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UNIVERSIDADE MARANHÃOESTADUAL DO AULA 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL .......................................................... 77 1 Introdução ........................................................................................................ 77 2 INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL .............................................................. 78 2.1Pesquisa Mineral ....................................................................................... 78 2.2 Mineração ................................................................................................... 81 Resumo .............................................................................................................. 87 Referências ........................................................................................................ 87 AULA 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE ................................................................................................... 89 1 Introdução ...................................................................................................... 89 2 IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO ......................................... 93 2.1 Sobre as águas ......................................................................................... 94 2.2 Sobre o ar .................................................................................................... 95 2.3 Sobre o solo e biota ................................................................................ 96 2.4 Sobre o ambiente socioeconômico (IBRAM, 1992) ..................... 97 3 MEDIDAS DE CONTROLE .............................................................................. 102 3.1 Controle sobre a poluição da água .................................................... 103 3.2 Controle sobre a poluição do ar ......................................................... 103 3.3 Controle sobre a poluição do solo .................................................... 104 Resumo .............................................................................................................. 107 Referências ....................................................................................................... 108 Currículo ............................................................................................................ 111 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 77 Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL Objetivos • Identiicar as etapas do setor mineral; • Descrever as atividades de cada etapa do setor mineral; • Diferenciar exploração mineral de desenvolvimento. 1 INTRODUÇÃO As etapas do setor mineral são distintas e estão relacionadas especiicamente a cadeia industrial e de negócios, sendo estas ligadas a Indústria Extrativa Mineral e a Indústria de Transformação, e conigura-se como o ciclo de vida de uma jazida (Figura 1). Figura 1 - Ciclo de Vida da Mineração Fonte: VALE (CPRM, 2001) Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL78 Eduardo Vale (CPRM, 2001), por meio de um luxograma (Figura 2), destaca as etapas relacionadas a cada setor industrial. Indústria Extrativa Mineral Pesq. Mineral Geologia Básica Ocorrência Mineral Depósitos e Jazidas Produção Bruta Produção Beneic. Oferta de Materiais Primários Demanda de Minerais Primários Exploração MIneral Desenvolvi- mento Beneicia- mento ExtraçãoProspecção Mineral Mercado Reciclagem Consumo FinalFinal Intermediária Consumo Intermediário Indústria de Transformação Figura 2 - Fluxograma do Setor Mineral e suas Etapas Fonte: VALE, Eduardo, 1996 (CPRM, 2001) 2 INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL Segundo, Vale (CPRM, 2001), a Indústria Extrativa Mineral pode ser entendida como: “Conjunto de atividades que visam a descoberta, a avaliação, ao desenvolvimento e a extração das substancias minerais úteis, existentes no interior ou na superfície da Terra” (CPRM, p.10, 2001). A seguir, apresentamos as principais etapas da Indústria Extrativa Mineral, relacionadas a pesquisa mineral e a mineração. 2.1 Pesquisa Mineral Podemos entender que a Pesquisa Mineral é um conjunto de trabalhos planejados e coordenados para a descoberta de uma jazida, sua avaliação e determinação da sua viabilidade econômica. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 79 Basicamente a Pesquisa Mineral é composta por três etapas, sendo: • Geologia Básica; • Prospecção; • Exploração Mineral. Geologia Básica Estão atribuídas a esta etapa os levantamentos básicos, em textos, livros, mapas, cartas etc. Atividades desenvolvidas para conhecimento da geologia do local de extração mineral (Figura 3). O objetivo é identiicar e caracterizar as áreas potenciais para extração mineral e suas vocações. Figura 3 - Atividades desenvolvidas na etapa de geologia básica Fonte: http://familiastefani.com.br/origens_camalo_01.htm Esta etapa é desenvolvida basicamente em um escritório, onde se tem o aporte, de literatura especíica, de mapas e outros materiais impresso ou digital, para a caracterização do local ou região de extração mineral. Prospecção A prospecção esta relacionada à etapa de campo, e compreende um conjunto de ações sistemáticas, objetivando a descoberta da jazida ou corpo mineral (Figura 4). Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL80 Figura 4 - Exemplo deAtividade desenvolvida na etapa de prospecção Fonte: http://www.unitecparactu.com.br/curso/geologia A prospecção pode ocorrer na superfície ou subsuperfície (subterrânea). Estão associadas ações como: • Mapeamento; • Observações e medições em campo; • Utilização de martelos; • Coleta de amostras; • Construção de trincheiras e poços de pesquisa; e • Realização de sondagens etc. Exploração Mineral Após a descoberta da jazida, na etapa de exploração mineral, serão realizadas ações (Figura 5) com intuito de viabilizar o aproveitamento econômico do jazimento mineral. