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Aspectos histopatologicos e histoquimicos da raiva em raposas

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Acta Scientiae Veterinariae, 2014. 42(Suppl 1): 67.
 CASE REPORT
 Pub. 67
ISSN 1679-9216
1
Received: 3 June 2014 Accepted: 16 August 2014 Published: 28 December 2014
1Hospital Veterinário, Laboratório de Patologia Animal, CSTR, UFCG, Campus de Patos, PB, Brazil. 2Laboratório de Patologia Veterinária, Departamento 
de Patologia, CCS, UFSM, Santa Maria, RS, Brazil. 3Laboratório de Patologia Veterinária, CCA, UFRB, Cruz das Almas, BA, Brazil. 4Universidade de 
Cuiabá, Cuiabá, MT, Brazil. CORRESPONDENCE: A.F.M. Dantas [dantas.af@uol.com.br - Tel.: +55 (83) 9929-8064]. Hospital Veterinário, Laboratório 
de Patologia Animal, CSTR, UFCG, Campus de Patos. Avenida Universitária S/N, Santa Cecilia. CEP 58708-110 Patos, PB, Brazil.
Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos 
da raiva em raposas Cerdocyon thous
Histopathological and Immunohistochemical Aspects of Rabies in foxes Cerdocyon thous
Jeann Leal de Araújo1, Antônio Flavio Medeiros Dantas1, Glauco José Nogueira de Galiza2, 
Pedro Miguel Ocampos Pedroso3, Maria Luana Cristiny Rodrigues Silva1, 
Luciano da Anunciação Pimentel4 & Franklin Riet-Correa1
ABSTRACT
Background: Several wild canids are considered reservoirs of rabies virus in the Northeast of Brazil, two wild canids 
have been reported as reservoirs of rabies virus Cerdocyon thous (crab-eating fox) and Pseudalopex vetulus (hoary fox) 
(previously called Dusicyon vetulus). The diagnosis of rabies in foxes is usually performed through fluorescent antibody 
test (FAT) and mouse inoculation test (MIT). However, until the moment, there are no detailed histopathological and im-
munohistochemical (IHC) description studies in foxes affected by this disease studies. Therefore, the aim of this work 
was the characterization of pathological and IHC findings of foxes with rabies sent to the Laboratory of Animal Pathology 
(LPA) of the Federal University of Campina Grande (UFCG) in Patos, semiarid region of Paraiba, Brazil.
Case: Two foxes were sent to the LPA, phenotypic species identification through analysis of morphological aspects was 
performed and posteriorly necropsied. Fragments of organs of the thoracic and abdominal cavities, salivary glands, eye and 
Gasser ganglia were collected in addition to the central nervous system (CNS) that was collected integer and fixed at 10% 
buffered formalin. Later, serial sections of the 16 fragments of the CNS were performed, measuring about 0.5 cm thick 
and cleaved. Fragments of cerebrum, cerebellum, brainstem, spinal cord and salivary glands were sent to performing FAT 
and MIT. Paraffin blocks with fragments of the hippocampus were selected and submitted to IHC. Macroscopically, the 
two foxes had multiple skin lacerations, bone fractures and ruptures of abdominal organs from injuries. The vessels of the 
meninges were slightly congested. Histologically, the CNS had diffuse non-suppurative encephalitis, with inflammatory 
infiltrate composed primarily by lymphocytes and plasma cells, forming mononuclear perivascular cuffing, and gliosis 
associated with mild eosinophilic intracytoplasmic inclusion corpuscles primarily in neurons of the cortex, basal ganglia, 
hippocampus, thalamus, colliculi, bridge, obex and cerebellum. Meningitis and mild myelitis non-suppurative were also 
observed in both cases with rare viral inclusions in spinal cord neurons. Similar inflammation was also observed in the 
Gasser ganglion and in others peripheral nerve ganglia. Adrenal and salivary glands showed multifocal areas of moderate 
mononuclear inflammatory infiltrate composed mainly by macrophages and plasma cells. Strong positive IHC labeling 
was observed for rabies in the neurons in different brain regions, especially in the cerebral cortex and in Purkinje cells 
of the cerebellum. In both cases the diagnosis of rabies was confirmed by immunofluorescence and mouse inoculation.
