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GUIA DE ESTUDOS DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL (p conhecimento desatualizado)

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FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS DE SERGIPE 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUIA DE ESTUDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material didático-pedagógico elaborado pelo 
Prof. Msc. Vitor Condorelli dos Santos na 
disciplina Direito Processual Constitucional. 
 
 
 
 
 
 
Aracaju 
2013 
 
1 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL 
 
SUMÁRIO 
1. O Direito Processual Constitucional: Conceituação e 
Finalidades. 2. Princípios Constitucionais. 2.1. Princípios 
Constitucionais no Estado Democrático de Direito. 2.1.1. 
Princípios implícitos. 2.1.1.1. Princípio republicano. 2.1.1.2. 
Princípio federativo. 2.1.1.3. Estado democrático de direito. 2.1.2. 
Princípios Explícitos. 2.1.2.1. A Soberania. 2.1.2.2. A Cidadania. 
2.1.2.3. A Dignidade da Pessoa Humana. 2.1.2.4. Os Valores 
Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa. 2.1.2.5. O Pluralismo 
Político. 2.2. Princípios Constitucionais do Processo. 2.2.1. 
Princípio da Igualdade (Isonomia ou Paridade). 2.2.2. Princípio da 
Legalidade. 2.2.3. Princípio do Devido Processo Legal. 2.2.4. 
Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa. 2.2.5. Princípio do 
Juiz Natural. 2.2.6. Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (ou 
do Acesso à Justiça). 2.2.7. Princípio da Razoável Duração do 
Processo. 
 
 
1. O DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL: CONCEITUAÇÃO E FINALIDADE. 
 
É o conjunto de normas destinadas a regular o exercício da jurisdição constitucional, ou seja, a 
aplicação jurisdicional das normas constitucionais dando, assim, eficácia aos direitos e 
garantias fundamentais. O direito processual constitucional tem por finalidade precípua o 
estudo dos instrumentos necessários para efetivar os preceitos estabelecidos na Carta Magna. 
 
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. 
 
Os princípios constitucionais são enunciados que servem, principalmente, de orientação para 
solucionar dilemas interpretativos das normas constitucionais. Em regra, os princípios tem três 
funções: (a) Interpretativa, pois orientam o aplicador do direito a buscar o real sentido da lei; 
(b) Auxiliadora, pois ajudam o legislador no momento da criação da norma jurídica 
infraconstitucional; (c) Integrativa, uma vez que integram as lacunas legais, pois faltosa uma 
norma para um caso concreto, os princípios poderão ocupar esse vazio. 
 
A atual Constituição, promulgada em 1988, esboçou uma série de princípios, destacando-se: 
(a) OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, isto é, as 
diretrizes básicas de configuração do Estado brasileiro, determinando-lhe a forma e o modo de 
ser; e (b) OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO. 
 
2.1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. 
 
Os princípios basilares do Estado brasileiro estão previstos no art. 1º da Constituição Federal 
de 19881 e dividem-se da seguinte forma: implícitos (encontrados ao longo do caput do art. 
1º) e explícitos (dos incisos I a V do mesmo artigo). 
 
2.1.1. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS. 
 
2.1.1.1. PRINCÍPIO REPUBLICANO. 
 
1
 Art. 1º da Constituição Federal de 1988: “A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político” (grifo nosso). 
 
2 
 
a) A República, enquanto forma de governo legítima (ou pura)2, nasceu de uma importante 
conquista em 15.11.1889 e ganhou sede constitucional, pela primeira vez, em 1891; 
b) Características: (1) Temporariedade dos mandatos (art. 82 da CFRB/88); (2) Eletividade, 
seja ela direta ou indireta (arts. 77 e 81 da CFRB/88); (3) Representatividade popular (art. 
1º, parágrafo único da CFRB/88); e (4) Responsabilidade política do governante (art. 85; 
art. 51, I; art. 52, I c/c parágrafo único; e art. 86, todos da CFRB/88); 
c) Forma de governo antagônica à monarquia, vigente no Brasil quando da Constituição de 
1824 (características: Vitaliciedade; Hereditariedade; Inexistência de representação 
popular; e Irresponsabilidade política do governante); 
d) A Constituição Federal de 1988 também elege o princípio republicano como um princípio 
constitucional sensível, na forma do art. 34, VII, a, cuja desobediência poderá ensejar a 
intervenção federal na unidade da federação que o desrespeitou; 
e) Embora não fosse considerada uma cláusula pétrea (art. 60, §4º, I a IV) quando da criação 
da presente Constituição, uma vez que o povo brasileiro se manifestou no plebiscito de 21 
de abril de 1993 (art. 2º do ADCT c/c artigo único da EC nº 02/1992) a favor da república 
em vez da monarquia, atualmente, alguns autores consideram que, a partir desse evento, 
ela se tornou limitação material implícita ao Poder Constituinte Reformador. 
 
2.1.1.2. PRINCÍPIO FEDERATIVO. 
 
a) Instituída no Brasil a partir de 1891, a federação é uma forma de estado composta ou 
complexa constituída pela união indissolúvel de duas ou mais entidades políticas 
autônomas; 
b) Indissolubilidade do vínculo federativo (ou integridade nacional) – A atual Constituição, 
no art. 34, I, consagra a impossibilidade de ruptura do vínculo federativo entre as entidades 
políticas que formam o Brasil, sob pena de decretação de intervenção federal 
espontaneamente pela Presidência da República (inexistência do direito de secessão); 
c) Para que uma unidade seja considerada ente federativo é preciso a existência de 
autonomia organizacional, governamental, administrativa e legislativa, atributos que, aliás, 
não estarão presentes nos territórios federais porventura criados (art. 18, §2º c/c art. 33 da 
CFRB/88); 
d) É considerada cláusula pétrea ou limitação material explícita ao Poder Constituinte 
Reformador (art. 60, §4º, I), dela decorrendo algumas características, a saber: 
 Descentralização política e consequente repartição constitucional de competências; 
 Rigidez constitucional; 
 Fiscalização da autonomia federativa através do controle de constitucionalidade das leis e 
atos normativos e do processo de intervenção (elementos de estabilização 
constitucional); 
 Repartição de receitas tributárias; 
 Existência de um órgão representativo dos Estados e do Distrito Federal (Senado); 
 Órgão encarregado de guardar a Constituição (STF) – art. 102, caput da CRFB/88. 
 
2.1.1.3. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. 
 
a) Estado Democrático de Direito é um modelo-espécie de Estado de Direito, não se 
confundindo com este. Neste sistema, o Estado constrói seu alicerce na soberania popular, 
favorecendo à criação de uma sociedade democrática e republicana. 
Nem todo Estado de Direito é um Estado Democrático de Direito. Neste último, deve-se 
obediência ou submissão tão somente ao Direito positivamente imposto, ao império da lei 
 
2
 Busca a realização de um interesse geral. 
 
3 
 
e mais especificamente a uma Constituição (art. 5º, II da CRFB/88). No entanto, existem 
Estados que obedecem também ao Direito Canônico ou ao Direito Natural. 
Para que determinado Estado seja considerado um Estado Democrático de Direito é 
necessário que o mesmo apresente, um plus, um algo a mais, qual seja, o poder emanando 
do povo (art. 1º, parágrafo único da CRFB/88). 
b) Regime de governo brasileiro. O parágrafo único do art. 1.º da Constituição Federal 
reproduz o conceito de Lincoln de que a democracia “é o governo do povo, 
pelo povo e para o povo”, isto é, todo o poder emana do povo (titular do 
Poder Constituinte Originário), que o exerce por meio d e representantes eleitos 
ou diretamente, nos termos da ConstituiçãoFederal. 
A esse exercício misto da soberania popular, que no Brasil se dá por meio de 
representantes eleitos (eleição direta dos parlamentares e dos chefes do 
executivo – democracia indireta ou representativa) o u diretamente (iniciativa 
popular, plebiscito e referendo – democracia participativa), dá-se o nome de democracia 
semidireta (que é o nosso regime de governo). 
c) Mecanismos de soberania popular (art. 14, I a III da CRFB/88). Regulamentados pela Lei nº 
9.709/98, os instrumentos de soberania popular são: 
 Plebiscito (art. 14, I da CRFB/88). É uma consulta formulada ao povo com anterioridade a 
ato legislativo ou administrativo, a fim de que, pelo voto, aprovem ou deneguem o que 
lhe tenha sido submetido; 
 Referendo (art. 14, II da CRFB/88). É uma consulta formulada ao povo com posterioridade 
a ato legislativo ou administrativo, para que possam ratificá-lo ou rejeitá-lo. 
 Iniciativa Popular (art. 14, III da CRFB/88). Consiste na apresentação de projeto de lei, 
circunscrito a um só assunto, à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por 
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos 
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. O projeto de lei de iniciativa 
popular não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, 
por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de 
técnica legislativa ou de redação. 
 
2.1.2. PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS. 
 
2.1.2.1. A SOBERANIA. 
 
A soberania, enquanto capacidade de criar um ordenamento jurídico próprio, não necessitaria 
de menção expressa como fundamento da República Federativa do Brasil, pois é elemento 
essencial do Estado. 
 
Divide-se em soberania interna e externa. Soberania interna é a supremacia do Estado em 
relação a toda a ordem interna, isto é, a capacidade de editar orientações sem se sobrepujar a 
nenhuma outra manifestação de poder. Externamente, corresponde à sua independência no 
plano internacional, de modo a agir apenas em coordenação a países estrangeiros, e não em 
subordinação; atuar em igualdade de condições. 
 
