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ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS Professora: Msc. Maria das Graças S. S. Silva Histórico, Definição e Aplicações Histórico, definição e aplicações A indústria de alimentos têm buscado identificar e atender os anseios dos consumidores em relação aos seus produtos, pois só assim sobreviverão em um mercado cada vez mais competitivo. A ANÁLISE SENSORIAL é uma importante ferramenta neste processo. Envolve técnicas diversas elaboradas com o intuito de avaliar um produto quanto à sua qualidade sensorial em várias etapas do processo de fabricação. Histórico, definição e aplicações Embora a indústria de alimentos sempre tenha reconhecido a importância da qualidade sensorial dos seus produtos, os métodos utilizados para medi-la variaram em função do estágio de evolução tecnológica da indústria Desta forma, distinguiram-se em 4 fases na Metodologia de avaliação da qualidade sensorial: 1ª, 2ª, 3ª e 4ª fase. • (Antes de 1940)- Época artesanal/ Pré- científica. • Qualidade sensorial determinada pelo proprietário da empresa. 1ª fase • (1940-1950) – Época da expansão da Indústria de alimentos/Incorporação de técnicos • Conceitos: controle de processo e produto final • Métodos utilizados: químicos e instrumentais (NÃO SENSORIAIS). 2ª fase Histórico, definição e aplicações • (1950-1970)- Homem como instrumento de medida das características sensoriais dos alimentos. • Muitos avanços (atributos primários, homem com habilidades naturais, pesquisas, métodos) 3ª fase • (1970- Atual) – Definiu-se que a a qualidade sensorial do alimento não é uma característica própria do alimento, mas sim o resultado da interação entre o alimento e o homem. • Definiu-se que as medidas instrumentais eram úteis apenas quando apresentam boa correlação com as medidas sensoriais. 4ª fase Histórico, definição e aplicações Histórico, definição e aplicações Em resumo... A análise sensorial foi definida como uma disciplina científica usada para medir, analisar, interpretar reações das características dos alimentos e dos materiais: como são percebidos pelos órgãos da visão, olfato, tato, audição e gustação. Histórico, definição e aplicações Aplicações Controle das etapas de desenvolvimento de um novo produto Avaliação do efeito das alterações na matéria-prima ou no processo sobre o produto final Redução de custo (ingredientes de menor preço...) Seleção de nova fonte de suprimento Controle de efeito da embalagem sobre os produtos acabados Controle de qualidade Estabilidade durante o armazenamento: vida de prateleira Avaliação do nível de qualidade do produto Teste de mercado de um novo produto O Papel da Análise Sensorial A aceitação de um produto é o objetivo final a que se propõe o seu desenvolvimento e inovação. Todo trabalho que se tem ao se pensar num produto irá envolver fatores que determinam as percepções do consumidor acerca desse produto O conceito de qualidade para um produto, deve ser definida também quanto as percepções do consumidor. O Papel da Análise Sensorial Por meio da análise sensorial, as características ou propriedades de interesse relativas à qualidade sensorial do alimento são identificadas e adequadamente estudadas, com base em metodologias sensoriais de coleta de dados e em métodos estatísticos de avaliação e interpretação dos resultados do estado sensorial do alimento. O Papel da Análise Sensorial Desvantagens: O Papel da Análise Sensorial Alto custo Dependência de fatores ambientais e emocionais = Homem Longo tempo Receptores Sensoriais Estímulos Cérebro ↓ ↓ Receptores (visuais, tato e gosto) Sensação ↓ ↓ Impulsos Elétricos COMUNICAÇÃO Nervos (VERBALIZAÇÃO) Receptores Sensoriais • Para que os estímulos externos sejam percebidos é necessária uma intensidade mínima deste denominada LIMIAR. • 4 tipos de limiares: -Limiar de Detecção: intensidade mínima de um estímulo necessária para produzir uma sensação. -Limiar de Reconhecimento: intensidade mínima de um estímulo necessária para identificar a sensação percebida. Receptores Sensoriais -Limiar de Diferença: menor diferença perceptível na intensidade de um estímulo. -Limiar Terminal: intensidade mínima de um estímulo, abaixo da qual nenhuma diferença pode ser percebida. Receptores Sensoriais O olfato e o Nariz • O olfato é o sentido que permite a percepção do aroma e odor. Odor é a propriedade organoléptica perceptível pelo órgão olfativo via ortonasal, quando certas substâncias voláteis são aspiradas. Aroma é a propriedade organoléptica perceptível pelo órgão olfativo via retronasal, durante a