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O Orçamento Público. Processo Orçamentário CONTEUDO 002

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Disciplina: ORÇAMENTO PÚBLICO
Emenda: O Orçamento Público. Processo Orçamentário. – Conteúdo 002 
Docente Esp. Andreia Nascimento da Guia
Curso: Ciências Contábeis 8 º Semestre
O orçamento não pode ser compreendido apenas em função do fator financeiro. O orçamento deve estar vinculado às atividades de planejamento. Na realidade, o orçamento é um modo de materializar um planejamento, ou seja, de estabelecer de forma discriminada todas as fontes e aplicações de dinheiro. O orçamento público é um documento que dá autorização para se receber e para se gastar recursos financeiros. Diferencia-se daquela relação doméstica de valores em razão de estar fundamentado legalmente. Como trata de recursos financeiros públicos, é necessário que a aplicação desses recursos esteja prevista em lei.
De acordo com Mota (2009), o orçamento público, portanto, é o ato administrativo revestido de força legal que estabelece um conjunto de ações a serem realizadas, durante um período de tempo determinado, estimando o montante das fontes de recursos a serem arrecadados pelos órgãos e pelas entidades públicas e fixando o montante dos recursos a serem aplicados por eles na consecução dos seus programas de trabalho, a fim de manter ou de ampliar os serviços públicos, bem como de realizar obras que atendam às necessidades da população. 
A Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, em seu artigo 2º, tratou da lei orçamentária estabelecendo que: A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico- -financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade (BRASIL, 1964, art. 2°). 
No Brasil, o orçamento reveste-se de formalidades legais constitucionais. Assim, todo planejamento somente terá validade após sua transformação em lei, na qual será prevista a receita a ser arrecadada e fixada a despesa a ser realizada. Por causa dessa rigidez legal as despesas só poderão ser realizadas se incorporadas ao orçamento. 
Orçamento é uma peça autorizativa com a qual se autoriza o recebimento dos recursos financeiros e a realização dos gastos. No Brasil, é utilizada, desde a edição da Lei n. 4.320/64, a técnica do orçamento-programa, que é um sistema de planejamento, programação e orçamentação, modelo inicialmente introduzido nos Estados Unidos, na década de 1950.
Instrumentos de Planejamento na Administração Pública Federal Como instrumentos de planejamento na Administração Pública Federal, temos:
 O Plano Plurianual (PPA). 
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). 
A Lei Orçamentária Anual (LOA). 
É importante que você saiba que toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos para o período do PPA, que é de quatro anos. O PPA é doutrinariamente conhecido como o planejamento estratégico de médio prazo da Administração Pública brasileira que contém os projetos e as atividades que o Governo pretende realizar, ordenando suas ações e visando à consecução de objetivos e metas a serem atingidas em quatro anos.
A LDO é fundamental no processo orçamentário por se constituir no elo entre o PPA e a LOA.
Devemos lembrar ainda que, de acordo o parágrafo 4º do artigo 166 da CF/88, as emendas ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias não poderão ser aprovadas se forem incompatíveis com o Plano Plurianual. 
Princípios Orçamentários 
Agora, veremos que o orçamento, por ser um instrumento de controle do Governo, requer dos responsáveis pela elaboração orçamentária observância das regras, isto é, das linhas norteadoras de ação, que chamamos de princípios. Esta é a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Esses princípios estão definidos na Constituição Federal, na Lei n. 4.320/64 e na Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. 
Tratam-se de princípios considerados básicos para a elaboração, a execução e o controle do orçamento público, válidos para todos os poderes e esferas governamentais. São eles: 
Unidade: o orçamento deve ser uno, ou seja, as três esferas do orçamento (fiscal, investimentos das estatais e seguridade social) farão parte da Lei Orçamentária Anual. Unidade de orientação política das leis orçamentárias. 
 Universalidade: todas as receitas e despesas constarão na Lei Orçamentária. Permite o conhecimento e prévia autorização para a realização da receita e despesa, impedindo que o executivo realize qualquer operação financeira sem autorização orçamentária. 
 Anualidade: o orçamento deve ser elaborado e autorizado com periodicidade anual, coincidindo o exercício financeiro com o ano civil. 
Equilíbrio: limitação do endividamento; montante das despesas fixadas não pode ser superior ao da receita prevista. Utilização de mecanismo para limitação e controle das despesas. 
Exclusividade: a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Exceção nos casos de autorização para abertura de créditos suplementares e contratações de operações de créditos ainda por antecipação da receita. 
Programação: vinculação necessária à ação governamental planejada. 
Legalidade: subordinação da Administração Pública às prescrições legais orçamentárias. 
Orçamento Bruto: as parcelas das receitas e das despesas devem ser incluídas no orçamento pelos seus totais, sem quaisquer deduções. 
 Não afetação da Receita: veda a vinculação de receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa, ressalvadas às exceções admitidas no artigo 167, parágrafo 4º da Constituição Federal. Aplica-se apenas aos impostos e não aos demais tributos. 
