Buscar

Grupos Focais e Pesquisa Social Qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Grupos Focais e Pesquisa Social Qualitativa: 
o debate orientado como técnica de investigação* 
 
 
Otávio Cruz Neto 
FIOCRUZ/ENSP 
Marcelo Rasga Moreira 
FIOCRUZ/ENSP/DCS 
Luiz Fernando Mazzei Sucena 
FIOCRUZ/ENSP/DCS 
 
 
Palavras-chave: grupos focais; pesquisa social qualitativa e técnica de investigação. 
 
 
 
I) Introdução 
Este trabalho tem como objetivos precípuos contribuir, orientar e subsidiar os 
pesquisadores que já desenvolvem ou almejam incorporar a técnica de Grupos Focais ao 
escopo metodológico de seus estudos. Sua abordagem teórico-prática privilegia o 
campo da investigação social, destacando as situações mais adequadas para sua 
aplicação. 
Para atingir tais intuitos, emprega uma praxis analítica que conjuga a 
explicitação teórica da aplicabilidade da técnica à apresentação de um exemplo 
empírico, baseado no “Estudo Sobre as Condições de Vida e Atendimento a Crianças e 
Adolescentes da XRA – Ramos”, que, com o apoio da FAPERJ, vem sendo 
desenvolvido pelos autores deste trabalho no Departamento de Ciências Sociais da 
Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz. 
Nesse contexto, não poderíamos desobrigar-nos, ainda que de forma sintética e 
constatativa, de contribuir para o debate metodológico acerca do emprego e da 
utilização das técnicas na pesquisa social, visando a aprimorar suas possibilidades e a 
reconhecer seus limites. 
Com o incremento e a diversidade das formas investigativas, muitos 
pesquisadores tendem a sobrevalorizar as técnicas, a elas subordinando objetos, 
 
* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado 
em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002. 
objetivos e, não raras vezes, a própria concepção metodológica de seus estudos. 
Investem, sistematicamente, na constante melhoria e aprimoramento das condições de 
aplicabilidade das técnicas (ambientais, de recursos, financeiras e de expertise) visando 
atingir de forma mais adequada suas demandas e expectativas por respostas e 
conhecimento. 
Em contraposto, outra vertente vislumbra as técnicas de forma essencialmente 
instrumental, considerando-as mera adequação de meios a fins. Procedendo dessa 
forma, identificam-nas como um componente menos nobre da metodologia, associando 
sua valorização a posturas pautadas pelo determinismo positivista, pela ênfase 
dispensada aos aspectos mensuráveis da realidade e pelos interesses do mercado. 
As repercussões destas concepções transcendem as esferas acadêmicas mais 
imediatizadas, abarcando considerável contigente de estagiários, bolsistas, graduandos e 
mestrandos. Premidos pela necessidade de estudar e produzir e pela escassez de tempo e 
de recursos, esta diversificada gama de novos pesquisadores dispõe de um reduzido 
leque de oportunidades para empreender uma análise crítica das diretrizes 
metodológicas dos trabalhos em que estão inseridos, apreendendo-as e, muitas vezes, 
reproduzindo-as de forma inconsistente e desarticulada. 
Ao optar por abordar a técnica de Grupos Focais na pesquisa social, é preciso 
enfatizar que esse debate recebe destaque, nesse momento introdutório, por sua 
importância para o futuro da pesquisa social, que demanda, cada vez mais, uma postura 
crítica e dialética, visando à superação dos pontos contraditórios, tornando-os públicos 
para que possam também ser submetidos a outras críticas. 
Desta maneira, elegemos a técnica de grupos focais, considerando que seu 
prestígio e utilização têm crescido bastante no âmbito da pesquisa social, o que requer 
esforços analíticos que a (re)interpretem e trabalhem em consonância com as demandas 
dos cidadãos, colocando-a em posição de destaque no campo metodológico. 
A técnica de grupos focais vem, desde a década de 80, conquistando um locus 
privilegiado nas mais diversas áreas de estudo. Tal crescimento foi, em grande medida, 
impulsionado pela pesquisa de mercado, que, resgatando procedimentos clássicos das 
ciências sociais, das áreas de psicologia e serviço social, conjugados às “modernas” 
tecnologias e paradigmas de business, marketing e mídia, reelaborou-a com o objetivo 
 2 
de captar os anseios dos consumidores, definindo padrões a serem seguidos pelas 
empresas em seus futuros lançamentos. 
Os resultados foram de tal forma positivos que a técnica recebeu novo alento 
no campo das ciências sociais, inicialmente pelo viés político, com sua utilização no 
mapeamento e na elaboração do perfil dos eleitores, influenciando diretamente na 
definição das diretrizes e ações de partidos e candidatos. Trilhando esse percurso, 
espraiou-se pelos diversos segmentos da pesquisa social, suscitando novas situações 
que, ainda inconclusas, precisam ser amplamente discutidas pelos profissionais da área, 
sob o risco de assistir-se a um transplante cuja incompatibilidade estrutural – a 
contradição mercado x sociedade civil, consumidor x cidadão, mercadoria x ser humano 
– só é percebida próxima da irreversibilidade, causando inúmeras e graves seqüelas. 
Procurando demarcar limites, é preciso assinalar que, assim como quaisquer 
outras técnicas, a de grupos focais não é capaz de iluminar por si própria os caminhos 
metodológicos de uma pesquisa social, nem tampouco condicionar ou influenciar a 
escolha de seus objetos e objetivos. Ao contrário, sua escolha encontra-se condicionada 
à orientação teórico-metodólogica da investigação, do objeto de investigação e da real 
necessidade de dados e informações a serem coletados. Tal postulação não implica a 
afirmação de que a técnica é um elemento secundário da pesquisa social, mas sim a de 
que ela não possui autonomia metodológica para reger ou definir sua própria utilização. 
Esta relação entre métodos e técnicas não deve gerar desleixo nos 
pesquisadores, nem o sentimento de que a técnica e o seu uso dispensam um estudo 
meticuloso, podendo ser aplicada por qualquer membro da equipe com um mínimo de 
conhecimento ou experiência. Atitudes como essas possuem raízes teórico-práticas mais 
profundas, amparadas na falsa consciência acerca da existência de uma clivagem entre a 
formulação teórica e o trabalho de campo, que instaura, via de regra, a depreciação 
deste, delegando a responsabilidade por sua execução - e, por conseguinte, a da 
aplicação da técnica – aos menos preparados. 
Visando contribuir para o entendimento e a superação destes problemas, 
apresentamos a seguir uma descrição analítico-explicativa sobre a aplicação da técnica 
de Grupos Focais na Pesquisa Social. Sua organização e sistematização adotam uma 
diretriz didático-pedagógica que envolve a apresentação por tópicos dos temas 
discutidos, aos quais se segue a explicitação de suas características. 
 3 
A parte do texto sobre “A Aplicação da Técnica de Grupos Focais em Pesquisa 
Social” constitui-se de minuciosa apresentação das peculiaridades e das características 
da referida técnica. Construída passo a passo, através de um enredo de perguntas e 
respostas, não se atém apenas às condições ideais de aplicabilidade, extrapolando-as e 
ponderando-as diante das dificuldades de recursos e orçamento enfrentadas pelos 
estudiosos do campo social. 
Em continuidade, “Focalizando o Estudo Sobre Condições de Vida e 
Atendimento a Crianças e Adolescentes da X RA – Ramos” promove uma síntese entre 
teoria e prática, enumerando e discutindo situações concretas de aplicação da técnica de 
Grupos Focais na pesquisa social. Nele concentramos esforços para exemplificar os 
procedimentos anteriormente discutidos, de forma a torná-los ainda mais nítidos e 
palpáveis, fornecendo assim importantes subsídios para a correta aplicação destatécnica, que muito pode contribuir para o desenvolvimento e a potencialização da 
pesquisa social e, consequentemente, das condições de vida dos segmentos 
populacionais pauperizados e socialmente excluídos. 
 
