em dinheiro. Assim sendo, a norma de direito tributário material não é diferente das demais normas jurídicas. Porém, ante das demais não lhe é dado entidade, somente o conteúdo de condição do se comando, que é a conduta de levar o “dinheiro” aos cofres públicos. O critério para isolar a norma tributária se encontra na hipótese legal concatenada ao mandamento. O comportamento é objeto dos comandos jurídicos e este só podendo ser o comportamento humano, pois não existe norma jurídica dirigida às coisas. Somente o comportamento livre do homem e o das pessoas jurídicas é possível. O objeto da norma tributária é o comportamento de conduzir o dinheiro (denominado tributo) aos cofres públicos. Na relação obrigacional o comportamento objeto do comando é denominado prestação. 2. Tributo como objeto do direito Não se pode confundir o conceito de tributo com outras áreas, uma vez que o conceito de tributo para o direito é uma definição exclusiva. A definição de tributo para o direito surge e termina no âmbito jurídico. Diferentemente, não existe nada que diferencie, em sua estrutura, uma norma jurídica de outra norma jurídica. 3. Caráter instrumental do direito O caráter instrumental do direito baseia-se na norma jurídica de prestar à disposição das vontades para alcançar os objetivos almejados pelos titulares daquele desejo. Normas genéricas e abstratas ocorrem nas sociedades que preocupam com a isonomia e a segurança jurídica, sendo postas pelo fato de haver Constituição, podendo ser modificadas pelo órgão legislativo através de eleição popular. O comando particular ou normas particulares devem ser rigorosas e formadas em normas gerais prévias. Ocorre de uma vontade perante uma única hipótese que deseja um comportamento. O direito é um aglomerado de normas jurídicas. E o componente principal das normas jurídicas é a sua questão mandamental, ou seja, uma ordem ou um comando. O objeto da norma é a sua conduta humana. Aquele a qual a norma é dirigida deve se comportar como esta determinada nela, sob pena de sofrer sanções que estão previstas em outras normas associadas a aquela norma que estabeleceu tal comportamento. A norma é eficaz quando o poder que a deriva consegue atingir seu efeito. Ela só obriga as condutas dos destinatários a ela determinados e nas ocasiões nela previstas. Acontece que, toda norma possui uma hipótese e um comando. O comando só é imposto se este estiver associado à hipótese. E a hipótese possui dois fatores, um subjetivo que determina ao dono do comportamento e outra pessoa que pode pleitear. O outro fator é o objetivo em que há a determinação das circunstâncias em que a norma recai. A hipótese narra as circunstâncias que caso e quando ocorridos, transformam a instrução atualmente obrigatório. Expõe também as particularidades das pessoas que necessitarão possuir o comportamento descrito no mandamento, assim como as pessoas que o farão exigir. 4. Atributividade do direito e técnica jurídica da tributação O direito é um mecanismo para o alcance de objetivos que somente poderão ser alcançados pela conduta humana. Através da lei o estado impõe uma conduta, onde se deve ou não fazer algo, como pode também consentir com alguns comportamentos. Os enunciados complementam uma norma ou redefinindo ou alterando ou acrescentando uma possibilidade legal. Eles também qualificam um aspecto de uma hipótese, associam duas ou mais normas e fixam pressupostos. A norma legal nada mais é do que um mecanismo das intenções do estado, uma exposição de sua vontade repressiva, que se exterioriza na Constituição. O recebimento de um bem, tanto dinheiro quanto outra coisa, é legítimo se estiver de acordo com o direito e uma vez que este autorize ou determine. A norma jurídica pode conceder ao estado uma fração deste bem. 5. O tributo como instrumento jurídico de abastecimento dos cofres públicos Para atender as necessidades financeiras do poder público, os políticos empregam o direito como modo de vontade de prover o estado de dinheiro. O estado desempenha o poder de acordo com o direito constitucional e cumpre todas as suas ocorrências ao que esta definido na lei. O objetivo pretendido pela lei é a transmissão de dinheiro das pessoas privadas sujeitas ao poder do estado para os cofres públicos. Podendo ser alcançada somente por meio de comportamentos humanos. As normas tributárias outorgam dinheiro ao estado e determinam comportamentos propensos a transportar dinheiro das pessoas particulares aos cofres públicos. 6. Momento ideal (ou jurídico) da transferência da riqueza e momento fático No direito tributário a lei oferta a qualidade jurídica de obrigação de um determinado fato. Ela outorga especificados fatos à qualidade para definir a origem da obrigação tributária. Ocorrendo o fato em que a lei determina tal virtude jurídica, o montante em dinheiro é crédito do estado. Ficando devedora a pessoa privada descrita em lei e concernente ao fato descrito. O particular só se desobriga pelo cumprimento de seu objeto se constituir na obrigação de dar quantia em dinheiro. A contar da ocasião da consecução do fato imponível, o estado tem o direito de vindicar e o contribuinte tem a obrigação de entregar o dinheiro, que é o propósito da obrigação. Sendo esta entrega da coisa ao seu titular legítimo a conduta exigida para que a vontade legal se efetive. 7. Objeto da obrigação Como o dinheiro é um fato abstrato, ele não pode ter como objeto coisas concretas. Desse modo, o dinheiro nunca pode ser objeto do direito. Nada que seja concreto poderá ser objeto do direito, das normas jurídicas ou das obrigações jurídicas. O dinheiro é objeto do comportamento, sendo este o objeto da obrigação. Sendo o objeto dasnormas jurídicas o comportamento humano, o objeto da obrigação tributária é a conduta do sujeito passivo, na qual é a transmissão do dinheiro aos cofres públicos. 8. Consequências jurídicas da atributividade das normas O contribuinte perde o comando do dinheiro quando atribui a titularidade ao poder público. O credor, no caso o poder público tem a autoridade de exigir a entrega do dinheiro. A relação jurídica entre o credor e o devedor (contribuinte) só se extingue com a transferência do dinheiro ao credor. Em virtude disso, é ilícito ocultar ou atrasar o conhecimento pelos agentes fiscais. Uma vez que ocorre o fato imponível surge um encadeamento de cunho patrimonial que gera ônus ao contribuinte. Tornando-o sujeito passivo em uma relação jurídica obrigacional, do qual só conseguirá a liberação por meio da prestação de seu objeto (tributo). 