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Administração Integrada ??? Administração Integrada Professor conteudista: Marcos Eduardo de Mattos Nicola Acquaviva Neto Silvio Olivo Professor revisor: Flávio Celso Muller Martin Sumário Administração Integrada Unidade I 1 PRÁTICAS DE GESTÃO.......................................................................................................................................2 2 UM POUCO DA HISTÓRIA DA INDÚSTRIA E DOS MODElOS DE GESTÃO ................................. 17 3 FUNDAMENTOS DA EXCElÊNCIA .............................................................................................................. 21 3.1 Pensamento sistêmico ........................................................................................................................ 21 3.2 Aprendizado organizacional ............................................................................................................ 21 3.3 Cultura de inovação ............................................................................................................................ 24 3.4 liderança e constância de propósito ............................................................................................ 26 3.5 Orientação por processos e informações ................................................................................... 31 3.6 Visão de futuro ...................................................................................................................................... 32 3.7 Geração de valor ................................................................................................................................... 33 3.8 Valorização das pessoas ..................................................................................................................... 34 3.9 Conhecimento sobre o cliente e o mercado.............................................................................. 34 3.10 Desenvolvimento de parcerias ...................................................................................................... 35 3.11 Responsabilidade social ................................................................................................................... 35 Unidade II 4 NORMAS E PROCESSOS ................................................................................................................................ 39 5 NORMAlIZAÇÃO INTERNACIONAl E NACIONAl ................................................................................ 45 5.1 Normalização internacional ............................................................................................................. 46 5.2 Normalização nacional ...................................................................................................................... 47 5.2.1 Comitês técnicos ..................................................................................................................................... 48 6 VISÃO GERAl DAS PRINCIPAIS NORMAS .............................................................................................. 49 Unidade III 7 A NORMA ISO 9001 ........................................................................................................................................ 60 4R ev isã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 1 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Unidade I APRESENTAÇÃO A Administração Integrada é entendida como a integração de práticas de gestão consagradas mundialmente, acrescidas de outras inovadoras, que produzam resultados relevantes para todas as partes interessadas, com eficiência e eficácia sendo ao mesmo tempo aderentes às restrições impostas por esses mesmos interessados. A eficiência está ligada à boa utilização dos recursos disponíveis, à ideia de produtividade – fazer certo as coisas. A eficácia tem a ver com o bom resultado global da organização – fazer as coisas certas. Assim, são objetivos gerais da disciplina Administração Integrada: conhecer os fundamentos da excelência e demais normas consagradas, tendo‑os como um modelo de administração. A intenção é de que, ao término do curso, o aluno tenha desenvolvido sua capacidade de analisar criticamente as práticas de gestão utilizadas nas empresas; examinar criticamente os resultados relevantes produzidos pela aplicação dessas práticas, bem como a distribuição desses resultados relevantes entre as partes interessadas. Todo o referencial teórico deste modelo de excelência está consubstanciado nas publicações da Fundação Nacional da Excelência, além de outras publicações pertinentes, que serviram como referencial teórico do conteúdo programático desta disciplina. 2 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Em qualquer situação, você pode exercitar a arte de administrar, seja administrando as suas próprias atividades, finanças ou grupo de pessoas que exercem atividades sob a sua supervisão. Neste livro‑ texto, você será convidado(a) a exercitar, na sua empresa ou organização, os conceitos e técnicas aqui apresentados. Esta disciplina afeta todas as profissões e situações. Nela, buscamos apresentar o estado da arte em gestão com exemplos reais, para que seja facilitado o seu aprendizado. Dessa forma, você poderá assimilar mais facilmente todos os conceitos que lhe serão apresentados e constatar a aplicação deles em qualquer condição de trabalho. 1 PRÁTICAS DE GESTÃO Para a Fundação Nacional da Qualidade, organização é: companhia, corporação, firma, órgão, instituição, empresa ou uma unidade dessas; sociedade anônima, limitada ou com outra forma estatutária, que tem funções e estruturas administrativas próprias e autônomas, no setor público ou privado, com ou sem finalidade de lucro, de portes pequeno, médio ou grande. Em outras palavras, a organização é a soma de um conjunto de pessoas únicas acrescidas de variáveis econômicas, legais, tecnológicas, culturais e outras, interagindo entre si, sendo que a interação pode ser favorável ou contrária à organização. Por sua vez, a organização como um todo também interage com outras organizações, de forma positiva ou negativa, gerando dinamicamente equilíbrios ou desequilíbrios que afetam o crescimento da sociedade. O conceito de Administração sempre foi muito discutido, e diversos autores trouxeram contribuições: • Administração é o processo de alcançar objetivos pelo trabalho com e por intermédio de pessoas e outros recursos organizacionais. 3 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 • Administração é o processo de planejar, organizar,liderar e controlar o trabalho dos membros da organização e utilizar todos os recursos organizacionais disponíveis para alcançar objetivos organizacionais definidos. • Administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar objetivos de desempenho. • Administração é o alcance de objetivos organizacionais da maneira eficaz e eficiente graças ao planejamento, à organização, à lidernaça e ao controle dos recuros organizacionais. • Administração é o ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar os objetvios da organização, bem como dos seus membros (CHIAVENATO, 2007, p. 4). Foco em objetivos estratégicos Planejamento Direção Controle Organização Comunicação Desempenho Convergência Visão de futuro Missão e valores Proatividade e a visão antecipada Foco em resultados Eficácia e eficiencia Visão sistêmica e holística Networking liderança A rosácea da administração: a reunião de competências necessárias. Fonte: Costa Neto (2010). Figura 1 4 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Costa Neto (2010) afirma que, desde a publicação das obras Taylor e Ford que entendiam a Administração como uma ciência, e não como uma arte, passou‑se a definir as quatro grandes funções da Administração: planejamento, organização, direção e controle, descritas no Quadro 1. Quadro 1 – Funções da Administração e tópicos correlatos Planejamento O que (what) fazer Por que (why) fazer Como (how) fazer Organização Quem (who) vai fazer Onde (where) fazer Quando (when) fazer Direção Efetividade, eficiência e eficácia liderança e motivação Comando eficaz Controle Comparação com os padrões Correção de rumos Subsídios ao aperfeiçoamento Fonte: Costa Neto (2010). Podemos citar vários autores que pensam sobre a Administração, mas o que vem a ser Administração Integrada? Imagine o trabalho da construção das pirâmides no Egito, do Coliseu na Itália e da Grande Muralha da China. Desde épocas remotas, havia uma organização do trabalho. Considere que cada povo tinha a sua maneira particular de organizar o trabalho e administrá‑lo. Nos dias atuais isso não é diferente: cada organização possui uma forma específica de administrar as atividades de forma integrada com eficiência e eficácia. 