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 81 Nesta etapa ocorre o planejamento, ou seja, serão escolhidos: • O método de lavra para a extração do minério; • Os equipamentos e máquinas a serem utilizados; • Os tipos de explosivos; • Os técnicos envolvidos; e • Cronograma de execução, comercialização etc. Figura 5 - Atividades desenvolvidas na etapa de exploração mineral 2.2 Mineração A atividade de mineração caracteriza-se a partir do: desenvolvimento, extração e beneiciamento. Desenvolvimento Nesta etapa tem-se a preparação, que é a fase inicial para a extração, são realizados os serviços de limpeza do terreno (Figura 6), para em seguida ocorrer o avanço da frente de extração, transporte do material e beneiciamento. Esta fase corresponde propriamente a etapa de decapeamento e limpeza das frentes de serviço. Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL82 Figura 6 - Limpeza da área para uso na mineração Fonte: http://www.egesa.com.br/areasdeatuacao2.php?uf=PA Entende-se por decapeamento, a retirada da camada mais supericial do terreno (que é o capeamento), e remoção deste para locais previamente selecionados. Esta retirada ocorre somente em alguns trechos do jazimento (apenas no local de execução da mina). O decapeamento é removido por retroescavadeira e carregado em caminhões basculantes e, posteriormente transportado ao local escolhido para armaze- namento. Ressalta-se, que esta etapa, se restringe a áreas que ainda não tive- ram nenhuma atividade de extração. O contrário ocorre na atividade delimpeza das frentes de serviço. O capeamento (Figura 7) é removido à medida do avanço da frente de extração, minimizando-se assim o impacto ambiental. Após o decamento realiza- se a limpeza das frentes de serviço. Figura 7 - Retirada do capeamento para extração do minério Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-44672008000200011&script=sci_arttext Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 83 Com a inalidade de se ter uma visão mais abrangente do corpo e melhor planejamento da extração devem ser efetuados nas frentes de serviço uma limpeza com escavadeira e depois manualmente a retirada da vegetação remanescente na área a ser explorada. Na existência de água, acumulada da chuva e ou do escoamento supericial, realiza-se o bombeamento, ou ainda, direciona-se a exploração mineral para os níveis superiores ao depósito de água existente. É importante mencionar, que as operações de preparação e desenvolvimento devem ocorrer prioritariamente durante a estação seca. Extração Relacionada a esta etapa temos a perfuração da rocha e seu desmonte (supericial ou subterrânea), assim como o carregamento e transporte. A perfuração da rocha, na supericie (Figura 8) ou subsuperfície ou subterrânea (Figura 9) ocorre com o auxílio de perfuratrizes, quando o desmonte for com o emprego de explosivos. Figura 8 - Perfuração da rocha na superfície Fonte: www.oscomercial.com.br Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL84 Desmonte sem uso de explosivo: você sabia que a argila, comumente conhecido como barro vermelho, o desmonte ocorre apenas com o auxílio de uma escavadeira. Não é necessário o emprego de explosivos. Figura 9 - Perfuração da rocha na subsupericie Fonte: www.atlascopco.us O desmonte das rochas pode ser realizado ou não com o emprego de explosivos (Figuras 10 e 11), e objetiva fragmentar e liberar a rocha, preparando-a para sua remoção. Figura 10 - Desmonte da rocha com uso de explosivos Fonte: www.oern.pt Figura 11 - Desmonte da rocha sem uso de explosivos Fonte: http://www.sitedelinhares.com.br Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 85 O material desmontado e/ou empilhado pode ser removido e carregado (Figura 12) por carregadeira sobre rodas, escavadeiras, draglines ou tratores. Posteriormente, transportado por caminhões basculantes. O basculamento do material (ou descarregamento do material) inalmente ocorrerá nos pátios de estocagem e encaminhados para comercialização, em estado bruto, ou encaminhado a usinas de beneiciamento para transformação. Figura 12 - Carregamento e transporte do material desmontado Fonte: www.empresascity.com.br Beneiciamento do Minério De acordo com NRM n. 18 (Norma Reguladora de Mineração), “o beneficiamento ou tratamento de minérios visa preparar granulometricamente, concentrar ou purificar minérios por métodos físicos ou químicos sem alteração da constituição química dos minerais”. Os minerais como ferro (utilizados na indústria de aço), e outros como: argilas, caulim, calcários, feldspato, ilitos, quartzo, talco etc. (utilizados na indústria cerâmica); quartzo, calcário, feldspato, e outros (utilizado na indústria do vidro); caulim, carbonato de cálcio, talco etc. (utilizado na indústria de papel), dentre outros, naturalmente não se encontram nas condições para consumo direto nas indústrias, como por exemplo: em seu tamanho (granulometria) ou concentração, ou pureza. Desta forma, para que estes possam ser utilizados de acordo com sua vocação, é necessário o beneiciamento da rocha ou minério, nas usinas de beneiciamento (Figura 13), para a obtenção destes minerais, para uso na indústria. Aula 4 - ETAPAS DO SETOR MINERAL86 Figura 13 - Exemplo de uma usina de beneicamento Fonte: www.agp.gov.br A Figura 14 apresenta uma síntese das etapas do processo de beneiciamento do calcário. Figura 14 - Etapas do beneiciamento do calcário para a fabricação do cimento Fonte: http://www.sema.pa.gov.br/2011/08/11/8985/ Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 87 Resumo Nesta aula, analisamos as etapas do setor mineral, que facilitará seu aprendizado em temas que serão apresentados a você, no decorrer do curso. Compreendemos que a atividade de mineração caracteriza-se a partir do: desenvolvimento, extração e beneiciamento. Observamos que esse desenvolvimento não deve ser confundido com extração, propriamente dita, e que este é a fase inicial para a extração, onde são realizados os serviços de limpeza do terreno, para em seguida ocorrer o avanço da frente de extração, transporte do material e beneiciamento. Analisamos o termo beneiciamento que é a etapa de transformação do mineral extraindo para o uso na indústria. Atividade de aprendizagem 1 Quais as etapas que fazem parte do setor mineral? Cite também, as principais características de cada uma delas. 