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Eutanásia e o direito de escolha (Constitucional) Artigo jurídico DireitoNet

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12/03/2018 Eutanásia e o direito de escolha (Constitucional) - Artigo jurídico - DireitoNet
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ARTIGOS
Eutanásia e o direito de escolha
A eutanásia pode ser entendida como uma ação ou omissão
que impulsiona a morte de um paciente condenado, com o
intuito de evitar e prolongar o seu sofrimento.
 Por Gabriela Barbosa da Silva
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Introdução
A eutanásia traz à tona as discussões ocorridas em todas as esferas da
sociedade com questionamentos sobre princípios tais como a ética e a moral.
A eutanásia pode ser entendida como uma ação ou omissão que impulsiona a
morte de um paciente condenado, com o intuito de evitar e prolongar o seu
sofrimento
Aspectos gerais sobre a eutanásia
Longe de ser uma peripécia própria da sociedade, a eutanásia, vem ganhando
espaço, diante de problemas motivados pelas ações que resultam do
conhecimento do homem no século XX, que se desprendeu de determinados
fatores fundamentais para a evolução da sociedade.
Sendo um dos assuntos mais discutível nos tempos atuais em relação aos
direitos do homem, é também uma pauta polêmica que envolve o princípio
norteador que é a vida. A eutanásia traz à tona as discussões ocorridas em
todas as esferas da sociedade com questionamentos sobre princípios tais
como a ética e a moral.
 
DIREITO CONSTITUCIONAL | 12/FEV/2018

12/03/2018 Eutanásia e o direito de escolha (Constitucional) - Artigo jurídico - DireitoNet
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A eutanásia pode ser entendida como uma ação ou omissão que impulsiona a
morte de um paciente condenado, com o intuito de evitar e prolongar o seu
sofrimento, não se tem um conceito próprio, no entendimento básico, é
quando uma pessoa causa morte da outra enferma com seu consentimento,
estando o paciente em estado vegetativo ou terminal e passando por grande
sofrimento.  
Por se tratar da disponibilidade da vida humana, o estudo da eutanásia gera
interesses em todas as camadas e classes sociais. A complexidade do tema
envolve extremamente con�ito de valores e interesses, não só na perspectiva
jurídica, mas sobretudo no enfrentamento religioso, ético e moral.   
No ponto de vista individual do enfermo que pretende tal prática, é uma
maneira de abreviar o sofrimento causado por dores físicas e psicológicas
por se encontrar em determinada situação. Por outro lado, dispõe-se a tutela
jurisdicional do direito à vida, versado como irrenunciável, no qual na esfera
penal e religiosa, nenhum homem tem direito de interromper ou intervir na
vida do outro. 
A eutanásia não está expressa na legislação brasileira, no entanto o fato de
precipitar a vida de alguém é considerado crime. Conforme as circunstâncias
do feitio, a conduta do agente, até mesmo aquele que ajuda o paciente na
pratica da ação, facilitando os meios ou fornecendo material para o enfermo
cometer o suicídio, con�gura-se crime de participação ao suicídio, elencado
no artigo 122 do Código Penal Brasileiro.
No nosso ordenamento jurídico não aceita nem discrimina a prática da
eutanásia, mas não vai ao rigor de não lhe conceder o privilégio de
signi�cativo valor moral.
1. Conceito e origem
O termo eutanásia foi criada por volta do séc. XVII pelo �lósofo inglês
Francis Bacon, quando preceituou, na sua obra “Historia vitae et mortis”,
como tratamento mais adequado para as doenças incuráveis
Em sua etimologia estão duas palavras gregas: EU, que signi�ca bem ou boa,
e THANASIA, equivalente a morte. Em sentido literal, a “eutanásia” signi�ca
12/03/2018 Eutanásia e o direito de escolha (Constitucional) - Artigo jurídico - DireitoNet
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“boa morte”, a morte calma, a morte piedosa e humanitária. 
No mesmo sentido, em outras palavras, para Morselli (apud GOMES, 1969,
p.156),a eutanásia é “aquela morte que alguém dá a outrem que sofre de uma
enfermidade incurável, a seu próprio requerimento, para abreviar a agonia
muito grande e dolorosa”.
Lanaem sua monogra�a “Eutanásia- Ritos e Controversas Médico-Legais”
de�niu, basicamente, o sentido da eutanásia como sendo 
“o de uma boa ou bela morte, em sentido mais amplo, a de�niu como “ajuda
para morrer”. A ideia é antecipar a morte de um paciente em caso irreversível ou
terminal frente a um pedido dele ou de seus familiares para que a pessoa possa
morrer dignamente e não permaneça sofrendo com a dor”. (LANA, 2003, p.2)
No mesmo momento em que parte da eutanásia é vinculado a um ato de
bondade, a objeção na possibilidade que dá ao ser humano tirar a vida de
uma pessoa quando muitos aduzem que isto é antiético ou a
responsabilidade cabe à Deus ou um crime.
