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Técnico em Biblioteca Ana Cláudia Gouveia Araújo 2014 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisuais Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio Trindade de Barros Diretor de Integração das Redes Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas Coordenador Rede e-Tec Brasil Cleanto César Gonçalves Governador do Estado de Pernambuco João Soares Lyra Neto Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco José Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Gerente Geral de Educação Profissional Josefa Rita de Cássia Lima Serafim Coordenador de Educação a Distância George Bento Catunda Coordenação do Curso Hugo Carlos Cavalcanti Coordenação de Design Instrucional Diogo Galvão Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia Diagramação Izabela Cavalcanti INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 1.COMPETÊNCIA 01 | CONHECER OS FORMATOS/PADRÕES PARA DESCRIÇÃO DA INFORMAÇÃO ELETRÔNICA E AUDIOVISUAL ........................................................................... 5 1.1 O que é Informação Audiovisual? .......................................................................... 5 1.1.1 Tratamento e Organização de Expressões Sonoras ............................................ 7 1.1.1.1 Música .............................................................................................................. 7 1.1.1.2 Gravações de Som .......................................................................................... 12 1.1.2 Tratamento e Organização de Imagens em Movimento .................................. 18 1.1.3 Tratamento e Organização de Materiais Gráficos ............................................ 24 2.COMPETÊNCIA 02 | IDENTIFICAR OS TIPOS DE OBJETOS DIGITAIS (OD) E PRINCIPAIS REQUISITOS PARA REPRESENTAÇÃO E RECUPERAÇÃO ADEQUADAS .................................... 32 2.1 Recursos Eletrônicos ............................................................................................ 33 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 52 MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ........................................................................................... 54 Sumário 3 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual INTRODUÇÃO Caro aluno! Você já parou para pensar que uma biblioteca ou unidade de informação não contém apenas livros e revistas impressas? Pois é... Uma biblioteca, arquivo, museu ou centro de documentação pode conter tipologias documentais variadas, como: disco (vinil), filmes cinematográficos, gravações de som, música impressa, fitas cassete, CDs, DVDs, fotografias, slides, ou seja, materiais especiais. Esses documentos precisam de tratamento diferenciado, que muitas vezes não deve ser o mesmo dispensado ao material impresso. Apesar de eventualmente os padrões serem os mesmos, as peculiaridades na descrição de objetos audiovisuais e digitais existem. Já pensou por exemplo na especificidade de uma partitura musical? Que informação e conhecimento ela contêm? Como poderíamos “imaginar musicalmente” toda a paisagem sonora inscrita na partitura musical e que dela deriva um tipo de conhecimento estético para o leitor certo, o músico? E a fotografia, caro aluno? Como o olhar de um observador humano, tão carregado de subjetividade poderá influenciar na categorização da informação ali contida? Aliás, o que uma imagem quer dizer a seu expectador? Bem diante desses questionamentos, além do entendimento e tratamento de linguagens específicas que tais documentos são constituídos, temos a necessidade de organizá-los como etapa última de nosso trabalho nos arquivos, bibliotecas e centro de documento! É então, caro aluno, que fica mais evidente o papel do profissional da informação como responsável pelo tratamento e organização dos documentos supracitados (materiais audiovisuais e imagéticos), a fim de permitir o acesso adequado à informação e ao conhecimento contido neles e, assim, viabilizar a produção de novos conhecimentos. 4 Técnico em Biblioteca O conteúdo a ser estudado será relacionado às disciplinas anteriores. Aspectos técnicos e teóricos precisam ser abordados no sentido de conceituar a informação audiovisual e digital, explicitar os tipos de documentos que as contém e apresentar como devem ser tratadas, baseando‐se em dois instrumentos/padrões utilizados na nossa área: o AACR2 e o padrão de metadados Dublin Core, principalmente. Outros recursos podem ser citados, entretanto, a ênfase da disciplina será nos dois instrumentos apresentados. O caderno de estudos apresenta aspectos teóricos e práticos referentes ao tratamento documental, fundamentalmente o gerenciamento de materiais especiais. A disciplina será apresentada em duas competências, a saber: 1) Conhecer os formatos/padrões para descrição da informação eletrônica e audiovisual; 2) Identificar os tipos de objetos digitais (OD) e principais requisitos para representação e recuperação adequadas. A reflexão sobre o conteúdo é fundamental e a busca por outras fontes de informação que tratem sobre o assunto deve ser constante. Isso contribui de maneira considerável no processo de ensino-aprendizagem. Bons estudos a todos! 5 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Competência 01 1.COMPETÊNCIA 01 | CONHECER OS FORMATOS/PADRÕES PARA DESCRIÇÃO DA INFORMAÇÃO ELETRÔNICA E AUDIOVISUAL Os profissionais da informação são responsáveis por desenvolver metodologias, ou basear‐se nas já existentes, para atuar no tratamento e organização não apenas de documentação impressa, mas também de documentação especial: os chamados materiais audiovisuais, imagéticos e eletrônicos, esses últimos preferiremos chamar aqui de digitais. Todas essas tipologias documentais são também chamadas de: não convencionais, multimeios, materiais não impressos, materiais não bibliográficos, dentre outros termos. Figura 1 – Material audiovisual Fonte:www.documentosaudiovisuais.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/ sys/star.htm 1.1 O que é Informação Audiovisual? Conforme Oliveira; Silva (2011, p. 6), informação audiovisual: É signo, representação, significação, construção cultural em complexo (unidade e conjunto) de sentidos em forma e conteúdo articulados, numa polifonia de linguagens. O potencial de informatividade de um signo está na sua capacidade de produzir sentidos. 6 Técnico em Biblioteca Competência 01 Diante do exposto, consideramos, então, que os elementos de sentido que constituem a informação audiovisual compõe o contexto cultural em que está inserida, ou seja, os documentos audiovisuais contêm informações que são elementosde sentido da realidade cultural em que foram produzidos, servindo como elemento de memória social, ou podem servir de insumos para novas produções socioculturais. Neste sentido, possibilitam várias interpretações, a depender da situação e da leitura do observador ou profissional da informação que precise descrever essas informações, tendo em vista o caráter polissêmico de tal conteúdo informacional. Para Oliveira; Silva (2011), a polissemia1 no gerenciamento da documentação audiovisual deve ser um pouco preservada. Além disso, o autor supracitado também afirma que “devemos tomar muito cuidado com a interpretação, com a leitura da informação audiovisual, para não empobrecerem as possibilidades de pesquisa, busca e recuperação da informação pelos sujeitos” (OLIVEIRA; SILVA, 2011, p. 6). A informação audiovisual está presente em diversos suportes de pesquisa, dentre os quais iremos enfatizar a descrição física da imagem fotográfica, das imagens em movimento, das expressões sonoras e das mídias digitais. Conforme estudado na disciplina Representação Descritiva, a descrição física se refere à catalogação dos materiais informacionais e está vinculada à área de organização da informação (que envolve descrição física e temática dos acervos) e objetiva a recuperação da informação adequada pelos usuários. Além disso, tratou‐se também que o instrumento para descrever fisicamente acervos bibliográficos e audiovisuais é o AACR2. Iremos, então, trabalhar com suas regras de descrição para materiais especiais, tais como: fotografia, música, gravações de som, filmes cinematográficos e gravações de vídeo. Todas as outras seções e subseções abordarão regras de descrição contidas 1 “Fenômeno semântico em que uma mesma palavra tem dois ou mais significados inter- relacionados, podendo, portanto, ocorrer em contextos diferentes” (OLIVEIRA, 2008, p. 19). 