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PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
Aula 01: O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA 
O QUE SIGNIFICA CONHECER ¿
Acreditamos por que temos experiência direta ou por que aceitamos as palavras de outras pessoas? Precisamos levantar dúvidas sobre o que sabemos para, com isso, compreendermos o que significa o ato de conhecer. Nossos dicionários (AULETE, 2004) definem o termo conhecer como reconhecer, distinguir, nomear ou intitular. A filosofia (LALANDE, 1993) como “ter presente no espírito certo objeto de pensamento verdadeiro ou real”.
Nesse sentido, sob o ponto de vista de tais definições, conhecer se opõe a crer e a crença, porque ambos não implicam necessariamente a concepção de verdade. Mas o que nos legitima a conhecer tanto e com tanta segurança? Estamos atentos a tudo o que nos é ofertado? Procuramos conceber de maneira apropriada, compreender a fonte de tudo o que sabemos?
A construção do conhecimento
Antes de falarmos sobre o conhecimento precisamos estudar o significado desse termo. Os filósofos definiram a palavra como a coisa conhecida ou como ato do pensamento que penetra e define um determinado objeto (LALANDE, 1993). Assim podemos distinguir três momentos: o ato de conhecer que pressupõe o sujeito; o fato de conhecer que revela a relação entre sujeito e objeto; o resultado do processo em que ocorre uma abstração: o objeto conhecido.
 Podemos acrescentar que de um modo geral, conhecimento significa “uma técnica para a verificação de um objeto qualquer” (ABBAGNANO, 1982).
Segundo José Carlos Köche (2009, p. 23) “O homem é um ser jogado no mundo, condenado a viver a sua existência. Por ser existencial, tem que interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significações. Cria intelectualmente representações significativas da realidade. A essas representações chamamos conhecimento”.
Para Antônio Joaquim Severino (2007, p. 27-28), “O conhecimento é o referencial diferenciador do agir humano em relação ao agir de outras espécies. (...) O conhecimento é, pois, elemento específico fundamental na construção do destino da humanidade”.
Odília Fachin (2006, p. 18) apresenta o conhecimento como “uma adequação do sujeito com o objeto; o sujeito tem seus meios de conhecimento e o objeto revela-se a ele conforme tais meios. Os sentidos nos apontam a maneira de ser das coisas ou objetos, e o que conhecemos das coisas ou objetos vai depender dos nossos sentidos”.
Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (2003, p. 52) observam que “quando falamos em conhecimento, podemos nos referir ao ato de conhecer ou ao produto do conhecimento: o primeiro diz respeito à relação que se estabelece entre a consciência que conhece e o objeto a ser conhecido, enquanto o segundo é o que resulta do ato de conhecer, ou seja, o conjunto de saberes acumulados e recebidos pela tradição.”
Então, a partir de nossa informação e experiência no mundo adquirimos ideias sobre esse mundo e é isso que nos conduz ao conhecimento. Só que não basta ter ideias, é precisperceber as conexões, acordos e as relações entre elas e, é nesse momento, que o conhecimento se forma.
Através do conhecimento estabelecemos contato com a realidade, desmistificamos o mundo, motivamos a nossa criatividade, construímos teorias, porque interpretar o mundo e a nós mesmos é inevitável. Nos dizeres de Pedro Demo (2009, p. 22) “A realidade como tal não depende da interpretação para existir: existe com ou sem intérprete. Mas a realidade conhecida é inevitavelmente aquela interpretada”.
Considerando as contribuições dos autores citados, percebemos que buscamos compreender a realidade através do conhecimento, pois assim nos situamos no mundo e podemos agir sobre ele. A literatura especializada ressalta quatro tipos de conhecimentos em nossas vidas, a saber:
O senso comum.
O conhecimento científico
O conhecimento filosófico.
O conhecimento religioso.
o senso comum
Como podemos definir senso comum? 
Há muitas definições possíveis, mas de um modo geral podemos dizer que é aquilo que assimilamos por tradição. São ideias que nos ajudam a interpretar a vida e a julgar certas situações. Na verdade, estamos mergulhados no senso comum que geralmente se apresenta como um saber que é ingênuo, fragmentado e por vezes conservador. 
 Podemos pensá-lo sob o ponto de vista do conhecimento que é partilhado com várias pessoas, ou ainda relacioná-lo a objetos comuns, objetos universais. O conhecimento comum ou vulgar é, portanto, um conhecimento empírico, fragmentado, particular porque restrito e subjetivo. 