2.1.2.2. A CIDADANIA. 
 
É a capacidade que o indivíduo possui de participar efetivamente da constituição e 
organização do poder político estatal de forma direta ou indireta, ou seja, votando e sendo 
votado. 
 
A nacionalidade é pressuposto de cidadania, já que pertencer a tal nação, é condição 
primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto, se todo cidadão é nacional de um 
 
4 
 
Estado, nem todo nacional é cidadão. No Brasil os direitos políticos são regulados através da 
Constituição Federal (arts. 14 a 16). 
 
Nas palavras de DA SILVA, José Afonso (Curso de direito constitucional positivo): “O cidadão 
surge, assim, como o nacional a que se atribuem os direitos políticos. A idéia de cidadania 
restrita aos titulares desses direitos revelava uma forma de tornar mais abstrata a relação 
povo governo. Mesmo nos casos em que a palavra “cidadão” era empregada em dois sentidos 
– um amplo, compreendendo todos os nacionais, e outro estrito, correspondendo aos titulares 
dos direitos políticos -, ainda assim a idéia de abstração esteve presente. Isso é perceptível no 
sistema da Constituição Política de 1824. Seus arts. 6º e 7º falam dos cidadãos brasileiros, no 
sentido amplo em que cidadão é o nacional Já nos artigos 90 e 91, o cidadão aparece como 
titular dos direitos de eleger e ser eleito. A distinção e faz chamando os últimos de “cidadão 
ativos” e os primeiros de “cidadãos inativos”, massa do povo, uma cidadania amorfa, 
indivíduos abstratos, alheios a toda realidade sociológica, sem referência política”. 
 
A evolução do estudo político nos permite definir cidadão como nacional no exercício de 
direitos políticos. Mas não se restringe somente a este gozo de direito. A cidadania é ampla, e 
abrange a dignidade da pessoa humana, e o direito a se ter direitos. Prega a participação 
efetiva e consciente no processo do poder, como garantia de tornar o poder melhor para toda 
a coletividade. 
 
2.1.2.3. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
 
O princípio da dignidade da pessoa humana diz respeito da inserção das pessoas dentro de um 
Estado Democrático de Direito para assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, tais como 
valores de uma sociedade fraterna, fundada na harmonia social e comprometida. 
 
O princípio da dignidade da pessoa humana deve expressar para a sociedade a segurança e a 
realização do objetivo de igualdade dos indivíduos no meio onde vivem e que isso seja feito de 
forma harmônica e sem discriminação. 
 
2.1.2.4. OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA. 
 
Esses ideais, indicados igualmente como fundamentos de nossa ordem econômica pelo art. 
170 da Constituição Federal, são também fundamentos sociais, como diz o art. 193; suscitam 
que o Brasil adota o sistema capitalista, calcado na liberdade de empreendimento e 
propriedade, e atribui ao Estado dois papéis primordiais, quais sejam: a regulamentação do 
sistema econômico em concomitância com a valoração do trabalho, promovendo, portanto, a 
sua proteção, quer em relação ao empregador, quer em relação a mudanças econômico-
sociais. 
 
É através do trabalho que o homem garante sua subsistência e o crescimento do país, 
prevendo a Constituição Federal, em diversas passagens, a liberdade, o respeito e a dignidade 
ao trabalhador. A garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador 
subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do 
crescimento do país. É através do trabalho que o homem garante o sustento o crescimento do 
país, prevendo a Constituição Federal, em diversas passagens, a liberdade, o respeito e a 
dignidade ao trabalhador. 
 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa abrangem relações com diversos setores, 
 
5 
 
como o Direito do Trabalho, Civil, Comercial, Econômico e Penal, uma vez que as relações de 
trabalho são altamente complexas, estabelecidas entre o capital e o trabalho, mas de interesse 
público, especialmente quando se trata de norma de proteção ao trabalhador. 
 
2.1.2.5. O PLURALISMO POLÍTICO. 
 
O pluralismo político é alicerce da democracia e direito essencial para a forma representativa e 
democrática escolhida pelo Estado para a organização do Poder. Demonstra o intuito do 
legislador constituinte em garantir a ampla, livre e efetiva participação massiva popular na 
confecção e organização do Poder Político. Garantidor da liberdade filosófica e de convicção 
possibilita a organização e participação em partidos políticos. 
 
O Estado Brasileiro rege-se por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo 
povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais, 
adota o princípio democrático que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição Federal que obriga a 
existência de vários partidos políticos, não permitindo um sistema unipartidário. 
 
2.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO. 
 
2.2.1. PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ISONOMIA OU PARIDADE) – ART. 5º, CAPUT DA CRFB/88. 
 
a) Manifestações: Art. 5º, XLII; Art. 7º, XXX; Art. 7º, XXXI; Art. 37, II; Art. 150, II, todos da 
CFRB/88. 
b) PÉREZ NUÑO, Antonio Enrique. Derechos Humanos, Estado de Derecho y Constitución. 
 Igualdade FORMAL (PERANTE A LEI, CIVIL ou JURÍDICA) – RECONHECIDA 
EXPRESSAMENTE NA CRFB/88. Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais 
na medida de suas desigualdades, com o propósito de atenuar os desníveis 
(DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS – Art. 5º, I; Art. 7º, XX; Art. 40, §1º, III; Art. 201, §7º, todos 
da CF). 
 Igualdade MATERIAL (PERANTE OS BENS DA VIDA,REAL ou FÁTICA) – ALMEJADA PELA 
SOCIEDADE. O Estado deve realizar ações que tornem efetivo o princípio (Art. 6º e ss; Art. 
3º, III, todos da CRFB/88). 
c) Eficácia vertical e horizontal do princípio da igualdade (DESTINATÁRIOS DO PRINCÍPIO). 
 VERTICALMENTE. O princípio em tela existe sob duas modalidades: a igualdade PERANTE 
A LEI (destinada aos aplicadores do Direito – PODER JUDICIÁRIO e ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA) e a igualdade NA LEI (direcionada ao legislador – PODER LEGISLATIVO). 
 HORIZONTALMENTE. Os particulares também estão obrigados a observar o princípio da 
igualdade, porém, é preciso certa cautela nas relações interparticulares, uma vez que 
vigora o PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE. 
d) SÚMULA 683 DO STF – 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ de 
13/10/2003, p. 5. Limite de Idade - Inscrição em Concurso Público - Natureza das 
Atribuições do Cargo a Ser Preenchido. O limite de idade para a inscrição em concurso 
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição Federal, quando possa ser 
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. 
e) SÚMULA VINCULANTE 6 – Sessão Plenária de 07/05/2008 - DJe nº 88/2008, p. 1, em 
16/5/2008 - DO de 16/5/2008, p. 1. Estabelecimento de Remuneração Inferior ao Salário 
Mínimo - Praças Prestadoras de Serviço Militar Inicial. Não viola a constituição o 
estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de 
serviço militar inicial. 
 
 
6 
 
2.2.2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – ART. 5º, II DA CRFB/88. 
 
a) O art. 5º, II da CRFB/88 estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei”. Logo, as obrigações dos indivíduos podem ser 
criadas por quaisquer das espécies normativas primárias previstas no art. 59 da CRFB/88 e 
produzidas em conformidade com o devido processo legislativo constitucional (vide art. 
146 do CPB – Constrangimento Ilegal). 
b) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. O princípio da reserva legal ocorre quando uma norma 
constitucional atribui determinada matéria exclusivamente à lei formal (ou a atos 
equiparados, na interpretação firmada na praxe), subtraindo-a, com isso, à disciplina de 
outras fontes, àquelas subordinadas (CRISAFULLI, Vezio apud SILVA, José Afonso da. Curso 
de direito constitucional positivo). Conforme orientação da doutrina dominante são 
espécies de reserva legal: 
 ABSOLUTA. Ocorre quando a disciplina de determinada matéria é reservada, pela 
Constituição à lei (entenda-se, apenas por uma das espécies previstas no art. 59 da 
CRFB/88). Ex.: art. 154, I e II; art. 61, §1º, I, b, todos da CRF/88; 
 RELATIVA. Ocorre quando a disciplina de determinada matéria é, em parte, admissível a 
outra fonte diversa da lei, sob a condição de que esta indique as bases em que aquela 
deva produzir-se validamente. São os casos nos quais a Constituição prevê a prática de 
ato infralegal sobre determinada matéria, impondo, no entanto, obediência a requisitos 
ou condições reservados à lei. Ex.: art. 153, §1º da CRFB/88. 
c) RESTRIÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 
 As medidas provisórias (art. 62 da CRFB/88); 
 Os estados de legalidade extraordinária previstos dos arts. 136 a 141 da CRFB/88 (quais 
sejam, o estado de defesa e o estado de sítio). 
 