Nesta mesma linha de pensamento Carneiro (1998), a�rma que o termo
eutanásia passou a designar a morte deliberadamente causada a uma pessoa
que sofre de enfermidade incurável ou muito penosa, para suprir a agonia
longa e dolorosa do denominado paciente terminal. O seu sentido ampliou-
se e passou a abranger o suicídio, a ajuda a bem morrer, o homicídio piedoso.
Nessa concepção, observa-se que o signi�cado da palavra eutanásia
progrediu com o decorrer dos anos e exigiu nomenclatura especí�ca para
designar diversas condutas, a�uindo seu signi�cado apenas para a morte
causada por conduta do médico sobre a situação de paciente incurável e
terrível sofrimento.
2. Origens históricas
A eutanásia no seu contexto histórico revela que os valores sociais, culturais
e religiosos in�uenciam de maneira fundamental nas opiniões contrárias ou
favoráveis à prática da mesma.
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Diante desse contexto, da evolução histórica da eutanásia, convém
evidenciar que Silva (2000), relata que os gregos conheceram, praticaram e
da qual se tem provas históricas é a que se chama “falsa eutanásia”, ou seja,
a eutanásia de fundamento e �nalidade “puramente eugênico”. 
Em Atenas, em 400 a.c., Platão pregava no 3º livro de sua “República” o
sacrifício de velhos, fracos e inválidos, sob o argumento do fortalecimento
de bem-estar e da economia coletiva. 
De acordo com Bandeira a�rma relatos que 
“Em Esparta, que era uma sociedade guerreira por excelência, era prática comum
lançar-se do monte Taígeto os nascituros que apresentassem defeitos físicos”.
Evidenciando também que na Índia antiga, os doentes incuráveis, assim
compreendidos aqueles considerados inúteis em geral, eram atirados
publicamente no Rio Ganges, depois de obstruídas a boca e obstruídas a boca e as
narinas com um pouco de barro. (BANDEIRA, 2012, p)
Na mesma linha de historicidade, Asúa (2003), ressalta que os celtas, além
de matarem as crianças deformadas, eliminavam também os idosos (seus
próprios pais quando velhos e doentes), uma vez que os julgavam
desnecessários à sociedade, haja vista que os mesmos não contribuíam para
o enriquecimento da nação.
A igreja aderiu à posição contrária à eutanásia, pois entende que a
antecipação da morte está em desacordo com as leis de Deus, a lei natural.
Bandeira relata que
Na década de 90 vigorou, por alguns meses, na Austrália uma lei que
possibilitava formalmente a eutanásia, sendo os seguintes critério como: vontade
do paciente, idade mínima de 18 anos, doença incurável, inexistência de qualquer
medida que possa curar o paciente, precisão do diagnóstico, inexistência de
depressão, conhecimento do paciente dos tratamentos disponíveis, capacidade de
decisão. (BANDEIRA,2002, p.12)
Outro considerável acontecimento que ocasionou foco sobre o tema foi a
Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, Menezes (1997) relata que baseado
nas teorias do jurista alemão CarlosBinding e do psiquiatra de origem
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germânica Alfredo Hoche, os quais se tornaram os profetas da eugenia, em
outras palavras, da eliminação da vida por razões médicas ligadas
principalmente à puri�cação da raça humana, ao publicarem um folheto
intitulado: “A autorização para exterminar as vidas sem valor vital”.
É relevante mencionar que eugenia foi o termo criado por Francis Galton
(1822-1911), que a de�niu como sendo o estudo dos agentes sob o controle
social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras
gerações seja física ou metal. Tutelava à melhoria constante da raça humana,
a ideia de que a inteligência é predominante herdada e não fruto da ação
ambiental.
Diante desse conceito, Goldim relata que,
“em algum momento, pode –se confundir a eugenia com a eutanásia como sendo
uma só �gura, sendo uma eutanásia eugênica, porém, a eutanásia e eugenia são
condições totalmente diversas, pois, a primeira justi�ca-se exclusivamente com
respaldo na piedade humana, que inexiste na segunda.” (GOLDIM, 2000, p.05.)
O mesmo autor, menciona também um fato ocorrido na Inglaterra em 1931,
quando foi proposta uma lei para a legalização da eutanásia voluntária, que
só foi discutida em 1936 e rejeitada pela Câmara dos Lordes. Entretanto, essa
proposta serviu de modelo para os holandeses.
Nesta mesma perspectiva, Goldin (2000) aponta que a primeira
regulamentação nacional sobre o tema foi no Uruguai no ano de 1934, em
que se inclui no Código Penal como sendo a possibilidade do “homicídio
piedoso”. Esta legislação ainda continua em vigor até a presente data.
3. Modalidades da eutanásia
Para a caracterização da eutanásia, existem formas a serem de�nidas como
“a intenção e o efeito da ação”. A intenção de realizar a eutanásia pode gerar
uma ação referida como eutanásia ativa, ou também o ato deliberado de
provocar a morte sem sofrimento do paciente, por �ns misericordiosos.
De outro modo, quando a morte do paciente ocorre, dentro de uma situação
de terminalidade, ou porque não se inicia uma ação médica ou pela
interrupção de uma medida extraordinária, com o objetivo de minorar o
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sofrimento é chamada de eutanásia passiva ou indireta. Há também outra
de�nição chamada de eutanásia de duplo efeito, sendo quando a morte é
acelerada como uma consequência indireta das ações médicas que são
executadas visando o alívio do sofrimento de um paciente terminal.