II) A Aplicação da Técnica de Grupos Focais em Pesquisa Social 
Definição 
Segundo Rodrigues (1988), Grupo Focal (GF) é “uma forma rápida, fácil e 
prática de pôr-se em contato com a população que se deseja investigar”; Gomes e 
Barbosa (1999) acrescentam que “o grupo focal é um grupo de discussão informal e de 
tamanho reduzido, com o propósito de obter informações de caráter qualitativo em 
profundidade”; por sua vez, Krueger (1996) descreve-o como “pessoas reunidas em 
uma série de grupos que possuem determinadas características e que produzem dados 
qualitativos sobre uma discussão focalizada”. 
Apesar de tais definições terem sido elaboradas sob a influência de diferentes 
pesquisas de mercado e marketing, é possível trabalhá-las em perspectiva e adequá-las 
às demandas da pesquisa social. Para isso, faz-se imprescindível compreender que esta 
sinergia não implica a ausência de dissemelhanças e contradições entre os diferentes 
campos de investigação, mas sim que elas devem ser examinadas e analisadas em 
consonância com as práticas e conceitos que lhes são subjacentes. Tomem-se como 
 4 
ilustração categorias utilizadas para referir-se aos participantes do GF – “população”, 
“público-alvo” e mesmo “pessoas”: quando os setores de mercado as empregam, 
direcionam seu enfoque para o aspecto “consumidor” de cada um, enquanto na pesquisa 
social a dimensão da existência humana enfatizada é a do “cidadão”, do “sujeito social”. 
Além disso, conforme destaca Westphal: 
“a função do grupo focal para os cientistas sociais e para os pesquisadores 
do mercado é diferente. Os primeiros pretendem observar o processo através 
do qual participantes especialmente selecionados respondem às questões da 
pesquisa para que, posteriormente, possam os dados serem teoricamente 
interpretados. A pesquisa de mercado busca propostas imediatas e custos 
reduzidos. Através do trabalho com grupo procura-se apreender a 
psicodinâmica das motivações, para imediata obtenção de lucro” (pg 91) 
 
Sob este contexto, definiremos Grupo Focal como “uma técnica de Pesquisa 
na qual o Pesquisador reúne, num mesmo local e durante um certo período, uma 
determinada quantidade de pessoas que fazem parte do público-alvo de suas 
investigações, tendo como objetivo coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre 
eles, informações acerca de um tema específico”. 
 
Quais as situações propícias para a aplicação da técnica de Grupos Focais? 
Antes de proceder à resposta, é preciso (re)afirmar que o momento de escolha 
das técnicas aplicadas é posterior ao da definição do objeto, dos objetivos e da 
metodologia de pesquisa a ser empregada, sendo por estes influenciado. Isto posto, cabe 
ao pesquisador social conhecer e estudar as possibilidades e limitações intrínsecas a 
cada uma das técnicas com que pretende trabalhar. 
A principal característica da técnica de Grupos Focais reside no fato de ela 
trabalhar com a reflexão expressa através da “fala” dos participantes, permitindo que 
eles apresentem, simultaneamente, seus conceitos, impressões e concepções sobre 
determinado tema. Em decorrência, as informações produzidas ou aprofundadas são de 
cunho essencialmente qualitativo. 
 5 
A “fala” que é trabalhada nos GF não é meramente descritiva ou expositiva; ela 
é uma “fala em debate”, pois todos os pontos de vista expressos devem ser discutidos 
pelos participantes. Se o pesquisador deseja conhecer as concepções de um participante 
sem a interferência dos outros, a técnica de Grupos Focais não é a mais adequada. 
Exatamente por isso, as questões aventadas pelo Pesquisador devem ser 
capazes de instaurar e alimentar o debate entre os participantes, sem que isso equivalha 
à preocupação com a formação de consensos. Logicamente, algumas opiniões causam 
mais impacto e polêmica que outras, gerando reações que ora convergem ora divergem. 
O importante é que todos tenham possibilidades equânimes de apresentar suas 
concepções e que elas sejam discutidas e refinadas. 
A valorização dos debates e o tempo a eles destinado estabelecem uma série de 
balizamentos ao uso da técnica, principalmente no que diz respeito ao aprofundamento e 
à multiplicidade dos temas abordados. Basicamente, há dois procedimentos: (a) manter 
os mesmos participantes e realizar com eles mais de um GF, propondo novos temas e/ou 
aprofundando-os a cada reunião e (b) manter os mesmos temas e substituir os 
participantes. 
A escolha de uma destas linhas de ação está, obviamente, condicionada aos 
objetivos da Pesquisa, o que permite que elas sejam trabalhadas isolada ou 
concomitantemente, vinculação que engendra uma relação direta entre a opção a ser 
seguida e o número de pessoas que compõem o público-alvo da pesquisa. 
Raciocinando-se através de exemplos díspares e limítrofes: se o público-alvo é 
composto por 10 pessoas, é possível fazer vários Grupos focais nos quais todos 
participem juntos, o que jamais acontecerá se tal montante elevar-se a 5.000 pessoas! 
Ainda sobre esse assunto, o Pesquisador não deve esquecer-se de que, por ser 
uma técnica que visa a coleta de dados qualitativos, o número de Grupos Focais a ser 
realizado não é rigidamente determinados por fórmulas matemáticas, mas pelo 
esgotamento dos temas, não se prendendo, portanto, a relações de amostragem. 
Essa circunstância indica que não há necessidade de recrutar todas as pessoas 
que compõem o público-alvo e que jamais poder-se-á inferir que as informações obtidas 
sejam válidas para todo o universo da pesquisa. 
 6 
Sinteticamente, e considerando as ponderações apresentadas, as situações 
propícias para a aplicação da técnica de GF são aquelas nas quais os objetivos da 
Pesquisa, para serem atingidos, requisitam o levantamento, através de debate, das 
impressões, visões e concepções de mundo de seu público-alvo. Definidos os casos, a 
tendência – quase imediata – do Pesquisador é procurar saber se lhe é possível aplicar a 
técnica sozinho ou se necessitará de outros profissionais para fazê-lo. Tal ímpeto inicial 
deve ser momentaneamente refreado, pois é mais importante que ele conheça e 
compreenda previamente as funções exercidas durante os Grupos Focais, para depois 
concluir sobre a composição da Equipe de Pesquisa. 
 
