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Aula 05 Império, Educação e Sociedade do Século XIX

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Aula 05 – Império, Educação e Sociedade do Século XIX
Ao final desta aula, você será capaz de:
* identificar algumas características do Estado Nacional brasileiro constituído no período denominado de Brasil Império (1822-1889);
* analisar os projetos voltados para a educação nos níveis elementar, secundário e superior;
* compreender o surgimento da primeira escola normal e as razões da feminização do magistério no país.
Em 1822, o famoso “grito do Ipiranga” do Imperador Pedro I pouco repercutiu na sociedade brasileira daquela época. 
O Brasil continuava a ser um país constituído por ampla maioria de escravos, o que contrariava os princípios liberais que se espalhavam pelo mundo e influenciavam boa parte dos dirigentes políticos em nosso país.
A constituinte de 1823 foi dissolvida pelo Imperador, entre outras razões, por apresentar um projeto de constituição onde as ideias liberais eram predominantes.
Com isso, a outorga da Constituição de 1824 pode ser entendida como um ato autoritário e conservador por parte de D. Pedro I e do grupo de portugueses que o apoiava.
Quais seriam os projetos da classe dirigente direcionados à educação, em um país recém liberto da sua metrópole de base agrária e escravista e uma constituição de caráter antiliberal que concentrava boa parte dos poderes nas mãos de um monarca português?
Recém liberto - Após mais de 300 anos de intensa colonização exploradora.
Era necessário que o Brasil formasse o seu estado nacional e para isso precisaria articular os diversos setores da sociedade no sentido de integrar e dar uma certa unidade política, econômica e cultural ao país, constituindo um verdadeiro projeto de nação.
A determinação legal da gratuidade da instrução elementar NÃO significou, de imediato, investimentos e estruturas suficientes em termos de espaços físicos adequados, professores bem formados, métodos e materiais didáticos.
O que podemos observar ao longo de todo o período do Império (1822 – 1889) é que a educação pública elementar foi marcada por avanços e retrocessos, sem que houvesse a devida continuidade de esforços no sentido de atender uma enorme demanda entre as crianças em idade escolar.
Sem dúvida, os mais prejudicados por esta instabilidade na política educacional foram os elementos das classes mais populares, já que os filhos das famílias mais abastadas eram educados por preceptores.
A PRIMEIRA LEI ESPECÍFICA SOBRE MATÉRIA EDUCACIONAL FOI DECRETADA EM 15 DE OUTUBRO DE 1827.
Art. 1° - Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias. 
Art. 5° - Para as escolas do ensino mútuo se aplicarão os edifícios, que couberem com a suficiência nos lugares delas, arranjando-se com os utensílios necessários à custa da Fazenda Pública e os Professores que não tiverem a necessária instrução deste ensino, irão instruir-se em curto prazo e à custa dos seus ordenados nas escolas das capitais.
Art. 6° - Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática de língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil.
A partir da leitura dos três artigos anteriores, podemos entrever algumas características básicas do ensino elementar no Brasil Império, tais como a ênfase na educação moral e religiosa dentro dos preceitos católicos cristãos e o ensino bastante restrito baseado no ler, escrever e contar.
Chama atenção a exigência feita aos professores pouco qualificados para o exercício do magistério, ou seja, que eles deveriam complementar a sua formação arcando com as suas próprias despesas. 
Neste ponto, o estado simplesmente se isenta de investir e direcionar a capacitação dos profissionais de ensino. Não podemos esquecer que predominavam no país os professores régios, os mestre-escola, decorrentes da reforma pombalina do século XVIII.
A EDUCAÇÃO SOFREU IMPORTANTES TRANSFORMAÇÕES, ENTRE OS ANOS DE 1834 E 1837.
1834 - Em pleno período regencial, ocorreu uma reforma na constituição que deixou marcas na educação. No chamado Ato Adicional, foi definido que o ensino elementar, o secundário e a formação de professores seriam de responsabilidade das províncias, e o ensino superior ficaria sob o encargo do poder central. Com isso, oficializou-se a descentralização do ensino, com consequências não muito positivas para a unidade e a organicidade da educação no país.
