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TEORIA DA IMPREVISÃO

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Teoria da Imprevisão
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Pelo Princípio da Força Obrigatória, não é possível a alteração unilateral e nem judicial dos contratos.
A revisão, alteração e até mesmo a extinção é possível com base na preponderância da vontade contratual.
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Entretanto, há situações excepcionais em que se admite a revisão contratual com a intervenção judicial.
A sentença substitui, assim, a vontade das partes.
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Há que se ressaltar que para haver a intervenção judicial nos contratos, deve ocorrer um fato superveniente imprevisível.
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A teoria da imprevisão é um exemplo nítido da relatividade do princípio exposto pelo pacta sunt servanda, segundo a qual os contratos devem ser cumpridos conforme as condições em que foi estabelecido.
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	A cláusula Rebus Sic Stantibus é de origem romana, do Direito Canônico, foi aceita e aplicada largamente na Idade Média, contexto no qual, praticamente, ressurgiu e se consolidou. 
	Até a metade do século XX, entre nós, somente a doutrina a acolhia, embora já houvesse decisões que aceitavam tal cláusula. 
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Washington de Barros Monteiro:
	“Acentua-se, contudo, modernamente, um movimento de revisão do contrato pelo juiz; conforme as circunstâncias, pode este, fundando-se em superiores princípios de direito, boa-fé, comum intenção das partes, amparo do fraco contra o forte, interesse coletivo, afastar aquela regra, até agora tradicional e imperativa”.
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Face a evolução do Direito, muitas vezes, a melhor solução para a inexecução contratual, por causa superveniente, não será a resolução pura e simples do pactuado. 
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Como solução ao problema do não cumprimento da obrigação por causa superveniente surge a Teoria da Imprevisão, que sinaliza para a revisão contratual, como forma de manter e atingir um equilíbrio suportável entre os contratantes, consequentemente visando resguardar a função social do contrato.
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	A regra geral ainda é a da força obrigatória dos contratos e somente situações extremamente excepcionais podem mitigar o primado do pacta sunt servanda, de modo a preservar a justiça e o equilíbrio das relações jurídicas. 
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O atual Código Civil Brasileiro, com seus artigos 478, 479 e 480 torna indiscutível a teoria da Imprevisão.
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O magistrado deve manter o pactuado dentro da intangibilidade da livre manifestação da vontade das partes, se possível; mas sempre atendendo o equilíbrio contratual, as igualdade entre as partes e função social a que o contrato se propõe, buscando o bem comum.
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Cláudia Lima Marques:
À procura do equilíbrio contratual, na sociedade de consumo moderna, o direito destacará o papel da lei como limitadora e como verdadeira legitimadora da autonomia da vontade. 
A lei passará a proteger determinados interesses sociais, valorizando a confiança depositada no vínculo, as expectativas e a boa-fé das partes contratantes. 
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A teoria da imprevisão ou a cláusula rebus sic stantibus visa garantir a modificação de cláusulas que tornem excessivamente oneroso o cumprimento da obrigação contratual, não necessariamente em relação à alteração da estrutura do contrato.
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O CASO FORTUITO E A FORÇA MAIOR 
	São evidenciados por acontecimentos que ultrapassam as forças humanas, onde não se torna possível evitar ou mesmo impedir a ocorrência do fato danoso. (artigo 393 do Código Civil). 
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Washington de Barros:
	Define a força maior como sendo os eventos físicos ou naturais, de índole ininteligente, (ex: a chuva de granizo, os raios e as inundações)
	O caso fortuito seria aquele acontecimento causado por eventos alheios à vontade do devedor, gerador de obstáculo insuperável em diligência comum, como: greve, motim e guerra. 
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Arnoldo Medeiros da Fonseca 
	concluiu que "a força maior exprimiria a idéia de um acidente da natureza", enquanto que "o caso fortuito indicaria a idéia de um fato do homem". 
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	A regra nos contratos é o cumprimento, entretanto, há casos resultantes de fatos que impossibilitam a execução dos mesmos. 
	