9. Conceito de tributo O artigo 3º do Código Tributário Nacional traz um preceito didático de tributo, sendo este “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”. O conceito é constitucional, não podendo nenhuma lei expandi-lo, diminuí-lo ou adulterá-lo. Já o conceito jurídico positivo é construído através da observação e estudo das normas jurídicas constitucionais. Tributo é uma obrigação jurídica pecuniária que não se concebe de ato ilícito, onde o sujeito ativo é pessoa pública e onde o sujeito passivo é uma pessoa colocada na situação por vontade da lei, consentido os desejos constitucionais implícitos ou explícitos. O sujeito passivo é quem nos impostos demonstre capacidade econômica, causando o fato ou contribuindo com ele. Também quem auferiu os atos de polícia ou serviços públicos, ou até mesmo o proprietário imobiliário. Em relação ao tempo, só poderá ser após a consumação do fato imponível. 10. Reconhecimento do tributo Existem quatro comportamentos específicos em que o sujeito se encontra na obrigação de dar dinheiro ao Estado, quais sejam, multa, tributo, obrigação convencional e indenização por dano. A multa é aplicada como forma de sanção que decorre de um ato ilícito cometido por um sujeito. No momento em que o ilícito é consumado, nasce a obrigação de pagamento de multa ao Estado como forma de punição. Já o tributo, tem a definição de obrigação jurídica legal, com caráter pecuniário, que não consiste em ser relacionado a sanção por um ato ilícito, em prol de uma pessoa pública. Todavia, o vínculo obrigacional no tributo, nasce independentemente da vontade das partes, mas por força de lei, por meio de um fato jurídico lícito. As obrigações convencionais, ao contrário do tributo, nascem da vontade das partes (obligatiovoluntate). ex Uma vez exposta a vontade das partes, nasce uma obrigação convencional, como por exemplo, os contratos de mútuos, aluguéis, compras e vendas e etc. Por outro lado, nasce a indenização por dano, todas as vezes em que um sujeito causar um prejuízo ao Estado. A indenização por dano pode ser definida como sendo um meio de reparação patrimonial, pela restituição do dano praticado. 11. O direito tributário se forma em torno do conceito de tributo (que é constitucionalmente pressuposto) É válido dizer que pelo conceito de tributo, nasce o direito tributário. Tal afirmação advém de um contexto determinado em que o tributo é considerado um conceito primário de uma das subespécies do direito administrativo. A esfera deste conceito no Brasil dá o parâmetro de definição da amplitude material do direito tributário. É notório dizer que nenhuma lei, até mesmo complementar, seja capaz de reduzir a força do direito tributário no Brasil. O ilustre Cirne Lima revela a delimitação dessa subespécie ''Produz o princípio de utilidade pública a formação do direito administrativo, como qualquer acidente do terreno pode causar a formação de um cômoro nas praias do mar. É suficiente que uma saliência mínima enxugue o chão liso. Sobre ela, batidas pelo vento. Logo as areias se acumulam e já o acúmulo das primeiras suplanta a saliência primitiva que o vento tange. Tal é, com efeito, o processo de formação de todo direito especial.’’ Neste sentido, convém afirmar que juridicamente, o tributo é um estatuto originado pela ordenação jurídica. Podendo ser ou não análogo aos conceitos extrajurídicos nomeados por similar palavra. Contudo, se torna impossível que o jurista estude e explore as características e propriedades do conceito do tributo, senão afeiçoadas de forma positivista pelo direito Constitucional. Isto porque, a definição de tributo é uma definição jurídica-positivista. 12. Direito tributário como capítulo do Direito Administrativo. É evidente que o direito tributário seja uma subespécie do direito administrativo no Brasil. É comum que ao mencionar as palavras direito tributário, cria-se na imaginação das pessoas uma ideia de pagar dinheiro ao Estado. Todavia, as questões referentes ao não pagamento de tributos; quais serão as consequências sofridas pelo não pagamento e etc, não são questões tratadas pelo direito tributário material, mas sim pelo direito administrativo tributário. A norma jurídica tributária material portanto, se esgota com a expressão “pague dinheiro ao Estado”. Daí em diante, tem-se o direito administrativo tributário. Não obstante, se convencionou distinguir o direito tributário do direito administrativo, pelo afastamento do instituto tributo. Entende-se ser a parte tributária uma subespécie que é inserida dentro da espécie positiva de direito administrativo.13. Estruturas das normas jurídicas O artigo 5º inciso II da CF/88 nos revela que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Contudo, tal afirmação aplica-se também ao direito tributário, tendo em vista que, podemos dizer que cada pessoa só é obrigada a obedecer alguma ordem ou mandamento, da qual o não cumprimento nos resultaria uma sanção inequívoca. Assim, uma vez ocorrido o ato previsto em lei, o mandamento que anteriormente era apenas teoria, se aplica na prática passando a produzir efeitos e sanções. Nesse sentido, enquanto não acontecer o fato tipificado em lei suas consequências ficam impedidas de serem aplicadas. Entretanto, sua aplicação fica condicionada ao acontecimento do fato. Desta maneira, as sanções e mandamentos destinados àqueles fatos só incidirão quando da ocorrência destes, dos quais são vinculados. Por fim, afirma o ilustre Alvino Lima “As regras jurídicas são obrigatórias por essência, mas não temos obrigação de respeitá-las senão quando reunidas as condições de sua aplicação”. 14. Sanção A sanção consiste na aplicação de uma consequência pelo descumprimento ou não fazimento de um mandamento previsto em lei. Conquanto, há quem entenda que nem sempre as sanções são espécies de “castigos”. Todavia, as sanções também podem consistir em uma nova relação jurídica, a anulação da relação jurídica antecedente, bem como a efetivação do dever jurídico desobedecido. Vale ressaltar que, embora tenha caráter de “castigo”, o mais importante da sanção não é a sua aplicação como forma de punição, mas sua execução forçada do conteúdo do direito. No direito tributário a sanção tem uma aplicação complexa, visto que, baseiam-se em incalculáveis outros princípios jurídicos. 15. Divergência doutrinária quanto à estrutura da norma O iminente Paulo Barros Carvalho escreve: “Nada obstante, quer parecer-me que a sanção não integra a estrutura estática da norma jurídica. É outra norma de direito, com outra hipótese de incidência e outro mandamento. Toda classificação só tem valor realmente científico na proporção em que conduz à consequências de natureza prática. Essa colocação , inobstante, tem a virtude de demonstrar que a regra jurídica não apresenta qualquer significado, porque destituída da coatividade, que só a ordenação total lhe pode conferir”. Dessa maneira, não transferindo consigo consequências práticas, esta colocação haverá de ser um meio de ratificar princípio fundamental de que o mandamento do direito forma um método pleno e absoluto. 