Quanto ao consentimento do paciente é estabelecida existem três formas de
eutanásia: aeutanásia voluntária, ato que a morte é provocada atendendo a
uma vontade do paciente; a eutanásia involuntária, quando a morte é
provocada contra a vontade do paciente; e pôr �m a eutanásia não
voluntária, quando a morte é provocada sem que o paciente tivesse
manifestado sua posição em relação a ela. 
Diante desta classi�cação, quanto ao consentimento, visa estabelecer, em
última análise, a responsabilidade do agente, no caso o médico. Esta
discussão foi proposta por Neukamp:
Vale lembrar que inúmeros autores utilizam de forma indevida o termo
voluntária e involuntária no sentido do agente, isto é, do pro�ssional que executa
uma ação em uma eutanásia ativa. Voluntária como sendo intencional e
involuntária como a de duplo-efeito. Estas de�nições são inadequadas, pois a
voluntariedade neste tipo de procedimento refere-se sempre ao paciente e nunca
ao pro�ssional, este deve ser caracterizado pelo tipo de ação que desempenha
(ativa, passiva ou de duplo-efeito). (GOLDIM apud NEUKAMP, 2000, p.10)
No Brasil, em 1928, o Prof. Ruy Santos, na Bahia, propôs que a eutanásia
fosse classi�cada em dois tipos, de acordo com quem executa a ação:
Eutanásia-homicídio: quando alguém realiza um procedimento para terminar
com a vida de um paciente.Eutanásia-homicídio realizada por médico;
Eutanásia-homicídio realizada por familiar; Eutanásia-suicídio: quando o
próprio paciente é o executante. Esta talvez seja a ideia precursora do Assistido.
(GOLDIM apud SANTOS, 2000, p. 07)
Por �m, o Prof. Jiménez, em 1942, propôs que existem, a rigor, apenas três
tipos:
Eutanásia libertadora, que é aquela realizada por solicitação de um paciente
portador de doença incurável, submetido a um grande sofrimento;
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Eutanásia eliminadora, quando realizada em pessoas, que mesmo não estando
em condições próximas da morte, são portadoras de distúrbios mentais. Justi�ca
pela "carga pesada que são para suas famílias e para a sociedade"
Eutanásia econômica, seria a realizada em pessoas que, por motivos de doença,
�cam inconscientes e que poderiam, ao recobrar os sentidos sofrerem em função
da sua doença. (ASÚA, 1942, p.85)
Nos próximos tópicos será feito uma abordagem acerca das classi�cações da
ortotonásia, distanásia e mistanásia.
3.1. Ortotanásia
A ortotanásia é considerada como a morte que acontece no seu tempo certo,
tendo apenas o acompanhamento para que seja menos sofrível possível e de
forma natural. No caso de pacientes terminais, não é imposto um tratamento
longo e sofrido, que não trará nenhum benefício. 
No entanto, a ortotanásia não pode ser confundida com a eutanásia, pois a
primeira não retira a vida do paciente e nem encurta, ao mesmo tempo em
que não prolonga excessivamente a vida dele. 
Para Borges 
[...]etimologicamente, ortotanásia signi�ca morte correta, orto: certo,thanatos:
morte. Signi�ca o não prolongamento arti�cial do processo de morte, além do
que seria o processo natural, feito pelo médico. (BORGES,2001, p.287)
Em complementação ao conceito de ideias, pode-se acrescentar também a
norma prevista no artigo 15 do Código Civil de 2002 a qual dispõe que
“ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou intervenção cirúrgica”, em razão também do
princípio da liberdade ao próprio corpo. 
Determinados autores, como Freire (2005, p.39) entendem que a eutanásia
passiva e ortotanásia são sinônimos. Porém, com a Resolução n. 1.805/2006
do Conselho Federal de Medicina (CFM), o conceito de ortotanásia passou a
ter um contexto mais amplo, pois não envolve somente a omissão, mas
também cuidados necessários que aliviam os sintomas, evitando os
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sofrimentos. De acordo com a mencionada resolução (Res. n.1.805/2006,
CFM):
Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico
limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do
doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que
levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a
vontade do paciente ou de seu representante legal (BRASIL, 2006)
Entretanto, existem casos, em que o paciente não tem condições de
expressar-se a sua vontade, seja em circunstâncias dos efeitos de
medicamentos, do próprio estado mental ou mesmo do estado de
inconsciência (em coma, ou vegetativo). Estas situações devem ser
rigidamente analisadas, onde pertencerá a família decidir pela manutenção
ou não dos tratamentos direcionados ao paciente terminal.
Vale ressaltar que a ortotanásia é também considerada a morte no tempo
certo, sem prolongar o sofrimento, a �m de evitar a distanásia.
3.2. Distanásia
A distanásia busca preservar a vidade qualquer modo, utilizando todos os
meios disponíveis na medicina e até os que não estão disponíveis. 
