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GESTÃO DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO AULA 3 Prof. Marcelo Alessandro Fernandes 2 CONVERSA INICIAL Como vimos anteriormente, a inovação possui papel extremamente destacado na estratégia de negócios de uma organização. Ela traz junto uma gama de novos projetos de impacto, que, quando implementados, criam as condições necessárias para fazer valer todo um conjunto de novas ideias e irão fazer parte de uma nova proposta de valor para os stakeholders. Chamamos de stakeholders todos os públicos estratégicos da empresa, ou seja, todos aqueles que devemos atender e criar valor no presente e no futuro, pois devemos pensar na criação de valor em um horizonte de tempo maior, quando as novas ideias permitirão com que a empresa traga um novo futuro para si. A proposta de valor, que é a integração de produtos, serviços, processos e novos modelo de negócio, deve focar benefícios considerados incomuns quando comparados a outras instituições concorrentes. É justamente aqui que as ideias têm potencial de gerar diferenciação. As áreas da organização devem estar alinhadas com a proposta de valor e, uma vez que pensamos em recriar nossa proposição de valor atual, todas as áreas devem acompanhar esse desenvolvimento. Necessitamos de uma estrutura organizacional adaptável e flexível para responder as demandas dos novos processos, produtos e serviços – sustentando, no longo prazo, aquilo que nos propomos levar para nossos stakeholders. CONTEXTUALIZANDO A estrutura organizacional é o que nos dá a capacidade de irmos à frente com uma nova ideia. Todos os projetos acabam por se tornar uma rotina organizacional depois de sua implementação, nos dando um conjunto de novos processos que dá a sustentação do negócio como um todo. Assim, ao final de cada projeto inovador, temos uma rotina nova. Hoje em dia, as estruturas que compõem nosso negócio são mais horizontalizadas, e necessitamos cada vez mais de processos abertos que permitam que a organização dialogue continuamente com seus stakeholders, mas não só com eles é necessário diálogo. As áreas estratégicas, como marketing, pesquisa e desenvolvimento, negócios e RH, necessitam ter uma interação voltada para o sucesso dos novos projetos, trazendo suporte e as Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 3 condições para que ele seja conduzido com sucesso, uma vez que grande esforço e investimento é colocado em cada uma das novas ideias. O intuito, nesse sentido, não é o de focarmos apenas nas condições operacionais, viabilizando ou não as novas propostas. Devemos trabalhar inventivamente para que as soluções criadas sejam as mais marcantes possíveis na perspectiva do nosso cliente. A palavra da vez é encantamento. Sempre podemos ir além com nossas propostas, trazendo colorido artístico, experiências inusitadas, diálogo e oportunidades de ganhos para os stakeholders. Isso só é possível quando as áreas deixam de lados seus papéis tradicionais e se empenham em evoluir para um novo patamar de atuação, onde os sonhos pautam o dia a dia mais que as rotinas organizacionais estabelecidas. Deveríamos ter em mente que as mudanças são formas normais de atuação, ao contrário das inflexíveis rotinas dos negócios atualmente. TEMA 1: INTERSECÇÃO COM AS DEMAIS ÁREAS As iniciativas de inovação devem estar diretamente integradas as outras áreas para que a organização consiga caminhar junta como um todo. Hoje, as áreas trabalham muito mais tendo em vista suas rotinas e possibilidades atuais do que como suporte para a criação de novos projetos. É entendido erroneamente que o resultado da organização vem, sobretudo, por meio da continuidade de geração de receitas, mais que as inovações. Se compreendermos, de fato, o impacto da teoria de Schumpeter nos negócios, deveríamos entender que a criação de riquezas é o que suporta toda a continuidade de operação de uma organização. Nessa perspectiva, uma organização deveria estar centrada na criação de riquezas pela via da inovação, mais que qualquer outra coisa. Assim, as áreas deveriam trabalhar juntas para a resolução de problemas que inibem o sucesso de