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1 Eletroforese, Imunoeletroforese e Cromatografia Prof. Dr. Killarney Ataide Soares Eletroforese - Envolve a separação de compostos carregados por meio da carga elétrica. Eletroforese - Carga elétrica: varia de substância para substância e do meio (básico, ácido, neutro). 1 – Generalidades - Aplica-se carga elétrica de alta voltagem. a) Fonte de energia (“Power supply”); Eletroforese b) Cuba eletroforética: acrílico ou outro plástico. Contém 2 pólos metálicos; 2 – Componentes sistema eletroforético c) Aplicadores: da amostra. Pipetas, tubos capilares; d) Corantes: brometo de etídio (cancerígeno) e nitrato de prata; e) Densitômetro: mede as frações de proteínas separadas Eletroforese f) Fotocolorímetro ou espectrofotômetro: mede as frações na solução eluída*; 2 – Componentes sistema eletroforético * Eluído é qualquer substância retirada com o auxílio de outra substância num sistema de eletroforese; 2 g) Suporte da amostra: papel (especial) ou géis (amido, agarose). É o local onde a amostra será “corrida” e separada. Eletroforese h) Tampão: solução que mantém o pH constante. 2 – Componentes sistema eletroforético - Formada por um ácido fraco e um sal desse ácido ou uma base fraca e seu sal. Ex: ácido fosfórico (H3PO4) e fosfato de sódio (NaH2PO4). Eletroforese Se adicionado HCl: H+Cl- + Na+H2PO4-→ H3PO4 + NaCl 2.1 – Solução tampão Se adicionado NaOH: Na+OH- + H3PO4→ NaH2PO4+ H2O 1) Submissão de uma solução à um campo elétrico. Eletroforese Cátions (+) se dirigem ao polo negativo (cátodo) e Ânions (-) vão para o polo positivo (anodo). 2.1.1 – Princípio 2) As substâncias são levadas pela corrente elétrica em função da sua carga elétrica. Figura 1: Componentes do sistema de eletroforese: cuba (A), suporte do gel com os polos (B), vidros do suporte do gel (C), pentes (D), borrachas de vedação dos vidros do suporte (E), tampa (F) e cabos de força (G) A B C D E F G 3 Figura 2: Cuba de eletroforese. Gel de agarose (transparente) no interior da cuba eletroforética. A amostra é inserida nos poços formados pelos dentes do “pente” (plástico branco) Figura 3: Sistema de eletroforese: cuba e fonte de energia. Cuba de eletroforese para separação das frações protéicas de uma amostra. Gel de agarose no interior da cuba eletroforética. Figura 4: Gel de agarose (contendo trechos de DNA), após corrida eletroforética e coloração pelo brometo de etídio. O gel é visualizado dentro de um aparelho transiluminador que emite luz ultravioleta (UV). Figura 5: Gel de agarose (contendo as proteínas diversas separadas), após corrida eletroforética e coloração pelo nitrato de prata. 4 - Separação e quantificação de frações das proteínas do organismo humano. Eletroforese - Síndromes renais, estados nutricionais, doenças hepáticas, alguns tipos de câncer etc… 3 – Usos 4 – Propriedades das proteínas 4.1 - Cargas elétricas Resultado da somatória das cargas de cada aa; Grupamentos laterais também participam; Quando a carga líquida = zero num determinado pH, têm-se o ponto isoelétrico (pI). Eletroforese 4.1 – Carga elétrica das proteínas - Proteínas com pI > 7� básicas (-); - Proteínas com pI < 7� ácidas (+); - A carga elétrica total define a forma de separação; - Existem 4 frações protéicas separáveis: albumina, α, β e γ. Eletroforese Peso molecular Fração globulínica Albumina Eletroforese HDL LDL VLDL 5 Zona albumina Eletroforese de proteínas • Função da albumina: manter a pressão oncótica e transportar substâncias endógenas e exógenas (PM 66.000). Marcadora de funcionamento glomerular e da barreira hematoencefálica. • Hipoalbuminemia: hepatopatias; perdas renais; perdas intestinais; subnutrição. Seus níveis podem ser influenciados por: hemoconcentração, postura e idade. • Coloração evidente na eletroforese a partir de 2,5 g/dL • Referência: 3,2 a 5,0 g/dL Zona albumina Eletroforese de proteínas Inter-zona albumina-alfa1 Eletroforese de proteínas Inter-zona albumina-αααα1 globulina • α1–Alfa-fetroproteína: Aumento: defeitos do tubo neural; carcinoma hepatocelular, tumores de células germinativas, hepatoblastoma e cólon. Deficiência: S. de Down. Metodologia: Imunofluorometria. • α1–antitripsina: proteína de fase aguda (artrites e vasculites). Deficiência (genética): associada a doenças hepáticas e pulmonar (enfisema). Metodologia: Nefelometria. Eletroforese de proteínas 6 • α1-Glicoproteína ácida: proteína de fase aguda. - Aumentada em artrite reumatóide, LES, neoplasia malignas e IAM; - Diminui por má nutrição, estrogenoterapia, grave lesão hepática e gastroenteropatias com grave perda de proteínas. Metodologia: Nefelometria Inter-zona albumina-αααα1 globulina Eletroforese de proteínas Zona alfa2 Eletroforese de proteínas • α2-macroglobulina: inibidora de proteases. Aumentada na CID; diabetes, estrogenoterapia e gravidez. Diminuída em hepatopatias crônicas e s. nefrótica. Metodologia: nefelometria. • Haptoglobina: proteína hepática. Transporta Hb livre até o SRE. Aumentada durante os processos inflamatórios e diminuída em síndromes hemolíticas. Metodologia: Nefelometria. Inter-zona albumina-αααα2 globulina Eletroforese de proteínas • Ceruloplasmina: é fixadora de cobre. Está diminuída nas anemias e Doença de Wilson. Aumentada em neoplasias malignas; proteína de fase aguda tardia. Nefelometria. Inter-zona albumina-αααα2 globulina Eletroforese de proteínas 7 Zona beta 1 Eletroforese de proteínas • Transferrina: transporta o Ferro do intestino até os tecidos. Está aumentada na depleção de Fe e diminuída nas perdas protéicas e hepatopatias crônicas. Metodologia: Indireta (cálculo) ou Imunoprecipitação enzimática. • C4-complemento: mediador de resposta imune; Diminuição: deficiência imunitária. Aumento: LES e glomerulonefrite. Monitoração em transplantados. Peculiaridade: soro deve ser congelado imediatamente. Metodologia: Nefelometria. Zona β1-globulina Eletroforese de proteínas Zona beta 2 Eletroforese de proteínas • β2-microglobulina: encontrada na superfície das células nucleadas. Pertence complexo HLA 1. Aumentada: na IR, mieloma e neoplasias (ligadas a linfócitos B). Metodologia: Quimioluminescência. • C3-complemento: mediador de resposta imune; indicador de reações de fase aguda ou de deficiência imunitária. Monitorização em transplantados. Metodologia: Nefelometria. Soro congelado deve ser congelado rapidamente. Eletroforese de proteínas Zona β2-globulina 8 • Fibrinogênio: origem hepática. Conversão à fibrina. Diminuído: deficiências hereditárias e CID. Aumentado: fase aguda e terapias hormonais (estrogênicas e androgênicas). Metodologia: Coagulométrico. Eletroforese de proteínas Zona β2-globulina • IgG, IgA, IgM, IgD, IgE: - Aumentadas em hepatopatias, mielomas, sarcoidose, parasitoses e alergias. -Diminuídas na AIDS, síndrome nefrótica. Metodologia: Nefelometria. • Proteína C-reativa: Aumentada: doenças agudas (bacterianas, reumáticas), doença arterial coronariana (prediz IAM) e Doença de Chron. Zona γ-globulina Eletroforese de proteínas • Proteína C-reativa: 2 tipos: Normal (0,4-0,5 mg/dL) e Ultrasensível* (a partir de 0,09 mg/dL). Aumentada: doenças agudas (bacterianas, reumáticas), doença arterial coronariana* (prediz IAM e AVC) e Doença de Chron. Zona γ-globulina Eletroforese de proteínas • Proteína C-reativa: - DAC: deposição gordura e formação de placas em vasos � � PCR US - IAM: já ocorrido � � PCR US, de acordo com área afetada. - Risco cardiovascular: Baixo (PCRUS < 1mg/dL), Médio (entre 1 e 3) e Alto (> 3 mg/dL). - Considera-se o risco em conjunto c/ outras dosagens: Col. Total, Relação CT/HDL, homocisteína e Apo-B100) e AUSÊNCIA DE OUTRAENFERMIDADE INFLAMATÓRIA!) Zona γ-globulina Eletroforese de proteínas 9 Perfis eletroforéticos patológicos: a) Mau fornecimento protéico: albumina↓ , α1 e α2↑, β↓, γ↑ b) Perdas protéicas – Síndrome Nefrótica: albumina ↓↓ , α1↑, α2↑↑, β↓, γ (varia) c) Hepatite crônica: albumina↓, γ↑ d) Hepatite aguda: albumina↓ ou normal, α1↑, α2 normal ou ↓, β e γ↑ e) Cirrose: albumina↓↓ , α1↓,α2 normal ou ↓, β↓, fusão das frações β e γ Eletroforese de proteínas - Separação das proteínas transportadoras de lipídios: HDL, LDL e VLDL. - Usos: diagnóstico de dislipidemais. DESVANTAGENS: - Limitações metodológicas; - Alto custo; - Substituição por: perfil lipídico, lipoproteína A, A- 1 e B-100. Eletroforese de lipoproteínas Peso molecular Fração globulínica Albumina Eletroforese de lipoproteínas HDL LDL VLDL 10 Interações antígeno-anticorpo Detecção, quantificação e caracterização dos anticorpos e seu uso como ferramenta para pesquisa e diagnóstico. 