Quais as funções desempenhadas na aplicação da técnica de Grupos Focais? 
Para que a técnica de GF atinja pleno êxito, faz-se necessário o desempenho de 
6 (seis) funções, distribuídas e organizadas em dois macro-momentos: (1) Mediador, 
Relator, Observador e Operador de Gravação, exercidas durante a realização do 
Grupo e (2) Transcritor de Fitas e Digitador, que dizem respeito ao pós-grupo. 
Mediador: A função-chave da técnica. É responsável pelo início, pela motivação, pelo 
desenvolvimento e pela conclusão dos debates, sendo a única que neles 
deve intervir e que pode interagir com os participantes. A qualidade dos 
dados e das informações levantados no GF está intimamente vinculada a 
seu desempenho, que se traduz (a) no favorecimento da integração dos 
participantes; (b) na garantia de oportunidades equânimes a todos; (c) no 
controle do tempo de fala de cada participante e de duração do GF; (d) no 
incentivo e/ou arrefecimento dos debates; (e) na valorização da 
diversidade de opiniões; (f) no respeito à forma de falar dos participantes; 
e (g) na abstinência de posturas influenciadoras e formadoras de opinião. 
Relator: Sua atribuição é a de anotar as falas, nominando-as, associando-as aos 
motivos que as incitaram e enfatizandoas idéias nelas contidas. Deve 
registrar também a linguagem não verbal dos participantes, como, por 
exemplo, tons de voz, expressões faciais e gesticulação. O material produzido 
não precisa ser a transcrição literal das falas - pois essa tarefa cabe a outras 
 7 
funções - mas sim um rol de posturas, idéias e pontos de vistas que 
subsidiarão as análises posteriores. 
Observador: Função que tem como objetivo analisar e avaliar o processo de condução 
do Grupo Focal, atendo-se aos participantes isoladamente e em suas 
relações com o Mediador, Relator e Operador de Gravação. Suas 
anotações devem ter como meta a constante melhoria da qualidade do 
trabalho e a superação dos problemas e dificuldades enfrentados, 
adotando como ponto de partida (a) se cada participante sentiu-se à 
vontade diante dos profissionais; (b) se houve integração entre os 
participantes; (c) se eles compreenderam corretamente o intuito da 
pesquisa e (d) a forma como as funções de Mediador, Relator e Operador 
de Gravação foram exercidas. 
Operador de Gravação: Função destinada à gravação integral – de acordo com o 
equipamento disponível - dos debates. 
Transcritor de fitas: Geralmente encarada como acessória ou mesmo subalterna, essa 
função também é importante, pois, se não for bem executada, 
pode alterar a fala dos participantes, o que causará sérios danos 
ou mesmo inviabilizará a correta análise das informações 
obtidas. A transcrição deve ser a mais fiel possível, eximindo-se 
de interpretações, “limpezas de texto” ou “copidescagem” das 
falas. Todos os erros de linguagem, bem como as pausas nos 
diálogos, devem ser mantidos e assinalados para que a análise 
seja a melhor possível. 
Digitador: Assim como a anterior, essa função tem, em vários casos, seu valor 
erroneamente minorado. Sua atribuição é a de transpor todos os dados, 
manuscritos ou não, sistematizados, codificados ou gravados para um 
programa de computador, utilizando o software mais apropriado e que 
forneça o resultado desejado. 
 8 
Quantos pesquisadores são necessários para o desempenho destas funções? 
Na pesquisa de mercado, a empresa ou grupo interessados na venda de seus 
produtos (stakeholders) contrata os serviços de uma equipe especializada em realizar 
Grupos Focais, que, tendo por base os objetivos propostos pelos clientes, irá 
implementar a técnica, apresentando-lhes o resultado de cada etapa executada. Na 
maioria dos casos, as equipes que vendem esse serviço possuem profissionais para atuar 
em cada uma das funções anteriormente especificadas. 
Na pesquisa social, defendemos que os próprios pesquisadores devem realizar 
os grupos focais, uma vez que a proximidade, o estudo e o conhecimento do objeto de 
investigação são de fundamental importância para o bom desenvolvimento da técnica, 
da mesma maneira que a participação no processo de debate é vital para a interpretação 
das informações obtidas. 
Apesar desta discrepância, parece lógico também que, no campo social, haja 
uma equipe com componentes suficientes para exercer cada uma das funções. 
Infelizmente, para grande parte dos pesquisadores brasileiros, sobretudo para os 
estudantes de pós-graduação, trágica e criativamente acostumados a conviver com a 
escassez e a precariedade de recursos, este não passa de um tipo ideal de GF. Como a 
superação das dificuldades internas é tônica da área, os exemplos e evidências 
demonstram que uma equipe composta por 2 (dois) pesquisadores, atuando com 
aplicação, severa disciplina e tempo disponível, pode aplicar a técnica e com ela obter 
consideráveis êxitos. 
Para isso, é preciso que, no macro-momento (1), aquele que exercerá a função 
de Relator absorva também as de Observador e Operador de Gravação, permitindo que 
o outro pesquisador trabalhe apenas como Mediador. Já no macro-momento (2), as 
funções de Transcritor e Digitador podem ser divididas de forma igualitária. 
Apesar de reduzir os custos e o número de profissionais envolvidos no 
processo de aplicação da técnica, essa proposta não é, de forma alguma, simples, 
contendo em seu bojo especificidades que complexificam o trabalho a ser realizado. A 
concentração de pelo menos três funções em um único Pesquisador evidentemente 
sobrecarrega-o, gerando uma situação atípica, que exige sensibilidade, capacidade de 
 9 
análise crítica, disponibilidade, conhecimento dos trâmites da pesquisa e das temáticas 
em debate. 
O Pesquisador que exercerá a função de Mediador não deverá ser considerado 
um mero condutor e animador dos debates. É verdade que ele precisará desempenhar 
bem esses papéis, mas se não conjugar tais características ao conhecimento dos temas a 
serem debatidos, dos conceitos e dos objetivos trabalhados na investigação, dificilmente 
conseguirá extrair informações mais aprofundadas e pormenorizadas, pois não possuirá 
parâmetros e paradigmas para avaliar o nível de superficialidade, de artificialidade e de 
ideologização contido nas falas dos participantes. 
Suas tarefas básicas serão as de garantir a participação de todos, assegurar-lhes 
o direito ao sigilo do nome, motivar os debates de forma a fazer com que todos os temas 
propostos sejam debatidos, evitar que determinado participante constranja os outros e 
que os ânimos exaltem-se ou arrefeçam. Mas ele também deverá ser criterioso e 
perceber que, se uma pessoa destacar-se em um GF, falando mais do que os outros, ela 
provavelmente agirá assim em seu cotidiano. Neste caso, o recurso de simplesmente 
podá-lo, exigindo que fale somente nos momentos em que lhe for solicitado, poderá ser 
ainda mais contraproducente que deixá-lo expressar-se a todo momento, pois, além de 
impedir que aja com a naturalidade do dia-a-dia estará provocando uma situação de 
mal-estar, que poderá levá-lo a desinteressar-se dos debates. Invertendo-se os sinais, o 
mesmo acontecerá com aqueles que falam pouco. 
Para contornar tais problemas, manter as discussões em patamares interessantes 
para todos e levantar as informações necessárias, o Mediador não deverá contar apenas 
com sua indispensável sensibilidade, criatividade e presença de espírito. Ele precisará 
estar munido de um “Roteiro de Debate”, que o auxiliará e norteará durante o 
desenvolvimento do Grupo Focal. 
 
