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A VIAGEM. ROTEIRO PARA ESTUDO E SÍNTESE DAS AULAS

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O AMOR, obra do artista nova-iorquino KEITH HARING (1958-1990)
O amor é como uma grande festa em que cada um dança do seu jeito uma música comum a todos. O desenho ajuda a avaliar e reconhecer a dimensão amorosa da filosofia e seu desdobramento nas diversas filosofias. 
A VIAGEM
1ª ESTAÇÃO
(Ou Filosofia Geral e Jurídica - Primeiras Aulas)
2018.1
Profa. Maria das Neves Franca
A VIAGEM - I ESTAÇÃO
(Ou Filosofia Geral e Jurídica – Primeiras aulas)
Prof.ª' Ms. Maria das Neves Franca - 2018.1
A filosofia é realmente uma viagem, como dizem alguns. Uma viagem por entre as veredas da existência humana e de tudo que dela, nela e com ela se pensa, se diz e se faz, como por exemplo, o Direito. Uma viagem que se cumpre vagarosa e pacientemente, sem pressa para alcançar um destino e sem expectativa de um final feliz, porque a felicidade da viagem da filosofia consiste no viajar, no estar sempre a caminho. Na jornada, às vezes, ocorre um cruzamento e, nele, se dá o encontro com outros viajantes, dispostos a uma conversa. É a ocasião para se trocar as experiências da viagem e se acolher as experiências do outro. Mas, não para se instalar ali, e sim, para firmar o próprio itinerário. Isso ê que é importante. A conversa, na viagem da filosofia, como nos diz Heidegger, “nem considera as oposições, nem tolera os acordos condescendentes”. A conduta do viajante deve ser, como nos diz ainda o velho pensador da Floresta Negra , de serenidade; na serenidade não cabe nem excomunhão nem exaltação, mas acolhida, um deixar-se envolver de modo mais profundo com as coisas.
Concordo com Michel Onfray, quando diz que não há nada pior do que o “funcionário do saber”, aquele professor que tem obsessão pelo programa oficial, que obedece rigorosamente os manuais, oferecem instruções e informações, ou aquele aluno que contabiliza seu saber em notas, digere e memoriza livros e conteúdos como se fossem páginas de um catálogo telefônico. Esses desastres escolares não se permitem pensar. Não se desviam um milímetro da ordem obrigatória e tradicional e, alheios completamente à vida, que pulsa dentro e fora da sala de aula, acabam sucumbindo no primeiro embate com o inesperado, com as adversidades, com os problemas, com os fracassos, com as dores, as perdas, as ausências, experiências que fazem parte da existência humana e que, como tal, têm também sua importância, um sentido ético e pedagógico. Penso que no pouco tempo em que estaremos juntos, a filosofia deve
abrir uma fresta, uma fenda, através da qual, como diz ainda Onfray, os alunos possam ensaiar movimentos prazerosos de ida e vinda entre a vida e os pensamentos filosóficos. 
Profa. Ms. Maria das Neves Franca
A VIAGEM - I ESTAÇÃO
(Ou Filosofia Geral e Jurídica – Primeira Semana)
Prof.ª' Ms. Maria das Neves Franca - 2018.1
ATENÇÃO: TEXTOS, NOTAS E APOSTILAS NÃO SUBSTITUEM OS LIVROS! COM BASE NOS ASSUNTOS ABORDADOS EM SALA DE AULA, CONSULTEM A BIBLIOGRAFIA INDICADA.
ROTEIRO/SINTESE PARA ESTUDO 
O roteiro a seguir orientará vocês sobre os acontecimentos em sala de aula e os conteúdos abordados nessas primeiras semanas:
1. Introdução: Apresentação e Informações gerais. Modos e Critérios de avaliação. Exposição do Plano de Curso e do Conteúdo Programático. Alargamento da bibliografia com sugestões de obras de literatura , filosofia geral e jurídica. 
TRABALHO RECOMENDADO: Elaborar um texto crítico argumentativo sobre a recente aprovação pela Polônia de polêmica lei que impede vincular o país aos crimes do Holocausto. Ler a notícia publicada em 1º. de fevereiro de 2018, no jornal El País:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/01/internacional/1517475787_162025.html.
No texto, procurar refletir sobre as seguintes questões: No seu entender, pode a lei dizer qual é a interpretação correta? Ou seja, pode haver um crime de interpretação? Pode uma lei definir uma interpretação oficial da história? "Quem tem o presente tem o passado", você concorda? Posicionar-se em face da notícia, justificando o seu posicionamento. 
Objetivo do Trabalho: Levar à reflexão e ao exercício da capacidade de argumentação. Gilles Deleuze nos diz que “é da opinião que vem a desgraça dos homens”. Opinião é um pensamento subjetivo, uma vaga idéia da realidade que não tem fundamentação e nem sempre pode ser explicada. É comum alguém dizer que é contra ou a favor de algo simplesmente por superstição ou por uma crença absorvida sem ponderação. Essas pessoas justificam seus posicionamentos afirmando: “É uma questão de opinião”. Esquecem que é muito fácil manipular a opinião das pessoas que não se dispõem à reflexão. 
2. Algumas metáforas relacionadas ao conhecimento e o reconhecimento das dificuldades do caminho a sua procura. A necessidade de coragem. O sentido do interesse (inter- esse) na diferença da vazia curiosidade. “Só acerta profundamente quem profundamente erra”. O significado de errar. 
3. A dificuldade para definir filosofia. A definição de filosofia é diferente da definição de Química, Biologia ou Matemática porque não se pode delimitar o seu campo de ação e o seu horizonte de resposta. Sendo assim , foi feito o convite para iniciarmos a viagem em busca de apreender O SENTIDO DA FILOSOFIA. 
4. Narração da alegoria OS CEGOS E O ELEFANTE com vistas à interpretação , compreensão e discussão crítica das consequências nefastas do processo de fragmentação do saber e a necessidade de recuperar a atitude filosófica face ao mundo.
5. Apresentação do CASO CONSTANTIN BRANCUSI com o fim de mostrar a insuficiência de uma formação eminentemente técnica para pensar as grandes questões do Direito e realçar a importância da filosofia como fundamento das decisões. Com a mesma finalidade, apresentamos e trouxemos à discussão o EMBATE JURÍDICO DE JOHN CAGE E MIKE BATT, no qual a controvérsia é sobre os direitos de um autor ao silêncio, ou seja , a uma peça silenciosa de música. Afinal , é possível plagiar o silêncio?