1) Reagentes não marcados • Reação de precipitação • Reação de aglutinação 2) Reagentes marcados • RIA • ELISA • Imunofluorescência • Western Blotting Interações antígeno-anticorpo PRECIPITAÇÃO - Imunodifusão dupla - Imunodifusão radial - Contra-imunoeletroforese AGLUTINAÇÃO - Aglutinação direta e indireta - Inibição da aglutinação - Teste de Coombs IMUNOENSAIOS - RIE - ELISA - Imunofluorescência - Citometria de Fluxo - Western Blotting Interações antígeno-anticorpo Definição: técnica que emprega uma combinação de eletroforese de proteínas e interação antígeno- anticorpo. Características: - Uma reação Ag-Ac forma precipitado; - Ag e Ac devem ser bivalentes; - Deve existir equivalência entre Ag e Ac (visando o máximo de precipitado). Imunoeletroforese 40 11 Definição: tipo de imunoeletroforese na qual Ag e Ac tem cargas opostas e migram em sentido contrário em meio gel quando submetidos à carga elétrica. Características: - Alta sensibilidade (97%) e especificidade (95%); - Teste qualitativo; - Rápidez; - Utilizado para diversas situações clínicas em que se deseja a detecção de anticorpos. Contra-imunoeletroforese 41 42 Etapas: 1) Um determinado antígeno é colocado em tampão sob influência de um campo elétrico; 2) Em outro poço (perpendicular ao Ag) é colocado o anti-soro; 3) Ao serem submetidos à corrente elétrica, Ag e Ac migram em direções opostas; 4) Ag e Ac formam arcos de precipitação ao se encontrarem. Contra-imunoeletroforese Interpretação: 43 Contra-imunoeletroforese Ag Ac Paraproteínas (imunoglobulinas monoclonais) • Definição: polímeros, monômeros ou fragmentos de moléculas de imunoglobulinas (proteínas de Bence Jones); • Usos: diagnóstico de mieloma múltiplo ou macroglobulinemia de Waldenström; • Dosagens: eletroforese em agarose (soro ou urina concentrada), imunoeletroforese ou eletroforese de imunofixação). Contra-imunoeletroforese 12 Eletroforese de proteínas séricas em gel de agarose, (1) hipergamaglo- bulinemia em processo inflamatório; (2) e (3): fracionamento normal; (4) gama monoclonal no mieloma múltiplo. - Definição: método analítico que permite a identificação das diferentes frações normais e patológicas da hemoglobina. - Princípio: A Hb é separada, de acordo com sua migração, em um meio sólido (acetato de celulose), quando submetida a um campo elétrico. Eletroforese de hemoglobinas - Usos: a) Investigar a presença das hemoglobinas anormais como a hemoglobina S e C. b) Nas talassemias que podem cursar com aumento da HbA2 e com a presença da HbH. c) Quantificação das frações normais da hemoglobina como A, A2 e Fetal. - Peculiaridade: É realizada em pH alcalino e pode ser realizada, de forma complementar, também em pH ácido: melhor separação entre hemoglobinas S e C das HbD e HbE. Eletroforese de hemoglobinas Eletroforese de hemoglobinas em gel de agarose (alcalina): (1)Hb AF de talassemia beta maior; (2)Hb S/beta talassemia (3)Hb AA2 e Fetal em talassemia beta menor; (4)Hb AS (traço falciforme); (5)Hb AA (normal). 13 Cromatografia • Definição: método físico-químico de separação. • Princípio: baseada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações, entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. • Tipos (quanto à forma): 1) Planar: Cromatografia em Papel (CP), Centrífuga e Camada Delgada (CD); 2) Coluna. Cromatografia • Tipos (quanto à fase móvel empregada): 1) Gasosa (CG) 2) Líquida: subdividida em a) Cromatografia líquida clássica (CLC): fase móvel “corre” por gravidade. b) Cromatografia líquida de alta performance (HPLC): fase móvel é submetida à alta pressão. 3) Supercrítica (vapor altamente aquecido – CSC) Cromatografia Cromatografia • Usos: a) Cromatografia em coluna líquida clássica: hemoglobina glicada. b) Cromatografia líquida de alta performance: - Metabólitos: ácido 5-hidróxi-indolacético (tumores neuroendócrinos), ácido homovanílico e ácido vanil-mandélico (neuroblastoma, feocromocitoma), beta-caroteno (precursor Vit. A), Homocisteína (aterosclerose) e Vitaminas A, C, D e E. - Quantificação: aminoácidos e hemoglobinas. c) Cromatografia em camada delgada: - Qualitativo: carboidratos na urina (desordem metabolismo).
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