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* * IMUNOLOGIA Transplantes: Aspectos Imunológicos Prof: Gamaliel Pires de Moura * * Objetivos da Aula Discutir a importância dos transplantes; Conhecer os tipos de transplantes; Descrever os mecanismos imunológicos envolvidos no reconhecimento dos transplantes; * * Transplante Consiste em retirar células, tecidos ou órgãos de um indivíduo (doador) e colocá-los em um indivíduo diferente (receptor ou hospedeiro). * * Mitologia Grega * * São Cosme (o clínico) e São Damião (o cirurgião), após a amputação da perna de um velho, transplantaram nele a de um soldado Mouro falecido no mesmo dia. * * Atualmente esta em uso generalizado o transplante de rins, coração, pulmão, fígado, pâncreas, córnea e medula óssea; Vencidas as dificuldades técnicas e controlada a rejeição os problemas atuais se deparam com a falta de doadores e legislações que estabeleçam critérios para realização de transplantes; * * Objetivo Tornar possível a cura de muitas doenças, superando o déficit anatômico ou funcional no receptor. * * Tipos Enxerto autólogo: é feito um enxerto do indivíduo para ele mesmo; Enxerto singênico: enxerto feito entre duas pessoas geneticamente idênticas ou singênicas; Enxerto alogênico: enxerto transplantado entre dois indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie; Enxerto xenogênico: enxerto transplantado entre indivíduos de diferentes espécies; * * * * Imunologia dos Transplantes * * O sistema imunitário desenvolveu elaborados e eficazes mecanismos para proteger o organismo do ataque de agentes externos; Esses mesmos mecanismos de defesa provocam a rejeição ao transplante de qualquer indivíduo que não seja geneticamente idêntico ao receptor; O que ocasiona um sério impedimento ao sucesso desta intervenção médica; * * Diversas linhas experimentais indicaram que a rejeição é causada por uma resposta imunológica adquirida. As moléculas que são reconhecidas como estranhas nos aloenxertos são chamadas de aloantígenos. Os linfócitos e anticorpos que reagem com aloantígenos são descritos como alorreativos. Os aloantígenos desencadeiam as respostas imunológicas celular e humoral. * * * * O reconhecimento de células transplantadas como próprias ou estranhas é determinada por genes polimóficos herdados de ambos os pais e expressos de maneira codominante. Células ou órgãos transplantados entre indivíduos da mesma linhagem isogênica de uma espécie nunca são rejeitados. A prole de um cruzamento entre duas diferentes linhagens isogênicas tipicamente não rejeita enxertos de qualquer dos pais, por outro lado os progenitores rejeitam o enxertos de sua prole. * * * * As moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC) são as principais responsáveis pela rejeição ao transplante. * * As proteínas do MHC são proteínas polimórficas, isto é, diferem entre indivíduos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes; Por isso são reconhecidas como agentes estranhos (antígenos) pelo sistema imune; Essas proteínas são apresentadas para o reconhecimento pelas células T de um receptor de enxerto de duas formas: * * Apresentação Direta: Reconhecimento da proteína MHC íntegra exibida pelas APCs do doador; A rejeição é atribuída as diferenças estruturais polimórficas entre as moléculas do MHC do receptor e do MHC do doador; MHC do doador é quem apresenta antígenos; * * O reconhecimento direto de moléculas do MHC estranhas é uma reação cruzada de um receptor de uma célula T normal(TCR), que foi selecionado para reconhecer uma molécula do MHC própria e um peptídeo estranho, com uma molécula do MHC alogênico e um peptídeo. Uma molécula do MHC alogênica com um peptídeo ligado pode imitar o determinante formado por uma molécula do MHC própria mais um peptídeo estranho particular. Até 2% das células T de um indivíduo são capazes de reconhecer e reponder diretamente a uma única molécula do MHC estranha, e esta alta frequencia de célula T reativas contra moléculas do MHC alogênicas é uma das razões pelas quais aloenxertos desencadeiam fortes respostas imunológicas in vivo. * * * * * * * * Apresentação Indireta: As moléculas do MHC do doador são reconhecidas como antígenos convencionais; Há um processamento do MHC do doador pelas APCs do receptor, as quais apresenta-os aos linfócitos T; MHC do doador é endocitado, processado e apresentado através do MHC II aos LT CD4+; MHC do receptor apresenta MHC do doador como um antígeno; * * * * Pode haver outros antígenos polimóficos além das moléculas do MHC que diferem entre o doador e o receptor. Esses antígenos induzem reações de rejeição fracas ou mais lentas que as moléculas do MHC e são chamadas de antígenos de