5 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Eficiência tem a ver com ouso adequado dos recursos, enquanto a eficácia tem a ver com a qualidade dos resultados das ações realizadas. Então, como administrar de forma integrada? Qual modelo seguir? Na busca por respostas, vários teóricos analisaram as organizações e suas formas próprias de administrar e desenvolveram diversas teorias. Carvalho (2005) e Costa Neto (2010) fazem uma resgate histórico de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da administração como ciência e citam “os pioneiros”: • Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.) via a Administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência. • Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) estudou a organização do Estado e distingue três formas de administração pública: a monarquia, a aristocracia e a democracia. • Francis Bacon (1561 – 1626) enunciou o princípio do principal sobre o acessório. • Thomas Hobbes (1588 – 1679) defendia que Estado deveria impor a ordem e a organização da vida em sociedade. • Jean‑Jacques Rousseau (1712 – 1778) pregou a necessidade do contrato social. • Adam Smith (1723 – 1790) introduziu o liberalismo econômico, ao publicar a obra A riqueza das nações. • Jeremy Bentham (1748 – 1832) publicou Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. • William Gladstone (1809 – 1898) criou a figura da sociedade de responsabilidade limitada. 6 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 • Karl Heinrich Marx (1818 – 1883), juntamente com Friedrich Engels (1820 – 1895), lançou o Manifesto Comunista. • Henry Fayol (1841 – 1925), considerado o idealizador da Teoria Clássica da Administração, lançou em 1911 o livro Administração industrial e geral. • Vilfredo Pareto (1848 – 1923) executou, em 1897, um estudo sobre a distribuição de renda, mediante o qual se percebeu que a distribuição de riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentração de riqueza (80%) nas mãos de uma pequena parcela da população (20%). • Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915) foi considerado o pai da Administração Científica, ao consubstanciá‑la em seu clássico livro Princípios da Administração Científica. • Henry Ford (1863 – 1947) foi um dos principais responsáveis pela produção em massa na indústria automotiva. • Max Weber (1864 – 1920) notabilizou‑se por publicar estudos sobre a importância e o tipo ideal de burocracia. • Alfred P. Solan Jr. (1875 – 1966), opondo‑se a Ford, estabeleceu a divisão da produção em unidades autônomas com marcas e preços diferenciados. • George Elton Mayo (1880 – 1949) descobriu a importância do fator humano na produção. • Walter Andrew Shewhart (1891 – 1967) concebeu os gráficos de Controle Estatístico de Processos – CEP, o gráfico Plan Do Control Action – PDCA, publicando o livro Economic control of quality of manufactured product (1931). 7 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 • William Edwards Deming (1900 – 1993) ministrou ensinamentos da qualidade aos japoneses após a Segunda Guerra Mundial e popularizou o ciclo PDCA concebido por Shewart. Em sua homenagem, os japoneses criaram o Prêmio Deming da Qualidade (1950). • Ludwig Von Bertalanffy (1901 – 1972) enxergou que os processos que existem na natureza, sejam biológicos, administrativos ou de qualquer outra natureza, não ocorrem isoladamente, mas se desenvolvem como partes de um meio ambiente maior em que estão inseridos. • Joseph M. Juran (1904 – 2008), um dos pioneiros da qualidade, criou a trilogia planejamento, controle e melhoria da qualidade. • Peter Ferdinand Drucker (1909 – 2005), considerado o maior guru da Administração, publicou dezenas de livros voltados à área. • Armand V. Feigenbaum (1922) concebeu o conceito de controle da qualidade total e gestão da qualidade total. • Philip Crosby (1926 – 2001) popularizou o princípio de fazer certo da primeira vez como parte do seu programa Zero Defeito. Observe que até aqui mencionamos autores consagrados ocidentais, mas, por outro lado, há autores orientais que não poderiamdeixar de ser citados, dentre eles: • Kaoru Ishikawa (1915 – 1989): desenvolveu o modelo espinha de peixe para resolução de problemas, dentre outros. • Genichi Taguchi (1924): introduziu a interessante ideia da qualidade como associada à perda monetária imposta à sociedade por falhas dos produtos. 8 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 • Tahiichi Ono (1912 – 1990): foi considerado o criador do Sistema Toyota de Produção e o pai do sistema Kanban. • Toyoda Kiichiro (1894 – 1951): criador do sistema Just‑in‑Time. Há também dois brasileiros que devem ser citados: • Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto (1939): engenheiro pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, mestre pela Stanford University e doutor pela USP – Universidade de São Paulo, professor aposentado pela USP, diretor‑presidente da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, juiz do Prêmio Nacional da Qualidade e autor de 14 livros, alguns deles citados na bibliografia desta disciplina. • Vicente Falconi Campos (1940): divulgador das técnicas japonesas para a qualidade em nosso país e autor de diversos livros, tais como: TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo japonês); Qualidade total: padronização de empresas, dentre outros. Todos esses autores contribuíram para a evolução da Administração como ciência, e, com ideias inovadoras e revolucionárias para a sua época e ainda presentes em muitos segmentos industriais e prestadores de serviços, modificaram a gestão das organizações ao longo do século XX. Muito pouco do que eles desenvolveram foi descartado; na verdade, vem sendo aperfeiçoado ao longo dos séculos XX e XXI; e muito do pensamento desses visionários foi aplicado nos mais diversos segmentos, transformando‑se em doutrina e pontos de partida para novas pesquisas por autores deste século XXI. Parte do conhecimento produzido, acumulado ao longo do século e passado à nossa geração, foi registrado em livros e disseminado pelos próprios autores, por intermédio de consultorias e professores em diversos cursos. 9 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Acabamos de ver autores consagrados até a década de 1980. Porém, a partir deste ponto houve uma explosão criativa teórica e prática com o surgimento de aproximadamente setenta ferramentas de gestão. Eis algumas delas: Quadro 2 Alinhamento estratégico Empowerment Análise de valor econômico Gestão do conhecimento Análise SWOT Inteligência competitiva Balanced Scorecard Organizações que aprendem Benchmarking Planejamento de cenários Cadeia de valor Reengenharia Competência essencial Seis sigmas Disciplinas de valor Valor vitalício do cliente Fonte: Davenport; Prusak, apud Herrero (2005). Até meados da década de 1980, no mundo ocidental, as grandes empresas do ramo automobilístico, petroquímico, energético possuíam enormes departamentos voltados para a qualidade que englobavam a engenharia e a garantia da qualidade para o desenvolvimento e aplicação de novas ferramentas que evitassem as falhas antes que elas ocorressem (ações preventivas), controle este que tinha por objetivo detectar as falhas ocorridas nos processos produtivos (ações corretivas) e também promover o desenvolvimento de fornecedores. Era comum tais empresas exigirem dos seus fornecedores sistemas de gestão da qualidade aderentes ao seu próprio modelo de gestão. Do lado dos fornecedores, era comum estes possuírem “diversos sistemas de gestão da qualidade”, um sistema para cada cliente, o que tornava a sua gestão uma verdadeira torre de babel, ou melhor, caótica. Já no lado oriental, os japoneses, na direção oposta, desenvolviam outras ferramentas de gestão que veremos mais adiante. 