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Lei de Drogas, direito, para concurso Publico

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2018.1 
 
 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 1 
 
LEI 11.343/2006 – LEI DE DROGAS 2018.1 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 3 
LEI DE DROGAS – 11.343/2006 .................................................................................................... 4 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 4 
2. OBJETIVIDADE JURÍDICA ...................................................................................................... 4 
3. OBJETO MATERIAL ................................................................................................................ 5 
4. SUJEITO ATIVO ...................................................................................................................... 5 
5. SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................. 6 
6. ELEMENTO SUBJETIVO ........................................................................................................ 6 
7. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO .......................................................................................... 6 
8. AÇÃO PENAL .......................................................................................................................... 7 
9. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .......................................................................................... 7 
10. PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL .............................................................. 8 
10.1. PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 8 
10.2. FUGA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ................................................................. 9 
10.3. CONSUMO PESSOAL X USO PRÓPRIO ........................................................................ 9 
10.4. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE .......................................................................................... 9 
10.5. NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................................... 9 
10.6. FIGURA EQUIPARADA .................................................................................................. 10 
10.7. CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O TRÁFICO .............................................. 10 
10.8. PENAS ........................................................................................................................... 11 
10.9. PRESCRIÇÃO ................................................................................................................ 12 
10.10. RITO PROCESSUAL ...................................................................................................... 12 
11. ART. 33 - TRÁFICO DE DROGAS ..................................................................................... 12 
11.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 12 
11.2. SUJEITO ATIVO ............................................................................................................. 13 
11.3. ELEMENTO NORMATIVO.............................................................................................. 14 
11.4. FLAGRANTE PREPARADO ........................................................................................... 14 
11.5. DOSIMETRIA DA PENA ................................................................................................. 14 
11.5.1. Pena privativa de liberdade ..................................................................................... 14 
11.5.2. Pena de multa ......................................................................................................... 15 
11.6. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA ............................................................................... 15 
11.6.1. Previsão legal .......................................................................................................... 15 
11.6.2. Vedação de penas restritivas de direitos.................................................................. 15 
11.6.3. Tráfico privilegiado X Crime Hediondo ..................................................................... 16 
11.6.4. Requisitos cumulativos ............................................................................................ 16 
11.6.5. Diminuição da pena e quantidade da droga ............................................................. 17 
11.6.6. Exercício de atividade criminosa .............................................................................. 17 
11.6.7. “Mulas” do tráfico ..................................................................................................... 17 
11.7. FIGURAS EQUIPARAS .................................................................................................. 18 
11.7.1. Inciso I ..................................................................................................................... 18 
11.7.2. Inciso II .................................................................................................................... 19 
11.7.3. Inciso III ................................................................................................................... 20 
12. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGAS ............... 21 
13. CEDENTE EVENTUAL ...................................................................................................... 22 
14. ART. 34 – MAQUINISMO E OBJETOS DESTINADOS AO TRÁFICO ................................ 22 
14.1. FINALIDADE DO TIPO PENAL ...................................................................................... 23 
14.2. OBJETO MATERIAL....................................................................................................... 23 
14.3. SENTENÇA CONDENATÓRIA ....................................................................................... 23 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 2 
 
14.4. PONTOS FUNDAMENTAIS DA JURISPRUDÊNCIA ...................................................... 23 
14.4.1. Conflito de normas com o art. 33, caput, e princípio da consunção ......................... 23 
14.4.2. Concurso de crimes: art. 33, caput e art. 34 ............................................................ 24 
15. ART. 35 – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO .................................................................... 25 
15.1. INADIMISSIBILIDADE DE TENTATIVA .......................................................................... 26 
15.2. OUTRAS FORMAS DE ASSOCIAÇÃO .......................................................................... 26 
15.3. REITERAÇÃO NA INTENÇÃO DE COMETER CRIMES ................................................ 26 
15.4. CONCURSO DE CRIMES .............................................................................................. 27 
16. ART. 36 – FINANCIAMENTO AO TRÁFICO ...................................................................... 27 
16.1. FINANCIAMENTO OU CUSTEIO SEM TRÁFICO .......................................................... 27 
16.2. AUTOFINANCIAMENTE E ART. 40, VII DA LD .............................................................. 27 
17. ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR ...................................................................... 28 
17.1. COLABORADOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO .................................................................. 29 
17.2. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO E SUBSIDIARIEDADE TRÁFICA ............................. 29 
18. CAUSAS DE AUMENTO DA PENA ................................................................................... 29 
18.1. APLICABILIDADE ...........................................................................................................30 
18.2. TRANSNACIONALIDADE (INC. I) .................................................................................. 30 
18.2.1. Transposição da fronteira ........................................................................................ 30 
18.2.2. Competência ........................................................................................................... 30 
18.3. AGENTES (INC. II) ......................................................................................................... 31 
18.4. LOCAL EM QUE CRIME FOR COMETIDO (INC. III) ...................................................... 31 
18.4.1. Estabelecimento prisional ........................................................................................ 32 
18.4.2. Fundamento ............................................................................................................ 32 
18.4.3. Transporte público ................................................................................................... 32 
18.5. MODO COMO O CRIME FOI PRATICADO (INC. IV) ..................................................... 32 
18.6. TRÁFICO INTERESTADUAL .......................................................................................... 32 
18.7. ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES ........................................................... 34 
18.7.1. AUTOFINANCIAMENTO ......................................................................................... 34 
19. COLABORAÇÃO EFICAZ (ART. 41) .................................................................................. 34 
20. CRIME CULPOSO (ART. 38) ............................................................................................. 35 
21. CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS O CONSUMO DE DROGA (ART. 
39) 35 
22. PROCEDIMENTO POLICIAL ............................................................................................. 36 
22.1. LAVRATURA DO APF .................................................................................................... 36 
22.2. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO ...................................................................................... 36 
23. DESTRUIÇÃO DAS DROGAS APREENDIDAS ................................................................. 36 
23.1. COM PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 50) .................................................................... 37 
23.2. SEM PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 50-A) ................................................................. 37 
24. PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS ESPECIAIS (ART. 53) ...................................... 37 
24.1. AGENTE INFILTRADO (INC. I) ...................................................................................... 38 
24.2. AÇÃO CONTROLADA (INC. II) ...................................................................................... 38 
25. INTERROGATÓRIO DO RÉU ............................................................................................ 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 3 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial possui como base as aulas dos professores Renato 
Brasileiro, Cleber Masson e Vinícius Marçal, serão analisadas dezesseis leis, as mais cobradas em 
concurso público. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2016 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2017, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 4 
 
 
LEI DE DROGAS – 11.343/2006 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A Lei 11.343/2006, também denominada de Lei de Drogas, trata de forma integral (material 
e processual) toda a sistemática penal envolvendo drogas. 
Ademais, a Lei 11.343/2006 como revogou expressamente as leis 6.368/76 e 10.409/2002. 
Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, e a Lei 
no 10.409, de 11 de janeiro de 2002. 
 
