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Filosofia e Ética Aula 1: O Conceito de ética e a definição da filosofia. O clássico livro Ética (1980), de Adolfo Sánchez Vázquez, já esclarece o primeiro ponto que iremos explorar: os costumes que adotamos no dia-a-dia tornam-se parâmetros para nos orientar, diante de certos problemas. Só que pequenas palavras podem esconder grandes problemas, ou grandes questões, e assim damos início à disciplina Filosofia e Ética. Quando pensamos em como nos comportar diante de situações que envolvam e afetem nossos semelhantes, deparamo-nos, em princípio, com normas que guiam nossas ações para a realização do que é verdadeiro, digno e correto. ATENÇÃO Logo, ao nos depararmos com o dever de cumprir uma promessa, denunciarmos um amigo traidor ou dizermos sempre a verdade, estamos diante de comportamentos moldados pela pressão de valores justos que regulam nosso modo de ser individual e social: três ocorrências que envolvem regras para nossas ações, ou três problemas morais. Circunstâncias especiais podem nos levar a rever uma promessa (quando vivemos uma situação de desespero, por exemplo), ocultar a traição de alguém conhecido (quando ela é o único meio de sobrevivência de quem a cometeu, por exemplo), ou omitir informações (não revelarmos a um conhecido seu estado terminal de saúde, por exemplo). A esta reflexão que nos leva a decidir que juízos ou ponderações devem nos orientar numa situação e a justificarmos a decisão tomada, chamamos reflexão ética. Começando a entender o que é ética Para Aristóteles (384 a.C–322 a.C), “toda ação humana está orientada para a realização de algum bem, ao qual estão unidos o prazer e a felicidade” (apud BOHADANA, SKLAR:2007,226). Mas o que Aristóteles tem a ver com ética? A palavra Ética O termo ética deriva de éthos, que significa modo de ser, e por isso definiu-se com frequência ética, como a doutrina de costumes os hábitos definidos pelo homem. Ética em Aristóteles Foi Aristóteles, filosofo grego que tomou a ética uma disciplina autônoma domínio da filosofia moral. Para ele o campo ético deveria investigar as características do bem, da perfeição e da felicidade que são atributos do homem, com o fim de ajustá-los à orientação prática da conduta humana. As virtudes ÉTICA E AS VIRTUDES Aristóteles condena tanto os prazeres sensíveis quanto a posse das riquezas. Ser ético, segundo ele, significa viver conforme manda a razão, voltando-se para obtenção do bem e alcançando as “virtudes”: Virtudes éticas: Ordenam a vida em sociedade, sob as formas de justiça, amizade, valor, originando-se dos costumes e sendo denominadas de virtudes do hábito ou tendências; Virtudes intelectuais (ou dianoéticas): - Englobariam, centralmente, a sabedoria e a prudência. Ética e moral Ao longo da História da Filosofia, a Ética, englobando o conceito de realidade moral, chega à seguinte definição: “ciência que se ocupa dos objetos morais em todas as suas formas, a filosofia moral” (cf. FERRATER MORA:1965,595). Mas o que é moral? Selecionamos dois autores que assim a definem (clique nos livros): André Lalande Sánchez Vázquez Moral distingue-se do que é investigado no campo ético, na medida em que “este último domínio se ocupa de uma moral ligada aos fatos, incorporando valores aceitos pelos homens ao se interrelacionarem socialmente” (SKLAR:2008). Seguindo este sentido, Sánchez Vázquez (2002, 23) define a ética como “teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Para Lalande (1999,705), a conceituação de moral abrange: (a) os costumes, ou “regras de conduta admitidas numa sociedade determinada”, sendo a observação e constatação de seu conjunto e os juízos sobre os mesmos o que se entende por “realidade moral”; (b) o “estudo filosófico do bem e do mal”; (c) o “conjunto das regras de conduta admitidas numa época ou por um grupo de homens”; (d) o “conjunto das regras de conduta tidas como incondicionalmente válidas”. Para Sánchez Vázquez (2002, 84), “a moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”. A definição de filosofia A Filosofia no Ocidente tem suas raízes históricas na Grécia Antiga. Entre os séculos XX a.C e II a.C, podemos reconhecer a presença dessas raízes através dos seguintes períodos: SÉCULOS XX A.C – XII A.C Primeiros gregos conhecidos como aqueus – posteriormente divididos em jônios e eólios – que ocuparam lentamente a Grécia Continental, o Peloponeso e as ilhas do mar Egeu. A cidade de Micenas, desponta formando o que passou a ser conhecido como civilização micênica. SÉCULOS XII A.C – VIII A.C Consolidação da civilização grega, ressaltando a figura de Homero, que viveu possivelmente na Jônia do século IX a.C (dai a denominação de tempos homéricos para esse período). Senhores formam a aristocracia de terras, e o que agrava o sistema escravistas. Momentos que os aedes -poetas cantadores- conservam os acontecimentos concementes ao apogeu de Micenas, sofrendo modificações em seus conteúdos graças ao acréscimos ao folclore popular, o que leva ao surgimento da poesia épica grega ( período da consciência mítica na historia antiga). SÉCULOS VII A,C – VI A.C Período arcaico, em que o desenvolvimento da economia mercantil e alterações sociais e politicas levam ao aparecimento de colônias (bases das cidades- Estados ou Póleis) que geravam produtos agrícolas e a compra e venda de mercadorias com outros povos. SÉCULOS V A.C – IV A.C Período clássico, marcado pelo impulso nas artes, literatura e filosofia. A cidade de Atenas atinge seu mais alto grau de desenvolvimento. Nessa época viveram os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles. SÉCULOS III A.C – II A.C Período helenístico, em que se inicia uma profunda decadência politica na Grécia, a principio provocada pela expansão do Império Macedônico, e posteriormente, pela ascensão do Império Romano. TEXTO PÓLIS LIDO# Como você viu na linha do tempo, a filosofia resultou do estabelecimento de uma organização política, econômica e administrativa que marcou a civilização grega: a pólis (cidade-Estado). Discussões em assembléias, no lugar do poder em torno da realeza que dominou o período homérico, tornaram-se, então, necessárias, gerando o ideal de cidadania: a participação pública do cidadão nos destinos da cidade. Em formas acessíveis à inteligência, uma ordem humana estabelecia seus alicerces. LEITURA 1) BOHADANA, E.; SKLAR, S. Lições Introdutórias de Filosofia e Educação. Rio de Janeiro: CTRL C, 2007. 2) FERRATER MORA, José. Diccionario de Filosofia, tomo I. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1971. 3) LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 4) NASH, Laura. Ética nas Empresas. São Paulo: Makroon Books, 2004. 5) SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. 22ed. 6) SKLAR, Sergio. Ética: Conceito, história, essência e objeto. Dimensões éticas em Bioética. In: RAMOS, Dalton, FRANÇA, Luiz Paulo de, SKLAR, Sergio. Ética na Saúde. Rio de Janeiro: GEN/Grupo Editorial Nacional, Programa do Livro Universitário (Estácio Ensino Superior), 2008.
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