10 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Em 1987, surge a primeira versão da norma ISO 9001, que fornecia documentação contratual para demonstrar que a produção estava sob controle, mudando a gestão das empresas mundo afora, pois a partir disso as grandes organizações passaram a exigir os certificados ISO 9001, obtido junto a entidades certificadoras que atuavam de forma independente. Pelo efeito cascata, cada fornecedor exigia dos seus fornecedores os certificados ISO 9001 de seus fornecedores, que, por sua vez, exigiam o mesmo de seus fornecedores criando um efeito cascata benéfico para todos. Nesta época, era comum as empresas desmontarem departamentos da qualidade dispensando os funcionários, pois para ter qualidade era suficiente ter fornecedores certificados pela norma. Os funcionários demitidos, sem muitas chances de emprego, se converteram em consultores que, atendendo a empresas de porte médio ou pequeno, disseminaram como implantar a norma de qualidade e sua certificação, criando outro efeito cascata benéfico. Do lado dos fornecedores essa “certificação” veio facilitar a sua gestão, pois bastava apenas um manual, um certificado. Fomos de um extremo a outro: terceirização total do processo de desenvolvimento de fornecedores, da grande indústria para consultores e entidades certificadoras, o que, convenhamos, não é adequado para ambas as partes. Hoje muitas empresas buscam caminhos intermediários para equacionar tais problemas. Algumas recriaram seus departamentos da qualidade em novas bases, outras passaram a exigir critérios mais rigorosos nos processos de seleção de fornecedores etc. Em 1994 é publicada a segunda versão da ISO 9001 enfatizando ações preventivas e corretivas, mas, tal qual na versão anterior, a tônica era a documentação; os auditores buscavam documentos que apresentassem as evidências objetivas. 11 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Em 2000, é publicada a terceira versão da ISO 9001, agora fundamentada em oito princípios da qualidade aderentes aos conceitos de Gerenciamento Total da Qualidade, desenvolvidos para a utilização da alta direção, tendo em vista a melhoria de desempenho da organização. Vejamos quais são eles: a) Foco no cliente. b) liderança. c) Envolvimento de pessoas. d) Abordagem de processo. e) Abordagem sistêmica para a gestão. f) Melhoria contínua. g) Abordagem factual para tomada de decisões. h) Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. O uso com sucesso dos oito princípios de gestão por uma organização resultará em benefícios para as partes interessadas, tais como melhoria no retorno financeiro, criação de valor e aumento de estabilidade (ABNT, NBR ISO 9004). Outras normas foram desenvolvidas. Em 1996 foi publicada a primeira versão da norma ISO 14001 relativa ao meio ambiente,e, em seguida, a OHSAS 18001 (1999) publicou a sua norma sobre Segurança e Saúde no Trabalho. Outras normas foram publicadas por organismos internacionais (IEC, IEEE, Coso, Cobit, PMI etc). Recentemente, publicou‑se a ISO 26000, que trata da responsabilidade social, com os seguintes princípios: 12 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Quadro 3 Princípios Responsabilidade Assumir voluntariamente o dever de responder por todas as consequências de suas ações. Transparência Oferecer às partes interessadas todas as informações sobre os fatos que possam afetá‑las, de forma acessível, compreensível e com prazos adequados. Comportamento ético Agir de modo aceito pela sociedade como correto, e não fazer a outros o que não aceitaria que fosse imposto por outros a você. Consideração pelas partes interessadas Ouvir e considerar as manifestações das pessoas, ou entidades que tenham interesse identificável nas atividades da organização. legalidade Como ponto de partida mínimo, para ser socialmente responsável, cumprir integralmente as leis do país onde está operando. Normas internacionais Adotar prescrições de tratados e outros acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo que ainda não obrigados por lei. Direitos Humanos Reconhecer a importância e a universidade dos Direitos Humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam direta ou indiretamente. Fonte: Pagliuso (2010). A tabela a seguir apresenta algumas empresas consagradas, campeãs do Prêmio Nacional da Qualidade, que foram acumulando sistemas de gestão, tornando‑os integrados. Tabela 1 Empresa Certificações CPFl PAUlISTA IS0 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, SA 8000. AlBRAS IS0 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, SA 8000, ANSI/ASQ Q 9001. PROMON IS0 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, ISO 27001. CETREl S.A IS0 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, ISO 17025; SA 8000. DANA IS0 9001, ISO 14001, ISO/TS 39479, ISO/TS 16949. Fonte: Pagliuso (2010). 13 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Há muitos modelos de gestão consagrados e há sempre novos sendo desenvolvidos. Surge então a questão: qual é o melhor? A resposta: aquele que melhor se adequar à situação, pois como Herrero (2005) afirma, não existe uma fórmula mágica para o sucesso empresarial. Um exemplo de empresa que não se adequou à situação é o das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM, um império dos anos 1950 que perdeu progressivamente sua importância ao longo das décadas. Keller e Teufel (1998) lembram que os modelos de referência à gestão podem ser – e normalmente são – elaborados a partir do que se consideram as melhores práticas do mercado, mantendo sua universalidade e possibilitando “reutilização” na construção de modelos específicos ou de outros modelos de referência (PAGlIUSO, 2010, p. 50). Como resultado da observação e estudo de tantas variantes, o modelo que é considerado o estado da arte da gestão é o Modelo de Excelência da Gestão concebido pela Fundação Nacional da Qualidade. Têm‑se aí práticas de gestão e resultados, ou seja, resultados são consequências da aplicação de boas práticas de gestão. Práticas de gestão Resultados Figura 2 Para facilitar o entendimento dessa integração de práticas de gestão, vamos começar com um exemplo simples e muito familiar a você caro (a) aluno (a). Com certeza, você deseja ser aprovado 14 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 (resultado) em todas as disciplinas do curso e posteriormente aplicar esse conhecimento obtido na sua atividade profissional. No entanto, como obter esse resultado (aprovação)? Confúcio (551 a.C – 479 a.C.) dizia “Eu ouço e esqueço, eu vejo e eu lembro, eu faço e eu aprendo”. Esse pensamento é, portanto, um precursor do “aprender fazendo”? Existem várias formas de gerar conhecimento: observar, pesquisar, empregar engenharia reversa, tecnologia etc., entre outras. A mais tradicional é por meio de cursos presenciais e semipresenciais, e recentemente temos a EaD, educação a distância. Observe que você teve diversas opções de aprendizado e pôde escolher uma delas, fazendo uso de alguns critérios pessoais: preço, horários, disponibilidade do seu tempo, facilidades de transporte etc. Você optou pela EAD. Vamos nomear opção como definição da prática de gestão. Ela não difere em nada dos processos de gestão empresariais, quando os gestores escolhem as suas práticas de gerência. É claro que existem muito mais variáveis envolvidas, pois, enquanto no seu caso o único a se beneficiar ou se prejudicar pela escolha da prática é você mesmo, no âmbito empresarial isso é mais complexo, os beneficiários ou os prejudicados pela escolha das práticas são vários: clientes, fornecedores, funcionários, comunidade, estado, sociedade, academia, sindicatos, acionistas etc. Uma vez escolhida a prática de gestão (sua forma de aprendizado, por meio do EaD), você se verá diante da etapa seguinte: como implantá‑la, ou, em outras palavras, como estudar? Para isso, precisará realizar o planejamento de seu estudo respondendo a seis questões fundamentais: o que, quem, quando, onde, como, por quê. • O que: a realização da disciplina Administração Integrada. • Quem: você. • Quando: escolha adequadamente seus horários de estudo conciliando com suas outras atividades pessoais e profissionais. 