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Centro de Preparação aos Exames de Admissão ao Ensino Superior –, www. Cpeaes.ac.mz 
 Justino M. J. Rodrigues ( Coordenador ), E-mail: rjustino20@yahoo.com.br e Cell: +258 82-043 2760 
 
Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 1 
1. LEITURA E COMPREENSÃO TEXTUAL 
1.1. Introdução 
A presente unidade pretende fornecer alguns elementos básicos fundamentais para o 
desenvolvimento de habilidades de leitura e compreensão textual. Com efeito, nela faz-se uma 
abordagem em torno dos objectivos da leitura, tipos de leitura, e sobre algumas estratégias aplicadas na 
de busca de compreensão do sentido do texto, terminando com um conjunto de exercícios sobre a 
leitura e compreensão textual. 
 
1.2. Leitura e Compreensão textual 
O processo de leitura pressupõe busca de informação. Para que o leitor se informe é necessário 
que haja entendimento daquilo que ele lê. Há textos cujo o assunto é inteiramente inteligível ao leitor, 
como os de jornais, revistas não especializadas, etc. Há outros porém, que a pessoa tenta ler, já 
sabendo, sem entender completamente o seu conteúdo. Neste último caso o leitor deve estar 
predisposto a superar essa difuculdade. 
Segundo P.S. P. Williams, autora de Reading: the key to independenty learning a capacidade de 
leitura é uma combinação de quatro habilidades: 1) identificação de palavras; 2) vocabulário; 3) 
compreensão e 4) habilidades de estudo (Molina, 1992). 
Assim, um bom leitor seria capaz de praticar os níveis de leitura propostos por Mortiner J. Adler 
e Charles van Doren no livro Como ler um livro (apud, 1992): leitura elementar, leitura inspecional, 
leitura analítica, leitura sintópica. 
Observemos em seguida a definição de cada um destes tipos de leitura: 
 
1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial, ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma 
página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler; 
2. Leitura inspecional: arte de folhear sistematicamente; 
3. leitura analítica: tem em vista o entendimento global do texto; 
4. leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si. 
 
Considera-se que uma prática de leitura bastante difundida é a técnica SQ3R de Morgan e Deese a 
qual compreende as seguintes etapas: 
1. Survey (levantamento) 
2. Question (pergunta) 
3. Read (leitura) 
4. Recite (repetição) 
5. Review (revisão) 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 2 
1.3. Objectivos da leitura 
Os objectivos básicos da leitura são a assimilação, a busca de conhecimentos, a preparação 
intelectual para posicionamentos críticos diante da realidade circundante. 
 
Para a concretização desses objectivos, é necessário que o leitor busque, em primeiro lugar, a ideia 
central, o tópico frásico, que indicará a direcção das ideias expostas. Por isso o leitor deve concentrar-
se na procura e na identificação da hierarquia das ideias expostas. Infere-se desse facto necessidade de 
exercícios em que se pratique a identificação da ideia principal e a hierarquização das secundárias. 
Somente com essa prática é possível melhorar a qualidade da leitura, cujo objectivo não é outro que 
captar, reter, integrar conhecimentos para, posteriormente, reformulá-los, recriá-los, transformá-los. 
Outro exercício recomendável para a prática da leitura é a paráfrase, o refrasear das ideias encontradas, 
o comentário. 
 
1.4. Tipos de leitura 
1. Leitura funcional – é uma leitura feita para a pesquisa de dados e informações, por exemplo 
consulta de ficheiros de bibliotecas e arquivos, enciclopédias, dicionários especializados e gramáticas. 
 
2. Leitura analítica – é uma leitura direccionada para a compreensão crítica do texto. Neste tipo de 
leitura, procura-se isolar a estrutura da mensagem: identificar a questão-problema, a palavra-chave, 
distinguir a informação essencial das informações acessórias 
 
3. Leitura recreativa – é uma leitura de lazer, ou seja, é uma leitura comandada pela satisfação de 
interesses e ritmos individuais. 
 
 2. Compreensão de texto 
Analisando problemas relativos à leitura, Enilde L. De J. Faulstich, autora de Como ler, 
entender e redigir um texto, afirma a existência de textos inteiramente inteligíveis ao leitor e textos cujo 
conteúdo não é compreensível completamente pelo leitor. Neste último caso, o leitor buscará superar 
essas dificuldades mediante vários procedimentos. 
 
Para o efeito, a autora considera que um dos passos fundamentais no processo de leitura é a 
selecção de ideias-chave do texto e crítica. De um modo, geral a expressão-chave de um parágrafo é 
compreendida pelo tópico frásico ou seja a frase inicial que expõe sintecticamente as ideias que serão 
desenvolvidas no parágrafo. 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 3 
 
Exemplo: 
“O assim chamado best-seller suscita todo o tipo de indagação. Alguns factos parecem 
suficientemente sólidos. Ele é produto de pelo menos três circunstâncias: a alfabetização quase 
universal nos países ricos, a industrialização editorial propiciadora de imensas tiragens, e uma 
necessidade, que, se não natural, é extremamente antiga, de narrativa, própria aos seres humanos” 
(Ascer, 1991 p. 6-3). 
 
Qual é a palavra-chave do parágrafo apresentado? 
As ideias expostas giram em torno do conceito de best-seller. O autor busca esclarecer o 
fenómeno, expondo as suas causas. Uma vez identificadas a palavra-chave, buscam-se as palavras-
chave secundárias. No texto de Nelson Acher as ideias secundárias são: as causas do fenómeno best-
seller – a alfabetização massiva, os modernos processos de reprodução do livro e a necessidade que o 
homem revela de consumir narrativa. 
A selecção de palavras-chave deve ser feita em todos os parágrafos. Elas possibilitam a 
elaboração do resumo do texto. 
 
 
Vejamos um outro exemplo seguinte exemplo: 
“O reflorestamento tornou-se uma actividade em expansão no país, servida por pesquisa 
minuciosas e alta tecnologia. Duas empresas paulistas exemplificam bem até que ponto chegou o 
desenvolvimento no sector. Uma delas exporta, para 40 países, cerca de 15 milhões de dólares anuais 
de chapas, portas divisórias. A outra, 20 milhões de dólares em chapas e fibra prensada para os Estados 
Unidos e a Europa. O facturamento bruto das indústrias que utilizam madeira (predominantemente 
oriunda de reflorestamento) como matéria-prima chegou a um terço do facturamento bruto da indústria 
automobilística. Apenas uma empresa mineira plantou, até 1979, 250 milhões de eucalíptos” 
 
Neste parágrafo a palavra-chave é o termo reflorestamento, porque ela constitui o núcleo da 
ideia do autor e serve de base para que se derive um grupo de vocábulos em que todas as unidades 
estejam em relação de inclusão com ela, como se pode depreender no esquema que se segue: 
 
 
 
 
 
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Manual de Portugues;da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 4 
 
Reflorestamento ----- Actividade em expansão ----- Pesquisas minucioas 
 
 Alta tecnologia 
 
 Desenvolvimento Chapas 
 Portas 
 Divisórias 
 Fibra prensada 
 
 Facturamento Matéria-prima 
 
 
 
 Eucalipto 
 
 
A compreensão do texto pode também ocorrer com recurso ao procedimento da segmentação 
textual (por temas). Esta visa distinguir as ideias para que o leitor possa hierarquizá-las ou perceber 
como se estruturam. 
 