O que é e como se elabora um Roteiro de Debate? 
O “Roteiro de Debate” é o parâmetro utilizado pelo Mediador para conduzir o 
Grupo Focal. Não sendo um instrumento monolítico e estático, sua elaboração envolve a 
pontuação dos tópicos que serão discutidos no grupo, a fim de que as sessões sejam bem 
 10 
direcionadas e nenhum tema deixe de ser mencionado, servindo, pois, como meio de 
orientação e auxiliar de memória. 
O primeiro passo na elaboração do “Roteiro de Debate” é reunir toda a Equipe 
diretamente envolvida na investigação para, em conjunto, definir as questões que o irão 
compor. Diante deste quadro novamente sobressai a necessidade de os próprios 
pesquisadores aplicarem a técnica, uma vez que o Roteiro deve ser norteado pelos 
objetivos da pesquisa que, a esta altura, já foram por eles delimitados. 
Deverão ser concebidas, então, questões-chave que propiciem o levantamento e 
a obtenção de informações elucidativas acerca dos objetivos específicos propostos pela 
pesquisa. Para determinar o número de questões, o pesquisador deverá ter como 
referencial o tempo de duração dos Grupos Focais, o qual oscilará de 1 (uma) a 2 (duas) 
horas (Dawson et alli, 1993), sendo que o debate de cada questão deve durar de 15 a 20 
minutos. Recomenda-se também que, ao final de cada sessão, seja destinado cerca de 
um minuto a cada participante para que possa manifestar suas impressões sobre o 
evento. 
Desse modo, é importanteque no próprio Roteiro conste uma subdivisão de 
tempo por questão, para que o Mediador possa administrar mais facilmente as 
discussões. Esta delimitação, entretanto, poderá ser modificada durante o transcorrer 
dos debates, de acordo com a complexidade das respostas apresentadas em cada 
assunto. Nestes casos o Mediador deverá estar atento para que não haja o atropelo dos 
temas e falas, nem o comprometimento do tempo final. 
Preparadas as questões-chave, a Equipe definirá os temas que se aprofundarão 
em cada uma delas, procedendo à elaboração de uma lista de diretivas. Cada questão 
possuirá sua própria lista, abrangendo todas as faces e desdobramentos que se 
pretenderá investigar. No decorrer do debate, o Mediador assinalará as diretivas que já 
foram mencionadas e colocará em pauta as que não tiveram nenhum tipo de comentário. 
Perceba-se que durante as discussões, é comum o surgimento de tópicos que embora 
não estivessem previstos no roteiro original encaixam-se perfeitamente nos objetivos 
propostos. Eles deverão ser estimulados e, se for o caso, incorporados ao Roteiro. 
A digitação do “Roteiro de Debate” deverá oferecer local destacado às 
questões-chave (com letras maiores e/ou em negrito), o que facilitará a visualização, e 
 11 
evitará que o Mediador recorra explicitamente à folha de papel, o que pode 
comprometer a imagem de descontração e segurança que deverá transmitir. As diretivas 
deverão ocupar o espaço imediatamente abaixo das questões a que dizem respeito. É 
aconselhável também que seja destinado um espaço ao lado de cada uma - geralmente 
dois parênteses “( )” – para que o mediador assinale as que já foram abordadas. 
O Pesquisador que exercer a função de Mediador deverá ter total domínio do 
Roteiro de Debate, utilizando-o de forma discreta e, preferencialmente, apenas para 
controle dos temas já abordados e os que ainda serão discutidos. A Equipe escolherá a 
questão que iniciará a sessão, sabendo que não há regras definitivas sobre a seqüência a 
ser seguida em seu transcorrer. 
Por preferência, experiência e efeito de organização, sugere-se que as questões 
e os temas mais complexos sejam precedidos pelos mais simples. Contudo um 
Mediador com domínio do Roteiro de Debate e do assunto estudado, saberá concatenar 
naturalmente os temas, atendendo às demandas do debate, sem a necessidade de manter 
rigidamente a seqüência digitada de questões e de diretivas. Por ser um instrumento 
flexível e adaptável, o roteiro permite incorporar, a qualquer momento do debate, 
elementos de qualquer uma das questões previstas. O importante é que todos os temas e 
suas respectivas diretivas sejam abordados, sem que haja repetição ou omissão. 
Outro referencial básico para a elaboração do “Roteiro de Debate” é o número 
de participantes do Grupo Focal, fator que influenciará diretamente em seu tempo de 
duração. 
 
Quantos participantes deve ter um grupo focal? 
O número de participantes de um grupo focal é condicionado por dois fatores: 
deverá ser pequeno o suficiente para que todos tenham a oportunidade de expor suas 
idéias e grande o bastante para que os participantes possam vir a fornecer consistente 
diversidade de opiniões. Quantificando esse raciocínio, podemos concluir que uma 
sessão de grupo focal deve ser composta por no mínimo quatro e no máximo doze 
pessoas (Krueger, 1996). 
 12 
Com menos de quatro participantes, a tendência é a de que o número e a 
diversidade de idéias e concepções fiquem bastante reduzidos, influenciando 
diretamente o aprofundamento das questões e diretivas propostas. Por sua vez, um 
grupo composto por mais de doze pessoas poderá acarretar a fragmentação das 
discussões, pois será muito difícil permitir que todos os integrantes exponham de 
maneira apropriada suas idéias, o que ocasionaria a dispersão e formação de conversas 
paralelas entre os que não puderem manifestar-se, além de gerar dificuldades para o 
processo de gravação dos debates. 
O número de questões que se pretende abordar também é um fator a ser levado 
em consideração. Quanto mais temas levantados, menor deve ser o número de 
participantes, de modo que haja tempo suficiente para que todos exprimam suas 
opiniões. A mesma lógica deverá ser aplicada em caso inverso: quanto menor o número 
de questões, maior poderá ser a formação do grupo, propiciando, dessa forma, melhor 
diversidade de idéias. 
 