1837 - A “suposta” descentralização foi desrespeitada com a criação do Colégio Pedro II, pelo Regente Araújo Lima. Este colégio era um estabelecimento padrão de ensino secundário, tinha o objetivo de atender os filhos daqueles que faziam parte da elite intelectual do país, sendo o único autorizado, segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha, “a realizar exames parcelados para conferir grau de bacharel, indispensável para o acesso aos cursos superiores”.
Secundário - O ensino secundário ficou caracterizado no Brasil Império como propedêutico, ou seja, o ensino cujo principal objetivo era preparar os jovens para obterem uma vaga no nível de ensino seguinte, possuindo pouco compromisso com uma educação de caráter prático e geral, voltada para conhecimentos mais próximos da realidade social do país.
O ensino superior, apesar de prioritário dentro da estrutura de ensino projetada pelos políticos brasileiros, também não atingiu patamares desejáveis para um país que pretendia se tornar “civilizado”.
Os maiores avanços em relação ao nível superior foram:
*A criação de dois cursos jurídicos – um em São Paulo e outro em Recife, em 1827.
*Transformação de alguns cursos superiores em faculdades isoladas.
Apesar dos debates e posição favorável por parte do Imperador D. Pedro II, o governo central só criaria a primeira universidade brasileira pública em 1920, no Rio de Janeiro, com a fusão dos cursos de Medicina, Engenharia e Direito.
Mesmo diante de claras evidências do pouco interesse do Estado monárquico brasileiro no desenvolvimento de um projeto de qualidade para os três níveis de educação no país, uma iniciativa pode ser considerada como relevante e pioneira: a criação das primeiras escolas normais.
A formação de professores passou a ser uma preocupação do estado, tendo em vista a pouca qualificação dos mestres-escola e a busca por uma maior uniformidade social. 
Acreditava-se que a instrução elementar seria capaz de promover a disseminação de certas práticas sociais e sentimentos (morais e nacionalistas) que garantiriam a unidade e a elevação do país a estágios civilizatórios mais avançados. 
Neste contexto, o professor exerceria o papel de agente público, formado pelo estado, encarregado de instruir e moralizar difundindo princípios de “ordem” e uma determinada visão de mundo da classe dominante.
Para colocar estas ideias em prática foi criada, em 1835, em Niterói (província do Rio de Janeiro) a primeira escola normal do país. 
Em seguida surgiram ainda as escolas normais de Minas Gerais (1835), Bahia (1836) e São Paulo (1846).
Interessante destacar que ao longo de quase cinquenta anos de existência, as escolas normais eram espaços frequentados quase que exclusivamente por homens. Hoje, quando percebemos que o magistério, no primeiro segmento do ensino fundamental, é essencialmente uma profissão feminina, uma questão surge à mente: como e por que se deu a feminização do magistério?
Heloísa de O. S. Vilela, em seu texto “O mestre-escola e a professora”, discute esta questão e aponta algumas possibilidades interpretativas para o entendimento deste fato. Inicialmente apontava-se que a entrada da mulher no magistério teria ocorrido como “concessão dos homens que abandonariam a carreira em busca de outras mais bem remuneradas”, ou, ainda devido “à queda de prestígio da profissão e à baixa remuneração”. 
Baseada em texto
de Jane S. Almeida, Vilela expande o campo interpretativo do problema afirmando que a feminização do magistério transcenderia a “questão meramente sexual, podendo ser explicado também pelo fato de que o magistério passava, cada vez mais, a ser uma profissão que atendia à população de baixa renda, desvalorizada, portanto, na ótica capitalista”. É notório que a ampliação da rede escolar no Brasil com a criação inclusive de escolas femininas levou a necessidade de formação de professoras, a fim de atender esta nova demanda. As mulheres que inicialmente eram vistas como pecadoras e sedutoras, passam a ser percebidas, dentro de um discurso ideologicamente construído, como “naturalmente” preparadas para o exercício do magistério em função de possuir a “pureza dos sentimentos maternos”.
Síntese da Aula 05 – Império, Educação e Sociedade do Século XIX
Nesta aula, você:
*tratou das principais características da sociedade do Brasil Império;
*atentou para aspectos da Constituição de 1824 relacionados à cidadania e à educação;
*percebeu que haviam projetos diferenciados para a educação elementar, secundário e superior no Brasil do século XIX;
*avaliou a importância do surgimento das escolas normais e os requisitos para a seleção de candidatos ao magistério;
*debateu a questão do magistério ter se tornado uma profissão essencialmente feminina.
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