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Regulamentação Sanitária de Medicamentos Biológicos e Fitoterápicos Profa. Dra. Márcia Passos - Profa. Adjunta da FF-UFRJ Regulação Sanitária de Medicamentos Biológicos (RDC 55 de 16/12/2010) • São moléculas complexas de alto peso molecular obtidas a partir de fluidos biológicos, tecidos de origem animal ou procedimentos biotecnológicos por meio de manipulação ou inserção de outro material genético (tecnologia do DNA recombinante) ou alteração dos genes que ocorre devido à irradiação, produtos químicos ou seleção forçada. (RDC 53/2011- CATEBIO) • Produto biológico: é o medicamento biológico não novo ou conhecido que contém molécula com atividade biológica conhecida, já registrado no Brasil e que tenha passado por todas as etapas de fabricação (formulação, envase, liofilização, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberação do lote de produto biológico para uso); • Produto biológico novo: é o medicamento biológico que contém molécula com atividade biológica conhecida, ainda não registrado no Brasil e que tenha passado por todas as etapas de fabricação (formulação, envase, liofilização, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberação do lote de medicamento biológico novo para uso); • Produto biológico comparador: é o produto biológico já registrado na Anvisa com base na submissão de um dossiê completo, e que já tenha sido comercializado no País; Regulação Sanitária de Medicamentos Biológicos • Esta Resolução se aplica aos produtos biológicos novos e produtos biológicos a serem submetidos à análise para concessão de registro. • São produtos biológicos para fins desta Resolução: • I - vacinas; • II - soros hiperimunes; • III - hemoderivados; • IV - biomedicamentos classificados em: • a) medicamentos obtidos a partir de fluidos biológicos ou de tecidos de origem animal; e • b) medicamentos obtidos por procedimentos biotecnológicos. • V - anticorpos monoclonais; • VI - medicamentos contendo microorganismos vivos, atenuados ou mortos; • Esta Resolução não se aplica aos antibióticos e estrógenos conjugados semi-sintéticos (anovulatórios), probióticos e alérgenos, sendo estes regulamentados em norma própria. Medicamentos Biológicos RESOLUÇÃO - RDC Nº- 55, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2010 Dispõe sobre o registro de produtos biológicos novos e produtos biológicos e dá outras providências. Medicamentos Biológicos • Alergenos: são substâncias, geralmente de origem proteica, presentes em animais ou vegetais, capazes de induzir uma resposta IgE e/ou uma reação de alérgica do tipo I; • Anticorpos monoclonais: são imunoglobulinas derivadas de um mesmo clone de linfócito B, cuja clonagem e propagação se efetuam em linhas de células contínuas; (Ex: mAbs/ Rituximabe) • Biomedicamentos: são medicamentos obtidos a partir de fluidos biológicos ou de tecidos de origem animal ou medicamentos obtidos por procedimentos biotecnológicos; (Ex: Inteferons) • Hemoderivados: são produtos farmacêuticos obtidos a partir do plasma humano, submetidos a processos de industrialização e normatização que lhes conferem qualidade, estabilidade, atividade e especificidade; • Vacinas: são medicamentos imunobiológicos que contêm uma ou mais substâncias antigênicas que, quando inoculadas, são capazes de induzir imunidade específica ativa, a fim de proteger contra, reduzir a severidade ou combater a(s) doença(s) causada(s) pelo agente que originou o(s) antígeno(s); • Probióticos: Produtos biológicos terminados, que contêm microrganismos vivos ou inativados para prevenir ou tratar doenças humanas por interação com a microbiota ou com o epitélio intestinal ou com as células imunes associadas ou por outro mecanismo de ação. Documentação Legal e Técnica para Registro do Produto Biológico Documentação Legal Documentação Técnica I - formulários de petição de registro - FP1 e FP2, devidamente preenchidos; II - via original do comprovante de pagamento da taxa de fiscalização de vigilância sanitária, devidamente autenticada e/ou carimbada pelo banco, ou comprovante de isenção quando for o caso; III - declaração do enquadramento do porte (capacidade econômica) da empresa; IV - cópia da Licença de Funcionamento da Empresa e/ou do Alvará Sanitário; V - cópia do Certificado de Autorização de Funcionamento da Empresa ou de sua publicação em Diário Oficial da União (DOU); VI - cópia do Certificado de Responsabilidade Técnica atualizado, emitido pelo Conselho Regional