Quais os critérios adotados na seleção dos participantes? 
Na seleção dos participantes, a Equipe de pesquisa deverá levar em conta que: 
(a) eles têm obrigatoriamente que fazer parte da população-alvo estudada; (b) devem ser 
convidados com antecedência e devidamente esclarecidos sobre o tema abordado e os 
objetivos da pesquisa; (c) os critérios utilizados na seleção dos componentes de cada 
grupo devem estar vinculados aos objetivos e aos resultados que a pesquisa deseja 
alcançar. 
Apesar de serem aparentemente mais fáceis de conduzir, devido a um suposto 
“ambiente de segurança psicológica”, grupos homogêneos (profissionais que trabalham 
juntos; pais e filhos...) podem reservar verdadeiras armadilhas a um investigador mais 
incauto. Um ambiente de concórdia e de cordialidade deverá ser construído para evitar 
possíveis conflitos pessoais, sobretudo quando existirem entre os participantes relações 
de hierarquia. É importante que o pesquisador tenha cautela e senso crítico apurado para 
avaliar se as falas foram tolhidas ou não por essa familiaridade. 
Uma forma específica de familiaridade poderá ocorrer se o Mediador conhecer 
ou mantiver algum tipo de relação com os participantes, situação que requererá a adoção 
 13 
do critério da inevitabilidade. Há pesquisas nas quais aquele que exerce o papel de 
mediador convive ou já conviveu de alguma forma com a população-alvo estudada, 
sendo impossível que ele não conheça um ou mais participantes do Grupo Focal. Nestes 
casos, deverá aplicar-se a técnica, com a ressalva de que o Mediador deverá tomar ainda 
mais cuidados que os de praxe a fim de não constranger ninguém. 
Por outro lado, há estudos nos quais o Mediador relaciona-se com um reduzido 
número de componentes da população-alvo, sendo perfeitamente possível compor os 
Grupos Focais sem a presença deles, opção que deve ser seguida. 
Com relação aos grupos heterogêneos (pessoas que nunca se viram antes, 
indivíduos de níveis sociais diferentes) há que se constatar que são, de fato, mais 
difíceis de entrosar-se, cabendo ao mediador o papel de criar um ambiente propício ao 
debate. No entanto, se bem explorados, esses grupos podem gerar relatos e discussões 
menos contidas e com grande riqueza de informações. 
Cabe ressaltar que a meta principal dessa técnica é a coleta de informações 
geradas através de debate, não possuindo como regra a singularidade ou a convergência 
das opiniões. A concordância ou a discordância entre os participantes será percebida no 
transcorrer dos debates e nunca presumida ou entendida como pressuposto. Os conflitos, 
em momento algum, deverão ser escondidos, pois são de fundamental importância nas 
conclusões da pesquisa. Compete à equipe envolvida avaliar, de acordo com seus 
objetivos e dentre a população-alvo, qual a melhor composição para os grupos focais, 
sendo que a organização por faixa etária, sexo, credo, etnia, nível hierárquico, 
homogeneidade e heterogeneidade ficará condicionada às informações que se pretende 
levantar. 
 
Qual o local adequado para a realização de grupos focais? 
O local é de fundamental importância para que os participantes sintam-se 
confortáveis ao participar das discussões, influenciando, também, a qualidade da 
gravação. O mais recomendável é a escolha de um local adequado, claro, semruídos, 
afastado da interferência de terceiros e de fácil acesso para todos. 
 14 
As equipes que trabalham com pesquisa de mercado geralmente dispõem de 
salas adaptadas para a realização de grupos focais. Entre outras comodidades, estes 
locais possuem refrigeração, equipamento de gravação (de áudio e vídeo) e são 
divididos por uma “parede espelhada” para que os interessados pela implementação da 
técnica assistam às sessões sem que tenham contato direto com os participantes. 
Por sua vez, o pesquisador social é muitas vezes forçado a improvisar os locais 
onde serão aplicadas as técnicas de pesquisa, principalmente quando seu público-alvo é 
composto por detentos, internos de instituições, possuem dificuldades de locomoção, 
fazem parte de uma comunidade de difícil acesso... Nesses casos, é necessário um bom 
diálogo do pesquisador com os responsáveis pelas instituições, líderes comunitários e 
com os próprios sujeitos da investigação, a fim de lograr um espaço com as mínimas 
condições para o bom desenvolvimento dos grupos focais. 
 
Como colocar em prática a técnica de Grupos Focais ? 
Definida a Equipe, selecionados os participantes e escolhido o local de 
realização, é chegado o momento de iniciar o trabalho. A criação de um ambiente de 
cordialidade antes do início da sessão poderá contribuir para a desinibição dos 
participantes. É importante que a equipe recepcione a todos da maneira mais informal 
possível. Dependendo das circunstâncias e da disponibilidade de recursos, o 
oferecimento de um lanche pode contribuir ainda mais na construção de um clima de 
confiança e confraternização. 
Além disso, a Equipe de pesquisa deve tomar providência para que o local 
escolhido tenha assentos organizados em forma circular, de maneira que os participantes 
fiquem voltados uns para os outros, o que facilitará o debate. Ao Operador de Gravação 
cabe garantir a coleta de dados, buscar o local mais apropriado para situar o gravador, 
realizando testes antes do início da sessão para ter certeza que seu equipamento está 
funcionando plenamente. Por sua vez, o Relator deve estar certo de que possui material 
suficiente para anotar todos as nuanças do debate. 
Assim que todos estiverem acomodados, o Mediador deverá realizar uma breve 
“Introdução”, na qual irá (a) apresentar a equipe de pesquisa presente; (b) esclarecer os 
objetivos do estudo e do grupo focal; (c) consultar os participantes sobre a gravação das 
 15 
discussões, lembrando que as fitas não serão divulgadas e servirão apenas para facilitar 
a análise das informações com o conhecimento e autorização dos participantes (d) 
destacar a importância da participação de todos nos debates; (e) explicar o que será feito 
dos dados após o fechamento de todos os grupos; e (f) convidar os participantes a 
apresentarem-se rapidamente. Tal procedimento deverá fazer que eles sintam-se 
confiantes e privilegiados por estarem tomando parte do processo de pesquisa e, com 
isso, engajarem-se com afinco nas discussões. 
Concluída essa etapa introdutória, o Mediador colocará em pauta a questão-
chave escolhida para dar início às discussões e procurará fazer que cada participante 
emita sua opinião, intervindo apenas se houver risco ao tempo pré-definido ou se algum 
participante se desviar por completo do tema proposto. Tal intervenção deverá ser 
realizada da forma mais amistosa possível, evitando-se constrangimentos. 
Encerrados todos os comentários acerca da questão levantada, o Mediador 
deverá incitar o debate entre os participantes, buscando sempre que as diretivas 
presentes no Roteiro de Debate sejam abordadas ou aprofundadas. Caso as discussões 
não as esgotem, o Mediador deverá recolocá-las em pauta, sempre procurando 
concatená-las a pontos de vistas já mencionados, o que evitará mudanças bruscas na 
condução do tema. 
O Mediador deverá ter em mente que a qualidade dos dados dependerá em 
grande parte da sua atuação. Para isso deverá estar disposto a lançar mão de inúmeros 
artifícios a fim de extrair a maior quantidade possível de informações dos participantes. 
Perguntas como “qual”, “o que?”, “como?”, “onde?”, “por quê”, inseridas no decorrer 
das discussões, servem não somente para estimular a fala como também para incentivar 
a participação de outras pessoas. 
A transição de uma questão-chave para outra deverá ser a mais sutil possível, 
procurando sempre seguir o rumo natural das discussões. É normal que no decurso de 
determinados grupos o Moderador altere a seqüência das questão previstas no “Roteiro 
de Debate”, de acordo com o teor das falas dos participantes. Se, por exemplo, uma 
diretiva prevista para a última questão-chave for abordada na primeira, o mediador 
deverá incorporá-la ao debate, evitando, contudo, que a discussão seja desviada da 
questão central. 
 16 
Deste modo, volta-se a salientar que o mais importante para o sucesso da 
sessão é o domínio, por parte do Mediador, dos temas enfocados e do Roteiro. Um 
Mediador inábil, mesmo abordando em seqüência todas as questões previstas, poderá 
transformar o grupo focal em uma grande “entrevista em grupo”, dificultando o debate, 
o que não condiz com os objetivos que definiram a opção dos pesquisadores pela 
aplicação da técnica. 
Esgotadas todas as questões e diretivas previstas, o Mediador deverá pedir aos 
participantes que façam breves comentários sobre o que acharam da dinâmica e 
mencionem possíveis pontos não abordados que julguem importantes. Ultrapassada essa 
etapa, ele encerrará a discussão, agradecendo a participação de todos, enfatizando a 
importância de cada opinião e acrescentando que futuramente serão informados sobre o 
andamento da pesquisa. 
 