Discussion: The diagnosis of rabies in foxes was conducted through the characteristic histopathologic findings of the 
disease observed in the CNS and confirmed by the FAT, MIT and IHC. Although the histopathological findings in foxes 
are similar to what is observed in other species, the severity of inflammatory lesions and the large amount of inclusion 
bodies in the nervous tissue is an outstanding feature, regardless of the inflammatory response. The diagnosis of rabies 
in foxes can be achieved by characteristic histopathologic findings of the CNS, supported by evaluating peripheral nerve 
ganglia, salivary glands and adrenal which may also present similar microscopic lesions. Auxiliary Laboratory tests must 
be performed, such as FAT, MIT and IHC for confirmation of the disease.
Keywords: wild animals, canids, Lyssavirus.
Descritores: animais selvagens, canídeos, Lyssavirus.
2
 J.L. Araújo, A.F.M. Dantas, G.J.N. Galiza, et al. 2014. Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos da raiva em raposas 
Cerdocyon thous. Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl 1): 67.
INTRODUÇÃO
Vários canídeos silvestres são considerados 
reservatórios do vírus rábico, a exemplo da raposa 
vermelha (Vulpes vulpes), distribuída mundialmente 
na Europa, América do Norte, norte da África e na 
Austrália [4]. 
No Brasil, o ciclo silvestre terrestre da raiva 
é representado principalmente por saguis (Callithrix 
jacchus) ou raposas (Cerdocyon thous). Na região Nor-
deste, dois canídeos silvestres já foram relatados como 
reservatórios do vírus rábico: C. thous (crab-eating fox, 
cachorro-do-mato) e Pseudalopex vetulus (hoary fox, 
raposa cinzenta) (previamente denominada Dusicyon 
vetulus) [3,6]. Existem relatos de casos de raposas com 
raiva e transmissão para humanos nos estados do Ceará, 
Paraíba, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais [1,2] e dos 
329 casos de raiva notificados no período de 2002 a 
2009, cerca de 88% eram de canídeos silvestres, todos 
ocorridos na região Nordeste, onde muitos desses eram 
mantidos como animais de estimação. Segundo dados 
da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) [13], 
no Brasil, os canídeos silvestres foram responsáveis por 
7,9% dos 165 óbitos de humanos com raiva, no período 
de 1986-2006. No Estado da Paraíba entre os anos de 
2007 e 2010, foram notificados sete casos de raiva em 
cães e gatos, e cinco casos em canídeos silvestres [13].
Até o momento, não existem estudos detalha-
dos de descrição histopatológica e imuno-histoquímica 
em raposas acometidas por essa doença, portanto, o 
objetivo do presente trabalho é a caracterização dos 
achados patológicos e imuno-histoquímicos de raposas 
com raiva encaminhadas ao Laboratório de Patologia 
Animal (LPA) da Universidade Federal de Campina 
Grande (UFCG) em Patos, semiárido da Paraíba, 
Brasil.
CASOS
As raposas utilizadas foram encaminhas mortas 
para o LPA da UFCG, realizada a identificação fenotí-
pica da espécie através da análise de aspectos morfoló-
gicos do animal com base no Guia de Identificação de 
Canídeos Brasileiros [10] e posteriormente necropsia-
das. Foram coletados fragmentos de órgãos das cavi-
dades torácica e abdominal, glândulas salivares, globo 
ocular e gânglio de Gasser, além do sistema nervoso 
central (SNC) que foi coletado e fixado em formol 
tamponado a 10%. Posteriormente foram realizados 
cortes seriados do encéfalo, medindo aproximadamente 
0,5 cm de espessura e clivados 16 fragmentos do SNC 
identificados: 1) córtex frontal, 2) córtex parietal, 3) 
córtex temporal, 4) córtex occipital, 5) núcleos da base, 
6) hipocampo, 7) tálamo, 8) colículo rostral, 9) colí-
culo caudal, 10) pedúnculos cerebelar, 11) ponte,12) 
óbex, 13) cerebelo, 14) medula cervical, 15) medula 
torácica e 16) medula lombar. Para a confecção das 
lâminas histológicas, os fragmentos clivados foram 
processados rotineiramente e coradas pela técnica de 
hematoxilina e eosina (HE). 
