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Aula 01 FEB

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Formação econômica 
do Brasil colonial 
Esperamos que, ao fi nal desta aula, você seja 
capaz de:
Descrever o contexto econômico em que 
ocorreu a expansão comercial européia nos 
séculos XV e XVI.
Caracterizar a ocupação portuguesa do Brasil 
nos séculos XVI e XVII.
Identifi car as principais características da 
economia canavieira no Nordeste brasileiro.
1
ob
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U
L
A
Meta da aula 
Apresentar a dinâmica da empresa colonial agrícola 
no Brasil nos séculos XVI e XVII, destacando a 
economia canavieira no Nordeste como modelo de 
atividade típica.
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8 C E D E R J
Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
INTRODUÇÃO O estudo da formação econômica do Brasil é muito importante para um 
curso de graduação em Administração, porque permite o conhecimento 
da estrutura econômica e dos negócios que sustentaram o país em sua 
etapa inicial de desenvolvimento. Ao analisar o contexto econômico e os 
negócios mais rentáveis em cada período histórico, você, estudante de 
Administração, desenvolve a habilidade de identifi car as relações entre o 
ambiente econômico, a presença – apoio –, em maior ou menor grau do 
governo, o desenvolvimento tecnológico e o mercado de trabalho.
Na disciplina Formação Econômica do Brasil (FEB), você estudará o período 
que vai da chegada dos portugueses à Colônia até o início dos anos 1960, 
quando a economia brasileira deixou de estar sustentada nas ATIVIDADES 
PRIMÁRIAS, tornando-se uma economia industrial. Você analisará a dinâmica 
atual na disciplina Economia Brasileira Contemporânea. 
Não por acaso, o nome desta disciplina é 
homônimo de uma das principais obras de 
CELSO FURTADO, o mais importante economista 
brasileiro do século XX. Em 1959, foi publicada 
a primeira edição de Formação Econômica do 
Brasil, livro considerado uma das mais infl uentes 
interpretações da história do Brasil, analisando 
desde a ocupação da Colônia, no século XVI, 
até a relação entre a crise da economia cafeeira 
e as origens da indústria, na primeira metade do 
século XX. 
Nesta primeira aula, você verá, antes de tudo, que 
a ocupação econômica da América foi uma das 
conseqüências da expansão comercial da Europa. 
Vamos tratar um pouco deste tema, com ênfase à 
colonização portuguesa e ao Brasil. Você iniciará 
uma viagem pela história econômica da maior 
colônia portuguesa, identifi cando como a EMPRESA 
AGRÍCOLA, implantada pelos colonos portugueses 
no Nordeste, foi importante para a expansão 
mercantilista européia nos séculos XVI e XVII e 
quais suas conseqüências para o desenvolvimento 
da economia colonial em nosso país. 
AT I V I D A D E S 
P R I M Á R I A S
Ao estudar os efeitos 
do progresso técnico 
sobre o desenvolvimento 
econômico, o 
economista Colin Clark 
identifi cou três tipos de 
atividades: as primárias 
(agricultura); as 
secundárias (indústria) 
e as terciárias (serviços). 
Países muito dependentes 
das atividades primárias, 
isto é, dos seus recursos 
naturais, são menos 
desenvolvidos do que 
aqueles que se sustentam 
mais nas atividades 
secundárias e terciárias.
(1920-2004)
Nascido na Paraíba, 
o economista Celso 
Furtado infl uenciou 
mais de uma geração 
de economistas 
preocupados com 
o desenvolvimento 
econômico na 
América Latina, no 
Brasil e na estagnada 
Região Nordeste. Sua 
infl uência manifesta-
se por meio de sua 
vasta produção 
bibliográfi ca 
e no exercício 
de importantes 
cargos públicos, 
aliando a teoria à 
prática em prol do 
desenvolvimento 
econômico com 
justiça social.
EM P RE S A 
(C O L O N I A L) 
A G R Í C O L A
Modelo econômico de 
colonização adotado 
por países europeus 
nos séculos XV e 
XVI. Consistia em 
transformar a colônia 
em produtora de 
especiarias, que não 
podiam ser obtidas na 
Europa, principalmente 
devido ao clima: 
açúcar, cacau, canela, 
por exemplo. Segundo 
este modelo, toda a 
produção colonial estava 
destinada à metrópole, 
que a comprava a baixos 
preços e a revendia na 
Europa, acumulando os 
lucros desta transação. 
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C E D E R J 9
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1
 COMO SURGIU A EMPRESA COLONIAL AGRÍCOLA?
A empresa colonial agrícola, iniciada com a introdução da 
monocultura do açúcar no Nordeste pelos portugueses, foi uma 
experiência de grande sucesso e única durante o século XVI. Para 
que você possa entendê-la, vamos situar o contexto em que ela se 
desenvolve.
A expansão comercial européia, iniciada em fi ns da Idade 
Média, rompeu com o isolamento econômico típico do PERÍODO 
FEUDAL. O mar Mediterrâneo tornou-se a mais importante rota de 
comércio, benefi ciando, principalmente, as cidades italianas, dentre 
elas Gênova e Veneza. Dado o elevado custo de transporte e de risco 
do empreendimento comercial, apenas a comercialização de produtos 
de grande valor de mercado – com pouco volume e peso, como as 
especiarias orientais (pimenta-do-reino e canela, por exemplo) – era 
economicamente viável.
PE R Í O D O F E U D A L/
F E U D A L I S M O
Chamamos feudalismo 
ou sistema feudal o 
modo com que a vida 
em sociedade estava 
organizada na Europa 
durante a Idade Média. 
Esta organização variou 
muito segundo a época 
e o local. Em linhas 
gerais, podemos dizer 
que a sociedade feudal 
tinha como bases o 
poder descentralizado, a 
economia agropastoril e 
o trabalho dos servos. 
