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REDAÇÃO INSTRUMENTAL NARRATIVA JURÍDICA 2017 2 simplificada (1)

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - CURSO DE DIREITO
REDAÇÃO INSTRUMENTAL - PROFª MARA HAUM – AULAS 2, 3, 4, 5, 6 , 7 e 8
NARRATIVA JURÍDICA
A narrativa jurídica é o relato de todos os fatos importantes, que auxiliam na compreensão do caso concreto e deles advêm consequências jurídicas, por isso, a seleção dos fatos é de fundamental relevância no discurso jurídico, uma vez que esses fatos selecionados se transformarão em argumentos na argumentação jurídica (ou fundamentos jurídicos do pedido). 
Além da importância da narrativa jurídica, é sabido que a prática do Direito se torna bem realizada à medida que se tem em mãos, o poderoso instrumento da argumentação. Nosso cotidiano forense é repleto de situações que confirmam essa hipótese. Daqueles que narram e expõem os seus pedidos judicialmente, por escrito ou oralmente, da defesa ou acusação nos tribunais do júri, da atuação do magistrado ao fundamentar sua decisão. Como se vê, a prática do Direito consiste não só em narrar, mas também em argumentar. A prática forense do advogado segue sempre estes três pilares: narrar, argumentar e pesquisar embasamento legal no ordenamento jurídico para a sustentação do pedido a ser apreciado pelo judiciário. 
 A definição de narrativa é sintetizada por Garcia da seguinte forma: “toda narrativa consiste em uma sequência de fatos, ações ou situações que, envolvendo participação de personagens, se desenrolam em determinado lugar e momento, durante certo tempo” (GARCIA, 2012, p. 258). E é a partir desse conceito clássico que será desenhada uma teoria para a Narrativa Jurídica.
Narrativa Jurídica e seus Elementos Constitutivos: O Quê? Quem? Como? Onde? Quando? Por quê? 
Toda narrativa refaz os fatos a partir do ponto de vista do autor. Uma das características da verdade jurídica é construir uma narrativa dos fatos, que podem ser descritos, por exemplo, por um tipo penal – da infração penal – que nada mais é do que a descrição do crime. Para construir a verdade de que determinado fato é crime, o caso passa por uma transformação progressiva, daquilo que no início era uma "trama de vida" para um "fato jurídico".
Alguns autores fazem distinção entre narrativa jurídica simples (neutra, imparcial) e narrativa jurídica valorada (tendenciosa, parcial). A narrativa simples, também chamada de relatório, é própria de peças processuais como as sentenças e a narrativa valorada é própria de peças como a petição etc. Ao final da narrativa simples, usa-se a expressão É O RELAT[ORIO ou EIS O RELATÓRIO.
Na Petição Inicial, a narrativa jurídica é produzida no elemento denominado DOS FATOS, iniciando-se sempre pelo autor dessa peça processual, fazendo-se uso do padrão culto da língua portuguesa. 
Exemplo: “O autor celebrou contrato de locação com o réu, em 29 de setembro de 2014, por prazo indeterminado, do imóvel localizado na Rua Francisco Rocha, nº 49, em Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro, pagando aluguel de R$2000,00 (dois mil reais) com vencimento todo dia 20 de cada mês (doc.1).”
Em seguida, o advogado deverá narrar que houve violação ou ameaça de violação ao direito do autor (causa de pedir próxima), descrevendo os fatos e encerrando a sua narrativa jurídica. 
Exemplo: “O réu deixou de pagar os aluguéis dos meses de abril, maio e junho de 2015, perfazendo o total de R$ 6.000,00 (seis mil reais), conforme demonstrativo em anexo (doc.2).” 
Nos parágrafos apresentados, podem ser destacados os seguintes elementos da narrativa, tão essenciais ao contexto jurídico ou ao mundo real: 
•  O quê? Contrato de locação
•  Quem? Partes processuais: Autor e Réu
•  Como? Modo como os fatos aconteceram: narrativa propriamente dita
•  Onde? Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro
•  Quando? 29 de setembro de 2014
•  Por quê? Inadimplência do réu
Muitos fatos importantes constantes da narrativa têm pouca importância jurídica, mas lá estão para fornecer um contexto aos fatos jurídicos mais relevantes, pois sem aqueles o restante não faria sentido. É preciso, então, distinguir fato importante de fato jurídico. Fatos jurídicos são os fatos fundamentais dos quais decorre o direito de que pensa ter o autor; fatos importantes são os fatos secundários que compõem o fato jurídico ou que auxiliam na comprovação da sua existência, propiciando maior clareza à situação fática. Na narrativa jurídica, é de grande importância a seleção dos fatos e a ordenação do tempo, antes de eles serem narrados; lembrando-se sempre de que a narração dos fatos deve ser concisa e eficaz, seguir sempre a ordem linear ou cronológica (= calendário, relógio), deter-se apenas no essencial, em um raciocínio lógico, coeso e coerente. 