Seguindo protocolos estabelecidos previa-
mente [5,8] foram realizadas as técnicas de imunoflu-
orescência direta (IFD) e inoculação intracerebral em 
camundongos (ICC), respectivamente, em fragmentos 
do cérebro, cerebelo, tronco encefálico, medula espi-
nhal e glândulas salivares das raposas foram enviados 
para a execução dessas técnicas.
Blocos de parafina com fragmentos do hipo-
campo foram selecionados e submetidos à técnica de 
imuno-histoquímica para a detecção do vírus da raiva. 
Após desparafinizanação e reidratação dos tecidos, 
foi realizada recuperação antigênica com solução de 
citrato (pH 6,0) em forno micro-ondas, em potência 
máxima, por dez min. O anticorpo primário utilizado 
era policlonal para raiva produzido em cabras marcado 
com FITC (anticorpo conjugado de isotiocianato de 
fluorescência - Chemicon #5199)1, diluído 1:1000 em 
solução tamponada fosfato salina (PBST) com Tween® 
20 (Sigma P2287)2, e incubado por 60 min a 37Cº. 
O anticorpo secundário biotilinilado e o complexo 
estreptavidina-biotina-peroxidase (LSAB+System 
HRP)3 foram utilizados consecutivamente, incubados 
à temperatura ambiente por 30 min e marcados através 
da adição do DAB + Substrate - Choromogen System3 
e contra corados com hematoxilina de Harris. Como 
controle positivo foi utilizado secções histológicas de 
casos confirmados de raiva em bovinos. Como controle 
negativo, as mesmas secções foram utilizadas, com 
substituição do anticorpo primário por PBST.
Esses casos ocorreram em anos distintos, sendo 
o primeiro em maio de 2010 e o segundo em abril de 
2013. As duas raposas enviadas foram identificadas 
como pertencentes à espécie Cerdocyon thous. Segun-
do informações obtidas dos moradores da zona rural 
do Município de São José de Espinharas - PB, local 
onde os animais foram encontrados, as raposas foram 
atropeladas após terem sido vistas com sinais nervosos 
caracterizados por incoordenação, perda de equilíbrio, 
3
 J.L. Araújo, A.F.M. Dantas, G.J.N. Galiza, et al. 2014. Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos da raiva em raposas 
Cerdocyon thous. Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl 1): 67.
acentuado balançar compulsivo da cabeça e aparente 
debilidade muscular. 
Macroscopicamente as duas raposas apresen-
tavam múltiplas lacerações cutâneas, fraturas ósseas 
e rupturas de órgãos abdominais provenientes de 
traumatismos. Os vasos das leptomeninges estavam 
levemente congestos.
Histologicamente verificou-se reação inflama-
tória mononuclear, principalmente no SNC, variando 
no grau de intensidade e sua localização (Tabela 1). 
Havia encefalite não supurativa, caracterizada pela 
presença de infiltrado inflamatório constituído prin-
cipalmente por linfócitos e plasmócitos, formando 
manguitos perivasculares (Figura 1A), associada a 
discreta gliose e corpúsculos de inclusões eosinofílicos 
intracitoplasmáticos principalmente em neurônios dos 
córtices, núcleos da base, hipocampo (Figura 1B), tála-
mo, colículos, ponte, óbex e cerebelo. Meningomielite 
linfoplasmocitária discreta com raras inclusões virais 
em neurônios da medula espinhal também foram ob-
servadas nos dois casos.
Inflamação semelhante também foi observada 
nos gânglios nervosos periféricos, glândulas salivares 
e adrenais dos dois casos. Havia infiltrado inflamatório 
principalmente de linfócitos e plasmócitos entre os 
feixes nervosos do gânglio de Gasser, caracterizando 
ganglioneurite não supurativa (Figura 1C), associada 
a raras inclusões virais intracitoplasmáticas em neu-
rônios. Ganglioneurite não supurativa também foi 
observada no gânglio ciliar do primeiro caso. Infiltrado 
linfoplasmocitário também foi encontrado nas glându-
las salivares (Figura 1D) e nas adrenais dos dois casos, 
característicos de adenite e adrenalite não supurativa. 
Corpúsculos de inclusões raramente foram verificados 
em agregados de neurônios distribuídos perifericamen-
te a essas estruturas glandulares.
No exame de IFD e na ICC o resultado foi positi-
vo em todos os fragmentos testados para o vírus da raiva.
