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Proteção radiológica - UTFPR

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PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
Almy Anacleto Rodrigues Da Silva1 
Walter Siqueira Paes2 
 
1. História 
 
No final do século XIX o físico Alemão Wilhelm Conrad Röentgen descobriu os raios 
X, quando estudava as emissões de tubos de raios catódicos. Na mesma época, 
Marie e Pierre Curie, paralelamente ao pesquisador francês Henri Becquerel, 
descobriram as substâncias radioativas. 
 
Nesta época, a descoberta de que, através do uso dos “misteriosos” raios de 
Roentgen, era possível obter uma imagem fotográfica do interior do corpo humano, 
sem a necessidade de um procedimento cirúrgico invasivo, revolucionou a medicina. 
Como consequência desta notável descoberta, passou-se a fazer uso desenfreado 
da nova tecnologia. 
 
A imagem a seguir é a primeira radiografia da história. A primeira imagem não 
invasiva do interior do corpo humano. Em uma se suas experiências, Röentgen 
colocou a mão de sua esposa, Bertha, na frente do filme e obteve a primeira 
radiografia da história, mostrando os ossos de Dona Bertha e até seu anel de 
casamento. 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
  Físico	
  de	
  Proteção	
  Radiológica	
  do	
  SESMT	
  da	
  Universidade	
  de	
  São	
  Paulo.	
  Doutor	
  em	
  Física	
  (Instituto	
  de	
  Física	
  da	
  USP),	
  Mestre	
  em	
  Ciências	
  (Instituto	
  de	
  Física	
  da	
  USP),,	
  Especialista	
  em	
  Vigilância	
  Sanitária	
  –	
  área	
  Radiações	
  Ionizantes	
  	
  (Faculdade	
  de	
  Saúde	
  Pública	
  da	
  USP)	
  2	
   Físico	
   de	
   Proteção	
   Radiológica	
   do	
   SESMT	
   da	
   Universidade	
   de	
   São	
   Paulo.	
   Especialista	
   em	
   Radiologia	
  Diagnóstica	
  e	
  Medicina	
  Nuclear(Associação	
  Brasileira	
  de	
  Física	
  Médica)	
  
	
  
 
Figura 1: Primeira radiografia da história1 
 
Uma das aplicações à época era a utilização em sapatarias de luxo. Uma radiografia 
do cliente calçando o sapato revelava a necessidade de eventuais ajustes na 
confecção do calçado, tornando-o mais confortável. A imagem a seguir ilustra essa 
aplicação. 
 
 
Figura 2: Aplicações dos raios X do início do século XX 
 
Àquela época não se sabia que a radiação ionizante é capaz de levar à indução de 
efeitos biológicos indesejáveis. Ocorre que o ser humano não dispõe de sensores 
próprios para a detecção da radiação ionizante. A radiação ionizante é invisível, 
inaudível, inodora e não perceptível ao tato. Se somarmos a esses fatos o uso 
desenfreado desencadeado pela descoberta revolucionária, não será difícil imaginar 
que em pouco tempo diversos efeitos biológicos indesejáveis iriam se manifestar. De 
fato a esposa de Roentgen teve severas consequências em sua mão. Da mesma 
forma os primeiros médicos radiologistas sofreram consequências. Madame Curie 
morreu por consequência de efeitos biológicos devidos à radiação ionizante. A 
sucessão destes eventos gerou o surgimento de iniciativas para entender o 
fenômeno e, pouco menos de trinta anos após a descoberta de Roentgen, foi criada 
a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP na sigla em língua 
inglesa). 
 
A esta altura já havia uma coleção de casos demonstrando os malefícios associados 
ao uso das radiações ionizantes e o desafio inicial que se colocava era o de eliminar 
ou minimizar esses malefícios. Uma das alternativas seria simplesmente abandonar 
o uso da radiação ionizante. Essa alternativa garantiria a eliminação dos malefícios, 
mas junto ela traria algo extremamente indesejável: eliminaria os benefícios. 
 
Assim, a proteção radiológica nasceu de um grande desafio: como fazer para não 
precisar abrir mão do uso da radiação ionizante? A alternativa seria estudar e 
pesquisar, para entender a natureza e os mecanismos de interação destas 
radiações. Desta forma, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a proteção 
radiológica é favorável ao uso da radiação ionizante. Não o uso indiscriminado, mas 
o uso racional, que parte dos conhecimentos adquiridos. 
 
Partindo então do objetivo de viabilizar os usos da radiação ionizante, a proteção 
radiológica empenhou-se em conhecer seus mecanismos de ação. Esses 
conhecimentos são dinâmicos a medida que os estudos se aprofundam mais e 
geram novos conceitos e entendimentos. Há uma grande quantidade de 
pesquisadores, das mais diversas áreas, dedicando-se a enriquecer os 
conhecimentos a cerca da radiação ionizante e é possível afirmar que a radiação 
ionizante é um dos agentes de risco mais bem conhecidos e estudados. 
2. PRINCÍPIOS BÁSICOS 
	
  
Considerando que a filosofia da proteção radiológica toma como base estudar e 
pesquisar a natureza e os mecanismos de interação da radiação ionizante, com 
vistas a viabilizar o uso das técnicas que a empregam, foram definidos três 
conceitos que representam o tripé de sustentação filosófica da proteção radiológica. 
Estes conceitos foram denominados Princípios Básicos de Proteção Radiológica. 
Embora estes conceitos sejam distintos, sua eficácia como base filosófica está na 
sua utilização de forma associada. Não se pratica proteção radiológica com 
qualidade sem que se faça uso destes três princípios concomitantemente. Os 
princípios são conhecidos como Princípio da Justificação, Princípio da Otimização e 
Princípio da Limitação de Doses (Figura 3). 
 
Otimização Limitaçãode Doses
Justificação
ProteProteççãoão
RadiolRadiolóógicagica
Otimização Limitaçãode Doses
Justificação
ProteProteççãoão
RadiolRadiolóógicagica
 
Figura 3: Princípios Básicos de Proteção Radiológica 
 
2.1. Princípio da Justificação 
O Princípio da Justificação é enunciado da seguinte maneira pela Comissão 
Nacional de Energia Nuclear (CNEN): 
Nenhuma prática ou fonte associada a essa prática será aceita pela CNEN, a não 
ser que a prática produza benefícios, para os indivíduos expostos ou para a 
sociedade, suficientes para compensar o detrimento correspondente, tendo-se em 
conta fatores sociais e econômicos, assim como outros fatores pertinentes. 
 
Essencialmente o que está por trás deste princípio é que os usos devem ser 
justificados. Todo uso da radiação ionizante pressupõe que traga benefícios. Porém, 
há malefícios associados a todo uso. Assim, para que um determinado uso seja 
justificável, os benefícios devem superar os malefícios. É uma balança de prós e 
contras. 
 
Tomemos alguns exemplos para analisar: 
 
• Considere a utilização de materiais radioativos luminescentes aplicados em 
brinquedos. 
 
Neste caso fica evidente que os benefícios são muito poucos e seguramente 
menores que os malefícios associados. Esta é, portanto uma utilização não 
justificável. Fere o Princípio da Justificação e deve ser, portanto, considerada 
proibida. 
 
• Considere agora uma situação hipotética em que um determinado paciente 
seja encaminhado por um médico para a realização de um exame 
diagnóstico. Vamos supor que neste caso hipotético o médico possa solicitar 
um exame de ressonância magnética, que não faz uso de radiação ionizante, 
ou um exame de tomografia computadorizada que faz uso de raios X, para 
obter a mesma informação. Neste caso, qual dos dois exames ele deve 
indicar? Segundo o Princípio da Justificação ele deve indicar o exame de 
ressonância magnética, por não utilizar radiação ionizante. 
 