15 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 • Onde: sala de aula, polo, casa, trabalho etc. • Como: lendo o livro‑texto antes de assistir à videoaula ou à aula ao vivo; assistindo à aula; esclarecendo as dúvidas; resolvendo os exercícios; consultando o banco público de boas práticas, tais como: Fundação Nacional da Qualidade, ETHOS, ABES, entre outros. • Por quê: para adquirir conhecimento, aprender, ser aprovado (resultado) nas provas e aplicá‑lo na vida profissional. É conveniente que você elabore um cronograma para visualização do seu planejamento. Pode ser uma simples tabela como esta: Tabela 2 Horário Semana 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 ...... Semana n leitura prévia Aula 1 Aula 2 ............. ............. ...... ................... Assistir aula Aula 1 Aula 2 ............... Esclarecer dúvidas Aula 1 Aula 2 Resolver exercícios Aula 1 Aula 2 Pesquisar sites Aula 1 Aula 2 Realização de provas Dando continuidade ao planejamento de seus estudos, agora é hora de executar tudo o que foi planejado. Não espere terminar o semestre para verificar se realizou ou não o que planejou, se obteve os resultadosdesejados. Ao final de cada semana, compare o que estava programado com aquilo que efetivamente realizou. Ao fazer a comparação, você detecta os itens cumpridos e os não cumpridos do seu planejamento, e então é hora de realizar uma avaliação e agir sobre eles, de forma proativa, e realimentar o plano dos seus estudos, corrigindo‑o, adaptando‑o, mantendo‑o etc. 16 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Até aqui você deve ter percebido que aplicou o famoso ciclo PDCA ao seu processo de aprendizado: P de plan – planejamento, D de do – execução, C de control – controle, acompanhamento, follow‑up, e A de act – ação. Esse é exatamente o ciclo utilizado por qualquer empresa, de qualquer ramo, de qualquer tamanho, de qualquer nacionalidade, conforme ilustra a figura em seguida desenvolvida por Shewart (1920) e popularizada por Deming (1950). A C P D Figura 3 Com o tempo você melhora o processo de aprendizado. A experiência adquirida após as provas, questionários e atividades permite observar os resultados (práticas e resultados) e com isso você pode planejar suas etapas futuras nos próximos semestres. Se você comparar suas práticas e resultados com os dos seus colegas você pode estabelecer outras formas de estudar. Isso é comparar sua prática com outras práticas similares, visando à melhoria do seu processo de aprendizado e redefinindo a sua prática de gestão. Conclusão: pratica o L de learning – aprendizado, ou seja, além de realizar um ciclo PDCA, também executa um ciclo PDCl melhor visualizado na figura a seguir: 17 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Planejamento da execução Ação AvaliaçãoMelhoria Execução Verificação Definição das práticas e padrões Figura 4 2 UM POUCO DA HISTÓRIA DA INDÚSTRIA E DOS MODElOS DE GESTÃO Até o século XVIII, a evolução da humanidade era muito lenta uma vez que quaisquer inovações apresentavam absorção extremamente vagarosa. Da metade do século XVIII em diante, a Revolução Industrial transformou os modos de produção e iniciou um acelerado processo de crescimento econômico, criando inovações mais rapidamente. Veja o texto a seguir: A maioria das empresas atuais – qualquer que seja o seu ramo, a sofisticação tecnológica de seus produtos ou serviços, ou a sua nacionalidade de origem – pode remontar o seu estilo de trabalho e as suas raízes organizacionais à prototípica fábrica de alfinetes descrita por Adam Smith em A riqueza das nações, publicado em 1776. Smith, filósofo e economista, reconheceu que a tecnologia da Revolução Industrial havia criado oportunidades sem precedentes para os fabricantes aumentarem a produtividade dos trabalhadores e, assim, reduzirem o custo dos produtos, não em pequenas porcentagens – atingíveis quando se persuade um 18 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 artesão a trabalhar com um pouco mais de rapidez – mas em ordens de grandeza. Em A riqueza das nações, esse precursor do consultor de empresas, em sua época um pensador radical, explicou o que denominou de princípio da divisão do trabalho. O princípio de Smith refletiu as suas observações de que certo número de trabalhadores especializados, cada qual realizando uma etapa individual da fabricação de um alfinete, poderia produzir, em um dia, muito mais alfinetes do que o mesmo número de trabalhadores empenhados na produção de alfinetes inteiros. “Um homem” – escreveu Smith – “estica o arame, outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz a ponta, um quinto esmerilha o topo para receber a cabeça; produzi‑Ia requer duas ou três operações distintas; ajustá‑la no alfinete é uma atividade peculiar, pratear os alfinetes é outra; inseri‑los na cartela de alfinetes constitui até uma atividade independente.” Smith relatou ter visitado uma pequena fábrica, empregando apenas dez pessoas, cada uma realizando apenas uma ou duas das 18 tarefas especializadas envolvidas na fabricação de um alfinete. “Essas dez pessoas eram capazes de produzir, conjuntamente, mais de 48 mil alfinetes por dia. Porém, trabalhando separada e independentemente, e sem ter sido educada nessa atividade peculiar, cada uma delas certamente não conseguiria produzir vinte ou nem mesmo um alfinete ao dia.” A divisão do trabalho aumentava a produtividade dos alfineteiros em centenas de vezes. “A vantagem”, escreveu Smith, “deve‑se a três diferentes circunstâncias: primeira, ao aumento da destreza de cada trabalhador individual; segunda, à economia do tempo normalmente perdido na passagem de 19 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 uma espécie de trabalho para outra; e, finalmente, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam, abreviam o trabalho e permitem a um homem realizar o trabalho de muitos.” As atuais companhias aéreas, usinas siderúrgicas, firmas de contabilidade e fabricantes de chips para computadores foram todas construídas em torno da ideia central de Smith – a divisão ou especialização da mão de obra e a resultante fragmentação do trabalho. Quanto maior uma organização, mais especializados são os seus trabalhadores e mais fragmentado é o seu trabalho. Fonte: Hammer; Champy (1994). O processo de aprendizado da época consistia na transferência de conhecimentos e habilidades do mestre para o aprendiz. Basicamente ensinava‑se e praticava‑se como fazer, e não necessariamente a melhor forma de fazer. Pense em ferreiros transmitindo as técnicas para seus aprendizes: qualidade e competitividade não eram preocupações diuturnas. Até então, quaisquer revoluções se estabilizavam após algum tempo, e a Revolução Industrial foi diferente: não se estabilizava, pois procurava novas tecnologias e inovações. Entre 1850 e 1950, aproximadamente, as descobertas da ciência (máquina a vapor, eletricidade, química e outras), aumentam a produtividade e levam à criação de novos mercados. No século XX ocorreu um gigantesco crescimento em todas as ciências e áreas do conhecimento conjuntamente com o crescimento da população mundial, que passou de um para mais de sete bilhões de pessoas, mesmo com guerras mundiais, catástrofes naturais e epidemias. Ciência e população em rápido crescimento se traduz em aumento da demanda por produtos e serviços. 