 
3. Bibliografia 
Ascer, N. (1991). Nunca tantas pessoas leram tanto à beira da piscina. São Paulo: Folha de S. 
Paulo. 
Faulstich, E. (1988). Como ler, entender e redigir um texto. Petropolis: Vozes. 
Molina, O. (1992). Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 5 
Exercícios 
1. Com base nos conhecimentos que adquiriu, faça a leitura e interpretação dos textos que se 
seguem recorrendo ao método de identificação de palavras-chave e ao método da segmentação 
textual. 
TEXTO A 
Nas últimas décadas da Idade Média, surgiu na Itália um movimento a que se chamou Humanismo 
e que foi o responsável imediato pela radical modificação no sistema de vida do homem ocidental, na 
sua filosofia, na sua maneira de encarar o mundo e a religião, na sua literatura. 
O Humanismo tem, pelo menos, dois significados. Em primeiro lugar, foi um movimento de 
carácter filológico que redescobriu, traduziu, restaurou e explicou a partir do século XIV, 
principalmente, grande número de obras literárias, históricas e filosóficas da antiguidade clássica. 
Não se pode dizer que no período medieval tais obras fossem inteiramente desconhecidas. Vários 
autores antigos já eram lidos antes do humanismo; entretanto, o manuseio desses autores estava 
limitado a um número mínimo de leitores, a uns poucos eruditos e, principalmente, ao clero, 
depositário da obra e da cultura clássicas. A tendência do pensamento medieval era considerar tudo 
aquilo que tivesse sido produzido pela antiguidade clássica como manifestação de paganismo e, por 
consequência, pecaminoso. Além disso, o alto preço do livro e a ignorância do homem comum 
impediam-no de ter acesso a essas manifestações culturais, fossem literárias, fossem filosóficas. 
Assim sendo, a maior parte da produção clássica estava esquecida ou era desvalorizada, quando 
não atendia aos propósitos da Igreja. 
Coube exactamente aos humanistas, Petrarca, em primeiro lugar, a redescoberta e revalorização 
dessas obras. Surpreenderam-se eles ao encontrar, vinda da época anterior, uma produção artística 
incomparavelmente superior à literatura da sua própria época. Não há termo de comparação entre, 
por exemplo, os grandes poemas épicos gregos e latinos com as produções similares da Idade Média, 
as chamadas Canções de Gesta; entre a produção histórica de César ou Tito Lívio com os cronicões 
portugueses; entre os poemas líricos de Horácio ou de Ovídio com as cantigas provençais. Daí a sua 
admiração por tudo o que vinha do mundo antigo e a valorização dele, que passou a ser visto com 
outros olhos. 
Em segundo lugar, temos o outro significado de Humanismo: a valorização do homem como tal. 
Aliás, o movimento filológico que recebeu o mesmo nome teria ficado provavelmente perdido, ou, pelo 
menos, não teria a importância que realmente teve, não fosse a valorização do homem. 
Sabe-se que, na Idade Média, o homem era, regra geral, presa de superstições, dominado pelo 
medo e pela angústia diante do desconhecido, vivendo exclusivamente em função de Deus e 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 6 
procurando com Ele identificar-se, menos por amor do que por temor do castigo eterno. Tudo, então, 
girava em torno de Deus, centro único de todas as coisas. Dominava o teocentrismo. 
Certos acontecimentos, porém, vieram fazer com que o homem medieval passasse por uma 
modificação, a bem dizer, total. Entre eles devem-se ressaltar a descoberta da pólvora, da bússola e a 
invenção da imprensa. 
O uso da pólvora e as grandes navegações, propiciadas pela bússola, vêm encher de orgulho o 
homem amedrontado e ignorante da Idade Média. Novas portas se abrem com as navegações. 
Desbrava os oceanos, enfrenta tempestades no alto mar e consegue voltar ao ponto de partida ou 
atingir o porto desejado. Os mares despovoam-se, diante dos seus olhos maravilhados, de todos os 
seres fantásticos e monstruosos que fervilhavam na sua mente atormentada e supersticiosa. Entra em 
contacto directo com a Natureza e procura desvendar os seus segredos, tentando compreendê-la e 
explicá-la através da perquirição, à luz do estudo e da razão, e não mais através do sobrenatural. 
Começa a ser banida toda a subordinação em que vivia, subordinação ao inexplicável, ao misterioso, 
ao inatingível e ao sobrenatural. Nasce, então, no homem aquele orgulhoso espírito de independência 
que o coloca como ser supremo no mundo em que vivia. Como consequência disso, valorizam-se a sua 
vida e o seu estar no mundo, relegando-se para segundo plano a vida espiritual, até então 
predominante. Tudo isso, o orgulho de ser homem e a certeza de saber, substituem o teocentrismo 
medieval pelo antropocentrismo. 
A invenção da imprensa, por seu lado, coloca o livro nas mãos de um número muito maior de 
pessoas e não somente nas mãos de poucos privilegiados. Os humanistas já têm condições de divulgar 
todas as maravilhas que haviam descoberto no mundo antigo. 
Senhor de si, orgulhoso da sua condição puramente humana, da sua inteligência, do seu saber, as 
ideias religiosas, a subordinação da carne ao espírito ficam relegadas para segundo plano. O homem, 
então, aceita aquilo que lhe havia sido mostrado: novo sistema e nova filosofia de vida, novos valores 
filosóficos e literários. 
Foi exactamente ao reviver da antiguidade clássica, ao retorno aos padrões de vida desconhecidos 
pelo grosso da humanidade ocidental, à revalorização do mundo greco-latino, a partir do humanismo, 
das suas artes, da sua filosofia de vida, da sua literatura, foi a isso que se chamou Renascimento. 
 
 
Audemaro Taranto Goulart e Óscar Vieira da Silva, in Introdução ao Estudo da Literatura 
(Adaptado) 
 
 
 
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2. Leia os textos que se seguem e depois responda às questões que lhe são colocadas: 
 
TEXTO A 
As estratégias identitárias 
Se a identidade é tão difícil de captar e de definir, é precisamente devido ao seu carácter 
multidimensional e dinâmico. É o que lhe confere a sua complexidade, mas também o que lhe dá a sua 
flexibilidade. A identidade conhece variações, presta-se a reformulações, quando não manipuladas. 
É para sublinhar esta dimensão mutante da identidade, que nunca constituiuma solução definitiva, que 
certos autores utilizam o conceito de estratégia identitária. Nesta perspectiva, a identidade surge como 
um meio visando atingir um fim. A identidade não é, portanto, absoluta, mas relativa. O conceito de 
estratégia indica também que o indivíduo, como actor social, não está desprovido de uma certa margem 
de manobra. Em função da sua apreciação da situação, utiliza de modo estratégico os seus recursos 
identitários. Na medida em que é que uma parada de lutas sociais de “classificação”, segundo a 
expressão de Bordieu, que visam a reprodução ou a transformação das relações de dominação, a 
identidade constrói-se através das estratégias dos actores sociais. 
No entanto, o recurso ao conceito de estratégia não deve levar-nos a pensar que os actores sociais são 
completamente livres de definirem a sua identidade segundo os seus interesses materiais e simbólicos 
do momento. As estratégias devem necessariamente ter em conta a situação social, as relações de força 
entre os grupos, as manobras dos outros, etc. Se pela sua plasticidade, a identidade se presta, pois, à 
instrumentalização – sendo, como diz Devereux, uma “ferramenta” e até mesmo uma “caixa de 
ferramentas” -, não é possível aos grupos e aos indivíduos fazerem não importa o quê em matéria de 
identidade: a identidade é sempre a resultante da identificação que nos vemos ser imposta pelos outros 
e da que nós próprios afirmamos. 
Um tipo extremo de estratégia de identificação consiste em ocultar a identidade que se assume a fim de 
escapar à descriminação, ao exílio ou inclusivamente ao massacre. Um caso histórico exemplar desta 
estratégia é dos marranos. Os marranos são esses judeus da Penísula Ibérica que exteriormente se 
converteram ao Catolicismo no século XV, para escaparem à perseguição e à expulsão, permanecendo 
fiéis à sua fé ancestral e mantendo em segredo um certo número de ritos tradicionais. A identidade 
judáica pôdel, assim, transmitir-se clandestinamente no interior de cada família ao longo dos séculos, 
de geração em geração, até lhe ser dado afirmar-se de novo publicamente. 
Emblema ou estigma, a identidade pode ser, portanto, instrumentalizada nas relações entre grupos 
sociais. A identidade não existe em si, independentemente das estratégias de afirmação identitária dos 
 
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actores sociais que são ao mesmo tempo o produto e o suporte das lutas sociais e políticas (Bell, 1975). 
A insistência posta no carácter estratégico fundamental da identidade permite superar o falso problema 
da veracidade científica das afirmações identitárias. 
 