Imagine agora, neste mesmo cenário, que o plano de saúde do paciente não 
contemple o exame de ressonânciamagnética, apenas o exame de tomografia 
computadorizada. Neste caso a indicação do exame de tomografia computadorizada 
passa a ser justificável. 
O Princípio da Justificação é de natureza subjetiva, o que implica que o que é 
justificável para um pode não ser para outro. No entanto, o uso do bom senso tende 
a aproximar as escolhas. 
 
2.2. Princípio da Otimização 
 
O Princípio da Otimização é enunciado da seguinte maneira pela Comissão Nacional 
de Energia Nuclear: 
Em relação às exposições causadas por uma determinada fonte associada a 
uma prática, salvo no caso das exposições médicas, a proteção radiológica 
deve ser otimizada de forma que a magnitude das doses individuais, o 
número de pessoas expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições 
mantenham-se tão baixas quanto possa ser razoavelmente exequível, tendo 
em conta os fatores econômicos e sociais. Nesse processo de otimização, 
deve ser observado que as doses nos indivíduos decorrentes de exposição à 
fonte devem estar sujeitas às restrições de dose relacionadas a essa fonte. 
 
Este princípio também é conhecido internacionalmente como princípio ALARA, sigla 
em inglês da frase As Low As Reasonably Achievable, que significa tão baixo quanto 
razoavelmente exequível. 
 
O conceito por trás deste princípio é o de maximizar positivamente a relação 
benefício-malefício. Uma vez que uma determinada prática seja justificável, implica 
que já foi identificado que o benefício supera o malefício. O Princípio de Otimização 
atua no sentido de avaliar o que pode ser feito para minimizar o malefício e/ou 
maximizar o benefício, dentro dos limites do que seja razoável. 
 
Tomemos alguns exemplos para analisar: 
• Consideremos um projeto de blindagens para uma sala contendo um 
equipamento emissor de raios X. Suponha que, para atender aos limites de 
dose estabelecidos pela CNEN para uma determinada vizinhança, seja 
necessário acrescentar uma folha de 1 milímetro de chumbo na parede. Esta 
medida é suficiente para atender um requisito legal, tornando o uso 
justificável. Entretanto a adoção de uma espessura maior de chumbo 
proporcionará uma redução ainda maior nas doses. Desde que esse 
acréscimo seja razoável em termos de custo, a medida é desejável e 
recomendável. Essa análise e a escolha de “melhorar” o que já é justificável é 
a filosofia do processo de otimização. 
 
• Melhorias técnicas em equipamentos e sistemas de detecção que permitam 
reduzir a dose em pacientes submetidos a técnicas que utilizam radiação 
ionizante, são processos de otimização. 
 
O Princípio da Otimização é uma ferramenta muito poderosa e frequentemente 
subestimada. Embora também seja de caráter subjetivo, permite que os processos e 
procedimentos sejam continuamente revistos e melhorados. 
 
2.3. Princípio da Limitação de Doses 
 
O Princípio da Limitação de Doses pode ser enunciado da seguinte maneira: 
Os limites de dose, tanto para indivíduos do público quanto para indivíduos 
ocupacionalmente expostos à radiação ionizante, devem ser respeitados. 
 
Este princípio complementa a adoção dos princípios anteriores e permite tirar o 
caráter subjetivo das escolhas. Ele atua como um vínculo e pode ser interpretado 
filosoficamente como o ponto a partir do qual se considera que uma determinada 
escolha é intolerável. 
 
A tabela a seguir apresenta os limites primários anuais de dose efetiva e dose 
equivalente no cristalino, pele, mãos e pés, estipulados pela Comissão Nacional de 
Energia Nuclear (CNEN) em sua norma CNEN-NN-3.01. Tendo em vista novos 
resultados sobre o limiar de dose para desenvolvimento de catarata, a Comissão 
Internacional de Proteção Radiológica recomendou em 2011 a redução do limite 
máximo admissível de dose equivalente no cristalino para 20 mSv por ano em média 
definida em período de cinco anos, sendo que em um único ano a dose equivalente 
não deve ultrapassar 50 mSv. 
 
 
Tabela 1: Limites máximos de dose para trabalhadores e indivíduos do público. 
Grandeza Órgão IOE Público
Dose Efetiva Corpo Inteiro 20 mSv * 1 mSv
Cristalino 20 mSv ** 15 mSv
Pele 500 mSv 50 mSv
Mãos e Pés 500 mSv --
Dose Equivalente
 
 
* Limite de Dose Efetiva de 100 mSv em 5 anos consecutivos e 50 mSv em 
único ano. 
** Limite de Dose Equivalente de 100 mSv em 5 anos consecutivos e 50 mSv 
em único ano. 
 
A combinação dos três princípios dá sólida sustentação às escolhas que se fazem 
em relação ao uso da radiação ionizante, permitindo viabilizar os usos e atender 
assim aos objetivos primordiais da proteção radiológica. 
 
GRANDEZAS E UNIDADES EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
 
Logo após a descoberta dos raios X e das substâncias radioativas, várias aplicações 
foram iniciadas com as radiações ionizantes. O uso era desenfreado e as 
exposições pouco controladas, muitas vezes injustificadas para o nível de 
conhecimento atual, mas aparentemente normais para a época. Havia grande 
diversidade de técnicas para um mesmo tipo de tratamento ou diagnóstico, também 
grande diversidade de produtores de equipamentos de raios X. 
 
Em pouco tempo alguns pesquisadores começaram a questionar a possibilidade de 
que as radiações ionizantes pudessem causar efeitos danosos à saúde, mas a 
comprovação era difícil com o conhecimento à época. Era preciso de certa forma 
padronizar as técnicas de tratamento, técnicas de obtenção de imagens, realizar 
comparações entre aplicações, em especial na medicina. Para estudar efetivamente 
a produção de efeitos biológicos indesejáveis era preciso quantificar de certa forma 
a radiação e conhecer o feixe produzido. 
 
Em 1925 foi criada a International Commission on Radiation Units and 
Measurements (ICRU), com objetivo de estabelecer grandezas e unidades 
específicas para a área de física das radiações e definir a metodologia de medidas. 
A comissão atua até hoje e sempre que novas metodologias ou tecnologias são 
introduzidas suas recomendações são atualizadas. 
 
2.4. Grandezas e Unidades 
 
As grandezas em Física das Radiações são estabelecidas em três categorias: 
grandezas físicas, grandezas de proteção e grandezas operacionais. As grandezas 
físicas são utilizadas para caracterizar o feixe de radiação, as grandezas de 
proteção são grandezas dosimétricas estabelecidas para o corpo humano, portanto 
não podem ser efetivamente medidas. As grandezas operacionais são aplicadas 
para monitoração de área e individual e podem ser medidas com instrumentos e 
dosímetros através de algoritmos de cálculo e calibrações. As grandezas 
relacionam-se através de fatores de conversão estabelecidos pela ICRU. 
Apresentaremos aqui algumas das grandezas físicas e de proteção. 
 
A cada grandeza é associada uma unidade de medida que em física das radiações 
muitas vezes tem um nome especial em homenagem a pesquisadores pioneiros na 
área. 
 
2.4.1. Grandezas Físicas 
 
2.4.1.1. Exposição 
 
A exposição, simbolizada por X, foi a primeira grandeza a ser definida em física das 
radiações e é definida apenas para feixes de raios X e gama com até 3 MeV de 
energia. A medida da exposição caracteriza a capacidade de um feixe de fótons 
ionizar o ar, ou seja, colocar elétrons em movimento. A definição da exposição é: 
 
dm
dQX = 
 
O dQ é a quantidade total de carga de mesmo sinal, produzida no ar, quando todos 
os elétrons liberados por fótons no elemento de massa de ar dm são completamente 
freados no ar. 
A unidade original da exposição é o Roentgen, símbolo R, em homenagem a Wilhen 
Conrad Roentgen. No Sistema Internacional a unidade é o C/kg (Coulomb por 
quilograma). As unidades são relacionadas pela seguinte expressão:kgCxR /1058,21 4−= 
 
Dessa relação temos que a exposição de 1R em um volume de ar com a massa de 
1g produz 1,61 x 1015 pares de íons. 
 