20 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no me: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 A resposta da indústria a essa demanda foi a rápida difusão de inovações tecnológicas e organizacionais, suprindo‑a em escala mundial. Foi o século das inovações em transporte (ferrovias, motor a combustão, motor elétrico etc.), comunicações (telégrafo, telefone, telex, fax, internet etc.), e, naturalmente, de gestão. Esse avanço tecnológico resultou na empresa industrial, que levou à concentração econômica (com monopólios e oligopólios) e outros fenômenos. Resgatando a história das organizações, podemos citar a Administração Científica que Taylor desenvolveu e Henry Ford implantou (1913), em que os operários realizam tarefas braçais e os gestores ficam distantes do “chão de fábrica”. Entre os instrumentos desenvolvidos no século XX para aprimorar os métodos de gerenciamento das empresas está o da qualidade. Autores consagrados, como Shewart, Juran e Deming, desenvolveram ferramentas de gestão da qualidade, mas não puderam testá‑las nos Estados Unidos, pois havia excesso de recursos naturais, financeiros e humanos, e não havia interesse no assunto. Porém, no Japão as oportunidades foram promissoras para a implantação destas ferramentas, uma vez que após a Segunda Guerra Mundial havia falta de recursos naturais e financeiros, aliados à característica peculiar da população de ter enraizados valores sociais de respeito à hierarquia, como mostra a figura 5. Imperador Pátria Empresa Família ‑ pais, avós Família ‑ filhos, netos, avós Eu Figura 5 21 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 É interessante notar que um dos alicerces para o crescimento da importância da indústria japonesa na economia mundial foi exatamente um conjunto de práticas de gestão desenvolvidas por americanos que não encontraram espaço em seu próprio país para aplicá‑las. Isto não desmerece os japoneses, pois foram capazes de desenvolver seus próprios modelos de gestão, como o modelo Toyota de produção. 3 FUNDAMENTOS DA EXCElÊNCIA Os fundamentos da excelência expressam conceitos reconhecidos internacionalmente e que se traduzem em práticas ou fatores de desempenho encontrados em organizações líderes de classe mundial, que buscam constantemente se aperfeiçoar e se adaptar às mudanças. 3.1 Pensamento sistêmico O conceito de pensamento sistêmico envolve o entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização, bem como entre a organização e o ambiente externo. O pensamento sistêmico é mais facilmente demonstrado e compreendido pelas pessoas de uma organização quando esta adota um modelo de gestão e o dissemina de forma transparente, com um monitoramento por meio de autoavaliações sucessivas. 3.2 Aprendizado organizacional Busca alcançar um novo patamar de conhecimento organizacional por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de experiências. O aprendizado organizacional deve estar internalizado na cultura da organização, tornando‑se parte do trabalho diário em todos os níveis e em quaisquer de suas atividades. Preservar 22 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 o conhecimento que a organização tem de si própria, de sua gestão e processos é fator básico para sua evolução. A organização deve buscar o conhecimento compartilhado e o aprendizado coletivo. A gestão do conhecimento, apoiada na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, valorizam e perpetuam o capital intelectual. O aprendizado organizacional incentiva a experimentação, utiliza o erro como instrumento pedagógico, dissemina suas melhores práticas, compartilha informação e conhecimento, desenvolve soluções e implementa melhorias e inovações de forma sustentada. Para entendermos melhor esse tema, recorremos a Senge (2003, p. 50), que define as organizações que aprendem como lugares “onde as pessoas continuamente expandem sua capacidade de criar os resultados que verdadeiramente desejam, onde novos e vastos padrões de pensamento são alimentados, onde a aspiração coletiva é libertada e onde as pessoas estão sempre aprendendo sobre como aprender em conjunto”. Para Ikujiro Nonaka, citado por Garvin (2002, p. 5): “A invenção de novos conhecimentos não é uma atividade especializada, é uma forma de comportamento, ou melhor, um modo de ser no qual todos são trabalhadores do conhecimento”. Quadro 4 Definições de aprendizagem organizacional Aprendizagem organizacional significa o processo de aprimoramento das ações por meio de melhor conhecimento e compreensão. Aprendizagem organizacional é definida como o aumento da capacidade de uma organização realizar ações eficazes. Uma entidade aprende se, por meio de seu processamento de informações, a gama de comportamentos potenciais é ampliada. Aprendizagem organizacional é um processo de detecção e correção de erros. Aprendizagem organizacional é definida como o processo pelo qual se desenvolve o conhecimento das relações ação‑resultado entre a organização e o ambiente. Considera‑se que as organizações aprendem quando codificam inferências da história em rotinas que orientam o comportamento. Aprendizagem organizacional ocorre por meio de insights compartilhados, conhecimento e modelos mentais [... e] se baseia no conhecimento e experiências passadas – ou seja, na memória. Fonte: Garvin (2002). 23 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Individualmente, cada um tem a sua própria forma de aprender e que vai se aperfeiçoando ao longo da vida, em função dos erros cometidos e de novos conhecimentos que vão sendo adquiridos. Alguns princípios, valores e conhecimentos que adquirimos permanecem imutáveis para nós, o que explica as muitas situações em que temos dificuldades de deletar aquilo que aprendemos, seja pelo fato de ter sido útil em determinadas ocasiões, seja porque nos agrada etc. Em outros momentos, entretanto, sabemos que não devemos percorrer determinados caminhos, pois eles conduzem a erros. Podemos chamar essa soma de erros e acertos como experiência profissional e pessoal. Enfim, devemos evoluir de uma forma tal que nos mantenha atualizados em relação à profissão que escolhemos. Devemos, assim, estar sempre pesquisando novos conhecimentos que serão úteis para o nosso exercício profissional. No mundo empresarial não é diferente, as empresas também possuem suas experiências de acertos e erros, ganhos e perdas, etc. Enquanto que, na vida pessoal, você é o gestor das suas experiências pessoais; na empresa, a dificuldade em gerir esses erros e acertos é imensa, pois se trata de um ambiente coletivo, que reúne experiências diversas e conhecimentos acumulados por um determinado número de pessoas. Autores consagrados internacionalmente vêm se dedicando a este tema:aprendizado organizacional –, buscando formas de documentar as experiências (conhecimentos) da empresa, gerir e adquirir novos conhecimentos e disseminá‑los de forma adequada para as pessoas pertinentes e para o mercado, ou seja, não reinventar a roda, ser competitivo, ser produtivo, ser mais ágil que os concorrentes, atender melhor aos clientes, minimizar os custos internos etc. 24 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 3.3 Cultura de inovação Até o advento da primeira Revolução Industrial, tivemos poucas inovações, sejam na agricultura ou na indústria da época. Foi a partir dessa revolução que as inovações passaram a ocorrer com mais intensidade em todos os ramos do saber, de modo que, nos dias atuais, é impossível não nos preocuparmos com as inovações que devemos gerar e com aquelas que possam afetar de forma benéfica ou adversa nossas vidas pessoais, profissionais e empresariais. Podemos tomar como exemplo a fabricação de carros há cem anos em escala industrial e as inovações que diariamente surgem na indústria automobilística, assim como nas indústrias médica, farmacêutica e as ligadas à moda, surgem nas TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação etc. Portanto, “invente, tente, faça diferente”. Esse é o comercial da Rede Globo que você já conhece. Aplique‑o na sua vida pessoal, profissional e empresarial, seja como funcionário ou ocupando cargos gerencias e empresariais. A cultura de inovação se traduz em ambiente interno que incentive a criatividade para gerar ideias que possam gerar um diferencial competitivo para a empresa. Vejamos, no quadro em seguida, definições dos tipos de inovação: Quadro 5 Tipos de inovação Definição Inovação de produto É a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado com relação aos produtos existentes tanto de características funcionais como de usos previstos. As inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou podem basear‑se em novos usos ou novas combinações para conhecimento ou tecnologias existentes. 