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	A questão da imprevisão está ligada a superveniência de acontecimentos inesperados, não passível de previsão, que, na esfera contratual, podem acarretar uma onerosidade excessiva da prestação prometida. (artigo 478/CC)
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A onerosidade excessiva da prestação cria um obstáculo ao cumprimento da obrigação por extrema dificuldade a uma das partes. 
Não se tratando de uma inexecução por impossibilidade, mas apenas por uma onerosidade excessiva. 
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	É necessário que seja excessiva a diferença do valor do objeto da prestação entre o momento de sua contratação e de sua execução, o que a torna apta a causar a uma das partes uma extrema dificuldade ao cumprimento da obrigação. 
	Essa dificuldade não deve atingir apenas o devedor, mas toda e qualquer pessoa que vier a figurar no pólo passivo da obrigação. 
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	A onerosidade excessiva deve decorrer de evento extraordinário e imprevisível, capaz de alterar radicalmente a base negocial do contrato, que são as condições econômicas sob as quais foi celebrado o contrato, de modo que o acontecimento deve ser extraordinário, ou seja, anormal e imprevisível ao tempo da contratação. 
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	A onerosidade excessiva é causa de resolução ou mesmo de revisão contratual, determinante de uma inexecução involuntária relativa ou absoluta. 
	Se a inexecução for absoluta aplicar-se-á a resolução do contrato; do contrário, sendo relativa e nesse caso havendo possibilidade de dar continuidade ao contrato, dentro de certas limitações, operar-se-á a revisão contratual. 
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	Deverá ser pleiteada a resolução ou a revisão contratual, antes do prazo estipulado para o cumprimento da obrigação, pois se o devedor não a fizer, essa se constituirá em mora. 
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A Teoria da Imprevisão é aplicável a todos os contratos que tenham execução diferida, ou seja, futura. 
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Sendo variadas as espécies de fatos que podem ensejar o rompimento da equação econômico-financeira do contrato, variadas, também, são as formas permissivas do reequilíbrio.
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REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DA CLÁUSULA
Devem ocorrer acontecimentos extraordinários e imprevisíveis que devem refletir-se diretamente sobre a prestação do devedor.
Em decorrência a prestação de tornar-se excessivamente onerosa para o devedor.
Os contratos devem ser a prazo, ou de duração.
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Contratos bilaterais comutativos, ou unilaterais onerosos.
Ausência de culpa do obrigado. 
Ausência de mora do devedor.
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REVISÃO
	A revisão tem lugar sempre que circunstância extraordinária e imprevisível, ou previsível de efeitos incalculáveis, comprometer o equilíbrio do contrato, para adequá-lo à realidade, mediante a recomposição dos interesses pactuados. 
	Aplica-se aqui a teoria da imprevisão, buscando-se fora do contrato soluções que devolvam o equilíbrio entre as obrigações das partes. 
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CDC
	Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
	(...)
	V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
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REAJUSTE
	O reajuste tem lugar quando ocorram previsíveis elevações dos preços dos bens, serviços ou salários, face à instabilidade econômica. 
 
	Lei nº 10.192 - de 14 de fevereiro de 2001 
	
	
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Art. 2º É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano.
 
§ 1º É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano.
§ 2º Em caso de revisão contratual, o termo inicial do período de correção monetária ou reajuste, ou de nova revisão, será a data em que a anterior revisão tiver ocorrido.
§ 3º Ressalvado o disposto no § 7º do art. 28 da Lei no 9.069, de 1995, e no parágrafo
seguinte, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes que, na apuração do índice de reajuste, produzam efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de periodicidade inferior à anual.
§ 4º Nos contratos de prazo de duração igual ou superior a três anos, cujo objeto seja a produção de bens para entrega futura ou a aquisição de bens ou direitos a eles relativos, as partes poderão pactuar a atualização das obrigações, a cada período de um ano, contado a partir da contratação, e no seu vencimento final, considerada a periodicidade de pagamento das prestações, e abatidos os pagamentos, atualizados da mesma forma, efetuados no período.
§ 5º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos contratos celebrados a partir de 28 de outubro de 1995 até 11 de outubro de 1997.
§ 6º O prazo a que alude o parágrafo anterior poderá ser prorrogado mediante ato do Poder Executivo.
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 Não se aplica aqui a teoria da imprevisão, porque ditos fatos são previsíveis e que, por isso mesmo, devem estar expressos no contrato as formas de reajuste. 
	
	O próprio contrato dará a solução para o reequilíbrio. 
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Segundo Arnoldo Wald
“Não devemos ver a aplicação da teoria da imprevisão como uma deturpação do contrato no mundo atual. As restrições à liberdade contratual não devem ser interpretadas como declínio do direito, mas, ao contrário, como cerceamento aos abusos e como fonte de humanização dos contratos”.

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