6. A filosofia no mundo. Os preconceitos que cercam a filosofia. Pelo fato de conduzir a uma melhor compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos, a filosofia é cercada de preconceitos. Por que os preconceitos? a) uma melhor compreensão de nós mesmos e do mundo implica sair do comodismo, implica mudança, implica abandonar a segurança de verdades prontas, implica adoção de novas condutas. Muitas pessoas têm medo levantar questões. b) Jaspers: “Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam”.
7. Moramos na Filosofia. Filosofia implícita e filosofia explícita. Todo homem vive uma filosofia implícita nas idéias, crenças, usos e costumes, instituições sociais, linguagem etc. mas a maioria não tem consciência disso. Vive sem pensar, irrefletidamente. Vale a pena viver assim? 
8. A importância da vida examinada, aquela que vale a pena viver. Vale a pena investir os seus esforços numa vida que não foi escolhida por você?
9. A atitude filosófica. Decisão de não aceitar passivamente as coisas, idéias, fatos, situações, valores, comportamentos, sem antes havê-los investigado e compreendido. Dirige-se ao mundo para perguntar sobre a origem, a essência e a significação das coisas. 
10. A reflexão filosófica. Movimento pelo qual o pensamento se volta para ele mesmo para pensar o já pensado, colocar em questão o que já se conhece. A reflexão filosófica tem características específicas. 
11. A utilidade ou inutilidade da filosofia - A utilidade da filosofia não tem nada a ver com a produção de resultados imediatos, aumento de fama, de prestígio ou da conta bancária. Sua utilidade é de outra ordem. A filosofia auxilia o homem a se libertar das amarras do conhecimento imposto de cima pra baixo, das armadilhas ideológicas, da visão mesquinha do mundo; é, portanto, um meio de libertação do homem, enquanto possibilita o livre pensar, a autonomia do pensamento.
12. As atitudes que despertam o filosofar : O espanto – A dúvida – A insatisfação moral.
13. A palavra Filosofia. Etimologia. A dimensão amorosada filosofia; a distinção entre a FILOSOFIA e as FILOSOFIAS a partir da leitura do quadro O AMOR, do artista nova-iorquino Keith Haring. A tensão entre ação/pensamento. O modo de ser do filósofo segundo a alegoria de Pitágoras. 
14. A filosofia não é um saber. 
15. Origem e começo da filosofia; as atitudes que despertam o filosofar: o espanto, a admiração – Platão, Aristotéles; a dúvida - Descartes e a descoberta do cogito; a modernidade e a confiança na razão; a insatisfação moral – o holocausto e as filosofias da existência. A Filosofia do Direito como parte da Filosofia. O surgimento histórico da Filosofia do Direito.
16. As aulas foram ilustradas com a apresentação, utilização e discussão de outras linguagens como a literatura (trechos de Clarice Lispector, contos de Andersen, Grimm, referências a Dostoievski, Kafka) , a poesia (poemas de Fernando Pessoa, Francisco Otaviano, Manoel de Barros etc) , a arte (o quadro de Keith Haring) , com vistas a mostrar que no esforço de interpretar e compreender o mistério do mundo, o homem se expressa de modos diversos, daí a importância do diálogo do Direito com outras esferas do conhecimento. Há muito o que aprender umas com as outras. 
17. TEXTO INDICADO PARA LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO COM VISTAS A DISCUSSÃO NA PROXIMA AULA : INTRODUÇÃO DO LIVRO CURSO DE FILOSOFIA DO DIREITO, DE EDUARDO C. B. BITTAR
A seguir, vocês encontrarão , de forma mais detalhada, em linguagem acessível, os assuntos abordados, uma espécie de Diário de Sala de Aula. Nossos encontros, as nossas aulas, estão transfigurados numa espécie de bússola para que você possa não somente se orientar nos seus estudos neste primeiro estágio, mas, sobretudo, para que possa dar início ao desafio de traçar por si mesmo o seu próprio caminho. Lembramos, por oportuno, que apostilas e textos não substituem os livros. 
1. A Dificuldade Para Definir Filosofia
A filosofia é uma tarefa eminentemente humana. Só o homem tem capacidade para se questionar, questionar o sentido da própria existência e tudo aquilo que o rodeia. O horizonte da filosofia é a totalidade da experiência humana, sendo assim, não é possível definí-la de fora para dentro, ou seja, não é possível uma definição prévia, pois diferentemente da física, da biologia, da química, ela não tem um campo de ação nem um horizonte de resposta delimitado. Eu posso não saber nada de química, mas sei definí-la, sei delimitar o seu campo de ação e o seu horizonte de resposta – por exemplo, posso dizer : a química é o estudo da transformação das substâncias ; mas o mesmo não é possível com relação à filosofia. Ou seja, não é possível definí-la de fora para dentro.
É preciso “fazer filosofia” para saber realmente de que se trata. Quando tento definir filosofia eu já estou filosofando. Isso significa que a definição de filosofia pressupõe uma tomada de posição pessoal, pressupõe o próprio filosofar. Assim, podemos dar a definição de Aristóteles, de Platão, de Kant, mas será sempre uma definição particular, nunca absoluta. Entretanto, embora não seja possível dar uma definição universal de filosofia, podemos dizer que ela se caracteriza por ser uma atitude, uma atividade crítica face à experiência humana. Vamos então em busca de compreender o sentido dessa atividade ou seja, em busca do sentido da filosofia. 
2. A ALEGORIA DOS CEGOS E DO ELEFANTE.
A história se passa numa aldeia em que os habitantes eram cegos. Um dia, um rei, viajando em cima de um elefante, passou perto da aldeia. Alguns cegos tiveram notícias de que o rei montava um animal novo, aparentemente fenomenal e se organizaram em delegação para ter com o rei e sua corte. Pediram para tocar no elefante e obtiveram a permissão. Quando regressaram a aldeia, um grande número de cegos se aproximou, pedindo uma descrição do animal extraordinário que tinham visto.O primeiro cego, que tinha tocado na orelha do elefante, disse : - é um animal grande e plano, rugoso como um tapete velho. O segundo, que tocou na tromba, disse: É um animal comprido, maleável e oco. Tem muita força. O terceiro cego, que tinha tocado na pata disse: é sólido e estável como uma coluna.
Os habitantes da aldeia não se deram por satisfeitos e pediram mais pormenores, mas os cegos não chegaram a um acordo. Começaram a lutar, a bengaladas, ferir-se. Alguns cegos, mais sensatos, pediram que se enviasse nova delegação junto ao rei para obter uma descrição mais completa de sua montada. Para formar a delegação, o que levou muito tempo, escolheram os cegos mais inteligentes, mas quando eles chegaram o rei e sua corte tinham partido.