Pessini publicou na Revista Bioética, que a distanásia:
“Trata-se, assim, de um neologismo, uma palavra nova, de origem grega. O
pre�xo grego dis tem o signi�cado de "afastamento", portanto a distanásia
signi�ca prolongamento exagerado da morte de um paciente. O termo também
pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil. Trata-se da atitude
médica que, visando salvar a vida do paciente terminal, submete-o a grande
sofrimento. Nesta conduta não se prolonga a vida propriamente dita, mas o
processo de morrer. No mundo europeu fala-se de "obstinação terapêutica", nos
Estados Unidos de "futilidade médica" (medical futility)”. (PESSINI, 2009, p.49)
Nesta mesma perspectiva para Diniz (2006, p. 399):
Pela distanásia, também designada obstinação terapêutica (L’
acharnementthérapeutique) ou futilidade médica (medical futility), tudo deve ser
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feito mesmo que cause sofrimento atroz ao paciente. Isso porque a distanásia é
morte lenta e com muito sofrimento. Trata-se do prolongamento exagerado da
morte de um paciente terminal ou tratamento inútil. Não visa prolongar a vida,
mas sim o processo de morte [...] (DINIZ, 2006, p.399)
A distanásia é o oposto da ortotanásia, já que a distanásia fere a dignidade do
paciente, enquanto a ortotanásia, visa à morte digna.
No Brasil a discussão atual da distanásia ganhou um novo aliado após a
Resolução nº 1.805, de 9 de novembro de 2006, do Conselho Federal de
Medicina (2006) que diz 
"na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico
limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do
doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que
levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a
vontade do paciente ou de seu representante legal". (BRASIL, 2006)
Como justi�cativa, o Conselho a�rma que as unidades de terapia intensiva
do país recebem cada dia mais pacientes portadores de doenças crônicas-
degenerativas incuráveis com diversas intercorrências, ou mesmo paciente
com doenças agudas que tem uma rápida evolução para um quadro crônico
irreversível, tendo em vista um sobreviver precário ou mesmo vegetativo.
É importante também ressaltar q existência da Lei dos Direitos dos Usuários
dos Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (Lei nº 10.241/99), conhecida
como Lei Mário Covas, que assegura em seu art. 2º: "são direitos dos
usuários dos serviços de saúde no Estado de São Paulo: XXIII recusar
tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida" 
Dessa forma, entende-se que a vontade do paciente deve ser aceita.
 
3.3. Mistanásia
A mistanásia, é conhecida também como eutanásia social, ou morte
miserável, antes da hora
Nesse sentido Martin aborda que:
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[...] Dentro da categoria de mistanásia pode-se focalizar três situações, primeiro,
a grande massa de doentes e de�cientes que, por motivos políticos, sociais e
econômicos não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar
efetivamente no sistema de atendimento médico; Segundo, os doentes que
conseguem ser pacientes, para, em seguida, se tornar vítimas de erro médico e,
terceiro, os pacientes que acabam sendo vítimas de má-prática por motivos
econômicos, cientí�cos ou sociopolíticos [...] (MARTIN, 1998, p.172)
Tal prática é incompatível como o nosso ordenamento jurídico, por toda
principiologia constitucional, pela inviolabilidade do direito à vida, e pela
determinação do artigo 1º da CRFB em seu inciso III, que positiva:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana
Entende-se que a mistanásia é decorrente de falhas do sistema de saúde, por
motivos sociais, os pacientes são vítimas de má prática por motivos
econômicos, cientí�cos ou sociopolíticos, por exemplo, quando um médico
intencionalmente retira órgão vital de indivíduo com esperança de vida.
Enquanto a mistanásia provoca a morte antes da hora de uma maneira
dolorosa e miserável, a eutanásia provoca a morte antes da hora de uma
maneira suave e sem dor.
4. A eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro
A eutanásia é observada de vários aspectos, considerando as culturas e
realidades de cada país. Entretanto, o ordenamento jurídico brasileiro
consagra o direito à vida como o mais fundamental dos direitos, até mesmo
conferida pelo Código Penal. 
Não obstante, a legislação brasileira é tácita em razão do tema, juristas
buscam incluir a eutanásia em tipos penais já existentes, doutrinadores
dividem opiniões considerando como homicídio doloso privilegiado o ato de
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matar ou até mesmo deixar morrer uma pessoa enferma que é motivada pelo
sofrimento do doente.
Em conformidade com o art. 121, § 1º do Código Penal Brasileiro em vigor
diz: 
“Se o agente comete crime impedido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”.
(BRASIL, 1940)
Não há normas positivadas que versem objetivamente sobre o tema, porém o
conteúdo traz debates e problemas de natureza existenciais sobre a vida e a
morte.
Em suma, no Código Penal Brasileiro não possui nenhuma tipi�cação
criminal positivada que permite tal prática, o que ocorre de fato são
comparações entre modos como realiza a eutanásia. 