7 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Competência 01 no AACR2, padrão internacional para catalogação. As regras apresentadas na disciplina Representação Descritiva devem sempre ser relembradas. O tratamento e organização das mídias digitais serão abordados na seção 3. “Fenômeno semântico em que uma mesma palavra tem dois ou mais significados inter-relacionados, podendo, portanto, ocorrer em contextos diferentes” (OLIVEIRA, 2008, p. 19). 1.1.1 Tratamento e Organização de Expressões Sonoras Uma biblioteca ou centro de documentação pode conter entrevistas gravadas em fitas cassete, partituras, música impressa etc., em seu acervo. E como podemos tratar essa tipologia documental? Como considerar os termos/descritores para representar o conteúdo informacional? Iremos dividir esta subseção aqui em duas: Música impressa e Gravações de Som, conforme é dividido no AACR2. 1.1.1.1 Música As regras do Cap. 5 do AACR2 dizem respeito à descrição de música publicada. Entendamos, então, para este item as partituras musicais. Perota (1997) traz um resumo da descrição de música publicada. Inicialmente, a autora afirma que: A partitura musical é constituída de uma série de pautas nas quais estão escritas todas as partes instrumentais e/ou vocais de uma obra musical colocada uma abaixo da outra em alinhamento vertical, de modo a permitir sua leitura simultânea (PEROTA, 1997, p. 165). 8 Técnico em Biblioteca Competência 01 A autora acrescenta que as partituras podem ser: Partitura condensada ‐ partitura musical em que aparecem apenas as partes musicais mais importantes, no menor número possível de pentagramas2, geralmente organizadas por seções instrumentais; Partitura de bolso ‐ partitura musical de tamanho reduzido, a princípio não destinada à execução; Partitura de coro ‐ partitura de obra para canto, que mostra somente as partes do coro, com acompanhamento (se houver), arranjado para instrumento de teclado; Partitura fechada – partitura de música, em que aparecem todas as partes, no menor número possível de pentagramas, normalmente dois, como hinos; Partitura incompleta – esboço feito por um compositor para uma obra destinada a conjunto, ressaltando em poucas pautas as características principais de composição; Partitura vocal – partitura que apresenta todas as partes vocais, com o acompanhamento – caso haja – arranjado para instrumentos de teclado; Partitura do regente – pianista [violinista, etc.] – A parte para um instrumento determinado. As regras para descrição de música são resumidas por Perota (1997) e pelo AACR2 da seguinte forma: Ponto de acesso principal: O compositor da música é o autor da obra por ele criada, portanto, a entrada é pelo nome do compositor. Pontos de acessos secundários: são feitos pontos de acesso secundários para pessoas e instituições consideradas relevantes na execução da obra, bem como deve ser feita entrada secundária para o título. Mas qual seria a principal fonte de informação? De onde retirar as informações para conseguir identificar compositor e outros pontos relevantes 2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Pauta_%28m%C3%BAsica%29 9 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual para descrever o item? Regra 5.0B1 – Se a página de rosto consistir de uma lista de títulos, incluindo o título do item que está sendo catalogado, escolha como fonte principal de informação a página de rosto, a capa ou o título de partida; dependendo de qual deles apresentar a informação mais completa. Em todos os outros casos use a página de rosto ou substituta a página de rosto como fonte principal de informação. Se a informação não estiver disponível na fonte principal, retire‐a das seguintes fontes (na seguinte ordem de preferência): 1. Título de partida 2. Capa 3. Colofão 4. Outras preliminares 5. Outras fontes Fontes de informação prescritas. A(s) fonte(s) de informação prescrita(s) para cada área da descrição de música publicada está (ão) indicada(s) a seguir. Coloque entre colchetes as informações extraídas de outras fontes que não a(s) fonte(s) prescrita(s): ÁREA FONTES DE INFORMAÇÕES PRESCRITAS Título e indicação de responsabilidade Fonte principal de informação Edição Fonte principal de informação, título de partida, capa, colofão, outras preliminares Apresentação física da música Fonte principal de informação. Publicação, distribuição etc. Fonte principal de informação, título de partida, capa, colofão, outras preliminares, primeira página de música Descrição física Qualquer fonte Série Página de rosto da série, página de rosto, título de partida, capa, colofão, outras preliminares Notas Qualquer fonte Número normalizado e modalidades de aquisição Qualquer fonte Quadro 01-Fontes de informações prescritas para descrição de música publicada Fonte: CÓDIGO... (2002) Competência 01 10 Técnico em Biblioteca A fonte principal de informação de uma partitura é a página de rosto. As partituras apresentam um tipo particular de página de rosto denominada “página de rosto em lista” das músicas contidas no item ou uma relação de músicas publicadas pela mesma editora, entre as quais está relacionado o título da partitura a ser catalogada (PEROTA, 1997, p. 166). Área do título: registre o título como aparece no item. Ex: Bacarola op. 14, piano. Designação geral do material (acréscimoopcional) – acrescente imediatamente após o título principal a designação geral do material, “música” entre colchetes. Ex: Mandinga [música]. Outras informações sobre o título – normalmente a indicação de um subtítulo. Ex: Mandinga [música]: batuque Indicação de responsabilidade: Transcreva as indicações de responsabilidade relativas a pessoas ou entidades. Área da edição: Indica‐se a edição quando esta informação constar do item. Área da Publicação, Distribuição, etc.: registre o local, a editora e a data de publicação do item. Área da descrição física: registre o número de unidades físicas do item e a designação específica do material (tipo de partitura: condensada, fechada, vocal, redução para piano, parte, etc.). 1 partitura 1 partitura vocal 4 partes Não registre lugar de publicação, distribuição, etc., no caso de um item não publicado. Não registre s. l. neste caso. Não registre nome do editor, distribuidor etc., no caso de um item não publicado. Não registre s. n. neste caso. Competência 01 11 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual ‐ Acréscimo da extensão do item em páginas, ou número de volumes e o número de partes, se for o caso. 1 partitura (5 p.) 1 partitura (2 v.) 1 partitura vocal (3p.) + 1 parte ‐ registre os detalhes de ilustrações 1 partitura (23 p.): retr. 1 partitura (23 p.): Il. + 16 partes Área da Série: Caso o item pertença a uma série faça a indicação. Área das Notas: As notas mais comuns são notas de: . Indicação de forma de composição e meio de execução; . Registro da língua do texto; . Indicação de responsabilidade; . Público a que se destina; . Conteúdo do item; . Nº de chapa e nº do editor Vamos observar modelos de fichas catalográficas de partituras musicais na nossa videoaula? Quanto à definição do assunto de música publicada, deve‐se considerar que o “grau de exaustividade (a extensão com que é analisado o documento) e especificidade (o grau de precisão ao se especificar o assunto do documento) vai depender da política da instituição em relação aos seus usuários.” (PEROTA, 1997, p. 172). Competência 01 12 Técnico em Biblioteca Perota (1997) acrescenta alguns princípios que devem ser considerados para facilitar o trabalho de indexação de música: 1. Anteceder a música vocal da instrumental; 2. Iniciar a música vocal com os solos, seguidos da segunda, terceira vozes etc.; 3. Organizar a música instrumental na seguinte ordem: instrumentos de sopro, corda, teclado e percussão; 4. Incluir primeiro a música de câmera e depois a orquestral. 