Para refletir:
Essa alegoria traduz as consequências nefastas do processo de fragmentação do saber e a necessidade de recuperar a atitude filosófica face ao mundo Dirigidos, cada um, para um pedaço do elefante , que pedaço dizia do elefante como um todo? Qual dos cegos conhecia o elefante?
Dirigidos cada um de nós para um pedaço da existência, um fragmento da realidade, indiferentes ao diálogo com outras expressões, marchamos como cegos, incapazes de compreender a existência na sua plenitude e inteireza; essa compreensão nos escapa assim como escapou o rei e sua corte. O mesmo se dá com o Direito. Dirigidos unicamente para um conhecimento parcelar do direito, por exemplo da técnica jurídica, perde-se o conhecimento do fenômeno jurídico como um todo. 
3. O CASO DO ARTISTA CONSTANTIN BRANCUSI
Pássaro no Espaço, obra esculpida por CONSTANTIN BRANCUSI (1876-1957)
Artista nascido em Pestiani, na Roménia e um dos principais nomes da vanguarda moderna, Brancusi conviveu com Rodin, Max Jacob, Picasso, Léger e Modigliani. Em outubro de 1926, o artista romeno, e um dos principais nomes da vanguarda moderna, resolveu expor nos Estados Unidos uma das suas esculturas, intitulada “Passaro no Espaço”, de 1923. 
Brancusi chega em Nova York no navio Paris, acompanhado por seu amigo Marcel Duchamp, com o fim de se dirigir para a galeria de vanguarda Brummer. Ao lado de outras vinte e cinco esculturas que também seriam expostas, Brancusi levava a peça Pássaro no Espaço. A peça chamou a atenção dos funcionários da alfândega norte-americana, pois obras de arte, diferentemente dos objetos industriais poderiam entrar no país livres de taxas, e aquela peça não parecia uma obra de arte.Um funcionário da Alfândega, ao se deparar com a escultura de Brancusi, incapaz de ver a essência do vôo, que é o que Brancusi queria comunicar, vê-la simplesmente como um objeto de bronze sob uma base de metal polido e classifica o trabalho do artista como um “um utensílio de cozinha”, “matéria prima” destinada a comércio, e se recusa a aplicar a isenção de impostos, prevista na legislação relativa a obras de arte.
Confundida com matéria prima, a obra foi interceptada na aduana americana e taxada como objeto manufaturado. O motivo: “Isto não é arte”. 
Duchamp e Brancusi protestam. Argumentam, com indignação, que o objeto é urna
escultura que se destina à Mostra da Galeria Brummer e , buscando alavancar a
reputação do escultor, informam que o artista já tinha exibido, em 1913, na mostra minimalista Arrnory e que não podia haver dúvidas quanto ao âmbito artístico daquela criação. Tratava-se de um grande equívoco taxá-la daquela forma. 
 De nada adiantou o protesto. Brancusi se vê obrigado a pagar o tributo referente à importação de objetos metálicos. Para o escultor, então, não ha outro caminho senão o do processo judicial. 
Na audiência, Brancusi prefere ser representado por seus advogados , Maurice Speiser e seu sócio Charles Lane. 
Tem início então o processo Brancusi v . Estados Unidos , no Tribunal Aduaneiro dos EUA , Terceira Divisão , que se prolongará por dois anos até a decisão de 26 de Novembro de 1928. 
Os juízes da Suprema Corte são George Young e Byron Waite. 
Testemunham a favor de Brancusi o fotógrafo Edward Steichen , o escultor Jacob Epstein, o editor da revista The Arts, Forbes Watson, o editor da Vanity Fair, Frank Crowninshield,o diretor do Museu de Arte do Brooklyn William Henry Fox e o crítico de arte Henry McBride .
Marcus Higginbotham é o advogado que representa a Alfândega . 
 Há também duas testemunhas para o governo dos EUA : o escultor Robert Aitken e Thomas Jones . 
A intervenção da justiça atiça o escândalo, com base nos interrogatórios insólitos. O tribunal acabou por dar razão ao artista somente dois anos mais tarde.
No final do interrogatório , o advogado de Brancusi, Maurice Speiser, exibindo a escultura, pede a Aitken, testemunha para o governo dos Estados Unidos, que lhe diga por que considera que aquilo que não é uma obra de arte: 
“- Sr. Aitken, o senhor poderia me dizer por que isso não é uma obra de arte?
Aitken responde : "- Porque não é bom e eu não gosto disso . "
Os juízes absolvem Brancusi no acórdão de 26 de novembro de 1928. Pássaro no
Espaço foi considerada uma obra de arte e , como tal, estava isenta de tributação. 
Na sentença lê-se: “...é claro que esta é uma produção original de um escultor profissional.
 Aceitamos a denúncia e determinamos que o objeto é duty free ". 
Um juiz que aceitou a alegação de Brancusi , comentou sobre a história , dizendo :
 “não temos nenhuma simpatia por novas idéias ou por aqueles que as representam mas pensamos que a sua existência e sua influência no mundo devem ser tomadas em consideração.”
Após o julgamento, Steichen (que mais tarde comprou a escultura de Brancusi ),
comentou: "Pássaro no espaço foi o melhor testemunho de si mesmo. Era a única coisa
que brilhava no Tribunal : resplandescente como uma jóia...”
Esta foi a primeira decisão judicial em que uma escultura abstrata, não representacional, foi considerada obra de arte.
Para refletir: 
Este caso aponta para a insuficiência de uma formação eminentemente técnica para pensar as grandes questões do Direito e realça a importância da filosofia como fundamento das decisões.
Em que código tributário se encontra a resposta à questão O QUE É ARTE? implícita no caso Brancusi e cuja compreensão fundamentaria a decisão? 
Em busca do sentido da filosofia.
4. A filosofia no mundo. Os preconceitos que cercam a filosofia.
“A Filosofia é polidamente respeitada mas no fundo e' objeto de desprezo (...) . Muitos políticos vêem facilitado o seu nefasto trabalho pela ausência da Filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas somente usam uma inteligência de rebanho”. (Karl Jaspers, em Introdução ao Pensamento Filosófico)
A filosofia é vista como um “incômodo”; surge cercada de preconceitos que geram indiferença e hostilidade em tomo dela. É encarada como algo difícil, incompreensível, como uma atividade intelectual própria de uma categoria de “especialistas” que seriam os filósofos profissionais. A simples idéia de ter aulas de filosofia ou ler um livro de filosofia traz sentimentos de apreensão e rejeição que vão se multiplicando. Injustamente difamada, a mais profiunda, mais empolgante e mais prática das atividades da mente vai deixando de ser atraente e caindo em desprestígio. Por que tudo isso?