Destaca-se que, anteriormente, a Lei 6.368/76 regulava a sistemática das drogas, sendo 
editada em 2002 a Lei 10.409/2002, a qual teve sua parte material (crimes e penas) integralmente 
vetada pelo Presidente da República, prevalecendo apenas sua parte processual. Assim, havia, até 
a edição da Lei 11.343/2006, duas leis que tratavam sobre o tema, uma dispondo sobre o direito 
material penal e a outra contendo a parte procedimental. 
A referida lei criou o SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. 
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas 
- Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e 
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas 
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e 
define crimes. 
 
Além disso, a Lei de Drogas substituiu a expressão “substancias entorpecentes” por 
DROGAS. 
2. OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Por meio da objetividade jurídica analisa-se o bem jurídico protegido pelo Direito Penal. Por 
exemplo, no delito de furto o bem jurídico protegido é o patrimônio, no crime de homicídio protege-
se a vida. 
A Lei 11.343/2006, por sua vez, visa tutelar a saúde pública. Ressalta-se assim que, na parte 
penal, a referida lei não se preocupa com a saúde individual (de cada usuário), mas sim com a 
saúde de toda a coletividade, pois enquanto há a circulação de drogas “toda a sociedade corre 
perigo”. 
Por fim, a título de curiosidade, a antiga redação do art. 281 do CP previa o tráfico de drogas 
como crime. 
Art. 281 - Importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, ainda que 
a título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 5 
 
ou, de qualquer maneira, entregar a consumo substância entorpecente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de dois a dez contos de réis. 
3. OBJETO MATERIAL 
Por objeto material entende-se a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa do 
agente. 
A droga é o objeto material da Lei 11.343/2006, sua definição está prevista no art. 1º, 
parágrafo único da referida lei, in verbis: 
Art. 1º - Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as 
substâncias ou os produtos capazes decausar dependência, assim 
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente 
pelo Poder Executivo da União. 
 
Percebe-se, assim, que para determinada substância ser considerada uma droga é 
necessário que: 
• Cause dependência física ou psíquica; 
E 
• Esteja prevista em uma lei ou ato administrativo (lista) da União. 
Obs.: Os crimes da Lei de Drogas estão previstos em normal penal em branco, tendo em vista que 
necessitam de complemento em seu preceito primário. Pela redação do parágrafo único, do art. 1º, 
infere-se que os crimes podem ser complementados tanto por uma norma penal em branco 
homogênea (complemento em lei) quanto heterogênea (complemento feito através de listas). 
Contudo, atualmente no Brasil, os crimes previstos na lei de drogas estão dispostos em normas 
penais heterogêneas, eis que a relação de drogas está contida em atos administrativos da União. 
A Portaria SVS/MS nº 344/1998 é que disciplina as substancias consideradas como droga, 
sendo atualizada de forma continua. 
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, até que 
seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-
se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob 
controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998. 
 
Ressalta-se que para ser considerada como droga basta a presença do princípio ativo, 
pouco importando a nomenclatura utilizada (maconha, cocaína, LSD, etc.). Há, inclusive, diversos 
medicamentos que possuem seu princípio ativo na Portaria. 
A prova da materialidade, constatação do princípio ativo, será feita por meio de um exame 
químico-toxicológico (perícia). 
4. SUJEITO ATIVO 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 6 
 
Em regra, os crimes previstos na Lei de Drogas são crimes comuns ou gerais, isto é, são 
crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa, não se exige situação especial. 
Há, contudo, uma exceção prevista no art. 38, eis que a conduta de prescrever (médico ou 
dentista) ou ministrar (farmacêutico ou profissional de enfermagem) exige qualidade especial, 
tratando-se de crime próprio ou especial. 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 
(cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. 
5. SUJEITO PASSIVO 
Obs.: Sempre que se estudar o sujeito passivo, de qualquer crime, deve-se relacional com a 
objetividade jurídica (bem jurídico protegido), pois o sujeito passivo é o titular do bem protegido. 
Como o bem jurídico protegido pela Lei de Drogas é a coletividade, o sujeito passivo de tais 
crimes será a coletividade, por isso são classificados como crimes vagos. 
CRIME VAGO = possui como sujeito passivo um ente destituído de personalidade jurídica 
(crimes de transito, crimes contra a família, crimes da lei de drogas). 
6. ELEMENTO SUBJETIVO 
Os crimes da Lei 11.343/2006 são DOLOSOS, salvo o crime previsto no art. 38. 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 
(cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. 
7. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO 
Inicialmente, salienta-se que crime de perigo é aquele em que a consumação ocorre com a 
exposição do bem jurídico a um risco de dano. Não se exige a efetiva lesão ao bem jurídico, 
bastando a probabilidade de dano. 
Por sua vez, no crime de perigo abstrato, também chamado de crime de perigo presumido, 
a prática da conduta, descrita em lei, acarreta na presunção absoluta do perigo ao bem jurídico, não 
se exige prova concreta. 
Cita-se, como exemplo, o caso do traficante de drogas, não se exige prova de que a 
coletividade, efetivamente, estava em perigo com a sua conduta. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 7 
 
8. AÇÃO PENAL 
Todos os crimes da Lei de Drogas são de ação penal pública incondicionada. 
9. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Como se sabe, o princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da 
tipicidade material do crime. 
No tráfico de drogas NÃO se aplica tal princípio, tendo em vista a incompatibilidade lógica 
entre ambos, já que o tráfico é um crime de alta periculosidade, equiparado a hediondo. 
Contudo, em relação ao art. 28 da lei (consumo próprio), o STF (Info 655) já admitiu a 
aplicação de tal princípio, vejamos algumas conclusões (fonte: Dizer o Direito): 
Argumentos utilizados pelo Relator: 
 A privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando 
estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos 
que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados 
são expostos a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. 
 Deste modo, o direito penal não deve se ocupar de condutas que produzam resultados 
cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes — não 
representam, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à 
integridade da própria ordem social. 
 Assim, estão preenchidos os requisitos de aplicação do princípio da insignificância: 
a) mínima ofensividade da conduta do agente; 
b) nenhuma periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e 
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
 
O STJ, em sentindo diverso, não entende possível a aplicação do princípio da insignificância 
ao delito do art. 28. Nesse sentindo, Info 541: 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 8 
 
 
ATENÇÃO! A decisão do STF é de 2012, e apenas da 1ªT, levando em consideração o 
caso concreto. Assim, é importante conhecer o precedente para eventual segunda fase e prova oral, 
mas em provas objetivas ficar com o entendimento de que não é possível que seja aplicado o 
princípio da insignificância à Lei de Drogas. 
10. PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL 
10.1. PREVISÃO LEGAL 
O porte e cultivo para consumo pessoal é delito previsto no art. 28 da Lei de Drogas, 
vejamos: 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena 
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou 
psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz 
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às 
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput 
deste artigo serão aplicadaspelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas 
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, 
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que 
se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação 
de usuários e dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere 
o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, 
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 9 
 