2.2.3. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL – ART. 5º, LIV DA CRFB/88. 
 
a) Apesar de implícito nas Constituições anteriores, o princípio do devido processo legal só foi 
surgir expressamente no Brasil na Constituição Federal de 1988, precisamente, em seu art. 
5º, LIV, a saber: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal”34. O princípio do devido processo legal é uma das garantias constitucionais mais 
festejadas, pois dele decorrem todos os outros princípios e garantias constitucionais. Ele é a 
base legal para aplicação de todos os demais princípios, independente do ramo do direito 
processual, inclusive no âmbito do direito material ou administrativo. 
b) DEVIDO PROCESSO LEGAL EM SENTIDO FORMAL e DEVIDO PROCESSO LEGAL 
SUBSTANTIVO. 
 Do devido processo legal em sentido formal (procedural due process). Tem como 
principal destinatário o juiz, enquanto representante do Estado, pois, a este compete o 
dever de obedecer aos ritos, bem como seus demais aspectos que circundam o processo 
sem, portanto, o eivá-lo de nulidade, ou suprimindo quaisquer garantias das partes. 
 Do devido processo legal substantivo (substantive due process). O devido processo legal 
substantivo vai além do que de uma simples decisão formal promovida pelo juiz de 
 
3
 Art.8º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948): Todo o homem tem direito a 
receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos 
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
4
 Art. 8º, Item 1 da Convenção Americana de Direitos Humanos (San José de Costa Rica, 1969): Toda 
pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz 
ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de 
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de 
caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 
 
7 
 
direito diante de um caso concreto. Como nos ensina CANOTILHO, J.J. Gomes (Direito 
Constitucional e teoria da Constituição): “A teoria substantiva está ligada à idéia de um 
processo legal justo e adequado, materialmente informado pelos princípios da justiça, 
com base nos quais os juízes podem e devem analisar os requisitos intrínsecos da lei”. 
Não podemos afastar também, outros princípios que tomam forma tendo como 
sustento legal, doutrinário e jurisprudencial, que vem com este princípio, conforme nos 
aponta NOVELINO, Marcelo (Direito Constitucional): “O devido processo legal 
substantivo se dirige, em primeiro momento ao legislador, que se constituindo em um 
limite à sua atuação, que deverá pautar-se pelos critérios de justiça, razoabilidade e 
racionalidade. Como decorrência deste princípio surgem o postulado da 
proporcionalidade e algumas garantias constitucionais processuais, como o acesso a 
justiça, o juiz natural a ampla defesa o contraditório, a igualdade entre as partes e a 
exigência de imparcialidade do magistrado”. 
 
2.2.4. PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA – ART. 5º, LV DA CRFB/88. 
 
a) É o princípio estabelecido no art. 5º, LV da CRFB/88, segundo o qual “aos litigantes, em 
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
b) DIFERENCIAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS. O contraditório é a ciência bilateral dos atos do 
processo com a possibilidade de contrariá-los (DIREITO DE INFORMAÇÃO). A ampla defesa 
é uma decorrência do contraditório, pois assegura ao indivíduo a utilização, para a defesa 
de seus direitos, de todos os meios legais e moralmente admitidos (DIREITO DE REAÇÃO). 
c) SÚMULA VINCULANTE 3 – Sessão Plenária de 30/05/2007 - DJe nº 31/2007, p. 1, em 
6/6/2007 - DJ de 6/6/2007, p. 1 - DO de 6/6/2007, p. 1. Processos Perante o Tribunal de 
Contas da União - Contraditório e Ampla Defesa - Anulação ou Revogação de Ato 
Administrativo - Apreciação da Legalidade do Ato de Concessão Inicial de Aposentadoria, 
Reforma e Pensão. Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de 
ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do 
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
d) SÚMULA 21 DO STF – 13/12/1963 - Súmula da JurisprudênciaPredominante do Supremo 
Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 39. 
Funcionário em Estágio Probatório - Exoneração ou Demissão - Inquérito ou Formalidades 
Legais de Apuração de Capacidade. Funcionário em estágio probatório não pode ser 
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua 
capacidade. 
e) INQUÉRITO POLICIAL. Por se tratar de um procedimento investigatório e inquisitorial e não 
de processo judicial ou administrativo, assim como por ser um mero indiciamento e não 
acusação formal, o inquérito policial não permite a aplicação dos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. 
 
2.2.5. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL – ART. 5º, XXXVII E LIII DA CRFB/88. 
 
a) A atual Constituição consagrou o princípio do juiz natural ao vedar a criação de juízo ou 
tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII) e estabelecer que ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII). O princípio do juiz natural 
não exige apenas um juízo competente e objetivamente capaz, mas, também, a 
imparcialidade e a independência dos magistrados. 
b) JUIZ NATURAL E TRIBUNAL DE EXCEÇÃO. O juiz natural é aquele abstratamente constituído 
antes da ocorrência do fato. Logo, a definição do juízo competente deve ser feita 
 
8 
 
previamente por meio de normas gerais e abstratas, com base em critérios impessoais e 
objetivos. Não se admite a criação de um órgão para o julgamento de um determinado fato 
(juízo ex post facto). 
c) A criação de VARAS ESPECIALIZADAS e as hipóteses de PRERROGATIVA DE FORO 
(FUNÇÃO), segundo entendimento do STF, não configuram ofensa ao princípio do juiz 
natural, tendo em vista serem regras gerais, abstratas e impessoais. 
 
2.2.6. PRINCÍPIO DA INFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (OU DO ACESSO À JUSTIÇA) – ART. 
5.º, XXXV DA CRFB/88. 
 
a) Reza o art. 5º, XXXV da CRFB/88 que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão (via repressiva) ou ameaça a direito (via preventiva)”, princípio, aliás, aplicável não 
apenas ao legislador, mas a todas as autoridades. A Constituição dá ênfase ao princípio, 
inclusive, por meio de alguns de seus dispositivos, a exemplo do art. 5º, LXXIV c/c art. 134 e 
art. 5º, LXXVII. 
b) PRÉVIO ESGOTAMENTO DE VIAS EXTRAJUDICIAIS. O acesso ao Judiciário não está 
condicionado, salvo a previsão do art. 217, §1º da CRFB/88, ao prévio esgotamento das 
vias extrajudiciais. 
c) HABEAS DATA (Art. 8º, parágrafo único da Lei nº 9.507/1997 e Súmula 2 do STJ). A 
necessidade de recusa de informações por parte da autoridade administrativa para 
cabimento do remédio constitucional não se trata de exigência de prévio esgotamento da ia 
administrativa, mas da existência de uma das condições da ação, qual seja, o interesse de 
agir. 
d) SÚMULA 667 DO STF – 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 4; DJ de 10/10/2003, p. 4; DJ de 
13/10/2003, p. 4. Violação da Garantia Constitucional de Acesso à Jurisdição - Taxa 
Judiciária - Limites Sobre o Valor da Causa. Viola a garantia constitucional de acesso à 
jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. 
e) ARBITRAGEM (Lei nº 9.307/1996). Não há qualquer violação do princípio em tela, pois as 
partes envolvidas optam, por vontade própria, pela retirada da solução do conflito do 
âmbito jurisdicional. 
f) HIPÓTESES EM QUE SE EXCLUI A APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO: art. 52, I e II c/c 
parágrafo único; art. 55, §2º, todos da CRFB/88, além de questões interna corporis (a 
exemplo da decisão sobre a abertura de uma CPI – art. 58, §3º da CRFB/88). 
 
2.2.7. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO – ART. 5º, LXXVIII DA CRFB/88. 
 
a) Com o intuito de assegurar uma prestação estatal rápida, efetiva e adequada, a EC 45/2004 
acrescentou no rol de direitos e deveres individuais e coletivos constantes do art. 5º da 
CRFB/88, o inciso LXXVIII que determina: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação”. 
b) Art. 93, XIII da CRFB/88: “o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à 
efetiva demanda judicial e à respectiva população”. 
 
23 
 
 
 
 
 
O PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. PROCESSO LEGISLATIVO: CONCEITO E ESPÉCIES. 
 
 
Processo legislativo é o conjunto de atos e procedimentos observados na proposta e na formulação das leis e demais espécies 
normativas previstas no art. 59 da CF. Tem por objeto a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis 
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções (legislativas). 
 
 
Desde 1998 vige a LC n.º 95, já alterada pela LC n.º 107/2001, e que regulamentando o parágrafo único do art. 59 da CF, 
dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis, estabelecendo regras de técnica legislativa. 
 
 
Existem 04 (quatro) espécies de processo legislativo: 
 
 
a) AUTOCRÁTICO – As leis são impostas pelos governantes sem qualquer participação popular; 
b) DIRETO (ou POPULAR) – As leis são elaboradas pelo próprio povo, sem a participação de seus representantes legítimos; 
c) INDIRETO (ou REPRESENTATIVO) – As leis são elaboradas por representantes legitimamente escolhidos pelo povo; 
d) SEMIDIRETO (ou MISTO) – As leis são elaboradas por representantes legitimamente eleitos pelo povo, mas se sujeitam, em 
alguns casos, à aprovação popular antes de entrarem em vigor. No Brasil, existe a possibilidade de convocação de um 
referendo para que a lei tenha aplicabilidade. 
 
 
 Obs.: 
Embora a Constituição Federal promova ênfase ao processo legislativo da União, que é bicameral, o STF entende que as 
regras básicas do processo legislativo federal devem obrigatoriamente ser seguidas pelas demais esferas da Federação, ou 
seja, pelos Estados, Municípios e Distrito Federal (Princípio da Simetria). 
 
 
 
2. PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS. 
 
I. Procedimento legislativo ordinário. É o procedimento comum, destinado à elaboração das leis ordinárias, sem a 
fixação de prazo para deliberação nas Casas Legislativas; 
II. Procedimento legislativo sumário (célere, abreviado ou desconcentrado). É o procedimento aplicável somente aos 
projetos de lei de iniciativa do Presidente da República que devam sofrer deliberação em regime de urgência. A diferença 
entre esse procedimento e o ordinário, reside no fato de que a Constituição Federal estabelece prazo para deliberação nas 
Casas Legislativas (art. 64, §§1.º e 2.º); 
III. Procedimento legislativo especial. É o estabelecido para as demais espécies legislativas, ou seja, elaboração de 
Emendas Constitucionais, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos e 
resoluções (legislativas). 
 