de Farmácia, comprovando que a empresa solicitante e/ou fabricante tem assistência do farmacêutico responsável habilitado para aquele fim; VII - justificativa técnica para o registro do produto; VIII - cópia do Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) IX - relatório de experimentação terapêutica; e X - relatório de farmacovigilância. Relatório técnico; modelo de Bula; Embalagens primária e secundária; Relatório de experimentação terapêutica ou informação não clínica. Relatório Técnico: Descrição Geral do Produto; Histórico de desenvolvimento; Etapas de Fabricação e Controle de Qualidade; Descrição de Materiais e matérias primas utilizadas na produção; Estabilidade; Comparabilidade dos processos produtivos entre os fabricantes; Validação da Cadeia de Transporte. Aspectos visando a Garantia da Eficácia e Segurança dos Medicamentos Biológicos. • 1- Natureza do Sistema de Produção (Animal, Celular, Microorganismos); • 2- Natureza dos procedimentos da técnica de DNA recombinante, estabilidade do gene que passou por recombinação, número de cópias geradas; • 3- Natureza do produto derivado de biotecnologia e sua interação com a molécula endógena (Potência, pureza incluindo isoformas e produtos de degradação); • 4- Resíduos do sistema de produção ( meio de cultura, proteínas celulares, DNA e etc..); • 5- Natureza da formulação, incluindo solventes, surfactantes, outros excipientes e proteínas carreadoras; • 6- Contaminantes que podem ser introduzidos durante processo de produção ou derivados das células produtoras p/EX: Endotoxinas e DNA; • 7- Possíveis organismos contaminantes ou agentes infecciosos transmitidos pelo sistema produtor celular ou animal. Via de Desenvolvimento Individual • É a via regulatória que poderá ser utilizada por um produto biológico na obtenção de registro para a qual é necessário a apresentação de dados totais sobre o desenvolvimento, produção, controle de qualidade, dados não clínicos e clínicos para demonstração da qualidade, eficácia e segurança do produto. • Art 37. No ato do protocolo de pedido de registro de um produto biológico pela via de desenvolvimento individual, a empresa solicitante deverá apresentar a documentação descrita nas Seções I, II, e VI do Capítulo III desta Resolução. • Parágrafo único. A documentação solicitada no caput deste artigo deverá ser complementada com a documentação descrita na Seção III, IV ou V, de acordo com o produto que se pretende registrar. • Art. 38. Os dados de produção e controle de qualidade deverão atender aos padrões de qualidade já estabelecidos para o produto que se pretende registrar. • Art. 39. A extensão dos estudos não-clínicos poderá ser reduzida, considerando fatores como complexidade da molécula, grau de caracterização da estrutura, extensão da caracterização do grau de impureza do produto, mecanismo de ação do produto, potencial de toxicidade e índice terapêutico. • Art. 40. Os estudos clínicos de fases I e II, quando necessários, não serão obrigatoriamente comparativos. • Art. 41. Os estudos clínicosde fase III serão sempre necessários. • Parágrafo único. Os estudos clínicos de fase III deverão ser comparativos (não-inferioridade, equivalência clínica ou superioridade) em relação ao produto biológico novo, com exceção dos hemoderivados, vacinas e produtos biológicos com indicação oncológica. • Art. 42. Quando disponíveis, os resultados de estudos clínicos de fase IV deverão ser apresentados. Exigências para o Registro de Produto Biológico pela Via Individual Via de Desenvolvimento por Comparabilidade • É a via regulatória que poderá ser utilizada por um produto biológico na obtenção de registro, na qual foi utilizada a comparabilidade em termos de qualidade, eficácia e segurança entre o produto a ser desenvolvido e o PBC. • I - relatório com dados sobre o produto biológico, sendo obrigatórias as seguintes informações: a) descrição das técnicas analíticas utilizadas para detectar diferenças potenciais entre o produto biológico e o produto biológico comparador; e b) dados da caracterização biológica e físico-química relacionados aos atributos de qualidade do produto biológico; • II - declaração indicando o nome do produto biológico comparador; • III - declaração com comprovação de que o mesmo produto biológico comparador foi utilizado ao longo dos estudos de desenvolvimento do produto biológico; • IV - informações sobre o sistema de expressão utilizado para a fabricação do produto biológico e produto biológico