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do 
infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente 
ambulatorial, para tratamento especializado. 
10.2. FUGA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
É consenso que o problema do usuário de drogas não é de justiça penal, mas sim um 
problema de saúde pública, que necessita de políticas públicas. 
A atual Lei de Drogas abrandou muito a situação do usuário, na antiga lei tal delito era punido 
com pena de detenção de até um ano, prevendo penas de advertência, prestação de serviço à 
comunidade e medidas socioeducativas, acabando com a pena privativa de liberdade. Portanto, 
não caberá prisão provisória (preventiva temporária) e nem prisão definitiva. 
10.3. CONSUMO PESSOAL X USO PRÓPRIO 
O tipo penal do art. 28, fala porte, posse para consumo pessoal, na legislação antiga falava-
se em uso próprio. 
10.4. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE 
Idealizado por Claus Roxin, o princípio da alteridade defende que não há crime na conduta 
que prejudica somente quem a praticou. O crime, portanto, deve ultrapassar a esfera pessoal do 
agente, causando danos ou perigo a terceiros. 
Os crimes da Lei de Drogas são crimes contra saúde pública, não há preocupação com a 
saúde do usuário. Justamente, por isso, não há no art. 28 a expressão “uso”, consequentemente 
não há crime no uso pretérito da droga. 
10.5. NATUREZA JURÍDICA 
Quando a Lei de Drogas entrou em vigor (2006), Luís Flávio Gomes afirmou que o art. 28 
não era crime e nem contravenção penal, com base no art. 1º da Lei de Introdução ao CP, tendo 
em vista que há o gênero infração penal, a qual divide-se em duas espécies: 
• Crime – espécie de infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, 
isolada ou cumulativamente com a pena de multa; 
• Contravenção penal – espécie de infração penal a que a lei comina prisão simples ou 
multa, de forma isolada ou cumulativa. 
Como não há nenhuma dessas penas cominadas ao art. 28, não seria crime e muito menos 
contravenção, mas sim uma infração penal sui generis. 
CRITÍCA – não basta afirmar que não se trata de crime e nem de contravenção penal, 
precisa definir o que é, não simplesmente dizer que é algo sui generis. 
De acordo com o STF (RE 430.105), trata-se de CRIME, eis que: 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 10 
 
a) A lei, ao tratar do tema, classificou a conduta como crime; 
b) Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial Criminal; 
c) No tocante à prescrição, o art. 30 determina a aplicação do art. 107 do CP; 
d) A finalidade do art. 1º da Lei de Introdução ao CP era apenas diferenciar, em 1942, os 
crimes das contravenções penais, uma vez que o CP e a LCP entraram em vigor 
simultaneamente (01 de janeiro de 1942). 
e) A LICP pode ser modificada por outra lei ordinária, como aconteceu com a lei de drogas. 
Ou seja, o art. 1º da LICP traz um conceito legal de crime, de natureza genérica, aplicado 
aos crimes em gerais. Ao passo que o art. 28 da Lei de Drogas também traz um conceito 
de crime, mas de forma restrita, pois aplicado apenas à Lei de Drogas. 
f) Não existiam as penas alternativas quando a LICP entrou em vigor. 
10.6. FIGURA EQUIPARADA 
Trata-se do cultivo de drogas para o consumo pessoal, prevista no §1º do art. 28, da Lei de 
Drogas, vejamos: 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena 
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou 
psíquica. 
 
As mesmas medidas são: 
• Advertência sobre os efeitos das drogas; 
• Prestação de serviços à comunidade; 
• Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo 
A figura equiparada solucionou um problema que havia com a legislação anterior, sempre 
que era caso de cultivo para consumo pessoal o fato era considerado atípico ou, dependendo do 
juiz, enquadrado como tráfico de drogas, não havia coerência. 
Obs.: não confundir com o art. 33, §1º, II que trata de figura equiparada ao tráfico, a finalidade do 
agente é entregar matéria prima, para preparação de drogas, a terceiros. 
Art. 33, 1º, II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se 
constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; 
10.7. CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O TRÁFICO 
O §2º do art. 28 da Lei de Drogas traz os critérios que irão diferenciar a droga que se destina 
ao consumo pessoal e a que se destina ao tráfico de drogas, quais sejam: 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 11 
 
a) Natureza e quantidade da droga; 
b) Local e condições em que foi apreendida; 
c) Circunstancias pessoais e sociais do agente; 
d) Conduta e os antecedentes do agente. 
Art. 28, §2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o 
juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e 
às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
 
Havendo dúvida, entre tráfico e porte de drogas para consumo pessoal, o juiz deve condenar 
pelo crime menos grave. 
10.8. PENAS 
Há três penas cominadas ao crime do art. 28 da Lei de Drogas. 
Nos termos do art. 28, §3º, a prestação de serviços à comunidade e a medida educativa 
terão prazo máximo de cinco meses. Caso o réu seja reincidente, o prazo máximo passa a ser de 
10 meses, conforme §4º do referido artigo. 
Art. 28 (...) 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput 
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
 
Destaca-se que a prestação de serviço à comunidade será cumprida em estabelecimentos 
que se ocupem, preferencialmente, com a recuperação de usuários e dependentes de drogas (art. 
28, §5º). 
Art. 28, § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, 
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que 
se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação 
de usuários e dependentes de drogas. 
 
Além disso, as penas poderão ser aplicadas de forma isolada ou de forma cumulativa, sendo 
possível sua substituição, ouvido o MP e a defesa, a qualquer tempo (art. 27). Assim, por exemplo, 
o juiz poderá aplicar a pena de advertência e a de prestação de serviço à comunidade 
cumulativamente, bem como substituí-las, a qualquer tempo, pela pena de medida educativa, após 
ouvir o MP e a defesa. 
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o 
Ministério Público e o defensor. 
 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 12 
 
Importante salientar que caso não cumpra as penas impostas o agente não poderá ser 
conduzido a prisão.O juiz deverá utilizar o § 6º do art. 28 da Lei de Drogas que prevê: admoestação 
verbal e, após, multa. 
Obs.: Admoestação verbal e multa NÃO são penas, mas sim medidas para que o cumprimento da 
pena seja efetivado. 
Art. 28, § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se 
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o 
agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
 