Denys Cuche, A Noção de Cultura nas Ciências Sociais, pp. 135-136 (Adaptado) 
 
Assinale com um círculo (O) a resposta correcta. 
 
1. De acordo com o texto, a identidade surge para 
a. escapar à descriminação, ao exílio ou ao massacre 
b. a reprodução ou transformação das relações de dominação 
c. instrumentalizar as relações entre grupos 
d. afirmar a diferença entre os grupos 
 
2. Os factores condicionantes da estratégia identitária são 
a. actores sociais, o conhecimento de ritos tradicionais, as lutas sociais e políticas 
b. as lutas sociais e políticas, a capacidade de manipular a identidade 
c. a apreciação da situação social, o Catolicismo, a tradição 
d. os interesses materiais e simbólicos do momento, a situação social, as relações de força 
entre grupos 
 
3. A adopção da noção de estratégia identitária é vantajosa porque 
a. sublinha a dimensão mutante e relativa da identidade, e permite superar o falso 
problema da veracidade científica das afirmações identitárias 
b. concebe a identidade como um meio para atingir um fim 
c. reconhece que a identidade pode ser instrumentalizada nas relações entre grupos sociais 
d. afirma a dificuldade de captar e definir a identidade 
 
4. A estratégia de identificação pode comportar as seguintes atitudes: 
a. a reprodução ou transformação das relações de dominação 
b. a identificação imposta pelos outros e a auto-afrimação da nossa identidade 
c. a identificação imposta pelos outros, a auto-afirmação da nossa identidade e a ocultação 
da identidade 
d. a auto-afirmação da nossa identidade, a ocultação da identidade e a transforma,ão das 
relações de dominação 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 9 
TEXTO B 
A identidade não é algo que nos seja entregue na sua forma inteira e definitiva; ela constrói-se e 
transforma-se ao longo da nossa existência. Muitos livros já o afirmaram e explicaram copiosamente, 
mas não é inútil sublinhá-lo uma vez mais: os elementos da nossa identidade que já estão em nós ao 
nascermos não são muito numerosos – algumas caracteríticas físicas, o sexo, a cor...e mesmo aí, além 
do mais, nem tudo é inato. Ainda que não seja evidentemente o meio social que determina o sexo, é 
este, apesar de tudo, que determina o sentido dessa pertença: nascer rapariga em Cabul ou em Oslo não 
tem o mesmo significado, a jovem não vive a sua feminilidade (ou qualquer outro lemento da sua 
identidade) da mesma maneira... 
Tratando-se da cor, poder-se-ia formular um comentário similar. Nascer negro em Nova Iorque, em 
Lagos, em Pretória ou em Luanda, não tem a mesma significação, poder-se-ia dizer wue não se trata da 
mesma cor, do ponto de vista identitário. Para uma criança que vê a luz na Nigéria, o elemento mais 
determinante para a sua identidade não é o ser negro, mas o ser ioruba, por exemplo, em vez de haussa. 
Na África do Sul, ser negro ou branco continua a ser um elemento significativo da identidade; mas a 
pertença étnica – zulu, xhosa – é pelo menos igualmente importante. Nos Estados Unidos, descender de 
um antepassado ioruba em vez de haussa é perfeitamente indiferente; é sobretudo entre os brancos, 
ingleses, irlandeses e outros – que a origem étnica é detyerminante para a identidade. Por contraste, 
uma pessoa, uma pessoa que tivesse, entre os seus antepassados, brancos e negros seria apelidada 
“negra” nos Estados Unidos, enquanto na África do Sul seria considerada “mestiça”. 
Que razão leva a mestiçagem a ser tida em conta em certos países enão em outros? Porquê será a 
pertença étnica determinante em certas sociedades e não em outras? Poderíamos avançar, para cada 
caso, algumas explicações mais ou menos convincentes. Mas não é isso o que me preocupa nesta altura. 
Apenas mencionei estes exemplos para insistir no facto de que mesmo a cor e o sexo não são elementos 
“absolutos” da identidade....Com maior razão, todos os outros elementos s~ao ainda mais relativos. 
 
 
Amin Maalouf, As identidades Assassinas, 1999, pp.33-34. 
 
Em cada uma das questões seguintes, assinale com um círculo a alternativa de resposta – e só uma – 
que melhor corresponde ao sentido do texto. 
 
 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 10 
1. Segundo o texto: 
a. Todos os elementos da nossa identidadenascem connosco 
b. Muitos elementos da nossa identidade nascem connosco 
c. Nem todos os elementos da nossa identidade nascem connosco 
d. Nehum elemento da nossa identidade nasce connosco. 
 
2. Para o autor do texto: 
a. a importância das características físicas é determinada pelo meio social 
b. a importância das características físicas é indiferente ao meio social 
c. importância do meio social é condicionada pelas características físicas 
d. importância do meio social é indiferente às características físicas 
 
3. De acordo com o texto: 
a. as características fícas, o sexo e a cor são elementos absolutos da nossa identidade; 
b. as características fícas, o sexo e a cor são elementos inalteráveis da nossa identidade; 
c. as características fícas, o sexo e a cor são elementos exclusivos da nossa identidade; 
d. as características fícas, o sexo e a cor são elementos relativos da nossa identidade; 
 
4. A expressão “muitos livros já o afirmaram copiosamente” quer dizer que: 
a. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma extensa; 
b. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma repetida; 
c. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma reflectida; 
d. muitos livros já o afirmaram e explicaram de forma intermitente; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO C 
As Identidades Assassinas 
Sem pretender estudar em detalhe um fenómeno tão complexo como as relações entre os homens e as 
suas línguas, parece-me importante evocar, no quadro bem delimitado deste ensaio, certos aspectos que 
dizem especificamente respeito à noção de identidade, para constatar, desde logo, que em cada ser 
humano existe a necessidade de uma língua identitária. Esta é, por vezes, comum a centenas de milhões 
de indivíduos; outras vezes, a alguns milhares apenas. A este nível, apenas conta o sentimento de 
pertença. Cada um de nós tem necessidade deste laço identitário poderoso e reconfortante. 
Nada é mais perigoso do que tentar romper o cordão maternal que liga um homem à sua língua. 
Quando ele se rompe, ou quando fica seriamente enfraquecido, isso repercute-se desastrosamente sobre 
o conjunto da sua personalidade. O fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração 
ligada ainda mais à língua do que à religião. A França nunca tentou converter os muçulmanos da 
Argélia ao cristianismo, mas quis substituir a língua deles pela sua, de modo expedito, e sem lhes dar 
em troca uma verdadeira cidadania. Seja dito, a propósito, que nunca compreendi como um Estado que 
se diz laico pôde alguma vez atribuir a alguns dos seus elementos a classificação de “franceses 
muçulmanos” e privá-los de alguns dos seus direitos, pela simples razão de terem uma religião 
diferente da sua… 
Mas fecho rapidamente este parêntese, pois ele não passa de um exemplo trágico entre muitos outros. 
Faltar-me-ia o espaço, se quisesse descrever em detalhe tudo o que os homens têm de suportar, hoje 
ainda, e em todos os países, pela simples razão de se exprimirem numa língua que suscita à sua volta a 
desconfiança, o desprezo ou a troça. 
É essencial que o direito de todo o homem a conservar a sua língua identitária e a dela se servir 
livremente, seja claramente estabelecido, sem a menor ambiguidade, e que seja vigiado sem descanso. 
Essa liberdade parece-me mais importante ainda do que a liberdade da religião, pois esta última 
protege, por vezes, doutrinas hostis à liberdade e contrárias aos direitos fundamentais de homens e 
mulheres. Teria, quanto a mim, alguns escrúpulos em defender o direito de expressão daqueles que 
defendem a abolição das liberdades e propõem diversas doutrinas de ódio e de sujeição. Ao contrário, 
proclamar o direito de todo o homem a falar a sua língua não deveria suscitar qualquer hesitação desse 
tipo. 
Nem sempre esse direito é fácil de pôr em acção. Uma vez enunciado o princípio, fica por fazer o 
essencial. Será que todos podem reivindicar o direito de ir a uma repartição e aí falar a sua língua 
identitária, tendo a certeza de que o funcionário sentado por detrás do guichet os compreende? Será que 
 