A narrativa dos fatos tem o conteúdo informativo porque assume a função de esclarecer uma situação sobre a qual ainda se vai tirar o processo argumentativo, mas esse conteúdo informativo, em algumas peças processuais, não é imparcial, porque está contaminado pela constante vontade do representante legal da parte (advogado) de persuadir; razão por que traz sempre um ponto de vista implícito no ato de narrar que será a baliza de sustentação dos fundamentos jurídicos do pedido, daí afirmar-se que a narrativa jurídica é sempre marcada pela parcialidade de ambas as partes nestas peças: Petição Inicial, Contestação, Queixa-Crime, dentre outras similares.
 	A narrativa jurídica apresenta fatos em sequência e decorrentes de uma relação de causa consequência, isto é, um fato causa uma consequência que dá origem a outro fato, e assim por diante. Isso significa dizer que entre uma ação e outra, entre um fato e outro, há um lapso temporal, e é a indicação de transcurso do tempo a tarefa principal do autor da narrativa, depois de selecionar os fatos narrados.
Não basta a mera descrição de fatos de forma aleatória, sendo indispensável uma coerência lógica e verossímil entre os fatos narrados. O advogado deve selecionar os fatos que justificarão o pedido, portanto antes de se iniciar a narrativa, é importante que se tenha claro o pedido que será formulado.
 Se da narrativa dos fatos não se extrair a razão de pedir, a Inicial será declarada inepta, isto é, não apta para dar prosseguimento ao processo, em virtude de haver ausência de correlação entre fundamentos fáticos e jurídicos expostos e o pedido final formulado.
Costuma-se, didaticamente, estabelecer, na narrativa do discurso judiciário, a apresentação dos fatos importantes, dando respostas às seguintes questões:
O quê? (o fato antijurídico ou fato gerador).
Quem? ( sujeito ativo e sujeito passivo).
Onde? (espaço físico).
Quando? (tempo cronológico).
Como? (sequência linear dos fatos).
Por quê? ( nexo causal).
Por isso (decorrência – elo com a lei).
A narrativa jurídica precisa ser correta, objetiva, concisa e clara, permitindo a 
enunciação dos fatos, como aconteceram e o porquê deles.
É importante relembrar as seguintes normas para a elaboração da narrativa jurídica:
Ordem cronológica dos fatos.
Verbos no passado.
Destaque dos detalhes relevantes.
Foco narrativo na 3ª pessoa.
Uso da polifonia.
Possibilidade de construção da narrativa jurídica:
1º PARÁGRAFO: SITUAÇÃO DE CONFLITO 
	FATO	:	O QUE ACONTECEU
	PARTES:	COM QUEM ACONTECEU
	TEMPO:	QUANDO ACONTECEU
	LUGAR:	ONDE ACONTECEU
	CAUSA:	POR QUE ACONTECEU
PARÁGRAFOS SEGUINTES: CONTEXTUALIZAÇÃO
	MODO:	COMO ACONTECEU
ÚLTIMO PARÁGRAFO: CONSEQUÊNCIAS DO FATO ANTIJURÍDICO
 POR ISSO: ELO COM A LEI
EXEMPLO DE NARRATIVA JURÍDICA:
Após a leitura da reportagem a seguir, observe a produção da narrativa jurídica sobre o texto.
SÍNDICO MATA MORADOR QUE SUSPEITAVA DE SUA GESTÃO, MAS CRIME É GRAVADO (Jornal O Globo, Seção: O País, Data: 25/2/1999, Repórter: Vanice Cioccari).