16. Incidência Como qualquer outra norma jurídica, as normas tributárias, também têm suas incidências retidas à episódios previstos em lei, episódios estes que, consumados, geram automaticamente a incidência das regras. Um exemplo claro é o fato de: “João receber honorários”, tal fato incidirá a regra: “quem receber honorários pagará 10% ao Estado”. Como expressa Pontes de Miranda: “Para que os fatos sejam jurídicos, é preciso que regras jurídicas - isto é, normas abstratas - incidam sobre eles, desçam e encontre os fatos colorindo-os, fazendo-os jurídicos”. Com base no pensamento de Pontes de Miranda, podemos verificar que a incidência da norma torna jurídica um determinado fato, outorgando-lhe consequências/sanções jurídicas. SEGUNDA PARTE Aspectos da hipótese de incidência tributária. 17. Norma tributária O regulamento da tributação estatal é o conjunto de normas jurídicas do direito tributário. No entanto, norma tributária é designada para constituir o tributo na sua composição, configuração regulamentação. Norteia o relacionamento entre os sujeitos da obrigação tributária e seus deveres. A norma que se refira a criação de disposição/obrigação - de livre manifestação de vontade -, voltada sobretudo, para a constituição de um vínculo, não é de caráter tributário, nem tampouco, a obrigação nela baseada é tributo. Todavia, para que seja de caráter tributária é necessário que a expressão “pague o dinheiro ao Estado” seja apenso à ideia de “se acontecer um fato X, que não seja ilícito”. Isto porque, este comando só é imposto à pessoa contemplada na hipótese da lei; e somente quando se consume o fato tipificado na legislação pertinente. Pode-se dizer então que a norma tributária tem por finalidade exercer o objeto deste trabalho, ou seja, analisar a estrutura, características, funções nos aspectos estatísticos e dinâmicos. 18. Questão terminológica Um estado de fato, em regra, é descrito por uma lei, no qual constitui a reunião de circunstâncias, e regulamenta sobre a realização e efetivação concreta, no mundo do que foi exposto, determinando o início de uma obrigação onde enseja o pagamento de tributo. De maneira cronológica e lógica, tem-se primeiramente, uma descrição teórica legislativa, que pode ser entendida como hipotética, de um determinado fato; onde posteriormente, concretiza-se este fato. Então, a obrigação só nasce com a concretização deste fato, isto é, quando este fato se consuma dentro de um lapso de tempo e espaço. Nada obstante, há dois momentos lógicos e cronológicos. O primeiro é aquele em que a lei descreve um determinado ato, tipificando-o e tornando-o capaz para produzir uma obrigação. O segundo é o acontecimento ou realização deste ato. A lei tributária por sua vez, coloca a pessoa como sujeito passivo dessa obrigação, interligando-a ao Estado até o cumprimento da obrigação. O fato gerador em abstrato então se conceitua por “hipótese de incidência”, e em concreto por “fato imponível”. 19. Hipótese de incidência como conceito legal A descrição legal de um determinado fato é considerado como sendo uma hipótese de incidência, quer dizer, é a formulação de um fato contido na legislação. É, nesse sentido, um conceito abstrato, não passando apenas de teoria, onde o legislador positivou o fato, mas sendo mera de previsão legal. O autor Perez de Ayala discorre sobre o tema dizendo em sua definição: “A hipótese legal é só uma definição contida numa lei. Pertence ao mundo dos valores jurídicos. Pelo contrário, o fato imponível real é a realização dessa hipótese legal. Pertence ao mundo da realidade fática”. 20. Universalidade do conceito de hipótese de incidência É válido dizer que a hipótese de incidência é tida como conceito, uma vez que, é uma interpretação mental de um fato e circunstância deste. Todavia, é conceito, mas não só conceito. Isto porque, é também a manifestação legislativa, composta no enunciado legal, podendo considerá-la como conceito legal. A hipótese de incidência também é categoria jurídica, tendo em vista que, é formulada pela lei, não sendo apenas um conceito simples e puro. É conceito jurídico-legal. Para Walter Brugger “o conceito representa o objeto , não por suas propriedades ontológicas, mas enquanto o ato de pensamento leva em si, com existência ideal (só representada) um determinado conteúdo; o conceito significa o objeto, está internacionalmente dirigido a ele.” A lei, se limita em arrecadar determinadas fontes que o definiam, com intuito de criar uma hipótese de incidência. Entretanto, o legislador pode arrolar muitas ou até mesmo poucas características de um Estado de fato ao construir uma hipótese de incidência. Todavia, o que realmente é interessante são os caracteres que foram de verdade exigidos pela lei, os remanescentes são ínfimos. Misabel Derzi demonstra: “A legalidade estrita, a segurança jurídica, a uniformidade e a praticidade determinam a tendência conceitual prevalente no direito Tributário. Além desses princípios citados, a repartição constitucional do poder tributário, assentada, sobretudo, na competência privativa, tem como pressuposto antes a forma de raciocinar por conceitos fechados do que por tipos. Os tributos são objetos de uma enumeração legal exaustiva, de modo que aquilo que não está na lei, inexiste juridicamente. A diferenciação de um tributo e outro se dá através de uma classificação legal, esgotante do conceito de tributo. Criam-se, a rigor, espécies tributárias como conceitos determinados e fechados que se distinguem uma das outras por notas fixas e irrenunciáveis”. 21. Unidade lógica da hipótese de incidência A hipótese de incidência como unidade lógica é una e indivisível, considerando-a um ente lógico-jurídico. Trata-se então, desta hipótese como lógica-jurídica no que desrespeito a configuração de tributo, permitindo determinar a espécie deste tributo. 22. Fato imponível No Brasil é vigente o princípio da legalidade. Todavia, a competência para determinar ou não a aplicação de tributos advém da lei, sendo privativa do legislador. O escritor Albert Hensel em seu estudo sobre o direito tributário, relatou: “A atividade administrativa, para a execução da pretensão, não se segue imediatamente à emanação da norma; mas só se pode iniciar quando, em momento ulterior, se dê a concreta realização do fato descrito (previsto) na lei”. Um fato imponível no entanto, há de ser um fato real, ocorrido “hic et nunc”, como forma de um determinado acontecimento tangível, corpóreo ou efetivo, que desrespeito à imagem abstrata. Para tanto, um fato imponível é um fato jurígeno devendo submeter-se à hipótese de incidência. 