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DIVERSIDADE SEXUAL NAS ESCOLAS

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FACULDADE NACIONAL DE DIREITO 
MÉTODOS E TÉCNICA DE PESQUISA 
JOSÉ ROBERTO FRANCO XAVIER 
 
 
 
 
 
 
 
 
A DIVERSIDADE SEXUAL NAS ESCOLAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TURMA A - 2º PERÍODO 
RIO DE JANEIRO 
2016/1 
2 
 
DEBORAH BASTOS MOTHE - 115199255 
IZABELLA ANDRADE DE ARAUJO - 115179564 
JULIA FUENTES ROCHA - 115189292 
LAÍS BADENES LEAL FERREIRA - 115189690 
LORENA VIEIRA RIBEIRO - 115153479 
NICOLE DELLA GIUSTINA – 115163694 
THAÍS DE OLIVEIRA ORIGUELA - 115205048 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TURMA A - 2º PERÍODO 
RIO DE JANEIRO 
2016/1 
 
3 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................4 
PARTE I – REVISÃO DE LITERATURA INTEGRADA .............................................5 
PARTE II: TRABALHO DE CAMPO ...........................................................................11 
PARTE III: ANÁLISE DE DADOS ...............................................................................14 
 INFLUÊNCIA EXTERNA .................................................................................14 
 INFLUÊNCIA DOCENTE..................................................................................17 
 AÇÕES DA ESCOLA.........................................................................................19 
PARTE IV – DIFICULDADES E PROBLEMAS ENFRENTADOS............................22 
CONCLUSÃO ................................................................................................................24 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A diversidade é uma característica muito importante na humanidade. Assim, o 
presente trabalho buscou entender como as escolas, base de formação (tanto cientifica como 
social) das crianças e jovens, lidam com os comportamentos sexuais desviantes daquele que 
consideramos a norma: o heterossexual. 
 A importância desse tema é evidente, uma vez que as discussões referentes a direitos 
dos homossexuais, transexuais e demais LGBTs são cada vez mais frequentes e relevantes. 
Recentemente, por exemplo, a união homoafetiva foi assegurada no Brasil por meio de 
decisão do STF sobre a ADI 4277 e a ADPF 132, que argumentavam a violação de direitos 
fundamentais e do princípio da dignidade da pessoa humana ao não permitir o matrimônio 
entre pessoas do mesmo sexo. Esse reconhecimento também veio por meio da Resolução 
nº175 do CNJ. O direito à adoção por parte desses casais ainda é discutido, mas também já 
obteve decisões favoráveis, como a da RE 846.102, por parte da ministra Carmen Lúcia. As 
pessoas transexuais também têm sido contempladas pela justiça, garantindo o direito de usar e 
ser tratado pelo nome social, por exemplo. 
No entanto, esse tema, ainda que mais comum, não deixa de ser polêmico. Muitas 
pessoas têm ideias diferentes de como tratar a diversidade sexual e como abordá-las na 
sociedade. Isso é ainda mais notório na escola, onde o modo de introduzir a temática da 
sexualidade e gênero tem grande influência na formação de pensamento, opiniões e 
preconceitos que as crianças terão, dada sua maior suscetibilidade. Por isso decidimos, com 
esse trabalho, verificar se e como a diversidade sexual é abordada nas salas de aula. Mas 
nossa pergunta de partida, “Como as escolas lidam com os comportamentos sexualmente 
desviantes?” nos permitiu uma abordagem relativamente ampla, e pudemos verificar também 
qual a visão de professores e funcionários, que lidam com os jovens e com o ambiente escolar 
todos os dias, sobre o assunto. 
 Assim, entrevistamos pedagogas, professores e uma coordenadora, e procuramos 
relacionar essas experiências que nos foram passadas por esses entrevistados com as 
informações colhidas nas revisões de literatura. Com isso, percebemos três dimensões que 
consideramos relevantes e que foram tratadas tanto pelas pessoas que conhecemos em nosso 
trabalho de campo, como pelos autores estudados. Estas dimensões são: influências externas, 
influências dos docentes e ações das escolas. Tentaremos expor, no decorrer do trabalho, os 
pontos mais significativos delas. 
5 
 
PARTE I – REVISÃO DE LITERATURA INTEGRADA 
 
Partindo de um mesmo ponto, a questão de como os alunos com comportamentos 
sexualmente desviantes são tratados pelas escolas, o grupo produziu diferentes revisões de 
literatura a fim de observar como o tema já havia sido abordado por outros autores. Foram 
examinadas, assim, todas as revisões de literatura feitas e apontados os temas em comum e os 
divergentes trabalhados por um numero ainda maior de autores. Muitos desses temas também 
foram observados na pesquisa de campo. 
É possível perceber que muitas abordagens se assemelham ao concordar com o fato de 
que temas como sexualidade e questões de gênero são muito pouco abordados no cenário 
escolar e quando são feitos, normalmente, acontecem da maneira errada. Dinis (2008), por 
exemplo, afirma que temas como homossexualidade e gênero são preteridos em relação a 
temas como discriminação racial e étnica, que produzem mais discussões e têm mais 
representantes conhecidos. E essa exclusão seria perceptível até mesmo no âmbito dos direitos 
humanos. As discussões acerca do assunto só surgiram com as preocupações sobre o ensino 
da sexualidade, e foram efetivamente normatizadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCNs) em 1998. Segundo Cesar (2009) e Beiras (2005), com a elevação do índice do numero 
de portadores do vírus HIV e o aumento do índice de gravidez precoce (em período escolar), 
fez-se necessário falar sobre isso nas escolas. 
Também é preciso vencer a polêmica que surge com a sua inclusão, visto que esses 
temas já são controversos em si. Os parâmetros curriculares nacionais já propõem que a 
educação sexual seja inserida de forma interdisciplinar (MADUREIRA; BRANCO, 2015) nas 
salas de aula, o que poderia tornar esse processo menos complicado. Além disso, o programa 
Brasil Sem Homofobia já é uma realidade, e busca apresentar aos alunos as diferentes formas 
de comportamentos sexuais por meio de palestras, debates e exposições. Mas Seffner (2013) 
levanta a questão da efetividade desses tipos de programas, pois vários problemas podem 
surgir dessa tentativa de combate aos preconceitos no âmbito e escolar. Além disso, questões 
imprevisíveis que, partindo de uma visão mais superficial, não estariam relacionadas às 
crianças não são tratadas por muitos educadores por não estarem dispostos nos PCNs. O 
problema é que, se negligenciados, podem afetar drasticamente a vida da criança, que terá isso 
como anormal em seu julgamento por consequência do desconhecimento. Dentre essas 
questões estão a masturbação precoce, relações homossexuais dos responsáveis, entre outros. 
No Brasil, um importante passo no ensino sobre diversidade sexual na escola ocorreu 
em 2004, quando foi criada a SECAD (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e 
6 
 
