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incidentede resolução de demandas repetitivas

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DIREITO PROSESSUAL CIVIL II
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS 
ART 976 a 987 - NCPC
DIREITO DO CIDADÃO x DEVER DO ESTADO
 
A Constituição Federal garante a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança. Garante ainda que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, bem como que esse devido processo legal tenha um tempo razoável, criando assim mecanismos para que este processo tenha maior celeridade e garanta a proteção judicial.
O texto do NCPC O que significa que as normas devem apresentar efetividade às garantias constitucionais, transferindo segurança a vida dos jurisdicionados, de modo a que estes sejam poupados de “surpresas”, possuindo pleno conhecimento sobre as consequências jurídicas de sua conduta.
Dever do Estado de prover mecanismos de efetivação de direitos através de um efetivo e eficaz acesso a justiça, adotando politicas publicas que garantam a efetividade da jurisdição e acesso privilegiado a justiça, principalmente para aquela parcela da sociedade que dispõe de poucos recursos materiais para a defesa e proteção de seus direitos.
COMO SURGIU?
O instituto do incidente de resolução de demandas repetitivas foi inspirado em modelos de Direito Comparado. Teve-se referência nos modelos: alemão, britânico e português. Porém, sua principal referência foi no procedimento-modelo alemão “Musterverfahren”. 
No Brasil foi criado com a necessidade de criação de novos dispositivos com instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam no Poder Judiciário, conferir uma maior efetividade ao processo, celeridade à prestação da justiça e segurança jurídica. 
Os precedentes judiciais na elaboração e desenvolvimento do direito tem crescido sobremaneira no nosso sistema jurídico, parte da doutrina nacional já tem caminhado pra o reconhecimento da jurisprudência como uma verdadeira fonte formal do nosso sistema legal.
A jurisprudência tem sido fortalecida pelo legislativo no campo processual, passando a reconhecer o entendimento sumulado ou à jurisprudencial dominante nos tribunais superiores como um verdadeiro pressuposto processual para recursos dirigidos aos tribunais. Esse processo acabou culminando com a previsão do incidente de resolução de demandas repetitivas previsto no NCPC.
Pontos negativos apontadas pela doutrina na adoção desse instituto:
Ofensa ao principio da persuasão racional do Juiz – O Juiz julga preso somente as leis e não a precedentes.
Legislação por parte do judiciário – Judiciário fazendo uma atribuição que não é sua, criando normas, não havendo separação de poderes.
Morosidade no aperfeiçoamento do direito levando em conta a rigidez e complexidade em precedentes vinculantes.
Pontos positivos na adoção desse instituto: 
Maximiza a liberdade dos cidadãos ao tornar previsíveis as consequências legais da aplicação do direito aos comportamentos dos indivíduos e facilita o acesso dos menos favorecidos ao sistema judicial.
Promove a necessária percepção de que a lei é estável, evita frustações de legitimas expectativas contra os direitos e deveres dos membros da coletividade.
Reduz o custo econômico dos processos.
Aumenta a eficiência do sistema judicial.
Preserva o principio de separação de poderes por impedir uma desordenada e abusiva discricionariedade judicial na criação de normas.
Impede a eternização de demandas, as partes do processo já não podem mais discutir aquelas questões que foram debatidas e objeto de apreciação jurisdicional final.
A decisão vai ser usada como regra para casos subsequente, desde que guardem semelhanças com este que foi decidido.
A superação da ideia do poder judiciário apenas como mero departamento do estado responsável por executar, mas também como uma importante fonte de produção normativa.
Quando pode ser usado?
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente:
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1o A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.
§ 2o Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3o A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado.
§ 4o É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.
§ 5o Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.
Quem pode fazer o pedido de instauração do incidente?
Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:
I - pelo juiz ou relator, por ofício;
II - pelas partes, por petição;
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.
Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente.
Quem pode julgar?
Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente.
Qual o prazo para julgamento:
Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.
Depois de julgado o que acontece?
Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região;
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986.
§ 1 Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.
§ 2 Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
Cabe recurso?
Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso.
§ 1o O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida.
§ 2o Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito.
CONCLUSÃO 
O INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS é um grande avanço, garantindo mecanismos de efetivação de direitos através de um efetivo e eficaz acesso a justiça, usando instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam no Poder Judiciário, conferindo uma maior efetividade ao processo, celeridade à prestação da justiça e segurança jurídica. 
“Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia
encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça.”
Eduardo Juan Couture

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