1.1.1.2 Gravações de Som O capítulo 6 do AACR trata de descrição de gravações sonoras em todos os meios: discos, fitas (bobinas abertas, cartuchos, cassetes), rolos para pianola (e outros rolos) e gravações de som em filme (com exceção daquelas destinadas a acompanhar imagens visuais, para as quais você deve ver o capítulo 7). Resumiremos aqui algumas regras contidas no código. “São consideradas gravações sonoras ou registrogramas toda gravação onde as vibrações sonoras são registradas por processo mecânico ou eletrônico sob o qual o som possa ser reproduzido.” (PEROTA, 1997, p. 55). A autora também afirma que os principais tipos de gravações sonoras são: ‐ Discos (fonodiscos ou disco sonoro, disco laser); ‐ Fitas cassetes; ‐ Cartuchos (cassetes com um único registro sonoro onde a gravação é feita ao mesmo tempo, dos dois lados da fita. É muito usado em rádios para a divulgação de comerciais); ‐ Fita de rolo (usadas para gravações que exigem melhor qualidade sonora); ‐ Rolos para pianolas ou órgãos; ‐ Trilhas sonoras. A documentação fonológica não inclui apenas discos Competência 01 13 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual com gravações de músicas clássicas ou populares; ‐ ela é muito mais abrangente como: ‐ gravações de discursos políticos e figuras literárias de interesse para estudiosos de ciências sociais e literatura; ‐ acontecimentos sociais, sessões legislativas e outros fenômenos típicos da sociedade primitiva e contemporânea, de interesse para historiadores e antropólogos; ‐ gravações com finalidade de estudar as variações fonéticas dentro de uma mesma língua; ‐ no ensino de línguas; ‐ gravações de textos para pessoas com problemas visuais ‘livros falados’. (PEROTA, 1997, p. 55). Qual será a fonte principal de informação de gravações sonoras? Fonte principal de informação: Veja a fonte principal de informação para cada um dos tipos de gravação de som: TIPO FONTE PRINCIPAL Disco Disco e etiqueta Fita(bobina aberta) Bobina e etiqueta Fita cassete Cassete e etiqueta Fita cartucho Cartucho e etiqueta Rolo Etiqueta Gravação de som de filme Contêiner e etiqueta Quadro 2 – Fonte principal de informação para cada um dos tipos de gravação de som Fonte: AACR2 Se a informação não estiver disponível na fonte principal, retire‐a das seguintes fontes (nesta ordem de preferência): Material adicional constituído de texto; Contêiner (capa, caixa, etc.); Outras fontes. Competência 01 14 Técnico em Biblioteca Prefira dados fornecidos no texto a dados sonoros. Por exemplo, se um disco sonoro tiver uma etiqueta e também informações apresentadas em forma sonora no disco, prefira as informações da etiqueta. Fontes de informação prescritas: A(s) fonte(s) de informação prescrita(s) para cada área da descrição de gravações de som está (ão) indicada(s) a seguir. Coloque entre colchetes as informações extraídas de outras fontes que não a(s) fonte(s) prescrita(s): ÁREA FONTES DE INFORMAÇÃO PRESCRITAS Título e indicação de responsabilidade Fonte principal de informação Edição Fonte principal de informação, material adicional constituído de texto e contêiner Publicação, distribuição etc. Fonte principal de informação, material adicional constituído de texto e contêiner Descrição física Qualquer fonte Série Fonte principal de informação, material adicional constituído de texto e contêiner Notas Qualquer fonte Número normalizado e modalidades de aquisição Qualquer fonte Quadro 03 – Fontes de informação prescrita para gravações de som Fonte: AACR2 Área do título: transcreva o título principal de acordo com a fonte principal de informação. Se o título principal não for extraído da fonte principal de informação ou se for obtido de um contêiner que seja um elemento unificador, registre a fonte principal do título em nota. O registro da designação geral do material após o título principal é opcional, descrita “Gravação de som”. Entretanto, algumas unidades de informação usam a designação específica do material, ou seja, “disco” (para discos sonoros), “fita cassete” (para cassetes). Competência 01 15 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Se um item contiver partes constituídas de materiais que pertençam a duas ou mais categorias e se nenhuma delas for o elemento predominante do item, use a designação multimeios ou conjunto de peças. Indicações de responsabilidade: transcreva as indicações de responsabilidade relativas àquelas pessoas ou entidades mencionadas como desempenhando um papel mais importante na criação do conteúdo intelectual da gravaçãode som (por ex.: autor de texto falado, compositores de música executada, coletores de material de campo, produtores que tiveram responsabilidade artística e/ou intelectual). Se a participação da(s) pessoa(s) ou entidades mencionada(s) numa indicação encontrada na fonte principal de informação for além da atuação, execução ou interpretação de uma obra (como é usual no caso de música popular, rock ou jazz), registre essa indicação como uma indicação de responsabilidade. Se, entretanto, a participação estiver limitada à atuação, execução ou interpretação (como acontece no caso de música erudita ou clássica e discursos gravados) registre a indicação na área das notas. Área da Edição: Indica‐se a edição de uma gravação de som quando esta informação constar do item. Área da publicação, distribuição, etc.: Indica-se o local, o nome comercial da gravadora ou companhia fabricante e data de distribuição. Não registre um lugar de publicação, distribuição, etc. para uma gravação de som não processada3. Neste caso, não registre s. l. Não registre um editor, distribuidor para uma gravação de som não processada. Neste caso, não registre s. n. 3 Uma gravação de som não processada é um registro não comercial do qual existe, geralmente, somente um único exemplar. Competência 01 16 Técnico em Biblioteca Área da Descrição Física: Para disco sonoro, registrar: Número de unidades físicas do item, seguido da designação específica do item; Tempo de duração (em minutos) da gravação (entre parênteses); Velocidade de execução em rotações por minuto (abreviatura = rpm); Número de canais sonoros; Dimensões em polegadas. Exemplo: 1 disco sonoro (ca 50min): 33 1/3 rpm, estéreo; 12 pol. Para cassete sonoro, registrar: Número de unidades físicas do item; Tempo de duração (em minutos) da gravação (entre parênteses); Velocidade de execução (para fita cassete é em polegadas por segundo – pps); Termo que identifica o canal sonoro; Características de gravação e reprodução (nem todas as fitas trazem essa informação). Exemplo: 1 cassete sonoro (ca. 60min): 3 ¾ pps, estéreo, método Dolby Área da Série: A série será mencionada quando conhecida, seguindo‐se as mesmas regras adotadas na catalogação de livros. Área das notas: As principais notas a serem consideradas são: Competência 01 17 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual • Fonte do título, caso este não seja encontrado na própria gravação; • Indicação de participantes, executantes e meio de execução: orquestras, quartetos, violinos, pianos, narradores etc.; • Detalhes sobre o evento (caso seja de importância); • Nota de conteúdo: títulos e autores para música popular, revistas musicais e trilhas sonoras de filmes; • Nome comercial da gravadora ou companhia fabricante e do número de catálogo da gravadora. Figura – Modelo de Ficha Catalográfica de Disco Fonte: PEROTA (1997). Entrada principal pelo autor Título Uniforme Descrição física: nº de unidades físicas e designação específica do material, indicação de duração aproximada (ca.) porque esta informação não consta no item, velocidade de execução em rotações por minutos (rpm) e nº de canais sonoros, dimensões do disco em polegadas. Veja mais exemplos de fichas na videoaula! Tratamos aqui de descrição de música e gravações sonoras. Vamos agora observar como deve ser a catalogação de vídeos? Você pode, em algum Competência 01 18 Técnico em Biblioteca momento, precisar descrever materiais que tenham entrevistas filmadas, filmes, vídeos sobre indígenas em suas aldeias ou comportamentos sociais diversos. É crescente a formação de acervos em unidades de informação que envolve material especial para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. Você já pensou nisso? 1.1.2 Tratamento e Organização de Imagens em Movimento As imagens em movimento ou filmes cinematográficos e gravações de vídeo, como são chamados pelo AACR2, são estudadas no Capítulo 7 do referido código de catalogação. O profissional da informação pode deparar‐se com esse tipo de acervo em bibliotecas, arquivos de empresas de televisão, jornais, dentre outros. Perota (1997, p. 33) define: Filmes são uma reprodução em miniatura de uma imagem ou outro material gráfico, o qual não pode ser utilizado sem ampliação. Apresenta‐se contendo uma sucessão de imagens projetadas para serem vistas, figura por figura, com ou sem som [...] São riquíssimas fontes de informação e meios eficazes de educação audiovisual e de cultura histórica. A autora também afirma que os filmes podem se apresentar com as seguintes larguras (bitolas): 8mm Introduzido pela Kodak em 1933, são usados por amadores. 16mm Introduzido pela Kodak em 1923, são usados para fins científicos e culturais e pela TV 35mm Para fins comerciais (é o tamanho padrão). Aparecem nos fins do século XIX. São usados comercialmente pelas grandes companhias cinematográficas. 