Porque a Filosofia conduz a uma maior compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Isso implica mudança, adoção de novas condutas e nem todos se dispõem a este desafio.
5. Moramos na filosofia
Podemos dizer que moramos na filosofia. Isto porque, a rigor, como bem diz Roland Corbisier, todo homem vive uma filosofia implícita nas crenças, idéias, usos, costumes, instituições sociais, embora não tenham consciência disso; a maioria dos homens não toma consciência de que está na história e, consequentemente, na filosofia. Os homens, normalmente, vivem imersos na vida cotidiana, em função de hábitos, rotinas, idéias feitas, reflexos condicionados etc. Em suma, vivem sem pensar, sem refletir, sonambulicamente, como se a reflexão, o pensamento, fossem desnecessários, supérfluos. Vale observar, entretanto, que a filosofia para a qual os homens se mostram indiferentes e hostis,ou seja, a filosofia que é desprezada é a filosofia explícita isto é, a reflexão crítica, plenamente consciente, sobre o mundo e a totalidade da experiência humana. Além dessa filosoƒia, no entanto, há outra impropriamente dita, não explícita na consciência reflexa, mas implícita no contexto social, quer dizer, envolvida, não de modo claro, em crenças, idéias, usos e costumes, instituições sociais, no conjunto de valores com que o homem orienta sua conduta, nas idéias de que se utiliza para julgar as coisas, na linguagem de que se serve para comunicar-se com outros etc.
Cabe agora perguntar: Vale a pena viver cativos das crenças, idéias, valores já catalogados? Vale a pena perseguir os rumos alheios quando podemos tomar uma atitude mais consistente e libertadora, inaugurando novas aberturas e empreendendo a nossa própria travessia pessoal? Pois bem, a filosofia é a “disciplina” que se volta para as questões fundamentajs da vida cotidiana. Seu propósito é conduzir para uma melhor compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Para ser filósofo não é necessário experiência prévia, nem treinamento especial, mas somente uma mente aberta e questionadora. A filosofia não é, como muitos pensam, um tema árido, para intelectuais privilegiados; é uma necessidade da vida, pois esta só vale mesmo a pena quando é examinada. É isto que Sócrates nos diz com a afirmação: A vida que não se questiona não vale a pena viver.
6. A importância da vida examinada, aquela que vale a pena viver.
Sócrates fala de uma vida não questionada, não examinada e diz que uma vida assim não vale a pena. O que é uma vida não examinada? É o modo de vida de grande número de pessoas que seguem uma rotina diária, fazem o que todos costumeiramente fazem sem nunca pensar no significado de todos os seus hábitos ou em como a vida deveria ser realmente vivida. Vivem mergulhados no cotidiano, sem pensar, sem refletir; vivem em função de rotinas, idéias feitas, sem refletir criticamente sobre a sua experiência no mundo. Levantam-se, vestem-se, tomam café, vão para o trabalho ou para a escola, voltam pra casa, vêem TV, trocam algumas palavras com amigos (na maioria das vezes no facebook) ou com a família, atendem ao telefone, vão aos mesmos locais para se divertir. “Quando somos crianças, outras pessoas decidem o que vestimos, o que comemos e quando podemos brincar. Com freqüência, mesmo quando mais velhos, outras pessoas continuam decidindo o que fazemos durante o dia. Fazemos escolhas, montes delas, mas muitas vezes de uma seleção limitada de opções que nosso ambiente, nossos amigos, famílias e empregadores, ou simplesmente o hábito, nos apresentam. Raramente paramos para refletir sobre o que realmente queremos na vida, quem somos e queremos nos tornar, que diferença queremos fazer no mundo e, assim, o que é realmente certo para nós. É isto a vida não examinada. A vida vivida, em certo nível, como um sonâmbulo, dissipando as horas, dias e anos. E uma vida ligada no piloto automático: uma vida baseada em valores e crenças que jamais realmente analisamos, jamais realmente testamos, jamais examinamos sob o nosso ponto de vista.” (T. Morris)
Por que uma vida assim não vale a pena ser vivida? Porque o preço pago é a sua vida inteira, ou seja, é o investimento de todas suas energias, de todos os seus esforços numa direção que você não escolheu. Nada tem um preço tão alto. Isso não significa que a vida irrefletida nada vale. Qualquer vida sempre tem algum valor; mas investir os seus esforços numa direção que não é escolha sua, gastar sua vida inteira acolhendo passivamente as escolhas de outros, é um preço muito alto. Muitas pessoas se acomodam em suas crenças e valores básicos; têm medo de levantar questões, se sentem ameaçadas. Isto porque um nível maior de compreensão implica mudança de horizonte, abandono de velhas posturas, enfrentamento do novo,
estabelecimento de outras prioridades, adoção de nova conduta. Um nível maior de compreensão de nós mesmos, do mundo que nos cerca, dos problemas da vida cotidiana, vai possibilitar que façamos aexperiência da liberdade, que saiamos da segurança de verdades prontas. Vai possibilitar um vida autodirecionada, que é um desafio que nem todos querem aceitar.
7. A Atitude filosófica
Ser filósofo é se colocar contra os amantes de opiniões e se manter numa atitude permanente de busca da verdade, com o fim de obter uma compreensão mais profunda de si mesmo e do mundo. Quando, por exemplo, perguntamos “que horas são?” acreditamos em várias coisas que nunca foram questionadas por nós mesmos. Acreditamos que o tempo existe, que ele passa, que pode ser medido em horas, que o passado é diferente do futuro etc. Na nossa vida diária, em todas as nossas afirmações, recusas, desejos, anseios, estão embutidas uma série de crenças que nunca questionamos porque nos parecem naturais. Pois bem, alguém que decida interrogar a si mesmo procurando saber por que crê no que crê, por que sente o que sente, o que são as crenças e os sentimentos, está tomando uma atitude filosófica. A atitude filosófica começa como decisão de não aceitar como natural, como óbvia, como evidente, as idéias, crenças valores, situações de nossa vida cotidiana, sem antes havê-los investigado e compreendido ((Chauí, 2001).
A atitude filosófica é a decisão de fazer uma revisão das coisas que acreditava saber,a fim de buscar argumentos para aceita-las ou refutá-las. É uma atitude de procura do saber, de busca permanente da verdade, de recusa a aceitar o mundo como algo evidente e natural. A ATITUDE FILOSÓFICA é, assim, uma atitude que: 
Questiona a realidade, problematizando-a. 
