26 pág.

Pré-visualização | Página 8 de 8
em altas concentrações nas células dos mamíferos, e ao C3b. A associação do Fator H ao ácido siálico impede que células saudáveis ativem o sistema complemento pela via alternativa enquanto que a ligação ao C3b, impede que a molécula B se associe e forme a C3 convertase desta mesma via (Capítulo 10). A deficiência deste fator ocasiona uma ativação excessiva da via alternativa o que ocasiona uma deficiência de C3, com o surgimento de infecções por bactérias piogênicas e glomerulonefrite. FILOMENA M. P. BALESTIERI - IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA 250 O Fator I cliva C3b e C4b regulando assim as duas vias de ativação do sistema complemento. Este fator é importante na clivagem basal, contínua e normal do C3b pela via alternativa. A sua deficiência também propicia uma ativação excessiva do sistema complemento, ocasionando um quadro similar ao da deficiência do Fator H. O Inibidor de C1 associa-se ao C1r e C1s, impedindo a ligação do C1q e conseqüentemente, a ativação da via clássica. Além da associação ao C1r-C1s, esta molécula também regula a ativação do Fator de Hageman e da calicreína, que ativadas aumentam a formação de bradicinina, importante no aumento da permeabilidade vascular (Capítulo 3). A deficiência desta molécula portanto, causa um desequilíbrio na ativação da via clássica, com aumento na clivagem de C4 e C2 e na formação de bradicinina. A clivagem de C2 gera o C2b, que também é uma cinina, e que juntamente com a bradicinina, leva ao edema característico desta síndrome conhecida como Edema Angioneurótico Hereditário (HANE). Esta síndrome caracteriza-se por crises recorrentes de edema que geralmente inicia-se na boca, espalha-se pelo pescoço e faces, podendo também afetar os intestinos. Embora o edema não possa ser previsto, existe uma relação entre o stress mental (por isso angioneurótico), a fadiga excessiva ou trauma físico e o surgimento dos sintomas. O edema geralmente persiste até o C1 sérico ser todo consumido;o que pode ocorrer entre 48-72 horas ou mesmo uma semana. Após a redução do C1, o edema desaparece mas a elevação na concentração de C1pode levar a uma nova crise de edema. O diagnóstico é sugerido pela história familiar, pela ocorrência de edema, sem prurido e urticária, cólicas gastrointestinais e edema de laringe. No período de crise, normalmente a concentração de C4 está reduzida. O tratamento consiste na administração de esteróides anabólicos ou androgênios atenuados, dentre eles o danazol, que atuam sobre os hepatócitos aumentando a síntese do Inibidor de C1. Deficiência dos inibidores de membrana das vias alternativa e clássica O DAF é uma proteína de membrana associada ao glicofosfatidilinositol expressa em células endoteliais e hemácias. A deficiência de uma das enzimas, importante na formação de ligações proteína- lipídeos, leva a falha de expressão de moléculas tais como o DAF e a CD59. A deficiência destas moléculas leva a uma doença chamada Hemoglobinúria paroxismal noturna. Esta doença é caracterizada por crises recorrentes de hemólise intravascular pela ativação descontrolada do sistema complemento na superfície das hemácias. CAP. 18 - IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS 251 O CD59, assim como o DAF, é uma proteína de membrana associada a glicofosfatidilinositol expressa em várias células normais. Ela é incorporada ao complexo de ataque a membrana, inibindo a lise celular. As deficiências nos receptores de Complemento (CR3 e CR4) foram abordadas anteriormente, como a síndrome de Deficiência de Adesão do Leucócito tipo 1 (LAD-1). Outras imunodeficiências Nas últimas décadas, várias deficiências, em que os linfócitos T apresentam função alterada, embora estejam presentes em número normal ou reduzido, têm sido identificadas. Estas imunodeficiências podem não causar infecções letais, mas levam ao surgimento de doenças auto- imunes, tumores, alergias e infecções. Dentro deste grupo, existe uma grande heterogeneidade de anomalias: deficiência na expressão de subunidades de CD3, na expressão da tirosina quinase ZAP70, na síntese de citocinas, no influxo de Cálcio intracelular, na expressão de Fas e outras. IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS Figura 1 – Incidência das Imunodeficiências Primárias DEFICIÊNCIAS DE LINFÓCITOS B Agamaglobulinemia associada ao cromossomo X (Síndrome de Bruton) Hipogamaglobulinemia transitória da infância Figura 2 – Produção de Igs na infância Deficiência seletiva de subclasses de IgG Deficiência seletiva de IgA Deficiência de IgG e IgA com Hiper-IgM DEFICIÊNCIA DE LT. Síndrome de DiGeorge ou aplasia tímica congênita Candidíase muco-cutânea crônica DEFICIÊNCIAS COMBINADAS DE LT E LB Imunodeficiência severa combinada (SCID – Severe Combined Immunodeficiency Disease) Imunodeficiência Severa Combinada Associada ao X (XSCID) Deficiência de adenosina desaminase (ADA) Deficiência de purina nucleosídeo fosforilase (PNP) DEFICIÊNCIA NA EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS DO MHC-CLASSE I E II Deficiência na expressão de moléculas do MHC classe I Deficiência na expressão de moléculas do MHC classe II - ou síndrome do linfócito nu (bare). DEFEITOS NA RESPOSTA DE FAGÓCITOS E OUTRAS CÉLULAS DA RESISTÊNCIA NATURAL Doença granulomatosa crônica Figura 3 – NADPH oxidase na célula fagocítica em repouso (A.) e na célula ativada (B.) Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase Deficiência de mieloperoxidase Síndrome de Chediaki-Higashi Deficiência na adesão dos leucócitos Deficiência de adesão dos leucócitos - tipo 1 - (LAD-1) Deficiência de adesão dos leucócitos - tipo 2 (LAD-2) Defeitos no sistema complemento Deficiência nos componentes exclusivos da via alternativa Deficiência dos fatores B e D e Properdina Deficiência nos componentes exclusivos da via clássica (C1, C4 e C2). Deficiência no componente C3 Deficiência nos componentes terminais Deficiência dos inibidores séricos das vias alternativa e clássica Deficiência dos inibidores de membrana das vias alternativa e clássica Outras imunodeficiências