70mm Para filmes de visão panorâmica. Quadro – Larguras(bitolas) dos Filmes Fonte:PEROTA (1997, p. 33) Competência 01 19 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Qual seria a principal fonte de informação prescrita a ser considerada na descrição física desse tipo de material? A regra 7.0B1 traz que a fonte principal de informação para filmes cinematográficos e gravações de vídeo é (nesta ordem de preferência): a) o próprio item (por ex., os fotogramas do título); b) seu contêiner (e sua etiqueta) se este for parte integrante da peça (por ex., um vídeo cassete). Se a informação não estiver disponível na fonte principal, retire‐a das seguintes fontes (nesta ordem de preferência): Material adicional constituído de texto (por ex., roteiros, listas das tomadas de cenas, material de publicidade); Contêiner (se não for parte integrante da peça); Outras fontes. O processamento técnico de filmes ocorre, muitas vezes, por não serem identificadas informações nos rótulos de suas caixas que auxiliem na descrição e aí há a necessidade de o profissional da informação projetar o filme para maiores esclarecimentos. Regra 7.0B2 Fontes de informação prescritas. A(s) fonte(s) de informação prescrita(s) para cada área da descrição de filmes cinematográficos e gravações de vídeo está (ão) indicada (s) a seguir. Coloque entre colchetes as informações extraídas de outras fontes que não a(s) fonte(s) prescrita(s): Competência 01 20 Técnico em Biblioteca ÁREA FONTES DE INFORMAÇÃO PRESCRITAS Título e indicação de responsabilidade Fonte principal de informação Edição Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Publicação, distribuição etc. Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Descrição física Qualquer fonte Série Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Notas Qualquer fonte Número normalizado e modalidades de aquisição Qualquer fonte de aquisição Quadro 04 – Fontes de informação prescritas para filmes cinematográficos e gravações de vídeo Fonte: AACR2 Resumiremos o que o AACR2 traz sobre descrição de filmes e gravações de vídeo: Regra 7.1B. Área do título Observações:1. Se o título principal não for extraído da fonte principal de informação, registre a fonte do título em nota; 2. Se o item não tiver título, este deve ser fornecido pelo catalogador e transcrito entre colchetes, indicando‐se em nota que é um título fornecido – Ex.: [Cenas de verão]; 3. A descrição de um filme comercial é iniciada pela palavra “Propaganda” e nome do produto/serviço anunciado – Ex.: [Propaganda da Campanha de Segurança nas Estradas] Após o título principal, adicione a designação geral do material (acréscimo opcional). Ex.: Morte e Vida Severina [gravação de vídeo] ou Morte e Vida Severina [vídeo cassete] Competência 01 21 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Títulos equivalentes Devem seguir a regra 1.1D; Transcreva como título equivalente, um título original que aparecer em outra língua na fonte principal de informação. Regra 7.1F. Indicação de responsabilidade Transcreva as entidades ou pessoas credenciadas na fonte principal de informação (produtor, diretor e animador). Regra 7.2. Área da Edição. Transcreva a indicação de edição que contenha diferenças em relação a outras edições do mesmo filme, ou que seja mencionada como uma reedição desse filme. Regra 7.4. Área da publicação, distribuição, etc. Indicar o local, o nome do editor, distribuidor, agência lançadora, data de publicação. São Paulo: Central Globo de Produções, 1982 Regra 7.5. Área da Descrição Física Registre, nesta ordem: 1. O número de unidades físicas; 2. O tempo de duração em minutos, entre parênteses; 3. Os requisitos especiais de projeção, indicando o tipo de forma sucinta; 4. A presença de trilha sonora, usando a abreviatura “son.”; 5. A cor (usar as abreviaturas color – para colorido; p&b – para preto e branco); 6. A largura (bitola) do filme em milímetros. A área dos detalhes específicos do material (ou do tipo de publicação) não se aplica para essa tipologia documental). Não registre lugar de publicação, distribuição nem nome do editor para um item não editado. Não registre S.n., nem s. l. Competência 01 22 Técnico em Biblioteca Exemplo: 1 vídeo cassete (120min.): VHS, son., p&b; 16mm ATENÇÃO Ficar atento à pontuação utilizada Regra 7.6 Área da Série Se o item pertencer a uma série, registre essa informação. Regra 7.7. Área das notas As notas mais comuns são mencionadas a seguir: 1. Natureza ou forma Documentário Peça para TV 2. Língua 3. Fonte do título principal; 4. Variações do título Título extraído do contêiner: Papaya e Gava 5. Títulos equivalentes e outras informações sobre o título 6. Indicações de responsabilidade: elenco, créditos 7. Edição e histórico Versão resumida do filme cinematográfico de 1969 do mesmo nome 8. Resumo 9. Nota de conteúdo Competência 01 23 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Exemplos de fichas: Figura - Filme Cinematográfico Fonte: PEROTA (1997) Figura - Vídeo cassete sem indicação de autoria Fonte: PEROTA (1997). E o conteúdo informacional do vídeo? Como identificar? Quais pontos a serem priorizados? A definição do assunto de que trata o filme ou vídeo deve ser feita a partir de uma análise das diversas cenas e das pessoas filmadas (PAZIN, 1993). Exemplo: Em filmoteca especializada em ornitologia serão indicados detalhes de um filme sobre pássaros tais como: lugar, dia e hora onde foram vistos; condições climáticas, circunstâncias, etc. SAIBA MAIS Acesse o Manual de Catalogação de Vídeos da ECA/Universidade de São Paulo www3.eca.usp.br/si tes/default/files/for m/biblioteca/acerv o/textos/Manual_d e_catalogacao_de_f ilmes.pdf ATENÇÃO O manual apresenta outro padrão para descrição de filmes, não o AACR2, que é instrumento oficial para catalogação. Fique ligado! l. Competência 01 24 Técnico em Biblioteca É recomendável incluir um resumo na indexação4 de filmes, pois permitirá ao usuário identificar se o conteúdo lhe interessa. Para isso, é imprescindível o estabelecimento das finalidades da unidade de informação para decidir o grau de especificidade que deseja dar aos termos de entrada (PAZIN, 1993, p. 22). 1.1.3 Tratamento e Organização de Materiais Gráficos O capítulo 8 do AACR2 trata de Materiais Gráficos: originais e reproduções de artes bidimensionais, quadros, fotografias, desenhos técnicos, diafilmes, radiografias, diapositivos, ou seja, imagens. Portanto, além da questão técnico‐descritiva do AACR2, também abordaremos teorias e reflexões da Análise Documentária da Imagem, já que a disciplina é Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisuais e a organização da informação envolve a descrição física e definição do conteúdo informacional de acervos. A regra 8.0B1 do AACR2 também enfatiza que se o item que estiver sendo descrito consistir de duas ou mais partes físicas separadas (por ex. um conjunto de diapositivos), considere como fonte principal de informação o contêiner que é o elemento unificador, se este apresentar um título coletivo não fornecido pelos próprios itens e suas etiquetas. Nesse caso, é preciso redigir uma nota indicando a fonte de informação. Além disso, a mesma regra afirma que se a fonte de informação não estiver disponível na fonte principal, deve‐se retirá‐la das seguintes fontes (nesta ordem de preferência): 1) Contêiner (por ex. caixa, moldura); 2) Material adicional textual (por ex. manuais, folhetos); 3) Outras fontes. E quais são as fontes de informações prescritas para materiais gráficos, você 4 Indexação e Resumos Ainda será Disciplina Ministrada A fonte principal de informação para materiais gráficos é o próprio item, incluindo quaisquer etiquetas que estejam fixadas no item ou em um contêiner que seja parte integrante do item (CÓDIGO..., p.3, regra 8.0B1). Competência 01 25 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual sabe? Veremos então... Regra 8.0B2. Fontes de informação prescritas. A(s) fonte(s) de informação prescrita(s) para cada área da descrição dos materiais gráficos está(ão) indicada(s) a seguir. Coloque entre colchetes as informações extraídas de outras fontes que não a(s) fonte(s) prescrita(s). ÁREA FONTES DE INFORMAÇÃO PRESCRITAS Título e indicação de responsabilidade Fonte principal de informação Edição Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Publicação, distribuição etc. Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Descrição física Qualquer fonte Série Fonte principal de informação, contêiner, material adicional Notas Qualquer fonte Número normalizado e modalidades de aquisição Qualquer fonte Quadro 05 – Fontes de informação prescritas para materiais gráficos Fonte: AACR2 Exemplos de fichas catalográficas podem ser vistas na nossa videoaula. Vamos conferir? Até o momento, abordamos sobre a descrição física da imagem: título,data, fotógrafo, etc. Entretanto, além de identificar os elementos de descrição, precisamos definir sobre o que o documento aborda. Como estabelecer, então, o assunto de que o item trata? Como identificar o conteúdo informacional de uma imagem, por exemplo? Priorizaremos aqui a imagem fixa, estática, sem movimento. As imagens em movimento foram observadas no item 2.1.2. O tratamento e organização de materiais gráficos implica observarmos também conceitos e reflexões de uma área chamada Análise Documentária da Imagem, visto que essa tipologia envolve as imagens em geral e, Competência 01 26 Técnico em Biblioteca principalmente, as imagens fotográficas, que enfatizaremos aqui. As técnicas para descrição da informação imagética apresentam lacunas e este problema da indexação de imagens reflete significativamente na sua recuperação (SMIT, 1996). A dificuldade de indexar os conteúdos desta tipologia documental deve‐se à grande quantidade de informações que elas podem conter, e ao alto nível de abstração e de subjetividade de seus componentes. Apesar de ainda não existir um modelo de indexação que represente de modo preciso a informação presente numa imagem, existem técnicas que recuperam as informações mais relevantes. A literatura da área apresenta atualmente duas técnicas de indexação: a indexação baseada no conteúdo da imagem e a indexação baseada no conceito da imagem (MIRANDA, 2007). Rasmussen (1997) apud Lancaster (2004, p. 214) esclarece sobre as duas técnicas citadas anteriormente, afirmando que “a descrição de imagens, com palavras, feita por seres humanos, denomina‐se, em geral, indexação baseada em conceitos, e a indexação de imagens por seus atributos intrínsecos é baseada em conteúdos.” A técnica baseada em conceitos é aquela na qual os termos são atribuídos pelo indexador, seja em linguagem natural ou linguagem controlada. Este método apresenta algumas limitações, como “a dificuldade em se obter uma consistência efetiva nos dados de uma coleção, devido à própria polissemia das imagens, ao repertório cultural do indexador e à subjetividade que envolve a operação” (ESTORNIOLO FILHO, 2004, p. 58). Além disso, há outra limitação na indexação por conceito: a dificuldade em antecipar, no momento da indexação, como uma imagem poderá ser utilizada, podendo, desta maneira, não serem supridas as informações no momento de uma consulta, pois a forma que o indexador a descreve pode não fazer parte da estratégia de busca. Competência 01 27 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Na abordagem baseada em conteúdo, a indexação e recuperação de imagens de uma coleção são feitas pela comparação de atributos automaticamente extraídos das imagens, usando como parâmetro de comparação medidas matemáticas de cor, textura ou forma. Conforme Estorniolo Filho (2004, p. 62), Enquanto a indexação por conceito usa, para a representação da imagem, principalmente os atributos temáticos, a técnica de indexação por conteúdo tem empregado [...] os atributos primários, que são as características inerentes da imagem. Enquanto na indexação por conceitos a decisão na escolha dos atributos a serem considerados para a representação da imagem é um dos principais problemas do profissional da informação, na indexação baseada no conteúdo da imagem esses aspectos são escolhidos pela capacidade do programa em extrair as informações pelo processamento da imagem, e de fazer a combinação entre o atributo e o campo de ação da imagem (por exemplo, forma e logotipos; textura e imagens de radiologia). Cabe ao documentalista, nesta técnica de indexação, determinar e nomear os atributos para que o programa possa recuperar as imagens com os padrões solicitados. Conforme Smit (1996, p. 30), existem três níveis de análise de imagem, considerados pela Análise Documentária da imagem: Nível pré‐iconográfico: nele são descritos, genericamente, os objetos e ações representados pela imagem; Nível iconográfico: estabelece o assunto secundário ou convencional ilustrado pela imagem. Trata‐se, em suma, da determinação do significado mítico, abstrato ou simbólico da imagem, sintetizado a partir de seus elementos componentes, detectados pela análise pré‐ iconográfica; Competência 01 28 Técnico em Biblioteca Nível iconológico: propõe uma interpretação do significado intrínseco do conteúdo da imagem. A análise iconológica constrói‐se a partir das anteriores, mas recebe fortes influências do conhecimento do analista sobre o ambiente cultural, artístico e social no qual a imagem foi gerada. A autora supracitada acrescenta um exemplo elucidativo, referindo‐se aos dois primeiros níveis, sobre a figura de uma ponte. “A imagem de uma ponte, por exemplo, representa tanto a categoria genérica das pontes como também – e forçosamente – uma ponte particular, por exemplo, a Ponte das Bandeiras, em São Paulo.” (SMIT, 1996, p. 31). E diz que usar os dois níveis de descrição ou priorizar um deles é questão que precisa ser definida a depender do perfil do usuário e da política do sistema. Ao abordar sobre o terceiro nível, Smit (1996) cita que a imagem de um homem levantando o chapéu permite descrever a imagem pelos elementos visíveis: objeto enfocado, homem, ação de tirar o chapéu. Entretanto, salienta que: o significado expressivo não é apreendido pela identificação dos componentes da imagem, mas pelo ‘significado’ que pode ser atribuído ao conjunto destes (p. ex.: o gesto diz que o homem está de bom humor ou que seu sentido de normas sociais fala mais alto do que os problemas) (SMIT, 1996, p. 31). Verificamos, portanto, que a área de Análise Documentária da Imagem considera relevante a interpretação do conteúdo visual. Isso precisa ser representado de alguma forma pelo profissional da informação e elementos da descrição física não são suficientes. A leitura/interpretação de imagens fotográficas transpõe a descrição de cor e forma apenas. É necessário descrever o significado da imagem. Por exemplo, na figura 2, temos imagens que poderiam apenas nos remeter a traços e formas, entretanto, elas carregam um significado, ou seja, um conteúdo semântico que não é totalmente visível. Tais elementos figurativos Competência 01 29 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual representam a maçonaria e o início da República no Brasil. Para identificar isso, é preciso considerar aspectos sociopolíticos culturais. Figura 2 – Marcas que representam a maçonaria. Registradas em 1902. Fonte: Acervo digital JUCEPE (2012) Responder questões relacionadas à análise documentária de imagens propostas por Shatford (1986 apud Smit, 1996) quanto à indexação de imagens: QUEM, O QUE, QUANDO, COMO, ONDE e SOBRE, contribui consideravelmente para atingir os objetivos de descrição física e temática da imagem. Além disso, é preciso considerar a técnica que foi utilizada na sua produção. CATEGORIAS REPRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS IMAGENS QUEM Identificação do “objeto enfocado”: seres vivos, artefatos, construções, acidentes naturais etc. ONDE Localização da imagem no “espaço”: espaço geográfico ou espaço da imagem( por ex. São Paulo ou interior de danceteria) QUANDO Localização da imagem no “tempo”: tempo cronológico ou momento da imagem (por ex. 1996, noite, verão) COMO/O QUE Descrição de “atitudes” ou “detalhes” relacionados ao “objeto enfocado”, quando este é umser vivo( por ex. cavalo correndo, criança trajando roupa do século XVIII) Quadro 06-O que descrever na imagem? Fonte: SMIT, 1997, p. 32 (2012) Miranda (2007) cita Shatford (1986), afirmando que a autora diz que a imagem é DE alguma coisa ou SOBRE alguma coisa. E estes aspectos tornam‐ se mais genéricos ou mais específicos, a depender do nível de análise: pré‐ iconográfico ou iconográfico. Vamos observar o quadro de categorias para representação da imagem que explica melhor essas questões? Competência 01 30 Técnico em Biblioteca CATEGORIA DEFINIÇÃO GERAL DE GENÉRICO DE ESPECÍFICO SOBRE QUEM Animado e inanimado, objetos e seres concretos Esta imagem é de quem? De que objetos? De que seres? De quem, especificamente, se trata? Os seres ou objetos funcionam como símbolos de seres ou objetos? Representam a manifestação de uma abstração Exemplo Ponte Pontes das Bandeiras Urbanização Exemplo Arquitetura dos anos 40 ONDE Onde está a imagem no espaço Tipos de lugares geográficos, arquitetônicos ou cosmográficos Nomes de lugares geográficos, arquitetônicos ou cosmográficos O lugar simboliza um lugar diferente ou mítico? O lugar representa a manifestação de um pensamento abstrato? Exemplo Selva Amazonas Paraíso(supõe um contexto que permita esta interpretação) Exemplo Perfil de cidade Paris Monte Olímpo(como o exemplo anterior) QUANDO Tempo linear, ou cíclico, datas e períodos específicos, tempos recorrentes Tempo cíclico Tempo linear Raramente utilizado, representa o tempo, a manifestação de uma ideia abstrata ou símbolo? Exemplo primavera 1996 Esperança, fertilidade, juventude O QUE O que os objetos e seres estão fazendo? Ações, eventos e emoções Ações, eventos Eventos individualmente nomeados Que ideias abstratas(ou emoções) estas ações podem simbolizar? Exemplo Morte Pietá Dor(emoção) Exemplo Jogo de futebol (ação) Copa do mundo de 