 
 
3. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ORDINÁRIO (OU COMUM) – LEIS ORDINÁRIAS. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. Processo Legislativo: Conceitos e espécies. 2. 
Procedimentos legislativos. 3. Procedimento legislativo 
ordinário. 4. Procedimento legislativo sumário. 5. 
Procedimento legislativo especial. 
 
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Apresenta as seguintes fases: 
 
 
1.ª FASE: Introdutória, inicial, inaugural ou da iniciativa – A lei não nasce um ato perfeito e acabado. É preciso que um 
“esboço” seja levado ao Poder Legislativo. Nesta etapa se analisa quem tem competência para apresentar o projeto de lei 
ordinária, ou seja, uma proposta formal que apresenta o texto que se pretende que seja transformado em lei, com todos os 
elementos estruturais de um texto de lei, junto à Mesa de uma das Casas do Congresso Nacional, a qual será chamada de 
Casa Iniciadora. 
 
Como o processo legislativo federal é de índolebicameral, ou seja, conduzido através de duas Casas Legislativas (Câmara 
dos Deputados e Senado Federal), uma das Casas funciona como Casa Iniciadora – perante a qual se faz a iniciativa e por 
onde se inicia a tramitação do projeto de lei – e a outra funcionará como Casa Revisora – que receberá o projeto aprovado pela 
iniciadora, se este vier aprovado, para que se faça uma revisão. 
 
 
 Obs.: 
Inexiste prazo para a deflagração do processo legislativo. O Judiciário não tem força para coagir as pessoas, órgãos ou 
entidades a apresentarem projetos de lei, nem admite a criação de leis que estipulem prazo para que algum legitimado inicie 
o procedimento. Segundo entendimento do STF, “ninguém pode obrigar o legislador a legislar”, o que não significa que as 
omissões normativas (inércia legislativa) que impossibilitem o indivíduo de exercer seus direitos não possam ser resolvidas. 
A propósito, Mandado de Injunção (art. 5.º, LXXI) e ADINPO – Ação Direta de Inconstitucionalidade Por Omissão (art. 103, 
§2.º). 
 
 
Conforme a redação constitucional, a iniciativa pode ser: 
 
 
1. CONCORRENTE (COMUM, GERAL OU GENÉRICA) – Mais de uma pessoa ou órgão, em conjunto ou isoladamente. É a 
regra no processo legislativo brasileiro. Ex.: art. 61, caput da CF/88 (qualquer membro ou Comissão da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal ou do Congresso Nacional, Presidente da República, ao STF, aos Tribunais Superiores 
(STJ, TST, TSE e STM), ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, mediante a iniciativa popular, nos termos da 
Constituição). 
 
 Obs.: 
a) Em regra, o Vice-Presidente da República não participa do processo legislativo brasileiro (art. 84, III c/c art. 84, 
parágrafo único da CF). Excepcionalmente, ao substituir ou suceder o titular do poder executivo (Presidente da 
República) terá capacidade para fazê-lo (art. 79, caput da CF); 
b) Além desses legitimados, também detém iniciativa o Tribunal de Contas da União – TCU, prevista no art. 73 c/c art. 96 
da CF. 
 
2. PRIVATIVA (RESERVADA OU EXCLUSIVA) – A uma só pessoa ou órgão. Ex.: art. 61, §1.º, I e II (Presidente da República), 
art. 48, XV, alterado pela EC n.º 41/2003 (Presidente do STF), art. 93, caput (STF), art. 51, IV, parte final (Câmara dos 
Deputados), art. 52, XIII, parte final (Senado Federal), e art. 125, §1.º (Tribunal de Justiça), todos da CF. 
 
25 
 
 
 
 Obs.: 
 
O Confronto entre o art. 61, §1.º, II, d e o art. 128, §5.º, todos da CF – Embora inicialmente a CF estabeleça ser da 
iniciativa privativa do Presidente da República a elaboração de projeto de lei acerca da organização e estruturação do 
Ministério Público, mais adiante o texto constitucional outorga tal possibilidade ao Procurador-Geral da República. 
Portanto, a iniciativa ao invés de ser privativa, é considerada comum. 
 
 
3. POPULAR – Aos cidadãos (pessoas físicas em exercício dos direitos políticos e possuidoras do título de eleitor). É um 
instrumento de democracia, previsto no art. 14, III da CF, e que se desdobra da seguinte maneira: 
 
c) União (art. 61, §2.º) – A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei 
subscrito por, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 (cinco) Estados, com não 
menos de 0,3% (três décimos por cento) dos eleitores de cada um deles; 
d) Estados (art. 27, §4.º) e Distrito Federal (art. 32, §3.º) – A Constituição Federal diz que a lei disporá sobre a iniciativa 
popular a ser exercida nessas entidades federativas junto à Assembléia Legislativa e à Câmara Legislativa, 
respectivamente. Algumas Constituições Estaduais, atualmente, regulam essa situação, a exemplo do art. 57, caput da 
Constituição do Estado de Sergipe, que fala em projeto de lei subscrito por 1% (um por cento) dos eleitores do Estado; 
e) Municípios (art. 29, XIII) – Dependerá da manifestação de, no mínimo, 5% (cinco por cento) do eleitorado municipal junto 
à Câmara de Vereadores (ou Câmara Municipal). 
 
 
4. CONJUNTA – A mais de uma pessoa ou órgão, simultaneamente. Atualmente inexiste no Brasil. A hipótese que havia, 
instaurada pela EC n.º 19/98, era a iniciativa conjunta dos Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos 
Deputados e do STF, para a apresentação do projeto de lei de fixação do subsídio mensal dos Ministros do STF (art. 48, XV 
da CF), foi revogada pela EC n.º 41/2003, que passou a exigir iniciativa privativa do Presidente do STF. 
 
 
Por fim é interessante observar algumas considerações finais, a se tratar: 
 
 
1. Alguns autores dividem a iniciativa em parlamentar (quando os projetos de lei são apresentados por membros do Poder 
Legislativo) e extraparlamentar (quando os projetos de lei são apresentados por pessoas que não integrem o Poder 
Legislativo); 
2. Os legitimados a apresentar o projeto de lei não podem escolher em qual Casa Legislativa irão fazê-lo. O art. 64, 
caput da CF e art. 142 do Regimento Comum do Congresso Nacional, indicam que a iniciativa sempre será feita perante a 
Câmara dos Deputados, salvo quando o projeto for encaminhado por Senador ou Comissão do Senado (quando a Casa 
Iniciadora será o Senado) ou Comissão Mista do Congresso Nacional (quando será alternada entre as duas Casas 
Legislativas: um projeto começa na Câmara, outro no Senado, e assim por diante); 
3. Segundo o Regimento do Senado Federal (art. 256) e o Regimento da Câmara dos Deputados (art. 104), quem iniciou o 
processo legislativo pode solicitar a retirada de sua proposição, ou seja, desistir no prosseguimento da apreciação do 
projeto de lei. A proposição retirada não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, salvo deliberação da maioria 
absoluta do Plenário. Aplica-se a regra do art. 67 da CF (Princípio da irrepetibilidade) que torna possível a reapresentação, 
na mesma sessão legislativa, de projeto de lei cuja matéria tenha sido rejeitada, desde que haja o requerimento da maioria 
absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (Câmara Federal ou Senado Federal); 
4. Vício de iniciativa e sanção presidencial. A apresentação de projetos de lei por pessoas que não tenham essa atribuição 
gera inconstitucionalidade ou não? Embora a Súmula n.º 05 do STF indique que “a sanção do projeto supre a falta de 
inciaitiva do Poder Executivo”, a atual posição do STF é no sentido de que a sanção do projeto de lei não convalida o 
defeito de iniciativa, pois haverá flagrante inconstitucionalidade formal subjetiva por usurpação de iniciativa. 
 
 
2.ª FASE: Constitutiva – Dividi-se em duas etapas, ambas destinadas à formação do ato legislativo: uma atuação legislativa, 
em que o projeto de lei apresentado será discutido e votado nas duas Casas do Congresso Nacional, e uma manifestação do 
Chefe do Executivo, por meio de sanção ou veto, caso o projeto venha a ser aprovado nas duas Casas do Congresso 
Nacional. 
 
 
I. Deliberação parlamentar. Etapa durante a qual caberá às Casas Legislativas (Câmara e Senado) discutir, corrigir (se for o 
caso), e deliberar sobre o projeto, aprovando-o ou rejeitando-o. A apreciação do projeto ocorrerá em ambas as Casas, em 
apartado, e da seguinte maneira: 
 
 Tanto na Casa iniciadora como na Casa Revisora, o projeto de lei apresentado, antes da discussão e votação em 
plenário, passará por uma fase de instrução em que será apreciado pelas Comissões Parlamentares, para que sejam 
apreciados seus aspectos materiais (Comissão Temática) e seus aspectos formais, ligados à constitucionalidade 
(Comissão de Constituição, Justiça e Redação, na Câmara dos Deputados, e Comissão de Constituição, Justiça e 
Cidadania, no Senado Federal). 
 
 
 
 
26 
 
(1) Obs.: 
 
 
 Comissões Temáticas. São aquelas instituídas em razão da matéria tratada (Comissão de Agricultura e Política 
Rural; Comissão deCiência e Tecnologia, Comunicação e Informática...); 
 
 Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Examina os aspectos constitucionais, legais, regimentais e de técnica 
legislativa. 
 
Aprovado pelas Comissões, o projeto de lei será encaminhado ao plenário da Casa respectiva, onde será objeto de 
discussão e votação. 
 