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uma língua, que durante muito tempo foi oprimida, ou pelo menos negligenciada, pode legitimamente 
reafirmar o seu lugar à custa de outra, e com o risco de instaurar um outro tipo de discriminação? Não 
se trata aqui, evidentemente, de nos debruçarmos sobre os diferentes casos emblemáticos, do Paquistão 
ao Quebeque, e da Nigéria à Catalunha. Trata-se de entrar, com bom senso, numa era de liberdade e de 
diversidade serena, desembaraçando-nos das injustiças passadas sem as substituir por outras injustiças, 
por outras exclusões, reconhecendo, ao mesmo tempo, a cada um o direito de fazer coexistir, no seio da 
sua identidade, variadas pertenças linguísticas. 
Bem entendido, nem todas as línguas nasceram iguais. Mas direi acerca delas o que digo sobre as 
pessoas, a saber: que todas elas têm o mesmo direito ao respeito pela sua dignidade. Do ponto de vista 
da necessidade de identidade, a língua inglesa e a língua islandesa preenchem exactamente o mesmo 
papel: é quando se considera a outra função da língua, a de instrumento de troca, que elas deixam de ser 
iguais. 
Adaptado de Amin Maalouf in Identidades Assassinas 
 
1. De acordo com o texto, em cada ser humano existe a necessidade de uma língua identitária 
porque: 
A. a identidade é importante para o sentimento de pertença 
B. a identidade é, por vezes, comum a centenas de milhões de indivíduos; 
C. cada um de nós tem necessidade do laço identitário 
D. a língua é um intrumento poderoso e reconfortante. 
 
2. Quando o laço identitário se rompe, ou quando fica seriamente enfraquecido, a 
consequência imediata é que: 
A. o conjunto da personalidade repercute-se 
B. o conjunto da personalidade fica destruído 
C. o conjunto da personalidade é afectado 
D. o conjunto da personalidade renova-se 
 
3. Para o autor, o fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração ligada 
ainda mais à língua do que à religião porque: 
A. A França nunca tentou converter os muçulmanos da Argélia ao cristianismo 
B. A França substituiu a língua deles pela sua, de modo expedito 
C. A França trocou a sua verdadeira cidadania. 
 
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D. A França atribuiu a alguns dos seus elementos a classificação de “franceses 
muçulmanos” 
4. Segundo o texto, é essencial que o direito de todo o homem a conservar a sua língua 
identitária seja claramente estabelecido, porque 
A. o homem dela se servir livremente, sem a menor ambiguidade, 
B. a liberdade no uso da língua protege doutrinas hostis à liberdade 
C. proclamar o direito de todo o homem a falar a sua língua não deve suscitar qualquer 
hesitação 
D. nem sempre esse direito é fácil de pôrem acção. 
 
5. Numa de liberdade e de diversidade serena, torna-se importante: 
A. reconhecer a cada um o direito de fazer coexistir, 
B. reconhecer a pertença da sua identidade do indivíduo 
C. reconhecer as variadas pertenças linguísticas. 
D. Reconhecer a que língua é um direito inalienável 
 
6. Para o autor, nem todas as línguas nasceram iguais: 
A. mas todas elas têm o mesmo direito ao respeito pela sua dignidade 
B. todas elas expressam valores identitários 
C. todas elas preenchem exactamente o mesmo papel: 
D. todas as línguas são instrumentos de troca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO D 
A Cultura (As Culturas) – Entre a vaidade de Deus e e Reino das pedras 
 
Uma das marcas do século que agora termina consiste no zelo tantas vezes feroz com que certos grupos 
se erguem na defesa de uma retórica identitária. Em 1974, pôde-se estimar (Greely) que os conflitos 
étnicos provocaram a morte a 20 milhões de pessoas depois da II Guerra Mundial. Após essa data, este 
número, sem dúvida impreciso, aumentou de forma considerável, e isto, todos os dias. O que anima o 
discurso identitário fechado que serviu de base de sustentação a todos os regimes totalitários deste 
século é invariavelmente «uma ideia de morte». Está, assim, estabelecido o grau de pertinência 
simbólica que a identidade cultural possui para grande número de pessoas. Isto, mau grado as reservas 
praticamente unânimes que os cientistas sociais colocam quanto à sua pertinência empírica. 
Falam, sobretudo, de generalizações abusivas, associadas a essa memória semântica em que consistiria 
a identidade cultural cujo conteúdo tem um carácter muito mais instável do que aquilo que os puristas 
(e purificadores) pensam ou fazem crer que pensam. É certamente a este fenómeno, entre todos 
epistemologicamente impertinente e eticamente desconfortável que Denis Cuche se refere quando 
afirma: «A tendência para a mono-identificação, para a identidade exclusiva, conquista terreno em 
numerosas sociedades contemporâneas. A identidade colectiva é declinada no singular, de si para si 
próprio, quer para os outros.» 
Esta elaboração teórica identitária que, como já se referiu, teve (tem) neste século consequências 
sufocantes, assenta numa noção de cultura-identidade rígida, ossificada, que, mau grado as suas 
diversas tonalidades, é geralmente por relativismo cultural. Na verdade, o que se verifica é que o 
percurso do que chamamos relativismo cultural não se revelou ele próprio unilinear, já que oscilou 
entre o relativismo aberto, assente na noção de equivalência, e o fechado que supõe a singularidade 
intransponível das culturas. 
Neste tecido inextricável de posições teóricas, talvez seja oportuno lembrar que, na sua origem, o 
relativismo cultural foi uma noção elaborada pelos antropólogos sociais que procuravam dar uma base 
de sustentação à tolerância, aos valores que irrigam as diversas culturas. Foi constituída pelo 
antropólogo americano Franz Boas e consistia no reconhecimento da pluralidade das sociedades 
humanas por oposição à natureza única da «civilização». O seu carácter inovador traduziu-se no facto 
de o relativismo se opor à teoria do evolucionismo unilinear da cultura que se tinha imposto na segunda 
metade do século XIX e que servia de apoio ao desprezo pelos povos chamados primitivos, 
considerados atrasados. 
 
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No entanto, terminada a II Guerra Mundial e com o movimento de independência das colónias, essa 
dinâmica política provocou uma alteração na designação dessas sociedades até então tidas como 
primitivas, passando a ser conhecidas por subdesenvolvidas ou, através de um eufemismo, por «em vias 
de desenvolvimento», o que inculca a ideia da necessidade de uma cooperação entre os países 
desenvolvidos e aqueles «em via» de desenvolvimento. Perante esta circunstância, a noção de 
relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise já que dificultava, para não dizer que 
tornava impossível, essa cooperação. 
 