25 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Inovação de processo É a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Os métodos de produção envolvem técnicas, equipamentos e/ou softwares utilizados para produzir bens e serviços. Já os métodos de distribuição, dizem respeito à logística da empresa. Além da produção e distribuição, esse tipo de inovação também envolve as atividades de compras, contabilidade, computação e manutenção e a implementação de tecnologias da informação e da comunicação (TICs) novas ou significativamente melhoradas, caso vise à melhoria de eficiência. Inovação organizacional É a implementação de um novo método organizacional, que pode ser uma nova prática de negócio da empresa, uma nova organização do local de trabalho ou nas relações externas. Os aspectos distintivos da inovação organizacional, se comparada a outras mudanças organizacionais, está no fato de não ter sido usada anteriormente na empresa e de ser o resultado de decisões estratégicas tomadas pela gerência. Inovação no marketing Implementação de novos métodos de marketing, como mudanças no design do produto e na embalagem, na promoção do produto e sua colocação no mercado, e de métodos de estabelecimento de preços de bens e de serviços. É a implementação de um novo método de marketing, voltado para as necessidades dos consumidores, abrindo novos mercados ou reposicionando o produto no mercado, com o objetivo de aumentar as vendas. Deve representar mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços. Deve fazer parte de um novo conceito ou estratégia de marketing que representa um distanciamento substancial dos métodos de marketing existentes na empresa. Fonte: Carvalho (2009). Uma contribuição importante nos é fornecida por Tigre (2006, pp. 47‑48): Uma inovação só produz impactos econômicos abrangentes quando se difunde amplamente entre empresas, setores e regiões, desencadeando novos empreendimentos e criando novos mercados: Ex: energia elétrica, semicondutores, Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC etc. 26 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Conceitos de mudança tecnológica Do ponto de vista conceitual, uma primeira distinção é usualmente feita entre tecnologias e técnicas. A tecnologia pode ser definida como conhecimento sobre técnicas, enquanto as técnicas envolvem aplicações desse conhecimento em produtos, processos e métodos organizacionais. Quadro 6 – Taxonomia das mudanças tecnológicas Tipo de mudança Características Incremental Melhoramentos e modificação cotidiana. Radical Saltos descontínuos na tecnologia de produtos e processos. Novo sistema tecnológico Mudanças abrangentes que afetam mais de um setor e dão origem a novas atividades econômicas. Novo paradigma tecnoeconômico Mudanças que afetam toda a economia envolvendo mudanças técnicas e organizacionais, alterando produtos e processos, criando novas indústrias e estabelecendo trajetórias de inovações por várias décadas. Fonte: Tigre (2006). Como as definições que acabamos de estudar, devemos estar atentos para não cairmos na armadilha de que as inovações são apenas produtos da pesquisa e desenvolvimento. Podemos também inovar comparando‑nos com outros segmentos. Por exemplo, nos hospitais, nas clínicas etc. é obrigatório ter um sistema eficaz de limpeza, principalmente de resíduos tóxicos, entre outros. Essa técnica de limpeza, no modelo japonês, recebe o nome de 5S. Caso não exista essa cultura na sua empresa, você poderá implantá‑la; esta é uma metodologia inovadora. 3.4 liderança e constância de propósito A liderança e constância de propósito exigem uma gestão de portas abertas, de igualdade, uma gestão criativa e motivadora 27 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 da força de trabalho em busca da consolidação de uma cultura da excelência, de incentivo à qualidade e a salvaguarda das necessidades e expectativas das partes interessadas. Peter Drucker, pai da Administração, ensina‑nos que líder é aquele que consegue seguidores para as suas causas. São exemplos todos os líderes religiosos e os políticos eleitos pelo voto das pessoas. Nesta disciplina, tratamos de líderes empresariais. Você percebeu que o líder precisa ter um enorme jogo de cintura, uma excelente visão de futuro; semtirar os pés do chão, deve contemplar todas as partes interessadas. Desde os tempos bíblicos, a prática da liderança foi abordada por inúmeros autores ao longo da história. As organizações de classe mundial deste século buscarão gênios coletivos para poder atender à inserção e à manutenção num ambiente competitivo. Gerenciar de forma estratégica o talento é a chave para a vantagem competitiva e para isso se faz necessária uma gestão que possibilite que os profissionais se ajustem e operem em organizações que superem o dilema fundamental da liderança, que é a atração de talentos (TIGRE, 2006, p. 16). Observe que o autor, quanto ao termo “empresa de classe internacional”, não definiu tamanho, porte ou nacionalidade. Portanto, nada impede que você implante na sua empresa, independentemente de tamanho, porte, nacionalidade todas essas práticas, pois essa é a magia da gestão: adaptar técnicas, práticas e metodologias usualmente utilizadas pelas grandes organizações nas demais empresas. Para o aprendizado e para a liderança é importante tanto se preocupar com o passado, como com o presente e com o futuro. 28 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 As lições do passado podem clarificar o futuro e, numa época de velocidade da internet, olhar para o passado pode parecer perda de tempo, um recurso escasso na atualidade (Ibidem, p. 17). lembre que Garvin (2002), citado anteriormente, também trata desse assunto: primeiro olhar para trás e observar o que deu certo e o que não deu certo e, a partir daí, iniciar a pesquisa sobre novos líderes, produtos e serviços. Ter credibilidade é um atributo da liderança. Como liderar seguidores um tanto descrentes para um amanhã não conhecido e incerto? Como pode ser um líder se não for confiável? Para responder a essa questão, o autor citado entrevistou pessoas de mais de trinta países, numa amostra significativa de setores e funções existentes, indagando o que elas buscavam em um líder para poderem segui‑lo. A resposta obtida desde 1980 e até hoje é a de que esses líderes sejam honestos, preocupados com o futuro, motivadores e competentes. Nessa pesquisa também foram citadas as necessidades de integridade, de confiabilidade, de visão e de senso de direção, com capacidade de motivação e um passado de realização. A mensagem só será crível se as pessoas acreditarem no mensageiro (Ibidem, p. 18). Implicações para o líder do século XXI: Comprometimento da liderança, com a inclusão de líderes potenciais e onde todos se comprometam com tudo, facilitando o alcance do sucesso (Ibidem, p. 19). 