comparador; • V - comparação das moléculas do produto biológico e produto biológico comparador; • VI - relatórios dos resultados das análises comparativas entre os princípios ativos sempre que necessário; • VII - relatório contendo descrição detalhada das etapas do exercício de comparabilidade, com indicação da capacidade de detectar diferenças nos atributos de qualidade entre o produto biológico e o produto biológico comparador; • VIII - relatórios dos estudos de estabilidade comparativos, gerados em condições aceleradas e de estresse, de acordo com a legislação vigente; • IX - relatório contendo descrição das diferenças observadas no perfil de pureza e impureza entre • o produto biológico e o produto biológico comparador; • X - avaliação dos contaminantes e impurezas identificados no produto biológico, com discussão do potencial impacto na qualidade, segurança e eficácia; • XI - caracterização analítica do produto biológico e do produto biológico comparador; • XII - resultados dos ensaios biológicos comparativos necessários para a determinação do grau de • comparabilidade; e • XIII - relatório conclusivo com demonstração da comparabilidade, contendo informações • suficientes para predizer se as diferenças detectadas nos atributos de qualidade resultam em • impactos adversos na segurança e eficácia do produto biológico. Exigências para o Registro de Produto Biológico pela Via por Comparabilidade Medicamentos Biológicos • Artrite; • Câncer (colorretal metastático, pulmão, mama); • Diabetes Tipo I e II • Doença de Crohn • Eritropoietina na Anemia da Insuficiência Renal Crônica; • Esclerose Múltipla; • Hemofilia; • Heparinas • Hepatites Virais • Hepatites (transplante de fígado) • Insulinas; • Lúpus eritematoso; • Neoplasias hematológicas • Psoríase; • Retocolite ulcerativa; • Transplante renal, • Trombolíticos em AVC e IAM; • Trombrofilaxia de grandes cirurgias. Fitoterápicos • Cerca de 400 Fitoterápicos registrados; • 60 Plantas medicinais • 10 Nativas Fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais. Eles são obtidos empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e outros). Excipientes e outros componentes não ativos podem ser de origem não vegetal. Assim como todos os medicamentos, devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição padronizada e segurança de uso para a população. BIODIVERSIDADE BRASILEIRA O Brasil - país riquíssimo em termos de biodiversidade - abriga cerca de 170 a 210 mil espécies da fauna e flora mundial, muitas encontradas somente aqui. Possuímos em nossas florestas aproximadamente 55 mil espécies de plantas, destas, perto de 10 mil são consideradas condimentares, medicinais e aromáticas, cerca de um quarto de todas as espécies conhecidas no planeta. Em estudos realizados por especialistas do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - a biodiversidade brasileira é calculada no valor de aproximadamente 4 trilhões de reais. Das 250 mil espécies vegetais descritas e classificadas pela biologia, cinco mil já são reconhecidas como medicinais e podem movimentar a indústria de fitoterápicos com tranqüilidade,e claro, com lucratividade. FITOTERAPIA • Estima-se que 82% da população brasileira, utilize produtos à base de ervas, e segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% da população mundial faz uso da fitoterapia no atendimento à saúde. No Brasil o setor fitoterápico movimenta anualmente R$ 1 bilhão de reais, possui cerca de 200 empresas, que empregam mais de 100 mil pessoas. Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006 Objetivo Geral Garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional. Regulamentação Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. RDC nº 48, de 16 de março de 2004 Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Resolução RE nº 91, de 16 de março de 2004 Determina a publicação da "Guia para realização de alterações, inclusões, notificações e cancelamentos pós registro de Fitoterápicos". Resolução RE nº 90, de 16 de março de 2004 Determina a publicação da "Guia para a Realização de Estudos de Toxicidade pré-clínica de Fitoterápicos". Resolução RE nº 89, de 16 de março de 2004 Determina a publicação da "Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos". Resolução RE nº 88, de 16 de março de 2004 Determina a publicação da "Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de Fitoterápicos". RDC 14/2010 (Estabelece o Controle de Qualidade para os fitoterápicos, reprodutibilidade dos