Especificação ou Especialização: preconiza a identificação detalhada da receita e da despesa para que não figurem de forma global (BRASIL, 1988, 1964, 2000).
Referencias; 
http://www.planalto.gov.br/ 
ATIVIDADE
O que você acha?
Será que você faz ideia da dimensão e da qualidade dos gastos públicos do seu próprio município?
Você acha que o governo sabe gastar o dinheiro, cumprindo suas funções básicas, ao mesmo tempo que promove o bem comum?
Observe o dia-a-dia de seu município. O que você acha? O governo gasta bem seus recursos?
Agora pense: em que áreas você observa que o governo gasta mais o seu dinheiro? Antes de responder, observe o quadro com atenção. Ele aponta algumas das competências específicas de cada esfera do governo e vai ajudar você a responder.
	Esfera de Governo
	Segurança
	Educação
	Previdência
	UNIÃO
	Forças Armadas
	Universidades
	Previdência social geral
	ESTADO
	Segurança Pública
	Ensino médio
	Prev. dos servidores estaduais
	MUNICÍPIO
	Guarda Municipal
	Ensino fundamental
	Prev. dos servidores municipais
Se é difícil trabalhar com um orçamento doméstico mensal, o que não dizer de um orçamento anual do município, do estado ou da Federação? Já pensou nisso? Aquele volume de problemas, aquela verba que parece muito grande e acaba não dando para quase nada. Isto é uma arte: saber repartir em partes diferentes conforme necessidades. Tudo isso você experimenta agora.
Você vai ser PREFEITO (A)! 
Relembre as áreas do governo que receberão as dotações orçamentárias.
DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Valores monetários autorizados na Lei do Orçamento Anual para atender despesas com projetos ou atividades.
	Área
	Despesas
	Legislativa
	Câmara de Vereadores, controle externo.
	Administração
	Administração geral, administração financeira, controle interno, planejamento governamental, documentação, recursos humanos, dívida interna, etc.
	Assistência Social
	Assistência ao Idoso, ao Portador de Deficiência, à Criança e ao Adolescente, à saúde da mulher, assistência comunitária.
	Saúde
	Vigilância Sanitária, atenção básica, assistência hospitalar e ambulatorial, vigilância epidemiológica, alimentação e nutrição.
	Educação
	Ensino fundamental, ensino supletivo, creches, assistência a educandos.
	Habitação
	Habitações urbanas, edificações públicas.
	Urbanismo
	Planejamento urbano, vias urbanas, parques e jardins,proteção ao meio ambiente, controle da poluição, iluminação pública, etc.
	Agricultura ou Indústria
	Promoção da produção vegetal, promoção da produção animal, defesa sanitária vegetal, defesa sanitária animal, abastecimento, extensão rural, irrigação, promoção industrial.
	Outros
	Cultura, Desporto e Lazer, Previdência Social, saneamento, transporte rodoviário, construção e pavimentação de rodovias, defesa e segurança pública, controle e segurança do tráfego urbano, comércio e serviços, energia, reserva de contingência, etc.
Atenção:
O pagamento dos profissionais está na própria área. Assim, os salários dos professores e de todos os profissionais do ensino estão na área de Educação.
A Previdência Social do município atende aos servidores municipais inativos.
Por Cultura se entende: difusão cultural, educação cultural, educação especial, parques recreativos e desportivos, promoção do carnaval, etc. Por Comércio e serviços: Turismo, promoção comercial.
Muito bem! Agora, você é o prefeito ou a prefeita e vai planejar a distribuição dessa verba pelas áreas de governo, determinando claramente como vai gastar. 
Em Saúde você vai aumentar o atendimento ambulatorial? 
Vai incentivar a Agricultura ou a Indústria?
 Em Educação, vai fazer manutenção de prédios escolares? 
Aumentar o salário dos professores? 
Vai complementar a merenda escolar ou o bolsa-escola?
Agora é sua vez! Mãos à obra!
Se ajudar, imagine que seu município está a 2 horas da capital do Estado e possui uma população de 50 mil habitantes. Seu orçamento é de R$ 53 milhões.
Lembre-se de que:
O pagamento dos profissionais está na própria área. Por exemplo: os salários dos professores e de todos os profissionais do ensino estão na área de Educação.
A Previdência Social do município atende aos servidores municipais inativos.
Limite do pagamento de pessoal, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) do Poder Legislativo nos municípios: 6% (seis por cento) da receita.
Limite mínimo estabelecido pela Constituição Federal para Educação: 25%.
Limite mínimo estabelecido pela Emenda Constitucional Nº 29 para Saúde: 15%.
O que diz a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) (Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000)
Art. 18. Entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
III - na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
	
Exercício: Vamos gastar o dinheiro?
Um (a) prefeito (a), ao decidir sobre as despesas de um município, deve seguir as regras acima. Faça o seu orçamento seguindo essas determinações. Não se esqueça de que todas as áreas precisam ser contempladas, não podendo ficar nenhuma com zero de recursos. Se quiser, reúna algumas pessoas para discutir a melhor forma de distribuir os recursos.
Parte superior do formulário
	Área
	Valor
	 %
	Legislativa
	R$ .000.000,00
	
	Administração
	R$  .000.000,00
	
	Assistência Social
	R$  .000.000,00
	
	Saúde
	R$  .000.000,00
	
	Educação
	R$  .000.000,00
	
	Habitação
	R$  .000.000,00
	
	Urbanismo
	R$  .000.000,00
	
	Agricultura ou indústria
	R$  .000.000,00
	
	Outros
	R$  .000.000,00
	
	Total
	R$  .000.000,00
	
A receita prevista foi de R$ 53 milhões. Mas, e no caso de só conseguir arrecadar R$ 48 milhões, o que você faria? De qual (is) área (s) você iria cortar? Quanto?

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