Diversidade). Entre suas ações, está o grupo Rede (Rede de Educação para a Diversidade) que 
promove cursos de capacitação de professores e profissionais de educação em temas sobre 
diversidade, a Educação em Direitos Humanos, entre outros. Das ações da SECAD surgiram 
trabalhos de orientação e capacitação de professores e profissionais da educação, em 
linguagem simples e direta, a respeito de como a escola deve lidar com a diversidade sexual.Mas até 2011, era perceptível que o MEC ainda não possuía instrumentos capazes de informar 
quantas escolas já tinham em seus currículos um registro explícito de debates, reflexões e 
projetos com o tema da educação sexual que atendessem às propostas (PEREIRA; BAHIA, 
2011). 
Em geral, a questão do comportamento sexualmente desviante dos alunos em escolas 
brasileiras é problemática por possuir diversos obstáculos que impossibilitam uma gestão 
adequada da situação, como o despreparo dos educadores e educadoras para lidar com os 
acontecimentos, o “tabu” sobre a sexualidade relacionada a crianças quase inerente à 
sociedade atual, a dificuldade de tratar o assunto em escolas por possíveis eventuais 
problemas com as famílias dos envolvidos – em relação ao que é ensinado no âmbito familiar 
– e muitos outros que serão tratados ao longo do texto. 
Mas um dos principais obstáculos enfrentados quando se fala de diversidade sexual é a 
heteronormatividade, mencionada em praticamente todos os artigos lidos pelo grupo. 
Primeiramente, deve-se entender a heteronormatividade como uma cultura baseada na ideia 
de que a sexualidade considerada “normal” ou “socialmente aceita” seja a heterossexualidade 
(PICCHETTI, 2012). Tal pensamento se dá, basicamente, porque o gênero biológico é 
generalizadamente considerado pela sociedade como natural do ser humano e é a partir dele 
que o indivíduo deve agir e aderir ao seu respectivo papel na sociedade (OLIVEIRA; DINIZ, 
2014). Visto isso, torna-se notório que há, nas escolas brasileiras, uma doutrina 
heteronormativa. Souza e Silva (2011) têm esse pensamento, mostrando que a própria 
sociedade tornou a heteronormatividade algo hegemônico em nossa cultura, o que a fez 
ganhar espaço em diversos ambientes sociais. Já no ponto de vista de Junqueira (2010), há um 
currículo oculto nas escolas que “ensina” ao aluno como ser homem ou mulher e como ser 
heterossexual e homossexual (JUNQUEIRA, 2010). 
 A heteronormatividade também está presente nas iniciativas pedagógicas de educação 
sexual do MEC (Ministério da Educação). Nas palavras de Oliveira e Diniz (2014), “as vidas 
não heterossexuais (e não heteronormativas) estão excluídas da cena pública dos livros 
didáticos e dos audiovisuais da TV Escola, sendo relegadas ao silêncio e à privatização de 
suas existências”. Essa falta de representatividade nos vídeos, livros e na vida leva a crises de 
7 
 
identidade e sexualidade por parte de adolescentes LGBT. A homofobia também é fortemente 
sentida na sociedade brasileira, e se encontra arraigada no seio das escolas brasileiras. Para 
Junqueira (2010), a homofobia surge como uma espécie de acessório da heteronormatividade, 
vigiando e julgando comportamentos desviantes e expressões de gênero diferentes. Além 
disso, ela está presente nas relações pedagógicas normalizadoras e até mesmo em situações 
como a recusa de uma professora em chamar a aluna transexual pelo seu nome social. De 
acordo com Dinis (2011) a homofobia nas escolas se expressa por meio de agressões verbais 
ou físicas contra alunos que se recusam a seguir os padrões da heteronormatividade. 
Todo esse entendimento sobre a diversidade sexual é passado para dentro das salas de 
aula por professores despreparados, cegos por suas crenças, que não se sentem confortáveis 
para tratar de assuntos relacionados à sexualidade e focam suas aulas nos livros de biologia, 
os quais apresentam um conceito de sexualidade equivocado e distorcido da realidade em que 
vivemos (MADUREIRA; BRANCO, 2015). Conceito esse que, de acordo com Picchetti 
(2012), limita a sexualidade ao meio de se reproduzir, pois não abordam a diversidade e não 
consideram a fluidez do gênero e do desejo e, assim, nutri a heterossexualidade. Com isso, nas 
palavras de Picchetti, “a heteronormatividade implica a marginalização das sexualidades não-
heterossexuais, produzindo assim, uma violência não-declarada”, a qual resulta na homofobia. 
Dinis (2008 apud Louro 2003) também faz uma crítica à maneira que as escolas unem 
sexualidade e gênero e ajudam a solidificar na mente dos educandos o que é masculino e 
feminino. Isto acaba criando a impressão de que agir de forma diferente é o mesmo que 
apresentar um comportamento errado/não aceito, o que interfere diretamente na aceitação do 
indivíduo consigo mesmo e causa reprovação aos olhos de outrem. 
As contribuições trazidas pelos estudos da sexualidade de Michel Foucault 
possibilitaram a pesquisadores/pesquisadoras entender o conceito de sexualidade não mais por 
um viés biológico ou naturalizante, mas por seu aspecto histórico-cultural. (DINIS; 
CAVALCANTI, 2008). A partir dessa lógica, analisar a sexualidade como um dispositivo 
biológico seria permanecer em um pensamento arcaico. Porém, realizar essa mudança não é 
fácil. O apelo pela redução da verdade ao que é científico dificulta ainda mais a desconstrução 
social desse conceito de sexualidade, e de nossos preconceitos. Estes surgem, muitas vezes, 
pela absoluta falta de novas informações que problematizem nossas evidências e que abalem 
nossas certezas (DINIS; CAVALCANTI, 2008). Nessa perspectiva, pode-se afirmar que as 
desigualdades de gênero também possuem sua justificativa na heteronormatividade, uma vez 
que são atribuídos papéis sociais a cada indivíduo baseados em sua natureza biológica. 
8 
 