1995 Esporte Quadro 07 ‐ Categorias para a representação da imagem Fonte: SMIT, 1997, p. 33 (2012) Competência 01 31 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual A produção de imagens fotográficas cresceu exponencialmente em função do aparecimento das novas tecnologias. Atualmente, produzir uma imagem fotográfica, por exemplo, não é privilégio de poucos, de fotógrafos apenas. As câmeras digitais ou os celulares possibilitaram uma autonomia social no que diz respeito à produção de imagens fixas. Não significa aqui que estamos afirmando que há qualidade, mas é fato que a quantidade cresceu ao longo dos anos em função dessa independência viabilizada pelas novas tecnologias. O ambiente digital transformou‐se em um mundo de oportunidades, de informações que viabilizam a rapidez nas pesquisas. Porém, você consegue encontrar com facilidade uma imagem na internet? Quando você faz a busca no Google, por exemplo, o resultado é preciso, ou seja, refere‐se ao que você quer? Percebemos que, muitas vezes, não. Os objetos digitais, então, precisam de tratamento também. Não se deve apenas jogar informação no meio digital. É preciso tratá‐la para que seja recuperada pelos usuários. A competência 2 irá abordar aspectos referentes a essa temática tão atual e que muitas pessoas nem imaginam como o profissional da informação pode contribuir para a organização da informação na web. Competência 01 32 Técnico em Biblioteca 2.COMPETÊNCIA 02 | IDENTIFICAR OS TIPOS DE OBJETOS DIGITAIS (OD) E PRINCIPAIS REQUISITOS PARA REPRESENTAÇÃO E RECUPERAÇÃO ADEQUADAS As Tecnologias de Informação e Comunicação, ou TICs, e a Internet, proporcionaram mudanças socioculturais, viabilizando maior disseminação de textos, documentos, informações, dentre elas, as do contexto científico e tecnológico que, durante longo período, esteve acessível a poucas pessoas. Com o advento da Internet e, consequentemente da web, o crescimento de informações e produção de conhecimento ocorreu de forma exponencial, implicando esforços maiores no que diz respeito às práticas de organizar a informação. Diante do exposto, vemos que a importância do tratamento informacional suplanta a concepção de organização de documentos analógicos, estendendo‐ se ao mundo digital. [...] surge um novo tema nas discussões no âmbito da CI, referindo‐se ao tratamento de informação no ambiente web, [...]. Discutem‐se assuntos os mais variados, desde a semântica dos sites até os metadados para descrição de informações e documentos on‐line. Tais discussões extrapolam os limites da biblioteconomia, campo do conhecimento que há muitos anos vem estudando e desenvolvendo técnicas de organização, tratamento e recuperação da informação, processos estes que atualmente são de interesse de outros campos de estudo, dentre os quais se pode destacar a ciência da computação (LOURENÇO, 2007, p. 72). Os itens a serem tratados nesta competência, caros alunos, referem‐se a documentos audiovisuais que são digitalizados e disponibilizados em um sistema multimídia, como também, itens que já são essencialmente eletrônicos ou digitais. Competência 02 33 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual 2.1 Recursos Eletrônicos Antes de tratarmos dos metadados para descrição de itens em ambiente digital, vamos apresentar a vocês conteúdo do capítulo 9 do AACR2, que trata de Catalogação de Recursos Eletrônicos. E o que são os recursos eletrônicos? Você sabe? O Código AACR2 (2002) diz que “consistem de dados (informações que representam números, texto, gráficos, imagens, imagens em movimento, mapas, música, sons, etc.), programas ou combinações de dados e programas.” Ou seja, referem‐se a bases de dados em DVD, programas interativos, programas de computador. Hoje em dia, é mais apropriado chamar de documentos digitais. Perota (1997, p. 13) afirma que [...] todas as informações armazenadas na memória de um computador são codificadas com algumas combinações únicas dos algarismos 0 e 1. Estes algarismos são denominados BITS (Binary Digits), cada bit é representado por um componente eletrônico que estará no estado desligado (0 – sem corrente) e ligado (1 – com corrente). Os recursos eletrônicos podem ser: • Digitais: criados diretamente em formato digital. • Digitalizados: levados a formato digital através de um scanner ou similar a partir de um documento impresso ou audiovisual. Exemplo de documento eletrônico originalmente digital: vários vídeos do Youtube, que são gerados através de uma câmera digital ou de um smartphone e disponibilizado em rede; um arquivo de música em extensão Em informática, dado é a representação convencional, codificada, de uma informação em uma forma que permita submetê-la a processamento eletrônico: a representação da palavra Informação do código ASCII é o conjunto de sinais elétricos 1001001 1001110 10001101001111 1010010 1001101 1000001 1010100 1001001 1001111 1001110 Em que cada letra é representada por sete sinais numéricos binários (em dois estados 0 e 1). Assim, a letra “i” é 1001001 (LE COADIC, 2004, p. 8). Competência 02 34 Técnico em Biblioteca .mp3 ou .mp4 que vocês costumam baixar de alguns sitescomo Torrent, o 4shared, etc. Exemplo de documento eletrônico digitalizado: fotografias do escritor Gilberto Freyre que foram digitalizadas em uma máquina de scanner e disponibilizadas na Biblioteca Virtual Gilberto Freyre: http://bvgf.fgf.org.br /portugues/colecoes/fotografias/gf_individuais.htm O AACR2 diz que o tratamento de recursos eletrônicos pode ser de duas formas diferentes, a depender do acesso: • Recursos de acesso remoto: quando nenhum suporte físico é manipulado. São os compartilhados através de Internet ou que estão armazenados em disco rígido; • Recursos de acesso local: são aqueles que podem ser manuseados por estarem fisicamente ‘gravados’ em suporte físico. Ex.: CD, DVD. O Capítulo 9 do AACR2 é o que trata de recursos eletrônicos. Iremos considerar, portanto, algumas regras apresentadas por ele para descrição física desse tipo de material. Regra 9.0B1 Fonte principal de informação: A fonte principal de informação é o próprio recurso. Se a informação requerida não estiver no próprio recurso, você deve retirá‐la das seguintes fontes (na ordem de preferência): • Documentação impressa ou “on line” ou outro material adicional (por ex. carta do editor, arquivo “a respeito”, página da Web de um editor sobre um recurso eletrônico); • Informação impressa no contêiner fornecida pelo editor, distribuidor, etc. Se o item for constituído por mais de uma unidade física separada, trate o contêiner ou seu rótulo afixado permanentemente, que é o elemento unificador, como fonte principal de informação, se ele fornecer um título Competência 02 35 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual coletivo e a informação apresentada formalmente nas partes, ou nos seus rótulos, não o fornecerem. Outra situação que pode ocorrer é a informação requerida não estar disponível em nenhuma das fontes já citadas. Neste caso, retire‐as, então, das seguintes fontes (na ordem de preferência): Outras descrições publicadas do recurso Outras fontes (por ex.: registros de metadados) Regra 9.0B2. Fontes de informações prescritas. A(s) fonte(s) de informação prescrita(s) para cada área da descrição de recursos eletrônicos está(ão) indicada(s) a seguir. Coloque entre colchetes as informações extraídas de outras fontes que não a(s) fonte(s) prescrita(s). ÁREA FONTES DE INFORMAÇÃO PRESCRITAS Título e indicação de responsabilidade Fonte principal de informação, informação fornecida pelo editor, criador etc., contêiner Edição Fonte principal de informação, informação fornecida pelo editor, criador etc., contêiner Tipo de extensão do recurso Qualquer fonte Publicação, distribuição etc Fonte principal de informação, informação fornecida pelo editor, criador etc., contêiner Descrição física Qualquer fonte Série Fonte principal de informação, informação fornecida pelo editor, criador etc., contêiner Notas Qualquer fonte Número normalizado e modalidades de aquisição Qualquer fonte Quadro 08 ‐ Fontes de informação prescritas para recursos eletrônicos Fonte: CÓDIGO... (2002). Regra 9.1 Área do título e da indicação de responsabilidade. Transcreva o título principal de acordo com a fonte principal de informação. Após o título principal, registre a designação geral do material apropriada. [recurso eletrônico] Registre sempre a fonte de um título principal em notas. Se o título for fornecido pelo catalogador, registre a fonte deste título em uma nota. Competência 02 36 Técnico em Biblioteca Indicações de responsabilidade – transcreva indicações de responsabilidade relativas a pessoas ou entidades responsáveis pelo papel principal na criação do conteúdo do recurso. Registre em notas todas as outras indicações de responsabilidade; Acrescente uma palavra ou frase sucinta antes da indicação de responsabilidade se a relação entre o título da obra e a pessoa ou entidade mencionada não for clara. Exemplo: Jogo interativo em inglês / [desenvolvido por] James Brandon. Regra 9.2. Área da Edição. Transcreva uma indicação relativa a uma edição de um recurso eletrônico que contenha diferenças em relação a outras edições desse recurso ou a uma reedição mencionada de um recurso. Em caso de dúvida sobre uma indicação ser ou não de edição, considere a presença de palavras como: edição, tiragem, versão, emissão, nível, atualização (ou seus equivalentes em outras línguas) como evidência de que a indicação é uma indicação de edição e transcreva‐a como tal. Regra 9.3. Área do tipo e extensão do recurso. 