Em relação à multa, destaca-se que irá para o Fundo Nacional Antidrogas (art. 29) e que 
será fixada em duas fases, quais sejam: 
1ªfase: o juiz irá calcular quantidade de dias-multa (entre 40 e 100). Aqui, leva-se em conta 
a reprovabilidade da conduta; 
2ªfase: o juiz irá fixar o calor de cada dia-multa (entre 1/30 até 3x o valor do salário mínimo). 
Aqui, considera-se a capacidade econômica do agente. 
10.9. PRESCRIÇÃO 
A prescrição será calculada, aqui, não poderá ser calculada com base na quantidade da 
pena imposta. Por isso, o art. 30 fixou o prazo de 2 anos, tanto para a pretensão punitiva quanto 
para a pretensão executória, aplicando-se o art. 107 do CP para os casos de interrupção do prazo. 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e 
seguintes do Código Penal. 
10.10. RITO PROCESSUAL 
Para encerrar a análise do art. 28 da Lei de Drogas, importante observar o rito processual 
do referido delito. Por se tratar de uma infração de menor potencial ofensivo, seguirá o rito da Lei 
9.099/95. 
Portanto, é um crime de competência do Juizado Especial Criminal (para aprofundamento 
recomendamos nosso CS sobre o Jecrim, baseado nas aulas do Prof. Renato Brasileiro). 
11. ART. 33 - TRÁFICO DE DROGAS 
11.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 13 
 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, 
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado 
à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em 
matéria-prima para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se 
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide 
ADI nº 4.274) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 
(trezentos) dias-multa. 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas 
previstas no art. 28. 
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão 
ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas 
restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons 
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
 
Os crimes previstos na Lei de Drogas não possuem um nome específico, não há uma 
“rubrica marginal” como ocorre no CP, por exemplo, que chama o art. 121 de homicídio, o art. 155 
de furto, o 157 de roubo. Aqui, o nome dos crimes é dado pela doutrina, pela jurisprudência. 
O entendimento dominante, hoje, é que a expressão “tráfico de drogas” abrange os delitos 
previstos no art. 33, caput, e §3º, bem como o art. 34 da referida lei. Há doutrina que inclui os arts.35 
e 37 como tráfico. 
O caput do art. 33 contém dezoito núcleos. É chamado de tipo misto alternativo, também 
chamado de crime de ação múltipla ou crime de conteúdo variável. Assim, mesmo que o agente 
pratique duas ou mais condutas contra o mesmo objeto material (mesma droga) irá responder por 
um único crime. 
Contudo, se as drogas forem diversas haverá concurso de crime. Por exemplo, importou 
cocaína, guardou maconha, vendeu LSD. 
11.2. SUJEITO ATIVO 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 14 
 
Trata-se de crime comum ou geral, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Não se 
exige qualidade especial do agente. 
Obs.: caso o agente pratique o tráfico de drogas prevalecendo-se de sua função pública, no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância, a pena será aumenta, 
nos termos do art. 40, II. 
Art. 40 - As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 
um sexto a dois terços, se 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
11.3. ELEMENTO NORMATIVO 
É necessário que a conduta seja praticada sem “autorização ou em desacordo com 
determinação legal”. Portanto, havendo autorização para a prática de alguém dos dezoito núcleos 
não haverá o crime de tráfico de drogas. 
Assim, perfeitamente possível o comercio lícito de drogas, desde que haja autorização legal. 
11.4. FLAGRANTE PREPARADO 
O típico exemplo de flagrante preparado é o caso do policial à paisana que procura um 
traficante para comprar drogas. Após a efetiva entrega da droga, o policial efetua a prisão. 
Para saber se o flagrante preparado é válido ou não, importante conhecer a súmula 145 do 
STF, vejamos: 
Súmula 145 STF – Não há crime, quando a preparação do flagrante pela 
polícia torna impossível a sua consumação. 
 
A referida súmula trata do crime de ensaio ou experiencia ou delito putativo por obra do 
agente provocador. Segundo Nelson Hungria, neste casso, o traficante será um “protagonista 
inconsciente de uma comédia criminosa“. 
Para determinar se há ou não crime, importante separar as condutas, assim: 
• Em relação à conduta de vender, o flagrante é preparado. Portanto, deve-se observar o 
enunciado da Súmula 145 do STF. No exemplo acima, não haveria crime, eis que o 
policial forçou a situação de flagrante. 
• Em relação à conduta de ter em depósito, não há flagrante preparado, pois, 
independentemente, da ação do policial o agente já tinha a droga em depósito (crime 
permanente). 
11.5. DOSIMETRIA DA PENA 
11.5.1. Pena privativa de liberdade 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 15 
 
Para a fixação da pena, o juiz irá considerar a natureza e a quantidade do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente, as quais serão preponderantes sobre as circunstancias 
judiciais do art. 59 do CP. 
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre 
o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da 
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. 
 
Aqui, também, segue-se o critério trifásico para a fixação da pena. 
11.5.2. Pena de multa 
Para fixara pena de multa, após observar o art. 42 da Lei Drogas, o juiz irá fixar os dias-
multas (500 até 1500). Posteriormente, irá calcular o valor de cada dia-multa, o qual não poderá ser 
menor do que 1/30 do SM e nem ultrapassar o valor de cinco vezes o SM. 
Aqui, utiliza-se o sistema bifásico. 
Caso o valor da multa torne-se insuficiente, o juiz poderá aumentar em até 10X o seu valor. 
Obs.: havendo concurso de crimes, as multas são impostas cumulativamente. 
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o 
juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de 
dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos 
acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes 
o maior salário-mínimo. 
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão 
impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, 
em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz 
ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. 
11.6. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
11.6.1. Previsão legal 
Prevista no art. 33, §4º da Lei 11.343/2006. Também chamada de tráfico acidental, de tráfico 
privilegiado, de tráfico eventual. 
Art. 33, § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas 
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em 
penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons 
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
11.6.2. Vedação de penas restritivas de direitos 
O STF, em controle difuso de constitucionalidade, entendeu que a expressão “vedada a 
conversão em penas restritivas de direitos” era inconstitucional, tendo em vista que viola o princípio 
da individualização da pena, da proporcionalidade. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 16 
 