A noção já difundida das crianças como seres inocentes também é um problema, pois 
ela pode dificultar a abordagem desses assuntos em sala, tornando a formação do jovem 
incompleta e não saciando os possíveis questionamentos que tenham. (RIBEIRO; SOUZA; 
SOUZA, 2004). Essa presunção de inocência acaba tornando comum por parte dos 
educadores uma omissão diante dessas questões, por ser um assunto “proibido” para crianças. 
Desvia-se para o lado biológico, para ser explicado dessa perspectiva e tratado a partir dessa 
especialidade, livrando-os do aspecto sociológico e subjetivo (RIBEIRO; SOUZA; SOUZA, 
2004). 
Além da exclusão, marginalização e bullying, os alunos homossexuais e transexuais 
ainda sofrem outros tipos de retaliações. De acordo com Dinis (2011) é bastante alta a taxa de 
evasão escolar deste público. Em Junqueira (2010) é também observada a questão do suicídio 
dos homoafetivos. Tudo isso em função de um posicionamento da sociedade que não dá a 
devida atenção e respeito à diversidade. Um dos assuntos tratados nos textos diz respeito 
justamente ao papel das escolas na construção da opinião social. Madureira e Branco (2015) e 
Trujillo (2015) dizem que é no ambiente escolar que os jovens se descobrem, experimentam e 
formam suas opiniões. Os relacionamentos e a convivência proporcionada nessa fase da vida 
são cruciais na formação da identidade das pessoas. Altamente heterogêneo, o ambiente 
escolar faz com que o aluno lide com as diferentes culturas e realidades sociais, facilitando o 
respeito ás diferenças e o exercício de sua cidadania. Porém, esse retrato parece algo utópico, 
visto que tal ambiente se encontra infectado por preconceitos, omissões e ignorâncias. 
Essa problemática tem origem também, na ideia de que as famílias podem não permitir 
a abordagem do assunto no espaço escolar por preferirem fazer isso em ambiente domiciliar, 
ou por preferirem educar a criança de um modo diferente por motivos pessoais. Beiras, 
Tagliamento e Toneli (2005) perceberam “que o trabalho com o tema sexualidade nas escolas 
ainda é revestido de polêmica, devido à multiplicidade de visões, crenças e valores de 
alunas(os), pais, professoras(es) e diretoras(es) relacionadas à temática.”. O conflito de 
moralidades acaba sendo uma barreira na tarefa da educação de vencer os preconceitos, pois 
estes muitas vezes vêm de casa (MADUREIRA; BRANCO, 2015). Nem o estimulodos 
parâmetros curriculares nacionais à abordagem desses assuntos de maneira mais ousada é 
capaz de quebrar os tabus ou dissuadir as moralidades diversas (MADUREIRA; BRANCO, 
2015). De fato, os preconceitos e estranhamentos são fortes em toda a sociedade e em 
diversos sentidos. 
Dinis (2008 apud Britzman, 1996) ressalta o fato de que quando se toca no tema da 
homossexualidade, tem-se a impressão de que os jovens são estimulados imediatamente a 
9 
 
apresentar comportamento homossexual também. Soares e Silva (2014) atestam sobre essa 
ignorância que acompanha o tratamento deste tema. Para os autores, acaba por se temer 
assuntos dos quais não se tem conhecimento e vivência. No entanto, a responsabilidade é 
conjunta: escola-aluno-família, e “inevitavelmente, a escola deverá negociar entre aquilo que 
as políticas públicas e as leis acreditam ser a direção possível para a produção de cidadãos e 
cidadãs livres, críticos e instruídos, e aquilo que os professores, em suas crenças e valores 
pessoais, e as famílias, em seus agrupamentos e/ou isoladas, esperam para a educação de 
seus/suas filhos. Trata-se, portanto, de equacionar interesses individuais que se contrapõem 
aos coletivos” (TEIXEIRA FILHO; RONDINI; BESSA, 2011). 
É importante ressaltar que as escolas funcionam por meio de professores e 
funcionários, que também tem seus preconceitos, desconfortos e opiniões sobre o assunto, e 
isso com certeza influencia a educação proporcionada (TRUJILLO, 2015). Pode-se atribuir 
esse problema, dentro de outras causas, à falta de respaldo institucional dos docentes. Souza e 
Silva (2011) também observaram que os profissionais, quando se deparam com casos de 
agressões e evasão escolar por questões de diversidade sexual acabam banalizando o 
problema. 
Salientar as diferenças pode ser uma saída, na medida em que se ensine com respeito. 
Pichetti (2012) considera o que a indiferença e a reprovação alheia podem causar em um 
indivíduo desviante. Deixar de compreender a sexualidade como atributo natural, segundo 
Meyer, Klein e Andrade (2007), também pode evitar a exclusão, no âmbito do processo 
pedagógico, do caráter de construção das identidades sociais, da multiplicidade, da 
provisoriedade e da contingência humana, assim como os aspectos históricos, sociais, 
culturais e políticos que estão envolvidos na educação (QUIRINO; ROCHA, 2012). Mas os 
obstáculos ainda são muitos. Os autores dos artigos trazem a tona diferentes perturbações que 
surgem quando se fala em diversidade sexual para alunos de escolas. Seffner (2013) relata em 
seu artigo que os debates promovidos acabaram por expor aqueles alunos que se 
consideravam homossexuais aos olhos de todos na escola (SEFFNER, 2013). O “diferente” é 
outro problema trazido por alguns dos autores lidos. Segundo Seffner (2013), a apresentação 
da diversidade sexual nas escolas acaba por encorajar os alunos a classificarem as pessoas 
com comportamentos sexuais desviantes em uma única categoria, de diferente, sem perceber 
suas peculiaridades e sua complexidade como pessoa. 
O julgamento é rápido e a estigmatização mais ainda. Uma das causas desse comum 
comportamento é o fato de somente o “desviante” ser tópico de discussão, e não a 
heteronormatividade (SEFFNER, 2013). O fato de considerarmos a heterossexualidade como 
10 
 
normal permite que essas pessoas fiquem acobertadas de qualquer exposição ou discussão 
sobre a sua sexualidade enquanto o diferente é vulnerabilizado pelos debates ocorridos em 
sala de aula. Vale frisar, porém, que no momento em que um aluno responde à professora que 
não tem conhecimento das palavras que está usando para insultar o colega, não basta 
questionar se o/a colega é ou não é homossexual e se deveria ser assim nomeado, mas trata-se 
de discutir a homofobia, pois esta sim é merecedora de questionamentos, e não a 
homossexualidade. 
A necessidade de desconstrução dessas práticas discriminatórias é imprescindível para 
o tratamento adequado das questões sobre sexualidade, que se tornam ainda mais vulneráveis 
por serem tratadas, no caso, no âmbito infantil. Como o exposto por Ribeiro, Souza e Souza 
(2004), é necessário para a solução da problemática, políticas publicas que resultem na 
educação dos educadores acerca dessa temática para a abordagem correta, além de projetos de 
extensão universitária para que capacitação acadêmica seja implementada e atualizada. Outras 
várias soluções são apresentadas pelos autores. Primeiro, seria preciso fazer uma melhor 
avaliação das matérias ensinadas em sala de aula. Com uma educação de vanguarda ainda 
muito evidente no Brasil e em grande parte do mundo, pode ser mais difícil perceber a 
irrelevância de certos assuntos para a vida a ser vivida após a escola e a falta de outros 
extremamente importantes no contexto global atual (SEFFNER, 2013). Ir além do 
cientificismo, tão comum hoje em dia como dizem Madureira e Branco (2015), é outro passo 
importante para enxergar os preconceitos e estigmas como construções culturais a serem 
desfeitas (MADUREIRA; BRANCO, 2015). 
Trujillo (2015) também traz uma posição mais particular ao defender uma “pedagogia 
queer” para o ensino. Esta busca uma série de desconstruções de pensamentos e de conceitos 
heteronormativos, além da inserção, da forma mais natural possível, do tema da diversidade 
sexual, de maneira a provocar questionamentos e uma nova visão sobre a sexualidade como 
um todo. Já Junqueira (2010) pensa que a escola prestaria um grande serviço aos direitos 
humanos se se propusesse a problematizar práticas, atitudes, valores e normas que pautam a 
segregação, a neutralização de diferenças, na fixação de identidades sociais, dentre outras 
práticas com o objetivo de reduzir os riscos causados pela homofobia. Souza e Silva (2011) 
concluem que se torna necessária a proliferação de pesquisas sobre a homofobia no ambiente 
escolar, para melhor entender como se dá este fenômeno e, assim, poder neutralizá-lo. Dinis 
(2010), por sua vez, apresenta que a escola deve ser um espaço de cidadania e que os docentes 
devem ser encorajados a combater todo tipo de preconceito e discriminação com o qual se 
depararem. Dinis (2008) também fala sobre o autoconhecimento como uma saída para tratar 
11 
 
