Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Antropologia – Prof Luiz Otávio Deborah Mothe Fichamento – Texto: Lévi-Strauss: Antropologia Estrutural “Quais relações e quais diferenças há entre etnografia, etnologia e antropologia? O que se entende pela distinção entre antropologia social e antropologia cultural? E, finalmente, que relações têm a antropologia com disciplinas frequentemente unidas a ela num mesmo departamento, como a sociologia, a ciência social, a geografia, às vezes até mesmo a arqueologia e a linguística?” “Todos os países parecem conceber a etnografia do mesmo modo. Ela corresponde aos primeiros estágios da investigação: observação e descrição, trabalho de campo. Uma monografia acerca de um grupo suficientemente pequeno para que o autor tenha conseguido acumular a maior parte de sua informação graças à sua experiência pessoal constitui o típico estudo etnográfico. Acrescentaremos apenas que a etnografia também inclui os métodos e técnicas relativos ao trabalho de campo, à classificação, à descrição e à análise de fenômenos culturais particulares (quer se trate de armas, instrumentos, crenças ou instituições).” “A etnologia representa, em relação à etnografia, um primeiro passo em direção à síntese. Sem excluir a observação direta, ela tende a conclusões suficientemente amplas para que seja difícil fundamentá-las exclusivamente num conhecimento de primeira mão. Tal síntese pode ser operada em três direções: geográfica, se quiser integrar conhecimentos relativos a grupos vizinhos, histórica, se se visar a reconstituir o passado de uma ou várias populações e, finalmente, sistemática, se for isolado, e examinado com especial atenção, um determinado tipo de técnica, de costume ou de instituição.” “Em todos os casos, a etnologia inclui a etnografia como procedimento prévio e constitui seu prolongamento.” “(...) outras disciplinas, como a sociologia (no sentido francês do termo), a geografia humana, a história, por vezes até a filosofia, eram encarregadas do estágio posterior da síntese.” “Em todos os lugares onde encontramos os termos antropologia social ou cultural, estes estão ligados a uma segunda e última etapa da síntese, que tem por base as conclusões da etnografia e da etnologia.” “Etnografia, etnologia e antropologia não constituem três disciplinas diferentes, ou três concepções diferentes das mesmas investigações. São, na verdade, três etapas ou três momentos de uma mesma pesquisa, e a preferência por um dos termos exprime apenas a predominância da atenção voltada para um tipo de pesquisa, que nunca pode excluir as duas outras.” “A noção de “cultura” (...) diz respeito, portanto, às diferenças características que existem entre o homem e o animal, dando assim origem à oposição que se tornou clássica desde então, entre natureza e cultura. Nessa perspectiva, o homem aparece essencialmente como homo faber ou, como dizem os anglo- saxões, tool-maker. Costumes, crenças e instituições se apresentam como técnicas, (...) técnicas que estão a serviço da vida social e a tornam possível.” “A antropologia social se reduz ao estudo da organização social, capítulo essencial, mas capítulo apenas, dentre todos os que formam a antropologia cultural. Esse modo de apresentar a questão parece ser característico da ciência americana, pelo menos nas primeiras fases de seu desenvolvimento. Aqui, já não é mais o homo faber que se encontra em primeiro plano, mas o grupo, e o grupo tomado enquanto grupo, isto é, o conjunto das formas de comunicação que fundam a vida social.” “Poder-se-ia dizer, portanto, que a antropologia cultural e a antropologia social cobrem exatamente o mesmo programa, uma partindo das técnicas e objetos para chegar à “supertécnica” que é a atividade social e política, que possibilita e condiciona a vida em sociedade, e a outra partindo da vida social, para descer até as coisas às quais ela imprime sua marca, e às atividades através das quais ela se manifesta.” “A antropologia social nasceu da descoberta de que todos os aspectos da vida social – econômico, técnico, político, jurídico, estético, religioso – constituem um conjunto significativo, e que é impossível compreender qualquer um deles sem situá-lo entre os demais. Consequentemente, ela tende a operar do todo em direção às partes ou, pelo menos, a dar prioridade lógica ao primeiro.” (Antropologia Cultural) – “Em lugar da perspectiva estática, apresentando o conjunto do grupo social como uma espécie de sistema ou de constelação, foi uma preocupação dinâmica – como a cultura é transmitida através das gerações – que a levou a uma conclusão idêntica, a saber, a de que o sistema de relações que une todos os aspectos da via social desempenha um papel mais importante, na transmissão da cultura, do que cada um desses aspectos tomado isoladamente.” “Quer se declare “social” ou “cultural”, a antropologia sempre aspira ao conhecimento do homem total, considerado a partir de suas produções num caso, e de suas representações, no outro.” “Compreende-se, assim, que uma orientação “culturalista” aproxime a antropologia da geografia, da tecnologia e da pré-história, ao passo que a orientação “sociológica” gera para ela afinidades mais diretas com a arqueologia, a história e a psicologia. Em ambos os casos, existe uma proximidade especial com a linguística, já que a linguagem é ao mesmo tempo fato cultural por excelência (que distingue os homens dos animais) e aquele por intermédio do qual todas as formas de vida social se criam e se perpetuam.” (Folclore) – “Ele designa as pesquisas que dizem respeito à sociedade do observador, mas lançam mão de métodos de investigação e técnicas de observação do mesmo tipo que os empregados para sociedades muito afastadas.”
Compartilhar