Diante desse quadro, vale ressaltar que diferente da eutanásia, a ortotanásia,
não oferece ação de ofender a vida, dessa forma, não se fala do homicídio
previsto no artigo 121, do Código Penal, e também não se fala em omissão de
socorros, não tange a omissão prevista no artigo 4°, do Código Penal, visto
que se lida de paciente em estado irreversível, já havendo recebido os
cuidados necessários para sua recuperação hipotética, mas sem sucesso.
Sequer fere o princípio da dignidade humana, prevista no artigo 1º, III, da
Constituição Federal. O único impedimento que poderiam cogitar para esta
prática, talvez seja o fato de a vida ser entendida, pela doutrina, como direito
indisponível.
Na eutanásia, o médico ou paciente e familiares optam em aplicar altas
dosagens de medicação, a�m de que o paciente-enfermo não sofra nem
sinta dor, assumindo o risco da morte, este é comparado ao crime de
homicídio privilegiado já mencionado. Privilegiado pelo fato de ser um
motivo de valor moral ou social, em que são valores justi�cados por
interesses pessoais, além da fragilidade da sociedade movida pela compaixão
e piedade daquele que se encontra nessa situação.
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Já na mistanásia, uma das modalidades de eutanásia, é comparada a uma
omissão de socorro ou tratamento, inserida no artigo 135 do Código Penal,
em seu parágrafo único, pelo fato de deixar de prestar assistência necessária.
Diante desse contexto, vale ressaltar que não existe uma legislação
especí�ca para a eutanásia, há projetos de lei já criados para a luta de pós e
contra a sua legalização.
5. Projetode Lei nº 5.058/2005
Villas-Boas (2005, p.118), em sua obra que menciona: Aspectos polêmicos na
disciplina jurídico-penal do �nal da vida. Relata, que no ano de 1984 ocorreu
um movimento para modi�car parte especial do Código Penal de 1940, de
forma a incluir um terceiro parágrafo ao artigo 121. Este regulamento,
isentaria de pena o médico que, com consentimento da vítima ou,
ascendente, descendente, cônjuge ou irmão, para eliminar-lhe o sofrimento,
antecipado a morte iminente e inevitável, atestada por outro médico.
Segundo Adoni (2003, p.98) o parágrafo a ser acrescentado isentava a
punição do agente que agisse ao ato da eutanásia ativa ou passiva, incluindo
todos os casos classi�cados, prevalecendo à autonomia do paciente, quando
às hipóteses de eutanásia involuntária, quando o enfermo não estivesse apto
para declarar seu consentimento.
Entretanto, não foi dado seguimento na reforma, o que motivou a nomeação
de uma comissão incumbida de elaborar o anteprojeto de 1994 para reforma
da parte especial do Código Penal, vinculada a essa concepção
“Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém, por meio arti�cial, se
previamente atestado, por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e
desde que haja consentimento do doente, ou a impossibilidade, de ascendente,
descendente, cônjuge ou irmão”. (VILLAS-BOAS, 2005, p.195)
A mesma autora ainda relata que, a mudança entre os textos, é que
anteriormente a conduta era normatizada como “antecipar a morte” para
“deixar de manter a vida”, dessa forma, o centro da exclusão de punibilidade
por prática eutanásica para descriminalização da ortotanásia, tornando lícita
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a suspensão de tratamento médico fútil ante a inevitabilidade e iminência da
morte do paciente.
Adoni (2003, p.97) relata que no ano de 1996 tramitou no Congresso
Nacional o projeto de Lei nº 125/1996 que nunca entrou em votação. Em 1999
novamente foi elaborada uma nova proposta de reforma. Com a aprovação
do anteprojeto do Código Penal de 1999 surgiram dilemas com a
diferenciação com cada tipo crime em motivos torpes e fúteis, onde o agente
aproveita da pena diminuída nos casos de eutanásia e da exclusão de ilicitude
nos casos de ortotanásia.
Em contrapartida, à legalização da Eutanásia ou em punições mais brandas
para a prática, o Deputado Osmânio Pereira, em 2005, criou um projeto de lei
(Projeto de Lei nº 5.058 /2005) para de�nir a eutanásia como sendo um
crime hediondo, em sua justi�cativa foi que:
“Ao garantir os direitos fundamentais e invioláveis todas as pessoas, sem
qualquer distinção e, portanto, sem distinguir, tampouco, o estágio da vida em
que se encontrem, a Constituição Federal cita, em primeiro lugar, o direito à vida.
Fá-lo com toda lógica, posto que, sem esse direito, que é de todos os primeiros
nenhum sentido teriam os demais”. (PEREIRA, 2005)
Entretanto, o deputado estabeleceu que o objeto do Projeto de Lei nº
5.058 /2005
“O objeto deste Projeto é a defesa da vida bem como da Constituição e da
soberania do nosso País, contra a “cultura da morte”, que vem tentando nos
impor os países estrangeiros onde isso já impera e contra pessoa e entidades que,
conscientemente ou não trabalham à serviço desse propósito assassino”.
(PEREIRA, 2005)
Novamente o projeto foi arquivado, dessa vez no mesmo ano em que foi
proposto por não haver nenhum apoio ou importância.