A medida da taxa de exposição é comumente utilizada em monitorações rotineiras. 
Ela indica o nível de exposição por unidade de tempo, geralmente dado em horas. 
 
2.4.1.2. Dose Absorvida 
 
A Dose Absorvida, simbolizada por D, diferentemente da exposição é válida para 
qualquer meio material e para qualquer tipo de radiação. É a grandeza fundamental 
em Proteção Radiológica, pois mensura a quantidade de energia recebida por um 
meio. Nos seres humanos a manifestação de efeitos biológicos depende 
principalmente da quantidade de energia recebida. 
 
A Dose Absorvida é a medida da quantidade de energia absorvida por um elemento 
de massa, devida à passagem da radiação: 
 
dm
EabD = 
 
Eab é a quantidade média de energia absorvida pelo meio de massa dm. 
 
A unidade original da dose absorvida é o rad (do inglês, radiation absorbed dose). 
No Sistema Internacional a unidade é o J/kg (Joule por quilograma) que em Física 
das Radiações tem o nome especial Gray, com símbolo Gy, em homenagem a Louis 
Harold Gray. 
 
A dose absorvida relaciona-se com a exposição de acordo com a seguinte equação: 
 
XD .00876,0= 
 
Uma exposição de 1R em um determinado ponto no ar equivale então a uma 
deposição de energia de 8,76 mGy de dose absorvida. A partir da medida da 
exposição ou taxa de exposição podemos então estimar a dose absorvida ou taxa 
de dose absorvida no ar, e desta forma caracterizamos um determinado feixe de 
radiação. Se outro meio, diferente do ar, for colocado no mesmo ponto da medida, 
também podemos calcular a dose absorvida nesse outro meio, porque a deposição 
de energia depende da diferença de absorção de energia do meio em relação ao ar, 
o que depende basicamente das densidades de cada meio. Assim, uma vez medida 
a exposição no ar, obtemos a dose absorvida no ar e com o uso de fatores de 
correção estimamos a dose absorvida em outros materiais. 
 
2.4.2. Grandezas de Proteção 
 
As grandezas de proteção são definidas para o corpo humano e através delas são 
estabelecidos os limites máximos admissíveis de dose para um órgão ou tecido ou 
para o corpo todo. Os valores de dose das grandezas de proteção dão de certa 
forma uma indicação do risco radiológico. Aqui veremos as definições para a Dose 
Equivalente (Ht) em um órgão ou tecido e Dose Efetiva (E) no corpo inteiro. 
 
As grandezas de proteção são obtidas a partir da dose absorvida através do uso de 
fatores de ponderação que consideram diferenças existentes na capacidade de 
produção de efeitos biológicos de diferentes tipos de radiação e nas diferenças de 
sensibilidade à radiação de diferentes órgãos ou tecidos do corpo humano. 
 
No Sistema Internacional a unidade das grandezas de proteção também é dada em 
J/kg (Joule por quilograma), assim como a dose absorvida, porém quando estamos 
medindo ou estimando a dose equivalente em um órgão ou tecido ou a dose efetiva 
usamos o nome especial da unidade - Sievert, em homenagem a Rolf Maximilian 
Sievert. 
 
2.4.2.1. Dose Equivalente no Órgão ou Tecido 
 
A Dose Equivalente no órgão ou tecido, simbolizada por Ht, é válida para qualquer 
tipo de radiação e é obtida a partir da dose absorvida média no tecido t devido ao 
tipo de radiação r (Dt,r) : 
 
rrtt wDH .,= 
 
A dose equivalente - no órgão ou tecido t, é então a dose absorvida no meio 
corrigido pela eficiência do tipo de radiação t em produzir efeitos biológicos, 
caracterizadas pelo fator de ponderação wr. 
 
Para exemplificarmos o uso dessas grandezas considere uma exposição a um 
determinado órgão do corpo. Se a fonte de radiação é emissora de raios X ou gama, 
a dose equivalente é numericamente igual à dose absorvida (por exemplo: 1 mGy de 
dose absorvida resultaria em 1 mSv de dose equivalente), pois wr é igual a um para 
fótons e elétrons. Se a fonte for de radiação alfa a mesma dose absorvida resultaria 
uma dose equivalente 20 vezes maior (1 mGy resultaria em 20 mSv), pois para a 
radiação alfa wr = 20. Avaliando apenas a dose absorvida, poderíamos pensar que o 
risco radiológico é o mesmo, porém quando consideramos o tipo de radiação através 
da dose equivalente, vemos um risco 20 vezes maior para a exposição com radiação 
alfa. 
 
2.4.2.2. Dose Efetiva 
 
A Dose Efetiva está relacionada com a absorção de energia considerando o corpo 
todo. É a grandeza utilizada para limitação de doses para indivíduos 
ocupacionalmente expostos e indivíduos do público. É definida como a somatória 
das doses equivalentes em cada tecido ou órgão do corpo, ponderada pela 
sensibilidade do órgão ou tecido à radiação: 
 
t
t
rrt
t
tt wwDwHE ... ,∑∑ == 
 
A sensibilidade do órgão ou tecido é também estimada por um fator de ponderação 
wt, estabelecido pela ICRP a partir de estudos epidemiológicos. A tabela a seguir 
mostra valores de wt para alguns órgãos e tecidos e sua variação ao longo dos anos. 
 
Tabela 2: Valores de wt para alguns órgão e tecidos e sua variação ao longo dos anos. 
 
ÓRGÃO 1977 1990 2007
Gônadas 0,25 0,20 0,08
Mama 0,15 0,05 0,12
Medula óssea 0,12 0,12 0,12
Pulmão 0,12 0,12 0,12
Tireóide 0,03 0,05 0,04
Osso (superfície) 0,03 0,01 0,01
Restante do corpo 0,30 0,05 0,12
Variação dos valores de Wt
 
 
 
 
3. FATORES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
 
Os aspectos teóricos e filosóficos da Proteção Radiológica, regidos pelos princípios 
básicos, são essenciais para o planejamento e desenvolvimento seguro de práticas 
que envolvem o uso da radiação ionizante. Há, entretanto, alguns aspectos de 
ordem prática que, se corretamente aplicados, permitem direcionar as ações para 
diminuir as doses de radiação recebidas. Estes fatores de proteção radiológica são o 
tempo de exposição, a distância da fonte de radiação e o uso de blindagens 
adequadas. 
 
3.1. Tempo de Exposição 
 
Quanto menor o tempo de exposição à radiação ionizante menor será a dose 
recebida. Embora este fator seja óbvio, há alguns detalhes importantes a respeito do 
tempo de exposição como ferramenta para a redução de doses. 
 
É importante lembrar que a radiação ionizante, quando interage com um organismo 
vivo, deposita energia em uma fração de tempo extremamente pequena, da ordem 
de trilhonésimos de segundo. Os eventuais efeitos biológicos resultantes destas 
exposições dependem desta absorção inicial de energia. Isso implica que, uma vez 
sob a ação de um feixe de radiação, não há tempo para tomar iniciativas no sentido 
de evitar a absorção de energia da radiação incidente. Essa característica da ação 
da radiação impõe que, quaisquer que sejam as medidas a se tomar para minimizar 
as doses recebidas, devem ser tomadas antes do início das atividades que 
envolvem a manipulação das fontes emissoras de radiação. Assim, o planejamento 
é condição necessária ao exercício adequado da proteção radiológica. 
 