Fernando Gandra in A Noção de Cultura nas Ciências Sociais 
 
 
1. O texto aborda o seguinte tema: 
A. Os conflitos étnicos 
B. O relativismo cultural 
C. A identidade 
D. A civilização 
 
2. De acordo com o texto, os conflitos étnicos são uma forma usada pelos grupos para: 
A. promover a sua retórica identitária 
B. promover um discurso identitário fechado 
C. promover um regime totalitário 
D. promover a identidade cultural 
 
3. A pertinência simbólica que a identidade cultural possui é determinada por: 
A. um discurso identitário fechado 
B. todos os regimes totalitários 
C. uma «ideia de morte» 
D. pelo relativismo cultural 
 
4. A afirmação de Denis Cuche no texto refere-se a: 
A. o carácter muito instável da identidade cultural 
B. as genrealizações abusivas 
C. a identidade colectiva 
D. a identidade exclusiva 
 
 
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5. A elaboração teórica identitária de Denis Cuche assenta na noção de : 
A. relativismo cultural 
B. relativismo aberto 
C. relativismo fechado 
D. equivalência 
 
6. Na sua origem, o relativismo cultural foi uma noção elaborada: 
A. por antropólogos sociais 
B. pelo antropólogo americano Franz Boas 
C. pelo evolucionismo 
D. por sociólogos 
 
7. O carácter inovador do relativismo cultural tem a ver com o facto de: 
A. haver reconhecimento da pluralidade das sociedades humanas 
B. ele se opor à teoria do evolucionismo unilinear da cultura 
C. haver uma visão mais abrangente dos povos primitivos 
D. a teoria do evolucionismo se opor ao relativismo cultural 
 
8. A noção de relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise porque: 
A. houve uma alteração na designação dessas sociedades primitivas 
B. houve necessidade de uma cooperação entre os países no mundo 
C. A noção era bastante aberta e não permitia manipulações flexíveis 
D. O fim da II Guerra Mundial precipitou a revisão dos conceitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO E 
Todos estamos conscientes dos equívocos que derivam de, tendo culturas diferentes, falarmos a mesma 
língua. Estes equívocos resultam sobretudo do facto de, sendo as palavras as mesmas, um certo nível do 
seu conteúdo semântico eventualmente aquele que os dicionários não registam – ser muito diferente. 
A língua é, como se sabe, uma parte da cultura. O seu contexto integra muitos outros sistemas 
simbólicos –sistemas de observaçãodo mundo, sistemas de avaliação das coisas, sistemas de 
construção de inferências. Estando sempre implícitos nos actos de falar (e de escrever), não fazem 
parte dos processos de aprendizagem de uma língua estrangeira nem se transmitem integralmente 
quando uma língua é exportada para outra cultura como língua corrente ou veicular. 
Quando uma língua é recebida de fora, ela é integrada num outro universo simbólico. Nesta medida, as 
suas palavras ganham sentidos novos, muitas vezes tão inefáveis, indirectos e subtis que nem sequer 
são registados nos melhores dicionários. Articulando as mesmas palavras, os interlocutores dizem, de 
facto, coisas diferentes. Por vezes a língua originária nem sequer resiste, na morfologia das das suas 
palavras, à força deste novo contexto comunicacional. Nesse caso, surgem, por exemplo, os crioulos, 
que articulam de forma completamente autónoma o sentido (semântica) com a forma (fonética, sintaxe) 
Salvo neste caso, em que as diferenças linguísticas já são patentes, o mais grave deste diálogo frustrado 
numa mesma língua é que o desentendimento não é aparente. Aparentemente está-se falando do 
mesmo. Mas, de facto, cada um está a falar de coisas diferentes. 
No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, as fórmulas diplomáticas, filhas ou da 
boa vontade ou de interesses menos bonitos, encobrem este facto da incomunicação com a retórica da 
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá. A língua comum suporta um discurso de 
fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns. Quando chegamos aos interesses, 
claramente vemos que eles não são tão comuns como isso, como é natural e inevitável. 
Por isso é que parece que uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise 
rigorosa das especificidades. Das especificidades das culturas (que frequentemente nem sequer 
correspondem, ponto por ponto, aos Estados envolvidos, já que há Estados multiculturais), das 
especificidades das políticas linguísticas quanto à cultura veicular, da especificidade dos interesses 
subjacentes. 
Só do reconhecimento dos particularismos da posição de cada uma das partes pode surgir uma 
estratégia linguística e cultural convergente (ou apenas parcialmente convergente) que seja plural e 
franca. 
 
 
 
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1. De acordo com o texto, a língua é uma parte da cultura porque: 
a. O contexto da língua integra outros sistemas simbólicos 
b. O contexto da língua integra sistemas de observação 
c. O contexto da língua integra sistemas de construção de inferências 
d. O contexto da língua integra sistemas de avaliação das coisas 
 
2. Quando uma língua é recebida de fora: 
a. as suas palavras ganham sentidos novos 
b. ela adapta-se ao novo contexto comunicacional 
c. surgem os crioulos, que articulam de forma completamente autónoma 
d. surgem grandes diferenças linguísticas 
 
3. No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, com base na retórica da 
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá: 
a. as fórmulas diplomáticas encobrem a incomunicação 
b. o discurso de fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns e 
suportado por uma língua 
c. uma língua que respondera aos interesses de índole diversa 
d. uma língua de comunicação intercultural para toddos os falantes 
 
4. Uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise rigorosa: 
a. das especificidades linguistico-culturais 
b. das especificidades culturais 
c. das especificidades linguísticas 
d. das especificidades dos interesses subjacentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEXTO F 
Até onde pode ir a tolerância? 
No mundo de incerteza que é o nosso, perdeu-se colectivamente a noção de absoluto. Tudo se equivale, 
desde que seja um sujeito “falante” que o diz. Escuta-se com a mesma atenção o enunciado estudado, 
meditado, experimentado e a opinião nascida no momento sem que nada a alicerce. Esta atitude, 
aparentemente cheia de respeito pelo outro, conduz na prática à própria negação do respeito. “Tanto 
faz” o que o outro diz, já que tem o direito de pensar e dizer o que quiser. É a suprema indiferença 
perante o bem do outro. É o desprezo consentido da sua dignidade de pessoa. É o esquecimento de que 
o outro não é “coisa” mas devir, projecto, sujeito histórico. E a quem, por essa mesma dignidade, me 
cabe contrapor o que julgo estar mais perto da “verdade”. 
É a este outro comportamento que não nega nem se nega que se chama “diálogo”, etimologicamente 
“conhecimento através de”. É um processo vivo, caloroso, em que o pensamento e a emoção se 
confundem e mutuamente se estimulam. É o oposto da prática do consenso – que, muitas vezes, nem 
bom senso é! – e que tudo reduz a um menor denominador comum. Por essa vala comum onde se 
enterram valores têm desaparecido grupos e ideias, projectos sociais e propostas políticas. 
A tendência para uma tolerância “total” é muitas vezes na sua raiz uma dramática incapacidade de 
admirar, de “olhar para”, e, no termo, de escolher e de amar o que a razão aponta como mais certo, 
mais nobre, mais verdadeiro. Não são apenas as ideias ou as pessoas que são portadoras de uma 
qualidade capaz de inovar e de trazer novos valores à sociedade que são, delicadamente é certo, 
empurradas para as margens. 
(Porque a máquina, essa, interpessoal ou institucional, continua entregue ao jogo subtil da tolerância 
que ergue em “verdade” o concerto das opiniões.) Outro processo mais grave tem paradoxalmente 
lugar: aquele que “tolera” raramente se entrega, se abre a quem só “tolera”. É, no plano social e 
político, a mera “coexistência pacífica”, uma máscara exterior a esconder os antagonismos e as reais 
incapacidades de coexistência. No plano pessoal, é uma confiança ( ou apenas uma táctica, não isenta 
de um certo grau de cinismo) em que o tempo tudo resolverá... 
Quando vejo a tolerância nesta sua forma primária, agindo ao nível político, sinto-me perante um 
travão impedindo perversamente o que deve ser o próprio cerne da vida política: o conhecimento e a 
invenção de regras próprias da ciência política para as aplicar à acção política no seu inexorável e 
exigente quotidiano. Porquê então tanta tolerância que impede essa acção e estrangula o que é evidente 
e, por isso, inovador? Como nas relações interpessoais ou num pequeno grupo, também aquele que 
cultiva – sem dúvida com virtude e esforço – a tolerância tem um grande desejo, talvez inconsciente, 
 