2 A atividade de mineração caracteriza-se a partir do: desenvolvimento, extração e beneiciamento. Diga como ocorre o desenvolvimento na mineração. Referências BRASIL. Código de Mineração: e legislação correlata. Brasília, DF: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, 2003. NR 18 – PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. VALE, Eduardo. Avaliação da mineração na economia nacional: matriz insumo produto do setor mineral. Brasília, DF: CPRM, 2001. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 89 Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE Objetivos • Compreender os principais conceitos utilizados no estudo dos impactos ambientais na mineração; • Identiicar os impactos ambientais na atividade de mineração; • Conhecer as medidas de controle dos impactos ambientais na atividade de mineração. 1 INTRODUÇÃO A mineração é uma das atividades do setor extrativo que produzem transformações signiicativas no meio ambiente, seja estas positivas ou não. E através deste item serão apresentados termos e conceitos importantes para a compreensão dos impactos e medidas de controle nesta atividade, sendo: MEIO AMBIENTE - O conjunto de condições, leis, inluências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e reger a vida em todas as suas formas (LEI FEDERAL No. 6.938 de 31 de agosto de 1981); ECOSSISTEMA - é o conjunto integrado pelos seres vivos e o meio físico- químico que se interrelacionam num luxo contínuo de energia numa limitada área (DOTE SÁ, 1995); RECURSOS AMBIENTAIS - A atmosfera, as águas interiores supericiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, fundo do mar, o solo, subsolo e os elementos da biosfera (LEI FEDERAL No. 6.938 de 31 de agosto de 1981); Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE90 IMPACTO AMBIENTAL (RESOLUÇÃO CONAMA n. 001/1986) – Signiica qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do Meio Ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas, a biota; III – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV – a qualidade dos recursos ambientais. VARIÁVEL AMBIENTAL - qualquer quantidade de um Sistema Ambiental sujeito a variação de valor (DOTE SÁ, 1995); AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) - é identiicar, predizer e descrever em termos apropriados os prós e os contras (danos e benefícios) de uma proposta de desenvolvimento. Para ser útil, a avaliação deve ser comunicada em termos compreensíveis para a comunidade e os decisores. Os prós e os contrasdevem ser identiicados com base em critérios relevantes para os países afetados (PLUMA, 1978 apud FERNANDES FILHO et al., 1993); SISTEMA AMBIENTAL - é formado pelos sistemas natural, social e econômico interrelacionados (DOTE SÁ, 1995); SISTEMA NATURAL - é formado pelo meio ambiente físico (ar, água, solo e subsolo), e o meio ambiente biológico (lora, fauna, ecossistema); SISTEMA SOCIAL - é formado pelos seres humanos e suas interações com objetivos e interesses comuns, de forma integrada, organizada e regida por usos, moral, costumes e leis; SISTEMA ECONÔMICO - é formado pelas atividades humanas sobre os elementos naturais e artiiciais; SISTEMA SOCIOECONÔMICO - é formado pelas ações sociais sobre o sistema econômico; ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) - O EIA é um dos elementos da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Consiste na execução, por equipe multidisciplinar, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 91 das tarefas técnicas e cientíicas destinadas a analisar, sistematicamente, as consequências da implantação de um projeto no Meio Ambiente, por métodos de AIA e técnicas de previsão dos impactos ambientais. A orientação é da autoridade ambiental responsável pelo licenciamento do projeto, que, por meio de instruções técnicas especíicas, ou termos de referência, indicando a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem considerados detalhadamente (RESOLUÇÃO CONAMA n. 001/86); RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA) - O RIMA é o documento que apresenta os resultados dos estudos técnicos e cientíicos da Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) e deve esclarecer todos os elementos da proposta em estudo, de modo que possam ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por todas as instituições envolvidas na tomada de decisão (RESOLUÇÃO CONAMA n. 001/86). DIAGNÓSTICO AMBIENTAL - é a completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental de uma determinada área geográica (qualidade ambiental atual), antes da implantação de um determinado projeto. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS (RESOLUÇÃO CONAMA No. 001/86). Quanto a Qualidade (Caráter) Impacto Positivo ou Benéico Impacto Negativo ou Adverso Quanto a Incidência Impacto sobre o Meio Físico Impacto sobre o Meio Biológico Impacto sobre o Meio Socioeconômico Quanta a Magnitude Grande Médio Pequeno Quanto a Importância Signiicativo Moderado Não Signiicativo Quanto as características (ordem) Impacto Direto Impacto Indireto Impacto Cumulativo Impacto Senergético Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE92 Quanto aos danos Reversível Irreversível Quanto a amplitude (Escala) Local Regional Estratégico Quanto a temporalidade (Tempo) Imediato Curto Médio Longo Prazo Quanto a permanência (Ação) Temporário Permanente DEGRADAÇÃO AMBIENTAL - a alteração adversa das características do meio ambiente (LEI FEDERAL n. 6.938 de 31 de agosto de 1981). POLUIÇÃO (LEI FEDERAL n. 6.938 de 31 de agosto de 1981) - a degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: a) Prejudiquem a saúde, a segurança, e o bem-estar da população; b) Criem condições adversas as atividades sociais e econômicas; c) Afetem desfavoravelmente a biota; d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) Lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. POLUIDOR (LEI FEDERAL n. 6.938 de 31 de agosto de 1981) - a pessoa física ou jurídica, de direito privado ou público, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. RECUPERAÇÃO (DECRETO FEDERAL n. 97.632 de 10 de abril de 1989) - a recuperação terá por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do meio ambiente. Continuação Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 93 REABILITAÇÃO - o retorno da área degradada a um estado biológico apropriado. Este retorno pode signiicar o uso produtivo da área em longo prazo, tal como a implantação de uma atividade que renderá lucros; ou atividade menos tangíveis em termos monetários, visando a recreação ou a valorização estético-ecológica (J. D. MAJER, 1989 apud D. D. WILLIAMS; A. BUGIN; e J. L. B. C. REIS, 1990). RESTAURAÇÃO - o retorno da área degradada ao sistema original, antes da degradação: situação quase impossível a ser conseguida (J. D. MAJER, 1989 apud D. D. WILLIAMS; A. BUGIN; e J. L. B. C. REIS, 1990). A Figura 1, a seguir, ilustra a diferença entre Restaurar, Recuperar e Reabilitar. RESTAURAÇÃO RECUPERAÇÃO REABILITAÇÃO DEGRADAÇÃO Figura 1 - Relação entre os conceitos de degradação, restauração, recuperação e reabilitação Fonte: Fornasari e Amarantes (1995) 2 IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO De forma geral, a mineração no Brasil, assim como em outros países causam impactos que abrangem cinco principais categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, poluição do solo, e subsidência do terreno. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE94 Segundo Bitar (1997, p. 13): Em geral, a mineração provoca um conjunto de efeitos não desejados que podem ser denominados de externalidades. Algumas dessas externalidades são: alterações ambientais, conlitos de uso do solo, depreciação de imóveis circunvizinhos, geração de áreas degradadas e transtornos ao tráfego urbano. Estas externalidades geram conlitos com a comunidade, que normalmente têm origem quando da implantação do empreendimento, pois o empreendedor não se informa sobre as expectativas, anseios e preocupações da comunidade que vive nas proximidades da empresa de mineração. Considerando as principais categorias onde o impacto da mineração causa poluição e ou degradação, são listadas nos subitens a seguir os mais relevantes, a partir do estudo realizado por IBRAM (1987). 2.1 Sobre as águas A poluição hídrica na mineração se origina pelas seguintes ações: - Transporte de partículas de áreas decapeadas (mina, pilha de estéril, estradas, pátios etc) por água da chuva; - Deposição direta de estéril em cursos d’água; - Lançamento de rejeitos (com ou sem insumos químicos incorporados) nos cursos d’água; - Deposição de resíduos sólidos não inertes que podem, também, contaminar o lençol freático; - Bombeamento de água com carga sólida ou solúvel para rebaixamento do lençol nos cursos d’água; - Turbilhonamento dos aluviões na operação de dragagem; - Lançamento de esgotos sanitários e óleos das oicinas. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 95 2.2 Sobre o ar Dentre a grande diversidade de fontes de poluição, as que mais se destacam na atividade mineraria e nos processos correlatos, são: - emissão de poeira nas estradas de acesso e lavra das minas; - emissão de gases e particulados pelas chaminés das instalações de beneiciamento; - formação e emissão de poeira por arrasto eólico nas pilhas de estéril e substâncias minerais, em caminhões e vagões, nas estradas; - liberação de gases em minas subterrâneas; - liberação de vapores resultantes do processo de limpeza e desengraxe de peças e máquinas por utilização de solventes e detergentes industriais nas áreas de manutenção; - emissão de gases e partículas decorrentes da combustão de motores dos equipamentos, veículos leves e das caldeiras; - formação de poeiras e gases pela degradação mecânica, pela ação de perfuração, escavação, britagem, peneiramentoe pontos de transferência; - varrição seca de pátios, oicinas, depósitos e outras áreas; - formação e emissão de poeiras em pontos de cargas e descarga; - ruído e vibrações do desmonte de rochas; - geração de gases e odores pela combustão espontânea nas pilhas de rejeitos piritosos de carvão; - queima e incineração de lixo e resíduos sólidos gera poeira em área livre sem cobertura vegetal. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE96 2.3 Sobre o solo e biota Como decorrência da exploração mineral, os principais impactos que podem afetar o solo e o meio biótico são: - modiicação do uso do solo na área da jazida; - alteração na paisagem; - remoção da lora (loresta, vegetação herbácea e rasteira); - deslocamento da macrofauna da área ou proximidades, quer pela remoção da lora ou pelo afugentamento em consequência das atividades de movimentação dos equipamentos, detonações, instalações industriais e construção de barragens. Algumas vezes, somente determinadas espécies são deslocadas, causando um desequilíbrio na cadeia alimentar. A área que recebe a fauna deslocada também apresenta alterações, sofrendo, assim, um efeito indireto da mineração. Como: - destruição total ou parcial da meso e microfauna quando a cobertura vegetal e o solo são removidos, pois essas biotas mantêm relações físicas e biológicas muito estreitas e dependem diretamente dos substratos fornecidos pelo solo e pela lora; - alteração de biotas aquáticas em barragens de rejeitos e mineração de aluviões por dragagens; - aumento das biotas aquáticas em barragens novas, construídas pelo empreendimento; - ocorrência de