da sexualidade, a própria, e para entender melhor a dos outros. No mais, a informação e a 
empatia parecem ser enxergadas como uma solução unânime para todos. 
Nessa perspectiva, pode- se notar que o espaço escolar brasileiro é um ambiente 
altamente disseminador de preconceitos e isto ocorre, principalmente, devido à falta de 
informação e de uma noção acertada de diversidade sexual, tanto nas práticas educacionais 
quanto no currículo escolar. Esta combinação, aliada aos educadores sem formação voltada 
para a preservação dos direitos humanos e dos respeito às diferenças, faz com que a escola 
seja um espaço hostil para os alunos de diferentes comportamentos sexuais. Entretanto, este 
panorama pode ser mudado. Com a realização desta pesquisa sobre o tratamento das escolas 
em relação à diversidade sexual, é possível notar que existem muitos estudos e trabalhos sobre 
o assunto. De fato, o século XX foi palco de grande abertura para a discussão da causa 
homossexual, dando margem para a maior inclusão desses indivíduos na sociedade. Percebe-
se hoje o esforço mundial pela causa e a iniciação de práticas para conscientização, incluindo 
nesse processo a educação de crianças. Gradualmente, as estruturas e instituições sociais vão 
se modificando (PEREIRA; BAHIA, 2011). 
 
 
PARTE II: O TRABALHO DE CAMPO 
 
Para buscar empiricamente como a heteronormatividade está presente na educação, 
procuramos escolas com realidades diferentes entre si, buscandointerpretar possíveis 
influências que a linha educativa, o bairro onde a escola está situada e realidade financeira. 
A primeira entrevista foi realizada fora da escola, onde a educadora atua, em uma 
conversa informal. A escola em questão é particular, católica e se situa no bairro Barra da 
Tijuca. Foi possível notar que a educadora, que trabalha com crianças de seis e sete anos, não 
sabia muito sobre o assunto, o que foi evidenciado quando ela pesquisou sobre o assunto 
na internet, perguntou o que deveria responder e o que significam os termos utilizados, como 
“heteronormatividade” e “transgenia”. A educadora não queria ser gravada antes de saber o 
que falar e saber o que seria perguntado, ficando evidentemente nervosa e desconfortável, 
apesar de antes de ser explicado o tema ela estar completamente confortável e despreocupada. 
Isso pode mostrar como o assunto é um tabu, principalmente quando relacionado a crianças, e 
como isso pode influenciar no desenvolvimento daquelas que possuem comportamento 
desviante da heteronormatividade. A instituição em questão é uma escola particular, de 
elevado custo mensal, católica, onde estudam crianças com pais de alta classe social, fato que 
12 
 
pode explicar a preocupação da professora em “falar o que não deve”, visto que o nome da 
escola está em questão. Antes de gravar – ela queria que fosse gravado apenas o que havíamos 
discutido, o que ela sabia e o que eu havia explicado –, a educadora falou que sim, haviam 
casos em que o comportamento era muito evidente e obvio, situações vagas em que isso era 
fortemente demonstrado, mas que isso não era do âmbito do educador, não haveria porque 
tratar sobre isso naquele ambiente ou agir diferente com alguma criança se fosse necessário, a 
escola não era encarregada disso. Quando perguntei se já tinha acontecido algum tipo de 
pergunta por parte do alunado, ela disse que não. A professora em questão parecia muito 
aberta a saber sobre o assunto e se houvesse alguma instrução as cumpriria sem problemas. É 
perceptível que a escola não se envolve por tratar esse assunto com moralismo, pois alunos e 
pais são religiosos ou conservadores. 
Outras três entrevistas foram realizadas, pessoalmente, em um colégio municipal do 
Rio de Janeiro, destinada para a primeira etapa do ensino fundamental (Educação Infantil até 
o 5º ano), tendo como alunado crianças provindas em sua maioria da favela do Rebu. O 
objetivo do grupo, ao escolher esse estabelecimento foi também o de avaliar se o 
comportamento sexualmente desviante já é observado nas crianças com idade menos 
avançada, mas em um colégio público. Foram escolhidas três professores de diferentes classes 
para contarem um pouco das suas próprias experiências: duas professoras e uma pedagoga. 
Na abordagem dessas profissionais com seus alunos, foi notado o desvio de comportamento 
heteronormativo, porém estes alunos não são repelidos ou colocados á margem pelos demais, 
sendo bem aceitos. Também foi apresentada a variável social, uma vez que, segundos as 
profissionais, alunos de classes sociais mais baixas e residentes de bairros periféricos, como 
no caso do campo escolhido, possuem mais facilidade para lidar com as diferenças. 
Foram entrevistados dois professores de um segundo colégio católico também 
localizado no bairro Barra da Tijuca que trabalha com adolescentes do ensino médio. Tal 
instituição é conhecida por seus meios tradicionais, sendo que regras como proibição do uso 
de brincos e cabelos grandes por meninos estão presentes. Os dois, uma professora e um 
professor, foram entrevistados por meio de mensagens pelo celular. Abordaram o aumento da 
tolerância por parte do alunado, afirmando que a nova geração de alunos vem acostumando-se 
a lidar com respeito em relação à existência da diversidade de orientações sexuais e de 
identidade de gênero. Mesmo assim, ainda há manifestações heteronormativas, de modo que o 
ambiente costuma aceitá-los com normalidade, com o que os educadores condizem., 
aparentemente. 
13 
 