Em termos de 
organização social, 
havia três estamentos: 
clero, nobreza e servos. 
As relações entre 
estes grupos eram 
extremamente desiguais. 
Clero e nobreza ditavam 
as regras sociais e 
econômicas, bastante 
desfavoráveis para 
os servos. A Igreja 
Católica controlava 
as idéias religiosas da 
época e os reis ainda 
não eram fi guras fortes, 
seu poder era muito 
descentralizado.
Saiba mais sobre o 
feudalismo em http://
www.saberhistoria.hpg.ig
.com.br/feudalismo1.htm
 Feudalismo hoje
Em junho de 2004, a Estação 
Ciência, da Universidade de São Paulo 
(USP), reabriu a exposição O Castelo Medieval 
e o Feudalismo, disponível em:
http://www.eciencia.usp.br/Exposicao/feudalismo/. 
Leia, na apresentação da exposição, o texto do Prof. 
Hilário Franco Junior, do Departamento de História 
da Universidade de São Paulo (USP). Ele afi rma que 
alguns tipos de relação social característicos 
do feudalismo, como o favorecimento 
de amigos em detrimento da lei, 
perduram até hoje. 
!!
Figura 1.1: Você pode verifi car que a tomada de Constantinopla difi cultou o acesso ao Oriente pelo Mediterrâneo, 
levando à busca por rotas alternativas, o que favoreceu os povos ibéricos em sua rota através do oceano Atlântico.
VenezaVeneza
GênovaGênova
JerusalémJerusalém
ConstantinoplaConstantinopla
PortugalPortugal
EspanhaEspanha
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10 C E D E R J
Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
A tomada de Constantinopla (atualmente Istambul, Turquia) pelos 
turcos, em 1453, difi cultou a manutenção da rota comercial que ligava 
as cidades mediterrâneas às fontes de especiarias. Os turcos passaram 
a controlar o comércio na região, impedindo o acesso de portugueses e 
espanhóis, desestruturando o comércio de longa distância e estimulando-
os a descobrir novas rotas comerciais. Iniciou-se, assim, uma nova etapa 
da história mundial: 1453 é considerado o ano que marca o fi m do 
feudalismo (396-1453) e o início da era moderna (1453-1789).
PORTUGAL ENTRA EM CENA
Desde meados do século XV, os portugueses já vinham explorando 
a rota do Atlântico, estabelecendo-se em algumas localidades da costaafricana, onde cultivavam a cana-de-açúcar. Seu objetivo, porém, era 
alcançar os fornecedores de especiarias localizados nas Índias utilizando 
a rota do oceano Atlântico. Para isso, aprimoraram a tecnologia de 
construção de navios, o que lhes permitiu vencer a travessia daquele que 
era chamado “mar Tenebroso”, que ganhou este nome por ser muito mais 
difícil de navegar do que as águas calmas do Mediterrâneo. Essa conquista 
ocorreu durante o século XV, auge do império marítimo português – que 
marcou profundamente a cultura do país, como exemplifi ca o poema 
Mar Portuguez, do poeta Fernando Pessoa (1888-1935). 
 Você deve estar se 
perguntando por que Portugal 
foi o primeiro país a desenvolver a 
tecnologia naval necessária para grandes 
navegações. O primeiro motivo está relacionado 
à atividade econômica: a necessidade de pesca para 
alimentar a população. A organização do grupo de 
estudos chamado Escola de Sagres – integrando 
cientistas e navegadores de diversos credos e 
formações – foi, segundo os historiadores, 
outra razão para o pioneirismo 
português.
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1
 Para saber mais sobre a 
tecnologia desenvolvida para as 
grandes navegações, veja os itens: Razões 
do Pioneirismo e Os Instrumentos dos Pilotos, 
em http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/118_dez98/
html/multi.htm. 
Agora, se você quiser saber as diferenças entre 
caravelas, galeras e naus, viaje até http:
//educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/
br_descoberta9.htm. 
!!
Navegando com Fernando Pessoa
O poeta português Fernando Pessoa imortalizou a façanha de seus conterrâneos na 
conquista dos mares em poemas como este:
Mar Portuguez
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos fi lhos em vão resaram!
Quantas noivas fi caram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.
Identifi que duas passagens em que o poeta indica a difi culdade do empreendimento 
marítimo português. Relacione-as com as circunstâncias da época que levaram os 
portugueses a enfrentarem o desafi o da navegação a mar aberto.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Resposta Comentada
Versos como “Quanto do seu sal são lágrimas de Portugal” ou “Quem quer 
passar além do Bojador tem que passar além da dor” sugerem a difi culdade 
do empreendimento pela dor que causou. Essa difi culdade seria justifi cada pela 
perspectiva dos ganhos comerciais que o descobrimento de novas rotas mercantis 
poderia proporcionar aos controladores da nova rota comercial para as Índias. 
Na verdade, se você prestar atenção, verá que, em quase todos os versos, 
revela-se a difi culdade desse empreendimento português.
Atividade 1
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12 C E D E R J
Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
GR A N D E S 
NA V E G A Ç Õ E S
Este é o nome consagrado 
pela historiografi a para 
referir-se à expansão 
marítima ocorrida nos 
séculos XV e XVI que 
ampliou as rotas comerciais, 
unindo a Europa à África 
e Ásia. As Grandes 
Navegações tiveram por 
maior conseqüência a 
ocupação do continente 
americano, então chamado 
“Novo Mundo”. 
ME RC A N T I L I S M O
Política econômica de 
caráter protecionista, o 
mercantilismo se desenvolveu 
na Europa ao longo dos 
séculos XVI, XVII e XVIII. 
Sua base é o acúmulo de 
capital – representado, 
naquele período, por 
metais preciosos (ouro e 
prata, principalmente), 
protecionismo alfandegário 
e balança de comércio 
favorável. Com o 
absolutismo, formava os 
alicerces do Antigo Regime. 