Diante disso, o Senado Federal, em 2012, editou a Resolução nº 5, a fim de que a decisão 
do STF fosse retirada a expressão, admitindo-se a substituição da pena privativa de liberdade por 
penas restritivas de direitos. 
11.6.3. Tráfico privilegiado X Crime Hediondo 
O STF, em mudança de entendimento (overruling), passou a considerar que o chamado 
tráfico privilegiado não pode ser equiparado a crime hediondo, tendo em vista que (argumentos 
extraídos do Info 831 do Dizer o Direito): 
• Para que um crime seja considerado hediondo ou equiparado, é indispensável que a lei 
assim o preveja. Ao se analisar a Lei nº 11.343/2006, percebe-se que apenas as 
modalidades de tráfico de entorpecentes definidas no art. 33, caput e § 1º são 
equiparadas a crimes hediondos. 
• O art. 33, § 4º não foi incluído pelo legislador como sendo equiparado a hediondo. O 
legislador entendeu que deveria conferir ao tráfico privilegiado um tratamento distinto 
das demais modalidades de tráfico previstas no art. 33, caput e § 1º. 
• A redação dada ao art. 33, § 4º demonstram que existe um menor juízo de reprovação 
nesta conduta e, em consequência, de punição dessas pessoas. Não se pode, portanto, 
afirmar que este crime tem natureza hedionda. 
• Os Decretos 6.706/2008 e 7.049/2009 beneficiaram com indulto os condenados pelo 
tráfico de entorpecentes privilegiado, a demonstrar inclinação no sentido de que esse 
delito não é hediondo. 
• Vale ressaltar, ainda, que o crime de associação para o tráfico, que exige liame subjetivo 
estável e habitual direcionado à consecução da traficância, não é equiparado a hediondo. 
Dessa forma, afirmar que o tráfico minorado é crime equiparado a hediondo significaria 
concluir que a lei conferiu ao traficante ocasional tratamento penal mais severo que o 
dispensado ao agente que se associa de forma estável para exercer a traficância de 
modo habitual. 
Em virtude da decisão do Plenário do STF, o STJ cancelou a Súmula 512, a qual afirmava 
que a aplicação da causa de diminuição de pena do §4º do art. 33, não afastava a hediondez do 
crime. 
11.6.4. Requisitos cumulativos 
Para que o tráfico privilegiado seja reconhecido, é necessário o preenchimento, de forma 
cumulativa, de quatro requisitos, quais sejam: 
a) O agente deve ser primário; 
b) O agente deve possuir bons antecedentes; 
c) O agente não pode se dedicar a atividades criminosas; 
d) O agente não pode integrar organização criminosa. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 17 
 
11.6.5. Diminuição da pena e quantidade da droga 
Imagine que o agente é primário, de bons antecedentes, não se dedica a atividades 
criminosa e nem integra organização criminosa. Contudo, foi apreendido com uma grande 
quantidade de drogas. Neste caso, será possível a concessão do benefício? 
De acordo com o STF (2ªTurma), a quantidade de drogas, isoladamente, não pode servir de 
fundamento para a negativa do benefício, vejamos o Info 849 (fonte - Dizer o Direito): 
 
11.6.6. Exercício de atividade criminosa 
Indaga-se: a atividade criminosa deve ser exercida com exclusividade para invalidar o 
benefício? 
Antes, importante recordarmos os requisitos: primariedade do agente, bons antecedentes, 
não se dedicar a atividades criminosas e não integrar organização criminosa. 
Imagine o seguinte caso, o agente é médico e, eventualmente, dedica-se às atividades 
criminosas de tráfico de drogas. Mesmo que a defesa alegue a agente desempenha a função de 
médico e esporadicamente recorre ao tráfico, não será possível reconhecer a causa de diminuição 
de pena, conforme entendimento dos tribunais superiores. 
 
11.6.7. “Mulas” do tráfico 
De acordo com o Dizer o Direito, “Mula” é o nome dado a pessoa, geralmente primária e de 
bons antecedentes (para que não desperte suspeitas), que é cooptada pelas quadrilhas de tráfico 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 18 
 
de drogas para que realize o transporte do entorpecente de uma cidade, estado, país, para outros, 
em troca de uma contraprestação pecuniária, ou por conta de ameaças. Normalmente, a droga é 
transportada pela “mula” de forma dissimulada, escondida em fundos falsos de bolsas, junto ao 
corpo ou até mesmo em cápsulas dentro do estômago da pessoa. A “mula” também é conhecida 
como “avião” ou “transportador”. 
Em relação às mulas, até pouco tempo, entendia-se que havia dedicação à atividade 
criminosa e que integrava organização criminosa. Portanto, o benefício não seria aplicado. 
O atual entendimento do STF: 
HC 124.107 - Info 766 STF - o fato de o agente transportar droga, por si só, 
não é suficiente para afirmar que ele integre a organização criminosa. Assim, 
é possível aplicar a causa de diminuição, não se podendo fundamentar tal 
negativa em mera suposição de que o réu se dedique a atividades criminosas 
em face da quantidade de droga apreendida. 
 
O STJ, em seu último informativo (602), seguiu o mesmo entendimento do STF, vejamos: 
HC 387.077 É possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente 
transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a simples 
atuação nessa condição não induz, automaticamente, à conclusão de que ele 
seja integrante de organização criminosa. 
 
Cinge-se a controvérsia em definir a possibilidade de reconhecimento do tráfico privilegiado 
ao agente transportador de drogas, na qualidade de 'mula' do tráfico. Inicialmente, convém anotar 
que a Quinta e a Sexta Turmas deste Superior Tribunal de Justiça têm entendimento oscilante sobre 
a matéria. Diante da jurisprudência hesitante desta Corte, entende-se por bem acolher e 
acompanhar o entendimento uníssono do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a simples 
atuação como "mula" não induz automaticamente a conclusão de que o agente integre organização 
criminosa, sendo imprescindível,para tanto, prova inequívoca do seu envolvimento, estável e 
permanente, com o grupo criminoso. Portanto, a exclusão da causa de diminuição prevista no § 4° 
do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, somente se justifica quando indicados expressamente os fatos 
concretos que comprovem que a “mula” integre a organização criminosa (HC 132.459, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, DJe 13/2/2017). Ainda sobre a matéria, firmou-se também no Pretório 
Excelso o entendimento de que a atuação do agente na condição de "mula", embora não seja 
suficiente para denotar que integre, de forma estável e permanente, organização criminosa, 
configura circunstância concreta e idônea para se valorar negativamente na terceira fase da 
dosimetria, modulando a aplicação da causa especial de diminuição de pena pelo tráfico privilegiado 
(HC 120.985, Rel. Min. Rosa Weber, DJe 30/6/2016). Logo, devidamente comprovado que a 
conduta do paciente se reveste de maior grau de reprovabilidade, pois tinha conhecimento de estar 
a serviço do crime organizado no tráfico internacional, o percentual de redução, pela incidência da 
minorante do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006, deve ser estabelecido no mínimo legal. 
11.7. FIGURAS EQUIPARAS 
As figuras equiparadas ao tráfico de drogas estão previstas no §1º do art. 33 da LD, a seguir 
iremos analisar cada um dos seus incisos. 
11.7.1. Inciso I 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 19 
 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, 
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado 
à preparação de drogas; 
 
Novamente, perceba que há diversos núcleos, a fim de que o maior número de situações 
fosse enquadrado como tráfico de drogas. 
Aqui, o objeto material não é a droga, não se exige que contenha o princípio ativo, mas sim 
a matéria-prima, insumo ou o produto químico. Basta que seja idôneo à produção da droga, a 
exemplo da posse de acetona que é utilizada como matéria-prima para a produção de cocaína. 
11.7.2. Inciso II 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em 
matéria-prima para a preparação de drogas; 
 
Novamente, o objeto material é uma matéria-prima, no caso a planta que irá ser utilizada na 
produção da droga. Destaca-se que não é necessário que a planta origine diretamente a droga. 
Ressalta-se que só estará configurado o crime quando presente o elemento normativo “sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar”. 
Aplica-se, aqui, o art. 2º da Lei 11.343/2006, in verbis: 
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o 
plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais 
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de 
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção 
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a 
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. 
 