Como meio de buscar como ocorre atualmente a preparação de educadores, foram 
entrevistadas também duas alunas da área: estudante de Pedagogia da UFRJ, e uma estudante 
de Geografia na UERJ, que já atuam como educadoras. As duas foram entrevistas 
pessoalmente, em uma conversa informal fora de qualquer instituição educadora. A primeira 
fez estágio na área de educação infantil, assim como a segunda, que além de lidar com o 
público infantil, lida também com o público adulto, o que faz com que tenha uma visão 
comparativa. O relato das duas apresenta tanto uma profunda discrepância entre percepções 
da preparação de educadores na academia quanto na observação do comportamento dos 
alunos. 
Já a professora de Educação Infantil da escola pública na comunidade do Rio das 
Pedras, onde há um número limitado de alunos, a entrevistada pareceu confortável ao ser 
abordada sobre o tema, pois já tinha conceitos formados sobre o mesmo. Nascida em berço 
evangélico com uma criação de estrutura “tradicional”, ela diz que suas formações não podem 
intervir em sua docência. Apesar do município não ter um projeto voltado para essas classes 
iniciais, se tivesse, poderia ter como obstáculo a família dos alunos, majoritariamente 
evangélicas e de formação tradicional. Quando perguntada sobre seu aspecto pessoal, ela não 
acha certo crianças terem contato com esse assunto, pois são reflexos de onde vivem e do que 
aprendem socializando na escola e em casa, logo seria difícil abordar algo que não é 
conversado em casa, pelos próprios pais, e interferir na criação através da escola. 
 Perguntada sobre a divisão e brinquedos quanto ao gênero e sua posição sobre o 
interesse das crianças por brinquedos que seriam do sexo oposto, ela mantém a posição de que 
as crianças são um reflexo do meio e essa divisão seria um tipo de discriminação de uma 
cultura machista, pois se uma menina brinca de carrinho, mostra que ela também irá dirigir 
um dia e, se um menino quisesse brincar de boneca, conseguiria enxergar como uma 
manifestação de paternidade, por exemplo. Apesar de perguntada diversas vezes sobre o 
trabalho da diversidade sexual feito na escola, a entrevistada tende a confundir muita o 
conceito de divisão de gênero e identidade sexual. 
 Pela visão da educadora, na pré-escola não são observadas manifestações quanto à 
identidade sexual, comparado ao ensino fundamental em que existem crianças assumidas 
quanto à sua identidade. A discriminação sexual ocorre mais na faixa de ensino fundamental, 
ela conta o caso em que um aluno foi confrontado por outro quanto à sua identidade sexual, 
este respondeu que era assumidamente homossexual e não tinha nenhum problema quanto a 
14 
 
isso. Ao ser questionada sobre sua reação, a entrevistada disse que ficou um pouco assustada 
com a firmeza que a criança disse ser assumida, não dando muita ênfase no assunto. A escola 
deve se manifestar para promover o respeito ao próximo e a liberdade de escolhas. Para ela, o 
não se manifestar da escola de forma preventiva seria uma negligencia, diante da situação 
atual da mídia e da violência quanto ao homossexual. As informações fornecidas pelas 
crianças levam a discussão e ao debate com a sala, abordando todo e qualquer assunto de 
forma aberta e receptiva. 
A última entrevista foi feita com uma coordenadora de uma escola municipal de 
Vitória, Espírito Santo, por meio de ligação telefônica. Tal colégio se situa em um bairro de 
classe média, recebendo alunos de bairros próximos e também de periferias. A faixa etária das 
crianças que estudam na instituição varia entre seis e quatorze anos. A abordagem foi uma das 
melhores pelo fato de a entrevistada possuir um cargo dotado de maiorhierarquia, do qual é 
possível ter um panorama mais amplo de todo o processo educacional. 
 Em vários casos relatados pela entrevistada, foi notada a real intenção da escola de 
aprimorar as suas medidas sociais para a efetiva inclusão de alunos no meio escolar, de forma 
que se sintam plenamente confortáveis em um ambiente que pode ser hostil o suficiente para a 
má formação de personalidade das crianças. Os assuntos de desvio são tratados, na instituição 
em questão, de forma muito natural e real, na maioria das vezes livre de eventuais 
preconceitos morais - comportamento prevalente em grande parte das instituições visitadas e 
analisadas. As famílias são envolvidas de forma integrada, ou seja, há uma cooperação entre 
os pais e a equipe pedagógica, de forma a integrarem uma relação positiva para lidar com as 
situações. Dessa forma, as famílias não são completamente responsabilizadas dessa tarefa de 
orientação para a inclusão do aluno, e os pedagogos podem contribuir para a formação dos 
pais, ajudando-os com situações peculiares que exigem demasiado cuidado. 
 
PARTE III: ANÁLISE DE DADOS 
 
INFLUÊNCIAS EXTERNAS 
 
Nas entrevistas realizadas percebemos muitos comentários relativos ao conflito que as 
opiniões às quais as crianças são expostas, fora do ambiente escolar, têm com qualquer 
política de inclusão da diversidade sexual nos currículos. Este aspecto inclui a posição dos 
pais das crianças e de fatores que influenciam o alunado e o corpo docente. 
15 
 
A estudante de pedagogia entrevistada menciona que os adultos teriam um olhar 
diferente, talvez mais preconceituoso, que influencia muito as crianças. Outra entrevistada 
ressalta que os pais é quem possuem problemas com certos comportamentos apresentados por 
seus filhos e que, por isso, pedem que os professores “vigiem” os alunos, para que eles não se 
comportem de determinada maneira em sala de aula. 
Um outro caso também foi comentado no trabalho de campo, a respeito de um menino 
que apresentava algumas perturbações fruto da “constante troca de parceiros da mãe” e que, 
por se assumir e impor sua condição para os outros, ela (a mãe) ignorava o lado da criança, 
que possivelmente poderia sofrer com a situação. Por isso, a entrevistada chamou a mãe para 
uma conversa para resolver o “problema”. Mais tarde é revelado que a própria teve um caso 
amoroso com a mãe desse aluno, o que induz a indagação sobre como a falta de 
esclarecimento sobre sua própria sexualidade afeta os profissionais de forma a influenciar 
seus alunos com suas próprias inseguranças acerca desse aspecto. 
 Esses casos e observações trazidas pelos entrevistados se relacionam com muitos 
autores pesquisados na revisão de literatura. Beiras, Tagliamento e Toneli (2005), Madureira e 
Branco (2015) e Trujillo (2015) são exemplos de autores que trataram desse conflito de 
moralidades diretamente, mas muitos outros mencionam esse problema em seus artigos como 
um dos principais obstáculos na luta contra os preconceitos. As famílias muitas vezes têm 
opiniões diferentes sobre como deve se dar a educação das crianças acerca de temas tão 
sensíveis como este, ou mesmo têm preconceitos enraizados, frutos de valores religiosos ou 
construções morais, que são repassados para os filhos, o que vem a influenciar o 
relacionamento com a diversidade na escola. 
Na visão de outra entrevistada, uma das estudantes diz que as crianças são as que mais 
demonstram preconceito, mas porque elas reproduzem as ideias de seus pais; para ela, 
conforme o tempo vai passando, vamos amadurecendo nossas próprias ideias e percebendo 
que nem tudo que nossos pais pensam e falam são sempre a coisa certa. Assim, ela acredita 
que o público adolescente é o que mais aceita as diferenças e são mais "cabeça aberta". 
Porém, a outra entrevistada, também estudante, pensa justamente o oposto, afirmando que 
acha “que as crianças menores aceitam mais do que as maiores”. Assim, pode-se interpretar 
que muitas crianças agem com naturalidade perante a diversidade, porém há aquelas que, 
mesmo que não compartilhem efetivamente um olhar preconceituoso, achando-se melhores 
que os colegas, reproduzem um discurso com esse teor, que acaba por ser muito cruel por não 
possuir aquele filtro pelo qual os adultos expressam o preconceito. A coordenadora entrevista 
ressaltou também esse ponto dizendo que muitos pais que são chamados para conversar na 
16 
 