Outro aspecto prático importante a se ressaltar é que, embora seja desejável 
diminuir as doses recebidas, não se pode tentar obter isso fazendo tudo com pressa. 
Aqui vale o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição. Há casos conhecidos de 
indivíduos que transportavam frascos contendo material radioativo e que, na 
tentativa de reduzir o tempo de exposição, percorreram a distância correndo e 
tropeçaram, derramando o conteúdo do frasco no chão e nas roupas, aumentando 
assim as doses recebidas, sem mencionar o aumento na produção de rejeitos 
radioativos devidos ao processo de descontaminação. Novamente aqui o 
planejamento, aliado ao conhecimento dosriscos associados a cada etapa da 
manipulação, são essenciais para os objetivos da proteção radiológica. 
 
3.2. Blindagem 
 
Há um “mito” de que chumbo é a blindagem universal para a radiação ionizante. 
Embora o chumbo seja um material comumente utilizado como blindagem, não é o 
material mais adequado como blindagem para todos os tipos de radiação e nem 
tampouco é o único material adequado. 
 
Inicialmente é importante lembrar que a radiação ionizante interage com qualquer 
meio material, provocando ionizações nos átomos do meio e depositando energia 
em seu percurso. Assim, qualquer material pode servir como blindagem. Como os 
diferentes tipos de radiação interagem de maneira diferente com a matéria, é de se 
esperar que os materiais adequados como blindagem também variem conforme o 
tipo de radiação. Assim, os diferentes materiais podem ter maior ou menor eficiência 
como blindagem, dependendo do tipo de radiação. 
 
Apresentamos a seguir alguns exemplos de materiais adequados como blindagem, 
conforme o tipo de radiação. 
• Para a radiação gama ou os raios X o chumbo é uma escolha adequada. Há 
outros materiais bastante utilizados como o concreto, em salas de 
radioterapia, e argamassas baritadas, utilizadas em salas de raios X-
diagnóstico. Há algumas aplicações onde o tungstênio pode ser a escolha 
mais adequada; 
• Para a radiação beta é conveniente fazer uso de materiais de número atômico 
baixo, tais como acrílico, plásticos, madeira e até mesmo água; 
• Para a radiação alfa uma simples folha de papel é suficiente como blindagem, 
bem como alguns centímetros de ar; 
• Para nêutrons, conforme sua energia, materiais hidrogenados como parafina 
ou água são escolhas adequadas. Cádmio também pode ser um material 
adequado. 
 
 
Figura 4: Blindagens de tijolos de chumbo prismáticos. 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   
Figura 5: Blindagens de acrílico para manipulação de emissores de partículas beta. 
 
	
  
Figura 6: Blindagem com vidro plumbífero para manipulação de emissores gama. 
	
  
	
  
	
  
	
  
Figura 7: Armário Blindado de Aço Inox. 
	
  
	
  
Figura 8: Biombo de alvenaria com massa baritada e vidro plumbífero em sala de raios X diagnóstico. 
 
A escolha de um material como blindagem deve levar em consideração diversos 
fatores, tais como sua eficiência, custo, facilidade de instalação, capacidade 
estrutural e até mesmo aspectos estéticos. 
 
3.3. Distância 
 
Aumentar a distância em relação a uma determinada fonte de radiação promove 
redução na dose. Há dois fatores que contribuem para que isso ocorra, um fator 
puramente geométrico e outro fator de blindagem. 
Quando aumentamos a distância em relação a uma fonte emissora de radiação 
ionizante, não estamos apenas nos distanciando da fonte. Estamos também 
aumentando a quantidade de ar entre nosso corpo e a fonte. Isso quer dizer que 
estamos aumentando a quantidade de blindagem. O ar pode ser extremamente 
pouco eficiente como material de blindagem para a radiação gama ou os raios X, 
mas é muito eficiente para blindar a radiação alfa e a radiação beta de baixa 
energia. Sendo assim, dependendo do tipo de radiação ionizante, aumentar a 
distância e, consequentemente, a quantidade de ar entre o corpo e a fonte de 
radiação pode reduzir significativamente a dose. 
 
Outro fator que leva à diminuição da dose pelo aumento da distância é um fator 
geométrico. Uma fonte de radiação emite radiação em todas as direções. Isso 
implica necessariamente que nem toda a radiação que uma fonte emite é capaz de 
atingir um indivíduo. A radiação emitida na direção oposta à do indivíduo, por 
exemplo, não o atinge. A uma dada distância de uma fonte, apenas uma 
determinada parcela das emissões, atinge um indivíduo. À medida que nos 
afastamos da fonte, como o feixe de radiação é divergente, uma parcela menor 
deste feixe atinge o indivíduo. Quando as dimensões da fonte são significativamente 
menores do que o indivíduo irradiado, esta relação geométrica é conhecida como “lei 
do inverso do quadrado da distância”. Neste caso, ao dobrar a distância, diminuímos 
a dose para um quarto do valor inicial. 
 
A figura a seguir ilustra esse fator geométrico de diminuição da dose. Verificamos 
claramente que parte do feixe que atingiria o indivíduo no ponto A, mais perto da 
fonte, não o atinge se ele se afastar para o ponto B, logo a essa distância a dose é 
menor que no ponto A. 
 
 
Figura 9: Demonstração da lei do inverso do quadrado da distância 
 
4. EFEITOS BIOLÓGICOS 
 
Sabemos que a radiação ionizante é um “transportador” de energia. Sabemos 
também que a radiação ionizante perde energia quando atravessa um meio material, 
por intermédio de um fenômeno conhecido como ionização. Mas o que acontece 
quando o meio que a radiação ionizante está atravessando é um organismo vivo, 
como um ser humano, por exemplo? Quais as consequências desta deposição de 
energia no corpo? 
 
Para responder a estas perguntas é necessário entender os mecanismos de indução 
de efeitos biológicos devidos à interação da radiação ionizante com os seres vivos. 
 
Um efeito biológico induzido pela radiação ionizante, como o câncer, por exemplo, 
não aparece imediatamente após a irradiação. Inicialmente ocorre a ionização, onde 
se dá a absorção da energia incidente. A partir desta ionização podem ocorrer 
alterações moleculares e estas, por sua vez, podem levar a danos em órgãos ou 
tecidos. Tudo depende então da absorção inicial de energia. É razoável supor que, 
quanto maior a quantidade de energia depositada pela radiação, maior o dano 
biológico. Embora esta suposição não esteja incorreta, veremos a seguir que há 
vários fatores a ser considerados para uma correta interpretação do potencial de 
produção de efeitos biológicos da radiação ionizante. 
 
4.1. Classificação dos Efeitos Biológicos 
 
No intuito de facilitar o entendimento das variáveis relacionadas à produção de 
efeitos biológicos induzidos pela radiação ionizante, apresentaremos a seguir a 
classificação destes danos e efeitos, conforme a variação de alguns aspectos e 
fatores. 
 
4.1.1. Danos Diretos 
 
Um organismo vivo é formado por diferentes tipos de células. Isso implica que a 
radiação pode atingir diferentes tipos de células, com consequências diferentes. 
 
Imaginemos inicialmente que a radiação ionizante incide em um indivíduo e provoca 
uma ionização em um átomo de uma importante molécula do corpo deste indivíduo, 
danificando aquela estrutura molecular. Este é um tipo de dano causado diretamente 
pela ação da radiação naquela molécula e por isso é classificado como dano direto. 
 
Esta classificação, embora pareça óbvia demais, tem importância quando 
comparada com a ação dos danos indiretos, descritos a seguir. 
 