uma iniciativa inovadora. Hoje, ouvimos de gestores que estão à frente das áreas de suporte que uma iniciativa é tanto mais viável quanto menos risco apresentar para as condições atuais de negócio. Assim sendo, as organizações ainda não entenderam o papel estratégico de suas áreas, que deveriam justamente trabalhar para viabilizar espaços de experimentação e concretização de novos produtos e serviços. No médio e longo prazo, eles são, de fato, o motor econômico que permite com que as empresas cresçam efetivamente nos seus Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 4 mercados. Algo que parece não ameaçar a empresa no curto prazo acaba por gerar as armadilhas no médio e longo prazo por deixar a organização à mercê dos movimentos do mercado, fazendo com que ela deixe de protagonizar seu próprio caminho. Estratégia de Negócios A inovação impacta diretamente a estratégia de negócios e assim o faz porque necessitamos de projetos de grande impacto no mercado. Normalmente, as áreas de estratégia enfatizam demasiadamente métricas e métodos para a implementação de projetos estratégicos, que são todos aqueles que impulsionam a organização para o crescimento. Tínhamos, tradicionalmente, dois caminhos a seguir: a estratégia de diferenciação e a estratégia de redução de custos.1 No longo prazo, a estratégia de redução de custos, por si só, não é sustentável. Em mercados altamente competitivos, a inovação acaba por gerar os maiores impactos na redução de custos, devido à escala conseguida pela tecnologia e também pela forma como transforma as atividades centrais na resolução de problemas. Assim, as estratégicas de uma organização necessitam trabalhar em grande proximidade com as equipes de inovação, porque necessitam de formas inovadoras para manter sua proposta de valor a mais atual possível. Sem ideias ou projetos inovadores, a área de estratégia acaba por repetir suas conhecidas fórmulas. Em tempos de alta valorização do novo, é importante trabalharmos naquilo que é de extrema relevância para os nossos clientes e isso se faz com um conjunto maior de alternativas de produtos e serviços de alto valor agregado. Marketing Considerando que a inovação possui forte impacto na estratégia e que a estratégia envolve a organização como um todo, devemos buscar também uma grande sinergia entre marketing e inovação. O resultado de uma atividade voltada para a inovação acaba por impactar não só a imagem e o 1 PORTER, Michael E, Estratégias Competitivas/ Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2º ed. Campus. Rio de Janeiro. Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 5 posicionamento da organização, mas a forma como iremos trocar valor junto ao mercado. O marketing terá importância central nesse sentido, pois deverá trabalhar em torno de como a organização passará a ser percebida junto aos seus clientes, além de ter como tarefa criar uma percepção de valor junto aos novos produtos e serviços. Ter clareza sobre o público que almejamos formar traz todo um entendimento de como posicionar a marca, permite criar modernos meios deinteração junto ao público-alvo e extrair o máximo das redes sociais e dos softwares de relacionamento com clientes, além das ações de divulgação pelas quais nossas soluções serão difundidas. Quando Steve Jobs, por exemplo, lançou seu dispositivo para músicas – o iPod –, enfatizou uma comunicação alegre e despojada para que os amantes da tecnologia tivessem uma maior identificação. Naquela altura, ter um iPod era sinal de modernidade, uma vez que os CDs se tornaram obsoletos da noite para o dia. A comunicação de marketing encorajava as pessoas a fazer parte de um movimento de vanguarda ao enfatizar a leveza e a alegria dos novos gadgets. Os comerciais da Apple eram cheios de movimento, mostrando para seus clientes que a sua proposta era trazer um acesso maior de música de qualidade, sem que as pessoas tivessem que baixar ilegalmente arquivos de MP3. Isso tudo junto a um público bem informado, ávido por novidades e que acompanhava de perto todas as novidades que a internet trazia. A interação da área de marketing com a área de inovação deverá trazer informações aprofundadas sobre o perfil desse novo cliente que a empresa, de certa forma, promove. Assim, na inovação, consideramos a mudança de comportamento por parte do consumidor como algo desejado, uma vez que queremos ser os porta-vozes de um novo estilo de vida. Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 6 Steve Jobs no lançamento de um produto da Apple2 RH A área de recursos humanos deve acompanhar todas as mudanças que a organização busca para si. O RH deve apoiar, principalmente, o surgimento de uma nova cultura que desafie o status quo, que busque e incentive o surgimento de novos perfis de executivos. Assim, as métricas de avaliação devem pender favoravelmente para os novos projetos, criando uma condição para o intraempreendedorismo – forma pela qual a organização gera espaço para que seus executivos empreendam. 2 Conteúdo aberto in Wikimedia https://commons.wikimedia.org/wiki/Steve_Jobs#/media/File:Stevejobs_Macworld2005.jpg Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 7 Estamos longe de entendermos o quanto a organização perde ao abafar a ação empreendedora de seus próprios funcionários. Quando ela o faz, compromete seu futuro, uma vez que não tem condições de criar sua própria novidade e não consegue efetuar, sem grandes problemas, mudanças necessárias no negócio. Dessa forma, o RH possui definitivamente participação na estratégia de negócio e deve ser visto para muito além do que convencionamos estabelecer como sendo sua função. Deve ser visto como uma área que busca formar perfis de executivos ou colaboradores afinados a uma nova forma de pensar. O RH deve promover uma forte cultura de abertura aos novos pensamentos, de contraposição ao estabelecido, dando não só oportunidades para que as pessoas ajam dentro de uma nova autonomia, mas também recompensando todas as suas conquistas. Ainda estamos muito longe dessa realidade, mas não mais retornaremos aos patamares anteriores que buscavam estabelecer perfis de executivos e colaboradores que apenas cumpriam tarefas e atingiam metas. P&D A inovação trabalha, quase sempre, suportada por novas tecnologias. Muito do que pensamos em termos de soluções inovadoras só poderão ir à frente se obtivermos sucesso no desenvolvimento tecnológico. Assim, a área de inovação deve funcionar integrada com a de pesquisa e desenvolvimento (P&D), pois novas ideias de negócio podem impulsionar novas linhas de pesquisa, bem como o avanço tecnológico, por sua vez, pode suscitar novas soluções de negócio. Uma não pode trabalhar deslocada da outra, com o risco de termos soluções com pouco impacto na vida das pessoas, pois sempre necessitaremos, em maior ou menor grau, de tecnologia. Uma tecnologia deixada por si mesmo, sem um enfoque de negócios, pode não trazer impacto real junto a vida de nossos clientes. A tecnologia sem aceitação no mercado é uma invenção, desprovida de valor econômica e não pode ser considerada inovação. O maior desafio é fazer a área de pesquisa e desenvolvimento entender o alcance do seu trabalho na perspectiva empresarial, traduzindo o seu universo em ações de negócio. O mesmo vale para o mundo dos executivos, sempre tão atarefados com as rotinas de trabalho, que Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 8 necessitam entender o potencial de uma tecnologia nascente no universo de seus consumidores. Estes devem trabalhar o escopo de trabalho do pessoal técnico de forma que ideias, aparentemente sem valor, consigam trazer todo um novo âmbito de realidade e de realizações no mundo empresarial. Steve Jobs era conhecido por sua capacidade de envolver as pessoas no que era conhecido por “campo de distorção de realidade de Jobs”, pois o executivo conseguia engajar as pessoas em uma nova realidade absolutamente diferente e o que era tido como inviável se transformava em limite a ser ultrapassado. Por que é importante a interação entre as áreas? A estratégia de inovação nutre-se de um alinhamento maior entre as áreas estratégicas da organização. As áreas precisam ter um claro entendimento de que atuam para a continua geração de valor em seus negócios. O que antes era tido como uma atuação funcional, hoje