A Lei prevê, ainda, que a União poderá autorizar o plantio de tais vegetais, desde que sejam 
para fins medicinais ou científicos, fixando o prazo e o local em que serão plantadas, com a referida 
fiscalização. 
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos 
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais 
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, 
respeitadas as ressalvas supramencionadas. 
 
Destaca-se o art. 243 da CF, pertinente ao tema, segundo o qual será possível expropriar 
(natureza de confisco – não há indenização) as propriedades rurais e urbanas que se destinam a 
cultura ilegal de plantas psicotrópicas. 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde 
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de 
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma 
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 20 
 
que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 81, de 2014) 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em 
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração 
de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com 
destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 81, de 2014) 
 
Por sua vez, o art. 32 da Lei 11.343/2006 prevê a destruição imediata da plantação, in verbis: 
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado 
de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para 
exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições 
encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas 
necessárias para a preservação da prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, 
de 2014) 
 
Outro ponto de destaque refere-se ao alcance da medida expropriatória, será atingida a 
totalidade da área e não apenas a que for destinada ao plantio de matéria-prima que será utilizada 
na produção de drogas. 
Por fim, a responsabilidade do proprietário da área destinada ao plantio, de acordo com o 
STF, poderá ser afastada, desde que comprove que não possui culpa. Assim, comprovado que não 
agiu com culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo, não perderá a propriedade. 
 
Obs.: O inciso II não se confunde com o §1º, do art. 28 da LD, em há o plantio de uma pequena 
quantidade, destinada ao consumo pessoal. 
Art. 28, § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo 
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência 
física ou psíquica. 
11.7.3. Inciso III 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se 
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
 
Refere-se a utilização para o efetivo tráfico de drogas, caso seja utilizado para o consumo 
pessoal de drogas, não incidirá no tráfico equiparado.: 
Trata-se de crime doloso, o agente deve conhecer a natureza da substância. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 21 
 
Atenção para o art. 66 da LD, in verbis: 
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento 
do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível. 
§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados nesta Lei 
e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento 
em favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad. 
§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e não leiloados em 
caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União. 
§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim de dar imediato 
cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo. 
12. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGAS 
É delito previsto no §2º do art. 33 da LD, cuja pena será de detenção, de uma a três anos, e 
multa de cem a trezentos dias. 
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide 
ADI nº 4.274) 
Pena- detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 
(trezentos) dias-multa. 
 
O induzimento, a instigação e o auxílio devem ser dirigidos a pessoas determinadas. 
A consumação exige o efetivo uso da droga, não basta só induzir, instigar ou auxiliar sem 
que a pessoa efetivamente faça uso. 
Não é crime equiparado a hediondo. 
MARCHA DA MACONHA = não caracteriza o crime do §2º do art. 33, conforme decidiu o STF na 
ADI 4274/DF, tendo em vista que a liberdade de expressão e manifestação de pensamento é 
consagrada na CF, bem como que só existe o referido quando as condutas são destinas a pessoa 
determinada, não a uma multidão. 
EMENTA: ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE 
“INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART. 33 
DA LEI Nº 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE “INDUZIR, 
INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE DROGA”. 1. 
Cabível o pedido de “interpretação conforme à Constituição” de preceito legal 
portador de mais de um sentido, dando-se que ao menos um deles é contrário 
à Constituição Federal. 2. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 
como fundamento para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da 
legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito 
fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º 
da Carta Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de 
manifestação de pensamento e expressão, em sentido lato, além do direito 
de acesso à informação (incisos IV, IX e XIV do art. 5º da Constituição 
Republicana, respectivamente). 3. Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode 
blindar-se contra a discussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a 
Constituição está a salvo da ampla, livre e aberta discussão dos seus defeitos 
e das suas virtudes, desde que sejam obedecidas as condicionantes ao 
direito constitucional de reunião, tal como a prévia comunicação às 
autoridades competentes. 4. Impossibilidade de restrição ao direito 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 22 
 
fundamental de reunião que não se contenha nas duas situações 
excepcionais que a própria Constituição prevê: o estado de defesa e o estado 
de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, alínea “a”, e art. 139, inciso IV). 5. Ação direta 
julgada procedente para dar ao § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006 
“interpretação conforme à Constituição” e dele excluir qualquer 
significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos 
acerca da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de 
qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento 
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. ADI 4274, 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2011, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-
2012 RTJ VOL-00222-01 PP-00146) 
13. CEDENTE EVENTUAL 
É crime previsto no § 3º do art. 33, da Lei 11.343/2006, vejamos: 
 
Art. 33, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa 
de seu relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas 
previstas no art. 28. 
 
Obviamente, este delito não é considerado tráfico de drogas, consequentemente, não é 
equiparado a crime hediondo. 
Trata-se de uma infração penal de menor potencial ofensivo, cuja competência será do 
JECRIM. 
Na antiga lei, como não havia previsão legal, a conduta descrita no § 3º era considerada 
tráfico de drogas (majoritário) e, ainda, fato atípico (minoritária). 
Para que o agente incorra nas sanções do § 3º é necessário o preenchimento de quatro 
requisitos, cumulativos, vejamos: 
a) Oferta eventual de droga; 
b) Oferta gratuita; 
c) O destinatário da droga deve ser pessoa do relacionamento de quem oferece a droga; 
d) A droga deve ser destinada ao consumo conjunto (tanto de quem oferece quanto de 
quem recebe). 
A falta de algum requisito acarreta nas sanções do art. 33, caput, da LD – tráfico de drogas. 
14. ART. 34 – MAQUINISMO E OBJETOS DESTINADOS AO TRÁFICO 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, 
entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 23 
 
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto 
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e 
duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. 
 
Trata-se de tráfico de drogas. 
14.1. FINALIDADE DO TIPO PENAL 
Busca incriminar condutas não abrangidas pelo caput do art. 33, as quais são ligadas à 
produção de drogas. 
14.2. OBJETO MATERIAL 
É o bem relacionado ao processo de criação, fabricação, produção da droga. 
Exemplo: o agente monta um laboratório para refinar cocaína. 
Obs.: Não há crime quando se apreende um bem ou instrumento ligado ao uso da droga, sem que 
esta exista. Por exemplo, a apreensão de um cachimbo para consumo de crack. 
14.3. SENTENÇA CONDENATÓRIA 
Nos termos do art. 63 da LD, na sentença condenatória o juiz deve decretar a perda de todos 
os bens. 
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento 
do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível. 
§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados nesta Lei 
e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento 
em favor da União, serão revertidos diretamente ao Funad. 
§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e não leiloados em 
caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União. 
§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim de dar imediato 
cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo. 
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do processo, de 
ofício ou a requerimento do Ministério Público, remeterá à Senad relação dos 
bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da União, indicando, 
quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em 
cujo poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da legislação 
vigente. 
 