 
4.1.2. Danos Indiretos 
 
Imaginemos novamente que a radiação ionizante incide em um indivíduo. 
Entretanto, vamos imaginar agora que a radiação provoca uma ionização em um 
átomo de uma molécula de água do corpo deste indivíduo, danificando esta 
molécula. Seguramente o dano numa molécula de água no organismo é 
potencialmente menos prejudicial do que o dano em uma estrutura importante do 
organismo, como o DNA. Entretanto, a ionização de uma molécula de água pode 
levar à formação de radicais livres, que são compostos quimicamente reativos. Este 
processo é conhecido como radiólise da água. Estes radicais livres formados podem 
se combinar, entre si, gerando novos produtos ainda mais reativos. Estes produtos 
reativos dentro do organismo, por sua vez, podem levar a danos em estruturas 
importantes, como o DNA. 
 
Neste caso, a radiaçãonão causou dano diretamente no DNA. O dano foi causado 
por “subprodutos” da ionização de moléculas de água. Este é um tipo de dano 
causado indiretamente pela ação da radiação naquela estrutura e por isso é 
classificado como dano indireto. 
 
Se considerarmos que o ser humano possui em sua composição mais de 70% de 
moléculas de água, este é naturalmente o tipo de molécula que possui maior 
probabilidade de ser atingida pela radiação ionizante incidente. Consequentemente, 
nos seres humanos, a probabilidade de ocorrência de dano indireto é maior do que a 
probabilidade de ocorrência do dano direto. 
 
 
4.1.3. Efeitos Agudos 
 
Os efeitos biológicos devidos à interação da radiação ionizante com os seres vivos 
podem variar consideravelmente quanto ao tempo de manifestação. 
 
Os efeitos classificados como agudos são aqueles que se manifestam num intervalo 
de tempo relativamente curto após a irradiação. No caso dos seres humanos estes 
efeitos manifestam-se em no máximo dois meses após a irradiação. São efeitos 
característicos de exposições a doses elevadas de radiação. 
 
Os principais exemplos, no caso dos seres humanos, são as queimaduras 
(eritemas), queda na contagem de plaquetas, náuseas e vômitos. 
 
 
Figura 10: Radiodermite provocada por alta dose de radiação ionizante.2 
 
 
4.1.4. Efeitos Tardios 
 
Os efeitos classificados como tardios são aqueles que se manifestam num intervalo 
de tempo longo após a irradiação. No caso dos seres humanos estes efeitos 
manifestam-se em anos ou dezenas de anos após a irradiação. São efeitos 
característicos de exposições a doses pequenas de radiação. 
 
O principal exemplo, no caso dos seres humanos, é o câncer. 
 
4.1.5. Efeitos Genéticos ou Hereditários 
 
Os efeitos biológicos devidos à interação da radiação ionizante com os seres vivos 
também podem variar quanto ao tipo de célula atingida. Os efeitos classificados 
como genéticos ou hereditários são aqueles que ocorrem a partir de danos 
provocados pela irradiação de células germinativas (óvulos ou espermatozoides). 
Estes efeitos podem manifestar-se quando estas células reprodutivas forem 
utilizadas no processo de reprodução. Nestes casos o efeito biológico se 
manifestará nos descendentes dos indivíduos irradiados. Os principais exemplos são 
as mutações genéticas e as malformações. 
 
 
4.1.6. Efeitos Somáticos 
Os efeitos classificados como somáticos são aqueles que ocorrem a partir de danos 
provocados pela irradiação de quaisquer células do organismo, exceto as células 
germinativas (óvulos ou espermatozoides). Nestes casos, o efeito biológico 
manifestar-se-á nos próprios indivíduos irradiados. 
Alguns exemplos são o câncer, as queimaduras (eritemas) e a catarata. 
 
4.1.7. Efeitos Estocásticos 
Os efeitos biológicos devidos à interação da radiação ionizante com os seres vivos 
também podem variar quanto à quantidade de energia depositada pela radiação. 
 
Os efeitos classificados como estocásticos são característicos de exposições a 
pequenas doses de radiação. Sua principal característica é o fato de que não 
apresentam um limiar de dose para sua ocorrência. São efeitos de natureza 
essencialmente probabilística e a sua probabilidade de ocorrência aumenta com o 
aumento da dose. Essa característica tem uma implicação muito importante, que é o 
fato de que para qualquer dose de radiação, por menor que seja, está associada 
uma probabilidade maior do que zero para a ocorrência deste tipo de efeito. Sob o 
ponto de vista da proteção radiológica este aspecto é fundamental, pois é 
justamente o que dá base filosófica para o princípio da justificação (vide capítulo PR-
2). Não faz sentido receber uma dose de radiação, por menor que seja, sem que 
exista um benefício maior em troca! 
 
Este tipo de efeito apresenta ainda como característica o fato de que sua gravidade 
independe da dose de radiação. O principal exemplo, no caso dos seres humanos, é 
o câncer. 
 
4.1.8. Efeitos Determinísticos (Reações Teciduais) 
Os efeitos classificados como determinísticos são característicos de exposições a 
doses elevadas de radiação. Sua principal característica é o fato de que apresentam 
um limiar de dose para sua ocorrência. Em outras palavras, implica que só ocorrem 
se um determinado valor de dose for superado. Para este tipo de efeito a gravidade 
aumenta com o aumento da dose. Alguns exemplos são as queimaduras (eritemas), 
a epilação (queda de pelos) e a catarata. 
 
 
 
Figura 11: Catarata em olho de médico intervencionista.2 
 
 
 
4.2. Radiossensibilidade 
 
Outro fator a ser considerado quanto à indução de efeitos biológicos pela radiação 
ionizante é o fato de que diferentes estruturas celulares podem possuir diferente 
sensibilidade à radiação. Este fator é conhecido como radiossensibilidade e tem 
diversos aspectos importantes. De uma maneira geral podemos indicar em ordem 
decrescente de sensibilidade à radiação, os seguintes sistemas: 
 
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO 
ò 
SISTEMA GASTROINTESTINAL 
ò 
SISTEMA NERVOSO 
 
Em proteção radiológica este fator pode ser determinante na escolha do tipo de 
proteção para uma determinada prática. No radiodiagnóstico odontológico, por 
exemplo, há recomendação para o fornecimento de protetor de tireoide aos 
pacientes, pois este órgão é reconhecidamente sensível à radiação ionizante. 
 
Em radioterapia, por exemplo, este aspecto é fundamental na determinação da 
viabilidade ou não do tratamento. Os tratamentos em radioterapia, de maneira geral, 
só são indicados nos casos em que o tipo de câncer a ser tratado é 
reconhecidamente sensível à radiação. Caso contrário, corre-se o risco de danificar 
mais os tecidos adjacentes sadios do que o tecido do tumor. 
 
4.3. Mecanismos de Reparo Celular 
 
É conhecido que, sob pressão do meio ambiente, os organismos evoluem através de 
uma resposta adaptativa. Este é um processo conhecido como seleção natural, onde 
os mais aptos tendem a prosperar. Assim, o ser humano e os demais organismos 
que vivem no planeta evoluíram, adaptando-se continuamente ao meio em que 
vivem. 
A radiação ionizante está presente desde os primórdios da formação do planeta e, 
portanto, todos os organismos que habitam o planeta estão sujeitos à sua ação. Isto 
implica que, dentre os diferentes fatores de pressão ambiental que atuaram e atuam 
nos processos evolutivos no planeta, a radiação ionizante é um deles. O homem, 
assim como outros organismos, possui uma resposta adaptativa à ação danosa da 
radiação ionizante e de outros agentes, conhecida como mecanismo de reparo 
celular. Este mecanismo atua, dentro de certos limites, permitindo que certos danos 
induzidos pela radiação ionizante sejam reconhecidos e reparados, tais como alguns 
danos no DNA. 
 