necessita transitar em novas dimensões: a da inventividade e a da criação compartilhada em que os setores dialogam continuamente em torno de novas possibilidades. Os esforços conjuntos devem criar sinergias criativas que visam extrapolar os padrões de pensamento do presente rumo a novas direções, gerando aprendizado novo e de valor para todas as partes. Só assim a organização terá condições de atrair e reter os melhores talentos do mercado ao conseguir dar condições para que os indivíduos se desenvolvam ao máximo, trilhando uma carreira diferenciada e única. Cada trilha de formação profissional deve ter uma história única e interessante a ser contada, relacionada aos desafios e realizações profissionais. Um último ponto importante diz respeito à maneira como essas áreas irão se integrar no redesenho dos processos. As atividades organizacionais devem ter como fim último a criação de valor no presente ou no futuro. Uma vez que a proposta de valor é continuamente atualizada, temos que ter em mente que necessitamos também redesenhar os processos para que funcionem eficazmente em uma nova realidade. É dessa maneira, por exemplo, que trabalha a empresa Uber, que vem substituindo os táxis ao levar as pessoas aos seus destinos. O Uber criou toda Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 9 uma gama de novos processos de interação com os passageiros, ao trazer novas tecnologias tais como geolocalização, pagamento on-line e acompanhamento da chegada do motorista. Os processos precisam ser concebidos para dar passagem aos novos processos. Hoje, vemos justamente a situação contrária, com as empresas tendo que redesenhar os processos para otimizar custos dentro de uma mesma proposta de atuação. TEMA 2: FUNIL DE INOVAÇÃO O funil de inovação é uma forma de organizar nossas ideias em etapas de desenvolvimento. Na origem, podemos ter um grande número de ideias e acreditar que algumas tem mais potencial de evolução do que outras. Também temos o caso em que uma primeira ideia é necessária para que outra possa ser desenvolvida na sequência, por exemplo, o YouTube, que surgiu como uma plataforma de postagem de vídeos para depois se transformar em umaplataforma de vendas de filmes de longa-metragem. Devemos ter, em um primeiro momento, ideias viabilizadoras que abrem caminho para outras ideias, como se estivéssemos construindo a fundação de um prédio para depois construirmos os andares. Assim, podemos acompanhar uma ideia sendo desenvolvida dentro do funil segundo as seguintes fases: Ideação: são ideias que podem surgir a qualquer momento, manifestando-se livremente ou oriundas de uma atividade específica com intuito de gerá-las quando estamos em vias de buscar uma solução inovadora. Assim, à esquerda do funil, temos as ideias em um estágio bastante incipiente, vivendo em nossa mente, onde ainda não desenvolvemos formas de concretização das mesmas por meio de protótipos, esquemas ou modelos. Muitas vezes essas ideias possuem um alto potencial, mas requerem um tempo grande de maturação tecnológica até que nós possamos trazê-las dentro de algum contexto de aplicação prática. O importante nessa fase é que a ideia realmente tenha aderência junto ao pensamento da equipe encarregada de desenvolver a solução. Nesse sentido, a ideia precisa se transformar em parte integrante do pensamento das pessoas, fazendo com que as equipes passem a imaginar uma nova realidade em que a Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 10 ideia fará todo o sentido. A ideia como parte constituidora de nossos pensamentos deve ajudar a guiar nossas ações e induzir um processo de modificação da realidade. Essa etapa constitui-se de grande importância, porque é justamente nela que são criados os chamados novos conceitos de produtos e serviços. Daí surgirem conceitos como iPhone, iPad, e iPod. Se formos pensar bem, tudo que envolve nosso mundo contemporâneo possui a marca da criação de um conceito novo, tal como computadores pessoais, tablets e drones. Não são apenas nomes dados às coisas, mas sim conceitos criados por nós mesmos que servem como “pontes” para que a mente tenha algo de “concreto” para ter como base para novos pensamentos. Ilustração funil da inovação aberta.3 3 Fonte da imagem: SlideShare. Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=funil+da+inova%C3%A7%C3%A3o+aberta&espv=2&biw=1366&bi h=662&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjV- 5zdourRAhXCPpAKHflMDMwQ_AUIBigB#imgrc=Wz5bFI9GWejXhM%3A Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 11 Pesquisa: as ideias podem levar ao desenvolvimento continuado de novas tecnologias, conforme mencionamos acima. Trata-se de um grau mais adiantado de desenvolvimento, uma vez que saímos do âmbito da abstração para darmos os primeiros passos rumo a algo mais concreto, mais palpável. Isso quer dizer que, para obtermos vantagens competitivas sustentáveis, necessitamos ter, dentro da empresa, uma área dedicada à investigação, desenvolvimento e pesquisa tecnológica, baseada em ciência de ponta, entretanto muitas vezes necessitamos fazer uso de tecnologias externas, criadas em centros de pesquisas, startups ou empresas especializadas em P&D. Podemos fazer uso de tecnologia de ponta, realizando aquisições ou mesmo negociando parcerias em sentido de ganhos mútuos, uma vez que a tecnologia necessita chegar a quem poderá fazer bom uso dela. Parcerias: bastante utilizadas para acelerar um projeto que objetiva a inovação, as parcerias servem sobretudo como forma de trazer know-how, expertises e conhecimento válido para o sucesso do empreendimento. Necessitamos observar um fator chave nesse tipo de modelo de trabalho. Via de regra, as parcerias só funcionam quando os parceiros não invadem o terreno de competência um do outro, sob o risco de que comecem a disputar entre si o domínio daquilo que está sendo criando em conjunto. Scale up e spin offs: nessa etapa do funil de inovação, iremos buscar escalar os produtos e serviços no mercado. Para tanto, pode-se pensar em algumas alternativas tais como a utilização de projetos pilotos ou spin offs. O projeto piloto consiste de uma experimentação real no mercado em menor escala para correção de eventuais erros e problemas da tecnologia. Uma vez que o mercado sinaliza para uma adoção em larga escala, devemos trabalhar para avançarmos rapidamente e ganharmos escala. O spin off é a derivação de um projeto em uma nova empresa. É a decisão de que uma empresa pode crescer mais rapidamente na medida que caminhe sozinha, tendo mais autonomia. Essa opção estratégica ajuda a acelerar o processo de crescimento sem termos que desacelerar o negócio por conta de barreiras culturais e organizacionais que podem surgir junto a uma ideia inovadora. Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce Alle e Fer Realce 12 TEMA 3: FERRAMENTAS DE INOVAÇÃO NO AMBIENTE EMPRESARIAL Design Thinking Dentre as ferramentas mais utilizadas para o desenho de novas ideias encontramos o design thinking. Em português, seria algo como “pensamento baseado em design”, ou mesmo, “pensando pelo design”, algo que nos foge a uma tradução literal. Criado pela empresa de consultoria IDEO, o design thinking observou a tendência contemporânea de cada vez mais valorizar o design nos novos produtos, softwares, bens duráveis e desenvolveu uma forma de pensar a inovação por meio de princípios que orientam a atuação de um designer. Assim, seu princípio é basear a criação de novos inventos através de pesquisas in loco, no universo dos clientes. Busca-se entender que tipo de situações os clientes passam na realidade, quais os principais problemas para utilização de nossos produtos e que tipo de necessidades podemos identificar que não estamos atendendo. Essas oportunidades podem ser vislumbradas à medida que observamos atentamente o comportamento dos clientes, realizando uma compra e/ou usando produtos, como se estivessem sozinhos ou mesmo dialogando diretamente com eles. Poderíamos pensar em novas soluções dentro de um carro se pudéssemos estar com uma mãe e seus filhos pequenas, observando as dificuldades relacionadas à segurança, alimentação e entretenimento dos pequenos. O design thinking busca a investigação da experiência dos clientes em sua realidade a fim de capturar nuances sobre necessidades que não estão claras. Pode-se também pensar em criar soluções que venham a superar a expectativa desses mesmos clientes, justamente porque conseguimos flagrar algo incomum, apenas observando atentamente sua rotina. A Apple entrou no ramo da telefonia celular, porque Steve Jobs havia visto o quanto era ruim a experiência de utilização de um aparelho telefônico naquela época. Ele percebeu rapidamente que poderia utilizar a tecnologia interativa e as funcionalidades de um computador para tornar a experiência de utilização de um telefone mais rica, mais simples e mais clara. 