23. Fato imponível e sua subsunção à hipótese de incidência É mister afirmar que o fato imponível é fato concreto, estabelecido no lapso temporal e no espaço, ocorrido no universo fenomênico que dá surgimento à obrigação tributária. Para que um acontecimento, seja de fato considerado imponível este, deve condizer com as características prevista na legislação. Entretanto, podemos considerar que um fato se integra à lei. Havendo a subsunção deste fato à hipótese de incidência, ele será, para todos efeitos fato imponível. Mas, sendo ao contrário, considerar-se-á irrelevante para o direito tributário. 24. Nascimento da obrigação tributária O aspecto material (configuração do fato), o aspecto pessoal (conexão com alguém), aspecto espacial (sua localização) e o aspecto temporal (consumação num momento fático) reunidos, definem o efeito jurídico apetecido pela lei, qual seja, a criação de uma obrigação jurídica com caráter tributário, em face da pessoa que o gerou em um dado momento. 25. Subsunção Entende-se ser a subsunção uma ocorrência de um fato em que configura a previsão legal. É possível afirmar que um fato se subsume à legislação quando condiz completa e formalmente à definição que delefaz a leil Ademais, a hipótese de incidência abrange um arquétipo, um protótipo bem pormenorizado. Como já relatado nos tópicos anteriores, o fato imponível é a concretização deste arquétipo legal. É válido ressaltar que, na esfera penal, os escritores do direito penal, ao dissertarem sobre a teoria da tipicidade, nada mais fizeram do que enfatizar a necessidade do ocorrido ilícito ao tipo legal, a fim de que tal fato ocorrido seja reputado como crime. 26. Fato imponível como fato jurídico e não ato jurídico O jurista Almir Falcão A. R. Sampaio Doria expressa em sua obra: “... é evidente que um ato voluntário não pode se constituir em fonte de obrigações tributárias. Pois não está na vontade das partes determinar se do ato praticado há-de nascer uma consequência necessária (pagamento de um tributo), ou não. A primeira vista, pode-se confundir essa situação com a faculdade de o indivíduo decidir praticar certo ato de que resultem efeitos tributários que lhe parecem indesejáveis (a compra de mercadorias, por exemplo, sujeito a um imposto de vendas). Mas, veja-se bem, sua opção está na prática do ato (compra e venda) e não no surgimento de um efeito colateral (obrigação tributária), que deriva não do ato em si, em sua configuração jurídico-formal, mas de um fato econômico que ele exterioriza (circulação da riqueza)”. No entanto, a doutrina é unânime em afirmar que o fato imponível é um fato jurídico e não ato jurídico. Isto é, se a legislação utilizar como aspecto material - da h.i. - um acontecimento que, para outro lado do direito é facultativo, para o direito tributário será considerado fato jurídico. Contudo, o direito tributário é irrelevante com relação ao desejo das partes na elaboração de um negócio jurídico. Diferente é no direito privado, em que se prioriza a autonomia e vontade das partes. A única a relevante vontade priorizada no direito tributário é a vontade da lei, que faz com que esta vontade vire um fato, ao empregá-la como fato jurídico na hipótese de incidência. 27. Caráter unitário do fato imponível A primordial consequência da singularidade substancial e formal da hipótese de incidência é que o fato imponível, também é incindível e uno. Paulo Barros Carvalho, salienta a irredutibilidade da hipótese de incidência por “integridade conceptual”, ele diz: “a unidade lógica de um fato imponível não se altera pela eventual variação dos elementos de fato, sua extensão ou outras características, desde que a conjunto, como um todo unitário, se subsume ao arquétipo legal”. Não obstante, enquanto vigorar a lei que engloba determinada hipótese de incidência, os fatos/acontecimentos que nela estão previstos, serão fatos imponíveis, munidos de força jurídica que os autorizam a produzir relevante consequência/sanção jurídica, qual seja: designar o início de uma obrigação tributária. 28. Aspectos da hipótese de incidência Os aspectos da hipótese de incidência são a autoridade que estas possuem para estabelecer os sujeitos da obrigação tributária, bem como sua natureza substancial, instante e lugar do nascimento. Conquanto, podemos designar tais aspectos de forma pessoal, material, temporal e espacial. Todavia, em razão de dispor de vários aspectos, a hipótese de incidência não deixa de ser indivisível e una. 29. Aspecto pessoal O aspecto pessoal inerente à hipótese de incidência, determina os sujeitos da obrigação tributária. Compreende uma relação entre a hipótese de incidência e duas pessoas, que serão levantadas, em razão do fato imponível e por força legal, como sujeitos da obrigação. É aspecto ligado às partes da relação jurídica tributária. Para o direito constitucional, o sujeito passivo é aquele cuja a Constituição da República Federativa do Brasil designou, não possuindo sequer discriminação do legislador. No entanto, só poderá ser posto em “posição passiva” na relação, o “destinatário constitucional tributário”. O jurista Hensel destaca que: “O legislador procede à eleição dos sujeitos (aspecto pessoal da h.i.) com certa discrição, exceto no Brasil, onde ele é obrigado, sob pena de inconstitucionalidade, a por como sujeito passivo o destinatário constitucional brasileiro”. Nesse sentido, a Constituição do Brasil não dá liberdade ao legislador para sequer escolher os sujeitos passivos, nem tampouco para nomear a materialidade da hipótese de incidência. Isto porque, todos estes já estão identificado na constituição, seja de maneira implícita ou expressa. Por outro lado, Paulo Barros Carvalho faz uma ilustre observação no sentido de que “a hipótese de incidência só designa o sujeito ativo (de maneira expressa ou implícita). Quanto ao sujeito passivo, limita-se a dar o critério para sua determinação. É que só o fato imponível irá concretizar em alguém a indicação genérica a abstrata da lei. Só depois do fato imponível, é possível determinar concretamente o sujeito passivo”. Por fim, afirma-se que a hipótese de incidência se esgota em delinear o preceito do qual se vai, se fundamentar “in concretu” quem é o sujeito passivo. 