 
(2) Obs.: 
 
 Emendas Parlamentares. Os parlamentares durante essa etapa poderão apresentar emendas aos projetos de lei, de 
modo a aperfeiçoá-lo. As emendas podem ser apresentadas tanto no interior das Comissões como na apreciação em 
Plenário. Estão dispostas, conforme o Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 118), da seguinte maneira: 
a) ADITIVAS – Acrescenta-se uma proposição a outra; 
b) AGLUTINATIVAS – Fusão de outros elementos ou destas com o texto; 
c) MODIFICATIVAS – Altera a proposição apresentada; 
d) SUBSTITUTIVAS – Erradica totalmente a proposição apresentada; 
e) SUPRESSIVAS – Erradica parcialmente a proposição apresentada. 
 
 Restrições às emendas parlamentares. São duas: 
a) Proibição do aumento de despesas (art. 63, I e II da CF); 
b) Exigência de pertinência temática. Embora não esteja explícito na Constituição Federal, somente se admitem 
emendas parlamentares que contiverem relação com a matéria veiculada originalmente no projeto de lei, sob pena 
de desvirtuá-lo. 
 
 Delegação interna corporis (art. 58, §2.º, I da CF). A Constituição Federal outorga a competência às Comissões para 
discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do Regimento respectivo, a competência do Plenário, salvo de 
houver recurso de 0,1% (um décimo por cento) dos membros da Casa. 
 
 Deliberação plenária (art. 65 da CF). Devidamente instruído o projeto de lei será posto em discussão e, no passo 
seguinte, em votação, sempre na forma estabelecida nos regimentos das Casas Legislativas. Em se tratando de lei 
ordinária (art. 47 da CF), a aprovação do projeto de lei está condicionada ao voto da maioria simples ou relativa dos 
membros da Casa Legislativa. 
 
Na Casa iniciadora, o projeto poderá ser aprovado ou rejeitado. Na hipótese de aprovação, será ele encaminhado à 
outra Casa para revisão. Se, diversamente, for rejeitado, será arquivado, aplicando-se-lhe o princípio da irrepetibilidade 
(art. 67 da CF). 
 
Na Casa revisora, após a tramitação regimental (comissões, discussão e votação), poderemos ter 03 (três) hipóteses 
distintas: 
c) Aprovação sem emendas – O projeto é aprovado exatamente como já havia sido aprovado pela Casa iniciadora. 
Nesse caso, será encaminhado, em autógrafos, ao Chefe do Poder Executivo, para sanção ou veto (deliberação 
executiva). Os autógrafos consubstanciam o texto oficial aprovado e assinado pelas Mesas-diretoras; 
d) Aprovação com emendas – Havendo qualquer correção o projeto voltará à Casa iniciadora, para que esta delibere 
exclusivamente acerca das modificações introduzidas, e, posteriormente, encaminhe o projeto à sanção ou veto; 
e) Rejeição – Será prejudicado e arquivado, aplicando-se-lhe o princípio da irrepetibilidade (art. 67 da CF). 
 
 
II. Deliberação executiva. Etapa que precede a promulgação e a publicação de uma lei na qual caberá, apenas à 
Presidência da República (art. 84, IV e V da CF), uma das seguintes atitudes: 
 
 Sanção, ou seja, a aquiescência, a concordância quanto ao projeto de lei aprovado pelas Casas do Congresso 
Nacional e que lhe fora encaminhado para apreciação. Segundo a maioria doutrinária, é “o ato que formalmente 
transforma o projeto de lei em lei”. 
 
Conforme a redação do art. 66, §1.º c/c §3.º da CF, o prazo para que o Presidente da República manifeste sua vontade 
será de até 15 (quinze) dias úteis, sendo que vencido o prazo e ausente a sua manifestação (diante do silêncio, 
portanto) haverá sanção tácita ou presumida – “quem cala consente”. 
 
Havendo sanção, expressa ou presumidamente, a lei será promulgada e publicada, para que possa produzir seus 
efeitos. 
 
 Veto, ou seja, a discordância do projeto de lei aprovado pelas Casas do Congresso Nacional e que lhe fora 
encaminhado para apreciação. Possui as seguintes características: 
 
 
27 
 
a) Expresso – Todo veto há de ser escrito, expresso. Inexiste veto presumido, pois se o Presidente da República, ao 
receber o projeto de lei aprovado pelas Casas Legislativas, discordar de seu conteúdo deverá expressamente se 
manifestar em até 15 (quinze) dias úteis; 
 
b) Fundamentado (ou motivado) – Vetado o projeto de lei, o Presidente da República deverá encaminhar suas 
razões, dentro de 48 horas, ao Presidente do Senado Federal, explicando porque discorda do projeto de lei 
aprovado pelas Casas do Congresso Nacional. A fundamentação, conforme o art. 66, §1.º da CF, será: 
 
1. Quanto ao tamanho (amplitude ou extensão): veto total (discorda de todo o conteúdo do projeto de lei) ou 
veto parcial (apenas de parte do projeto; algum artigo, parágrafo, inciso ou alínea). Nesse último caso, 
inclusive, diz o art. 66, §2.º, que o veto deverá abranger texto integral da redação onde a discordância estiver 
situada; 
 
2. Quanto ao motivo: veto político (o projeto de lei é considerado contrário ao interesse público) ou veto jurídico 
(contrário à Constituição Federal). Nesse último caso, haverá manifestação de controle preventivo de 
constitucionalidade, já que o Chefe do Poder Executivo busca evitar a aprovação de um projeto de lei 
inconstitucional. 
 
c) Irretratável e insuscetível de apreciação judicial, a não ser quando intempestivo, ou seja, efetuado fora do prazo; 
 
d) Relativo (ou superável) – O veto não possui natureza absoluta, pois esboçadas as razões do Presidente da 
República, caberá ao Presidente do Senado Federal, convocar Congresso Nacional, em sessão conjunta, para 
conhecer e deliberar acerca do mesmo em até 30 (trinta) dias corridos, podendo, inclusive, derrubá-lo (art. 58, §4.º, IV 
c/c art. 66, §4.º, todos da CF). 
 
Obs.: 
 
 Art. 66, §6.º da CF – Se esgotado o prazo para deliberação acerca do veto, o Congresso Nacional não houver se 
manifestado, o mesmo será colocado na ordem do dia da sessão imediatamente subseqüente, sendo sobrestadas 
as demais proposições, até que se delibere sobre o veto; 
 
 Conseqüências diante da apreciação do veto pelo Congresso Nacional: 
 
1. Manutenção do veto. Se não for atingida a maioria absoluta para derrubá-lo, a parte vetada ou todo o projeto é 
definitivamente rejeitado e arquivado; 
2. Derrubada do veto. Após ter sido rejeitado pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
escrutínio secreto, a derrubada do veto transforma o projeto de lei em lei, assim como a sanção; 
 
 
3.ª FASE: Complementar – Nessa fase final a lei será: 
 
1. Promulgada – A promulgação é atestar que a ordem jurídica foi inovada. Significa autenticar a lei, isto é, atestar sua 
existência, ordenando-lhe a aplicação e conseqüente cumprimento, por parte de terceiros. 
 
A competência para a promulgação das leis, segundo o art. 66, §7.º da CF, é do Presidente da República, podendo, nas 
hipóteses de sanção tácita (art. 66, §3.º) e derrubada do veto (art. 66, §5.º) e caso haja desídia presidencial, decorridas 
48 horas, ser efetuada pelo Presidente do Senado Federal, no mesmo prazo de 48 horas e, se também este o recusar, 
caberá ao Vice-Presidente do Senado Federal fazê-lo, em igual prazo. 
 
2. Publicada – A publicação em Diário Oficial da União (D.O.U.) visa a dar conhecimento a todos de que a ordem jurídica 
recebeu normação nova, e que a partir daquela data o seu cumprimento passa a ser exigido. Visa a impedir que alguém 
alegue a ignorância ou desconhecimento da lei. 
 
Quem promulga deve publicar a lei. Mas a Constituição Federal não assinala prazo para isso. A inexistência de prazo, no 
entanto, não permite o adiamento ad perpetua da publicação, muito menos arecusa de publicação. Esta deve acontecer em 
um prazo razoável. A publicação marca o verdadeiro nascimento da lei, que já existia, mas ainda estava pendente de 
publicação, que é o requisito para que ela possa ter eficácia jurídica. 
 
Obs.: 
 
 Vacatio Legis. O art. 8.º da LC n.º 95/98 reza que: “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a 
contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de 
sua publicação’ para leis de pequena repercussão”. Com base nisso, conclui-se que as leis nem sempre entram em 
vigor na data de sua publicação. O período entre a publicação de uma lei e sua vigência é conhecido como vacatio legis. 
O art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Civil – LICC ensina o momento em que as leis de tornam obrigatórias em 
território nacional (caput) e nos Estados estrangeiros (§1.º), bem como o tratamento dispensado às leis estaduais 
elaboradas por autorização do Governo Federal (§3.º). 
 
 
 
 
 
28 
 
4. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO SUMÁRIO (CÉLERE, ABREVIADO OU DESCONCETRADO). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O processo legislativo sumário não apresenta uma diferenciação de procedimentos em relação ao procedimento ordinário, 
antes analisado. O que diferencia o processo legislativo sumário do ordinário é que somente será utilizado em relação aos 
projetos de lei de iniciativa do Presidente da República que devam sofrer deliberação por ambas as Casas do Congresso 
Nacional, em regime de urgência (art. 64, §§1.º a 4.º da CF). 
 
Como é uma hipótese limitada constitucionalmente ao Presidente da República, e apenas para projetos de sua iniciativa, a 
Câmara dos Deputados terá, inicialmente, 45 dias para decidir. Se aprovar o projeto, esse vai para o Senado Federal, que terá 
outros 45 dias. Se o Senado aprovar com alteração de mérito (emendas), o projeto volta para a Câmara dos Deputados, que 
terá mais 10 dias para decidir sobre a matéria. 
 