Segundo o pensamento que 
vigorava àquela época, os 
governos precisavam crescer, 
expandir-se, ir além das 
fronteiras nacionais. Para 
isto, era preciso acumular 
recursos. Como os países 
europeus não dispunham 
de ouro e prata, planejaram 
conquistar outros territórios 
para obtê-los, as colônias. 
Lá, poderiam também 
manter sua balança 
comercial favorável, 
forçando o monopólio e 
mantendo taxas elevadas de 
comércio para suas colônias. 
Foi o que aconteceu com 
Portugal, Espanha, França 
e Inglaterra, entre outros 
países.
A OCUPAÇÃO PORTUGUESA NA COLÔNIA
O descobrimento do Brasil foi uma etapa da conquista do 
oceano Atlântico, fazendo parte do grande movimento expansivo 
defl agrado pelas GRANDES NAVEGAÇÕES. A partir do século XV, o 
Mediterrâneo perdeu a centralidade no comércio mundial, que se 
deslocou para o Atlântico.
Portugal era, a essa época, uma monarquia absolutista. 
Era um dos vários estados absolutistas europeus que surgiram 
como a estrutura política que a burguesia – que ascendia no 
cenário econômico – encontrou para garantir o apoio ofi cial 
a seus interesses comerciais. Esses interesses caracterizaram o 
MERCANTILISMO, garantindo os lucros do comércio por meio de um 
modelo de comércio exterior protecionista.
Figura 1.2: O Monumento aos Descobrimentos foi construído à beira do 
rio Tejo, em Lisboa, em 1960, como homenagem a D. Henrique, patrono 
das navegações. Segundo os historiadores, desse lugar saiu, em março de 
1500, a esquadra comandada por Cabral que chegaria ao Brasil em 22 de 
abril do mesmo ano. 
GR A N D E S 
NA V E G A Ç Õ E S
Este é o nome consagrado 
pela historiografi a para 
referir-se à expansão 
marítima ocorrida nos 
séculos XV e XVI que 
ampliou as rotas comerciais, 
unindo a Europa à África 
e Ásia. As Grandes 
Navegações tiveram por 
maior conseqüência a 
ocupação do continente 
americano, então chamado 
“Novo Mundo”. 
ME RC A N T I L I S M O
Política econômica de 
caráter protecionista, o 
mercantilismo se desenvolveu 
na Europa ao longo dos 
séculos XVI, XVII e XVIII. 
Sua base é o acúmulo de 
capital – representado, 
naquele período, por 
metais preciosos (ouro e 
prata, principalmente), 
protecionismo alfandegário 
e balança de comércio 
favorável. Com o 
absolutismo, formava os 
alicerces do Antigo Regime. 
Segundo o pensamento que 
vigorava àquela época, os 
governos precisavam crescer, 
expandir-se, ir além das 
fronteiras nacionais. Para 
isto, era preciso acumular 
recursos. Como os países 
europeus não dispunham 
de ouro e prata, planejaram 
conquistar outros territórios 
para obtê-los, as colônias. 
Lá, poderiam também 
manter sua balança 
comercial favorável, 
forçando o monopólio e 
mantendo taxas elevadas de 
comércio para suas colônias. 
Foi o que aconteceu com 
Portugal, Espanha, França 
e Inglaterra, entre outros 
países.
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C E D E R J 13
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1
 
Um dos compositores mais polêmicos da década de 1980 no Brasil, Cazuza trata do 
tema em sua música "Burguesia". Entre outras afi rmações, está a de que “enquanto 
houver burguesia não vai haver poesia.” E você, o que acha?
Estados
 absolutistas
Ao fi nal da Idade Média, o crescimento 
da população, o desenvolvimento do 
comércio e das cidades, assim como a ausência dos 
senhores feudais – então nas Cruzadas – provocaram 
o enfraquecimento do poder local e o fortalecimento do 
poder dos reis. 
Os estados absolutistas foram a nova organização política a partir 
do século XV. Alicerçados no poder do rei e da Igreja, tiveram como 
características a centralização do poder, o crescimento do nacionalismo 
e aunifi cação territorial.
A burguesia comercial foi uma importante aliada neste processo, apoiando 
política e fi nanceiramente os monarcas. Em troca, estes criaram um sistema 
administrativo mais organizado, unifi cando moedas e impostos, o que 
proporcionou, à burguesia, facilidades no comércio.
Burguesia
Classe social que surgiu, na Europa, com o renascimento comercial e das cidades 
ao fi m do período feudal. Os que mais tarde foram chamados burgueses 
– médicos, artesãos, comerciantes, entre outros – viviam em aglomerados à 
volta dos castelos medievais, os burgos. 
Segundo os historiadores, ao longo de toda a sua história, a burguesia 
esteve associada ao poder. Aliada aos reis das nações que começavam a 
formar-se no século XV, ajudou a diminuir a infl uência do clero e da 
nobreza na sociedade. Financiou, entre outras realizações, as grandes 
navegações do século XVI e as atividades artísticas do século XVII 
(Renascimento).
A burguesia passou a dominar a vida social, política e 
econômica após a Revolução Francesa, no século 
XVIII, ocasião em que viu atendido seu principal 
interesse de classe: a garantia dos direitos 
de propriedade, fundamento de uma 
sociedade capitalista. 
??
Um dos compositores mais polêmicos da década de 1980 no Brasil, Cazuza trata do 
tema em sua música "Burguesia". Entre outras afi rmações, está a de que “enquanto 
houver burguesia não vai haver poesia.” E você, o que acha?
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Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
PA C T O 
CO L O N I A L
“Conjunto de 
relações econômicas 
e políticas que 
subordinavam a 
colônia à metrópole. 