5. RECOMENDAÇÕES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
 
O uso de técnicas que empregam fontes emissoras de radiação ionizante visa 
benefícios específicos. Entretanto, ao uso de qualquer fonte emissora de radiação 
ionizante há malefícios associados, que se traduzem principalmente na forma de 
riscos de incidência de efeitos biológicos. É razoável supor que quando os 
malefícios associados superam os benefícios, o uso se torna injustificável. 
 
A Proteção Radiológica pode ser entendida basicamente como o conjunto de ações 
que visa viabilizar o uso das técnicas que empregam fontes emissoras de radiação 
ionizante. Neste sentido, esforços são direcionados em maximizar positivamente a 
relação benefício versus malefício. É muito comum as pessoas envolvidas nas 
aplicações das radiações ionizantes associarem a Proteção Radiológica unicamente 
à verificação pormeio de monitoração individual do respeito aos limites de dose. De 
fato, nos primórdios das aplicações a regra principal era a limitação de doses, ou 
seja, enquanto os limites de doses são respeitados praticava-se adequadamente a 
Proteção Radiológica. No entanto, como vimos anteriormente, a filosofia envolvida 
na Proteção Radiológica foi se aprimorando e se consolidando nos princípios de 
justificação, otimização e limitação de doses. 
 
Com base nesses princípios e nos fatores básicos de proteção radiológica, regras e 
procedimentos simples e eficientes são elaborados para que o trabalho com fontes 
emissoras de radiação ionizante torne-se algo seguro, a despeito dos riscos e 
efeitos biológicos que a radiação ionizante pode provocar no corpo humano ou no 
meio ambiente. 
 
A seguir apresentaremos recomendações de proteção Radiológica específicas para 
cada área de aplicação na medicina: radiodiagnóstico, medicina nuclear e 
radioterapia. 
 
5.1. Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico 
As práticas de radiodiagnóstico que empregam equipamentos emissores de raios X 
requerem procedimentos específicos de Proteção Radiológica que, em geral, 
resumem-se em regras simples e de grande eficácia. Neste item veremos 
recomendações para as práticas envolvendo o uso de equipamentos emissores de 
raios X para produção de imagens que auxiliem no diagnóstico (Radiodiagnóstico) e 
em procedimentos cirúrgicos para diagnóstico e tratamento (Radiologia 
Intervencionista). 
 
Para tratarmos das recomendações de Proteção Radiológica é importante 
diferenciarmos os tipos de feixes que a fonte principal de radiação, o equipamento 
de raios X, pode produzir. A figura abaixo ilustra uma tomada radiográfica simulada 
em um paciente. Verificamos que com o acionamento do equipamento de raios X, 
temos a produção de três tipos diferentes de fontes de exposição: o feixe primário ou 
principal, a radiação de fuga e a radiação espalhada (os dois últimos também 
normalmente classificados como radiação secundária). 
 
 
Figura 12: Tipos de feixes produzidos em tomadas radiográficas 
 
O feixe primário ou principal é produzido dentro do tubo de raios X e liberado para o 
exterior pelo colimador do equipamento na direção do paciente. O feixe atinge o 
paciente e o sistema de formação de imagem para a realização do exame. A cada 
disparo uma quantidade imensa de fótons de raios X é produzida e liberada na 
direção do colimador. Desta, apenas uma pequena porção é absorvida no paciente e 
no sistema de formação de imagens, outra porção é espalhada e uma quantidade 
significativa simplesmente não interage, e deve ser absorvida para garantir proteção 
nas vizinhanças na direção do feixe primário. 
 
O disparo do equipamento produz raios X em todas as direções, a porção liberada 
na direção do colimador fará parte do feixe primário, o restante, dirigido para as 
demais direções, que não interage com a blindagem intrínseca do equipamento é 
denominado de radiação de fuga. 
 
O terceiro feixe importante e que tem forte influência nos métodos de proteção 
radiológica é a radiação espalhada. Esse feixe é produzido fora do tubo do 
equipamento devido à interação, por efeito Compton, do feixe primário com a 
matéria que encontra em seu percurso. Em cada tomada radiográfica há radiação 
espalhada para todas as direções. Dependendo do ângulo de incidência o feixe 
espalhado tem energia pouco menor que o feixe principal e, devido à sua existência, 
procedimentos de proteção radiológica devem ser adotados para segurança de 
trabalhadores, pacientes e indivíduos do público. 
 
5.1.1. Procedimentos Gerais de Proteção Radiológica 
Toda filosofia da proteção radiológica pode ser colocada em prática quando os 
agentes envolvidos nas aplicações das radiações ionizantes, sejam trabalhadores, 
médicos, responsáveis ou aqueles que fazem parte dos órgãos reguladores e 
normatizadores, adotam postura adequada para o trabalho com um agente de risco. 
 
A proteção radiológica começa com a justificação das práticas e exposições. A 
prática do radiodiagnóstico já se mostrou justificável, mas atenção especial deve ser 
dada às novas modalidades médicas e a procedimentos adotados para solicitação 
de exames. A proteção radiológica deve ser otimizada de acordo com o princípio 
ALARA, ou seja, as doses devem ser tão baixas quanto racionalmente exequíveis. 
Perguntas que mais bem se aplicam para a adoção deste princípio seriam algo 
parecido com: Já fizemos tudo que poderíamos para melhorar a proteção radiológica 
considerando os recursos disponíveis? Ou, os níveis de doses dos trabalhadores e 
indivíduos do público já estão em níveis considerados aceitáveis ou precisamos de 
maiores investimentos na proteção radiológica? 
 
É importante também que todos os envolvidos, mas principalmente trabalhadores e 
pacientes, tenham conhecimento dos riscos e dos benefícios do uso das radiações e 
que haja treinamentos e reciclagem periódicos, para que o desenvolvimento das 
ações seja realizado com bom senso, sem medo ou displicência. 
 
 
5.1.2. Fatores básicos de Proteção Radiológica 
Em qualquer aplicação é sempre importante considerar as regras básicas de 
proteção radiológica para redução de doses e exposições (no capítulo 4 mostramos 
como esses fatores podem contribuir significativamente com a redução de doses): 
 
• Menor tempo de exposição à fonte; 
• Maior distância à fonte; 
• Uso de blindagens entre operador e a fonte. 
 
5.1.3. Aspectos legais 
 
Naturalmente a prática de proteção radiológica exige a observância das normas e da 
legislação relacionada com o uso de fontes de radiação. Para o radiodiagnóstico 
médico e odontológico a Portaria N. 453 do Ministério da Saúde, publicada em 01 de 
Junho de 1998, descreve o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas 
de proteção radiológica e que dispõe sobre o uso dos raios X diagnósticos em todo 
território nacional (no capítulo 7 discorremos sobre essa portaria e os principais 
pontos do regulamento técnico). 
 
5.1.4. Projeto Físico 
 
A estrutura física para a sala de exames deve ser planejada e a espessura das 
blindagens necessárias calculadas de acordo com o uso do equipamento e da 
ocupação nas vizinhanças no entorno da sala de exames. A espessura das 
blindagens deve ser calculada de acordo com modelos matemáticos disponibilizados 
em recomendações internacionais. A figura abaixo mostra uma estrutura típica para 
o planejamento de uma sala. 
 