Obs.: 
 
1. Em virtude do que prescreve o art. 64, caput da CF, a Câmara dos Deputados sempre será a Casa Iniciadora e o Senado 
Federal, Casa Revisora; 
2. O prazo máximo para o encerramento desse procedimento será de 90 (noventa) dias (45 dias na Câmara dos Deputados + 
45 dias no Senado Federal), não havendo emendas na Casa Revisora. Existindo emendas, o prazo máximo será de 100 
dias (já que a Casa Iniciadora terá um acréscimo de 10 dias para apreciar as correções – art. 64, §3.º); 
3. Esgotados os prazos sem deliberação, a proposição será incluída na ordem dos dia, sobrestando-se todas as demais 
deliberações legislativas da respectiva Casa até que se ultime a votação, com exceção das que tenham prazo constitucional 
determinado (art. 64, §2.º); 
4. O procedimento em questão não se aplica aos projetos de Código e nem correrá durante os períodos de recesso do 
Congresso Nacional (art. 64, §4.º). 
 
 
5. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ESPECIAL. 
 
5.1. EMENDAS À CONSTITUIÇÃO. 
 
1. Emendas Constitucionais – EC (art. 60 da CF). 
 
O seu procedimento está divido em 03 (três) etapas: 
 
a) Fase da Iniciativa (Inicial ou Introdutória) – Apresentação da Proposta de Emenda Constitucional - PEC (art. 60, I a 
III). 
 
 Obs: 
1. A iniciativa popular (participação do eleitorado na confecção de projetos – art. 61, §2.º), não alcança as EC; 
2. O Vice-Presidente da República não possui competência para propor Emendas à Constituição. 
Excepcionalmente, quando em substituição ou sucessão presidencial, poderá fazê-lo (arts. 61, caput; 84, III e 79, 
todos da CF). 
 
b) Fase Constitutiva – Discussão e votação da PEC (art. 60, §2.º). 
 
 Obs: 
1. Ao contrário dos projetos de lei, que serão discutidos e votados em um só turno e em cada Casa Legislativa (art. 
65, caput), as PEC deverão ser discutidas e votadas sempre em 02 (dois) turnos e em ambas as Casas 
Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal); 
 
29 
 
2. O Senado Federal será considerado Casa Iniciadora somente quando a PEC for apresentada por 1/3 dos 
senadores ou mais de metade das Assembléias Legislativas do País (art. 212 do Regimento Interno do Senado). 
Nos demais casos será a Câmara dos Deputados; 
3. As PEC rejeitadas ou havidas por prejudicadas, ao contrário dos projetos de lei (art. 67), somente serão 
levadas à nova deliberação na sessão legislativa seguinte (art. 60, §5.º); 
4. As PEC jamais serão sancionadas ou vetadas pelo Presidente da República (inexiste deliberação executiva), o 
que só ocorrerá com projetos de lei (art. 84, IV). 
 
c) Fase Complementar – Promulgação e Publicação da EC (art. 60, §3.º). 
 
 Obs: 
1. Ao contrário dos projetos de lei, que são promulgados e publicados pelo Presidente da República (art. 84, IV c/c 
art. 66, §7.º), as EC serão promulgadas e publicadas pelas Mesas das Casas Legislativas com o respectivo 
número de ordem; 
 
2. Emendas Constitucionais de Revisão – ECR (art. 3.º do ADCT): 
 
 
 
5.2. LEIS COMPLEMENTARES. 
 
Os procedimentos tomados quando da apresentação da lei complementar e da lei ordinária são idênticos, existindo apenas 
duas diferenças a serem consideradas: 
 
 
 
As deliberações, sempre presente a maioria absoluta dos membros da Casa, ocorrerão da seguinte maneira (art. 47): 
 
 Quorum de Maioria Relativa (ou Simples): 
Metade (nº inteiro) + 1 dos membros presentes. 
 Quorum de Maioria Absoluta: 
Metade (nº inteiro) + 1 dos membros da respectiva Casa (ausentes + presentes). 
 Quorum Qualificado: 
Expressa em frações será calculada sobre a totalidade dos membros da Casa. 
Ex: 
1/3 (para a proposição de PEC através dos parlamentares); 
2/3 (para aprovar a instauração de processo contra o Presidente da República e aprovar a Lei Orgânica); 
3/5 (somente no caso de aprovação de Emenda à Constituição). 
 
 
PARLAMENTO HIPOTÉTICO 
(100 membros. Naquele dia compareceram 60 dos 100) 
LEI ORDINÁRIA LEI COMPLEMENTAR 
Quorum para instaurar a sessão: 
Maioria absoluta (51 membros). Como vieram 60, posso iniciar a 
sessão. 
Quorum para aprovar a matéria: 
Maioria simples (31 membros). Calculada sobre os presentes. 
Quorum para instaurar a sessão: 
Maioria absoluta (51 membros). Como vieram 60, posso iniciar a 
sessão. 
Quorum para aprovar a matéria: 
Maioria absoluta (51 membros). Calculada sobre a totalidade (ausentes 
e presentes). 
 
ESPÉCIE LIMITE TEMPORAL ABRANGÊNCIA SESSÃO QUORUM 
Emenda Inexistente Tópica Bicameral 3/5 
Revisão 
Após 05 (cinco) anos, 
contados da promulgação 
da atual Constituição 
Geral Unicameral 
Maioria 
Absoluta 
 LEI COMPLEMENTAR LEI ORDINÁRIA 
ASPECTO MATERIAL 
Matérias expressas, ou seja, só as reservadas 
pelo Constituinte (matérias expressamente 
previstas na Constituição Federal). Ex.: art. 
18, §2.º, art. 37, XIX, art. 79, parágrafo único... 
Matérias residuais, ou seja, aquelas que não 
sejam: 
1. Reservadas à lei complementar; 
2. De competência exclusiva do Congresso 
Nacional (art. 49); 
3. De competência privativa da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal (arts. 51 e 
52); 
4. Emenda constitucional (art. 60). 
ASPECTO FORMAL Quorum para a aprovação: maioria absoluta Quorum para a aprovação: maioria simples 
 
30 
 
 Obs.: 
1. Segundo entendimento majoritário do STF, inexiste hierarquia entre as leis complementares e ordinárias. 
2. As leis ordinárias não podem tratar de assunto reservado às leis complementares. Entretanto, será que as leis 
complementares podem cuidar de assunto que a ela não tenha sido reservado? Sim, mas se isso vier a acontecer os 
dispositivos nela presentes somente serão posteriormente alterados por meio de lei ordinária. 
 
 
5.3. LEIS DELEGADAS (art. 68). 
 
 
São elaboradas diretamente pelo Presidenteda República, mediante autorização (delegação de poderes) do Congresso 
Nacional. É um mecanismo legislativo pouco usado em virtude da prerrogativa constitucional dada ao Presidente da República 
quanto à edição de medidas provisórias, já que nesse caso são editadas sem a participação do Poder Legislativo, óbvio com 
dispensa de apreciação prévia por parte do Congresso Nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O procedimento referente à lei delegada, que tem o mesmo nível de eficácia da lei ordinária, encontra-se dividido da mesma 
maneira com certas observações: 
 
Iniciativa solicitadora – Ao contrário dos procedimentos ordinário e sumário, em que as pessoas verificavam se possuíam ou 
não iniciativa para elaborar o projeto de lei, e havendo tal possibilidade o elaboravam, a lei delegada surge de uma solicitação 
feita pelo Presidente da República ao Congresso Nacional para legislar sobre certa matéria. 
 
 Obs.: 
 
1. Segundo o art. 68, §1.º da CF, existem limites materiais à edição da lei delegada, quais sejam: “os atos de competência 
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a 
matéria reservada à lei complementar, NEM a legislação sobre: 
I. organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; 
II. nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 
III. planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos”. 
 
2. O instrumento através do qual o Congresso Nacional delega matéria legislativa ao Chefe do Poder Executivo é a resolução 
(art. 68, §2.º), que especificará o conteúdo e os termos do exercício da delegação. Toda delegação é temporária; se o 
Presidente da República não legislar extingue automaticamente os efeitos da resolução. O limite temporal não pode 
nunca exceder à legislatura; 
 
3. A delegação pode adotar duas formas: 
a) Delegação típica ou própria. A delegação permite ao Presidente da República elaborar a lei, nos estreitos limites 
estabelecidos, e, em seguida, promulgá-la e publicá-la sem a necessidade de ser encaminhada ao Congresso para a 
discussão e votação de seu conteúdo (dispensa a deliberação parlamentar); 
b) Delegação atípica ou imprópria. Ao delegar poderes ao Presidente da República para criar a referida lei, o Congresso 
determina expressamente a devolução do projeto para conhecimento, discussão e votação (haverá deliberação 
parlamentar). Ressalta-se, que nesse caso, a aprovação ou rejeição do projeto será feita em votação única, sendo 
absolutamente proibida qualquer emenda ou correção ao seu conteúdo (art. 68, §3.º). 
 
Em virtude das espécies de delegação, conclui-se que a sanção é um ato dispensável, pois se o Congresso Nacional 
dispensar a deliberação parlamentar (delegação atípica) ou aprovar o projeto de lei da maneira como foi descrito pelo Chefe 
 
31 
 
do Poder Executivo (delegação atípica), é óbvio que haverá a sanção e jamais o veto. É ilógico pensar-se que o Presidente 
da República vetaria aquilo que ele próprio elaborou e que sequer foi alterado. 
 