9.3B1 – Tipo do recurso: indique o tipo do recurso que está sendo catalogado. Use um dos seguintes termos: Dados eletrônicos Programa(s) eletrônico(s) Dados e programa(s) eletrônico(s) 9.3B2. Extensão do recurso: Se a informação estiver facilmente disponível, registre o número ou o número aproximado de arquivos, registros, etc., que compõem a extensão e/ou estes outros detalhes. Se o recurso estiver em forma compacta, omita a indicação da extensão. Competência 02 37 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual a) Dados: Forneça o número ou o número aproximado de registros (use registros) e/ou bytes (a palavra pode ser registrada tanto de forma completa quanto abreviada). Exemplo: Dados eletrônicos (1 arquivo: 600 registros, 2400 bytes) b) Programas: registre o número ou o número aproximado de instruções (use instruções) e/ou bytes (a palavra pode ser registrada tanto de forma completa quanto abreviada). Exemplo: Programa eletrônico (1 arquivo : 200 instruções) c) Arquivos múltiplos: forneça o número ou o número aproximado de registros e/ou bytes e de instruções e/ou bytes de cada parte de acordo com os itens a) e b) acima. Exemplo: Dados eletrônicos (3 arquivos: 100, 460, 550 registros) Regra 9.4. Área da Publicação, Distribuição, etc. Registre a informação a respeito do lugar, nome e data de todos os tipos de atividades de publicação. Considere como publicado todo recurso eletrônico de acesso remoto. Regra 9.4C. Lugar de publicação, distribuição, etc. Registre o lugar de publicação, distribuição de um recurso eletrônico publicado. Não registre um lugar de publicação, distribuição, etc. de um recurso não publicado. Não registre s. l. nesse caso. 9.4D. Nome do editor, distribuidor. Registre o nome do editor etc. e, opcionalmente, o do distribuidor de um recurso publicado. Não registre o nome de um distribuidor, etc. de um recurso não publicado. Não registre S. n. nesse caso. Competência 02 38 Técnico em Biblioteca 9.4F. Data de publicação, distribuição, etc.: Registre a data de publicação, distribuição, etc. de um recurso eletrônico publicado. Registre a data de criação de um recurso não publicado. Registre em nota quaisquer datas que possam ser úteis. Regra 9.5. Área da Descrição Física. • Registre o número de unidades do suporte físico, em algarismos arábicos. Exemplo: 1 disquete de computador 1 CD‐ROM 1 Blue‐Ray • Registre son. Se o recurso foi codificado para produzir som e registre color. Se codificado para apresentar duas ou mais cores. Exemplo: 1 disquete de computador: son., color. • Registre as dimensões físicas. Exemplo: 1 disquete de computador: color.; 3 ½” • Registra‐se o material adicional existente. Exemplo: 1 disquete de computador: color.; 3 ½” + 1v(51p.: il.; 20cm) 9.6 Área da Série. A série será indicada quando constar do item. 9.7 Área das Notas. As notas mais comuns são: • Fonte do título principal; • Requisitos do sistema, ou seja, qual software o recurso deve rodar; Competência 02 39 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual • Língua e alfabeto; • Fonte do título principal; • Indicações de responsabilidade; • Público a que se destina; • Resumo; • Conteúdo. Ampliemos a situação até o momento abordada para imagens, texto, vídeos, gravações sonoras em ambiente digital. Você sabia que um sistema de informação pode contemplar várias tipologias documentais, ou seja, materiais audiovisuais em formato digital e que precisam ser processados e recuperados através de computador? Chamamos tais sistemas de sistemas multimídia. E como descrever esses objetos digitais para que sejam devidamente recuperados pelos usuários em ambiente web? Vamos nos reportar mais uma vez à disciplina Representação Descritiva, que trabalhou com o padrão de metadados Dublin Core. Lembra‐se dele? Evitaremos aprofundar cada elemento de descrição, visto que a professora Vildeane Borba já o fez com bastante propriedade. A importância que daremos aqui é a aplicação prática para vídeo, áudio, imagem, entretanto, não deixaremos de relembrar quais são os elementos de descrição trazidos pelo Dublin Core. Borba (2009, p. 59) diz que “O Dublin Core é um padrão de metadados mantido pela Dublin Core Metadata Initiative (DCMI) e suas especificações são autorizadas pelos padrões ISO 15836‐2003 e NISO Z39.85‐ 2001, que autorizam a descrição documental com qualidade.” Ele apresenta os seguintes elementos de descrição, de acordo com o quadro 09: Veja aqui textos sobre sistemas multimídia já desenvolvidos: www.rnp.br/_arqui vo/wrnp2/2003/ts mdd01a.pdf http://inf.unisul.br/ ~ines/workcomp/c d/pdfs/2232.pdf Competência 02 40 Técnico em Biblioteca TÍTULO Um título dado ao recurso CRIADOR Uma entidade principal responsável pela elaboração do conteúdo do recurso ASSUNTO Assunto referente ao conteúdo do recurso DESCRIÇÃO Uma descrição sobre o conteúdo do recurso EDITOR A instituição responsável pela difusão do recurso CONTRIBUINTE Uma entidade responsável pela contribuição ao conteúdo do recurso DATA Data associada com um evento no ciclo de vida do recurso TIPO A natureza ou gênero do conteúdo do recurso FORMATO Manifestação física ou digital do recurso IDENTIFICAÇÃO Identificação não ambígua do recurso dentro de um dado contexto FONTE Uma referência para outro recurso o qual o presente recurso é derivado IDIOMA Idioma do conteúdo intelectual do recurso RELAÇÃO Uma referência a outro recurso que se relaciona com o recurso COBERTURA A extensão ou cobertura espaço-temporal do conteúdo do recurso DIREITOS Informações sobre os direitos do recurso e seu uso Quadro 09 ‐ Elementos de descrição do Dublin Core Fonte: Borba (2009). Outra autora, Breitman (2005), salienta que, o Dublin Core tem seu ponto forte relacionado à sua simplicidade, o que permite a utilização em larga escala, contudo, um fator que o enfraquece é não acomodar uma semântica mais expressiva, pois atua apenas como elemento de descrição de um recurso informacional em sentido restrito, não envolvendo significados ou conceitos relacionados. Diante disso, nada garante que dois conjuntos de metadados possam estar utilizando um conceito com significados diferentes ou dois conceitos com o mesmo significado. O DC, embora forneça descritores extensíveis, ainda não permite descrever de forma expressiva os diferentes recursos e conteúdos disponíveis na Web, tendo em vista os agentes de software. Por exemplo, não é possível associar ao autor de um livro outros recursos na Web, tais como sua página pessoal, seu e‐mail e a página da instituição a que ele pertence (CAMPOS; CAMPOS; CAMPOS, 2006, p. 64). Competência 02 41 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual Apesar dos pontos fracos, o Dublin Core tem se considerado elemento essencial para viabilizar a descrição de objetos digitais (OD) a fim de viabilizar a recuperação e a comunicação (interoperabilidade) com outros sistemas. Em projeto desenvolvido no ano de 2005, a Fundação Gilberto Freyre, representada pela sua equipe do Centro de Documentação, tentou esboçar requisitos funcionais para um futuro sistema multimídia a ser instalado. O sistema envolveria conteúdos de vídeos, entrevistas gravadas em fitas cassetes que foram digitalizadas com equipamentos específicos, fotografias digitalizadas, desenhos, correspondências, etc. Diante disso, foi preciso definir quais seriam os elementos de descrição que atenderiam as tipologias documentais como um todo. A opção foi utilizar o Dublin Core como padrão de metadados e, apesar de não ser dada continuidade ao projeto, apresentamos alguns requisitos que foram definidos. Porém, é preciso considerar que a definição dos elementos de descrição (metadados) para gerenciamento de objetos digitais multimídia depende do contexto e objetivos da instituição e do público a que se destina. É fundamental pensar sempre no usuário da informação. Além disso, é preciso considerar aspectos específicos de cada tipologia documental, ou seja, alguns campos mais gerais