 É inconformista. Não aceita o que parece óbvio ou aquilo que aparece como
evidente. 
É uma atitude crítica, isto é, não aceita nenhuma afirmação sem reconhecer
sua legitimidade racional.
Implica sempre uma reflexão sobre problemas levantados pela existência
cotidiana e uma tomada de posição.
Revela sempre uma insatisfação e procura de mais e melhor conhecimento.
Primeiro se volta para o mundo para perguntar sobre a origem, a essência e a
significação das coisas ( O que é? Por que é? Como é?). Depois descobre que essas
questões se referem à nossa capacidade de pensar. Então 0 pensamento se volta para ele
mesmo e esse retomo do pensamento para pensar o já pensado é o que se chama REFLEXÃO FILOSÓFICA.
8. A Reflexão Filosófica
Reflexão em latim é reflectere e significa retroceder, voltar atrás. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo. Refletir, então, é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, colocar em questão o que já se conhece. Mas não é um pensar qualquer; não é aquela “paradinha” que costumamos fazer no cotidiano para repensar os nossos atos e seus significados. A reflexão filosófica tem características específicas:
A RADICALIDADE - A filosofia é um saber radical. Ela vai ao fundo nas suas
dúvidas, procura a raiz dos problemas, o fundamento de todo o saber. E ai se distingue tanto do senso comum quanto da ciência. Do senso comum porque este é um saber superficial. Da ciência porque esta procura as causas próximas, a filosofia procura as causas primeiras. 
A AUTONOMIA - A filosofia é um saber autônomo. Isto significa que ela é um tipo de saber livre e independente, não se sujeita a qualquer constrangimento. Desse ponto de vista, podemos distingui-la do senso comum, pois neste tipo de saber aceitamos tudo que nos dizem e não pensamos por nós próprios. Mas, também podemos distinguir a filosofia da religião: a religião interpreta o mundo com base na fé, parte de verdades reveladas e é dogmática; a filosofia interpreta o mundo com base na razão, procura a verdade e é anti-dogmática.
A UNIVERSALIDADE - A filosofia é um saber universal porque seu objeto de estudo é a totalidade da experiência humana, podemos filosofar sobre tudo que quisermos. Mas também é universal porque suas questões se colocam para a humanidade em geral. Ela também se distingue da ciência pela sua universalidade, pois enquanto o objeto da ciência é sempre parcelar, o objeto da filosofia é total. Veja um exemplo: a Física, investiga o movimento dos corpos; a Biologia, tem por objeto de estudo a natureza dos seres vivos; a Quimica investiga as transformações substanciais. Cada ciência se volta para um setor da realidade. O objeto de cada ciência é um recorte, uma parcela do real. A ciência delimita o seu objeto de estudo. A Filosofia renuncia ao saber parcelado. Considera seu objeto do ponto de vista da totalidade; sua visão é uma visão de conjunto. Tudo que é pode ser objeto de estudo da Filosofia.
A RACIONALIDADE - A filosofia tem como instrumento a RAZÃO, a capacidade intelectual para pensar e dizer as coisas como elas são. A RAZÃO se opõe a outras atitudes mentais, tais como a opinião, ao conhecimento ilusório proveniente de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas tais como aparecem; opõe-se também à paixão, aos sentimentos, às emoções, que são cegas, desordenadas e contraditórias; opõe-se à crença religiosa, pois nesta a verdade é dada pela fé, é revelada. Dai porque os filósofos cristãos fazem uma distinção entre a luz natural da razão e a luz sobrenatural da
revelação. Por fim, a razão se opõe ao êxtase místico, no qual há um rompimento com o estado consciente, há um abandono do intelecto e da vontade para mergulhar nas profundezas do divino. 
A HISTORICIDADE - a Filosofia reflete a época histórica em que é produzida. Claro, se a filosofia trata de todos os problemas humanos, procurando uma resposta global e última (universalidade e radicalidade) também não pode deixar de expressar os problemas, o nível de desenvolvimento e os tipos de preocupações que são vividos por determinada época.
Que tipo de problemas e preocupações você acha que a nossa época está vivendo e de
que modo a filosofia pode contribuir?
9. Utilidade ou inutilidade da filosofia
As respostas às questões filosóficas não pagam as contas, não consertam o carro
quebrado, não confere prestígio, fama ou riqueza. Seria, então, a filosofia inútil? Se
considerarmos como útil aquilo que oferece resultados práticos imediatos, visíveis, que
nos permite levar vantagem em tudo, então a filosofia é inútil e defende esse direito de
ser inútil. Mas, como nos diz Marilena Chauí, “se considerarmos útil abandonar a
ingenuidade e os preconceitos do senso comum, não se deixar conduzir pela submissão
às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos, compreender a significação do
mundo , da cultura e da história, dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios
para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a
felicidade para todos, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de todos os
saberes de que o ser humano é capaz ”.
10. Atitudes que despertam o filosofar
A História da Filosofia nos oferece exemplos da atitude inicial do comportamento filosófico, aquele comportamento específico que leva o homem a se ocupar da filosofia, a sentir-se mesmo condenado a esta tarefa. Destaquemos, com base em Karl Jaspers, três atitudes, que talvez não sejam as únicas possíveis, mas que são encontráveis com certa frequência em todo filósofo, em maior ou menor grau.
 O Espanto, a Admiração. Esta primeira atitude vem da Grécia clássica. Espantar-se, admirar-se diante das coisas é próprio da condição humana. Platão e Aristóteles viam no espanto, na admiração, o impulso inicial de todo filosofar. No comportamento admirativo o homem toma consciência de sua própria ignorância; tal consciência leva-o a interrogar o que ignora, até atingir a supressão da ignorância, isto é, o conhecimento. Nos textos abaixo, Platão e Aristóteles falam da experiência que dá origem ao filosofar: o espanto, a admiração, a perplexidade. Isso significa que a filosofia surge quando algo desperta a nossa admiração,espanta-nos, capta nossa atenção: 
“Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito dasmaiores, como os fenômenos da lua, do sol e das estrelas, assim como da gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é de certo modo filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas). Portanto, como filosofavam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária”
 (Aristóteles. Metafísica. A 982 b)
Teeteto ¬ E, pelos deuses, Sócrates, meu espanto é inimaginável ao indagar-me o que isso significa; e, às vezes, ao contemplar essas coisas,verdadeiramente sinto vertigem. Sócrates - Teodoro, meu caro, parece que não julgou mal tua natureza. .É absolutamente de um filósofo esse sentimento: espantar-se. A filosofia não tem outra origem ”.