III) Focalizando o “Estudo Sobre as Condições de Vida e Atendimento a Crianças 
e Adolescentes do Rio de Janeiro: X RA – Ramos” 
A temática das condições de vida transformou-se, ao longo do processo 
histórico, em uma das mais debatidas pela sociedade, conquistando lugar de destaque na 
pesquisa social, em especial na Saúde Pública. Neste campo do conhecimento, uma 
considerável parcela dos estudos contemporâneos tem sido direcionada para melhor 
compreensão de seus vínculos e relações com as políticas públicas, visando suas 
possibilidades de incremento. 
Sob esta perspectiva, Buss (2000) assinala a estreita ligação entre as ‘políticas 
públicas saudáveis’ – aquelas que são elaboradas e pactuadas em fóruns participativos, 
expressivos da diversidade de interesses e necessidades sociais – e as condições de vida 
da população. Por sua vez, Cruz Neto, Moreira e Sucena (2001), estudando o 
envolvimento de jovens cariocas com o tráfico de drogas, demonstram como, no 
transcorrer do século XX, determinadas políticas públicas interferiram em suas 
condições de vida, depreciando-as de tal forma, que os traficantes as vêm utilizando 
como um dos sustentáculos socioeconômicos de sua lucrativa e ilícita atividade. 
Acompanhando e discutindo esse contexto, o “Estudo Sobre as Condições de 
Vida e Atendimento a Crianças e Adolescentes do Rio de Janeiro: X RA – Ramos” 
 17 
constitui-se em uma pesquisa multidisciplinar, que centraliza seu objeto de investigação 
nas crianças e adolescentes que habitam quatro bairros da zona norte do município do 
Rio de Janeiro, que, juntos, conformam sua décima Região Administrativa: 
Manguinhos, Ramos, Bonsucesso e Olaria. 
Contando com uma população de 293.059 pessoas, das quais 35,4% tinham 
entre 0 e 19 anos, esses bairros apresentam uma série de questões e problemas 
socioeconômicos que, dialeticamente, revelam e interferem drasticamente nas condições 
de vida do segmento infanto-juvenil. Dentre eles, devem ser ressaltados a baixa renda 
dos chefes de domicílio,o elevado número de favelas e loteamentos irregulares, as altas 
taxas de morbimortalidade por causas externas, a escassez de opções de lazer, a forte 
presença do tráfico de drogas e a incapacidade de a rede pública de ensino e saúde 
atender plenamente à demanda por seus serviços (Moreira, 2000). 
Considerando esse panorama como crítico e inaceitável, orientou-se o objetivo 
geral da Pesquisa para o desenvolvimento de uma investigação estratégica que visasse o 
monitoramento e a avaliação das políticas públicas voltadas para o segmento infanto-
juvenil (saúde, educação, lazer, habitação, saneamento...) e o trabalho realizado por 
ONGs e instituições de atendimento que atuam com esse público-alvo. 
A consecução de tais metas está diretamente vinculada a uma diretriz 
metodológica capaz de inter-relacionar o levantamento e a análise de dados oriundos de 
fontes secundárias com a busca ativa de informações junto aos atores sociais 
envolvidos, executada através da realização de trabalho de campo. 
Sob este ângulo, consideram-se a coleta de depoimentos e a promoção do 
debate acerca das situações monitoradas aspectos fundamentais para o pleno 
desenvolvimento da Pesquisa. Esta opção segue um rumo inequívoco, no qual as falas 
dos gestores, dos técnicos, dos profissionais e do público-alvo são vitais para o processo 
de avaliação. 
Para melhor captar a riqueza dessas “falas”, optou-se por trabalhar, 
essencialmente e de acordo com os objetivos específicos que norteiam sua aplicação, 
com as técnicas de entrevista não-diretiva e de grupos focais. Ambas demonstram ser de 
grande valia para a pesquisa social, desde que seu potencial seja explorado de forma 
 18 
adequada, ou seja, que não se pretenda obter dados que não sejam condizentes com as 
características intrínsecas de cada uma. 
O quadro a seguir apresenta dois objetivos específicos (OEa e OEb) do 
“Estudo sobre as Condições de Vida...”: 
OEa OEb 
 
Constatar a percepção de adolescentes 
residentes em Manguinhos sobre suas 
condições de vida e atendimento, 
especialmente no que diz respeito às 
políticas públicas de educação 
 
 
Verificar a relação entre os atos 
infracionais registrados no Conselho 
Tutelar de Ramos, cometidos por 
adolescentes de Manguinhos e seus 
índices de reprovação e evasão escolar 
 