30. Sujeito ativo No direito tributário sujeito ativo é aquele configurado credor da obrigação tributária, ou seja, é o sujeito pelo qual a lei concede a legitimidade para a exigibilidade do tributo. Como já dito nos tópicos anteriores, somente a lei pode designar quem será o sujeito ativo da relação. Tal designação constituia hipótese de incidência, compreendendo seu aspecto pessoal. A lei, em razão de sua força, tem plena titularidade para atribuir um tributo à pessoa pública de que a lei é, ou pessoa distinta. A determinação do sujeito ativo nem sempre será expressa, podendo ser também implícita. 31. Parafiscalidade Entende-se que a parafiscalidade é a atribuição que a lei faz à pessoas diversas de estado em ser titular de tributos, tributos estes que, são arrecadados em prol das próprias finalidades. É situação das autarquias dotadas de legitimidade tributária ativa, quais sejam: “IAPAS, DNER, OAB, CONFEA, CEF), bem como de entidades paraestatais. 32. Sujeito passivo. Desdobramento do tema O devedor é o sujeito passivo da obrigação tributária, vulgarmente também denominado contribuinte. É aquele sujeito que fica na eventualidade legal de dispor de comportamento, que é objeto da obrigação, em prejuízo do próprio patrimônio e em prol do sujeito ativo. Certamente será o sujeito que terá seu patrimônio reduzido, em razão da cobrança de tributos. Assim bem esclareceu Cleber Giardino: “Será sujeito passivo, no sistema tributário brasileiro, a pessoa que provoca, desencadeia ou produz a materialidade da hipótese de incidência de um tributo (como inferida da constituição) ou quem tenha relação pessoal e direta - como diz o artigo 121, parágrafo único do CTN - com essa materialidade, Efetivamente, por simples comodidade ou por qualquer outra razão, não pode o Estado deixar de colher uma pessoa, como sujeito passivo, para discricionariedade e arbitrariamente, colher outra”. 33. Sujeito passivo nos tributos vinculados É o sujeito que usa um serviço, tem no à disposição ou é culminado por determinada ação de polícia ou ainda aquela que recebe singular privilégio de uma atividade pública, ou até mesmo a produz. A lei exige que o legislador coloque como sujeito passivo dos tributos vinculados, somente aquelas pessoas que se relacionem com a atuação do Estado que integra no núcleo da hipótese de incidência. O legislador, portanto, não goza de nenhum árbitro, todavia, deve seguir o princípio da equivalência (nas taxas) e o princípio da compensação (das contribuições). 34. Sujeição passiva indireta Quando o texto constitucional não seja lesado, é possível que seja deslocada a sujeição passiva, para outra pessoa, por força legal. Em regra, as obrigações já nascem tendo como sujeitos passivos destas, alguém que não represente a configuração descrita, ou até mesmo, transfere-se a posição de sujeito passivo de uma pessoa para a outra, assumindo a posição jurídica da outra. Entretanto, a doutrina majoritária entende que essa deslocação se dá apenas em casos excepcionais, sendo exigido o máximo de cuidado possível do legislador para que não sejam lesados os princípios da Carta Maior, mas que todos os preceitos estejam inseridos de forma harmônica, no direito tributário. 35. Aspecto temporal Na hipótese de incidência, o aspecto temporal é definido como a originalidade que esta tem de representar, seja explicitamente ou até implicitamente, o devido momento em que se deve declarar realizado um fato imponível. Contudo, a mais importante e maior função, diz respeito à indicação do instante em que se ocorreu ou que se reputou consumado o fato imponível. Isto porque, é exatamente neste dado momento que nasce a obrigação tributária. 36. Colocação tradicional do tema Pela estrutura da hipótese de incidência, a doutrina dispõe que esta possa ser complexa e única, ou seja, com base nos dados obtidos pelo legislador para instituí-la, ela pode se conceber de um fato complexo e único. No entanto, o aspecto temporal se demonstra quando ocorrido um fato é verificado um fato imponível, nascendo a obrigação. O surgimento do efeito jurídico se dá com a consumação do fato previsto. O escritor A. Falcão diz que “a hipótese de incidência para o direito tributário, é um fato jurídico, não importando se, para outros ramos do direito, se configura como ato ou fato. O fato gerador portanto, é um fato jurídico em sentido estrito. Pode exprimir-se a mesma ideia, afirmando não ser ele, para o direito tributário, um ato jurídico de conteúdo negocial ou um negócio jurídico”. 37. Classificação dos impostos baseado no aspecto temporal da hipótese de incidência. A doutrina tem o hábito de especificar os “fatos geradores”, quanto à sua estrutura em complexos e simples e, quanto ao processo de sua composição em instantâneos, complexivos e continuados. O ilustre Hector Villegas dispõe que: “cumpre não perder de vista que o objeto do imposto não é o fato isolado, que produza até mesmo acréscimos patrimoniais, mas sim ao conjunto de tais fatos isolados, verificados num certo lapso de tempo. Assim, não se pode jamais dissociar, na sistemática do imposto de renda, o elemento fato do elemento tempo, nem olvidar que o tributo incide sobre uma situação constatada após o decurso de um período e não anteriormente a ele.” 38. Crítica ao critério de classificação Para a lei tributária, o que de fato é relevante e de grande valor é o resultado, sendo proibido pretender-se arrancar do processo que o causa, ante do ocorrido, efeito tributário. Nesse sentido, em resumo, o que concerne para a lei tributária é o resultado sobre o qual vai atingir o preceito, desmembrando efeitos jurídicos. É evidente que, no encargo de resultado, estará permanentemente a necessitar dos fundamentosque o determinam. 39. Classificação científica das hipóteses de incidência quanto ao aspecto temporal O jurista Paulo Barros Carvalho, expressa sua opinião sobre o tema: “a única classificação que me parece reunir dados científicos é a que vislumbra, nas hipóteses de incidência, a previsão ou não de sua ocorrência em determinado momento”. Termina sua opinião dizendo: “Como conclusão, sugiro que seja adotada a classificação das hipóteses de incidência em: a) hipóteses de incidência que preveem momento exato para a ocorrência do fato imponível e b) hipóteses de incidência que não fazem alusão ao momento em que deva ocorrer o fato imponível. 40. Aspecto espacial A denominação de circunstância de lugar é designado pelo aspecto espacial. Tais denominações são de suma importância e relevância para que se configure um fato imponível. A legislação em suas lacunas, dentro das hipóteses de incidência, só qualifica o fato. Tal como, apto a definir o surgimento de uma obrigação, quanto este fato se consume na esfera territorial de juridicidade da lei, ou seja, no âmbito espacial tem-se a aptidão do legislador tributário. Aptidão essa, resultado do princípio da territorialidade da lei, que é completamente aplicada e vigente no direito tributário brasileiro. Assim bem escreve A. Becker, quando diz “as coordenadas de lugar podem condicionar que o núcleo e elementos adjetivos devam acontecer no mesmo lugar ou cada um em distintos lugares.” 