4. O Presidente da República em hipótese alguma poderá extrapolar os limites oferecidos pelo Congresso Nacional, sob 
pena de o Congresso sustar a lei delegada, conforme ensina o art. 49, V da CF (chamado de “veto legislativo”). 
 
 
5.4. DECRETOS LEGISLATIVO E RESOLUÇÕES (LEGISLATIVAS) (arts. 49, 51 e 52). 
 
a) DECRETO LEGISLATIVO: Instrumento formal de que se vale o Congresso Nacional para praticar os atos de sua 
competência exclusiva (art. 49). Não haverá sanção presidencial, sendo que após sua aprovação pela maioria simples do 
Congresso Nacional (art. 47), será promulgado e publicado pelo Presidente do Senado Federal, que segundo o art. 57, 
§5.º da CF, presidirá o Congresso Nacional; 
 
b) RESOLUÇÃO: Instrumento formal de que se vale a Câmara dos Deputados e o Senado Federal para praticar os atos de 
sua competência privativa (arts. 51 e 52). Não haverá sanção presidencial, sendo que após sua aprovação pela maioria 
simples do Congresso Nacional (art. 47), será promulgada e publicada pela Mesa da Casa Legislativa que a expediu, ou 
quando se tratar de resolução do Congresso Nacional, pela Mesa do Senado Federal (art. 68, §2.º). 
 
 
5.5. MEDIDAS PROVISÓRIAS (art. 62, alterado pela EC n.º 32/2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, 
devendo submetê-las ao Congresso Nacional, que através de uma Comissão mista de Deputados e Senadores, e antes de 
encaminhá-la para a deliberação em plenário de cada uma Casas Legislativas, irá apreciar o preenchimento dos requisitos 
constitucionais necessários à sua edição (art. 62, §§5.º e 9.º). 
 
No Brasil, Estado Democrático de Direito, a adoção do princípio da legalidade como verdadeiro alicerce faz com que 
observemos a seguinte regra: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O 
postulado em questão significa tão-somente que apenas as leis (atos gerais, abstratos e imperativos elaborados pelo 
Legislativo e sancionada pelo Executivo) podem circunscrever e limitar a liberdade, posto que a autoridade pública só 
pode exigir que o cidadão pague ou deixe de pagar, faça ou deixe de fazer, aquilo que está expresso em lei. 
 
Seguindo essa orientação, a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), em seu art. 59, aponta quais espécies 
normativas são capazes de gerar “tal obrigação”. Diz a Constituição que o processo legislativo compreende a elaboração, 
dentre outras, das medidas provisórias, espécie legislativa criada em 1988 com o objetivo de substituir o Decreto-lei e ser 
utilizada em casos de relevância e urgência pela Presidência da República (leia-se art. 62 da CRFB). 
 
Diversos pontos chamam atenção quanto a essa espécie legislativa, tais como: 
 
1. Normalmente a iniciativa, quanto à elaboração das leis, compete ao Legislativo, sendo que, no caso das medidas 
provisórias a elaboração caberá ao Presidente da República (representante do Executivo) e, excepcionalmente, aos 
Estados e Municípios, na figura de seus respectivos Governadores e Prefeitos. O Supremo Tribunal Federal (STF) vem 
afirmando sua posição e entendimento no sentido de que os Estados e Municípios poderão editar medidas provisórias 
desde que esse instrumento se encontre previsto nas respectivas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas e versem, 
 
32 
 
exclusivamente, sobre matéria de sua competência. Atualmente os Estados do Acre, Santa Catarina e Tocantins tiveram 
confirmada essa possibilidade pelo Excelso Pretório; 
 
2. As medidas provisórias, distintas das leis, são atos excepcionais, efêmeros, precários e condicionados, senão vejamos: 
 
a) Excepcionais – Apesar de não serem propriamente uma lei (pois não são elaboradas por autoridades genuinamente 
eleitas para a representação popular, ou seja, saem da mente do Presidente da República e vão direto para a publicação), 
segundo a Carta Constitucional têm força de lei, já que são capazes de gerar obrigação; 
b) Efêmeros (passageiros ou transitórios) – Possuem um curto prazo de vida (apenas por 60 dias, prorrogáveis por mais 
60 dias, caso sua votação nas duas Casas do Congresso Nacional não seja encerrada naquele prazo – art. 62, §§3.º e 7.º), 
sendo necessária para sua conversão em lei “propriamente dita” a aprovação do Legislativo. Se a medida provisória, que 
tem sua votação sempre iniciada na Câmara dos Deputados, não forem apreciadas em até 45 dias contados de sua 
publicação, entrará em regime de urgência, sobrestando todas as demais deliberações; 
 
 Obs.: 
 
As medidas provisórias editadas não revogam, mas apenas suspendem aeficácia das leis editadas anteriormente à 
sua vigência e contrárias ao seu conteúdo. 
 
c) Precários – A falta de confirmação do Congresso Nacional marca sua precariedade, pois uma vez não transformadas em 
lei perdem sua eficácia desde o início; 
 
d) Condicionados – Posto que sujeitas à satisfação de dois pressupostos simultâneos: a relevância e a urgência. 
 
Importadas do parlamentarismo italiano, as medidas provisórias causam problemas por estarem contextualizadas numa 
sistema de governo presidencialista. Tudo porque o Presidente da República não tem responsabilidade política por sua 
edição. Se o Primeiro-Ministro italiano editar uma medida provisória e, em sessenta dias (art. 77 da Constituição Italiana), o 
Parlamento não a aprovar, ele, simplesmente, perde o poder através de uma moção de desconfiança. No presidencialismo 
brasileiro, isso jamais ocorreria, daí as desenfreadas reedições de medidas provisórias por aqui. Foram por muito tempo 
essas reedições, inclusive, as responsáveis por uma crise sem precedentes na prestação da atividade jurisdicional, 
sobrecarregando o Judiciário de tal forma com processos iguais que se torna impossível para o julgador compor os milhares 
de conflitos que lhe são submetidos diuturnamente. Atualmente, segundo a redação do art. 62, §10, é vedada a reedição de 
medidas provisórias que tenham sido rejeitadas ou que tenham perdido sua eficácia por decurso de prazo, na mesma sessão 
legislativa. 
 
A CF estabelece alguns limites materiais à edição de medidas provisórias, a se tratarem: 
 
1. Art. 62, §1.º, I a IV. Matéria: 
I. relativa a: 
a. nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; 
b. direito penal, processual penal e processual civil; 
c. organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; 
d. planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos 
II. que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; 
III. reservada a Lei Complementar; 
IV. já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da 
República. 
 
2. Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido 
alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 e 11 de setembro de 2001. 
 
Editada uma medida provisória pelo Presidente da República acerca de matéria estabelecida na CF, e devidamente 
publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), passa a ter vigência e eficácia, com força de lei, depende, porém, de 
aprovação do Congresso Nacional, sendo possíveis as seguintes situações: 
 
a)MP aprovada: se transforma em leio ordinária e é promulgada pelo Presidente do Congresso Nacional, sendo dispensada 
a sanção presidencial; 
 
b)MP rejeitada: A medida provisória deixa de existir desde sua publicação, sendo que as relações jurídicas do período em 
que vigorava a medida provisória serão disciplinadas pelo Congresso Nacional, através da edição de um decreto legislativo, 
em até 60 dias contadas da data de rejeição ou perda de eficácia. Caso isso não ocorra as relações jurídicas constituídas 
e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas (art. 62, §11); 
 
c)Decurso de prazo: Decorrido o prazo sem manifestação do Congresso Nacional a medida provisória está rejeitada 
(aprovação só expressa); 
 
d)Emendada: Aprovado o projeto de lei com as alterações teremos o projeto de lei de conversão - em substituição à 
medida provisória - daí em diante segue o rito ordinário (sanção e veto). 
 
 
9 
 
 
 
O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E 
ATOS NORMATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL: “A TEORIA DA RECEPÇÃO”. 
 
A Constituição é à base de validade jurídica das normas infraconstitucionais. Com o advento de uma nova 
Constituição, as normas infraconstitucionais anteriores e vigentes sob o império da antiga Constituição, se 
forem materialmente (o seu conteúdo) incompatíveis com esta nova Constituição, serão revogadas. Por outro 
lado, aquelas normas infraconstitucionais anteriores materialmente compatíveis com a nova Constituição irão 
aderir ao novo ordenamento jurídico (isto é, serão recepcionadas) como se novas fossem porque terão como 
base de validade a atual Constituição (trata-se de uma ficção jurídica). Essa teoria é tradicionalmente admitida 
no direito brasileiro, independentemente de qualquer determinação expressa
1
. 
 
As normas anteriores, incompatíveis formalmente com a nova Constituição serão por ela recebidas se houver 
compatibilidade material e passarão a ter status formal determinado pelo novo ordenamento constitucional
2
. 
 
2. CONCEITO E ESPÉCIES DE NORMAS INCONSTITUCIONAIS. 
 
Para entendermos o que seja o fenômeno de inconstitucionalidade é necessário, inicialmente, saber a 
classificação das normas jurídicas, as quais estão dividas da seguinte maneira: 
 
NORMAS JURÍDICAS CLASSIFICAÇÃO 
CONSTITUCIONAIS 
1) Originárias. 
São aquelas inseridas na Constituição, quando de sua criação, e até hoje inabaláveis 
(dispositivos originais da Constituição que não sofreram qualquer tipo de alteração). 
2) Derivadas. 
São aquelas inseridas na Constituição, quando de sua mudança (dispositivos que foram 
resultado do processo de reforma por Emendas ou Revisão)
3
. 
 