 
Em “OEa”, as informações requisitadas são de cunho essencialmente 
qualitativo, envolvendo a apresentação de opiniões e concepções de mundo que 
precisam ser levantadas através da “fala” dos adolescentes. Esses depoimentos 
poderiam ser obtidos através de entrevistas não-diretivas. No entanto o interesse maior 
da pesquisa é que eles debatam suas idéias e propostas, o que propiciaria um 
aprofundamento maior do tema tanto para os estudiosos quanto para eles próprios. 
Nesse contexto, a técnica de Grupos Focais é a mais adequada. 
Em “OEb”, ao inverso, os dados a serem levantados são estritamente 
quantitativos e devem ser captados por meio de informações objetivas como o tipo de 
ato infracional cometido, o número de vezes que cada adolescente foi reprovado e se já 
abandonaram a escola. Sua coleta será procedida com mais rapidez e fidedignidade 
através de consultas aos prontuários de atendimento do Conselho Tutelar e, em 
determinados casos, da instituição para a qual após ter cometido o ato infracional, o 
adolescente foi encaminhado. A técnica de Grupos Focais neste objetivo não é 
recomendável. 
Constatado que a técnica de GF deve ser aplicada em OEa, elucidemos seu 
processo de construção, começando pela distribuição das Funções que os Pesquisadores 
desempenharão. 
Como a Equipe do “Estudo Sobre as Condições de Vida...” conta com 3 (três) 
Pesquisadores (doravante definidos por “P1”, “P2” e “P3”) que têm experiência nesta 
 19 
temática e participam da investigação desde o início do processo, as funções típicas do 
Macro-momento (1) são distribuídas da seguinte maneira: cabe ao “P1” desempenhar 
as de Relator e Operador de Gravação, ao “P2” a de Observador e ao “P3” a de 
Mediador. 
Apesar desta não ser uma distribuição rígida - a proposta é que, no decorrer do 
Estudo, haja revezamento de funções entre os Pesquisadores -, a escolha inicial foi 
criteriosamente balizada pelas características de cada um, num árduo exercício de 
trabalho conjunto, que envolve o abandono de idiossincrasias e a consciência de que o 
trabalho em equipe não pode ser subjugado por aspirações individuais. 
Assim, P3 foi considerado pela Equipe como o mais indicado para ser o 
“Mediador”, pois é o mais experiente de todos, possui maior conhecimento da temática 
e conta ainda com a habilidade de conduzir os debates; P2 recebeu a atribuição de ser o 
“Observador”, devido a sua intimidade com a técnica de observação e à capacidade de 
análise crítica; P1 foi incumbido da relatoria e da gravação por ter maior capacidade de 
anotar e nominar as idéias e falas, sem desviar a atenção dos debates ou deixar escapar 
algum tema aventado. 
No que diz respeito às funções do Macro Momento (2), optou-se pela 
contratação de profissionais especializados em transcrição de fitas para não 
sobrecarregar os Pesquisadores, que precisam dar conta não apenas de OEa, mas 
também dos outros objetivos do trabalho. Como o pagamento é feito por fita de áudio 
transcrita e digitada, é recomendável a contratação de mais de um transcritor, pois, se 
apenas uma pessoa ficar responsável por várias fitas, o tempo que ela gastará será maior 
e a Equipe demorará a ter acesso à totalidade dos dados. 
Definida a distribuição por funções, a Equipe acordou que o GF deveria ser 
composto por 6 (seis) adolescentes aleatoriamente sorteados dentre aqueles que 
preenchessem os seguintes requisitos: faixa etária entre 14 e 16 anos, matriculados em 
turmas do turno da manhã, a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, na Escola Ema 
Negrão de Lima. Obviamente, existe a necessidade de contatos prévios com a Diretoria 
da Escola e seu corpo docente, a fim de mobilizá-los para o apoio à Pesquisa e a 
sensibilização dos alunos e de toda a comunidade escolar. 
 20 
Os seis participantes devem debater 3 (três) Questões-chave, vinculadas ao 
“OEa”, num período de uma hora, o que resulta em cerca de 20 minutos para a 
discussão de cada uma. O quadro da página seguinte ilustra um “Roteiro de Debate”, no 
qual as Questões-chave estão destacadas em negrito e as setas representam suas 
diretivas. Perceba-se que a última diretiva da primeira questão (“Relação com a 
Educação”) aparece inicialmente como tópico de aprofundamento, para depois ganhar 
autonomia e transformar-se na terceira questão-chave (“Para o adolescente qual a 
relação entre estudo e condições de vida?”), possuindo suas próprias diretivas. Este 
procedimento tem como objetivo evitar que o debate seja extremamente generalizante 
ou que as falas tenham sido elaboradas para agradar (ou desagradar) ao Mediador. 
 
“Estudo Sobre as Condições de Vida e Atendimento a Crianças e Adolescentes 
do Rio de Janeiro: XRA- Ramos” 
Grupos Focais – Roteiro de Debate 
 
Questão-chave 1) O que o adolescente entende como “condições de vida”? 
¾ Relação com a situação financeira ( ) 
¾ Vinculação com a situação afetivo-familiar ( ) 
¾ Condições de habitação e salubridade ( ) 
¾ Relação com a Saúde ( ) 
¾ Relação com o Lazer ( ) 
¾ Relação com a Educação ( ) 
Questão-Chave 2) O que o adolescente acha da Escola? 
¾ O adolescente gosta de estudar? Por quê? ( ) 
¾ Caracterização da Escola que freqüenta ( ) 
¾ Caracterização da atuação do corpo docente ( ) 
¾ De que mais gosta e de que menos gosta na Escola? ( ) 
¾ De que gostaria que fosse diferente na Escola? ( ) 
Questão-Chave 3) Para o adolescente qual a relação entreestudo e condições de vida? 
¾ Estudar melhora as condições de vida? Por quê? ( ) 
¾ Solicitar exemplos para essas explicações ( ) 
¾ Como ele acha que a Escola pode ajudar na vida dele? ( ) 
¾ Solicitar exemplos ( ) 
 21 
O Grupo Focal seria, então, realizado na própria escola, após o término das 
aulas, em uma sala especialmente disponibilizada para isso, pois os adolescentes já 
estariam no estabelecimento, o que exigiria o deslocamento apenas dos Pesquisadores e 
aproveitaria o intervalo entre as turmas matutinas e vespertinas, horário notadamente 
mais calmo. 
A proposta da Equipe de Pesquisa é a realização de três GF, trocando os 
participantes, ao invés de mantê-los durante todo o processo. Ao final de cada sessão, 
torna-se necessária a análise dos dados e das informações levantadas, a fim de se 
constatar se o aprofundamento dos temas foi suficiente. Caso os propósitos não tenham 
sido plenamente atingidos, os pontos menos abordados devem ser reavaliados, 
recebendo, por parte do Mediador, atenção mais pormenorizada. 
 