degustação. Receptores Sensoriais O olfato e o Nariz Sujeito a variáveis: Fadiga provar perfumes seguidamente, ao ponto de não percebermos mais diferenças entre eles. Adaptação entrar em uma biblioteca velha: mofo causa impacto, mas se permanecermos por algum tempo neste ambiente, a intensidade do odor decresce. - Muito mais rico que o paladar sabores das frutas, carnes e outros alimentos dependem do olfato. Flavor interação do aroma e sabor. Receptores Sensoriais O olfato e o Nariz • As percepções patológicas para o odor são: -Anosmia: deficiência de sensibilidade aos estímulos olfativos, podendo ser total ou parcial, temporário ou permanente. -Hiperanosmia: percepção aumentado do odor (meses iniciais da gravidez). -Criptosmia: obstrução nas passagens nasais. -Heterosmia: troca de odores. -Autonosmia: sensação de odor na ausência do estímulo. -Cacosmia: percepção persistente de odores desagradáveis. Receptores Sensoriais O gosto e a Língua • Sabor é uma experiência mista, mas unitária, de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação (botões gustativos). O sabor é influenciado pelos efeitos táteis, térmicos, dolorosos e/ou cinestésicos. • 5 gostos básicos: doce, salgado, ácido, amargo e umami. Os botões gustativos dos receptores dos gostos são sensíveis ao estímulo. Receptores Sensoriais O gosto e a Língua • Umami termo japonês “agradável”, “gostoso” glutamato monossódico (MSG) realçador de sabor. Um receptor específico que o identifica e transmite o sinal para o cérebro por meio de um nervo gustativo. As percepções patológicas para o sabor são: Ageusia: perda do sentido do gosto Hipogeusia: decréscimo da sensibilidade do gosto. Parageusia: alteração na sensibilidade do gosto. Acidente Fármacos Genéticos Receptores Sensoriais O gosto e a Língua • Os fatores que influenciam na percepção do gosto são: Temperatura o máximo de sensibilidade e habilidade sensorial ocorre entre 10º e 35ºC. Com o aumento da temperatura, há um aumento na sensibilidade para o doce e diminuição para o salgado e o amargo. Por isso recomenda-se testarum produto na temperatura em que ele é consumido. Receptores Sensoriais O gosto e a Língua Meio de dispersão o grau de diluição de uma substância com a saliva determina a sua velocidade de percepção. Uma solução de sacarose 50% pode ser percebida extremamente doce, no entanto, balas com 100% de açúcar não o são. Interação de gostos pode haver influência na percepção de um gosto devido a outro. Ex.: açúcar no molho de tomate; açúcar no café. Receptores Sensoriais A visão e o Olho • Primeiras impressões dos produtos quanto à aparência geral, que englobas as características de cor, tamanho, formato, brilho, impurezas, granulometria e textura. • Controle de qualidade da matéria-prima frescor das frutas ou do peixe, cor das carnes, aparência dos alimentos. • Impacto visual Indústria Alimentícia usa para tornar os alimentos apetitosos, atraentes. Receptores Sensoriais A visão e o Olho Fatores que afetam nas avaliações visuais: Fadiga ocular Julgamento dos avaliadores Iluminação não uniforme Desuniformidade nas avaliações Daltonismo Cor do ambiente Receptores Sensoriais Tato e Audição • Os sentidos do tato e audição simultaneamente permitem a percepção da textura de alimentos e bebidas. • O sentido do tato fornece informação sobre a textura, forma ou figura, peso, temperatura e consistência de um produto alimentício em dois níveis: boca e na mão. Receptores Sensoriais Tato e Audição • Os sons provocados pela mordida ou mastigação completam a percepção de textura e fazem parte da satisfação de comer. (ex.: biscoitos, chocolates, maçã). • Textura dos alimentos é definida em função do seu estado físico. “viscosidade” ou “corpo” alimentos líquidos homogêneos. “consistência” ou “firmeza” alimentos semi-sólidos ou líquidos heterogêneos. “textura” alimentos sólidos. Receptores Sensoriais Interações Sensoriais • As informações provenientes das cinco vias sensoriais são detectadas no cérebro simultaneamente e há sempre interações e associações psicológicas. • Há associações entre: - Cor e temperatura - Textura e gosto - Cor e odor - Cor e som Receptores Sensoriais Interações Sensoriais Há diferenças na sensibilidade individual para gostos, formas, luzes, odores, de modo que cada um de nós é apresentado como um quadro global único no mundo. Variedade reforçada: Educação Cultura Nível social Personalidade Receptores Sensoriais Métodos sensoriais MÉTODOS SENSORIAIS A escolha de um método de análise sensorial para o desenvolvimento de produtos está baseada na resposta a pelo menos uma das três questões: 1. O produto é aceito pelos consumidores? 