No plano político, 
a dominação era 
exercida por meio 
da presença de 
autoridades civis 
nomeadas pela 
metrópole e cujo 
desempenho era 
assegurado pela 
ocupação militar. No 
campo econômico, 
o Pacto Colonial 
signifi cava uma série 
de obrigações de 
compra e venda da 
colônia para com 
a metrópole, sendo 
os mecanismos 
desse comércio 
controlados de 
forma monopolista 
pelas companhias de 
comércio”.
Paulo Sandroni 
– Novíssimo 
Dicionário de 
Economia.
A consolidação de Portugal como Estado Nacional moderno 
ocorreu no século XVI. O governo absolutista lusitano fi nanciou as 
grandes navegações, conquistando novos territórios e submetendo-os 
ao PACTO COLONIAL.
A ocupação do Brasil no período colonial (1500 a 1822) 
está intimamente ligada à expansão comercial e colonial européia. 
Inicialmente, esta era uma disputa que envolvia os países ibéricos. 
Segundo Celso Furtado (1971), a luta entre Espanha e Portugal pelas 
terras americanas foi muito difícil em função da quantidade de terras 
a defender.
A Espanha encontrou ouro e prata em suas colônias, o que lhe 
permitiu fi nanciar a defesa contra possíveis invasões estrangeiras. Seu 
sistema de defesa estendia-se da Flórida à embocadura do rio da Prata. 
Mesmo com a abundância dos recursos de que dispunha, a Espanha 
não conseguiu evitar que seus inimigos invadissem as Antilhas e o norte 
do continente sul-americano, onde ingleses, franceses e holandeses 
estabeleceram-se, fundando as Guianas Inglesa e Francesa e o Suriname 
(ex-Guiana Holandesa).
PA C T O 
CO L O N I A L
“Conjunto de 
relações econômicas 
e políticas que 
subordinavam a 
colônia à metrópole. 
No plano político, 
a dominação era 
exercida por meio 
da presença de 
autoridades civis 
nomeadas pela 
metrópole e cujo 
desempenho era 
assegurado pela 
ocupação militar. No 
campo econômico, 
o Pacto Colonial 
signifi cava uma série 
de obrigações de 
compra e venda da 
colônia para com 
a metrópole, sendo 
os mecanismos 
desse comércio 
controlados de 
forma monopolista 
pelas companhias de 
comércio”.
Paulo Sandroni 
– Novíssimo 
Dicionário de 
Economia.
Figura 1.3: No Museu do Ouro, em Bogotá (Colômbia), podemos observar 
como os povos indígenas que habitavam a América espanhola trabalhavam 
a riqueza mineral ali existente.
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C E D E R J 15
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1
 
A divisão do
 continente americano
Espanhóis e portugueses disputaram 
as terras do novo continente americano. Essa 
disputa foi mediada pelo papa – que, àquela época, 
tinha autoridade equivalente à da Organização das Nações 
Unidas (ONU) para dirimir confl itos internacionais. 
O resultado dessa negociação foi a assinatura do tratado de 
Tordesilhas (1494). Com esse documento, convencionou-se que 
as terras a oeste do meridiano que corta o Brasil desde o Pará até 
Santa Catarina fi cavam sob o domínio espanhol. Já os portugueses 
fi cavam com as terras situadas a leste dessa linha imaginária. 
Assinado seis anos antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao 
Brasil, parecia que o tratado tinha benefi ciado os espanhóis, 
quanto às terras americanas. Estes imaginavam estar 
cedendo apenas oceano aos portugueses. Entretanto, 
o fato de os portugueses terem assinado o 
tratado pode ser considerado um indicador 
de que eles já deviam ter indícios da 
existência do Brasil. 
??
Figura 1.4: O Tratado de Tordesilhas dividia, com uma linha vertical, o Novo Mundo entre 
Espanha (à esquerda da linha) e Portugal (à direita). Repare que a parte reservada para 
Portugal era muito menor do que a área destinada à Espanha. Será que os portugueses 
teriam aceito essa divisão totalmente desigual sem reclamar ou sem saber que havia outras 
terras além das conhecidas pelos espanhóis? O mapa à esquerda é um planisfério de 1545, 
disponível no site da Biblioteca Nacional de Lisboa. Repare que a linha do tratado passava 
bem no meio do que hoje é o território brasileiro. Compare as fi guras. No mapa à direita, 
constam algumas cidades que ainda não existiam. Não se assuste, isto é só para você ter 
uma noção de por onde passava a linha do tratado.
Fonte da fi gura à esquerda: http://bnd.bn.pt/ed/viagens/brasil/iconografi a/antecedentes/
tratado_tordesilhas/index.html
Fonte da fi gura à direita: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Tordesilhas
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16 C E D E R J
Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
Por não encontrar metais preciosos em seus novos domínios, 
Portugal enfrentou mais dificuldades para defender seu território 
americano, o Brasil. Como não tinha recursos sufi cientes, precisou 
implantar uma atividade muito lucrativa para fi nanciar a defesa da 
própria colônia, além de permitir a transferência de lucros mercantis 
para a metrópole. Assim, introduziu o cultivo de um produto tropical, a 
cana-de-açúcar, que já vinha explorando em ilhas do Atlântico Sul e era 
um produto que contava com um mercado em expansão na Europa.
O elemento que assegurou a lucratividade do empreendimento foi 
o monopólio comercial, determinado pela metrópole.
Analisando o sistema de exploração colonial na etapa da expansão 
comercial européia, o historiador Fernando Novais (1990), argumenta que:
o monopólio do comércio das colônias pela Metrópole defi ne o 
sistema colonial porque é através dele que as colônias preenchem a 
sua função histórica, isto é, respondem aos estímulos que lhes deram 
origem, que foram a sua razão de ser, enfi m, que lhes dão sentido.
CARACTERÍSTICAS DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO 
BRASIL
A empresa colonial agrícola introduzida na colônia não se reduzia 
a extrair riquezas naturais para revenda nos mercados europeus. Era um 
empreendimento muito mais complexo, que envolvia o desenvolvimento 
de uma atividade agrícola que seria explorada segundo critérios que 
proporcionassem o máximo de lucratividade possível aos portugueses. 