como autor, título, local podem ser utilizados em comum, entretanto, outras informações relevantes de cada item precisavam ser consideradas. Exemplo de elementos de descrição utilizados para acervo da Fundação Gilberto Freyre, que continha os fundos documentais de Gilberto Freyre, Mário Souto Maior e José Antonio Gonsalves de Mello em seu acervo: Competência 02 42 Técnico em Biblioteca SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ARQUIVOS PRIVADOS E/OU HISTÓRICOS Detalhamento do preenchimento dos campos para a base de dados. Código DESCRIÇÃO: Código identificador do documento. É composto por um conjunto de números identificadores do fundo, série, subsérie documental e registro de cada documento. Preenchimento obrigatório. MODELO: XXYYZZ‐NNNNN‐KKK XX = número identificador do fundo documental YY = identificador da série documental ZZ = identificador da subsérie NNNNN = identificador do documento/registro (sequencial) KKK = identificador do número de páginas do documento (sequencial) EXEMPLO: 020101‐00001‐001 Fundo DESCRIÇÃO: Conjunto maior da Coleção no qual pertence o acervo. Preenchimento obrigatório. EXEMPLO: Mário Souto Maior (XX=02) Série DESCRIÇÃO: Indica o tipo do documento. Preenchimento obrigatório. EXEMPLO: Correspondência (YY=01) Subsérie DESCRIÇÃO: Diretamente ligado à série documental, a subsérie é uma divisão desta. Só se faz necessária quando um acervo é composto por diversas tipologias documentais e Competência 02 43 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual necessita de um maior detalhamento da coleção. Quando não houver subsérie, este campo deverá ficar em branco, e o código ZZ receberá a numeração 00. EXEMPLO: Correspondência (série) ‐ Recebida de brasileiros (subsérie ‐ ZZ=01) Áudio (série) – não possui subsérie (ZZ=00) OBS.: Para o preenchimento da série e subsérie, observar a estrutura de organização do acervo Mário Souto Maior ao final destedocumento. Autor DESCRIÇÃO: Autor da obra/documento. Caso não haja, deixar o campo em branco. MODELO POR SÉRIE: CORRESPONDÊNCIA Nome do remetente ICONOGRAFIA Nome do autor da obra (fotógrafo, desenhista, pintor etc.) ÁUDIO Quando uma entrevista, nome do entrevistador. Quando uma música, o compositor. Se um disco inteiro, o intérprete.* VÍDEO Nome do diretor DOCUMENTOS PESSOAIS Nome do autor do documento (normalmente não há). DOCUMENTOS TEXTUAIS Nome do autor do texto. No caso de uma obra com vários autores, o organizador.* * A definição do autor, nesses casos, será dada de acordo com o documento que está sendo indexado. Se ao invés da obra completa estiver sendo tratada uma peça única (uma música, um artigo, um capítulo de livro), o autor será o autor do texto ou o compositor da música, sendo que o intérprete ou o organizador da obra completa será indexado no campo contribuição. EXEMPLO: Mário Souto Maior Titulo DESCRIÇÃO: Título da Obra. Caso não tenha, deixar o campo em branco. MODELO POR SÉRIE: Competência 02 44 Técnico em Biblioteca CORRESPONDÊNCIA Sem título (deixar em branco) ICONOGRAFIA Título da obra/motivo fotográfico EX.: Gilberto Freyre em sua casa de Apipucos ÁUDIO Título da obra EX.: Entrevista concedida ao Diário de Pernambuco VÍDEO Título do vídeo EX.: Os 80 anos de Mário Souto Maior DOCUMENTOS PESSOAIS O que é o documento EX.: Passaporte de Gilberto Freyre DOCUMENTOS TEXTUAIS Título da obra EX.: Casa‐grande & Senzala Edição DESCRIÇÃO: A edição do documento. Campo alfanumérico. Caso não haja, deixar em branco. MODELO POR SÉRIE: CORRESPONDÊNCIA Não há (deixar em branco). ICONOGRAFIA Pode haver no caso de mapas ou ilustrações em série. Na maioria dos documentos não há. ÁUDIO Não há (deixar em branco). VÍDEO Não há (deixar em branco). DOCUMENTOS PESSOAIS O número da via do documento. Ex.: Se 2ª via, edição = 2. DOCUMENTOS TEXTUAIS O número da edição do documento. Ex.: se 15ª edição = 15. Local_origem DESCRIÇÃO: Local onde o documento foi produzido/impresso. Se não houver, deixar em branco. DESCRIÇÃO POR SÉRIE: CORRESPONDÊNCIA Local onde o remetente enviou a correspondência. ICONOGRAFIA Local onde foi produzida a obra. ÁUDIO VÍDEO DOCUMENTOS PESSOAIS Local onde foi expedido o documento. DOCUMENTOS TEXTUAIS Cidade onde foi publicado o documento. Competência 02 45 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual MODELO: Cidade – Sigla do Estado ‐ País; Sigla do Estado ‐ País; Cidade ‐ País; País. * Somente para os documentos textuais deve‐se utilizar apenas a cidade de publicação do documento. EXEMPLOS: Recife ‐ PE ‐ Brasil BA ‐ Brasil Paris ‐ França Estados Unidos Editor DESCRIÇÃO: Editora, gravadora etc. Caso não haja, deixar em branco. MODELO POR SÉRIE: CORRESPONDÊNCIA Não há (deixar em branco). ICONOGRAFIA Pode haver no caso de mapas ou ilustrações impressas. Na maioria dos documentos não há. ÁUDIO Nome da gravadora (se houver) VÍDEO Nome do estúdio de gravação (se houver). DOCUMENTOS PESSOAIS Nome do órgão expedidor. Ex.: Polícia Federal (no caso de passaporte); Universidade Federal de Pernambuco (no caso de diploma). DOCUMENTOS TEXTUAIS Nome da editora Data_publicação DESCRIÇÃO: Data de publicação, produção ou expedição do documento. Preenchimento obrigatório. MODELO: Data completa ‐ dd/mm/aaaa Ex.: 18/02/1978 Somente mês e ano ‐ mm/aaaa Ex.: 02/1978 Somente o ano – aaaa Ex.: 1978 Período – mm/aaaa a mm/aaaa Ex.: 09/1969 a 12/1969 Década – Década de XXXX Ex.: Década de 1970 Sem data Competência 02 46 Técnico em Biblioteca Contribuição DESCRIÇÃO: Dados de colaboração ou coautoria da obra. Se não houver, deixar em branco. DESCRIÇÃO POR SÉRIE: CORRESPONDÊNCIA O destinatário da correspondência. ICONOGRAFIA Coautoria, gravação, impressão (quando pessoa física, ou seja, quando não estiver caracterizado como editor). ÁUDIO O entrevistado, intérprete, arranjador, locutor etc. VÍDEO Produtor, roteirista, locutor etc. DOCUMENTOS PESSOAIS Pode haver nos casos de contrato(contratante ou contratado), certidão de casamento (cônjuge), entre outros. DOCUMENTOS TEXTUAIS Coautoria, organização, ilustração, prefácio, apresentação. MODELO: Tipo de contribuição: Nome do Colaborador. OBS.: Usar, sempre que possível, o nome do tipo de contribuição (ou função) na forma impessoal: organização, produção, coautoria, locução, roteiro, ilustração etc. EXEMPLOS: Ilustração: Luiz Jardim. Prefácio: Sérgio Buarque de Holanda. Organização: Fátima Quintas. Entrevistado: Gilberto Freyre. Coautoria: Edson Nery da Fonseca. Palavras-chave DESCRIÇÃO: Assuntos ou palavras‐chave que fazem referência ao documento. Não usar verbos. Devem ser separados por ponto‐e‐vírgula (;). EXEMPLO: Folclore; Danças populares; Carnaval. Fonte DESCRIÇÃO: Dados complementares da obra (se faz parte de uma série ou coleção) ou Competência 02 47 Tratamento e Organização de Recursos Eletrônicos e Audiovisual referência da obra ao qual o documento está relacionado – “in”. Se não houver, deixar em branco. MODELO: Quando se tratar de parte de uma obra (por exemplo, um artigo de periódico ou um capítulo de livro), colocar a referência da obra completa. EXEMPLOS: Série Documentos Brasileiros. Ciência da Informação. Brasília, v. 2, n. 2. Resumo DESCRIÇÃO: Resumo do conteúdo do documento. Máximo de 500 caracteres. MODELO: Usar texto corrido. EXEMPLO: "Casa‐Grande & Senzala é a primeira parte de uma vasta obra sobre a sociedade patriarcal no Brasil. “(...) são estudadas as características gerais da colonização portuguesa, visando à formação de uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica e híbrida em sua composição étnica e cultural." (Edson Nery da Fonseca). Notas DESCRIÇÃO: Refere‐se a informações relevantes a respeito da obra. MODELO: Usar texto corrido. EXEMPLO: Edição mais recente: 50ª ed. São Paulo, Editora Global, 2005. 719p., il. Imagem utilizada na publicação tal. Quadro utilizado numa exposição no Museu de Arte de São Paulo. Descrição_física DESCRIÇÃO: Dados físicos da obra. MODELO POR SÉRIE: Competência 02 48 Técnico em Biblioteca CORRESPONDÊNCIA Se manuscrita ou datilografada; quantidade de páginas. Ex.: manuscrita, 15p. ICONOGRAFIA* Técnica, dimensões, se em cores ou preto e branco etc. Ex.: 10x15 cm. Cor. Litogravura, 35x45,5 cm. Óleo sobre tela, 55x78cm. ÁUDIO Tipo de mídia(fita cassete, CD, LP, mini-disc), duração e quantidade de partes ou volumes. Ex.: fita cassete, 32 min. Parte 1. VÍDEO Tipo de mídia(VHS, Betacam, DVD), duração, em cor ou preto e branco, quantidade de partes ou volumes. Ex.: VHS, 96 min. P&B. 2 vol. DOCUMENTOS PESSOAIS Quantidade de páginas. Ex.: 2p. DOCUMENTOS TEXTUAIS Quantidade de volumes ou partes, páginas, se capa dura ou brochura, ilustrado, colorido, preto e branco. Ex.: 2 vol., il., P&B. 150. * Ver tabela de descrição detalhada para iconografia
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