41. Aspecto material O aspecto material pode ser considerado como o mais complexo nas hipóteses de incidência. Isto porque, ele envolve a designação de todos os dados de estrutura objetiva, representantes do arquétipo em que a hipótese de incidência consiste. Ou melhor, é a propícia consistência material do fato, bem como o próprio estado de fato descrito pela h.i. É a exposição dos elementos substanciais que servem de suporte para a hipótese de incidência. Para melhor esclarecer, é conveniente afirmar que o aspecto material é a mais pura e abstrata imagem de um fato jurídico. O aspecto material preceitua a classificação jurídica dos tributos que se desdobram em espécies e subespécies. 42. Base imponível (questão terminológica) A base imponível é ingênita à hipótese de incidência. É tido como condição essencial, que, em razão disso, não deixa de permanecer em caso algum. Qualquer que seja o tributo, este tem base de cálculo, por determinação constitucional. 43. Definição de base imponível Na definição de Aires Barreto “a base imponível é uma perspectiva dimensível do aspecto material da hipótese de incidência, que a lei qualifica, com a finalidade de fixar critério para a determinação, em cada obrigação tributária concreta, do “quantum debetur”. É padrão ou referência para medir um fato tributário”. A lei tem o cuidado de classificar um ou alguns traços do aspecto material da hipótese de incidência, onde é atribuída função jurídica destes. É válido classificar a base imponível como um conceito-legal. Pode ser considerada como atributo jurídico normativo da hipótese de incidência. 44. Alíquota A alíquota é uma marca da lei tributária, marca essa que incide quando e se consuma ou não o fato imponível, dando o surgimento da obrigação. O jurista Aires Barreto expõe sua ideia trazendo uma grande definição: “a alíquota é um critério para atribuir ao estado uma soma de dinheiro. Essa soma é o quantum devido. É a dívida tributária que, em certos casos pode ser parcela da base. Não da base de cálculo - que é abstrata - mas de base calculada. Genericamente, o quantum devido é apenas parcela da riqueza do contribuinte atribuída ao estado, porque quando o percentual for superior a 100% não pode dizer que o quantum é parcela de base calculada, embora seja parcela de riqueza do contribuinte”. Ademais, para que o quantum seja fixado, não basta apenas a indicação legal da base imponível. Todavia, a legislação deve estabelecer outro critério quantitativo que conceda a fixação do débito tributário. 45. Alíquota e taxa Nem sempre as taxas possuem alíquotas. Em suma, não trata-se de “atribuição ao estado pela lei, de parcela de riqueza alguma.” Isto porque, tal explicação não é empregada às taxas, uma vez que, o princípio normativo é diferente, perpassa pela Constituição Federal (art 45, inc II). O princípio que rege e comanda a taxa é o princípio da remuneração. Desse modo, o preço de um serviço público não geral, deve ser fragmentado entre seus utentes, na maneira em que cada sujeito a utiliza. 46. Determinação do “quantum debetur” A lei deve dispor sobre todos os critérios para caracterizar os fatos que fazem surgir uma obrigação. A base imponível por sua vez, é uma nobreza inerente ao objeto do imposto, isto é, o aspecto material da hipótese de incidência. Em cada indivíduo este possui uma base calculada de tamanho diferente. Já a alíquota, se trata de uma nobreza exterior do objeto: é gerada pela legislação, sendo portanto, imutável e genérica. Contudo, pode-se dizer que a hipótese de incidência fixa, por meio de critérios e estabelecimentos, a base de cálculo. O fato imponível define a base de cálculo (débito tributário). O lançamento limita-se a diferenciar os resultados do fato imponível, em virtude de critérios legais, onde aplica-se àalíquota na base de cálculo. 47. Dinâmica da obrigação tributária Da incidência tributária, decorre o dever de transferir dinheiro/capital ao Estado, conforme o texto da Carta Magna e de acordo com procedimento administrativo e tributário. Nada obstante, o direito tributário propõe demandas práticas a resolver, quais sejam: “se deve-se pagar tributo, a quem se deve pagar, quem deve pagar, quando nasce o dever de pagar e quanto deve ser pago.” Todavia, existe forma oficial e regulada para se manejar a aplicação concreta da lei ao lançamento. Conquanto, trata-se de matéria de direito administrativo, que, por utilidade prática, se exibe no direito tributário, mas precisamente na “esfera” direito administrativo tributário. TERCEIRA PARTE Classificação jurídica dos tributos Critério de classificação 48. Considerações gerais Os tributos, quanto à sua natureza, podem ser classificados em duas espécies. Essas espécies se diferenciam pelos regimes jurídicos que estas são submetidas. O critério jurídico por sua vez, está na lógica da hipótese de incidência, em seu aspecto material. A única razão das classificações jurídicas dos tributos é o dado legislativo, em que estabelece a hipótese de incidência, exteriorizada pelo legislador. 49. Importância da classificação A classificação se constrói pelos princípios constitucionais irrenunciáveis - da administração pública e do legislador - neste sentido, vem a extrema necessidade de estrita observância. A Carta Magna promove e atribui institutos jurídicos distintos a serem aplicados às leis tributárias. Ainda, no própria Constituição existem princípios e regras diferentes, onde são empregadas à várias subespécies e espécies de tributos. 50. Critérios correntes da classificação As deliberações jurídicas devem tomar por ítem de partida o dado jurídico superior: a legislação constitucional. É pela legislação constitucional que o jurista/legislador deve erigir o seu conceito. Entretanto, deve estribar-se aos ângulo normativo, constitucionalmente prestigiados. Segundo A.D. Giannini “ao estabelecer a classificação dos tributos, no seu clássico Direito Tributário, sublinha que o seu fundamento é exclusivamente jurídico. Que coincide com a classificação financeira, porém, com ela não se identifica. Um é qualificada por elementos (econômicos) diversos dos (formais) que caracterizam as outras, assim como a análise dos atos da vida econômica não se compenetra com a dos correspondentes negócios jurídicos”. 