1
 A recepção é um fenômeno automático, tendo sido previsto expressamente apenas na Constituição brasileira de 1937, em 
seu art. 183: “Continua em vigor, enquanto não revogadas, as leis que explícita ou implicitamente não contrariarem as 
disposições desta Constituição. 
2
 Podemos citar como exemplos, o Código Tributário Nacional – CTN, o Código Penal Brasileiro – CP, o Código de Processo 
Penal – CPP e a Lei das Contravenções Penais – LCP. O CTN foi feito sob a forma de lei ordinária (Lei n° 5.172/1966) e a 
Constituição de 1988 determina que as normas gerais tributárias sejam tratadas por lei complementar (art. 146). Quanto ao 
CP (decreto-lei n° 2.848/1940), o CPP (decreto-lei n° 3.689/1941) e a LCP (decreto-lei n° 3.688/1941), a situação é um pouco 
diversa. Decreto-lei não é espécie normativa presente no novo ordenamento constitucional e as matérias do direito penal e 
direito processual penal devem ser cuidadas por lei ordinária federal. Com a nova determinação constitucional, as normas 
citadas foram recebidas naquilo que não contrariavam materialmente a nova Constituição e suas alterações formais futuras 
somente serão feitas de acordo com o novo processo legislativo previsto na Constituição Federal de 1988. 
SUMÁRIO 
1. Direito constitucional intertemporal: “a teoria da recepção”. 
2. Conceito e espécies de normas inconstitucionais. 2. 
Princípios norteadores do controle de constitucionalidade. 3. 
Histórico do controle de constitucionalidade no Brasil. 4. 
Formas de inconstitucionalidade. 5. Processo legislativo e 
questões afins ao controle. 6. Momentos do controle. 7. 
Jurisdição constitucional (critérios de controle). 8. 
Legitimação ativa e pertinência temática. 9. Atuação do 
Procurador-Geral da República e Advogado-Geral da União. 
10. Medida cautelar e efeitos repristinatórios. 11. 
Competência para o conhecimento das ações. 12. ADI, ADC 
e ADPF – Análise de normas contrárias à Constituição 
Federal de 1988. 13. Inovações advindas com a reforma do 
Poder Judiciário. 14. Resumos esquemáticos 
 
10 
 
INFRACONSTITUCIONAIS 
OU 
SUBCONSTITUCIONAIS 
1) Tratados Internacionais (normas supralegais)
4
. 
2) Atos normativos primários (normas legais). 
São aqueles que têm o seu fundamento na própria Constituição (p.ex.: leis 
complementares, leis ordinárias, leisdelegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos, resoluções (legislativas), os tratados internacionais, os atos normativos 
dotados de certa autonomia (que não são meramente regulamentares como, por 
exemplo, o regimento dos tribunais) e os decretos ou regulamentos autônomos). 
3) Atos normativos não-primários ou concretos (normas infralegais). 
São aqueles que derivam do poder regulamentar de que dispõe o Chefe do Poder 
Executivo (p.ex.: decretos meramente regulamentares, portarias, instruções e os autos 
de infração). 
 
Observando essa divisão, tem-se que as normas jurídicas no Brasil estão dispostas de maneira hierarquizada, 
senão vejamos a seguinte pirâmide normativa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 Com a promulgação da EC n.º 45/2004 (Reforma do Judiciário), os Tratados Internacionais que cuidem de direitos 
humanos e que tenham sido aprovados em ambas as Casas do Congresso Nacional, em dois turnos e por 3/5 dos votos dos 
membros, possuirão o status de Emenda Constitucional e, portanto, norma constitucional derivada (art. 5.º, §3.º da 
Constituição Federal de 1988). 
4
 Em verdade, a partir de 03/12/2008 (data do novo entendimento do STF), os tratados internacionais celebrados pelo 
Brasil poderão ter, no ordenamento jurídico brasileiro, três posições hierárquicas distintas, a depender do seu conteúdo 
(assunto tratado pela norma internacional) e das formalidades para o seu ingresso no nosso ordenamento jurídico 
(procedimento de incorporação). Com efeito, a partir do novo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, os 
tratados internacionais celebrados pelo Brasil poderão assumir, no nosso ordenamento jurídico, as seguintes posições 
hierárquicas: 1) Tratados internacionais com hierarquia supralegal. Segundo a recente jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados pela República Federativa do Brasil e incorporados 
ao nosso ordenamento pelo rito ordinário (aprovação definitiva por decreto legislativo do Congresso Nacional e 
promulgação por decreto do Presidente da República) têm hierarquia supralegal, isto é, estão situados hierarquicamente 
acima das leis, mas abaixo da Constituição Federal. 2) Tratados internacionais com hierarquia de emenda à Constituição. 
Os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados pela República Federativa do Brasil e incorporados ao nosso 
ordenamento pelo rito previsto no § 3º do art. 5º da Constituição Federal são equiparados hierarquicamente às emendas à 
Constituição Federal. É o caso do Decreto Legislativo nº 186, de 2008, que aprovou, nos termos do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal, o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, 
assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Essa Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
constitui a primeira norma internacional sobre direitos humanos celebrada pelo Brasil e incorporada ao nosso 
ordenamento jurídico com status de emenda constitucional, na forma do § 3º do art. 5º da Constituição Federal. 3) 
Tratados internacionais com hierarquia ordinária (legal). Os tratados internacionais em geral, que não versam sobre 
direitos humanos, são incorporados ao nosso ordenamento pelo rito ordinário (aprovação definitiva por decreto legislativo 
do Congresso Nacional e promulgação por decreto do Presidente da República) e têm hierarquia ordinária (legal), isto é, 
estão numa situação de paridade hierárquica com as leis em geral. 
 
11 
 
 Obs.: 
 
A pirâmide normativa representa a hierarquia das normas dentro do ordenamento jurídico. Esta estrutura 
exige que o ato inferior guarde hierarquia com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a 
Constituição Federal, sob pena de ser ilegal e inconstitucional – chamada de relação de compatibilidade 
vertical. 
 
Pelo até aqui exposto, podemos afirmar como premissas para o controle de constitucionalidade: 
A) A noção contemporânea de controle de constitucionalidade das leis e atos normativos tem como 
pressuposto a existência de uma Constituição do tipo rígida, isto é, aquela em que há distinção hierárquica 
entre ela e as demais normas do ordenamento jurídico, estando ela em posição de superioridade 
relativamente a estas (que são, por isso, ditas infraconstitucionais ou subconstitucionais); 
B) A rigidez da Constituição tem como conseqüência imediata o princípio da supremacia formal da 
Constituição; 
C) O princípio da supremacia formal da Constituição exige que todas as demais normas do ordenamento 
jurídico estejam de acordo com o texto constitucional; 
D) Aquelas normas que não estiverem de acordo com a Constituição serão inválidas, inconstitucionais e 
deverão, por isso, ser retiradas do ordenamento jurídico; 
E) Há necessidade, então, de que a Constituição outorgue competência para que algum órgão (ou órgãos), 
independente do órgão encarregado da produção normativa, fiscalize se a norma inferior está (ou não) 
contrariando o seu texto, para o fim de retirá-la do mundo jurídico e restabelecer a harmonia do 
ordenamento jurídico; 
F) Sempre que órgão competente realizar esse confronto entre a lei e a Constituição, estará ele efetivando o 
denominado “controle de constitucionalidade”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enfim, apenas as normas constitucionais derivadas e os atos normativos primários são passíveis do controle de 
constitucionalidade. As normas constitucionais originárias e as normas infralegais não sofrem tal vício, sendo 
que, estas últimas ao não se ajustarem à Constituição padecerão de vício de ilegalidade. 
 
Assim sendo, a inconstitucionalidade representa a desconformidade das normas jurídicas (o ato normativo 
primário ou da norma constitucional derivada) produzidos posteriormente à Constituição com o procedimento 
ou regras nela previstas ou, ainda, o vício da norma elaborada sem observância das normas constitucionais 
concernentes ao processo legislativo ou aos limites ao poder de reforma do texto constitucional. 
3. PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. 
 
A) Princípio da Supremacia da Constituição. A Constituição é o parâmetro de validade das demais normas 
jurídicas, na medida em que para terem validade, estas normas devem conformar-se aos ditames das 
normas constitucionais. Ela se coloca no vértice do sistema jurídico do País, a que confere validade, e que 
todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela reconheça a proporção por ela distribuída. 
É, enfim, a Lei suprema do Estado, pois é nela que se encontram a própria estruturação deste e a 
organização de seus órgãos; é nela que se acham as normas fundamentais do Estado, e só nisso se notará 
sua superioridade em relação às demais normas jurídicas; 
 
B) Princípio da Rigidez Constitucional. Para que a supremacia constitucional consiga sustentar-se, deve estar 
fundada em algo que realmente garanta sua superioridade. Portanto há que se falar em rigidez 
constitucional. A rigidez constitucional decorre da maior dificuldade para a modificação da Constituição do 
RIGIDEZ 
DA 
CONSTITUIÇÃO 
PRINCÍPIO DA 
SUPREMACIA FORMAL 
DA CONSTITUIÇÃO 
INCONSTITUCIONALIDADE 
DAS LEIS E ATOS 
NORMATIVOS 
NECESSIDADE DO 
CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
12 
 
que para a alteração das demais normas jurídicas da ordenação estatal. É a impossibilidade de mudança das 
normas constitucionais pelo mesmo procedimento adotado para a revitalização da legislação de cunho 
infraconstitucional; 
 
C) Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis e Atos Normativos. O Princípio da Presunção de 
Constitucionalidade baseia-se na eficácia

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