2. Existe diferença perceptível entre o produto estudado e o produto convencional similar? 2 produtos podem ser diferentes, mas igualmente aceitos. 3. Quais os principais pontos e diferença? Que qualidades sensoriais estão presentes? Quais as suas intensidades? MÉTODOS SENSORIAIS As respostas a essas 3 questões gerais permitem classificar os métodos sensoriais: • Testes de Aceitação (testes subjetivos ou afetivos) 1ª pergunta • Testes Discriminativos (testes de diferença) 2ª pergunta • Análises Descritivas 3ª pergunta MÉTODOS DISCRIMINATIVOS Métodos que estabelecem diferenciação qualitativa e/ou quantitativa entre as amostras: Teste de Diferença -comparação pareada; -triangular; -duo-trio; -comparação múltipla; -ordenação; -A ou não–A; -dois em cinco. Teste de Sensibilidade -limites; -estímulo constante; -diluição. MÉTODOS DISCRIMINATIVOS o Teste Triangular: verificar se existe diferença estatisticamente significativa entre duas amostras que sofreram tratamentos diferentes. Ex.: mudanças de ingredientes, processamento, embalagens acarretam alterações sensoriais no produto. Detectam pequenas diferenças usado antes de outros testes; Não avalia o grau de diferença e nem caracteriza os atributos responsáveis pela diferença. MÉTODOS DISCRIMINATIVOS Princípio: Cada julgador recebe três amostras codificadas e é informado que duas amostras são iguais e uma diferente. Então, o provador é solicitado a provar as amostras da esquerda para direita e identificar a diferente. Acerto: 1/3 (75%). Técnica de escolha forçada. Amostras servidas em todas as combinações possíveis (AAB; ABA; BAA; BBA; BAB; ABB). Nº de provadores e diferença significativa – Tabela Específica. MÉTODOS DISCRIMINATIVOS o Teste Duo-Trio: verificar se existe diferença estatisticamente significativa entre duas amostras que sofreram tratamentos diferentes. Princípio: 3 amostras são apresentadas ao julgador, uma padrão e duas codificadas. Uma das codificadas é igual a padrão e a outra diferente. O Julgador deve identificar a amostra igual a padrão. Acerto: ½ (50%). Técnica de escolha forçada. As amostras devem ser servidas em todas as posições possíveis (P=A – AB, BA; P=B – AB, BA). Nº de provadores e diferença significativa – Tabela Específica. MÉTODOS DISCRIMINATIVOS o Teste de Sensibilidade: testes que medem a habilidade de perceber, identificar e/ou diferenciar qualitativa e/ou quantitativamente um ou mais estímulos, pelos órgãos dos sentidos. Medem a capacidade dos indivíduos de utilizar os sentidos do olfato e paladar. Estes testes devem ser aplicados: - para selecionar e treinar julgadores; - para determinar limiares de detecção, reconhecimento e diferença de ingredientes. MÉTODOS DISCRIMINATIVOS 1. Teste de Limite • Séries crescentes e decrescentes de concentrações são apresentadas ao julgador, uma após a outra, para determinação do limiar de detecção; 2. Teste de Estímulo Constante • Teste no qual séries crescentes e decrescentes de concentração são testadas contra um estímulo padrão; 3. Teste de Diluição • Técnica que determina a maior quantidade de material-teste que não pode ser detectado quando é misturado com um material padrão. Métodos Descritivos São métodos que descrevem qualitativa e quantitativamente as amostras. Tem como objetivo caracterizar as propriedades sensoriais do produto alimentício ASPECTOS QUALITATIVOS • Mecânicas(dureza, viscosidade, elasticidade, etc.) • Geométricas (fibroso, arenoso, floculento, etc.) • Suculência e oleosidade • Sensações olfatórias, de gosto e bucais • Sensações olfativas e nasais • Cor • Textura visual • Tamanho e forma • Interação entre pedaços e partículas. aparência aroma textura sabor ASPECTOS QUANTITATIVOS Avalia o grau de intensidade de cada atributo presente no alimento Treinados a usarem escalas de forma consciente com relação à equipe sensorial (mesas redondas) e às amostras por todo o período da avaliação. CLASSIFICAÇÃO • Avaliação de atributos – teste de escalas; • Perfil de textura; • Perfil de sabor; • Análise descritiva quantitativa - ADQ. Métodos Subjetivos/ Afetivos São métodos que medem quanto uma população gostou de um produto, para avaliar preferência ou aceitabilidade. Preferência pode ser definida: Expressão do grau de gostar; Gostei muito, pouco, ligeiramente, desgostei... Escolha de uma amostra em relação a outra; Amostra A é melhor que a B. Percepção do agradável até o desagradável, por meio do qual se baseia a escolha. Esta amostra (A) é muito doce, já esta (B) é mais suave, escolho a amostra B. Aceitabilidade pode ser definida: Uma experiência caracterizada por uma atitude positiva; Hábito de comprar ou consumir um alimento. Gostei deste produto, vou comprá-lo. A aceitabilidade pode ser dimensionada pelo grau de gostar relacionado a um só produto, enquanto a preferência pode ser dimensionada pelo grau de gostar a partir da comparação entre dois ou mais produtos. Os testes subjetivos/afetivos são também chamados de testes de consumidores, observando-se que a definição da população-alvo é condição básica para a estimativa de preferências, hábitos e atitudes do consumo deste produto. A população-alvo pode ser selecionada quanto às suas características. Os fatores mais comuns são: - Freqüência de consumo; - Faixa etária; - Localização geográfica; - Classe social ou cultural; - Sexo; - Fatores étnicos. TESTES QUALITATIVOS Avaliam subjetivamente as respostas dos consumidores em relação às propriedades sensoriais de um produto expectativas relacionadas à embalagem, propaganda ou impacto de uma idéia. Além de investigar detalhadamente seus hábitos, atitudes e expectativas em relação a um produto. São aplicados quando se busca um posicionamento inicial do consumidor em relação ao conceito de um produto para entender a terminologia usada pelos consumidores, para descrever os atributos sensoriais de um produto, ou para estudar os hábitos e atitudes dos consumidores em relação a um determinado produto. TESTES QUANTITATIVOS Avaliam a resposta de um grande grupo de consumidores a uma série de perguntas que visam determinar o grau de aceitabilidade global de um produto, identificar fatores sensoriais que determinam a preferência ou medir respostas específicas a atributos sensoriais específicos de um produto. O teste de preferência é considerado uma das mais importantes etapas da análise sensorial, representando o somatório das percepções sensoriais dos consumidores sobre as características do produto. CLASSIFICAÇÃO – TESTES QUANTITATIVOS Testes de Preferência: -Pareado de preferência; -Ordenação; Testes de Aceitação: -Escala Hedônica: • 9 pontos – para adultos • 7 ou 5 pontos – para crianças • PAREADO DE PREFERENCIA: O objetivo deste teste é determinar entre duas amostras qual é a preferida pelos consumidores; Amostras servidas em todas as combinações possíveis (AB e BA); Análise estatistica – Tabela Específica. • ORDENAÇÃO: Determina a ordem de preferência entre três ou mais amostras; Amostras servidas em todas as combinações possíveis; É um método rápido e permite avaliar várias amostras em uma mesma sessão. O recomendado é no máximo 6 amostras; Análise estatística – Método de Kramer ou de Friedman. • ESCALA HEDÔNICA Esta escala foi desenvolvida e está descrita em detalhes por Jones et al. (1955) e por Peryam e Pilgrim (1957). Para avaliar a aceitabilidade de alimentos militares. Desde seu desenvolvimento tem sido muito utilizada para uma variedade de produtos; Há diferentes tipos de escalas hedônicas, como as verbais, as faciais e a não estruturada; Princípio do teste: o julgador recebe as amostras codificadas e é solicitado a avaliar os seus sentimentos com relação a cada amostra, utilizando por exemplo escalas verbais ou faciais. Pode-se avaliar somente a aceitação global (produto como um todo) ou avaliar a aceitação em relação a cada atributo sensorial (cor, sabor, aparência, textura.) Laboratório de análise sensorial LABORATÓRIO DE ANÁLISE SENSORIAL LOCAL: Ambiente livre de odores (inodoro) e de barulho, e de fácil acesso. Paredes com cores claras e de fácil limpeza. Cabines individuais para possibilitar total concentração e prevenir a interação entre julgadores, com acesso independente do local de preparo das amostras. LABORATÓRIO DE ANÁLISE SENSORIAL LAYOUT: Área ventilada; Independência da cozinha em relação ao acesso dos julgadores ao local dos testes. LABORATÓRIO DE ANÁLISE SENSORIAL • O laboratório de Análise Sensorial normalmente contém: Uma área de testes onde as avaliações possam ser desenvolvidas individualmente em cabines ou em grupos de mesas redondas; Uma área de preparação das amostras - cozinha; Um escritório ou armários para guardar os documentos necessários – testes; Armários para guardar materiais - utensílios e vidrarias; Referências • CAMPBELL-PLATT,G. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Barueri-SP: Manole, 2015. • DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. 4ª edição. Curitiba-PR: Champagnat, Curitiba, 2013. • MINIM, V. P. R. Análise Sensorial: estudo com consumidores. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2006.
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