13 Muitas vezes, as soluções que buscamos no universo do cliente não estão tão claras assim. Na maioria das vezes, temos a impressão de que algo necessita ser feito, mas não sabemos muito bem o que. Necessitamos trazer essas impressões como ponto de partida para um novo pensamento, uma nova direção. Nesse sentido, a imaginação é fundamental para criarmos uma nova realidade no lugar da anterior. Nosso mundo é rodeado por situações difíceis, complexas e de difícil apreensão. Sempre teremos condições de impulsionar nossa realidade por meio de ideias que tragam uma experiência renovada rumo a novas realizações.Assim, deixamos de lado o olhar puramente funcional para nossos produtos e serviços e passamos a buscar entender que devemos nos aprofundar nas necessidades e objetivos que os clientes têm, mas que ainda não estão claramente manifestos. Colher impressões sobre o mundo ao nosso redor nos torna mais atentos para os movimentos que nos cercam e certamente cercam nossos clientes. Cabe trabalharmos no indizível como campo fértil de impressões, como ponto de partida para criação de realidades mais plenas de significados para as pessoas. Cocriação com Stakeholders Junto com o design thinking, outra vertente da gestão vem despontando no ambiente dos negócios como forma de evoluir o processo criativo. A cocriação é a método baseado principalmente no diálogo com os clientes e visa sobretudo a abrir a criação de novas soluções com sua participação direta e ativa. Diferentemente de uma pesquisa de mercado, a cocriação trabalha diretamente por meio de insights criativos de forma a partilhar o caminho da criação, com quem mais irá se utilizar de seus resultados no futuro em termos de novas soluções: clientes e stakeholders. Essa interação direta com os clientes, muito antes de lançarmos os produtos e serviços no mercado, permitirá com que venhamos a compartilhar do saber tácito do nosso cliente em seu mundo. Saber tácito é todo o conhecimento de difícil verbalização, mas que nos traz todas as nuances e necessidades que devemos nos empenhar em resolver de forma criativa. 14 Em um primeiro momento, pode parecer algo muito difícil de colocar em prática, mas a interação direta com os públicos estratégicos nas fases criativas de concepção de um novo produto ou serviço é um exercício bastante favorável ao surgimento de novas ideias e a compreensão de aspectos do universo dos nossos clientes que é de difícil acesso. A base de uma dinâmica de cocriação é o diálogo construtivo. Arriscaríamos mesmo a dizer que dominar o diálogo construtivo com nossos stakeholders é uma das competências centrais em tempos de acelerada inovação. Diferentemente de uma comunicação unilateral, o diálogo envolve uma intenção construtiva, partindo da compreensão mútua da visão de cada uma das partes. Na prática, estabelecer um diálogo criativo com o cliente envolve acolher seus pontos de vista e permitir que eles nos guiem por novos caminhos, onde importa entendermos mais aquilo que é significativo para eles, ou o que poderia ser mais significativo. Mais que uma troca de informações, os diálogos participativos revelam um grande potencial de reenerginação e orientação das equipes. Assimilamos muito mais do que é falado no nível intuicional. Temos que ter em mente que a energia do cliente irá fluir melhor por meio de novas ideias, novas possibilidades. A armadilha é deixarmos nos conduzir por discussões que centram em reclamações, situações difíceis e queixas sem conseguirmos reverter o seu entendimento para novas maneiras de agir e pensar. Trend Hunter Em inglês, trend hunter significa caçador de tendências. Similar ao design thinking, procuramos aqui tendências que estejam surgindo na sociedade, mas que estão fora do raio de visão da organização. Podemos encontrar novas tendências no comportamento de nossos clientes, quando estes estão se divertindo, utilizando novas tecnologias, viajando etc, isso porque não temos um único comportamento que nos define. Podemos verificar várias facetas de uma mesma pessoa em diferentes realidades. Um executivo que pode passar apressadamente por um ponto de venda, é o mesmo pai atencioso que terá tempo com os filhos, escolhendo brinquedos no fim de semana. 