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mas que a sua atitude vai estrategizando: como o explicou há muito tempo Serge Moscovici, o que ele 
verdadeiramente quer é ser amado, muito amado, por todos, sejam eles quem forem. Não quer 
conflitos: vê neles não a expressãoda vitalidade do real mas uma situação que o vai talvez tornar 
menos amado por alguns. Daí a sua ambivalência: aos olhos dos que tolera, ama cada um e o seu 
contrário. O seu comportamento pode ser racionalizado, explicado até por razões altruístas, mas a sua 
sede de ser tolerante pode torná-lo intolerante face às normas que quer defender, face mesmo aos 
valores que julga serem os motores da sua vida e da sua acção. Numa análise da multiplicidade 
identitária em qualquer sociedade ( ou grupo), Alain Touraine põe claramente os limites da tolerância: 
“A procura da tolerância não é aceitável senão quando é acompanhada pela rejeição do intolerável”. 
A tolerância não se esgota na denúncia que acabo de fazer. Ela tem uma “face luminosa” e “lugares” 
próprios no corpo social. Em primeiríssimo lugar, a escuta daqueles cuja actividade é guiada pela ética 
freudiana que Lou Andreas-Salomé descreve, “como a de um aquiescer escrupuloso, uma consciência 
delicada do próprio Freud face a toda a realidade, por mais contraditória, insignificante ou incómoda 
que fosse”. Em segundo lugar, uma grande questão filosófica e espiritual que é quase insolúvel e que a 
vida inteira não chega para aprofundar. É o que Jankélévitch, reconhecendo que ele “implica o 
sentimento de uma contradição irracional e quase absoluta”, chamou “o mistério do absoluto plural”. 
Só nesse absoluto, a tolerância é expressão do respeito pela dignidade do outro e via de harmonia 
social. 
 
Maria de Lourdes Pintasilgo, in VISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 21 
1. De acordo com o autor do texto, no mundo actual perdeu-se a noção do absoluto 
porque: 
A. é um mundo de incertezas 
B. todos os enunciados são escutados com a mesma atenção 
C. tudo o que as pessoas dizem se equivale 
D. tudo o que as pessoas dizem é válido 
 
2. Para o autor do texto, do ponto de vista social e político, a tolerância pode 
significar: 
A. uma máquina institucional 
B. uma coexistência pacífica 
C. uma máscara exterior para esconder os antagonismos e as reais 
incapacidades de coexistência 
D. uma confiança 
 
3. A tendência para a tolerância total é muitas vezes uma dramática incapacidade de 
adimirar porque: 
A. não são apenas as ideias ou as pessoas que são portadoras de uma 
qualidade capaz de inovar e de trazer novos valores à sociedade 
B. de escolher e de amar o que a razão aponta como mais certo, mais nobre, 
mais verdadeiro 
C. a tolerância é, na sua essência um diálogo 
D. a tolerância suporta o valor digno da humanidade 
 
4. De acordo com o autor do texto, a tolerância pode de forma perversa constituir o 
cerne da vida política, o qual consiste: 
A. no conhecimento e a invenção de regras próprias da ciência política para 
as aplicar à acção política no seu inexorável e exigente quotidiano 
B. na tolerância que impede essa acção e estrangula o que é evidente e, por 
isso, inovador 
C. nas relações interpessoais ou num pequeno grupo 
D. no facto de a tolerância ter um grande desejo 
 
 
 
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TEXTO G 
Maputo 
É Maputo singular a muitos títulos e por alguma razão muita gente que visita fica surpreendida ou 
mesmo deslumbrada, com a paisagem da cidade. Bastam apenas uns dias para se ficar cativo da terra e 
da vida. Qualquer sortilégio se exerce nas almas porque o ambiente envolve os espíritos e as pessoas 
gostam de estar. Os moradores sabem há muito que é assim e dizem que a água do Umbelúzi tem 
feitiço. Talvez o fascínio da cidade venha ter sido amorosamente erguido. Ainda hoje ela nos surge 
quase de surpresa e de repente no fim do mato, numa enxurrada de oficinas, guindastes, navios e longas 
centopeias de vagões vazios atulhados, quando se chega de comboio; ou no fim do mar, escondida na 
pequena baixa à beira-rio, com o colorido, desenho e a graça duma construção imaginosa de pequenos 
blocos a encaixar, com que tivessem estado crianças a entreter-se de fantasia entre árvores e flores. Mas 
também se atinge a cidade serpenteando as fitas extensas das estradas, de Oeste, do Sul e do Norte, 
passando mato, vilórias, casas isoladas com patrulhas da Civilização avançando, até se desembarcar na 
confusão dos arrabaldes. Mas o comum e corrente é pousar do ar, suavemente, em Mavalane. 
 É saborosa e espectacular, à chegada, uma volta pelo ar. Convergem de longe rios que se perdem no 
horizonte, e a terra cobre-se toda, pelo Norte, gradualmente, de verrugas, que se adensam como bexigas 
negras, a revesti-la de um tecido grosso e rugoso sob o imenso cajual. Dum lado é o cais pejado de 
navios, armazéns e mercadorias a granel, lanças de guindastes a funcionar dia e noite como espadas de 
combate, filas de vagões em madeixas de linhas que se estendem pela terra fora, ao longo da água, tudo 
a negro, cinzento, ferrugens e prata. Do outro são os grandes blocos comerciais da baixa depois a 
heterogénea paisagem das zonas industriais da confusão das fábricas, oficinas e armazéns que se 
preparam para dar a volta ao estuário porque já não cabem na orla marítima ao fundo onde fumegam 
chaminés de grandes fábricas. 
 Outra surpresa é a noite que envolve a cidade num carnaval de cor. Do ar, à noite, a cidade é um 
arraial feérico e festivo e certas ruas largas e extensas parecem longas pistas iluminadas à espera de 
aterrar o nosso avião. Mais viva ainda é a toalha que cobre extensamente o cais, as linhas férreas e as 
fábricas, numa densa claridade de dia artificial para o trabalho não parar a noite fora. Onde ainda 
existem reminiscências antigas é na larga cintura negra que do ar parece, de noite, um grande 
acampamento improvisado semeado de pequenas fogueiras vermelhas nos quintais. 
 
 
Alexandre Lobato In Boletim Municipal nº 3, 1971 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 23 
 
1. De acordo com o texto, muita gente que visita a cidade de Maputo fica surpreendida e 
mesmo deslumbrada porque: 
A. Maputo é uma cidade bela 
B. Maputo é uma cidade singular 
C. Maputo tem belas paisagens 
D. Maputo tem um bom ambiente 
 
2. O autor refere que qualquer sortilégio se exerce nas almas porque: 
A. O ambiente é envolvente 
B. As pessoas gostam de viver em Maputo 
C. Maputo é uma cidade singular 
D. As paisagens são belas 
 
3. “Talvez o fascínio da cidade venha ter sido amorosamente construído”. A expressão 
significa que: 
A. O ambiente de Maputo foi amorosamente construído 
B. A beleza de Maputo foi amorosamente construída 
C. A atracção de Maputo foi amorosamente construída 
D. As ruas de Maputo foi amorosamente construídas 
 
4. É mais comum e o corrente pousar do ar, suavemente, em Mavalane porque: 
A. É saborosa e espectacular, à chegada, uma volta pelo ar. 
B. De longe convergem rios que se perdem no horizonteC. É possível entreter-se de fantasia entre árvores e flores 
D. Se atinge a cidade serpenteando fitas de longas estradas 
 
5. À noite que envolve a cidade é uma surpresa porque: 
A. do ar, à noite a cidade é um arraial feérico e festivo 
B. a cidade, à noite, é movimentada 
C. o ambiente de Maputo, à noite, é óptimo 
D. a beleza de Maputo, à noite, é fascinante 
 
 
 
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TEXTO H 
A necessidade do cepticismo político 
Uma das peculiaridades do mundo de língua inglesa é o seu imenso interesse e crença nos partidos 
políticos. Uma grande percentagem de gente que fala inglês acredita realmente que os males de que 
sofre seriam curados se estivesse no poder determinado partido político. Há um motivo para o pêndulo 
oscilar. Um homem vota num partido e continua infeliz; conclui, assim, que o outro partido é que lhe 
daria a superioridade. Quando afinal se desencanta de todos os partidos, já é um velho com o pé na 
cova; os filhos retêm a crença da juventude, e o erro continua. 
 