Pela imuno-histoquímica os dois casos mar-
caram fortemente com anticorpos para o vírus rábico, 
demonstrando múltiplos agregados de grânulos distri-
buídos no pericário, como também na forma de corpús-
culos grandes, únicos ou múltiplos no citoplasma de 
neurônios do córtex (Figura 2A) e ponte (Figura 2B). 
No controle negativo não foram observadas nenhum 
tipo de imunomarcação (Figura 2C).
Tabela 1. Distribuição das lesões no SNC de raposas (Cerdocyon thous) com raiva de acordo com a intensidade da resposta inflamatória e presença 
de corpúsculos de Negri.
CORTE REGIÃO DO SNC MENINGITE A1*/A2**
MANGUITOS 
A1*/A2**
INCLUSÕES 
A1*/A2**
1 Córtex Frontal +/+ +/+ +++/++
2 Córtex Parietal +/+ +/- ++/+
3 Córtex Temporal +/+ ++/+ +++/+++
4 Córtex Occipital +/+ +/- +/+
5 Núcleos da base +/- +/- +++/++
6 Hipocampo +/- ++/- +++/+++
7 Tálamo +/+ ++/+ +++/+
8 Colículo rostral +/- ++/+ +/+
9 Colículo caudal +/- +/+ +/+++
10 Ponte +/- ++/+ +/+
11 Quarto Ventrículo -/- +/+ ++/+
12 Óbex +/- +/+ +/+
13 Cerebelo ++/- +/- ++/-
14 Medula cervical -/- +/- -/-
15 Medula torácica -/- +/- -/+
16 Medula lombar -/- ++/- +/+
*Animal 1. **Animal 2. -: Sem lesão. +: Lesão discreta. ++: Lesão moderada. +++: acentuada.
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 J.L. Araújo, A.F.M. Dantas, G.J.N. Galiza, et al. 2014. Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos da raiva em raposas 
Cerdocyon thous. Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl 1): 67.
Figura 1. Lesões histológicas de raposas (Cerdocyon thous) com raiva. (A) Córtex occipital mostrando manguitos 
mononucleares perivasculares e corpúsculos de Negri (seta) [HE, 10x]. (B) Hipocampo com múltiplos corpúsculos de 
Negri (setas) [HE, 20x]. (C) Gânglio trigêmeo com infiltrado inflamatório mononuclear [HE, 20x]. (D) Glândula salivar 
com inflamação não supurativa [HE, 20x]. 
Figura 2. Seções do encéfalo de raposas (Cerdocyon thous) com raiva, submetidas à técnica de imuno-histoquímica. (A) 
Córtex e (B) Tronco encefálico (ponte) mostrando múltiplos agregados de grânulos amarronzados distribuídos no pericário 
e prolongamentos citoplasmáticos de neurônios, caracterizando imunomarcação positiva para raiva. (C) Córtex. Controle 
negativo (sem anticorpo). Técnica de imuno-histoquímica método da estreptavidina-biotina-peroxidase (LSAB+System 
HRP) contracorados com Hematoxilina de Harris [Barra = 20 µm].
5
 J.L. Araújo, A.F.M. Dantas, G.J.N. Galiza, et al. 2014. Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos da raiva em raposas 
Cerdocyon thous. Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl 1): 67.
DISCUSSÃO
O diagnóstico da raiva em raposas foi realizado 
através dos achados histopatológicos característicos da 
doença, observados no SNC e confirmados pela IFD, 
ICC e IHQ. 
Apesar dos achados histopatológicos encontra-
dos nas raposas serem semelhantes ao que são obser-
vados em outras espécies [14], a severidade das lesões 
inflamatórias e a grande quantidade de corpúsculosde inclusão no tecido nervoso é uma característica 
marcante, independente da resposta inflamatória. A 
inflamação não supurativa e a presença de inclusões 
observadas nos gânglios nervosos periféricos encontra-
dos ao redor ou dentro do tecido das glândulas salivares 
e das adrenais, semelhantemente a reação inflamatória 
observada no SNC, podem auxiliar no diagnóstico 
dessa patologia, principalmente nos casos em que 
não são observadas inclusões no SNC. As glândulas 
salivares também tem sido um importante órgão para a 
realização do isolamento viral do Lyssavirus, já tendo 
sido encontrada positividade para raiva em glândulas 
salivares avaliadas por outros autores [11].
