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Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I Ácido Fosfórico O ácido fosfórico é um importante produto químico intermediário, sendo utilizado principalmente na indústria de fertilizantes constituindo cerca de 60% de P2O5 contido nos fertilizantes fosfatados. Pode ser produzido, utilizando como matéria-prima a rocha fosfática através de duas rotas: Via úmida: utilizando o ácido sulfúrico para ataque (embora outros ácidos minerais possam ser usados) Processamento através da fornalha elétrica: produzindo fósforo elementar num primeiro estágio, sendo a grande totalidade do fósforo produzido utilizado na produção de ácido fosfórico de elevado grau de pureza, utilizado principalmente na indústria alimentícia. O processo via úmida é o mais tradicional representando 91% da produção global em razão do processo via fornalha, apresentar um elevado custo de energia elétrica. Pela sua natureza, o processo via úmida conserva a maioria das impurezas contidas no minério conseqüentemente, a escolha do processo de solubilização e as características do ácido produzido são fortemente influenciadas pelo tipo de concentrado processado. Rocha fosfática, fluoroapatita, alimenta uma série de reatores, através dos quais recicla-se, ácido fosfórico fraco extraído da gipsita através da lavagem desta com água. A suspensão de ácido fosfórico e fluoroapatita é misturada com ácido sulfúrico, que age como agente extrator. Após a passagem pela série de reatores o fluxo reacional é forçado a passar pelo filtro, onde se separa a torta. A torta, que é lavada com o condensado do evaporador (processo de concentração) é composta por gipsita (CaSO4 2H2O). O filtrado é concentrado a 75-100% através de uma série de evaporadores, sendo então resfriado e estocado. Conversão química primária Ca3(PO4)2 + 4H3PO4 ---> 3Ca(H2PO4)2 3Ca(H2PO4)2 + 3H2SO4 + 6H2O ---> 3CaSO4 + 6H2O + 6H3PO4 1 Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I 1- Seleção da rocha fosfática para fabricação de ácido fosfórico As rochas fosfáticas de origem sedimentar apresentam maior facilidade de mineração e beneficiamento que as rochas de origem ígnea ou magmática. As rochas fosfáticas nacionais são de origem ígnea e apresentam baixos teores de P2O5 e elevados teores de contaminantes. Composição típica do concentrado fosfático nacional: As reservas brasileiras estão concentradas nos estados de MG, SP, SC, GO e PE. As reservas brasileiras representam apenas 2% das reservas mundiais. A composição final do ácido depende fortemente da rocha fosfática utilizada como matéria- prima, sobretudo da sua relação CaO/P2O5. Essa relação regula a reatividade da rocha e por isso o consumo de H2SO4, o tempo de residência no reator e a finura necessária à moagem da rocha. %p/p P2O5 CaO Fe2O3 Al2O3 MgO SiO2 F 35-37 40-53 0,3-2,8 0,3-0,5 0,2-1,8 0,8-2,5 1,5-2,5 valor máximo médio mínimo composição da rocha fosfática (%P2O5) t rocha/t P2O5 relação CaO/P2O5 t H2SO4/ t P2O5 38 2,80 1,70 3,15 33 3,22 1,50 2,78 29 3,67 1,35 2,50 Outros efeitos da qualidade da rocha fosfática sobre a produção de H3PO4: - A presença de matéria orgânica na rocha produz espuma no reator, interferindo na filtração e dando coloração escura ao ácido produzido. - O flúor contido na rocha provoca corrosão e formação de depósitos sólidos, aumentando o tempo de parada da unidade. - A presença de sílica é indispensável para evitar a corrosão produzida pelo flúor, formando SiF4 e/ou fluossilicatos. Porém um excesso de sílica e outras impurezas insolúveis podem causar erosão no equipamento e acúmulo nas cubas de digestão. - O MgO forma no reator precipitados gelatinosos com o flúor que podem obstruir a tela do filtro. 2 Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I - O alumínio atua como estabilizante do hemihidrato, diminuindo a filtrabilidade do sulfato de cálcio formado. - O ferro provoca aumento na viscosidade da suspensão, dificultando a filtração. Fabricação de ácido fosfórico por via úmida utilizando H2SO4 Os processos industriais de fabricação de H3PO4 são classificados de acordo com a forma de hidratação na qual o sulfato de cálcio cristaliza: - anidro: CaSO4 - hemihidrato:CaSO4.1/2H2O - dihidrato: aSO4.2H2O A forma de hidratação é controlada principalmente pela temperatura e pela concentração de P2O5 no ácido. Condições operacionais: Temperatura (oC) Processo No de etapas de separação Concentração do ácido produzido (%P2O5) reator recristalizador Dihidrato Hemihidrato Hemi-dihidrato Hemi-dihidrato 1 1 1 2 26-32 40-50 26-30 40-50 70-85 85-100 90-100 90-100 - - 50-60 50-65 3 Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I Fabricação de ácido fosfórico por via