Desejo sugerir que, para obtermos algum resultado em política, devemos encarar as questões de 
maneira totalmente diferente. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder deve fazer um 
apelo ao qual responde a maioria da nação. É difícil que não seja nocivo, na democracia existente, um 
apelo de amplo êxito. Portanto, não é provável que nenhum partido político tenha um programa útil, e, 
para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra organização diferente 
do governo partidário. Um dos problemas mais urgentes da nossa época é combinar essa organização 
com a democracia. 
 
Há actualmente dois tipos muito diferentes de especialistas em questões políticas. De um lado, os 
políticos práticos de todos os partidos; do outro, os peritos, principalmente os funcionários públicos, 
mas também os economistas, financeiros, cientistas, médicos, etc. Cada grupo possui um género de 
habilidade. A do político consiste em adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu 
partido; a habilidade do perito consiste em calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa 
convencer o povo. (Esta condição é essencial, porque as providências que provocam ressentimentos 
sérios raramente são vantajosas, por mais méritos que possam ter noutro plano). O poder do político, 
numa democracia, depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam correctas ao cidadão comum. 
É inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas para advogar o que a opinião 
esclarecida considerasse bom, porque se o fizessem seriam varridos do caminho. Além disso, a 
habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer capacidade na 
formação das suas próprias opiniões, de modo que muitos dos mais capazes (do ponto de vista político-
partidário) estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a maioria acha boas, 
mas que os peritos sabem ser más. Portanto, é inútil exortar os políticos a procederem 
desinteressadamente, excepto na forma mais crua de se absterem do suborno. 
 
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Onde quer que exista a política partidária, o político recorre primariamente a um sector da opinião 
pública, enquanto os seus adversários se dirigem ao sector oposto. O seu sucesso depende da 
transformação do seu sector em maioria. Uma medida que interessa igualmente a todos os sectores, será 
presumivelmente terreno comum a todos os partidos e, portanto, de nada servirá o político. 
Consequentemente, ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o 
núcleo dos adeptos do adversário. Além disso, por mais admirável que seja uma providência, será inútil 
ao político, a menos que lhe possa dar razões que, expostas num discurso, pareçam convincentes para o 
homem comum. Temos assim duas condições que devem ser preenchidas pelas medidas que os 
políticos mais realçam: (1) devem parecer favoráveis a um sector do país; (2) os argumentos a seu favor 
devem ser da maior simplicidade. Naturalmente, isto não se aplica em tempo de guerra, porque então o 
conflito partidário suspende-se em favor do embate com o inimigo exterior. Na guerra, as artes do 
político são aplicadas aos neutros, que correspondem ao eleitor hesitante da política normal. A última 
guerra demonstrou que, como seria de esperar, a democracia constitui um treino admirável para a tarefa 
de apelar para os neutros. Foi essa uma das razões principais da democracia ter ganho a guerra. É 
verdade que perdeu a paz; mas isso já é outra questão. 
 
A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade 
despertar, e como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na 
política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham; o homem que visar objectivos mais 
nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos ( principalmente revoluções ) em que o 
idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os 
políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que tenham a sorte de 
uni-la numa guerra contra outra nação. Vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. Não 
podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não acarrete divisão ( seja entre 
nações seja ao nível nacional), ao que reduza o poder dos políticos como classe. 
 
O perito é um tipo curiosamente diferente. Via de regra, é um indivíduo que não almeja o poder 
político. A sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de 
perguntar se seria popular. Em certos campos, possui excelente conhecimento técnico. Se for 
funcionário público ou chefe duma grande empresa, tem considerável experiência dos cidadãos, e pode 
ser um juiz arguto das suas acções. Tudo isto são circunstâncias favoráveis, que conferem peso à sua 
opinião sobre o assunto. 
 
 
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Todavia, ele apresenta em geral defeitos correlativos. Como o seu saber é especializado, sobrestima 
provavelmente a importância da sua profissão. Se formos sucessivamente a um cirurgião-dentista, a um 
oftalmologista, a um cardiologista, a um tisiólogo, a um neurologista, e assim por diante, cada um dará 
conselhos admiráveis sobre a maneira de evitar as doenças das suas especialidades. E se seguirmos os 
conselhos de todos, verificaremos que as vinte e quatro horas do dia serão poucas para conservar a 
saúde, não nos sobrando tempo para gozarmos a mesma. Isto aplica-se facilmente aos peritos em 
política; se todos os seus conselhos fossem seguidos, a nação não teria tempo para a vida normal. 
 
Bertrand Russel 
 
1. Segundo o texto, o interesse e a crença do mundo inglês nos partidos políticos justifica-se 
pelo factode: 
A. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente nos partidos políticos 
B. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os partidos 
políticos resolvem os problemas 
C. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas 
seriam resolvidos com um outro partido político no poder 
D. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas 
seriam resolvidos com um determinado partido político no poder 
 
2. De acordo com o texto, encarar as questões de maneira totalmente diferentes em política, é 
importante para: 
A. obter um bom resultado em política 
B. ganhar a simpatia do maioria da nação 
C. o partido galgar o poder 
D. aprofundar a democracia 
 
3. No texto podemos encontrar uma referência à dois tipos de especialistas em questões 
políticas. Aqueles cujo o poder depende da percepção comum do cidadão são: 
A. políticos práticos 
B. peritos 
 
C. médicos 
D. C.funcionários públicos 
 
 
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4. De acordo com o texto, a habilidade do político consiste em: 
A. adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu partido 
B. calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa convencer o povo 
C. saber que paixões pode com maior facilidade despertar, e como evitar, quando que 
sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados 
D. indagar se a atitude seria benéfica, em vez de perguntar se seria popular 
 
5. O autor do texto considera que, é inútil exortar os políticos a procederem 
desinteressadamente, excepto na forma mais crua de se absterem do suborno porque: 
A. é inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas 
B. o poder político numa democracia depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam 
correctas ao cidadão comum 
C. a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica 
qualquer capacidade na formação das suas próprias opiniões 
D. muitos políticos estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que 
a maioria acha boas, mas que os peritos sabem ser más. 
 
6. De acordo com o texto, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública, 
porque: 
A. o seu sucesso depende da transformação do seu sector em maioria. 
B. ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo 
dos adeptos do adversário. 
C. os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade. 
D. a habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior 
facilidade despertar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. No texto, a expressão “na política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham 
quer dizer: 
A. que o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros 
momentos em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão 
interesseira. 
B. que os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que 
tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação. 
C. que os políticos vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. 
D. que os políticos não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao 
que não acarrete divisão 
 
8. O perito é um tipo curiosamente diferente porque: 
A. é um indivíduo que não almeja o poder político. 
B. a sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de 
perguntar se seria popular. 
C. possui excelente conhecimento técnico. 
D. tem considerável experiência dos cidadãos, 
 
9. De acordo com o texto, um dos defeitos correlativos do perito é: 
A. saber de mais os assuntos da sua especialidade 
B. sobrestimar a importância da sua profissão. 
C. Conhecer as arte da política 
D. Analisar os factos com base no conhecimento que possui 
 
10. “....o para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra 
organização diferente do governo partidário”. O que está sublinhado pode ser substituído 
por: 
A. necessidades 
B. medidas 
C. cautelas 
D. acções 
 
 
 
 
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TEXTO I 
 
A Filosofia, enquanto sistema de ideias, visão do mundo, formou-se na sociedade de escravidão. O 
regime comunitário-primitivo só assinalou a gestação do pensamento filosófico. Os homens da 
sociedade primitiva, ainda sem noções científicas da estrutura do organismo humano, das causas da 
morte, dos sonhos, etc., concluíram que os pensamentos e as sensações provêm de um princípio 
particular – a alma que está no corpo e que o abandona depois da morte. F. Engels escreveu a este 
respeito: “Como qualquer religião, a questão suprema da filosofia, a questão da relação entre o 
pensamento e o ser, o espírito e a natureza, mergulha as suas raízes nas concepções limitadas e incultas 
dos homens da época de selvajaria”. 
 