29 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 liderança baseada nas emoções: Há a necessidade de uma liderança diferente, com a aposentadoria do convencional e estímulo à inovação e à paixão pela organização (Ibidem, p. 32). Das competências essenciais aos competentes essenciais: Qualquer que seja a organização, há a necessidade de pessoas que saibam inovar, concebendo ideias originais. Esses indivíduos incorporam habilidades necessárias para serem competentes essenciais e não apenas incorporarem as competências essenciais apregoadas por Gary Hamel e C. K. Prahalad com fonte de vantagem competitiva. As competências, como conhecidas popularmente, representam um estado anterior e não atual (Ibidem, p. 34). Pessoas consideradas competentes essenciais evoluem, pois questionam o status quo, são curiosos, são independentes, assumem riscos. Isto obriga o empresário a questionar quantas pessoas com tais atitudes atuam na sua organização? (Ibidem, p.35). Economias da alma: uma organização que busca ser competitiva no futuro precisa de forças associadas a sentimentos fortes, que o autor em questão denomina como economias de alma. O professor Manfred Kets de Vries (Insead) preconiza que os recursos responsáveis para tornar os indivíduos malucos, tristes e felizes devem ser bem utilizados para que não sejam desperdiçados. Muitos executivos afirmam que esse desperdício pode representar a utilização de apenas 10% a 15% do capital intelectual. Pedem para tomar cuidado com o que o autor chama de castração de competência. Alegam que as organizações precisam de pessoas que não se limitem a oferecer para essas apenas as mãos, e sim se dediquem de corpo e alma. 30 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Hoje há a necessidade, para auferir lucros efetivos, que as organizações atraiam os clientes e força trabalho pela emoção e não pela racionalização (Ibidem, p. 38). liderança como gênio coletivo: apesar da existência de talentos natos, tais indivíduos, para concluírem sua formação, têm de passar pelas interações sociais. A tensão na vida empresarial dá origem à vulnerabilidade e à ansiedade, e só podem ser superadas por meio do apoio social. Para sobreviver num mundo turbulento e competitivo, há a necessidade de fronteiras organizacionais permeáveis e flexíveis. Daí a importância da visão que afeta o orgulho profissional dos indivíduos, para manter a motivação e alcançar o comprometimento. O importante é desenvolver o talento das pessoas. Isto implica desafios do tipo: “O que é supervisionável, quem faz o quê, o que deve ser feito e quem somos os nós” (Ibidem, p. 45). Assim, o paradoxo gerencial tem a ver com a modelagem da cultura, dos processos e das criatividades. Esse paradoxo tem a ver com liberar e reter o gênio do coletivo, e são identificadas quatro tensões conflitantes (paradoxos) que devem ser compreendidas, aceitas e ponderadas: • conciliar diferenças individuais, metas e identidade coletivas; • incentivar o apoio e o confronto entre os participantes do coletivo; • manter o foco no desempenho, na aprendizagem e no desenvolvimento; • ponderar a autoridade da liderança com a autonomia e o discernimento dos componentes do coletivo. 31 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Para modelar a estrutura, a organização precisa de uma orientação para ação de decisões vitais que precisam ser implementadas, de ações que precisam ser executadas e de busca pela experiência. Para isso, faz uma série de ilações sobre os líderes do futuro com base em John Kotter, que afirmou que nos últimos 50 anos do século passado as organizações estavam mais preocupadas com o gerenciamento do que com a liderança, com o gerente preocupando‑se com a complexidade e o líder, com as mudanças. O principal empecilho para abrir uma empresa com grandes possibilidades de sucesso não é o capital financeiro e sim o capitalintelectual. Para o atual cenário, há a necessidade de lideranças visionárias. 3.5 Orientação por processos e informações É a necessidade de entender e separar as ações organizacionais que criem valores para as partes interessadas e com o processo decisório e de execução, levando em consideração a medição e análise do desempenho, com base nas informações disponíveis e na identificação dos riscos pertinentes. Um aspecto importante da Gestão com Qualidade, desde os anos 1990, tem a ver com a Gestão por Processos, reforçado pelo avanço da Tecnologia da Informação e Conhecimento – TIC, que contribui com o processo decisório de pessoas ou profissionais e, qualquer que seja a decisão, abrange riscos e acertos. A atenção das empresas está, então, em implantar processos com a consequente geração de dados e informações confiáveis e para que se tome a melhor decisão possível, visando a maximizar os acertos e minimizar os riscos para as partes interessadas nos momentos certos. Processos principais do negócio são aqueles que estão em linha direta com os clientes e que geram receitas para a empresa. 32 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Todos os demais processos são tidos como processos de apoio ou suporte. 3.6 Visão de futuro É o entendimento dos fatores que interferem na organização, no seu ecossistema, e no ambiente externo tanto no curto como no longo prazo, com o objetivo de sua perpetuação. Desde que você era criança, perguntavam‑lhe sobre o que queria ser quando crescesse. Você cresceu e, em função de alguns critérios citados no início desta disciplina, decidiu pelo curso que está prestes a concluir. A pergunta se repete quanto ao que você quer ser daqui a 10, 20 anos, aonde você pretende chegar, qual é a sua visão de futuro de si mesmo. Quer ser servidor público; progredir na carreira em empresa privada ou mesmo na pública; ser apenas um bom funcionário sem grandes desafios; ser executivo; ser microempreendedor; ser empresário; gestor de herança familiar, constituir família. Enfim, você se depara com o questionamento sobre o futuro que visualiza para si. Para respondê‑la, primeiro trace os seus objetivos pessoais, familiares e profissionais. Em seguida, procure identificar as variáveis que afetam a sua trajetória, benéficas e adversas, ou seja, o cenário onde você está inserido. Identifique as dificuldades que enfrentará e os fatores críticos de sucesso que deverão ser superados. Mensure quanto de dinheiro precisará nessa caminhada e o que deve fazer para obtê‑lo apenas trabalhando ou mediante financiamento, empréstimos etc. Uma vez definidos os objetivos, os obstáculos, os desembolsos financeiros, é hora de começar a trilhar o seu futuro desejado e, ao longo desse percurso, estabelecer pontos intermediários de medição daquilo que atingiu e o que deveria ter atingido. Em poucas palavras, deve monitorar o seu progresso realimentando o seu planejamento e tomando novas medidas de melhorias, preventivas e corretivas. 33 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 Enfim, qual a qualidade de vida que você deseja para si mesmo. Para que tudo isso aconteça, faz‑se necessária uma combinação de: acreditar em você mesmo, perseverar, ter entusiasmo, coragem para não desistir dos seus ideais e motivação. Nas empresas, a situação é mesma, para onde ela quer ir, aonde quer chegar, com que produtos e serviços, que clientes atender, que status manter etc. Mudam os termos, as práticas etc., e os objetivos continuam sendo os mesmos: manutenção e melhoria da qualidade de vida das pessoas e dos negócios envolvidos visando à perenidade da empresa e das partes interessadas. Ao longo dos séculos, diversos foram os estudos sobre as várias estratégias (caminhos) para sobreviver, vencer o concorrente para ser o melhor etc., voltadas inicialmente para as técnicas militares, vencer as batalhas, as guerras e, posteriormente, transplantadas e consequentemente aperfeiçoadas para as iniciativas estatais e privadas. 3.7 Geração de valor Valor é uma qualidade que confere às coisas uma estimativa da importância que estas detêm. Algumas pessoas valorizam (ou concedem valor) princípios éticos de comportamento, enquanto outras não. No que tange às organizações, a geração de valor trata do quanto se adiciona ao coletivo. Por exemplo, uma localidade sem escola de inglês ganha muito quando uma filial de alguma rede de ensino de idiomas se instala, pois a população passa a ter acesso a este aprendizado. Essa escola está gerando valor para a comunidade, por assim dizer. E essa escola está gerando valor para seus acionistas ou proprietários, pois há faturamento e lucratividade. Pode‑se gerar valores tangíveis e intangíveis, sendo considerado valor tangível tudo que pode ser mensurado e 34 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 registrado contabilmente pela organização, como o faturamento, estoques etc. Já valor intangível é tudo que não pode ser mensurado pelas técnicas tradicionais de valoração dos ativos, além daqueles de difícil mensuração. São exemplos o talento das pessoas, o valor de um ponto comercial e assim por diante. 