erosão do solo em áreas onde a cobertura vegetal foi removida; - alteração e mistura dos horizontes do solo. Mesmo que se adotem medidas preventivas, sempre ocorre relativa perda da qualidade do solo pela mistura da camada orgânica. - modiicação no peril topográico do terreno; - instabilização de encostas; Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 97 - alteração nas propriedades físicas do solo; - modiicação da estrutura do solo em consequência da desagregação, do aumento da compactação e da diminuição da permeabilidade. Esses fatores provocam um aumento da suscetibilidade a erosão; - lixiviação de nutrientes; - aumento eventual dos teores de elemento contaminantes no solo pelo contato com rejeitos e estéreis; - soteramento de áreas para formação de bota-fora de estéreis. A construção de pilhas controladas de estéreis pode minimizar bastante os impactos; - perda e extinção do banco de sementes do solo, o que prejudica a revegetação natural pela falta de sementes que possam germinar espontaneamente; - ocorrência de subsidências em zonas com minas subterrâneas; - modiicação do solo supericial pela subsidência e consequente rebaixamento do nível freático que ica mais seco e diminuição da lora. Áreas com pouca água potável disponíica prejudicam as condições de vida da fauna natural. 2.4 Sobre o ambiente socioeconômico (IBRAM, 1992) Quanto aos aspectos socioeconômicos, devem ser avaliados, em qualquer empreendimento minerário, considerando-se a importância e magnitude especíicas em cada projeto, os impactos principais são: - sobre os equipamentos sociais e comunitários da região (transporte, habitação, saneamento básico, educação etc.), quer pelo efeito da atração da população e de mão de obra, quer pelo próprio crescimento econômico gerado pela atividade. Como em geral as jazidas minerais ocorrem em regiões desprovidas de infraestrutura suiciente para a Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE98 operação da mina e escoamento da produção, os empreendimentos funcionam como fator indutor de investimentos, em áreas como as de transporte, energia elétrica, habitação e infraestrutura social. Esses aspectos devem ser avaliados em qualquer empreendimento minerário; - sobre a oferta de empregos, diretos e indiretos, da região, uma vez que são geradas novas oportunidades pelos projetos. Neste caso, devemos quantiicar os empregos gerados tanto pela implantação como pela importação de bens e serviços e exportação de produtos. Normalmente uma mina exige insumos e equipamentos importados, bem como pode exportar parte de sua produção, o que requer uma avaliação, pois as divisas estrangeiras, pela sua escassez, têm importância signiicativa na dinâmica econômica inanceira; - na melhoria do nível técnico da mão de obra, pela qualiicação, treinamento e especialização de pessoal a ser empregado no empreendimento. Esta é uma das vantagens que uma unidade mineraria pode trazer para uma região; - sobre as atividades econômicas (indústria, agricultura, comércio e serviços) envolvidos, direta e indiretamente, no projeto, tanto no que se refere a oferta como a demanda de bens e serviços. É signiicativa a importância destas questões na avaliação dos impactos socioeconômicos de uma iniciativa do setor minerário, pois pode alterar acentuadamente o quadro de desenvolvimento de uma região; - sobre a ocupação do solo (estrutura agrária, concentração fundiária, preço da terra) e o uso das águas (pesca, navegação, abastecimento de água etc.). Em termos de mineração, por exemplo, a implantação de uma mina em determinada área pode alterar o valor da terra, deslocar atividade econômicas existentes na região, bem como pode, também afetar o próprio abastecimento de água; - sobre o patrimônio cultural (sítios arqueológicos, monumentos históricos) da região. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando há mineração em regiões calcárias, onde é frequente a ocorrência de vestígios arqueológicos; - sobre o modo de vida das comunidades e suas relações sociais internas e externas. A implantação de um empreendimento do setor minerário Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 99 pode interferir nas formas de lazer e de trabalho, provocar mudanças no comportamento e exerce inluências sobre a formação cultural dos indivíduos e grupos sociais. Para facilitar seu entendimento, listamos, a seguir, os impactos da atividade de mineração relacionados à Lavra a Céu Aberto e a Lavra Subterrânea. O Quadro 1 apresenta uma síntese dos principais impactos ambientais relacionados a Lavra a Céu Aberto (BDN, 1999). quadro 1 - Principais Impactos relacionados a Lavra a Céu Aberto Método Componente Extração a seco Extração úmida Extração em plataforma continental Extração marinha de profundidade Superfície Terrestre Devastação da superfície; Alteração da morfologia; Destruição de bens culturais; Perigo de desmoronamento. Devastação da superfície; Alteração dos cursos d’água; Modiicação da morfologia; Formação de grandes depósitos (resíduos, rejeitos). Modiicação da morfologia do terreno marinho; Erosão costeira. Modiicação da morfologia do terreno marinho; Erosão costeira. Ar Ruídos e vibrações em geral; Ruídos e vibrações das detonações; Formação de poeira e erosão pelo tráfego; Poeira; Vapores; Gases nocivos. Ruídos gerados pelos equipamentos geradores de energia, trabalho de extração, tratamento e transporte; Gases de escapamentos. Ruídos; Gases de escapamentos. Ruídos; Gases de escapamentos. Águas Supericiais Alteração do ciclo de nutrientes; Contaminação com águas residuais; Contaminação causada por uma intensiicação da erosão. Desnitriicação; Contaminação do leite receptor com grandes quantidades de águas residuais com lodos e/ou águas resíduas contaminadas. Elevação da turbidez; Incrementoda demanda de oxigênio; Contaminação com águas residuais. Elevação da turbidez; Incremento da demanda de oxigênio; Contaminação com águas residuais. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE100 Solo Erosão na zona de lavra; Diminuição do rendimento, dissecação e desidratação do solo; Perigo de alagamento após o restabelecimento do nível freático/ Erosão. Erosão da zona de lavra. Modiicação do terreno marinho e redução dos nutrientes. Redução dos nutrientes no solo marinho. Flora Destruição da lora na área de exploração.; Destruição parcial/alteração da lora na área circundante devido a alteração do nível freático. Destruição da lora na área de exploração. Fauna Deslocamento da fauna. Deslocamento da fauna. Destruição de organismos marinhos imóveis (corais). Destruição de organismos marinhos imóveis (corais). População Conlitos relacionados com o uso do solo; Estabelecimento ou aumento de população a partir do local das atividades de mineração; Destruição das zonas de recreação. Conlitos relacionados ao uso do solo; Conlitos sociais nos períodos de auge da lavra; Estabelecimento ou aumento de assentamentos devido as atividades minerais. Deterioração da pesca (destruição de zonas de desova). Deterioração da pesca (destruição de zonas de desova). Ediicações Danos causados pela água após o restabelecimento do nível freático. Outros Possível modiicação do microclima local. Modiicação do microclima; Proliferação de agentes patogênicos e vetores de doenças nas águas paradas. Fonte: BDN, 1999 A lista a seguir apresenta uma síntese dos principais impactos ambientais relacionados a Lavra Subterrânea (BDN, 1999). Os impactos ambientais de uma lavra subterrânea podem ser classiicados em três níveis distintos: Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 101 i) No deposito mineral e nas rochas adjacentes; ii) Nas escavações abertas no subsolo; e iii) Na superfície do terreno. Os impactos no “deposito mineral e nas rochas adjacentes” podem estar relacionados as seguintes situações: - algumas matérias-primas como carvão mineral e materiais sulfurosos são inlamáveis e podem provocar explosões; - tratando-se dos bens minerais de recursos não renováveis, deve-se planiicar cuidadosamente a extração para que jazidas adjacentes não sejam afetadas; - desmoronamentos nas rochas adjacentes podem provocar alterações na superfície do terreno e interrupções nas galerias e poços; - alteração do luxo das águas subterrâneas, que pode ser causada pela construção de galerias, o que favorece a concentração ou o escoamento de água; - rebaixamento do nível do lençol freático, que acelera a degradação da vegetação na área de inluência; - deterioração da qualidade das águas subterrâneas, que pode ocorrer tanto por lixiviação de materiais, como por vazamento de gases durante a escavação dos poços e galerias. Os principais impactos ambientais veriicados no “subsolo” relacionam-se a: - segurança da lavra: na lavra de minerais subterrâneos ocorre uma interação entre o homem, as máquinas, as rochas e o clima; os cuidados, porém, devem ser prioritariamente direcionados a segurança e saúde dos mineradores; - a qualidade do ar a médias e grandes profundidades pode alterar-se em função da temperatura das rochas e da presença de gases e líquidos; Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE102 - as condições atmosféricas podem ser alteradas por fatores como geração ou presença de: radiação, metano, pó de carbono, monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, gases de escapamento, aerossóis de óleos, calor; e a deiciência de oxigênio. Os principais impactos ambientais sobre a “superfície” do terreno relacionam- se a: - comunicação das galerias com a superfície, a extração do material e seu transporte, o sistema de ventilação e implantação de infraestrutura na superfície; - qualidade do ar que é inluenciada pela produção de pó no manejo dos minerais causando danos a lora, ao solo e aos recursos hídricos; esses impactos podem ser amenizados com a implantação de barreiras vegetais. A produção de gases, em especial de metano, na lavra de carvão mineral, é outro fator de impacto; - dependendo das características dos minerais lavrados, pode ocorrer a acidiicação da água, implicando a contaminação das águas subterrâneas, o que afeta não só o consumo humano, bem como os ecossistemas frágeis da superfície, caso as águas sejam lançadas sobre a mesma; - um impacto importante a ser previsto e controlado é o rebaixamento do solo, uma vez que a implantação das galerias e canais de escoamento de água pode provocar deslizamento, afundamento, desníveis das camadas do solo e compressão da superfície, afetando a infraestrutura instalada, ediicações e o meio ambiente natural; - disposição inal inadequada de rejeitos e resíduos decorrentes da lavra que pode comprometer a paisagem e degradar o solo e águas supericiais. 3 MEDIDAS DE CONTROLE De acordo com os estudos realizados pelo BDN (1992), as principais medidas de controle de forma geral, podem ser: Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 103 3.1 Controle sobre a poluição da água O controle da poluição das águas pode ser efetuado por meio de: escolha do processo de mineração; drenagem, desvio das águas da frente de lavra, encaminhamento das águas; controle de erosões – compactação, drenagem e replantio; recuperação de áreas mineradas; selagem das minas subterrâneas abandonadas; determinação de parâmetros de lançamento de eluentes de acordo com a legislação; adequação da qualidade do eluente de acordo com a classe do corpo d’água receptor, através da implantação de sistemas de tratamento de eluentes; sistemas de deposição controladas das pilhas de rejeito e estéril; e tratamento da água. Dentre os métodos de controle da poluição da área em empreendimentos mineiros destaca-se o sistema de deposição controlada através de barragem de contenção de rejeitos, sendo o método mais empregado. Diversos modelos construtivos são disponibilizados em função do tipo de rejeito, topograia, condições climáticas e tipos de solo de construção. O acompanhamento e monitoramento do controle da poluição das águas em empreendimento mineiro podem ser realizado inicialmente com um diagnostico da situação atual da qualidade das águas da área da mineração e áreas vizinhas para acompanhamento das alterações, seguida de análises laboratoriais bacteriológicas, isioquímicas, cromatográicas e de metais, periódicas, de amostras em pontos que compõem a rede de qualidade, e inalmente a veriicação de possíveis ocorrências de violação da tolerância estabelecida e determinação da poluição. 