 (Platão. Teeteto. 155 c 8)
b. A Dúvida - Descartes é o representante clássico desta segunda atitude. Seguindo, ele, devemos rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar. Neste comportamento a verdade é atingida através da supressão provisória de todo o conhecimento ou de certas modalidades de conhecimento, que passam a ser consideradas meras opiniões. O objeto da dúvida cartesiana é encontrar urna primeira verdade impondo-se como certeza absoluta. Não atingiremos a verdade se antes não pusermos em dúvida todas as coisas. Descartes rejeita os dados dos sentidos: por vezes eles nos enganam; rejeita também os raciocínios: eles algumas vezes nos induzem a erros. Após duvidar de tudo, alcança a
primeira verdade: o COGITO, o pensamento. Notando que esta verdade “eu penso, logo existo”, era tão firme e tão certa que nada poderia abalá-la, julgou que podia aceitá-la como o primeiro princípio da filosofia que procurava. Depois de esclarecer que ele existe com uma substância que pensa, uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que
quer, que não quer, que imagina e que sente, Descartes descobre a segunda verdade: a existência de Deus. O exame de suas idéias levam-no a afirmar a existência de um ser perfeito, de Deus, que garante as verdades matemáticas e nos permite agir sobre o mundo. A res cogitans,a res infinita e a res extensa formam o tripé do constructo cartesiano. A
dúvida metódica aguça o espírito critico próprio da vida filosófica e nisto reside a sua eficácia.
c. A Insatisfação Moral - Surge quando o homem cotidiano, que em seu comportamento habitual se encontra absorvido pelo mundo que o cerca,cai em si e pergunta pelo sentido de sua própria existência. O mundo exterior é abandonado em consequência de um sentimento de
insatisfação, levando o homem a tomar consciência de sua própria miséria. Assim, por exemplo, mostra Epiteto quando escreve: “O principio da Filosofia, para aqueles que se dedicam a esta ciência como deve ser (..) é a consciência de sua própria fraqueza e de sua
impotência nas coisas necessárias ”. 
11. A palavra Filosofia.
A palavra Filosofia vem do grego. É formada por dois vocábulos: philo e sophia. Philo vem de philia, que significa amizade, amor, respeito entre os iguais. Sophia significa sabedoria; de sophia vem sophos, que quer dizer sábio. Segundo uma tradição que nos foi transmitida por Cícero, a palavra filosofia foi inventada por Pitágoras. Tendo sido chamado de sábio, ele protestou afirmando que somente os deuses eram sábios, e que o homem devia se contentar em procurar ser sábio. Não era sophos (sábio) , mas philo sophos ( alguém que procura ser sábio). Filosofia, portanto, significa amizade, amor e respeito pelo saber. Filósofo é aquele que ama o saber. Ora, quem ama deseja o amado, busca o amado, tenta possuir o amado, está sempre no esforço de conquistar o amado; assim, podemos dizer que o filósofo, aquele que ama o saber, vive constantemente em sua busca, deseja possuí-lo. Nesse sentido,a Filosofia não é um saber ; a filosofia é busca, procura de saber.
12. Sócrates: O reconhecimento da ignorância como início do saber. O não-
saber socrático.
Esse ideal de vida foi encarnado por Sócrates. Para ele, o filósofo é aquele que sabe que não sabe. Os homens que julgam tudo saber sofrem de uma dupla ignorância: Primeira: não sabem; segunda: não sabem que não sabem. Daí a sabedoria socrática: consciente da própria ignorância, procura sempre saber mais.
Orientados, então, pelo sentido etimológico, podemos dizer que a filosofia é a busca constante do saber; não é posse do saber, mas busca constante. Portanto, a filosofia indica o estado de espírito de quem ama, indica uma atitude de procura permanente do saber, da verdade. Por isso, não podemos dizer que a Filosofia é um saber com conteúdo determinado, um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas e que se possa aprender. O que se pode aprender é a filosofar, como bem disse Kant, um filósofo alemão do século XVIII. E filosofar é estar sempre a caminho por amor ao saber; é manter uma mente aberta, questionadora, é fugir da comodidade das respostas manipuladas e se manter na disposição de indagar sempre sobre o que o cerca, abrir perspectivas de reflexão sobre suas relações vitais, ideais e valorativas, questionar-se sobre si mesmo e sobre o próprio homem, sobre o mundo, dimensionar suas inquietudes, seus objetivos, sobre a razão e fim de ser de todas as coisas; é questionar pelo que faz cada coisa ser o que é. Amar o saber é se manter numa atitude constante de meditação sobre as coisas, sua verdade e o próprio ser da verdade. E reconhecer o destino humano de sempre aprender. E estar sempre em marcha, sempre a caminho, sem
se acomodar supondo que já sabe porque está bem informado. Enfim, a filosofia, enquanto amor ao saber, é um aprendizado como exercício contínuo. Nesse sentido a Filosofia nem é dogmatismo, nem é ceticismo porque ambas são visões imobilistas do mundo: o dogmático se apega à certeza de uma doutrina e nela permanece; o cético anseia por uma certeza, mas conclui que é impossivel qualquer certeza, sendo inútil a sua busca. Ora, o mundo muda, os acontecimentos se sucedem; a verdade filosófica não é dogma. Ela não pode ser absoluta. Absoluto vem do latim “absolutum”: ab = de; solutum = solto, desligado. Absoluto é o que está desligado de tudo, não precisa de nada, basta-se a si mesmo. Nosso conhecimento é sempre relativo porque depende de muitas coisas: depende da época em que vivemos, da cultura a que pertencemos, da educação que recebemos. Por mais que conheçamos, ainda há muito a conhecer! Por mais que compreendamos, ainda há muito a compreender. É por isso que a discussão filosófica nunca é uma troca de verdades, uma tentativa de convencer o outro; mas é sempre a tentativa de um de elucidar opensamento para o outro, alargar perspectivas, abrir horizontes. Nesse sentido é uma discussão que “nem considera as oposições, nem tolera os acordos condescendentes”, como bem diz Martin Heidegger.Sócrates vai consultar o oráculo de Apolo (deus da Luz, da Razão, do Conhecimento) para saber se era sábio; o oráculo (que era uma mulher, normalmente o oráculo é uma mulher - a sibila) pergunta o que ele sabia. Ele respondeu:
“Só sei que nada sei”
O filósofo é aquele que sabe que não sabe. Quem tudo julga saber padece de dupla ignorância:Não sabe e não sabe que não sabe. O filósofo sabe que não sabe e, consciente de sua ignorância, procura saber sempre mais”.