Na verdade, estamos falando de um modo de ser que experimentamos na vida cotidiana enquanto pessoas comuns. E, neste caso, ressalte-se que o senso comum não se confunde com bom senso, uma vez que este revela certo refinamento de ideias, uma elaboração mais coerente do saber comum.
Vamos ler uma definição para senso comum?
 Conjunto de concepções geralmente aceitas como verdadeiras em determinado meio social. Repetidas irrefletidamente no cotidiano, algumas dessas noções escondem ideias falsas, parciais ou preconceituosas (COTRIM, 2000, p. 47-48).
O conhecimento científico
“A ciência é uma construção humana” 
(MORAIS, 2007, p. 23)
Costuma-se dizer que o conhecimento científico parte do senso comum, mas promove uma crítica às concepções ingênuas, procurando corrigi-las ou substituí-las. Entendendo-se por concepções ingênuas, uma forma simplória de compreender o mundo.
Mas por que substituir o senso comum pelo conhecimento científico?
É certo que a ciência como um fenômeno social tem grande impacto em nossas vidas. Além dos benefícios tecnológicos que nos proporcionou, há um grande respeito pelo lugar que ocupa em nossa cultura. 
 De um modo geral, todos identificam a figura do cientista como um gênio, um mago do saber, um mágico, porque os conhecemos a partir de suas descobertas geniais. Em geral acreditamos que o cientista é alguém especial, possui legitimidade. Na verdade, o cientista ou o pesquisador percorreu um longo caminho de refinamento da inteligência que forneceu as condições de possibilidade para o desenvolvimento de um olhar atento, curioso e inquieto
Mas por que substituir o senso comum pelo conhecimento científico?
O fato é que as descobertas científicas não decorrem de um momento único criativo ou um lampejo, mas de um trabalho cuidadoso e incansável do pesquisador (FRENCH, 2009). 
Lemos nos livros que Thomas Edson inventou a lâmpada elétrica de iluminação. Isto é maravilhoso, sem dúvida. Mas talvez não nos maravilhássemos tão ingenuamente se nos fosse dado a conhecer que Edson teve para mais de 1.150 experimentos fracassados antes de chegar ao êxito de sua invenção.
É neste sentido, que se define o conhecimento científico como um conhecimento rigoroso que busca investigar os fenômenos. E que surgiu da necessidade humana - a de compreender as relações universais, prever acontecimentos e, em particular, intervir na natureza (ARANHA; MARTINS, 2003).
Mas o que podemos entender pelo termo ciência?
Os pensadores modernos vincularam o termo ciência à doutrina que forma um sistema ou um conjunto de conhecimentos ordenados segundo princípios, já influenciados pela palavra latina scientia, que também significa conhecimento (LALANDE, 1993).
Conhecimento filosófico
O saber da ciência se aproxima do saber filosófico porque ambos se afiguram como um saber sistemático e rigoroso. Mas o que é Filosofia? Quem é o filósofo?
O fato é que todos nós buscamos um sentido para nossa existência e partilhamos certa concepção de mundo. Somos em certo sentido, filósofos. Se cada geração constrói seus valores, sua leitura do mundo, filosofar é uma atividade necessária.
No diálogo denominado Eutidemo, Platão (428-348 a.C.), apresenta a Filosofia, como o uso do saber em proveito do homem. Nesse mesmo sentido, de nada serviria um saber a quem não sabe servir-se dele. E com essa ideia a Filosofia se desenha, portanto, como a colidência entre o fazer e o saber valer-se daquilo que se faz (ABBAGNANO, 1982).
A partir desta destinação da Filosofia podemosdizer que há um método do filosofar que pode ser empreendido e que se desdobra em três momentos distintos, mas interligados, a saber: investigar valores vigentes, criticá-los e ressignificá-los (LUCKESI, 1994).
Considerando os estudiosos contemporâneos, ressaltamos a definição elaborada por Marilena Chauí, na obra Convite à Filosofia, certificando que a Filosofia não se confunde com Ciência stricto sensu, mas pode ser entendida como reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos, pois se trata de um saber que é cronologicamente anterior ao surgimento da própria ciência.
Pode-se então, a partir desta ótica, definir Filosofia como a busca pela fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e práticas (CHAUÍ, 2000). Trata-se de um saber que se volta para as origens, as causas, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais. Assim, pode-se considerar que refletir filosoficamente significa tomar distância das coisas para poder enxergar novos ângulos, experimentar a realidade em diversos sabores (LORIERI, 2004, p. 17), por conseguinte a sua reflexão é radical, porque investiga a raiz, a origem de tudo o que existe.