14.4. PONTOS FUNDAMENTAIS DA JURISPRUDÊNCIA 
14.4.1. Conflito de normas com o art. 33, caput, e princípio da consunção 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 24 
 
O agente responderá pelo art. 34 da LD quando não houver nenhuma droga no local, mas 
sim apenas o maquinário. Havendo os objetos de produção da droga e a droga, o agente responderá 
apenas pelo art. 33, caput, da LD, absorvendo o 34. 
 
Para melhor compreensão sobre o referido julgado, colacionamos a excelente explicação do 
Dizer o Direito, retirada do Info 531 do STJ. 
Carlos foi preso, em sua residência, com certa quantidade de cocaína destinada à venda. 
Além da droga, o agente mantinha, no mesmo local, uma balança de precisão e um alicate de unha 
utilizados na preparação das “trouxinhas” de cocaína. O Ministério Público desejava a condenação 
do réu pelos delitos do art. 33 e 34 da Lei n. 11.343/2006, em concurso. 
O STJ, REsp 1.196.334-PR (5ª Turma), contudo, decidiu que o acusado deveria responder 
apenas pelo crime de tráfico de drogas (art. 33), ficando o delito do art. 34 absorvido. O Min. Marco 
Aurélio Bellize assentou que “a prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve 
o delito capitulado no art. 34 da mesma lei, desde que não fique caracterizada a existência de 
contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. ” 
Na situaçãoem análise, entendeu-se que não há autonomia necessária a embasar a 
condenação em ambos os tipos penais simultaneamente, sob pena de “bis in idem”. Para o Min. 
Relator, deve ficar demonstrada a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados 
à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sob pena de a posse de uma 
tampa de caneta (utilizada como medidor), atrair a incidência do tipo penal em exame. 
Relevante, assim, analisar se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em 
tela. Na situação em análise, o STJ entendeu que, além de a conduta não se mostrar autônoma, a 
posse de uma balança de precisão e de um alicate de unha não poderia ser considerada como 
posse de maquinário nos termos do que descreve o art. 34, pois os referidos instrumentos integram 
a prática do delito de tráfico, não se prestando à configuração do crime de posse de maquinário. 
STJ. 5ª Turma., Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013. 
14.4.2. Concurso de crimes: art. 33, caput e art. 34 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 25 
 
 
Pablo foi preso, em sua residência, com certa quantidade de cocaína destinada à venda. 
Além da droga, o agente mantinha, no mesmo local e em grande escala, objetos, maquinário e 
utensílios que constituíam um verdadeiro “laboratório” utilizado para a produção, preparo, 
fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes quantidades. 
O Ministério Público pediu a condenação do réu pelos delitos do art. 33 e 34 da Lei n. 
11.343/2006, em concurso. O STJ concordou com o MP e decidiu que o acusado deveria responder 
pelos crimes de tráfico de drogas (art. 33) e tráfico de maquinário (art. 34) em concurso. 
Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstraram que havia verdadeira autonomia 
das condutas, o que inviabilizava a incidência do princípio da consunção. O princípio da consunção 
deve ser aplicado quando um dos crimes for o meio normal para a preparação, execução ou mero 
exaurimento do delito visado pelo agente, situação que fará com que este absorva aquele outro 
delito, desde que não ofendam bens jurídicos distintos. 
Dessa forma, a depender do contexto em que os crimes foram praticados, será possível o 
reconhecimento da absorção do delito previsto no art. 34 pelo crime previsto no art. 33. Contudo, 
para tanto, é necessário que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e 
coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta. Levando-se em 
consideração que o crime do art. 34, visa coibir a produção de drogas, enquanto o art. 33 tem por 
objetivo evitar a sua disseminação, deve-se analisar, para fins de incidência ou não do princípio da 
consunção, a real lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados à fabricação, 
preparação, produção ou transformação de drogas. 
Relevante aferir, portanto, se os objetos apreendidos são aptos a vulnerar o tipo penal em 
tela quanto à coibição da própria produção de drogas. Logo, se os maquinários e utensílios 
apreendidos não forem suficientes para a produção ou transformação da droga, será possível a 
absorção do crime do art. 34 pelo do art. 33, haja vista ser aquele apenas meio para a realização 
do tráfico de drogas (como a posse de uma balança e de um alicate – objetos que, por si sós, são 
insuficientes para o fabrico ou transformação de entorpecentes, constituindo apenas um meio para 
a realização do delito do art. 33). Contudo, a posse ou depósito de maquinário e utensílios que 
demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório voltado à fabricação ou transformação de 
drogas implica autonomia das condutas, por não serem esses objetos meios necessários ou fase 
normal de execução do tráfico de drogas. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 303.21 
15. ART. 35 – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 26 
 
O art. 35 da Lei de Drogas dispõe sobre o crime de associação para o tráfico, a leitura de 
sua parte final confirma que apenas os arts. 33, caput e seu 1º e o art. 34 da LD são crimes de 
tráfico. 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 
1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) 
a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se 
associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
15.1. INADIMISSIBILIDADE DE TENTATIVA 
Este crime não admite tentativa, eis que se trata de um crime obstáculo. Ou seja, é um crime 
que o legislador utiliza um ato preparatório de outro crime e o tipifica de forma autônoma. Cria-se 
um tipo penal preventivo, antecipando-se a tutela penal. 
15.2. OUTRAS FORMAS DE ASSOCIAÇÃO 
É importante distinguir o delito de associação para o tráfico de drogas do crime de 
associação criminosa, previsto no art. 288 do CP, observe a tabela abaixo. 
 Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada 
ou se houver a participação de criança ou adolescente 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA 
Basta a presença/união de duas pessoas, 
sendo suficiente que apenas um deles seja 
imputável. 
Exige, pelo menos, três pessoas para que se 
caracterize. 
A intenção é cometer quaisquer crimes 
previstos nos arts. 33, caput e § 1º e art. 34 
da Lei de Drogas. 
A intenção é cometer qualquer delito em geral, 
a exemplo de roubo, furto. 
Exista ou não reiteração na intenção de 
cometer os crimes. 
Exige permanência. 
15.3. REITERAÇÃO NA INTENÇÃO DE COMETER CRIMES 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 27 
 
Segundo Masson, o art. 35 é falho ao dispensar a reiteração, tendo em vista que toda a 
associação reclama, como o próprio nome diz, um animo de permanência. Não existe eventualidade 
na associação, a reiteração é um requisito. Quando não está presente, é caso de concurso de 
pessoas. 
O STJ entende que é necessário o dolo de associação com permanência, vejamos o Info 
509 (Dizer o Direito): 
 