histocompatibilidade secundários. A maioria desses antígenos são apresentados as células T através das APCs do hospedeiro. * * Ativação de linfócitos alorreativos: a ativação de células T alorreativas in vivo depende da apresentação de aloantígenos por APCs derivados do doador presentes no enxerto (apresentação direta dos aloantígenos) ou por APCs do hospedeiro que captam e apresentam aloantígenos do enxerto (apresentação indireta). Células T CD4 auxiliares alorreativas se diferenciam em células efetoras produtoras de citocinas que lesam os enxertos mediante reações que se parecem com a hipersensibilidade retardada (HT). Células T CD8 alorreativas ativadas pela via direta se diferenciam em CTLs que destroem as células do enxerto, as quais expressam as moléculas alogênicas do MHC de classe I. * * * * Mecanismos efetores da rejeição a aloenxertos: no transplante clínico, células T alorreativas CD4 e CD8 ou aloanticorpos são capazes de mediar a rejeição de aloenxertos. Esses diferentes efetores causam rejeição por mecanimos distintos. A rejeição de enxertos é classificada com base nas características histopatológicas ou no curso temporal da rejeição após o transplante. Os padrões histopatológicos são chamados de hiperagudos, agudos ou crônicos. * Rejeição Hiperaguda: Rejeição rápida que começa dentro de minutos a horas; Mediada por anticorpos preexistentes na circulação do hospedeiro que se ligam aos antígenos endoteliais do doador e antígenos do grupo sangüíneo ABO; Ativam a cascata de reações do Complemento e de Coagulação; É frequentemente mediada por aloanticorpos IgM pré-existentes, que estão presentes em altas titulações antes do transplante. * * Caracterizada por oclusão trombótica e por hemorragia; Não representa um grande problema clínico atual, pois pode ser evitado por meio de prova cruzada entre doador e receptor; Impede o uso de órgãos de animais em transplantes – xenoenexertos; * * * Rejeição Aguda: Começa depois da 1ª semana do transplante; Linfócitos T reconhecem MHC alogênico nas células vasculares endoteliais e do órgão transplantado; Provocam a lise das células do órgão transplantado ou produzem citocinas que recrutam e ativam células inflamatórias; Ocorre lesão vascular que leva a necrose da parede do vaso com inflamação aguda; Tanto células T CD4 como CD8 podem contribuir para lesão aguda; Anticorpos também podem mediar a rejeição aguda se um receptor de enxerto montar uma resposta imunológica humoral contra antígenos de parede de vasos sanguíneos e os anticorpos produzidos se ligarem a parede dos vasos e ativarem o sistema de complemento. * * * Rejeição Crônica: Os enxertos vascularizados que sobrevivem durante mais de 6 meses desenvolvem lentamente oclusão arterial como resultado da proliferação das células musculares lisas da íntima, e eventualmente entram em insuficiência devido à lesão isquêmica; Ocorre de 6 meses a 1 ano após o transplante; Células T secretam citocinas que recrutam monócitos; Células T reativas secretam TNF e IFN que induzem as células endoteliais, células musculares lisa e macrófagos a secretarem fatores de crescimento; É caracterizada arteriosclerose concêntrica dos vasos sanguíneos do órgão transplantado acompanhada por fibrose com oclusão arterial e perdas das estruturas normais do órgão; Forma principal de perda de enxertos; * * * * Prevenção e Tratamento da Rejeição As principais estratégias usadas para evitar ou retardar a rejeição são a imunossupressão e a redução das diferenças entre doador e receptor de transplantes. * * Imunossupressão É o principal regime de tratamento para a rejeição do enxerto; Permite um maior tempo de vida aos transplantados; Consiste no emprego de drogas imunossupressoras que inibem ou lisam os linfócitos T reativos(ripamicina e micofenolato mofetil); Agentes anti-inflamatórios também são usados rotineiramente para a prevenção e o tratamento da rejeição de enxertos. A imunossupressão continuada leva ao aumento da suscetibilidade à infecções. * * * * Imunossupressão No transplante humano, a principal estratégia para reduzir a imunogenicidade de enxertos tem sido minimizar as diferenças aloantigênicas entre doador e o receptor através da tipagem sanguínea e tecidual. No transplante renal, quanto maior o número de alelos do MHC compatíveis entre doador e o receptor, melhor será a sobrevida do enxerto. * * * * * * Perspectivas Um dos grandes problemas dos transplantes é sem dúvida a pequena disponibilidade de órgãos; Cerca de 30% dos pacientes morrem enquanto aguardam o doador na fila de espera; Muitas campanhas tem sido feitas pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos;
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