13. Filosofia e filosofias
Agora podemos fazer uma distinção entre a filosofia e as filosofias. A Filosofia é única: é aquela atitude de sempre procurar o saber; portanto, enquanto procura de saber, a Filosofia é um esforço que está presente em todas as filosofias.Todas as filosofias, a de Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Nietzsche etc são resultados dessa procura; são expressões desse esforço na direção do saber, que é traduzido por cada filósofo naquela reflexão, naquela filosofia, que é exclusiva dele.
Para refletir: Observe novamente a obra do artistanova-iorquino KEITH HARING (1958-1990) , intitulada O AMOR. 
O amor surge, na obra, como uma grande festa em que cada um dança do seu jeito uma música comum a todos. O desenho, como já foi dito no início, ajuda a avaliar e reconhecer a dimensão amorosa da filosofia e seu desdobramento nas diversas filosofias. Tente , a partir de uma leitura e interpretação dos elementos do quadro, estabelecer a distinção entre filosofia e filosofias. 
. 
14. A Alegoria de Pitágoras e o modo de ser do filósofo.
 Utilizando-se de um simbolismo alegórico, Pitágoras refere-se a três tipos de pessoas que comparecem ao estádio para os jogos olímpicos: as que iam para comerciar, as que iam para competir e as que iam para contemplar. O filósofo não é movido por interesses comerciais, nem pelo desejo de competir Do mesmo modo, a percepção do todo não é dada àquele que
atua, que age, que pratica alguma atividade no estágio. Assim, o filósofo se assemelha
àquele que contempla, pois enxergar com distanciamento, ter a visão completa do
horizonte, adentrar todos os quadrantes do observado são características daquele que
contempla e não daquele que está imiscuído com os procedimentos da ação e com os
resultados da mesma. Ele não é movido pelo desejo de disputar, de concorrer, mas
apenas de saber; ele participa como espectador dos acontecimentos. Mas é preciso
salientar que a filosofia não é inimiga da ação. Toda ação pressupõe uma decisão e essa
atitude de observador externo do filósofo, que lhe dá a visão privilegiada das
ocorrências, é importante e valiosa porque ela ilumina a decisão. A ação jurídica, por
exemplo, reclama decisões; e para que o direito não se converta num tecnicismo
decisório, há que se valer da filosofia, a quem cabe a investigação dos fundamentos da
decisão.
15. A Filosofia não é um saber.
A filosofia não é um corpo de doutrinas dado de uma vez por todas; não é um saber acabado, com determinado conteúdo,não é um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma
vez por todas. Kantz (séc. XVIII) “ Não há filosofia que se possa aprender. Só se pode aprender a filosofar. A filosofia é um pensar permanente, é uma atitude, ela questiona permanentemente o saber instituído. O que marca a filosofia não é a posse da verdade, mas a
BUSCA. Ela é exercício de curiosidade, necessidade de saber mais sobre nós mesmos e sobre o que nos rodeia. É exercício de fazer perguntas, de levantar questões. As questões são idéias que guiam nossa curiosidade em direção a respostas.
Para refletir: 
SABER – É A POSSE DE ALGUM CONHECIMENTO; É CONSTITUÍDO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS.
SABEDORIA – TEM COMO POSSE SOMENTE O ESPÍRITO INDAGADOR DE ALGUÉM QUE FORMULA PROBLEMAS E SAI A CAMINHO DE POSSÍVEIS SOLUÇÕES SEM NENHUMA CERTEZA DE TÊ-LOS RESOLVIDO. O SABER INSTITUÍDO É PROBLEMATIZADO, INVESTIGADO; OS PROBLEMAS SÃO COLOCADOS, REFLETIDOS; E CAMINHOS SÃO APONTADOS PARA QUE OS PROBLEMAS PROPOSTOS SEJAM RESOLVIDOS. AS QUESTÕES ESTÃO SEMPRE EM ABERTO PORQUE NUNCA SABEMOS SE OS CAMINHOS SUGERIDOS SERÃO PECORRIDOS NEM QUEM OS PERCORRERÁ.
Busque agora justificar, usando a sua própria expressão , por que a filosofia, enquanto disposição permanente para meditação e leitura crítica da realidade, não é um saber. 
16. Origem e começo da filosofia
As questões filosóficas respondem a experiências reais que podem acontecer com os
seres humanos a qualquer tempo; sua origem se encontra nos estranhos momentos
cotidianos de admiração para conosco e para com o mundo. Mas foram os gregos
antigos que primeiro articularam de forma clara essas experiências e, sistematicamente,
tentaram achar respostas para as questões que elas pareciam levantar. Com isso
queremos dizer que as formas filosóficas de questionamento tiveram seu começo na
Grécia. Vejam: quando falamos em origem da filosofia estamos nos referindo ao
espanto, à admiração que instiga a curiosidade e nos leva a procurar saber o por quê
daquilo que provoca a nossa admiração. Quando falamos de começo da Filosofia,
estamos falando de um acontecimento pontua1, ocorrido na Grécia; estamos nos
referindo ao início do modo de pensar específico que surgiu a1i.
Isso não quer dizer que outros povos antigos, como por exemplo os chineses, os
persas e os hindus não possuíssem sabedoria ou não tivessem desenvolvido o
pensamento e formas de conhecimento da natureza e dos seres humanos O que se quer
dizer é que a Filosofia é um modo de pensar cujas características são completamente diferentes daquelas desenvolvidas por outros povos. A Filosofia, enquanto projeto grego, emerge de questões radicalmente diferentes e sua influência é decisiva e predominante na formação do pensamento ocidental. A maneira de pensar e explicar a realidade, a Natureza, a vida e as ações humanas, criada pelos gregos, tomaram-se próprias e específicas do ocidente, daí porque não podemos falar, por exemplo, de “filosofia chinesa" ou “filosofia hindu”. Há uma sabedoria oriental mas Filosofia é sempre uma referência ao modo de pensar instituído pelos gregos e do qual somos,enquanto ocidentais, herdeiros. 