3.2 Controle sobre a poluição do ar Dentre as formas de controle da poluição do ar, na atividade mineraria, destacam-se: aspersão de água, proteção contra o arrasto eólico, controle de detonações, enclausuramento e captação de fontes emissoras perigosas, Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE104 ventilação exaustora, diluidora e de regeneração, utilização de equipamentos despoluidores do ar, ação sobre as fontes emissoras, através da seleção e adequação, cinturão verde de proteção, cobertura de pilhas de materiais suscetíveis a combustão espontânea e a liberação de gases. 3.3 Controle sobre a poluição do solo Alguns procedimentos são essenciais para o controle sobre a poluição do solo como: - coletas de sementesde espécies vegetais com signiicativa importância ou com risco de extinção, para formação de viveiros e posterior plantio nas áreas a recuperar; - manutenção de faixas de vegetação que ligam as áreas a serem exploradas com as áreas naturais vizinhas, propiciando uma melhor movimentação da fauna do local; - estudo da possibilidade de criação em cativeiro ou outras formas de preservação das espécies animais ameaçadas; - supressão mínima da vegetação e decapagem apenas do imprescindível nas frentes de operação; - construção de sistema de drenagem a montagem das frentes, evitando a ocorrência de processos erosivos nas áreas sem cobertura vegetal; - preservação em depósitos especíicos do solo vegetal das áreas decapeadas; - planejamento da localização dos bota-foras, evitando a utilização de áreas mais nobres; - orientação das operações de decapagem e preenchimento das cavas visando a racionalização e perdas do solo; - planejamento da exploração e recuperação de áreas de materiais de empréstimo. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 105 O Quadro 2 resume os impactos ambientais potenciais e as medidas atenuantes destes impactos. quadro 2 - Impactos ambientais x medidas atenuantes Impactos Ambientais Potenciais Medidas Atenuantes Acesso as obras com possíveis impactos provocados pelos caminhos, estradas, picadas e clareiras. Planejar trajetos para: a) acessar aos locais, de tal forma a causar a menor interferência sobre a vegetação, fauna, águas supericiais; b) em áreas de menor declividade e/ou acompanhando as curvas em nível, de tal forma a evitar processos erosivos. Localização das instalações auxiliares e levantamentos preliminares com a geração de danos a vegetação, solo e fauna. Adequar a localização dos acampamentos, ediicações e habitações provisórias, escritórios e depósitos de materiais nas condições mais adequadas: distantes de moradias, segurança na armazenagem de combustíveis. Levantamento geofísicos com possibilidade de gerar ruídos, explosões e vazamento de combustíveis. Tomar cuidados especiais com o armazenamento de combustíveis e com uso de explosivos. Estudos hidrogeológicos com a possibilidade de interferência nos recursos hídricos subterrâneos. Estudar todas as possibilidades para que os métodos a serem utilizados não interiram no rebaixamento do lençol freático, com prejuízo ao abastecimento de água (poços domésticos e públicos). Perfuração de poços e galerias para pesquisa e preparação da lavra, com a possibilidade de prejuízo a lora, as águas subterrâneas, ao solo e a segurança de comunidades. - Nas escavações supericiais de minerais próximas ao solo, tomar medidas para que não sejam instalados processos erosivos. - Nas escavações de subsolo profundo, dedicar especial atenção para que não sejam contaminadas as águas subterrâneas. - Deinir critérios para a disposição dos escombros das escavações, de tal forma a não contaminar o solo e as águas supericiais. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE106 Na mineração a céu aberto: - danos a vegetação, ao ar, as águas supericiais e subterrâneas, a fauna, solo e as populações. - Implantação de medidas de proteção a vegetação, com cortinas vegetais, redução da emissão de pó e planejamento de recomposição da vegetação pós-lavra. Proteção das matas ciliares. - Implantação de tanques/barragens de retenção de lodos e materiais suspensos e águas residuais contaminadas com minerais tóxicos. - Planejamento do uso e ocupação do solo, especialmente nos reassentamentos populacionais ou no estudo de tendências de urbanização no entorno da área minerada. - Levantamento de todas as interferências sobre as águas supericiais e subterrâneas, com a deinição de medidas de atenuação (disposição de resíduos/ rejeitos, tanques de lodo e águas para decantação). Na mineração subterrânea: - danos ao deposito e as rochas adjacentes, por desmoronamento, explorações. - danos a saúde dos mineradores devido a alteração das condições ambientais no interior das galerias e poços. - danos a vegetação, as águas supericiais, subterrâneas e aos solos na área utilizada na superfície da mina. Extração de jazidas com planejamento e controle, de forma a não provocar danos as jazidas adjacentes, evitar a alteração do luxo e qualidade das águas e prevenir a ocorrência de desmoronamentos. Previsão de medidas de segurança dos trabalhadores/minerdores, tal como a manutenção da qualidade do ar no interior das galerias e uso de EPIs. Planejar e executar medidas de manejo da vegetação, com sua reposição após desativação da mina, com a previsão de depósito adequado de rejeitos com respectivo tratamento. Fonte: BDN, 1999 quadro 2 (Cont.) Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 107 Resumo Nesta aula, você observou os principais impactos decorrentes da atividade de mineração, e as medidas de controle decorrentes dos impactos. Com estas observações, você poderá desenvolver um estudo de identiicação dos impactos e sugerir medidas de controle dos mesmos. Observou que no estudo dos impactos ambientais, o diagnóstico ambiental é a completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental de uma determinada área geográica (qualidade ambiental atual), antes da implantação de um determinado projeto. Observou também, que os impactos podem ser classiicados, de acordo com Resolução Conama No. 001/86: Quanto a Qualidade; Quanto a Incidência; Quanta a Magnitude; Quanto a Importância; Quanto as características; Quanto aos danos; Quanto a amplitude; Quanto a temporalidade e Quanto a permanência. Analisou a diferença entre reabilitação e restauração de uma área. Sendo reabilitação, o retorno da área degradada a um estado biológico apropriado; e restauração, o retorno da área degradada ao sistema original, antes da degradação. Estudou os principais conceitos utilizados no estudo dos impactos ambientais na mineração. Identiicou quais os impactos ambientais na atividade de mineração; e por último, observou as medidas de controle dos impactos ambientais na atividade de mineração. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE108 Atividade de aprendizagem 1 Cite dois impactos causados pela atividade de mineração a céu aberto sobre as águas e sobre o ambiente socioeconômico. 2 Cite duas medidas de controle dos impactos sobre o ar e sobre as águas. 3 Deina as diferenças entre reabilitação e restauração de uma área afetada pela mineração. Descreva qual a relação entre estes dois conceitos. Referências BITAR, Omar Yazbek (Coord.). Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Divisão de Geologia, 1995. 247 p. (Série meio ambiente). _________. Avaliação da recuperação de áreas degradadas para mineração Região Metropolitana de São Paulo, SP: RMSP, 1997. BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. (Coord.). Sumário Mineral. Thiers Muniz Lima, Carlos Augusto Ramos Neves Brasília, DF: DNPM, 2013. CNEN (2002) Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Instalações Mínero-Industriais. Texto-Base – Versão 01 (11.11.02). Consultado em arquivo digital, e parcialmente extraído do endereço: <http://www.cnen.gov.br/ seguranca/texto_base_inal_111102.PDF#search=%226.2.11%20PLANO%20 DE%20GER%C3%8ANCIA% 20DE%20REJEITOS%22 Universidade Estadualdo Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 109 CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – CNRH (2002) Resolução no 29, de 11 de dezembro de 2002. Consultado em arquivo digital, e parcialmente extraído do endereço: http://www. sgguarani org/index/pdf/gestion_integrada_del_agua/legisla/br/cnrh/ search=%22disposi%C3%A7%C3%A3o%20est%C3%A9ril%22 DIAS, Marilza do Carmo Oliveira et al. (Orgs.). Manual de impactos ambientais: orientações básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas. Fortaleza: Banco do Nordeste, 1999. DIAS, Cláudia Franco de Salles et al. (Orgs.). Gestão para a sustentabilidade da mineração: 20 anos de história. IBRAM. Instituto Brasileiro de Mineração. 1. ed. Brasília, DF: IBRAM, 2013. DOTE SÁ, T. Legislação Ambiental. In: ___. Curso Avaliação de Impactos Ambientais. GAPLAN / SUDEMA, João Pessoa, 1991, 373 p. Il. (Apost. Notas de Aula e Anexos). _________. Curso Reabilitação de áreas degradas pela mineração. João Pessoa. SUDEMA. 1995. EVANGELISTA, Vivian dos Santos. Mineração. Disponível em: <http://www. coladaweb.com/quimica/quimica-ambiental/mineracao>. Acesso em: 18 mai. 2015. FERNANDES FILHO, A. M.; IMPERIANO, B. de O.; ROMERO, M. A.; e SOUSA NETO, S. P. de. Avaliação de Impacto Ambiental. Curso sobre... SUDEMA, João Pessoa, 1993, 27 p. (Apost). FORNASARI FILHO, N.; AMARANTES, A., com base em ABNT, 1989. In: BITAR, O. Y. et al. (1995). Curso de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente. Publicação ABGE/ IPT. (Série Meio Ambiente, Figura 1, p. 167). IBRAM (1987). Mineração e Meio Ambiente. IBRAM, Belo Horizonte, 59p. Ministério de Minas e Energia. Histórico da Mineração Brasileira. MME, 2014. Disponível em:>http://www.ibram.org.br/. Acesso em: 10 jun. 2014. MURRAY, H.H. Applied Clay Mineralogy: Occurrences, Processing and Application of Kaolins, Bentonites, Palygorskite - Sepiolite, and Common Clays. Amsterdam: Elsevier, 180 p., 2007. Aula 5 - IMPACTOS CAUSADOS PELA MINERAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE110 SILVA, Cassio Roberto da. Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Editor: Cassio Roberto da Silva. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. 264 p.: il.: 28 cm VALE, Eduardo. Parte I – Brasil Mineral – Março, 1986, n. 28 – 28 - A importância da Mineração no Desenvolvimento do País 35 pp. Parte II – Brasil Mineral – Abril, 1986, n. 29 – 197 -204 p. ________. Avaliação da mineração na economia nacional: matriz insumo produto do setor mineral. Brasília, DF: CPRM, 2001 DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. DNPM. Índice de Geologia e Mineração. Disponível em: <http://www.dnpm-pe.gov.br/ Geologia/Mineracao.php>. Acesso em: 18 mai. 2015. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 111 Currículo Resumido das professoras-autoras Karina Suzana Feitosa Pinheiro É Engenheira de Minas; Especialista em Recursos Hídricos e Meio Ambiente; Mestre em Engenharia de Minas; atualmente Professora Assistente da Universidade Estadual do Maranhão e Coordenadora do Curso Técnico de Mineração da UEMA. Leila Maria Feitosa Pinheiro É Bacharel em Química Industrial; Especialista em Ciências; Mestranda em Educação pela Universidade de Lisboa, Portugal; atualmente Professora do Programa Darcy Ribeiro da Universidade Estadual do Maranhão e Professora Substituta do Curso de Alimentos e Biologia da UEMA.
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