6. A eutanásia no direito comparado
Não há que se falar em paci�cação quando o assunto é a eutanásia, já que
existem opiniões favoráveis e contrárias acerca do assunto; a análise
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doutrinária sobre a temática da eutanásia vem sendo discutida há tempo, e
envolve pessoas de todos os campos da ciência.
Ao contrário do que se pensa a eutanásia tem sido aceito em alguns países,
que já permitem as suas diferentes formas, é mister salientar que a aceitação
da eutanásia vem ocorrendo em função de que todas as pessoas estão
sujeitas a enfermidades incuráveis, não levando em consideração costumes,
raça ou cultura.
“é preciso, antes de tudo, proteger a vulnerabilidade da humanidade e ao dever
de viver, acrescer o direito de morrer. Já que nos tempos hodierno, a eutanásia
tem tido uma extensão mundial, em todos os sentidos em se tratando da
expansão do assunto e sua prática.” (JONAS, 1997, p.103)
A eutanásia é um assunto pouco abordado, podendo citar como exemplo que
na América Latina, apenas as legislações do Peru, Uruguai e Colômbia
aceitam a hipótese do perdão judicial para o homicídio eutanásico.
Abaixo será feita uma breve explicação acerca das Constituições ou Leis que
permitem a prática da eutanásia em alguns países.
Uruguai
O Uruguai é constantemente referência a este assunto, isso dado que, a partir
do ano de 1934, com embasamento do Código Penal Uruguaio (Lei n. 9.914),
o país prevê a possibilidade de os juízes isentarem de pena o sujeito que
comete o autodenominado “homicídio piedoso”, de acordo com o artigo 37
desta Lei:
Articulo 37: Del homicídio piadoso: Los Jueces tien en la facultad de exonerar de
castigo al sujeto de antecedentes honorables, autor de un homicidio, efectuado
por móviles de piedad, mediante súplicas reiteradas de la víctima. (URUGUAI,
1934)
Apesar do Uruguai não ter expressamente legalizado a prática da eutanásia,
foi o primeiro país do mundo a admitir sua prática, autorizando ao juiz, após
estudo do caso em si, decidir pela vantagem da pena ao agente que adiantar a
morte de uma pessoa em estado terminal, a partir do momento que
cumprido determinados requisitos
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De acordo com a legislação uruguaia, é facultado ao juiz a exoneração do castigo
a quem realizou este tipo de procedimento, desde que preencha três condições
básicas: ter antecedentes honráveis; ser realizado por motivo piedoso, e a vítima
ter feito reiteradas súplicas. (GOLDIM, 1997, p.98)
Relevante aduzir que o mesmo tratamento não é dado ao suicídio ou morte
assistida, constituindo crime, nos termos do artigo 315 do Código Penal
Uruguaio:
Holanda
Um dos primeiros países legalizar e regulamentar a prática da eutanásia foi a
Holanda, distinto do Uruguai que apenas permitiu aos juízes, à frente do
caso concreto.
O primeiro caso aconteceu em 
“uma médica geral, Dra. Geertruida Postma, foi julgada por eutanásia,
praticada em sua mãe, com uma dose letal de mor�na. A mãe havia feito
reiterados pedidos para morrer. Foi processada e condenada por homicídio,
com uma pena de prisão de uma semana (suspensa), e liberdade condicional
por um ano. Neste julgamento foram estabelecidos os critérios para ação do
médico”.
Após o ocorrido desse caso Postma, diversas manifestações públicas, a
jurisprudência do país foi ornamentando e estabelecendo critérios gerais
para a legalização da prática da eutanásia.
No ano de 2001 o país legalizou a prática da eutanásia, alterando os artigos
293 e 294 da Lei Criminal Holandesa, como menciona Goldin (2003): 
“[...] os novos critérios legais estabelecem que a eutanásia só pode ser realizada:
Quando o paciente tiver uma doença incurável e estiver com dores insuportáveis.
O paciente deve ter pedido, voluntariamente, para morrer. Depois que um
segundo médico tiver emitido sua opinião sobre o caso”. (GOLDIM, 2003, p.109)
Dado o exposto é importante salientar que, apesar de legalizada, a eutanásia
sofre intenso controle no país, estando cada caso encaminhado a uma
comissão regionalformada por médicos, juízes e sociólogos que carecem se
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manifestar pela viabilidade ou não do método e em caso de dúvida o caso é
sujeito ao poder judiciário.
Bélgica
A Bélgica e a Holanda são os únicos dois países do mundo que legalizaram
expressamente a prática da eutanásia. Nessa mesma perspectiva,
complementa que:
“A legalização da eutanásia na Bélgica ocorreu em maio de 2002, após
manifestação favorável do Comitê Consultivo Nacional de Bioética que decidiu 8
encarar de frente este dilema, até então tratado de forma clandestina pelos
médicos de todo país. Inicialmente, a lei belga foi mais rígida que a holandesa,
não se admitindo a prática da eutanásia em menores de 18 anos, porém, a lei
permitia a eutanásia em pessoas que não estavam em estado terminal.”