escola por causa do comportamento preconceituoso dos filhos, aparentemente, vêm com 
“discursos prontos”, negando que o comportamento da criança seja fruto de influência do lar. 
A coordenadora entrevistada, ao ser indagada sobre como vê a retração de crianças 
como possível indício de desconforto por sua sexualidade, ressaltou como elas tendem a ser 
muito autenticas, logo sendo muito perceptível quando há personalidades desviantes da 
heteronormatividade ou não. Porém, há sim casos em que algumas crianças são muito 
retraídas, de forma que a equipe age com receio ao tentar descobrir qual é suporte que a 
criança precisa, até mesmo como forma de não causar conflitos entre escola e aluno e escola e 
pais. O processo é lento, a discussão entre a equipe é amadurecida por um tempo, avaliando-
se sempre se há necessidade de chamar os pais para conversar, ou até mesmo o aluno. Toda 
essa sutileza acaba por influenciar no número de crianças que deveriam ter um suporte maior 
e o tem por receio dos educadores de afrontar os pais nesse tema. Em um caso citado, uma 
aluna enviou um vídeo intimo para uma possível namorada e este vídeo “ vazou”, tornando-se 
de conhecimento de muitos alunos do colégio municipal. Quando a menina foi para a escola 
após o ocorrido, acompanhada de sua família para uma conversa com os educadores, sofreu 
xingamentos e agressões verbais por parte do alunado que a viu adentrado o colégio. O 
episódio foi muito impactante, tendo a aluna e sua família decidido no mesmo dia que o 
melhor seria retirar a menina da escola. Os educadores, até então, não tinham percebido a 
necessidade de suporte a essa aluna e, como o episódio foi tão impactante e rápido, a equipe 
nada desenvolveu para trabalhar o tema com o alunado. A coordenadora assume nisso uma 
falha da instituição, cuja equipe lamentou o ocorrido e reconheceu que o momento poderia ser 
digno de uma abordagem construtiva sobre essa questão. As falhas são de fato percebidas e 
muitos educadores se sentem interessados em aprender a lidar com a situação, porém é 
evidente que a falta de conhecimento e preparo sobre o assunto impacta diretamente na 
possibilidade de suporte ao alunado. 
Em outro caso, nesse mesmo colégio, a equipe percebeu o comportamento desviante 
da heteronormatividade em um menino do 1º ano, que vinha a escola com tatuagens de 
purpurina, por exemplo. No caso desse aluno, sua mãe nutria grande desejo de ter filhas, 
porém só tinha filhos, de forma que arrumava o menino de maneira a aparentar elementos 
femininos. Como desculpa ao comportamento do filho, dizia que era muito mais influente sua 
figura do que a do pai, o que poderia influenciar o comportamento, mas que não gostava e até 
mesmo se sentia arrasada quando chamavam seu filho de “viado”. Com o passar dos anos, o 
17 
 
comportamento do menino foi cada vez mais heteronormativo. Esse caso também demonstra 
como os desejos e comportamentos dos pais influenciam a conduta dos filhos na escola. 
No colégio católico II, os professores relataram presenciam piadas machistas e 
homofóbicas por parte de alunos mais conservadores – em sua maioria, homens cisgêneros e 
heterossexuais. Um professor acredita ainda que o que guia de fato o comportamento da 
escola perante tais atos preconceituosos é o de evitar processos judiciais relacionadosa casos 
de discriminação aos alunos LGBTs. Ou seja, não existe uma preocupação concreta com o 
bem-estar dos referidos alunos e dos pais, mas sim com o bem-estar da instituição em si, o 
que influencia diretamente no comportamento dos alunos, já que daí pode-se perceber a real 
linha de aceitamento do preconceito e como a promoção da diversidade não acontece 
efetivamente. 
 
INFLUÊNCIAS DOS DOCENTES 
 
Outro assunto tratado na pesquisa de campo e na revisão de literatura é a preparação 
dos docentes para lidar com situações envolvendo a diversidade sexual, bem como seu papel e 
a influência que exerce ao lidar com as crianças no dia a dia. Essa é uma dimensão relevante, 
visto que os professores e pedagogos em especial tem o papel de educar seus alunos, e 
acabam participando em grande medida na sua formação enquanto pessoas e cidadãos. Por 
isso eles deviam ser muito bem preparados, como lembra Trujillo (2015). 
Nesse sentido, a estudante de pedagogia menciona que dentro da própria Faculdade de 
Educação há casos de preconceito e homofobia, e que as disciplinas que ofereceriam um 
melhor preparo dos futuros pedagogos para lidar com o tema não são obrigatórias. Portanto, 
nem todos os formandos estarão bem instruídos nesse assunto. Vale ressaltar que também não 
é oferecida a discussão formal, na formação de professores, da diversidade sexual, sendo a 
heteronormatividade bastante presente no ambiente e no currículo escolar, como lembrou uma 
professora. Outra entrevistada criticou que a Secretaria de Educação não dá nenhuma 
orientação aos professores sobre como lidar com questões de gênero, o que ela acredita ser 
importante para conseguir entender melhor a diversidade. 
Mas nem todas as opiniões foram negativas. Uma outra estudante entrevistada, que 
lida com a diversidade sexual frequentemente, acredita que a UERJ aborda muito bem temas 
como preconceito, raça, discriminação, gênero e sexualidade na sala de aula. Os professores 
falam sobre o tema no dia a dia e tentam mostrar para os alunos que é importante levar isso 
18 
 