51. Proposições metodológicas O tributos, bem como suas espécies, são puramente interpretações jurídicas do texto Constitucional, e não formação de conceitos fundados em economia ou finanças. O ilustre Celso Antônio Bandeira de Mello, conceituou: ”Sucede, no entanto, que para o estudioso do direito é sumamente importante distinguir o ente jurídico - isto é, a figura que resulta de um sistema de normas - naquele ser diverso, que lhe serviu de engaste, mas cuja realidade é apreensível fora do raciocínio jurídico. Com efeito, a lamentável confusão entre os dois ocasiona procedimentos metodológicos defeituosos, inviáveis para se alcançarem os fins a que se propõem”. 52. O critério jurídico de classificação dos tributos está na consistência do aspecto material da hipótese de incidência. O fundamental caráter diferencial entre as espécies tributárias está na formação do ângulo material da hipótese de incidência. Conquanto, o aspecto material nas hipóteses de incidência são verificadas da seguinte maneira. Primeiramente, ou compreende em uma atividade do poder público ou, compreende um determinado fato ou acontecimento indiferente de qualquer atividade do Estado. Este aspecto autoriza classificar todos os tributos, dado que, de acordo com o aspecto material, sua h.i, representa o exercício de uma atividade estatal, em tributos vinculados ou não. Os tributos vinculados são aqueles que a hipótese de incidência compreende na definição da atuação do Estado. Em contrapartida, os não vinculados são aqueles que a hipótese de incidência equivale à um fato que não tenha atuação do Estado. Por fim, podemos definir que os tributos vinculados são aqueles que obtêm atividade e atuação do Estado e, os impostos em que as hipóteses de incidência são fatos ou acontecimentos quem não envolvam o Estado,são os não vinculados. TRIBUTOS NÃO VINCULADOS 53. Imposto, tributo não vinculado O imposto é definido como espécie de tributo não vinculado. Isto porque, é o tributo em que a hipótese de incidência compreende a conceituação legal de um efeito gerador, desde que este, não constitua de maneira alguma envolvimento com o Estado. Acontece quando um sujeito obtém capacidade contributiva e, em virtude disso, é colocado na posição de sujeito passivo da obrigação tributária. Presume-se que no imposto há uma estimativa de que o fato gerado pela hipótese de incidência, seja de caráter econômico. 54. Critério de exclusão para reconhecimento do imposto Os tópicos anteriores revelaram que todo tributo que não seja vinculado é imposto. Para comprovação de manter na assistência de imposto é o critério de exclusão. Tal critério se aplica de maneira que estando à frente de uma exação, otradutor demonstra que não se trata de tributo vinculado, afirmando e reiterando seu caráter de imposto. 55. “Nomen iuris” Como bem se sabe, nomem iuris é uma espécie de denominação. Entretanto, boa parte da doutrina no direito tributário entende que “um tributo não segue a sorte do nome que lhe queira dar. Não será taxa tão-somente porque assim se o denominou, do mesmo modo que, reciprocamente, como imposto também não se há de o ter, apenas porque assim batizado.” Nesse sentido, o tradutor por sua vez não poderá regular pela designações ou nomeações que o legislador atribui aos institutos, todavia, poderá ser pelo critério científico e objetivo anteriormente exposto. Assim bem entende o jurista Amílcar Falcão, “Não poderia ter efetividade, nem sobrevivência, o sistema tributário nacional instituído pela Constituição, com evidentes e confessados propósitos políticos, como a implantação do regime federativo, se fosse lícito ao legislador ordinário ludi-lo, pelo troca de nomes de cada tributo para a invasão do campo tributário reservado a competência diversa. A jurisprudência do STF culminou de inconstitucionalidade, no regime constitucional anterior, várias usurpações dessa natureza”. 56. Impostos reais e pessoais Impostos reais são aqueles em que o aspecto material da hipótese de incidência esgota-se em relatar um fato, de modo independente do aspecto pessoal. No entanto, é considerável que a hipótese de incidência seja considerada um fato, com abstração realizada das condições jurídicas do sujeito passivo. As condições relativas aos sujeitos, em se tratando de impostos reais, não têm interesse nesse campo, o que significa dizer que, não há assunto pessoal quando se trata de aspecto material. Em contrapartida, há também os impostos que incidem sobre o aspecto pessoal. São aqueles em que a hipótese de incidência leva em apreço as qualidades dos sujeitos passivos das obrigações. Qualidades estas que induzem na diferenciação dos tratamentos legislativos neste aspecto. 57. Impostos diretos e indiretos Os impostos diretos e os indiretos não possuem classificação normativa, bem como não há previsão legal. Destarte, o critério regulador destes é puramente econômico, tendo em vista que, foi criado pela ciência das finanças, a começar da análise do fenômeno econômico de efeitos dos tributos. Embora não tenha previsão legal, é um critério de suma importância e relevância jurídicas em determinados sistemas internacionais. Todavia, no sistema nacional não há aplicação. 58. Os impostos em espécie O professor Barros Carvalho tem ótima definição deste instituto, ele diz: “esse núcleo ao qual nos referimos, será formado, invariavelmente, por um verbo, seguido do seu complemento. Daí porque aludirmos a comportamento humano, tomada a expressão na plenitude de sua força significativa, equivale a dizer, abrangendo não só as atividades refletidas, como aquelas espontâneas. É forçoso que se trate de verbo pessoal e de predicação incompleta, o que importa a obrigatória presença de seu complemento.” Fazer a identificação do tipo de imposto depende da apreciação dos termos impostos pelo legislador, bem como pelo constituinte, para organizar a hipótese de incidência no aspecto material. TRIBUTOS VINCULADOS 59. Espécies Ao contrário dos não vinculados, os tributos vinculados são aqueles em que há uma autuação ou envolvimento estatal. Essa espécie de tributos possuem mais duas subespécies, que se apartam por características estabelecidas pela lei, através de aspectos materiais e pessoais das hipóteses de incidência. A taxa por sua vez, possui a hipótese de incidência por uma atuação do Estado diretamente relacionada à pessoa - que é obrigada - que incide na posição de sujeito passivo da relação obrigacional. Tal relação, integra a taxa como objeto da obrigação. Já a contribuição, também tem atuação estatal, todavia, essa atuação incide indiretamente ao requerido objeto. Então, não basta tão somente a autuação estatal, isto porque, só existirá a contribuição quando entre o que for “obrigado” e a atuação do Estado, a lei se dispor de um certo termo intermediário, que constitui a referibilidade entre ambos. 