IV) Considerações Finais 
Elaboramos este trabalho sem ter a pretensão de construir um ‘inventário 
completo’ sobre Grupos Focais, ou de produzir um ‘manual’ que apresente uma suposta 
receita de como aplicá-los. Nosso propósito diz respeito ao incremento qualitativo da 
investigação social, ao investimento constante no aprofundamento do debate 
metodológico e no oferecimento de subsídios para os pesquisadores que desejam 
incorporar a técnica a seu arsenal profissional. 
Exatamente por isso, evitamos abordar determinados tópicos tradicionalmente 
contemplados pelos estudiosos do mercado, mas que não encontram respaldo teórico-
prático para serem aplicados na pesquisa social. Ainda que seja claro nosso intento de 
diferenciar estes campos de estudo, se assim não procedêssemos, dificilmente 
conseguiríamos fugir de, a cada página, comentar a onipresença da contradição 
“sociedade civil / mercado”, correndo o risco de incorrer no erro de transformar o texto 
em uma batalha de “certo x errado”. 
O principal exemplo deste proceder consubstancia-se na antinomia entre 
“vantagens e desvantagens”, largamente explorada pela pesquisa de mercado. Para os 
estudiosos dessa área, é possível comparar o uso das diferentes técnicas, adotando-se 
critérios como “tempo gasto na aplicação”, “custos”, “número de participantes”, 
“quantidade de informações levantadas” e “presença dos stakeholders” (HCU, 1999), 
 22 
sendo que aquela que, em determinada situação, apresentar o melhor average é 
considerada como a ideal. 
Conforme procuramos enfatizar, na pesquisa social, essa comparação seria, no 
mínimo, inadequada, pois representaria uma inversão metodológica, na qual a técnica 
tornar-se-ia o prisma que define a delimitação dos objetivos. Além disso, esta 
comparação é extremamente periférica, abandonando o cerne da questão: a técnica de 
Grupos Focais não pode ser cotejada dessa maneira com, por exemplo, a de Entrevistas 
não-Diretivas, pois seu objetivo primaz é levantar informações através do debate, 
enquanto esta última visa à coleta de dados através da tomada de depoimentos isolados. 
Interessante notar que também há procedimentos típicos do campo social que 
sequer são aventados pelo mercado. Sob este aspecto, destacam-se, pelas características 
vitais do próprio mercado, as considerações sobre a ética na pesquisa com seres 
humanos, expressos na resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 
(FIOCRUZ, 1998). 
Levando-se em conta os referenciais da bioética, é imprescindível que os 
cidadãos selecionados para participar do Grupo Focal recebam todas as informações 
sobre a Pesquisa - sem subterfúgios - a fim de que possam ter clareza e tranqüilidade 
para decidir se devem ou não aceitar o convite. O desejo de participação deve ser 
formalizado através de um “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, 
exemplificado no quadro a seguir. No caso específico da participação de adolescentes, a 
exigência da assinatura será estendida também a seus pais e/ou responsáveis. Caso 
algum adolescente esteja cumprindo medida socioeducativa, o consentimento também 
será solicitado ao Juiz, que é o responsável legal por sua tutela. 
 
 23 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
Este documento visa solicitar sua participação e, se for o caso, de seu responsável, na 
Pesquisa _____________, que tem como objetivo ________________. 
Por intermédio deste Termo são-lhes garantidos os seguintes direitos: (1) solicitar, a 
qualquer tempo, maiores esclarecimentos sobre esta Pesquisa; (2) sigilo absoluto sobre nomes, 
apelidos, datas de nascimento, local de trabalho, bem como quaisquer outras informações que 
possam levar à identificação pessoal; (3) ampla possibilidade de negar-se a responder a 
quaisquer questões ou a fornecer informações que julguem prejudiciais à sua integridade física, 
moral e social; (4) opção de solicitar que determinadas falas e/ou declarações não sejam 
incluídas em nenhum documento oficial, o que será prontamente atendido; (5) desistir, a 
qualquer tempo, de participar da Pesquisa. 
“Declaro estar ciente das informações constantes neste ‘Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido’, e entender que serei resguardado pelo sigilo absoluto de meus 
dados pessoais e de minha participação na Pesquisa. Poderei pedir, a qualquer 
tempo, esclarecimentos sobre esta Pesquisa; recusar a dar informações que julgue 
prejudiciais a minha pessoa, solicitar a não inclusão em documentos de quaisquer 
informações que já tenha fornecido e desistir, a qualquer momento, de participar da 
Pesquisa. Fico ciente também de que uma cópia deste termo permanecerá 
arquivada com o Pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da Escola 
Nacional de Saúde Pública responsável por esta Pesquisa.” 
Rio de Janeiro, ____ de _____________________ de 200__ 
Participante:_______________________ 
Endereço:_________________________ 
Como responsável pelo(a) adolescente _____________, declaro o meu consentimento para sua 
participação nesta Pesquisa. 
Responsável:______________________ 
Endereço: ________________________ 
Assinatura do Pesquisador 
 
 
 
Além disso, todos os envolvidos devem ser previamente informados que, 
mesmo tendo assinado o Termo, terão, a qualquer momento, (a) ampla possibilidade de 
negar-se a responder a quaisquer questões ou a fornecer informações que julguem 
prejudiciais à sua integridade física, moral e social; (b) opção de solicitar que 
determinadas falas e/ou declarações não sejam incluídas em nenhum documento oficial 
e (c) desistir de participar da Pesquisa. 
Concluindo, vale a pena ressaltar que, no que diz respeito ao uso e à destinação 
final dos dados e/ou materiais coletados, deve garantir-se o absoluto sigilo das 
informações fornecidas, armazenando-as em “bancos de dados” físicos e magnéticos, 
 24 
cujo acesso será permitido apenas ao Pesquisador responsável e à sua equipe. Os dados 
e informações só devem ser utilizados no âmbito da Pesquisa e divulgados, com o 
consentimento dos participantes, através de seus relatórios oficiais ou de artigos e 
publicações científicas assinadas pelos Pesquisadores envolvidos, que visem, 
exclusivamente, contribuir para o debate científico e o enfrentamento das questões 
investigadas. 
 
 
Bibliografia 
 
 Buss PM 2000. Promoção da Saúde e Qualidade de vida. in Ciência & Saúde 
Coletiva. Vol.5, n0 1. Rio de Janeiro. ABRASCO - Associação Brasileira de Pós-
Graduação e Saúde Coletiva. 
 
Cruz Neto O, Moreira MR e Sucena LFM 2001. Nem Soldados Nem Inocentes. 
Juventude e Tráfico de Drogas no Rio de Janeiro. Ed. FIOCRUZ. Rio de 
Janeiro. No Prelo 
 
Dawson S, Manderson L e Tallo VL 1993. A manual for theuse of focus groups. 
Methods for Social Research in Disease. Boston. World Health Organization. 
 
FIOCRUZ, 1998. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo 
Seres Humanos. Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. 
 
Gomes ES e Barbosa EF 1999. A Técnica de Grupos Focais para Obtenção de Dados 
Qualitativos. Instituto de Pesquisa e Inovações Educacionais - Educativa. 30 de 
Agosto de 2000. <http://www.educativa.org.br> 
 
HCU – Health Communication Unit 1999. Conducting Focus Group. Toronto. 
University of Toronto – Center for Health Promotion. 30 de Agosto de 2000. 
<http://www.utoronto.ca/chp/hcu/hcu-publications.html> 
 
Krueger RA, 1996. Focus Groups: A Practical Guide for Applied Research. London: 
Sage Publications. 
 
Moreira MR, 2000. Estudo Sobre as Condições de Vida e Atendimento a Crianças e 
Adolescentes do Município do Rio de Janeiro X RA - Ramos. Projeto de 
Pesquisa FIOCRUZ/FAPERJ. Mimeo. 
 
 25 
Rodrigues AR, 1988. Pontuações Sobre a Investigação Mediante Grupos Focais. 
Seminário COPEADI – Comissão Permanente de Avaliação e Desenvolvimento 
Institucional. 
 
Westphal MF, 1992. Participação Popular e Políticas Municipais de Saúde: Cotia e 
Vargem Grande Paulista. Tese Apresentada ao Departamento de Prática de 
Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública da USP, para Concurso de Livre 
Docência. USP. São Paulo. 
 26

Continue navegando