úmida utilizando H2SO4 1. Processo Dihidrato: Compreende quatro estágios: moagem, reação, filtração e concentração. Moagem: Consiste na redução do tamanho das partículas da rocha fosfática, geralmente utilizando-se moinhos de bola. Reação: Converte-se o fosfato monocálcico com ácido sulfúrico concentrado em ácido fosfórico e sulfato de cálcio, que é insolúvel. Para se obter a precipitação da gipsita, mantém-se o ácido fosfórico obtido com uma concentração de 26-32% em P2O5 a uma temperatura de 70-80oC. Filtração Este estágio separa o ácido fosfórico da gipsita insolúvel. O equipamento filtrante é movimentado em seqüências de vários estágios em uma operação contínua. Na separação inicial, isola-se o ácido fosfórico, que é separado e estocado. Seguem-se então pelo menos dois estágios de lavagem antes do descarte da torta, de forma a recuperar-se o ácido ainda existente na torta, que diluído com as águas de lavagem retorna para a reação. Na prática, para que esta filtração seja eficiente e eficaz, utilizam-se equipamentos de filtração a vácuo. (Veja Shreve, pg 226, fig. 16.5) Concentração: Quase sempre todos os evaporadores utilizados são os de recirculação forçada. No processo dihidrato o H2SO4 e um reciclo de H3PO4 fraco são alimentados ao reator, juntamente com o concentrado fosfático na granulometria adequada. A fim de controlar a temperatura no reator (70-80oC) há necessidade de resfriamento do sistema de reação. Uma das formas de exercê-lo é promovendo uma recirculação de parte da polpa resfriada num resfriador a vácuo. Outra via bastante utilizada para o resfriamento é a circulação forçada de ar sobre asuperfície da polpa de reação. O sistema de reação consiste de uma série de reatores agitados ou reatores divididos em diferentes compartimentos. Nos reatores compartimentados usa-se 4 concentração mínima de SO42- e máxima de P2O5 na região de reação e o reverso na região de cristalização. Da etapa de reação, a polpa segue para a seção de filtração e lavagem, composta de 3 etapas. Na 1a etapa é feita a 1a filtração, sendo este 1o filtrado enviado para a estocagem (H3PO4 com 28-32% de P2O5). Na 2a etapa, composta de 2a filtração e 1a lavagem, é produzido o 2o filtrado (H3PO4 fraco, com 20% de P2O5), que é recirculado ao reator. Na 3a etapa é feita a 3a filtração e 2a lavagem. O 3o filtrado segue para realizar a 1a lavagem e o subproduto sólido separado, o fosfogesso, é enviado para a área de armazenamento. concentrado fosfático moagem reatores resfriador a vácuo filtração H2SO4 reciclo de H3PO4 diluído (20%P2O5) estocagem H3PO4 (28-32% P2O5) concentração (1 ou 2 estágios) água (lavagem) fosfogesso H3PO4 produto (40- 42% ou 50-54% P2O5) 2. Processo Hemi-dihidrato: Esse processo segue, em linhas gerais, o mesmo princípio do processo dihidrato, com a diferença que a etapa de solubilização do concentrado fosfático produz gesso na forma hemihidrato para posteriormente ser recristalizado para a forma dihidrato e filtrado nesta condição. 5 Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I Na tecnologia aplicada no Brasil para esse tipo de processo (processo Nissan) são feitas a diluição prévia do H2SO4 (até concentração de 75%) e a pré- mistura com o fosfato, antes da etapa de reação propriamente dita. Nesse caso, as temperaturas nos sistemas de reação (90-100oC) e de cristalização (50-60oC) são controladas pelo insuflamento direto de ar na superfície da polpa. concentrado fosfático moagem H2SO4 pré-mistura H2O (diluição e resfriamento) diluição filtração reciclo de H3PO4 diluído (20%P2O5) estocagem H3PO4 (28-32% P2O5) concentração (1 ou 2 estágios) água (lavagem) fosfogesso H3PO4 produto (40- 42% ou 50-54% P2O5) reação recristalização água quente (60oC) O processo dihidrato é o mais tradicional. O processo hemihidrato,tem a vantagem de produzir o ácido fosfórico na conc desejada à manufatura de fertilizante. 6 Ácido fosfórico – resumo Processos Inorgânicos I Resumindo Os objetivos de qualquer processo de produção de ácido fosfórico, por via úmida, concentram-se essencialmente nos seguintes pontos; - obtenção do produto com maior teor de P2O5 possível. - Obtenção de cristais de gesso de elevada filtrabilidade - Elevado rendimento global em P2O5 Os fatores que mais influenciam na solubilização do fosfato são os seguintes: origem geológica; granulometria; nível de sulfato; tempo de residência; temperatura e grau de agitação no reator. 7 Processamento através da fornalha elétrica: produzindo fósfo 1- Seleção da rocha fosfática para fabricação de ácido fosfó Fabricação de ácido fosfórico por via úmida utilizando H2SO4 Fabricação de ácido fosfórico por via úmida utilizando H2SO4
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