Quer ler o tratado de 
Tordesilhas na íntegra? Ele está 
disponível no site da Biblioteca Nacional de 
Lisboa: http://bnd.bn.pt/ed/viagens/brasil/obras/tratado_tordesilhas/index.html. Vale a pena dar uma 
olhada. Repare a linguagem utilizada e como é 
forte a presença de referências religiosas, 
marca da época em que foi 
!!
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C E D E R J 17
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1
 O historiador Fernando Novais (1990) destaca as principais 
diferenças entre a instalação da empresa colonial agrícola no Nordeste 
brasileiro e as tradicionais feitorias, entrepostos comerciais que 
funcionavam como pontos de apoio dos comerciantes metropolitanos 
ao longo das costas africana e asiática, onde eles recolhiam os produtos 
nativos da região para serem revendidos na Europa. Em suas palavras:
A atividade colonizadora dos povos europeus na época moderna, 
inaugurada com a ocupação e utilização das ilhas atlânticas, e logo 
desenvolvida em larga escala com o povoamento e valorização 
econômica da América, distingue-se da empresa de exploração 
comercial que desde o século XV já vinham realizando os 
portugueses nos numerosos entrepostos do litoral atlântico-africano 
e no mundo indiano. Efetivamente, a empresa colonial é mais 
complexa, envolvendo povoamento europeu, organização de uma 
economia complementar voltada para o mercado metropolitano. 
Em outras palavras, pode-se dizer que nos entrepostos africanos 
e asiáticos a atividade econômica dos europeus (pelo menos 
nesta primeira fase) se circunscreve nos limites da circulação de 
mercadorias: a colonização promoverá a intervenção direta dos 
empresários europeus no âmbito da produção (p. 47).
O sentido da colonização era cultivar produtos tropicais de forma 
lucrativa para o comércio europeu, de modo a não competir com as 
culturas de clima temperado existentes na Europa. Os produtos seriam 
tropicais porque a produção colonial deveria ser complementar, e nunca 
competitiva, à produção européia.
O sentido da colonização
Deve-se ao historiador Caio Prado Junior a 
noção de sentido da colonização. Em sua obra Formação 
do Brasil Contemporâneo: colônia (1969), cuja primeira edição 
data de 1942, ele defende a tese de que a estrutura da economia 
colonial, baseada em três elementos principais – o latifúndio, 
a monocultura e o trabalho escravo –, foi pensada com 
um único sentido: fornecer gêneros tropicais 
ao comércio europeu. 
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A lucratividade da empresa colonial agrícola estava assentada 
em três elementos principais, que asseguravam os baixos custos de 
produção:
 o latifúndio: necessário para permitir o crescimento extensivo da 
produção, uma vez que a atividade não se expandia com base no 
aumento da produtividade, mas sim no uso extensivo de terra. 
A grande propriedade era, além disso, importante para atrair 
colonos portugueses, que viam a colônia como uma possibilidade 
de enriquecimento, mas não como local para se estabelecer 
defi nitivamente, como nas colônias de povoamento;
 a monocultura: como a empresa colonial agrícola visava 
à lucratividade comercial, era mais interessante para o 
colonizador mobilizar recursos para o produto a ser exportado 
do que diversifi car a produção considerando o mercado interno 
(praticamente inexistente, dada a baixa circulação de dinheiro 
na economia colonial, como você vai ver mais adiante no 
boxe explicativo sobre economia de subsistência x economia 
mercantil);
 o trabalho escravo: a difi culdade de acesso à mão-de-obra barata 
diante da necessidade de conter custos de produção levou à 
introdução da escravidão na colônia, ainda que estivesse em vias de 
desaparecimento na Europa. O recurso à escravidão decorria de:
a) inexistência de excedentes populacionais em Portugal; 
b) insufi ciência de trabalhadores indígenas; 
c) ambiente desfavorável na Colônia, fazendo com que os 
salários necessários para atrair trabalhadores europeus 
fossem elevados demais, o que comprometeria a lucratividade 
do empreendimento; 
d) uma experiência lucrativa do tráfi co de escravos oriundos das 
colônias africanas, o que levou à utilização dessa espécie de 
mão-de-obra como relação básica de produção na empresa 
colonial agrícola.
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ECONOMIA CANAVIEIRA: ELEMENTO-CHAVE NO SUCESSO 
DA EMPRESA COLONIAL AGRÍCOLA 
O sucesso da empresa colonial agrícola implantada no Nordeste 
no século XVI está relacionado à introdução da cultura da cana-de-
açúcar, especiaria cultivada em clima tropical que contava com grande 
mercado consumidor na Europa. A cultura da cana foi o maior êxito 
experimentado pela economia colonial agrícola. Ela permitiu associar 
a experiência portuguesa do cultivo da cana nas ilhas do Atlântico Sul 
à utilização da mão-de-obra escrava nas colônias africanas, e ao uso de 
terras férteis da costa do Nordeste para produção de uma cultura tropical 
que desfrutava de crescente mercado consumidor na Europa.
Um elemento fundamental que explica esse sucesso foi a implan-
tação de uma rota comercial entre as colônias da Coroa portuguesa, 
criando uma interdependência entre dois negócios: a exploração de 
produtos primários na colônia brasileira voltados para o mercado 
externo, e a exportação de escravos pelas colônias africanas.
A existência da 
escravidão caracteriza a 
colonização do Brasil como feudal?