Em filosofia não se trabalha com dados ou fatos puramente exteriores, mas com pensamentos. Disso resulta que o conhecimento filosófico não é um conhecimento ordinário, mas uma interioridade. Sem dúvida, opera a partir de um pensamento sistemático, o que significa dizer que não sendo mera opinião, segue uma lógica de enunciados precisos e rigorosos, a partir de conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de pura racionalização. E é neste ponto que encontramos o elemento que a diferencia do conhecimento científico.
Conclui-se, que o saber filosófico é uma oposição à opinião, conhecida como senso comum. Um saber que exige consistência teórica. E quem é o filósofo? Aquele que reúne curiosidade e muita paciência. Conforme insiste o filósofo francês Luc Ferry: 
 O filósofo é antes de tudo aquele que pensa que, se conhecemos o mundo, compreendemos a nós mesmos e compreendendo os outros, tanto quanto nossa inteligência o permite, vamos conseguir, pela lucidez e não por uma fé cega, vencer nossos medos (FERRY, 2007, p. 23).
Recordemos, neste ponto, o mito da caverna descrito por Platão na República, Livro VII, em que verificamos um prisioneiro recém-liberto e que nos mostra que a iniciação filosófica requer um percurso longo que se afasta do senso comum.
Conhecimento religioso
Quando se fala hoje em várias religiões estamos pensando num sentido muito diferente daquele compreendido pelos antigos. Pensamos em um sistema completo, constituído por um conjunto de afirmações especulativas, atos ou rituais que interferem diretamente na conduta moral do ser humano (LALANDE, 1993). Portanto, o conhecimento religioso difere do conhecimento filosófico e do científico, porque coloca suas bases em doutrinas reveladas e, por essa razão, assume o status de verdade absoluta, indiscutível, infalível. Suas proposições não podem ser verificadas, mas decorrem da fé, da crença em um conhecimento revelado. Há uma dimensão metafísica como fundamento último que legitima o conhecimento e exige a adesão sem qualquer dúvida.
Enquanto o conhecimento científico se fundamenta na evidência dos fatos observáveis e a filosofia na lógica de seus enunciados, o conhecimento teológico se preocupa com a revelação divina. 
 O conhecimento teológico ou religioso passa necessariamente por representações abstratas que influenciam as ações no mundo da vida, bem como conferem sentido às angústias e inquietações da consciência. Neste ponto não só representa uma explicação sobre a origem de todas as coisas, mas também desvela o modo como determinada cultura entende e interpreta a sua própria existência.
A esse respeito, não há mais nada empolgante do que o embate entre o conhecimento religioso e a tese de Nicolau Copérnico. Durante muito tempo as pessoas acreditavam que a Terra era um disco imóvel em torno do qual girava o Sol. O resto era formado por nuvens habitadas por querubins e, claro, o inferno, cujas chamas ficavam nas profundezas.
Nicolau Copérnico, físico e astrônomo polonês observou o céu fundando o seu olhar em tabelas matemáticas e chegou à absurda conclusão que a Terra se movia. Foi assim que este investigador, em 1514, questionou as verdades impostas e apresentou a Terra como móvel orbitando em volta do Sol. Teólogos como Martinho Lutero e João Calvino ofendidos tomaram o presunçoso astrólogo como um tolo que acreditava perverter as Escrituras sagradas, as verdades reveladas. Seus estudos foram considerados mera teoria e assim Roma não se manifestou. Mais tarde quando o filósofo Giordano Bruno publicou diálogos exaltando a tese copernicana como fato incontestável, a inquisição romana o levou à fogueira (MANCHESTER, 2004, p. 131).
Há alguma relação entre a ciência e senso comum? 
Será que as ideias do senso comum são sempre negadas 
pela ciência? 
 
Leia o artigo Canja de Galinha não faz mal a ninguém e verifique uma situação em que uma ideia do senso comum 
foi confirmada pelo conhecimento científico.
Considerando que alguns ditos populares podem ser confirmados pela ciência, após ler o texto Canja de Galinha não faz mal a ninguém, responda:
 O texto aborda dois tipos diferentes de conhecimento. 
Quais são?
R: Conhecimento do senso comum e conhecimento científico.

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