15.4. CONCURSO DE CRIMES 
É perfeitamente possível concurso de crimes entre a associação e tráfico de drogas. Este 
não irá absorver o delito do art. 35 da LD. 
16. ART. 36 – FINANCIAMENTO AO TRÁFICO 
É um crime de pena alta, por isso doutrina minoritária entende que se trata de um crime de 
tráfico de drogas, juntamente com o caput e §1º, do art. 33 e art. 34 da LD. 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos 
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e 
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
16.1. FINANCIAMENTO OU CUSTEIO SEM TRÁFICO 
O agente que pratica o art. 36 da LD não é um traficante de drogas, ele irá apenas financiar 
ou custear as condutas previstas como tráfico de drogas. 
É o caso, por exemplo, de um empresário que empresta R$ 500 mil para o traficante adquirir 
as drogas. 
Por isso, este crime é uma exceção à Teoria Monista (quem concorre de qualquer forma 
para a prática do crime irá responder por ele), já que apesar de concorrer para a prática do tráfico 
de drogas o agente não irá responder por ele, mas sim pelo art. 36. 
16.2. AUTOFINANCIAMENTE E ART. 40, VII DA LD 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 
um sexto a dois terços, se: 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 28 
 
 
Será aplicado quandoo próprio agente, que pratica a conduta de tráfico, financia a atividade 
criminosa. Ou seja, ele utiliza seus recursos para comprar a droga, por isso terá sua pena 
aumentada. 
Não haverá concurso material entre os delitos de tráfico e financiamento para o tráfico. 
Nesse sentindo, Info 534 do STJ, com a excelente explicação do Dizer o Direito: 
 
O agente que atua diretamente na traficância, executando, pessoalmente, as condutas 
tipificadas no art. 33 e que também financia a aquisição das drogas, deve responder apenas pelo 
crime previsto no art. 33 com a causa de aumento prevista no art. 40, VII, sendo afastado o crime 
do art. 36. O financiamento ou custeio ao tráfico ilícito de drogas (art. 36) é delito autônomo aplicável 
somente ao agente que NÃO tem participação direta na execução do tráfico, limitando-se a fornecer 
os recursos necessários para subsidiar a mercancia. 
Ao prever como delito autônomo a atividade de financiar ou custear o tráfico (art. 36), o 
objetivo do legislador foi estabelecer uma exceção à teoria monista e punir o agente que não tem 
participação direta na execução no tráfico e que se limitada a fornecer dinheiro ou bens para 
subsidiar a mercancia, sem praticar qualquer conduta do art. 33. 
Assim, nas hipóteses em que ocorre o AUTOFINANCIAMENTO para o tráfico ilícito de 
drogas, como no caso concreto, não há que se falar em concurso material entre os crimes dos arts. 
33 e 36, devendo o agente ser condenado pela pena do tráfico (art. 33), com a causa de aumento 
de pena do art. 40, VII, da Lei de Drogas. 
Se o agente que faz autofinanciamento fosse condenado pelos arts. 33 e 36, haveria bis in 
idem. Além disso, chegaríamos à conclusão de que o art. 40, VII nunca poderia ser aplicado em 
conjunto com o art. 33. 
Resumindo: 
• Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33: 
responderá apenas pelo art. 36 da Lei de Drogas. 
• Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 
33: responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será 
condenado pelo art. 36) 
17. ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 29 
 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação 
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 
1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) 
a 700 (setecentos) dias-multa. 
 
Para a caracterização do crime do art. 37 da LD, não basta a colaboração para o tráfico. 
Exige-se que o agente colabore para o grupo, organização ou associação voltados ao tráfico. 
O informante colaborador não integra o grupo, organização ou associação, apenas auxilia 
no desempenho de suas atividades. Caso fosse um integrante praticaria o crime do art. 35 da LD. 
Cita-se, como exemplo, o fogueteiro (pessoa que avisa quando a droga chegou). 
17.1. COLABORADOR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
Caso o informante colaborador seja funcionário público: 
• Se não tiver solicitado nem recebido qualquer vantagem indevida: deve responder pelo 
crime do art. 37 da LD, com a majorante prevista no art. 40, II; 
• Se tiver solicitado ou recebido vantagem indevida: responderá pelo art. 37 em concurso 
material com o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Nesse caso, não haverá a 
incidência da majorante do art. 40, II, da LD, considerando que a condição de servidor 
público já foi utilizada para caracterizar o crime do art. 317. 
17.2. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO E SUBSIDIARIEDADE TRÁFICA 
Caso o agente integre a associação, irá responder pelo art. 35 da LD. Não há concurso de 
crimes entre os arts. 35 e 37 da LD. 
 
18. CAUSAS DE AUMENTO DA PENA 
As causas de aumento de pena estão previstas no art. 40 da LD, aplicando-se apenas aos 
crimes dos arts. 33 a 37 da LD, por isso iremos analisar os crimes dos arts. 38 e 39 em momento 
posterior. 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 
um sexto a dois terços, se: 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 30 
 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as 
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de 
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou 
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem 
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de 
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou 
policiais ou em transportes públicos; 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de 
arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o 
Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem 
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de 
entendimento e determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
 
18.1. APLICABILIDADE 
As causas de aumento de pena são aplicadas ao tráfico de drogas, bem como aos delitos 
que ligados ao tráfico (associação, financiamento, colaboração). 
Incidem na terceira fase da pena e, por isso, a pena pode ser fixada acima do máximo legal. 
A seguir iremos analisar cada uma das causas do art. 40 da LD. 
18.2. TRANSNACIONALIDADE (INC. I) 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as 
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
 
Trata-se de tráfico internacional de drogas, caracterizado pela natureza, pela procedência 
ou pelas circunstâncias do fato. 
Percebe-se que o tráfico internacional não é um delito autônomo, o agente responde, em 
regra pelo art. 33, caput, com a causa de aumento do inc. I, do art. 40 da LD. 
18.2.1. Transposição da fronteira 
Para incidir a causa de aumento de pena, não é necessário que a droga tenha saído do 
Brasil. Basta que haja circunstancia indicativa que a droga sairia do país. 
18.2.2. Competência 
É de competência da Justiça Federal, nos termos do art. 70 da LD, vejamos: 
 
 
CS – LEI DE DROGAS 2018.1 31 
 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 
desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da 
Justiça Federal. 
 
Caso a droga tenha sido importada pela via postal, a competência será do local em que a 
substancia for apreendida, ainda que tenha outro local como destino. 
 
A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 constitui delito formal, 
multinuclear, que, para a consumação, basta a execução de qualquer das condutas previstas no 
dispositivo legal. No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga, praticou o verbo “importar”, 
que significa “fazer vir de outro país, estado ou município; trazer para dentro.” 
Logo, ainda que desconhecido o autor, pode-se afirmar que o delito se consumou no instante 
em que tocou o território nacional, entrada essa consubstanciada na apreensão da droga. 
Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de 
drogas, é desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá 
mero exaurimento da conduta. A consumação (importação), contudo, já ocorreu quando a 
encomenda entrou no território nacional. 
18.3. AGENTES (INC. II)

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