(GOLDIM, 2002, p.117)
Na vigente legislação, assim como na antiga, é imprescindível autorização
do paciente, ato este que vem provocando muitas discussões, como descreve
o jornal Folha de São Paulo 
“[...] O pedido deve ser modo "voluntário, re�etido e repetido e que não seja fruto
de pressões externas", segundo a lei. Os responsáveis legais também deverão
autorizar a prática. Um ponto bastante debatido no país foi como de�nir se a
criança tem discernimento ou não. O texto determina uma avaliação do médico
responsável e também de um psiquiatra infantil para atestar a maturidade do
paciente. A ampliação da lei sofre a oposição de alguns pediatras e da hierarquia
católica belga, embora pesquisa do jornal local "La Libre Belgique" indique que
74% da população é a favor”. [...] (SÃO PAULO, 2014)
Da mesma maneira como ocorre na Holanda, na Bélgica todos os
procedimentos são obrigatoriamente vistos por um comitê especial e no caso
de eutanásia infantil é efetuado um longo processo juntamente aos pais com
apoio de psicólogos.
Suíça
Na Suíça o Direito Penal não entende entre a prática da eutanásia por um
médico ou não. Entretanto, um feito dessa importância nunca é quali�cado
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como assassinato. O Código Penal Suíço em seu artigo 114, dispõe como
homicídio privilegiado o fato de aquele que, “cedendo a um móvel honroso,
por exemplo a piedade”, dá morte àquele que faz “o pedido sério e
inequívoco”. Da mesma maneira, o art. 115, CP, considera passível de
punição a assistência ao suicídio apenas se o autor agiu “movido por um
motivo egoísta”.
A eutanásia não escapa à lei penal Suíça, pois conforme o seu artigo 113,
aquele que abreviar o sofrimento de um doente agonizante, movido pela
caridade, piedade ou sob efeito de confusão mental, estará agindo sob forma
de homicídio privilegiado.
Esta regulamentação é criticada pelos médicos (a Academia Suíça das
Ciências Médicas admite a eutanásia passiva) e por defensores da pratica, o
que ocasionou no Parlamento no ano de 1996, uma intervenção visando a
introdução no Código Penal de uma disposição com o seguinte regulamento:
Não há assassinato no sentido do art. 114, nem assistência ao suicídio no
sentido do art. 115, quando as seguintes circunstâncias são cumpridas:
I – A morte foi dada a uma pessoa a pedido sério e inequívoco do paciente
II – O falecido padecia de uma doença incurável, que tendo tomado um curso
irreversível com um prognóstico fatal, ocasionava-lhe sofrimentos físicos
ou psíquicos intoleráveis;
III – Dois médicos diplomados e independentes um do outro, e em relação ao
defunto, certi�caram-se previamente de que as condições indicadas no
segundo item foram preenchidas.
IV – A autoridade médica competente certi�cou-se que o paciente foi
devidamente informado
V – A assistência ao falecimento deve ser praticada por um médico com
diploma federal, escolhido pelo requerente entre os médicos que o atendiam.
(SUÍÇA, 1996)
A Suíça é mundialmente famosa quando o assunto é morte assistida, até
mesmo sendo chamada de “turismo de morte”, em razão de duas
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associações locais - Dignitas e Exit que provocam de forma rápida e indolor a
morte dos pacientes. 
Luxemburgo
Luxemburgo foi o terceiro país da União Europeia a legalizar a eutanásia, na
data de 18 de dezembro de 2013, o Parlamento luxemburguês aprovou a lei,
promulgada pelo chefe de Estado, que permite a prática da eutanásia.
Conforme o texto, “não será punido penalmente e não resultará em
nenhuma ação civil por danos e perdas o fato de um médico responder a um
pedido de eutanásia ou assistência ao suicídio”.
Portugal
A Lei Penal Portuguesa fala sobre o assunto no seu artigo 134, o qual permite
que a pena de prisão seja de até três anos, punindo, nesse caso apenas
quando esta é praticada com a intenção de matar a pessoa que a requer,
sendo a pena de incitação ou auxílio ao suicídio.
Após as breves explicações acima percebe-se, que estes ordenamentos
jurídicos estão preocupados em atender, até certo ponto, a vontade das
vítimas doentes, maiores de 18 anos que, devido à complexidade do
tratamento e o sofrimento extremo, possam vir a se encontrar desenganadas
e, ainda, tratando-se de forma livre as situações de ortotanásia quando as
terapias já se mostram inúteis, pelo fato de não haver qualquer possibilidade
de melhora, resguardando a autorização da eutanásia.
7. A autonomia e o consentimento do paciente
Não cabe ao médico, ainda que exista um motivo relevante descumprir a
manifestação de vontade do paciente em paralisar um tratamento, uma vez
que é inerente o direito do paciente, ainda que afetado por doença grave ou
incurável interromper o tratamento.
Quando um médico submete um paciente a um tratamento que vai contra
sua vontade, este pode estar praticando uma conduta típica, caracterizada
como crime de cárcere privado, constrangimento ilegal ou até mesmo lesão
corporal.
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Dessa forma, se faz tão importante a legalização da eutanásia, já que isto
permitirá que doentes incuráveis escolham entre a morte imediata ou no
prolongamento de uma vida que poderá ser sofrida.