O uso de trabalho escravo na economia 
colonial agrícola não pode ser interpretado como 
uma manifestação da existência de relações feudais de 
produção. O Brasil nunca foi feudal, ainda que sua ocupação 
estivesse associada à empresa colonial agrícola, sustentada no 
trabalho escravo. O sentido da colonização foi proporcionar lucros 
mercantis aos comerciantes metropolitanos, favorecendo o acúmulo 
de capitais na Europa e a afi rmação da burguesia. A utilização do 
trabalho escravo tinha a fi nalidade de baratear os custos de produção, 
o que permitia à burguesia comercial ampliar seus lucros mercantis.
O conceito de produtividade 
e o uso extensivo de recursos
O crescimento da produção pode ocorrer em decorrência de dois 
fatores: aumento da produtividade, pelo uso mais efi ciente dos 
recursos ou aumento extensivo dos recursos, isto é, utilização de 
mais trabalhadores, mais capital ou mais terras. Esse foi o caso 
do Brasil. A empresa colonial agrícola contava com terras 
abundantes, o que lhe permitia aumentar a produção 
pela simples incorporação de territórios, em 
vez de tornar mais efi ciente o uso dos 
recursos.
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Em uma época (séculos XVI e XVII) em que a navegação dependia 
do regime de ventos e correntes marítimas, um fato fundamental a 
considerar é que, em função das correntes marítimas, era mais fácil a 
comunicação entre o Nordeste brasileiro e a costa africana, do que entre 
estas regiões e outras partes dos respectivos continentes. Tal proximidade 
estimulou um novo fl uxo comercial entre as colônias portuguesas. 
Ampliavam-se, assim, as receitas resultantes dos tributos cobrados pela 
Coroa, somando-se os tributos cobrados de duas de suas colônias: a 
venda de escravos africanos e a venda do açúcar brasileiro. Além disso, 
os colonos do Brasil tinham de se sujeitar à metrópole por causa do 
suprimento de mão-de-obra, dado o controle exercido pelo reino sobre 
o comércio de escravos nas colônias africanas.
Figura 1.5: O fl uxo de navios entre o 
Nordeste brasileiro e as colônias por-
tuguesas na África foi favorecido pelos 
ventos e pelas correntes marítimas. Por 
esta razão, era mais fácil a comunica-
ção entre estas duasregiões do que 
dentro dos próprios continentes. 
A proximidade entre Brasil e África, 
apesar do Oceano Atlântico, ainda 
hoje está presente no imaginário 
popular, como atesta uma recente 
propaganda da cerveja Nova Schin, 
na qual um homem sedento entra em 
um bar africano, pede uma cerveja e o 
balconista lhe diz que o produto está 
em falta, mas que ele pode encontrar 
a cerveja em um bar “logo ali em 
frente” (no Brasil). O homem, então, 
entra no mar e nada em direção ao 
bar brasileiro.
A partir da metade do século XVI, a produção de açúcar passou 
a ser cada vez mais um empreendimento conjunto entre portugueses 
e holandeses. Estes recolhiam o produto em Lisboa, refi navam-no e o 
distribuíam por toda a Europa. Participavam também do fi nanciamento 
da atividade, que dependia da mobilização de capital para implantar o 
engenho de açúcar e adquirir os escravos (FURTADO, 1971). Os gastos 
operacionais, entretanto, eram bem modestos, já que as fazendas de 
cana-de-açúcar eram praticamente auto-sufi cientes.
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Cana-de-açúcar no Nordeste: um negócio rentável?
Descreva o modo de produção de açúcar no Nordeste do Brasil, considerando:
1. a comercialização do produto (mercado interno ou externo?); 
2. a lucratividade do negócio, tendo em vista os custos de produção e os ganhos 
obtidos;
3. o tipo de terreno (fértil ou não) e de que tamanho (grandes ou pequenas extensões 
de terra);
4. a mão-de-obra utilizada.
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Resposta Comentada
Produzir açúcar no Nordeste do Brasil era, de fato, uma atividade lucrativa para 
os donos de terras na nova colônia. Em primeiro lugar, porque os custos de 
produção eram baixos: em grandes parcelas de terra, cultivava-se cana utilizando 
mão-de-obra escrava para o plantio e a colheita, além de gado como força motriz 
dos engenhos. O solo era fértil, não precisando de cuidados especiais, e o clima 
– tropical –, favorável.
Em segundo lugar, os lucros eram altos, já que a produção estava voltada para o 
mercado externo, onde o açúcar era uma especiaria, alcançando preços elevados. 
Daí provinha o lucro. Para a metrópole, ainda era vantajoso pela possibilidade de 
articular os interesses da Coroa portuguesa ao tornar interdependentes a cultura 
do açúcar no Nordeste brasileiro e o abastecimento de mão-de-obra escrava 
das colônias africanas. 
Atividade 2
2 3
A parceria com os holandeses terminou com a anexação de 
Portugal pela Espanha (1580-1640). Lutando contra a Espanha, que 
não reconhecia sua independência, a Holanda resistiu à perda do negócio 
do açúcar e invadiu o Brasil em 1630, estabelecendo-se no Nordeste. A 
expulsão dos holandeses, em 1654, trouxe conseqüências econômicas 
graves e duradouras, já que, com os conhecimentos adquiridos na 
cultura da cana, eles estabeleceram um empreendimento concorrente 
nas Antilhas, acabando com o monopólio na oferta do produto pelos 
colonos do Nordeste brasileiro.
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Você sabia que as primeiras 
moedas do Brasil foram cunhadas 
pelos holandeses, quando ocuparam o Nordeste? 
A economia da colônia, então, era mais 
pautada por trocas do que por metal 
circulante.!!
Conseqüências econômicas da expulsão dos holandeses
O economista Celso Furtado afi rmou que as conseqüências econômicas da expulsão 
dos holandeses do Nordeste brasileiro, em 1654, foram muito mais duradouras do que 
as conseqüências da vitória militar. Em sua opinião, quais as razões que o levaram a 
sustentar essa afi rmativa?