Diferentemente dos herbívoros, onde geral-
mente as principais lesões são cerebelares, os car-
nívoros tendem a apresentar lesões mais intensas na 
região de hipocampo, entretanto, de forma semelhante 
aos bovinos, pode haver áreas com pouca ou ausente 
reação inflamatória [14]. Um aspecto importante da 
análise histopatológica é a realização de cortes seriados 
do sistema nervoso central, uma vez que a localização 
e intensidade das lesões podem variar entre as regiões 
do SNC, não havendo uma uniformidade. 
A forte marcação nos neurônios do hipocampo 
no presente trabalho através da imuno-histoquímica, 
difere dos achados de Stein et al. [12] que encontraram 
uma marcação moderada no hipocampo de raposas da 
espécie Urocyon cinereoargenteus e Vulpes vulpes.
Apesar das implicações legais, muitas pessoas 
tem o hábito de criar raposas e outros animais silvestres 
no Nordeste brasileiro. Essa tradição aumenta signi-
ficativamente o risco de transmissão da raiva para hu-
manos e outros animais. No ano de 2012, duas pessoas 
morreram no Nordeste vítimas de raiva transmitidas 
por animais silvestres [13]. No Estado da Paraíba, a 
raposa tem sido o animal silvestre com maior número 
de agressões contra humanos, havendo no período 
de 2000 a 2003, cerca de 24 casos de agressões em 
humanos por raposas [7]. 
 Propõe-se que a ocorrência de raiva em herbí-
voros nos Estados da Paraíba e Pernambuco é causada 
principalmente por uma variante do vírus chamada de 
RABV, relacionada a morcegos hematófagos e que 
ela está circulante nessa área do Nordeste por pelo 
menos sete anos, isolada por barreiras geográficas [9]. 
Sugere-se ainda, a presença de duas ramificações de 
Lyssavirus na região da Paraíba, sendo uma associada 
com quirópteros e outra com carnívoros. Entretanto, 
existe uma variabilidade genética nessas ramificações, 
subdividindo o grupo de quirópteros em “morcegos 
insetívoros” e “morcegos hematófagos”, e o grupo 
dos carnívoros em “cão”, “raposa 1” e “raposa 2” (está 
mais próxima do grupo “cão”) [7]. Essa existência de 
variabilidade entre as ramificações das variantes do 
vírus rábico sugere que pelo menos dois grupos de 
vírus coexistem na mesma região e apesar de somente a 
variante de morcegos hematófagos ter sido incriminada 
como causadora da raiva em herbívoros, a criação de 
animais silvestres como animais de estimação no Nor-
deste favorece o risco de transmissão da doença para os 
animais de produção, sugerindo um papel importante 
das raposas nesse cenário. A presença da variabili-
dade genética das variantes de raposas, sugerem que 
estes animais tem um papel muito mais importante na 
manutenção e disseminação da raiva no Brasil do que 
antes se pensava, tendo uma implicação de saúde pú-
blica significante já que nessa região o monitoramento 
desses animais é muitas vezes ineficiente ou ausente, 
e a prática da vacinação de animais silvestres não tem 
sido empregada no país [2].
O diagnóstico da raiva em raposas pode ser 
realizado pelos achados histopatológicos caracterís-
ticos do SNC, auxiliado pela avaliação dos gânglios 
nervosos periféricos, glândulas salivares e adrenais 
que também podem apresentar lesões microscópicas 
semelhantes. Em adição os exames laboratoriais au-
xiliares devem ser realizados, como IFD, ICC e IHQ 
para a confirmação da doença. 
MANUFACTURERS
1Chemicon International Inc. Temecula, CA, USA.
2Sigma-Aldrich Corp. St. Louis, MO, USA.
3Dako Cytomation. Carpinteria, CA, USA.
Declaration of interest. The authors report no conflicts of 
interest. The authors alone are responsible for the content and 
writing of the paper. 
6
 J.L. Araújo, A.F.M. Dantas, G.J.N. Galiza, et al. 2014. Aspectos histopatológicos e imuno-histoquímicos da raiva em raposas 
Cerdocyon thous. Acta Scientiae Veterinariae. 42(Suppl 1): 67.
www.ufrgs.br/actavet
CR 67
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