 
Figura 13: Estrutura de uma sala de exames em radiodiagnóstico 
 
A barreira primária, destinada para contenção da porção do feixe principal que não 
interage com o paciente, em geral é mais espessa que as demais, denominadas de 
barreiras de proteção secundárias. As barreiras não absorvem completamente todos 
os fótons que as atingem, mas elas devem ter, no mínimo, espessuras adequadas 
para que os níveis de doses nas vizinhanças da sala respeitem os níveis máximos 
estipulados de dose para o tipo de indivíduo que ocupa o local (trabalhador ou 
público). Normalmente utiliza-se um revestimento adicional de massa baritada, entre 
1 e 2 cm, para as paredes e espessuras entre 0,5 e 2,0 mm de chumbo para portas 
e batentes. Muitas salas de exames para radiografia geral contam com um biombo 
de alvenaria para proteção do operador do equipamento. Salas de mamografia 
contam com vidro plumbífero que garante proteção adequada da operadora, visto 
que em mamografia os raios X utilizados são de baixa energia e requerem 
espessuras menores que em outras aplicações. Salas de tomografia têm uma sala 
de comando anexa. Para aplicações em que os feixes são bem colimados e com 
menorescargas de trabalho, como em odontologia periapical, em geral, não é 
necessário blindagens adicionais e pode-se contar com o fator distância para 
garantia de proteção do operador. 
 
Depois de planejadas e construídas, a adequação das blindagens é verificada por 
meio de medidas de levantamentos radiométricos que devem ser realizados 
periodicamente. 
 
5.1.5. Manutenção do equipamento 
 
Testes periódicos nos equipamentos podem detectar e também antecipar eventuais 
problemas técnicos, o que contribui para a manutenção preventiva e para uma maior 
vida útil do equipamento. Por outro lado a manutenção adequada das condições de 
uso dos equipamentos e os testes periódicos para a avaliação da qualidade da 
imagem, além de uma exigência legal, contribuem para redução de doses nos 
trabalhadores, indivíduos do público e pacientes. 
 
5.1.6. Equipamentos de proteção 
 
Em várias situações não podemos utilizar ao mesmo tempo os três fatores básicos 
de proteção radiológica e alguma exposição torna-se necessária. Para essas 
situações foram desenvolvidos equipamentos de proteção individual como avental 
de chumbo, protetor de tireoide, luvas plumbíferas etc. Esses acessórios contêm 
material com chumbo e oferecem maior blindagem aos raios X e diminuem a 
magnitude das exposições. Os serviços de diagnóstico devem ter disponíveis em 
número adequado aventais de chumbo, protetores de tireoide, luvas plumbíferas, 
óculos plumbíferos etc, sempre que aplicável. 
	
  
Figura 14: Avental de chumbo. 
 
 
 
Figura 15: Protetor de tireóide. 
 
Figura 16: Luvas plumbíferas. 
	
  
5.1.7. Sinalização e Controle de Acesso 
 
Todas as salas com equipamentos emissores de radiação ionizante devem ser 
adequadamente sinalizadas com o símbolo que indica a presença de radiação 
ionizante. 
 
 
Figura 17: Símbolo internacional que indica a presença de radiação ionizante. 
 
No ambiente de trabalho a sinalização tem o papel de alertar e conscientizar os 
trabalhadores sobre a presença de radiação ionizante. Esse alerta indica a 
necessidade de adotar uma postura de segurança e proteção frente ao agente de 
risco com o qual trabalha, além de servir como aviso aos indivíduos do público sobre 
a presença de fontes de radiação. O símbolo não deve ser utilizado 
inadvertidamente, em situações contrárias à de seu objetivo e jamais com intenção 
de assustar as pessoas, pois é uma indicação da necessidade de respeito frente ao 
agente de risco. 
 
 
Figura 18: Porta de entrada típica de uma sala de exames de radiodiagnóstico. 
 
De acordo com a legislação, outros tipos de sinalização são necessários; por 
exemplo, as salas de exames devem ter avisos para alertar as mulheres para que 
elas avisem ao operador se estão ou podem estar gestantes. É também necessária 
lâmpada de sinalização com luz vermelha para advertência durante as exposições. 
Esta lâmpada deve ser posicionada sobre a porta de entrada da sala de exames. 
 
Figura 19: Aviso às mulheres gestantes. 
	
  
	
  
Figura 20: Luz de advertência sobre a porta. 
 
O operador deve controlar o acesso às salas de exames e permitir que apenas os 
pacientes e acompanhantes, quando necessário, entrem na sala. Em certas 
situações há necessidade de confortar ou conter o paciente durante procedimentos 
radiológicos. Nesses casos é preferível que algum acompanhante, voluntariamente, 
o faça. A exposição do voluntário nessas situações configura-se como exposição 
médica, portanto o técnico de raios X deve evitar assumir esta tarefa. 
 
	
  
Figura 21: Avisos típicos em serviços de radiodiagnóstico. 
 
 
Figura 22: Avisos típicos em serviços de radiodiagnóstico. 
 
 
5.1.8. Procedimentos de trabalho 
 
Além do projeto da sala e da disponibilização de equipamentos de proteção 
individual, um fator muito importante para a proteção e segurança adequada de 
trabalhadores e pacientes são os procedimentos de trabalho. Verifica-se na prática, 
que as situações que levam a maiores doses em trabalhadores e pacientes são, em 
geral, provocadas por falta de aplicação adequada dos procedimentos de proteção 
radiológica, o que reflete a necessidade de treinamentos e reciclagens periódicas a 
respeito desses procedimentos. Tanto na legislação atual do Ministério da Saúde 
quanto do Ministério do Trabalho e Emprego, treinamentos periódicos são previstos. 
 
O empregador deve fornecer aos trabalhadores instruções de segurança e distribuir 
os procedimentos de proteção radiológica. Tais documentos devem constar no 
Plano de Proteção Radiológica. 
Apresentamos a seguir alguns procedimentos simples e de grande eficácia para a 
proteção radiológica de trabalhadores em aplicações específicas. 
 
5.1.8.1. Radiologia Convencional 
 
Na radiologia convencional normalmente há um único trabalhador envolvido nas 
tomadas radiográficas. Os disparos são efetuados em sala de comando ou, mais 
comumente, em biombos de proteção dentro da própria sala de exames. Os 
biombos normalmente contêm vidros plumbíferos, que permitem a visualização dos 
pacientes. Como medidas de proteção, podemos citar: 
• Efetuar os disparos dentro da área de proteção; 
• Colimar adequadamente a área de interesse do paciente para o exame; 
• Tomar medidas preventivas para evitar a repetição de tomadas radiográficas; 
• É fundamental o conhecimento a respeito do posicionamento adequado do 
paciente; 
• Manter a porta da sala fechada; 
• Oferecer vestimentas plumbíferas a eventuais acompanhantes; 
• Oferecer acessórios plumbíferos para proteção de regiões específicas do 
corpo do paciente, tais como protetores de gônadas ou protetores de tireoide, 
quando aplicável; 
• Controlar o acesso; 
 
5.1.8.2. Radiologia com equipamentos móveis 
 
Em certas situações é necessário o uso de equipamentos portáteis de raios X para 
diagnósticos em quartos e enfermarias. Nessas situações normalmente não se conta 
com salas com blindagens estruturais específicas, a condição para formação de 
imagem é mais precária e é possível a presença de indivíduos do público. Como 
medidas de proteção, podemos citar: 
• Limitar sempre que possível o número de pessoas presentes; 
• Efetuar o alinhamento correto entre o feixe e o filme; 
• Colimar o feixe exclusivamente à região de interesse; 
• Usar vestimentas plumbíferas. 
 