para dentro da sala de aula e dialogar com os alunos sempre. Ela também sente que consegue 
aplicar isso no dia a dia nos locais que trabalha, e que um trabalho com os educadores e nas 
instituições é fundamental, pois existe uma onda conservadora que muito dificulta a inclusão 
desses alunos e desses temas nas escolas. 
De fato, o conservadorismo docente pode ser uma causa importante das eventuais 
falhas no tratamento do tema. Souza e Silva (2011) mencionam os problemas que podem 
decorrer de preconceitos e opiniões das próprias pessoas que estão ali em sala de aula com os 
jovens. Presenciamos tais ideias em uma das entrevistas. Dando a sua opinião, a entrevistada 
(pedagoga) diz que uma criança que nasce menina, por exemplo, e resolve se comportar como 
menino, obteve algum desvio em sua criação, ou seja, algo destoou, fazendo-a agir dessa 
maneira. Ela também cita o caso de crianças abusadas que ficam traumatizadas e acabam ou 
ficando viciadas em relações homossexuais ou as repelem. Com essa entrevista, percebe-se 
certo grau de preconceito na fala da pedagoga, o que não condiz com o passado homoafetivo 
que ela própria tem. Mas sem juízos valorativos, ideias como essa não condizem muito bem 
com os princípios dos Parâmetros Curriculares, do programa Brasil sem Homofobia, nem com 
os da nossa atual Constituição, que visa erradicar todas as formas de preconceito. 
 A coordenadora do colégio capixaba relatou que embora a equipe procure seguir 
as orientações do MEC, é perceptível as falhas recorrentes por parte dos docentes. A equipe 
de professores, em si, diverge em muitos pontos. Cada professor tem uma vivência e alguns 
possuem falas muito preconceituosas, o que, segundo a entrevistada, é muito difícil, mas tudo 
se transforma e os professores podem também mudar de acordo com os seus alunos. 
 Ocorre de professores que não se recusam a desenvolver melhor a questão nos 
diálogos em equipe, mas que na prática desdenham da situação, o que a coordenadora 
pessoalmente acha "que é pior do que um posicionamento mais claro", pois a equipe se 
engana ao pensar que todos estão sendo contemplados. Sendo assim, a influência dos docentes 
não é uniforme, mas a impressão é que, no geral, a maioria é acolhedora e se propõe a 
conversar com a criança no sentido de ela se descobrir em relação a sua essência, “se acertar 
consigo mesmo”, mostrando que é desnecessário ela se moldar, pois, como a coordenadora 
cita, as vezes as crianças são crueis e perversas, agindo de forma maldosa diante do 
comportamento diferente da heteronormatividade e provocando a retração desses indivíduos. 
 O diálogo, de qualquer forma, é mais desenvolvido com os pais, já que com a criança 
não se faz abordagens severas e muito claras para não provocar constrangimento e sofrimento. 
19 
 
Alguns professores, por outro lado, interpretam serem desnecessários em situações nas quais 
as crianças aparentam se sentirem absolutamente seguras, sendo irredutíveis aos 
questionamentos dos adultos e professores. Assim, os professores procuram não forçar 
abordagens que não aparentam acrescentar algo a criança, para não incorrerem na 
possibilidade de tentar "consertar" o comportamento natural dela. 
 
Entre os professores do colégio católico II, o primeiro entrevistado demonstrou não se 
importar com as questões acerca dos direitos LGBTs e só se posiciona quando presencia 
agressões físicas e/ou verbais. Já a professora do mesmo colégio afirmou que o preconceito 
simbólico ou explícito deve ser combatido, e ela o faz abordando-o de maneira acadêmica, 
demonstrando a pertinência da causa da diversidade sexual, inclusive na produção de 
conhecimento das áreas de psicologia, sociologia e antropologia. Ela ainda afirma que 
“como na escola deve ser um justo espaço de conhecimento, é preciso que ela caminhe com as 
transformações sociais e esteja em dia com as discussões que a academia faz sobre identidade 
de gênero e orientação sexual.” 
AÇÕES DA ESCOLA 
 
O problema da inclusão desses temas de diversidade sexual nos currículos escolares 
também é relevante. Na revisão de literatura percebemos que não há ainda uma fiscalização 
efetiva nas escolas sobre a inserção desse tema (PEREIRA; BAHIA, 2011), mas que há, sim, 
muitos esforços por parte das instituições escolares, que promovem palestras, debates, e aulas, 
mesmo que não tão frequentemente como o desejado (SEFFNER, 2011). No entanto, nem 
sempre essa inclusão é feita da maneira correta (TRUJILLO, 2015), e pode agravar 
preconceitos e situações inconvenientes entre os alunos. 
A estudante de pedagogia diz que “algumas políticas de inclusão não incluem e sim 
excluem” e exemplifica com a “questão dos esportes na educação física, que sempre é futebol 
para os meninos e queimado para as meninas. Algumas vezes quando tentam misturar acaba 
sendo uma coisa tão rude e obrigatória, de modo que a criança fique constrangida”. Outra diz 
que embora não seja gritante o desvio de gênero numa idade tão pouco avançada, ele é 
bastante perceptível. Inclusive, durante a entrevista, ela fazia gestos indicando que um desses 
casos estava presente na sala de aula naquele momento. Mas ela diz que as coisas fluem 
naturalmente e que não há rejeição dos colegas por parte disso. Essa percepção de paz com a 
diversidade sexual entre os alunos também foi mencionada em outra entrevista. Ela 
20 
 
mencionou que já houve muitos casos de desvio de gênero, porém, em todos os locais onde 
trabalhou, todos eles eram bem aceitos pelos colegas, de modo que nunca houve a 
necessidade de intervenção em uma briga por questões homofóbicas ou transfóbicas. Além 
disso, ela reforça diversasvezes durante a entrevista que nem consegue imaginar uma 
situação de preconceito de gênero por parte de seus alunos. 
Na via contrária, uma pedagoga diz que um aluno (o mesmo mencionado 
anteriormente) sofreu bullying de um colega por conta da orientação sexual da sua mãe. Outra 
entrevistada acredita que temos a falsa ideia de que há menos preconceito, porque ele é 
velado. As pessoas tem vergonha de manifestar ideias contrarias a da maioria, que possam 
soar preconceituosas, porque sabem que discriminação é crime e por medo de retaliação 
social que possam vir a sofrer. 
Devido ao papel da escola na vida das crianças, essas ações promovidas são 
fundamentais. Se na revisão de literatura foi dito que a falta desses assuntos pode contribuir 
para a criança não se relacionar com o material didático passado em sala e atribuir suas 
diferenças a doenças ou comportamentos errados, doentes. Uma das entrevistadas também 
mencionou um pouco dessa tarefa da escola na formação de identidades. Ela diz que “a escola 
promove diversos jogos simbólicos oportunizando as crianças a manifestarem o mundo real a 
partir da brincadeira, nesse momento eles têm o espaço para se expressarem, brincando de 
casinha, exercerem funções e papeis de mãe, pai, e a partir dai usar a imaginação transpondo o 
mundo real para o imaginário deles.”. Ela também menciona que a faixa etária com a qual 
trabalha (entre 6 e 7 anos) não apresentou, na sua experiência, casos de diversidade sexual: 
“Apesar de estar em sala e observar comportamentos diferenciados de uma criança ou outra, o 
nosso olhar é sempre cauteloso com o receio de sermos preconceituosos e ate mesmo a 
maldade estar na nossa cabeça, né? Quando alguma criança apresenta um comportamento 
mais afeminado ou aquela outra criança mais masculinizada, você acaba tendo esse cuidado, 
mas não há um posicionamento efetivo em relação a esse tema.” Assim, a escola aprenderia a 
lidar com esses casos na medida em que eles surgem. Isso poderia ser uma explicação para a 
falta de preparo de várias instituições, bem como das falhas que apresentam ao inserir esses 
temas. Talvez seja preciso mais experiência prática. 
Um dos professores do colégio católico II, quando perguntado sobre como a escola 
promover o reconhecimento da diversidade sexual, reafirmou a falta de interesse dizendo que 
“não existe essa preocupação” e assuntos como esse ficam dependendo do programa de cada 
professor, um tópico incerto dentro das salas de aula. Já a outra professora do instituto fez 
21 
 