Segundo Débora Diniz, antropóloga e diretora da Associação Internacional
de Bioética, a eutanásia não assassinato. Viver é sempre fazer escolhas,
inclusive escolher a hora de morrer.”, ela ainda demonstra que existem dois
princípios éticos que são utilizados na hora de escolher sobre a própria
morte: o princípio da dignidade da pessoa humana e o princípio da
autonomia.
A partir do momento que o paciente opta pela eutanásia é previsível que o
mesmo já fez um juízo de valores acerca das possibilidades do tratamento e
sobre a sua qualidade de vida, levando em conta tudo o que poderia ser feito
para melhorar a sua qualidade de vida.
Sendo assim, a autonomia do paciente já basta para justi�car a eutanásia,
não existindo razões para que se subordine a legitimidade da vontade do
paciente.
“Já se alçam vozes, naturalmente, para pedir uma maior �exibilidade das
condições. Os que consideram que um enfermo terminal que pede a eutanásia
atua de maneira sensata e digna, contrariamente ao que ocorre com o jovem
depressivo ou desempregado desesperado, raciocinam na realidade à luz de um
modelo implícito”. (MONTEIRO, 2000, p.464-465)
O paciente que decide pela eutanásia não faz uma escolha privada, muitas
das vezes ele pensa no próximo, já que sabe que poderá de alguma forma
diminuiro sofrimento daqueles que o amam.
A legalização da eutanásia afeta o vínculo social, ela não é uma questão de
ética pessoal e sim uma dúvida da ética sócio-política.
Pode-se resumir a objeção a eutanásia ou de sua regulamentação em três
palavras: nocividade, inutilidade e incongruência.
“[...] uma regulamentação da matéria seria nociva porque aumentaria o papel do
Estado em um campo concernente à vida privada e à liberdade dos indivíduos.
Seria inútil porque as normas morais e deontológicas da pro�ssão médica
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preenchem até agora este ofício e a recusa terapêutica tornou-se uma prática
aceita. É incongruente porque estas questões realçam o poder médico e este é o
único que deverá apresentar as respostas. (VIEIRA, 1999)”
Por �m, quando se discute o direito de morrer, questiona-se o direito do
doente terminal de ser ouvido, fazendo com que sua dignidade como pessoa
humana seja respeitada.
Conclusão 
Lidar com a vida e a morte, a dor e o sofrimento, a doença e a cura são um
aprendizado que supera os limites da ciência jurídica e requer uma
compreensão extrema da natureza humana. Por este motivo, quando alguns
juristas fundamentam acerca da eutanásia no direito a morrer com
dignidade vão contra a ciência que tenta procurar o sentido da vida. 
Em situações extremas, onde não há possibilidade de cura ou o paciente pode
�car com sequelas graves, a eutanásia seria o caminho mais fácil a ser
seguido, mas talvez não seja o mais digno. Quando se fala que não seria o
caminho mais digno vem a questão das variadas formas de tratamento que
existem para as diversas doenças e patologias hoje existentes, um exemplo
de um caminho que não seja digno pode-se citar a história do �lme “Como
eu era antes de você” (2016), no qual o personagem principal �ca
tetraplégico e não aceita os tratamentos ofertados, preferindo assim dar �m
ao seu sofrimento em uma clínica para a realização da eutanásia.
Referências 
ADONI, André Luiz. Bioética e Biodireito: Aspectos Gerais sobre Eutanásia e o
Direito a Morte Digna. Revista dos Tribunais. São Paulo, ano 9, v. 818, 2003.
BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.Curso de Direito Constitucional. 5ª Ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2010.
GOLDIN. José Roberto. Eutanásia – Colômbia. UFRGS. Rio Grande do Sul.
1998. Acesso em 15.09.2017.
GOLDIN. José Roberto. Eutanásia – Uruguai. UFRGS. Rio Grande do Sul. 1997.
Disponível em<http://www.bioetica.ufrgs.br/eutanuru.htm. Acesso em
12/03/2018 Eutanásia e o direito de escolha (Constitucional) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10561/Eutanasia-e-o-direito-de-escolha 21/22
15.09.2017.> Acesso em 30 de outubro de 2017.
MENDES, Gilmar Ferreira, Branco, Paulo Gustavo Gonet.Curso de direito
constitucional. 7ºed. Editora Saraiva. São Paulo - SP. 2012.
MENEZES, Evandro Correa de. Direito de Matar. Rio de Janeiro: Freitas
bastos, 1977
MONTERO, Etienne. Rumo a uma legalização da eutanásia voluntária?
Re�exões sobre a tese da autonomia. Revistas dos Tribunais. São Paulo, vol.
78 nº 89, 2000.
ORGAZ, Alfredo. Personas Individuales. Buenos Aires, Argentina: Editorial
Depalma, 1947. 10 Obra citada.
VILLAS-BOAS, Maria Elisa. Da eutanásia ao prolongamento arti�cial:
aspectos polêmicos na disciplina jurídico-penal do �nal da vida. Rio de
Janeiro: Forense,2005.
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TESTES
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