	São Paulo. O síndico Celsino Gonçalves Souto, do condomínio de classe média Recanto dos Pássaros, na Zona Sul de São Paulo, matou com três tiros à queima roupa o morador José Marques de Souza, de 49 anos. O crime aconteceu no hall do quinto andar do prédio e foi gravado pelas câmeras do sistemainterno de vigilância, instalado em dezembro por iniciativa do próprio síndico. A fita agora é a principal prova contra ele.
	A câmera do elevador do bloco D gravou a ação de Celsino na terça-feira à noite, às 22h40m. A fita apreendida pelo delegado Pedro Luiz Matias, do 93.º Distrito Policial, mostra o síndico pegando o elevador no térreo, carregando algumas peças de roupa. Na sequência, ele saltou no quinto andar e espera pela chegada de José, professor de Português e diretor de uma escola. Quando o professor chega, o síndico o agarra pela camisa e o leva até o hall, onde dispara três tiros de pistola calibre 380. José é atingido na cabeça e na barriga. Em seguida, o síndico ainda arrasta o morador ferido até o apartamento 51, onde o professor morava, e foge. Ele ainda não foi encontrado.
Mulher em crise nervosa ao ver marido agonizando
	A mulher de José, a bibliotecária Leda Venâncio Marques, teve uma crise nervosa quando abriu a porta e de deparou com o marido estirado no chão e ensanguentado. Essas imagens também foram gravadas pelo sistema interno de vigilância. O segurança do prédio, Antônio Landin, também se assustou ao encontrar o corpo de José. Ele chamou a polícia militar, que levou o professor para o Hospital Universitário, da USP, onde ele morreu.
	O síndico continua foragido. De acordo com moradores e empregados do condomínio, ele e o professor viviam discutindo e tinham divergências antigas. Dono de uma oficina mecânica e de uma funilaria, Celsino administrava R$ 50 mil por mês do condomínio. José suspeitava do síndico e o acusava de desonestidade.
	De acordo com o delegado, a câmera não seria suficiente para gravar o crime senão houvesse espelhos no elevador e no hall. A polícia acredita que o síndico se apresente nas próximas horas. Num primeiro momento, os policiais acharam que o síndico tivesse fugido num gol vermelho, que pertence à sua companheira, mas o carro ficou na garagem do prédio.
	- Estivemos em todos os locais em que Celsino poderia estar, mas não o localizamos – afirmou o delegado, que pediu a prisão temporária do síndico.
	Se for condenado, ele poderá pegar de 12 a 30 anos por homicídio doloso qualificado. Celsino já foi processado por atropelamento.
NARRATIVA JURÍDICA (modelo)
	Trata-se de questão referente a Celsino Gonçalves de Souto, empresário, síndico acusado do homicídio de José Marques de Souza, 49 anos, casado, professor, residente no apartamento 51, bloco D, Condomínio Recanto dos Pássaros, zona sul de São Paulo. O fato ocorreu aproximadamente às 22 horas, do dia vinte e três de fevereiro de mil novecentos e noventa e nove, no hall do quinto andar do bloco D, do condomínio anteriormente citado, em função da acusação de má gestão pelo morador.
	No dia do crime, Celsino de Souto, carregando algumas peças de roupa, pegou o elevador no térreo e desceu no quinto andar e aguardou a chegada do professor. Ao chegar, José M. de Souza foi agarrado e levado ao hall. Foi atingido à queima-roupa por três tiros de pistola calibre 380, na cabeça e na barriga, e, posteriormente, arrastado até a porta de seu apartamento, onde foi encontrado por sua esposa, Leda Venâncio Marques, após a fuga do empresário. Toda essa ação foi gravada pelo circuito interno de TV instalado em dezembro por ordem do acusado.
	O segurança do prédio, Antonio Landim, chamou a polícia militar, que levou José de Souza para o Hospital Universitário da USP, onde veio a falecer.
	Segundo depoimento dos moradores e empregados do condomínio, havia divergências antigas entre os dois. A vítima desconfiava do síndico, que administrava R$50.000,00 mensais do condomínio, e o acusava de desonestidade.
	O delegado Pedro Luiz Matias, do 93.º DP declarou que os espelhos do elevador e do hall foram fundamentais para gravar a cena do crime, pois só a câmera seria insuficiente.
	A fita foi apreendida pelo delegado, que pediu a prisão temporária do acusado. Celsino de Souto, anteriormente processado por atropelamento, continua foragido.

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