Esclarecendo melhor, quando dizemos que a origem da filosofia é o espanto, a admiração, a perplexidade, isso não significa, como bem diz o filósofo alemãoMartin Heidegger, que um dia os homens se espantaram, começaram a filosofar e, tão logo a filosofia se pôs em marcha, o espanto, como impulso, desapareceu. O que se quer dizer é que a filosofia exige uma certa dose de admiração infantil diante do mundo; ficar admirado conosco e com o que nos rodeia é deixarmo-nos tocar por um certo tipo de curiosidade que nos conduz a sair da estreiteza mental que nos leva a aceitar o mundo tal qual é, como uma coisa dada, óbvia, natural. Nesse sentido,ontem como hoje, o espanto perpassa a filosofia. O problema é que no mundo de hoje, recebemos uma carga de informação muito grande e , empanturrados de informação, julgamos que sabemos e vamos , pouco a pouco, perdendo nossa capacidade de admiração, vendo o mundo como algo natural normal evidente. Ficamos habituados com o mundo.
Quando falamos de começo da filosofia, estamos fazendo uma referência cronológica; indicamos o nascimento da filosofia na Grécia, entre o final do século VII e o início do século VI a.c. Antes, porém, do surgimento do questionamento do tipo filosófico, podemos dizer que os povos organizavam e dirigiam suas vidas não utilizando a habilidade de pensar
racionalmente, mas acreditando mais em sonhos, augúrios, presságios. O mundo, antes da Filosofia, era um mundo encantado, animado por espíritos bons e maus, que se comunicavam com os humanos através de uma linguagem somente legível para poucos iniciados. O real era interpretado através do mito.
17. Para refletir:
Olhos de gente que pensa, que ama, que sofre, que sonha, anseia, receia são olhos de
leituras diferenciadas e muitas recriações e interpretações possíveis. Vamos ouvir o
poeta português Fernando Pessoa. O poema nos faz pensar no mistério e no fascínio que
o mar exerce no ser humano, levando-o à procura de desvendar, de conquistar, de
desafiar o imponderável.
MAR PORTUGUÊS
Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
1. O mar é um espaço instável e lançar-se a ele requer certa dose de coragem para vencer as adversidades, as intempéries, a força do vento e da água. O mar é também espaço de inspiração e angústia, vitórias e derrotas do homem. Vamos navegar, ler e apreciar o poema de Fernando Pessoa, deixando-nos arrebatar pelos seus versos; pensando o espaço mar como símbolo de outros espaços possíveis (a universidade, a profissão, a família, a VIDA) nos quais a travessia do homem, em sua limitação e finitude,é sempre uma caminhada entre dor e prazer, vitórias e derrotas, lágrimas e sorrisos. Sem esquecer que “quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor”.
2. Agora, veja o que Flávio José, na linguagem da música, está a dizer no conhecido forró “A Natureza Das Coisas”. Que trecho se aproxima do que é dito por Fernando Pessoa?
Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela para na porta
Da sua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
Observe , agora, como Fernando Pessoa, na linguagem da poesia, se refere ao espanto que dá origem à descoberta do mundo; observe também que ele se refere à dificuldade de explicar aos outros o quanto isso lhe traz alegria e lhe basta. É possível ver alguma semelhança entre a atividade do poeta e do filósofo, entre a poesia e a filosofia? 
A espantosa realidade das cousas 
É a minha descoberta de todos os dias. 
Cada coisa é o que é, 
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, 
E quanto isso me basta.
PESSOA, Fernando. Poemas Inconjuntos. In: __________. O Eu Profundo e os Outros Eus. Rio de Janeiro, RJ: Nova Aguilar, 1976. p. 169-182. 
3. As diferentes linguagens expressam o esforço do homem para compreender e interpretar o mundo. Saber é interpretar esse esforço, decodificar a vida na diversidade dos conhecimentos humanos. A música, a literatura, a poesia, o direito, a religião, a arquitetura, o cinema, a técnica, a arte etc falam todas desse espaço que é o da existência humana. Saber é se manter no esforço de apreender o que é dito no não dito, se manter no esforço de compreender e interpretar o mundo a partir da escuta e do diálogo com as diferentes linguagens. “Quem só de Direito sabe, nem de Direito sabe” 
18. Como ler um texto filosófico
Não é fácil compreender os textos filosóficos porque discutem idéias abstratas e problemas em que não estamos habituados a pensar. O vocabulário também é novo e algumas vezes não é fácil compreender a tese do texto, aquilo que o autor quer afirmar. Para facilitar esse trabalho de compreensão podemos seguir algumas indicações, por exemplo:
Fazer uma primeira leitura para encontrar a conclusão e ficar com uma idéia global da estrutura do texto. Sublinhar e tirar algumas notas muito gerais. Prestar especial atenção ao primeiro e ao último parágrafo do texto; é aí que, normalmente, se diz qual o tema e qual a tese que o autor defende. Escrever essas duas coisas com palavras próprias, numa folha ou na margem do texto. Tentar identificar e anotar os termos que é preciso investigar. Estar atento a certas palavras que ajudam a perceber a estrutura o texto. Palavras como porque, desde, dado este argumento são indicadoras de argumentos; palavras como assim, portanto, por isso, segue-se que, consequentemente são indicadoras de conclusão; expressões como no entanto, contudo, mas, por outro lado, indicam que se segue a apresentação de objeções. 
Ler de novo o texto e analisa-lo com o objetivo de retirar os tópicos que nos permitirão elaborar uma síntese daquilo que o autor afirma e defende. Essa análise pode ser orientada por um conjunto de perguntas do tipo: qual problema filosófico é abordado? Qual a teoria defendida pelo autor? O que é que o autor entende por um determinado termo? Que razões ou argumentos o autor apresenta em suporte de suas conclusões? Em que parte do texto é que ele apresenta essas razões? Qual o verdadeiro significado do que ele diz? Procurar identificar e distinguir o argumento ou os argumentos principais usados pelo autor para defender uma opinião ou tese dos argumentos auxiliares. 
Realizar um esquema do texto relacionando as suas várias partes e/ou escrever um novo texto que sintetize as suas idéias fundamentais. 
Avaliar os argumentos do autor. Concordamos com o autor? Podemos aceitar as suas conclusões? Os argumentos apresentados sustentam a tese defendida? Têm em conta todas as objeções? Não ignoram ou minimizam certos dados? Se não, o que é que nos parece está errado no seu raciocínio? Apela ele a alguma premissa que nos parece falsa? Há alguma afirmação que o autor não explicita mas que pensamos ser falsa? O seu argumento é confuso ou mal dirigido? 
Todo esse trabalho pode parecer muito cansativo, mas é assim que progredimos em filosofia. Esse é o único caminho.
Não esquecer: 
TEXTO INDICADO PARA LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO COM VISTAS A DISCUSSÃO NA PROXIMA AULA : INTRODUÇÃO DO LIVRO CURSO DE FILOSOFIA DO DIREITO, DE EDUARDO C. B. BITTAR

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