questão de enfatizar a diferença entre a escola privada e a pública em que leciona. Na 
particular, não há “nenhuma iniciativa em relação ao reconhecimento da diversidade sexual, o 
tema é trabalhado por professores da área de humanas em ações isoladas”. Por outro lado, 
ainda segundo a professora, nas escolas públicas há um envolvimento por parte da 
instituição com a formação de núcleos de estudo, de jornadas da diversidade, criação de 
coletivos políticos LGBTs e ainda com a aceitação institucional do nome social dos 
transgeneros. 
 A escola municipal de Vitória foi a única a dizer que a equipe segue as orientações do 
MEC e que, para dar suporte às crianças, desenvolvem uma rede de diálogo não só na escola, 
mas com assistentes sociais e psicólogas da unidade de saude. Quando trabalham com alguma 
tema têm também apoio da própria Secretaria de Educaçao (SEDU). A matriz curricular é 
nova, de 2016, mas esse assunto já é previsto na matriz antiga e a escola sempre teve a 
necessidade de abordar o assunto: "se os alunos não verem que a escola tem esse trabalho 
respeitoso, eles acabam sofrendo pelas diferenças", o que prejudica o aprendizado. A equipe 
trabalha em conjunto com todos os profissionais em contato com a criança. 
 Apesar do avanço e da maior preparação dos professores, a coordenadora diz que 
"muito difícil ter um parâmetro para lidar com os alunos dessa idade, por exemplo, você quer 
trabalhar um negócio, mas precisa saber o que ele necessita, com quem você falar para 
'resolver', porque a clareza as vezes choca, o aluno não tem noção da situação, ele é criança". 
 . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
PARTE IV: DIFICULDADES E PROBLEMAS ENFRENTADOS 
 
Pela natureza polêmica desse assunto e pela necessidade de discuti-lo com outras 
pessoas no trabalho de campo, a realização desse trabalho enfrentou alguns problemas. A 
revisão de literatura foi mais fácil que o esperado, devido a grande quantidade de material 
científico sobre o assunto. Eram sim muito mais frequentes os artigos sobre relações de 
gênero e sobre educação sexual nas escolas, mas conseguimos uma grande quantidade de 
trabalhos mais próximos do tema da diversidade sexual, ainda que com abordagens muito 
diferentes. 
Já com o trabalho de campo, aconteceram reações esperadas e inesperadas. Em 
algumas entrevistas, os educadores tinham um evidente receio em dizer o que realmente 
pensavam, parecendo categorizar em suas mentes o que deveria ser certo ou errado, com o 
medo de produzir ou reproduzir preconceitos - isso não foi apenas uma impressão, foi 
expressado verbalmente por alguns dos entrevistados. Esse problema foi mais uma vez 
revelado quando houve a necessidade de uma busca na internet para saber melhor sobre o 
assunto, de forma que esse entrevistado não quis falar na gravação antes de analisar a fala. 
Outro problema enfrentado foi a rejeição do pedido por uma instituição, por motivo de 
estarem ocupados em outras atividades escolares, mas podendo ser também por a escola ter 
um forte viés religioso. 
Ademais, foi evidente que a maioria dos entrevistados disse que grande parte do 
assunto sobre diversidade sexual deveria ser tratado em casa, sob os cuidados da família, por 
isso a abstenção e consequente indiferença com o aluno, de forma que muitos não sabiam o 
que falar por não trataram o problema como algo a ser enfrentado, por "fecharem os olhos" 
quanto à realidade do alunado. Dessa forma, muitas perguntas eram respondidas de forma 
genérica: "isso não cabe ao educador, mas sim à família do envolvido", sendo assim, difícil 
obter respostas concretas sobre questões essenciais para o entendimento íntegro e 
contextualizado da questão. 
As escolas particulares envolvidas tinham um cuidado muito maior com as palavras e 
opiniões, até mesmo com os relatos dos acontecimentos, já que quando se trata de um 
educador de uma instituição desse tipo, o indivíduo não fala apenas sobre as suas experiências 
em ambiente escolar, mas consequentemente sobre a instituição em que leciona e os seus 
métodos, o que pode trazer um comprometimento direto do nome da escola. 
23 
 
Além disso, os educadores, em muitas respostas, responsabilizavam os orientadores e 
coordenadores, dizendo não serem instruídos corretamente para lidar com o problema, o que, 
apesar de ser verdade na maioria dos casos, impede que a opinião seja explicitada e o 
verdadeiro comportamento do professor não seja evidenciado para a análise, acarretando, 
então, no mesmo problema da responsabilidade com o nome das instituições e do dever dos 
pais: os argumentos não ficam claros por não serem do âmbito do educador, 
responsabilizando pessoas que estão em cargos superiores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 Após ler sobre o tema e discuti-lo com professores e funcionários que lidam com a 
educação infantil, podemos concluir que a diversidade sexual ainda é pouco tratada nas 
escolas e muitas instituições sequer têm mínima abordagem do assunto. Além disso, mesmo 
quando a escola tenta propor uma abordagem quepromove a diversidade, os obstáculos 
postos pela realidade dos envolvidos se tornam, por vezes, intransponíveis. Este aspecto inclui 
a posição dos pais das crianças e de fatores que influenciam o alunado e o corpo docente, com 
a religião. 
 Ademais, é necessário analisar o fato de os educadores, em algumas entrevistas, não 
saberem a real e necessária distinção entre o conceito de divisão de gênero e identidade sexual 
dificulta muito a abordagem com os alunos, pelo fato de não estarem de fato os orientando 
sobre a natureza dos seus sentimentos e vontades, podendo até os confundir ainda mais. 
 A maioria dos docentes, salvo exceções, concorda com a necessidade da manifestação 
de respeito. Isso é respeitado para que a criança se sinta bem no ambiente escolar, de forma 
que não veja o lugar apenas como uma obrigação, mas como uma parte produtiva da infância 
e essencial para a formação. 
Lidar com crianças é um âmbito delicado, pelas diversas dificuldades e peculiaridades 
envolvidas. Elas ainda não possuem personalidades já construídas, de forma que são 
suscetíveis a influências dos ambientes sociais a que fazem parte, sendo as instituições 
escolares um exemplo de extrema importância. Apesar de estarem constantemente 
aprendendo, as crianças possuem autenticidade no sentido de não terem sido tão moldadas 
pela sociedade que possuem as regras e comportamentos pré-estabelecidos e esperados. Por 
outro lado, essa autenticidade pode tornar as crianças irredutíveis, não permitindo a influencia 
imposta pelos responsáveis ou educadores por terem certeza de suas essências. 
De qualquer forma, cumprimos com nosso objetivo de conhecer melhor como os 
programas Brasil sem Homofobia ou qualquer outro tema relacionado à diversidade sexual 
são postos em prática nas escolas, observando as dificuldades que eles trazem, mas também 
os benefícios que podem ofertar às crianças e, por consequência, a sociedade como um todo. 
 
25 
 
 
 
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