Portanto, as opiniões idealistas tal como as religiosas baseiam-se no conceito de que o pensamento, 
a ideia, existem independentemente da matéria. A primeira forma primitiva da visão do mundo foi a 
religião resultante da incapacidade do homem selvagem de se opor à natureza, do receio perante as 
forças misteriosas e espontâneas. O homem primitivo tinha uma ideia deturpada sobre as suas relações 
com a natureza e expressava a sua rendição sob a forma de imagens fantasmagóricas, produtos da 
imaginação. 
 
A divisão da sociedade em classes, em escravos e seus senhores, incentivou as concepções 
idealistas e religiosas, pois à dependência do homem das forças da natureza somou-se a das forças 
espontâneas sociais, cuja pressão não era menor que a das primeiras. No entanto, as primeiras 
concepções do mundo realistas e ingénuas apareceram e formaram-se já sob o regime comunitário-
primitivo. A vida quotidiana e as suas experiências, o trabalho e o desejo de conhecer a realidade 
contribuíram para a formação da ideia sobre a existência objectiva do mundo, embora sob uma forma 
ingénua. O homem via quer fora e independentemente dele existem objectivamente outros indivíduos, 
animais, plantas, etc. Assim, formavam-se as suas opiniões materialistas, ingénuas e empíricas, assim 
como os elementos de uma visão do mundo materialista e espontânea. 
 
Na consciência do homem selvagem colidiam tendências materialistas empíricas relacionadas 
intimamente com o trabalho e a prática, e idealistas e religiosas que reflectiam a rendição do homem no 
seu conflito com a natureza. O materialismo e o idealismo, como sistemas filosóficos mais ou menos 
inteiros, constituem-se nas sociedades escravistas. À medida que estas sociedades se desenvolvem,e 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 30 
com a separação do trabalho manual do intelectual, com o aparecimento do Estado, modificam-se 
também as concepções do homem. Os deuses, outrora símbolos das forças da natureza, adquirem 
atributos sociais, personificando as forças sociais, tão enigmáticas e incompreensíveis como as da 
natureza.. Elaboraram-se doutrinas teológicas que deificam os soberanos e a aristocracia, exaltam o 
regime da escravatura. Aparecem sistemas teóricos que interpretam o mundo como materialização da 
“vontade divina”, apregoam a criação do mundo por deuses, a fragilidade da existência e a imortalidade 
da alma. Simultaneamente, o desenvolvimento das forças produtivas – da agricultura, da irrigação, da 
construção – na Antiguidade Oriental e o aparecimento de novas produções contribuem para a 
acumulação e sistematização dos conhecimentos na matemática, astronomia, mecânica, química e 
tecnologia dos materiais. Ao mesmo tempo que se colhem estes conhecimentos científicos 
embrionários, formam-se as concepções materialistas do mundo. 
 
O desenvolvimento da concepção materialista do mundo sincroniza-se com a luta das forças 
avançadas da sociedade escravista favoráveis ao progresso das indústrias, do comércio e dos 
conhecimentos científicos, contra o domínio político e económico dos clãs da aristocracia conservadora 
tribal interessada na estagnação da vida social. 
Na sua luta contra o materialismo, a aristocracia reaccionária escravista começa a elaborar as 
concepções idealistas e a fortalecer ideologicamente a religião com o intuito de as opor à interpretação 
materialista dos processos que ocorrem no mundo. Ora, desde o seu aparecimento, o materialismo e o 
idealismo travam uma luta inexorável e constante. 
 
 
V. Krapivine, in Que é o Materialismo Dialéctico 
 
 
1. A tese defendida no texto é a de que 
a. a filosofia formou-se na escravidão. 
b. as opiniões idealistas baseiam-se no conceito de que o pensamento, a ideia, existem 
independentemente da matéria. 
c. O materialismo e o idealismo, como sistemas filosóficos mais ou menos inteiros, 
constituem-se nas sociedades escravistas. 
d. o materialismo e o idealismo travam uma luta inexorável e constante. 
 
 
 
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Manual de Portugues; da Teoria à Pratica – 2007 Elaborado Por : Dr. Carlito Companhia 31 
 
2. Para o autor a primeira forma primitiva da visão do mundo foi a religião. Isso 
significa que 
a. a religião foi a primeira forma de visão do mundo 
b. a religião foi a forma mais antiga de visão do mundo 
c. a religião foi a forma primária de visão do mundo 
d. a religião foi a forma mais ultrapassada de visão do mundo 
 
3. O desenvolvimento da concepção materialista do mundo foi o resultado da 
a. da modificação das concepções do homem 
b. da elaboração de novas doutrinas teológicas 
c. da luta das forças avançadas da sociedade escravista 
d. do fortalecimento das ideologias religiosas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. ESTRUTURA DA LÍNGUA - MORFOLOGIA 
2.1. Introdução 
Nesta unidade, o objectivo principal é de apresentar algumas ferramentas teóricas no domínio 
da Morfologia - estudo da estrutura e formação das palavras. Assim, propomo-nos a equipar os 
candidatos com conhecimentos sobre as classes de palavras e suas especificidades bem como sobre os 
processos de formação de palavras. 
 
2.2. Classes das palavras 
Uma língua é constituída de um conjunto infinito de frases. Cada uma delas possui uma face 
sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face significativa, que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, 
por sua vez, pode ser dividida em unidades menores de som e significado. 
As palavras em dois grandes grupos conhecidos como o grupo dos morfemas lexicais e o grupo 
dos morfemas gramaticais. O grupo dos morfemas lexicais é constituído pelos substantivos (nomes), 
adjectivos, verbos e advérbios. Por sua vez, o grupo dos morfemas gramaticais é formado pelos artigos, 
pronomes, numerais, os determinantes, as preposições, as conjunções e os demais advérbios. Exemplo: 
 
 Ela pronome come verbo depressa advérbio o determinante bolo nome quente adjectivo porque conjunção está 
verbo com preposição fome nome 
 
 
2.2.1 O Artigo 
 
O artigo definido 
 SUAS FORMAS 
 Singular Plural 
Masculino.......................................................o os 
Feminino.........................................................a as 
 
 
 
 
 
 
 
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O artigo definido português contrai-se com as preposições a, de, em, e por, dando lugar às seguintes 
formas: 
 
 
 
SINGULAR 
 Masculino Feminino 
Com a..............................................................ao à 
Com de............................................................do da 
Com em...........................................................no na 
Com por...........................................................pelo pela 
 
 
 PLURAL 
Masculino Feminino 
Com a..............................................................aos às 
Com de............................................................dos das 
Com em...........................................................nos nas 
Com por...........................................................pelos pelas 
 
 
O artigo indefinido 
 SUAS FORMAS 
 Singular Plural 
Masculino....................................................um uns 
Feminino.....................................................uma uma 
 
Exemplo: 
Um garoto 
Uma cobra 
Uns doidos 
Umas fitas 
 
 
 
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Contracções 
O artigo indefinido português contrai-se com as preposições de e em, dando lugar às seguintes 
formas: 
 SINGULAR 
 Masculino Plural 
Com de........................................................dum duma 
Com em.......................................................num numa 
 
 
PLURAL 
 Masculino Plural 
Com de........................................................duns

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