15 Buscar tendências que, a princípio, não estão diretamente relacionadas ao nosso mercado pode ser um ponto de partida bastante rico para ampliarmos nosso repertório criativo no momento em que concebemos algo novo. TEMA 4: ALAVANCAGEM DOS NOVOS NEGÓCIOS Na área de novos negócios, um termo bastante utilizado é o de aceleração dos negócios. Muitas startups buscam algum tipo de investimento ou competência para que as novas soluções ganhem mercado mais rapidamente. O mesmo raciocínio é válido para as organizações e para quaisquer tipos de novos empreendimentos, onde deveríamos encontrar meios para que nossos negócios avancem mais rapidamente, inibindo, assim, a ação de concorrentes e empresas que queiram copiar algo que levou tempo e recursos para se tornar realidade. Dessa forma, acelera-se a entrada no mercado e os experimentos necessários para obter validação junto aos clientes em condições reais. Assim, algumas práticas de negócio vêm sendo usadas nesse sentido. Dentre as principais temos: Open Innovation É uma forma de trabalhar a solução de um problema a partir da colaboração de muitas empresas. Na inovação aberta, o foco é criarmos uma solução inovadora e sem precedentes que só poderia se dar com a junção de várias competências juntas trabalhando de forma sinérgica. Assim, o grande desafio é criar um ambiente propício à sinergia e ao compartilhamento dos saberes e avançar rumo a um processo para inventividade, de modo que todos possam romper paradigmas que fazem interpretar de maneira padronizada a realidade. Trata-se de um duplo desafio: vencer a barreira da criação e, ao mesmo tempo, trabalhar com outras culturas de organização que possuem crenças tão diferentes entre si. Fusão e Aquisição Muitas empresas são notórias criadoras de produtos e, muitas vezes, uma aquisição objetiva trazer essas empresas justamente pela capacidade de inovar em determinado setor. A aquisição pode ter em vista uma atuação sinérgica que se mostrará rentável com o passar do tempo. 16 A mescla de culturas pode trazer desafios complexos. A tensão entre diferentes culturas pode gerar um caos de saberes e de enfoques que pode ser alavancado em criatividade, em novidade, mas também pode criar uma tensão em torno de quem irá dominar o espaço na organização, gerando disputas destrutivas e egoicas. Isso pode ser, de fato, uma fonte permanente de competição interna, e a melhor forma de trabalharmos é orientar a organização para um novo patamar criativo em que as partes efetivamente participem e contribuam umas com as outras. A melhor forma de sair de um nível de competição é desenvolver elos verdadeiros ao redor da manifestação criativa autêntica. Talvez esse seja o maior desafio que as organizações enfrentam atualmente. Investimento em Startups As startups vêm demonstrando que, muitas vezes, é possível criar amplos mercados de consumo por meio de uma nova e vibrante ideia e seu contínuo aprimoramento. Grandes organizações entendem que uma boa estratégia de negócio é seguir comprando startups para que possam trilhar um novo caminho, sem as amarras organizacionais. Isso traz resultados concretos e permite que as organizações alçem voos mais rapidamente, trazendo expertises inéditas do mercado para seu interior, uma vez que uma startup cria em seu ambiente toda uma nova forma de pensar. Em termos de transformações vitais para uma organização inovadora, isso acaba sendo um paliativo, pois crenças muito arraigadas e refratárias ao novo podem ser encobertas com esse movimento. O andar da inovação mais genuíno é aquele que busca a originalidade nas pessoas. Spin Off Conforme já vimos, é uma estratégia que permite uma aceleração de projetos de negócio para o mercado, onde a empresa recém-criada poderá gozar de mais autonomia e liberdade para trilhar de forma independente seu novo caminho. 