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sociologia das organizações

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“RESENHA - A MECANIZAÇÃO ASSUME O COMANDO”
Este capítulo aborda as organizações pela perspectiva da metáfora das máquinas. Ao longo do capítulo são desenvolvidas as teorias que fundamentam essa metáfora assim como os limites e as forças das organizações como máquinas. O uso das máquinas transformou atividades, pensamento e sentimentos dos homens ao longo dos anos, muitas vezes sem que eles percebessem que estavam agindo de maneira mecânica. O mundo foi sendo moldado pelas concepções mecanicistas e as organizações se adaptaram a este meio. A produção em massa é um exemplo desta mecanização, uma vez que os empregados da empresa devem agir como peças de uma máquina que deve funcionar rápida e perfeitamente. As cadeias de fast-food seguem uma programação criteriosa de controle dos funcionários, os quais devem servir um freguês seguindo orientações mecânicas. Estas organizações que são planejadas e operadas como máquinas podem ser chamadas de burocracias, e nelas há a tendência em esperar que operem de maneira programada, eficiente, confiável e previsível.
Com a Revolução Industrial, os conceitos de organização se tornam definitivamente mecanizados, pois com a utilização das máquinas pela indústria foi necessário que as organizações se adaptassem às exigências das máquinas. E não somente as organizações se adaptaram à Revolução Industrial, mas também a vida das pessoas foi burocratizada e rotinizada. No âmbito organizacional, foi inserida a divisão do trabalho com aumento da especialização, da disciplina do trabalhador e do controle sobre o empregado fazendo com que as organizações se assemelhassem ao modelo militar.
MaxWeber, sociólogo alemão, observou os paralelos entre a mecanização da indústria e a proliferação de formas burocráticas de organização e concluiu que assim como estas formas rotinizam os processos de administração, as máquinas rotinizam a produção. Outros teóricos, os da “teoria da administração clássica” e da “administração científica” também abordaram a burocratização, mas se dedicaram a identificação de detalhados princípios e métodos por meio dos quais esse tipo de administração poderia ser atingido.
A teoria clássica da organização gira em torno da idéia de que a administração seja um processo de planejamento, organização, direção, coordenação e controle. Combinação de princípios militares e de engenharia foi feita para que se obtivesse a teoria da clássica da administração, que preconizava, entre outros pontos, unidade de comando, divisão do trabalho, disciplina, estabilidade e manutenção do pessoal e espírito de união. O emprego dessa teoria enquadra a organização no típico organograma empresarial: um padrão de cargos precisamente definidos e organizados de maneira hierárquica através de linhas de comando ou de comunicação também precisamente definidas. 
Ao projetar uma máquina, o engenheiro define uma rede de partes interdependentes, arranjadas dentro de uma seqüência específica e apoiada por pontos de resistência ou rigidez precisamente definidos. As organizações apresentam semelhante enfoque, concebidas como uma rede de partes: departamentos funcionais, tais como produção e marketing que são mais bem especificados como redes de cargos precisamente definidos. As responsabilidades dos cargos se interligam de tal forma que se complementam um ao outro tão perfeitamente quanto possível e se inter-relacionam através de uma cadeia escalar de comando expressa através do clássico “um homem, um chefe”.
Uma falha dos teóricos clássicos foi dar pouca atenção aos aspectos humanos da organização, preocupando-se, principalmente, em fazer com que os seres humanos se adequassem às exigências da organização mecanicista. Enquanto reconhecem a necessidade de liderança, iniciativa, benevolência, equidade e outros fatores que devem influenciar a motivação humana, a organização enquanto tal foi principalmente compreendida como um problema técnico. Nesse sentido, Taylor foi o pioneiro do que hoje é conhecido como administração científica, e defendia cinco princípios básicos que podem ser assim resumidos: 
Transfira toda a responsabilidade da organização do trabalho do trabalhador para o gerente
Use métodos científicos para determinar a forma mais eficiente de fazer o trabalho, planeje a tarefa do trabalhador de maneira correta, especificando com precisão a forma pela qual o trabalho deve ser feito.
Selecione a melhor pessoa para desempenhar o cargo
Treine o trabalhador para fazer o trabalho eficientemente
Fiscalize o desempenho do trabalhador para assegurar que os procedimentos apropriados de trabalho sejam seguidos e que os resultados adequados sejam atingidos
 A teoria da administração clássica e a administração científica foram, cada uma delas, lançadas e vendidas aos administradores como “a melhor maneira de organizar”. No entanto, um olhar mais pormenorizado trará a descoberta de que tais princípios administrativos muitas vezes se encontram nas bases de muitos dos modernos problemas organizacionais. Imagens ou metáforas criam somente formas parciais de percepção. Tais fatores encorajam a ver e compreender o mundo a partir de uma determinada perspectiva, o que de certa maneira inibe a compreensão de outras variáveis que abranjam determinado assunto. Em relação à análise mecanicista da organização isso é uma verdade bastante clara, pois ao considerar apenas os aspectos técnicos da organização a perspectiva humana acaba sendo ignorada de maneira inconseqüente, já que essa mesma perspectiva é realmente importante por ser responsável em grande parte pela dinamização e forma de atuação das estruturas organizacionais. A análise mecanicista não se flexibiliza de modo a entender que as tarefas abordadas pela organização são freqüentemente mais complexas e elaboradas do que é possível ser feito apenas por máquinas.
Os enfoques mecanicistas da organização têm-se comprovado incrivelmente populares, em parte devido a sua eficiência no desempenho de certas tarefas, mas também devido à sua habilidade quem têm de reforçar e sustentar padrões particulares de poder e controle. Esse enfoque vem sendo utilizado por muitas organizações ao longo dos anos, principalmente naquelas onde existe a necessidade de um alto índice de precisão e as tarefas são feitas de modo repetitivo e contínuo, de modo a sempre resultar no mesmo produto. Para que esse modelo mecanicista seja satisfatoriamente implementado é necessário que haja um ambiente estável e que as “peças” humanas das máquinas tenham um alto de índice de submissão e obediência. Empresas notáveis como, por exemplo, as redes de fast food são exemplos claros da implementação bem sucedida desse modelo.
Apesar desses sucessos, a análise mecanicista tem diversos problemas, sendo talvez o mais característico deles o fato de que dentro dessa estrutura existe uma imensa incapacidade de se adaptar a situações inesperadas. Afinal o trabalhador inserido nesse sistema não consegue agir de maneira diferente ao que lhe foi especificado, o que o torna completamente incapaz de encarar uma realidade distinta daquela que está acostumado e tomar decisões que se adéqüem as propostas iniciais. Os problemas que surgem nessa linha são bastante agravados pelo fato de que dentro da estrutura da responsabilidade dos cargos existe uma tendência de que cada indivíduo se atenha apenas às responsabilidades que foram claramente especificadas a ele, funcionando muito na linha de raciocínio em que uma ação corretiva deixa de ser tomada pelo fato de que aqueles que a podem fazer não se sentem responsáveis a agir dessa maneira.
Por fim, pode-se dizer que a perspectiva mecanicista também não consegue atender às demandas organizacionais no sentido de prover uma motivação a todos os seus funcionários e vencer a chamada “passividade organizacional”.

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