60. Base imponível É válido dizer que a base imponível da taxa é uma extensão da própria atividade do Estado: valor ou despesa. Todavia, já na contribuição a base imponível não se encontra na extensão do Estado, porém na medida da dimensão de sua consequência, ou seja, a valorização imobiliária. Entretanto, pode-se afirmar que o tributo se propícia à valorização e não à atuação. Contudo, taxa é espécie de tributo vinculado, em que há atuação direta e imediata do Estado com relação ao sujeito da obrigação. Contribuição também é espécie de tributo vinculado, porém, não há atuação do Estado direta e imediata em relação ao sujeito da obrigação. 61. Taxas na doutrina Grande parte da doutrina segue a mesma linha de pensamento em relação às taxas, eles afirmam: “Não há necessidade de a Constituição discriminar competências para exigências de taxa (como há, pelo contrário, no que respeita a impostos), porque a hipótese de incidência da taxa é sempre uma atuação estatal (atividade de polícia, prestação de serviço público). A pessoa pública competente para desempenhar a atuação, e só ela, é competentepara legislar sobre sua atividade e colocar essa atuação no núcleo da hipótese de incidência da taxa”. 62. Referibilidade ao sujeito passivo na taxa A referibilidade da atuação estatal e o sujeito passivo da obrigação são primordiais para se conceber a taxa. Em hipótese alguma, a legislação poderá requerer taxa de conservação de rua vinda de um proprietário não lindeiro à via pública que obteve o serviço. Nem tampouco, poderá se valer de uma taxa de serviço não utilizada pela pessoa. Para que se defina a taxa, é necessário e primordial que haja o serviço/referibilidade direto(a) da atuação estatal ao obrigado. Então, só será obrigado ao pagamento da taxa, aquele sujeito que de fato fizer uso dela, configurando a partir daí este como sujeito passivo da obrigação. O sujeito passivo então será aquele sujeito que provocar a utilização do serviço público específico. 63. Destinação do produto de arrecadação Na atual sociedade é comum que as pessoas questionem sobre “a destinação legal do produto de sua arrecadação”. Nada obstante, é completamente inviável que uma pessoa recorra à argumentos ligados ao destino que o Estado dá aos dinheiros arrecadados por este. As várias espécies de tributos somente se dão pela natureza de sua materialidade das hipóteses de incidência. Viável é afirmar que, não há sentido inserir na definição e conceito do direito tributário o destino da sua arrecadação. Tal destino não compete, bem como não faz parte da hipótese de incidência, nem tampouco da relação obrigacional. 64. Regime das taxas da Constituição de 1988 - Inconstitucionalidade dos preços (tarifas) O artigo 145 da Constituição estabelece que: “Podem ser criados impostos, taxas e contribuições”. Entretanto, a constituição como sendo a norma superior tem a função de ordenar, impor e mandar. O trabalho do intérprete é esclarecer o que a norma está determinando. O legislador por sua vez, quase não tem liberdade, mas a única liberdade que a Constituição concede à ele é a de resolver se a “prestação de serviço público divisível e específico (isto é, que possa ter prestação individual e, pois, fruição singular utentes) será remunerada ou não”. Nesse sentido, o legislador tem a faculdade de deliberar se os serviços serão ou não remunerados. Mas se o legislador optar pela remuneração, este não poderá optar senão pela taxa, isto porque, o seu fornecimento só pode ser retribuído por meio de taxa. Por este viés, o legislador não tem a arbitrariedade de fazer o estabelecimento de preços, o que seria incompatível com a Administração Pública, uma vez que, esta não possui nenhum tipo de liberdade sobre os bens públicos. O jurista Marco Aurélio Greco esclarece: “as utilidade produzidas em regime de serviço público - por definição, à vista da utilidade pública em que sua produção se traduz - não podem ser objeto de preço. O estado não as produz em troca de remuneração; não age porque se as remunera. O estado deve produzi-las porque a lei determina. A taxa é mera condição legal de acesso individual aos serviços ou utilidades. Serviço público não se vende nem se compra. Presta-o o estado, porque a lei estabele. Utiliza-o o administrado pode dele necessita ou porque a lei constrange”. 64.2 Insuficiência na nossa doutrina Alfredo Becker mereceu destaque em sua fala quando disse: “As primeiras elaborações doutrinárias foram desenvolvidas no regime da Constituição de 1946. A mesma em seu artigo 30 dizia, preceitua à União, Estados e Municípios instituir: I- contribuição de melhoria; II- taxas; III- quaisquer outras receitas que possam provir do exercício de suas atribuições e da utilização de seus bens e serviços. Entretanto, em especial o inciso III, todo o artigo teve o seu sentido reduzido à significação de mera autorização para outras receitas, além de impostos”. 64.3 A “reforma tributária” de 1965 Com a Emenda à Constituição de número 18, alterou-se consideravelmente a disciplina constitucional. Desde então, acolheu-se a postura “rígida, estrita e rigorosamente coerente” da Constituição em 1965. 64.4 Taxa e tarifa - colocação legal “ De fato, quando a lei exige em serviço público determinada prestação da atividade, o faz mediante a atribuição à prestação de um regime específico. Assim, por atuação estatal tem-se o aspecto material da hipótese de incidência - tarifa”. “Por outro lado, quando a administração, por força de lei, se vê na contingência de executar determinada prestação, ela o faz independentemente de qualquer eventual e futuro pagamento a cargo dos usuários - taxa.” Distinção jurídica entre taxa e tarifa É correto dizer que o serviço público só poderá dar oportunidade a taxa. Todavia, aquela atuação que der surgimento à tarifa, esta não será de serviço público, porém, de exercício feito em regime igual ao dos particulares e, pois, não colocado como serviço público. 64.5 Taxa e preço (tarifa) na Constituição Com base no texto Maior da Constituição de 1988, exige declarar que: “Se tratar-se de atividade pública (artigo 175) o correspectivo será taxa (artigo 145 II); se tratar-se de exploração de atividade econômica (artigo 143) a remuneração far-se-á por preço. 65. Contribuição de melhoria Entende que a contribuição de melhoria é um mecanismo simples e puro de produção do princípio constitucional e
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