17 TEMA 5: ATIVIDADES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Conforme salientamos, muito do quefazemos em termos de inovação depende da tecnologia criada e esse esforço continuado dependente do progresso conseguido por meio da área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Dessa forma, a pesquisa e desenvolvimento nas organizações possuem uma forma própria de organização e estruturação. Aqui vão algumas definições básicas: Investigação ou Pesquisa Básica A investigação ou pesquisa básica relaciona-se ao saber científico em sua essência e busca entender os fenômenos de nossa realidade por meio de novas teorias sistemáticas e empíricas. Pesquisa Aplicada É objetivada para um saber aplicável, buscando algum tipo de resultado pretendido. Assim, a partir do saber obtido pela pesquisa básica, passamos a estudar todo um rol de aplicações no universo prático. É bastante orientada à resolução de um problema específico, como doenças, previsão de fenômenos naturais ou desenvolvimento de novos materiais. Desenvolvimento Experimental É conhecimento obtido principalmente a partir da análise e reflexão de uma experiência. É a experiência induzindo um novo tipo de descoberta, onde é preciso primeiro criar algo a ser observado e depois refletir sobre seu comportamento. TIPOS DE P&D Centralizada A pesquisa centralizada é associada a competências centrais da organização, também conhecida como core competences, onde o desenvolvimento da ciência aplicada trará novo impulso para as soluções. Dispersa Mais relacionada aos movimentos mercadológicos, podem traduzir o desejo da organização de entrar em novos mercados ainda não explorados. 18 Unidade de Negócios Relacionada a subdivisões organizacionais, traz, no centro, uma grande holding com vários negócios em múltiplos setores. Normalmente, a holding utiliza uma mesma marca como forma de garantir a entrega dos negócios que giram em seu entorno. Curiosidade Abaixo, segue texto sobre gestão holística nas organizações, que é a forma com que algumas organizações estão lidando com processos em constante mudanças. http://casadaconsultoria.com.br/administracao-holistica-no-contexto-das- organizacoes/ TROCANDO IDEIAS Como poderíamos criar uma integração sinérgica dentro da organização para a inovação? NA PRÁTICA Veja a lista que Y Combinator, uma das maiores incubadoras de startups do mundo, criou para mostrar espaços onde existe grande necessidade por mais inovação: http://startupi.com.br/2014/09/onze-areas-de-atuacao-que-estao-precisando-de- projetos-inovadores/ FINALIZANDO A grande mudança de paradigma proposta por nós nessa aula é entender que os processos, as áreas organizacionais e as atividades chave são as bases para uma atuação pautada na criação de riquezas, por meio de um fluxo continuado de inovações e a destruição criativa nos mercados. Assim, invertemos a forma como vemos os negócios hoje, que nos diz que os resultados vêm da maximização do que fazemos, ao equilibrarmos presente com futuro. Uma vez que as organizações entendam que a sustentabilidade nos negócios será atingida por estruturar-se em torno de atividades geradoras de riqueza, entenderemos que a inovação não deve mais 19 pedir passagem para os executivos, mas deve ser o cerne e o motor verdadeiro da estratégia de negócios. REFERÊNCIAS BOHM, David. Diálogo: Comunicação e redes de convivência. São Paulo: Editora Palas Athena, 2005. MARTIN, Roger. Design de negócios: por que o design thinking se tornará a próxima vantagem competitiva dos negócios e como se beneficiar disso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. KIM, C.; MAUBORGNE, R. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2005. CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação: quando novas tecnologias levam empresas ao fracasso, São Paulo: Makron Books, 2001.
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