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Resposta Comentada
As conseqüências econômicas seriam mais duradouras, porque a expulsão dos 
holandeses resultou na implantação de outra área agroexportadora de cana-de-
açúcar nas Antilhas, o que quebrou o monopólio do açúcar nordestino. A quebra do 
monopólio destruirá um dos pilares sobre os quais estava sustentada a economia 
colonial agrícola no Nordeste do Brasil.
Atividade 3
A partir de meados do século XVII, com o declínio do preço 
da cana no mercado externo –devido ao aumento da oferta, com a 
produção antilhana –, a economia canavieira deixou de ser lucrativa. 
Os baixos custos operacionais permitiram apenas manter o negócio, 
mas não ampliá-lo. 
A crise da economia canavieira não foi superada. Até que a 
mineração substituísse a cultura de cana-de-açúcar como principal 
fonte de renda de exportações, no século XVIII, a Colônia enfrentou 
uma crise provocada pela queda dos preços da cana, enfraquecendo a 
economia da metrópole. 
Essa incapacidade de superação da crise da economia canavieira 
esteve relacionada à forma como circulava a renda gerada pela atividade 
canavieira. A lucratividade do negócio estava na comercialização, e não 
na produção da cana. O comércio (e o transporte) da cana era controlado 
por comerciantes portugueses, associados aos holandeses, os maiores 
benefi ciários da economia canavieira. 
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 Nesse negócio, a renda interna fi cava extremamente concentrada 
nas mãos dos grandes proprietários fundiários. Esses proprietários 
mantinham uma produção alimentar de subsistência, adquirindo 
apenas animais e madeira no mercado interno. Tratava-se, assim, 
de uma atividade em que prevalecia a pouca circulação de dinheiro 
– o que lhe conferia alto grau de resistência a crises. Assim, mesmo 
enfrentando declínio dos preços internacionais da cana, o produto seguia 
sendo cultivado, pois os gastos monetários para manter em operação o 
engenho eram modestos (animais e madeira).
Economia de 
subsistência 
x
 economia mercantil
Economia de subsistência, como o próprio nome 
sugere, é aquela produzida para autoconsumo, em que o 
produtor não se distingue do consumidor, sendo desnecessário 
o uso de dinheiro. Economia mercantil, ao contrário, é aquela em 
que o produto é direcionado ao mercado; a conseqüente separação 
entre produtores e consumidores torna necessária a intermediação 
monetária. 
Uma família de pequenos proprietários de terra pode produzir verduras 
para sua alimentação, mas essa cultura será de pequenas proporções, já que 
voltada apenas para o consumo da família. Não estará sujeita, portanto, a 
crises econômicas, porque não haverá produção excedente para ser vendida 
em mercado.
A economia colonial caracterizou-se pela baixa circulação interna de dinheiro, 
já que a empresa que produzia a monocultura para exportação era auto-
sufi ciente, produzia quase todos os bens necessários para sua operação, 
demandando apenas madeira e animais no mercado interno. Portanto, os 
colonos que não fossem latifundiários agroexportadores, mas simples 
criadores de gado, por exemplo, recebiam uma parte muito pequenada renda que circulava na Colônia, resultante das compras internas 
animais e madeira). 
A maior parte da renda fi cava concentrada nas mãos dos 
colonos latifundiários (os senhores de engenho), o que 
permitia que eles consumissem produtos de luxo 
importados. Esta divisão não favorecia a 
circulação de moeda, nem tampouco a 
produção mercantil.
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Ainda assim, a economia colonial mergulhou em uma crise da 
qual só saiu quando houve a descoberta de ouro e diamante, no século 
XVIII, na região correspondente ao atual Estado de Minas Gerais. Do 
mesmo modo que a economia canavieira, tampouco a mineradora 
logrou gerar condições para o surgimento de uma atividade sustentável. 
O mesmo ocorreu com outros produtos, como o algodão e a borracha, 
que conheceram o auge dinamizados pela renda das exportações. Na sua 
decadência, o desenvolvimento da região onde eles se situavam retrocedia, 
declinando o grau de monetização (de circulação de dinheiro), resultando 
em transferência de recursos para a economia de subsistência, de baixa 
produtividade. 
A percepção desse padrão, que perdurou durante todo o período 
colonial, levou os historiadores a identifi car o desenvolvimento da 
economia colonial como uma sucessão de ciclos.
A noção de ciclos de produtos coloniais tem caráter apenas 
descritivo; entretanto, tem o mérito de sugerir que, esgotada a 
potencialidade de um produto colonial, retoma-se o processo de 
desenvolvimento praticamente do mesmo ponto de partida. A estrutura 
socioeconômica permaneceu a mesma, baseada no latifúndio, na 
monocultura e no trabalho escravo. Essa foi a natureza da economia 
colonial, incapaz de suscitar a sua superação e o advento de outra 
estrutura econômica internamente mais dinâmica.
CONCLUSÃO
Você iniciou o estudo da história econômica do Brasil desde a 
chegada dos portugueses, no século XVI. Inicialmente, você acompanhou 
o empreendimento da economia canavieira, que se tornou o paradigma 
da empresa colonial agrícola instalada na colônia pelos portugueses. Nas 
duas próximas aulas, continuaremos analisando a economia colonial no 
período que se estende até 1822.
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Decidindo novos rumos para o seu reino
Europa, séculos XV e XVI. Imagine que você é um monarca e que precisa decidir sobre 
os rumos do seu reino. Notícias de outras terras chegam até você. Surgem novas nações: 
Portugal, Espanha, França, Inglaterra... Unifi cadas, elas criam exércitos, defendem seus 
territórios e buscam expandir-se. Você sabe, porém, que organizar uma expansão 
territorial desse porte não é tão simples quanto possa parecer. 
Está lançado o desafi o. De acordo com as idéias da sua época, os estados nacionais 
deveriam se expandir, levando a salvação e a maneira européia de viver a outras 
partes do mundo. 