3.8 Valorização das pessoas As pessoas constituem o principal ativo de uma organização. São elas que levam a empresa ao sucesso ou, por outro lado, também ao fracasso. Assim sendo, merecem todos os cuidados possíveis. Para esse fundamento que abordamos agora não importa a relação jurídica das pessoas que compõem a força de trabalho da empresa, funcionários seletistas, terceirizados, consultores etc. As organizações, para serem bem sucedidas, têm cada vez mais de aproveitar as oportunidades de aprendizado da força de trabalho e de um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades. Com isso, é possível um jogo de ganha‑ganha: maior produtividade e maior felicidade, aumentando a retenção de talentos e atraindo novos. 3.9 Conhecimento sobre o cliente e o mercado Clientes são a razão da existência da empresa, são eles que pagam a folha de salários, os investimentos, a pesquisa e desenvolvimento, os impostos. Sem eles não haveria empresa e consequentemente não haveria postos de trabalho. Nada mais justo, então, do que tratá‑los de uma forma melhor que os concorrentes, oferecendo produtos e serviços que atendam às suas necessidades a preços justos, preferencialmente inferiores àqueles dos concorrentes e serviços pós‑venda condizentes com as suas expectativas. 35 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 O importante é conhecer o clientee compreendê‑lo, com a finalidade de gerar valor de forma sustentada e em decorrência uma maior competitividade mercadológica. 3.10 Desenvolvimento de parcerias Na nossa vida pessoal, necessitamos de diversas parcerias para a nossa sobrevivência (alimentação, vestuário etc.) e profissional. Nenhum de nós é suficiente o bastante em tudo que necessita, sempre precisamos de parceiros. Na vida empresarial, a situação se repete, todas as empresas precisam de parceiros confiáveis para o pleno desenvolvimento das suas atividades. Nenhuma delas produz tudo que precisa para as suas operações, sejam produtoras de bens, produtos ou prestadoras de serviços. Alguns exemplos de parcerias que facilmente constatamos são as clínicas que solicitam exames realizados apenas por alguns laboratórios; construtores de shopping centers, que têm em determinadas lojas, parceiros fiéis (estas estão presentes em todos os shopping centers construídos por esses construtores); lanchonete do seu polo universitário, que tem seus fornecedores de legumes, parceiros fiéis etc. Outro exemplo são os consórcios que se constituem para realizar um determinado empreendimento, por exemplo a implantação de uma linha de metrô, e que se dissolvem ao término dessa obra. Quando surgem novas linhas, os mesmos componentes do consórcio se reagrupam para empreendê‑las. Mais exemplos são o associativismo e as cooperativas. 3.11 Responsabilidade social A Fundação Nacional da Qualidade, FNQ, foi a primeira instituição a introduzir o tema Responsabilidade Social como fundamento da excelência. Para este século XXI, temos várias questões fundamentais a resolver, talvez a mais importante seja a questão ambiental, pois, em um século, a humanidade levou boa parte dos recursos naturais à sua exaustão ou perto disso. Há inúmeros espécimes em extinção e outros tanto em vias de extinção, a poluição desenfreada afetando todos os 36 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 seres vivos, o aquecimento global, o derretimento das geleiras. A outra questão que se coloca é o aumento populacional absurdo, milhões de famintos, geração de renda e emprego, assistência social etc. Enfim, estamos destruindo a nossa casa comum: a Terra. Isto implica transparência com todas as partes interessadas que a organização se relaciona, tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável da sociedade, possibilitando a preservação do meio ambiente e das características culturais para as próximas gerações, não afetando a diversidade e propiciando a diminuição das desigualdades sociais, incorporando tais aspectos na estratégia organizacional. E aí? Como viabilizar na prática este conceito? Responsabilidade social é aceitar o fato de que a sociedade é parte integrante do ecossistema organizacional, com necessidades e expectativas a serem identificadas, entendidas e atendidas. Significa conscientizar‑se moralmente e civicamente, com a organização entendendo o seu papel no desenvolvimento da sociedade. Constituem‑se em regras básicas nas relações da organização com as pessoas: respeitar individualidade, o sentimento coletivo e a liberdade de associação, abolindo políticas discriminatórias e protegendo as minorias. Cabe, assim, à organização a busca pelo desenvolvimento sustentável e a identificação dos problemas advindos do relacionamento com a sociedade em função de impactos das suas instalações, processos, produtos e serviços. A organização deve procurar não afetar os ecossistemas naturais, preservar os recursos não renováveis, e não desperdiçar os recursos renováveis na sua utilização. Deve ainda atender e superar os requisitos legais e regulamentares inerentes às suas atividades. Exercer a cidadania implica apoiar ações sociais, incluir a educação, a assistência à comunidade, incentivar a cultura, 37 AdministrAção integrAdA Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 o esporte, o lazer e atuar de forma ativa no desenvolvimento nacional, regional ou setorial. liderar nesse campo implica influenciar outras organizações privadas ou públicas a buscar parcerias em tais finalidade, além de motivar as pessoas a participarem de atividades sociais. A iniciativa Caravana da Cidadania, da Universidade Paulista, sobre a qual trata matéria a seguir, é um exemplo desse fundamento que acabamos de estudar. Responsabilidade social concretizada: UNIP na caravana da cidadania Em 6 de junho, foi realizada mais uma edição da Caravana da Cidadania, evento organizado pelo Conselho da Mulher da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Rio Preto). Essa edição foi realizada no prédio da Fatec, localizado no bairro Eldorado, em São José do Rio Preto. O objetivo da Caravana é levar solidariedade à comunidade carente. De forma gratuita, diversas empresas privadas, órgãos públicos, entidades beneficentes e instituições de ensino da cidade ofereceram aulas e oficinas, além de atendimentos visando ao bem‑estar e à beleza, à cidadania e à saúde. A Universidade Paulista teve, em mais esta edição, participação destacada, proporcionando inúmeros serviços à comunidade. Funcionários, alunos e professores de diversos cursos dedicaram‑se, de forma voluntária, ao atendimento da população. Para os alunos, essa é mais uma forma de aplicar, na prática, e aprimorar o aprendizado de sala de aula. Os cursos de Serviço Social, Direito e Psicologia participaram do evento, oferecendo orientação e 38 Unidade I Re vi sã o: N íz ia - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 11 /0 5/ 20 10 / // s ol . d e re di m en sio na m en to e m ud an ça d e no m e: V irg ín ia / Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 22 /0 4/ 20 13 aconselhamento. Os alunos do curso de Farmácia e Bioquímica realizaram o teste de tipagem sanguínea. Alunos do curso de Fisioterapia realizaram testes de força, massagens de relaxamento e orientação postural. O curso de Nutrição efetuou medição de altura, pesagem e índice de massa corpóreo, além de orientar sobre alimentação saudável, promovendo melhora na qualidade de vida. A Enfermagem prestou esclarecimentos a respeito de transmissão de doenças, aferiu pressão arterial, sendo que o diferencial da equipe foi a orientação para o autoexame da mama para a detecção de câncer. Os alunos dos cursos de Educação Física, Pedagogia e letras proporcionaram momentos de diversão e entretenimento às crianças, com diversas atividades, dentre elas jogos, brincadeiras e desenhos; outro grande atrativo foi a pintura de faces, que fez sucesso entre os pequenos. Alunos de Ciências Biológicas, em parceria com o Rotary, realizaram a distribuição de cartilhas sobre o plantio de árvores e de mudas de árvores de várias espécies frutíferas por meio do projeto “Rio Preto Mais Verde”, que tem como fundamento estimular a plantação e o cultivo de plantas para aumentar as áreas verdes na cidade e proporcionar melhor qualidade de vida à população. A Caravana da Cidadania fortalece a sociedade promovendo a solidariedade e a integração cultural. Para a universidade como um todo – alunos, professores
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