lotes) RDC 17 de 16/04/2010 (Estabelece as Boas Práticas de Fabricação e Controle de Qualidade para os Fitoterápicos). Regulamentação do cultivo, manejo sustentável, produção, distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos; Pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira; Incorporação racional de novas tecnologias. Incremento das exportações, priorizando fitoterápicos e insumos de maior valor agregado; Incentivo para a inserção da cadeia produtiva de fitoterápicos no processo de fortalecimento da indústria farmacêutica nacional. Promoção e reconhecimento das práticas populares; Boas práticas de cultivo, manipulação e produção; Diretrizes RESOLUÇÃO RDC 48/2004 Formas de comprovação de segurança e eficácia (RDC 14/2010) Referências ao produto em literatura científica (RE 88/04) Levantamento bibliográfico – etnofarmacológico e de utilização. Ensaios pré-clínicos (RE 90/04) e clínicos (CNS 196/96 e 251/97) Osmedicamentos fitoterápicos poderão adotar um nome comercial ou nome popular ou sinônimo usual na literatura técnica. Na falta de um nome popular ou sinônimo, poderá ser adotada uma parte da nomenclatura botânica associado ao nome da empresa. Após o nome comercial devem constar a nomenclatura botânica (gênero e espécie). Não são permitidas referências a “Medicamento Natural” ou congêneres, que transmitam ao consumidor a idéia de produto inócuo ou possuidor de propriedades especiais. Todas as embalagens de medicamentos fitoterápicos devem ter o texto “FITOTERÁPICO”, em caixa alta e tamanho de letra de 30% do nome de marca do produto. Os medicamentos fitoterápicos que utilizarem, como princípio ativo, derivados vegetais (extrato, suco, óleo, e outros) poderão especificá-los logo após ou abaixo do nome botânico. RDC 333 de 19/11/2003 (Nomes comerciais de medicamentos fitoterápicos) Rotulagem (RDC 71 de 22/12/2009) Ginseng Brasmed MEDICAMENTO FITOTERÁPICO TRADICIONAL NOME CIENTÍFICO: Panax ginseng C.A. Meyer NOME DA FAMÍLIA: Araliaceae NOME POPULAR: Ginseng PARTE USADA: Raiz Apresentação e Forma Farmacêutica: Cartucho com 3 blisters de 12 cápsulas gelatinosas duras. USO ADULTO USO ORAL / USO INTERNO Composição: Cada cápsula contém: Extrato seco de Panax ginseng............100 mg* Excipiente (amido) qsp....................1 cápsula *Correspondente a 27 mg de ginsenosídeos totais, calculados como ginsenosídeos Rg1. BULA RDC 47 de 08/09/2009 A bula deve informar a parte utilizada da planta, a composição do medicamento, indicando a relação real, em peso ou volume, da matéria prima vegetal usada e a correspondência em marcadores e/ ou princípios ativos, quando conhecidos. Não são registrados como fitoterápicos Plantas Partes de plantas Pós de plantas Chás Produtos manipulados Produtos homeopáticos Florais Própolis Substâncias isoladas Plantas, partes de plantas e pós de plantas Lei 5991/73 – “A dispensação de plantas medicinais é privativa das farmácias e ervanarias, observados o acondicionamento adequado e a classificação botânica.” As embalagens não podem ter alegações terapêuticas. Própolis Opoterápico – medicamento específico, obtido a partir de órgãos, glândulas, tecidos e secreções animais NORMAS AUXILIARES RE 89/2004 - Lista de registro simplificado de fitoterápicos Nas condições ali definidas não há necessidade de validar as indicações terapêuticas e a segurança de uso. As especificações citadas devem ser integralmente respeitadas: parte usada, padronização, formas de uso, indicações/ações terapêuticas, via de administração, posologia e restrição de uso. RE 88/2004 - Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de fitoterápicos Reunião de literatura de consenso mundial. Informações quanto às indicações, contra-indicações, formas de uso e posologia. Formas de comprovação de segurança e eficácia Referências ao produto em literatura científica (RE 88/04) Lista de registro simplificado (RE 89/04) Ensaios pré-clínicos (RE 90/04) e clínicos (CNS 196/96 e 251/97) Levantamento bibliográfico – etnofarmacológico e de utilização. Fontes - VISALEGIS http://www.anvisa.gov.br/e-legis/ – Hotsite Genéricos http://www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/index.htm Ministério da Saúde – Portaria 971/06 – PNPIC - http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/PNPIC.pdf Agência Nacional de Vigilância Sanitária -Medicamentos Fitoterápicos – Legislação - http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/legis.htm
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