Que tipo de investimento você considera necessário para:
1. manter o seu Estado-Nação e defendê-lo de invasores;
2. enviar exploradores de seu país para a busca e a conquista de novas terras;
3. ocupar e colonizar os territórios conquistados;
4. proteger a nova terra da invasão por estrangeiros;
5. possibilitar o crescimento da colônia e fazer dela um negócio lucrativo. 
Neste momento, lembre-se de levar em conta o mercantilismo, política econômica de 
sua época.
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Atividade Final
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Resposta Comentada
Como um bom soberano, dotado de direito divino, primeiramente você deve ter pedido 
ajuda a Deus para orientá-lo neste trabalho. Em segundo lugar, ao avaliar a situação em 
sua época, você deve ter pensado nos pontos a seguir:
1. com o surgimento dos estados nacionais, era preciso organizar e defender sua nação 
(criação de exércitos). Uma ideologia que unisse os estamentos (veja o boxe sobre 
feudalismo) ao redor de uma só figura ou personalidade, como a do rei, também ajudaria 
bastante; 
2. com a “casa” arrumada, você já pode pensar em expandir os seus domínios. Para 
isso, você vai precisar de caravelas que possam enfrentar o mar Tenebroso sem afundar. 
Instrumentos de navegação também serão úteis, e aperfeiçoá-los é uma medida prudente, 
já que o mar, bravio e misterioso, “não estava para peixe”. Navegadores bem preparados 
são fundamentais, e a idéia de uma escola de navegação pode ser interessante;
3. feito tudo isto, rumo à expansão! As colônias, territórios desconhecidos e ainda sem dono, 
principalmente em outras regiões do mundo, são ideais para expandir seus domínios; 
4, 5. lá, você poderia encontrar produtos para explorar – como os metais preciosos – ou 
desenvolver monoculturas para exportação. No caso do Brasil, o que os portugueses 
buscaram, em primeiro lugar, foi ouro e prata. Por não terem encontrado esse tipo 
de riqueza, estabeleceram, no território conquistado, a empresa colonial agrícola. São 
exemplos dessa exploração o pau-brasil (da mata nativa), e a cana-de-açúcar (monocultura 
desenvolvida pelos colonos portugueses), em um primeiro momento. O Pacto Colonial 
garantiria os lucros para a metrópole.
Para desenvolver as atividades agrícolas que vão trazer dividendos para a metrópole, é 
necessário morar no território, o que resolve em parte o problema de proteger as terras 
conquistadas. Fortificações em locais estratégicos também são fundamentais. Os fortes 
construídos pelos portugueses em várias partes do país são, atualmente, atrações turísticas. 
Para todas estas realizações, era necessário dispor de capital. Que política você iria adotar 
para acumular o capital necessário? 
O mercantilismo, apoio econômico do regime absolutista, deve ter sido a resposta 
que você encontrou para a pergunta anterior. Por meio de acumulação de capitais, 
protecionismo alfandegário e a busca por uma balança de comércio favorável em um 
primeiro momento, e pela procura de metais preciosos – principalmente ouro e prata 
– em uma segunda etapa, era possível conseguir os recursos necessários para expandir 
sua nação. A burguesia desempenharia um papel fundamental, fornecendo o apoio 
financeiro para sua empreitada. 
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INFORMAÇÕES SOBRE AS PRÓXIMAS AULAS
Nas aulas seguintes, você vai conhecer os setores e as regiões da economia 
colonial em que as atividades predominantes foram voltadas para o incipiente 
mercado interno, com poucaimportância em termos de participação na 
geração de renda quando comparados à economia canavieira, porém 
resultaram muito importantes na ocupação do interior da Colônia. 
Você vai ver também que o enfraquecimento econômico causado pela 
crise na economia açucareira levou a Coroa portuguesa a assinar acordos 
com a Inglaterra, com conseqüências negativas duradouras para Portugal 
e também para a Colônia brasileira.
Na terceira e última aula deste bloco, discutiremos as razões da crise da 
economia colonial, bem como a incapacidade da metrópole de sustentar o 
modelo de desenvolvimento vigente.
A ocupação do Brasil colonial foi uma das conseqüências da expansão 
marítima portuguesa. O sentido da colonização brasileira foi produzir 
especiarias e produtos tropicais (como a cana-de-açúcar) para comercialização 
na Europa. 
Os principais elementos da formação econômica colonial são o latifúndio, 
a monocultura e o trabalho escravo. Alicerçada nesses três pilares, surgiu, 
no Nordeste brasileiro, a economia canavieira, que teve seu auge entre os 
séculos XVI e XVII. Esse modelo econômico entrou em crise após a invasão 
holandesa, que terminou em 1654. Expulsos do Nordeste, os holandeses 
utilizaram, em suas colônias nas Antilhas, os conhecimentos que haviam 
adquirido na produção de açúcar, provocando a quebra do monopólio 
brasileiro na oferta do açúcar no mercado mundial. 
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Formação Econômica do Brasil | Formação econômica do Brasil colonial 
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Você pode ainda ampliar seus conhecimentos sobre o período colonial lendo 
obras importantes, como Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre. Uma 
importante fonte adicional de consulta sobre a economia colonial pode ser 
encontrada no Dicionário do Brasil Colonial, organizado pelo historiador 
Ronaldo Vainfas e publicado pela Editora Objetiva. 
Além disso, você poderá consultar os sites de História do Brasil disponíveis 
na internet, bastando para isso acessar um site de busca (Google ou Cadê), 
digitar o nome da pessoa ou do evento a ser pesquisado para que, em 
segundos, você receba indicações sobre onde a informação está disponível. 
Uma boa sugestão é a entrevista do historiador Fernando Novais (lembra-se 
dele? Lemos um trecho de um de seus livros nesta aula) ao jornal Folha de 
S.Paulo em http://www1.uol.com.br/fol/brasil500/entre_16.htm
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