5.1.8.3. Radiologia Pediátrica 
 
Na radiologia pediátrica é necessário considerar que os pacientes são menos 
cooperativos, apresentam respiração mais acelerada e têm maior expectativa de 
vida, então, além dos procedimentos de proteção do profissional, cuidados 
adicionais são aplicáveis para maior proteção do paciente: 
• Utilizar elementos de imobilização; 
• Efetuar colimação mais exata e precisa; 
• Utilizar tempos de disparo mais curtos; 
• Proteger o paciente com protetores de gônadas e tireoide; 
• Tomar medidas preventivas para evitar a repetição de tomadas radiográficas; 
• Oferecer vestimentas plumbíferas a eventuais acompanhantes; 
• Manter a porta da sala fechada; 
 
5.1.8.4. Mamografia 
 
Em mamografia a proteção radiológica da operadora é facilitada devido ao uso de 
raios X de baixa energia, assim basta à técnica manter-se atrás do vidro plumbífero 
durante os disparos. Para a paciente, entretanto, não é um exame simples. Deve ser 
considerado o estado emocional e psicológico da paciente, a possível exposição de 
pessoas assintomáticas e a necessidade de grande contraste na imagem. Como 
medidas de proteção à paciente, podemos citar: 
• Utilizar os dispositivos de compressão; 
• Tomar medidas preventivas para evitar a repetição de tomadas radiográficas; 
• Oferecer vestimentasplumbíferas a eventuais acompanhantes; 
• Efetuar verificações periódicas das condições de uso e de qualidade da 
imagem do equipamento. 
• Manter a porta da sala fechada; 
 
5.1.8.5. Tomografia Computadorizada (CT) 
 
Em tomografia a exposição é realizada a partir de uma sala de comando anexa que 
conta com um vidro plumbífero para garantia de proteção aos operadores. Como 
medidas adicionais de segurança, podemos citar: 
• Os trabalhadores devem utilizar vestimentas plumbíferas caso seja 
necessário estar junto ao paciente durante o exame; 
• Manter a porta da sala fechada; 
• Oferecer vestimentas plumbíferas a eventuais acompanhantes; 
• Controlar o acesso; 
 
5.1.8.6. Radiologia Intervencionista 
 
A radiologia intervencionista é caracterizada pelo uso de feixes contínuos de raios X, 
acionados pelo médico durante os procedimentos, de dentro da própria sala de 
exames. É uma técnica com grande número de pessoal envolvido, trabalhando 
próximo ao paciente e à fonte de exposição e espalhamento. Médicos de diferentes 
especialidades atualmente realizam procedimentos intervencionistas 
(cardiovasculares, endoscopistas, ortopedistas e médicos não radiologistas). Muitas 
dessas especialidades ainda não têm exigência de treinamento em Proteção 
Radiológica, o que pode contribuir para a magnitude das doses. Essas 
características fazem da radiologia intervencionista a prática que envolve as maiores 
doses, tanto na equipe de trabalho quanto nos pacientes. Como medidas de 
proteção, podemos citar (mais detalhes, veja o capítulo sobre Radiologia 
Intervencionista): 
• Maximar, na medida do possível, a distância entre o tubo de raios X e o 
paciente; 
• Minimizar a distância entre o paciente e o intensificador de imagem; 
• Evitar tempo de exposição desnecessário; 
• Colimar o feixe exclusivamente à região de interesse; 
• Otimizar a técnica levando em conta o compromisso entre menor dose e boa 
qualidade de imagem; 
• A equipe deve usar avental/saiotes plumbíferos; 
• Otimizar a quantidade de componentes da equipe; 
• Usar protetores de tireóide e óculos plumbíferos; 
• Garantir treinamento e capacitação à equipe de trabalho; 
• O posicionamento adequado da equipe pode contribuir para redução de 
doses; 
• Controle de acesso. 
• O controle efetivo de desempenho do equipamento permite menores doses 
no paciente e consequentemente na equipe de trabalho. 
 
5.1.8.7. Radiologia odontológica 
 
Na odontologia são utilizadas duas técnicas principais: radiologia periapical e 
radiologia panorâmica. Na radiologia periapical a região de interesse é pequena e, 
portanto, o feixe é bem colimado, o que contribui para uma menor quantidade de 
radiação espalhada. O operador pode utilizar o cabo disparador, e manter-se, pelo 
menos, a dois metros de distância durante a exposição. Para pacientes e 
acompanhantes é necessário oferecer vestimentas plumbíferas. Na radiologia 
panorâmica é utilizado feixe de raios X contínuo durante o exame, porém o comando 
normalmente é externo à sala. Nesse caso medidas de segurança similares à 
radiologia convencional são adotadas. 
 
5.1.9. Monitoração 
 
A detecção de radiação ou dosimetria tem objetivos diversos e é sempre necessária 
na grande maioria das aplicações que se faz com fontes de radiação. Em locais de 
trabalho onde as exposições caracterizam o trabalhador como Indivíduo 
Ocupacionalmente Exposto (IOEs) há necessidade de definir áreas (livres, 
supervisionadas ou controladas) e implementar algum monitoramento para 
determinar as doses ocupacionais. 
 
Em radiodiagnóstico há dois tipos principais de detecção dos níveis radiométricos 
com objetivos específicos: o levantamento radiométrico e a monitoração individual 
de trabalhadores. 
 
5.1.9.1. Levantamento Radiométrico 
 
Os testes de levantamento radiométrico têm como objetivo verificar a adequação 
das blindagens estruturais e comprovar a proteção oferecida para os operadores e 
indivíduos do público. No levantamento radiométrico são efetuadas medidas dos 
níveis radiométricos em diversos pontos na vizinhança das salas de exames durante 
a simulação de exames. Os níveis medidos são corrigidos por estimativas das taxas 
de uso do equipamento e das taxas de ocupação em cada local. Os resultados são 
então comparados com os limites estabelecidos pela legislação. Os resultados 
destes levantamentos podem apontar falhas nas estruturas de blindagens, 
permitindo que se corrija o problema antes que gere doses inaceitáveis para os 
ocupantes daquela vizinhança. 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
Figura 23: Câmara de Ionização utilizada no levantamento radiométrico. 
 
 
5.1.9.2. Monitoração Individual 
 
A monitoração individual de trabalhadores é basicamente a medida de doses 
recebida pelos IOEs durante a jornada de trabalho. Além da estimativa das doses 
ocupacionais recebidas, dentre os objetivos da monitoração individual podemos 
destacar: a confirmação da aplicação do princípio de limitação de doses ou a 
indicação de níveis intoleráveis de doses ocupacionais; avaliação das condições de 
trabalho; detecção de alterações nas condições de trabalho e controle e verificação 
da Proteção Radiológica. A monitoração individual fornece ainda dados para fins 
médicos, finalidades legais e para estudos epidemiológicos. 
 
A monitoração deve ser provida pelos empregadores por meio de contratação de 
laboratórios credenciados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Os 
laboratórios por sua vez, desenvolvem métodos de medidas que fornecem 
estimativas de doses ocupacionais que possibilitem a aplicação dos princípios de 
otimização e limitação de doses da proteção radiológica. 
 
Os métodos de medidas baseiam-se em fenômenos físicos, como a 
Termoluminescência (TL) e a Luminescência Opticamente Estimulada (OSL, na sigla 
em inglês), apresentados por cristais detectores naturais ou produzidos 
artificialmente (ex. CaF2, CaSO4:Dy, LiF, Al2O3:C etc - ver figura abaixo). Esses 
detectores têm, de certa forma, a capacidade de armazenar a energia transferida a 
eles quando da passagem de radiação ionizante. Para a realização das medidas, a 
energia armazenada pode ser liberada quando os detectores são aquecidos a 
temperaturas da ordem de centenas de graus (no caso da TL) ou quando recebem 
estímulos luminosos (no caso da OSL). Essa característica permite a medida de 
doses integradas em determinados períodos como, por exemplo, na monitoração 
individual, em que o tempo de integração é de, normalmente, um mês. 
 
 
Figura 24: Detectores termoluminescentes de CaSO4:Dy. 
 
A partir do fenômeno físico (Incluir link para filme demonstrando a TL) os 
laboratórios desenvolvem monitores (comumente chamados de dosímetro individual 
ou monitor pessoal – ver figura abaixo) que contém combinações de detectores e 
filtros. Após a tomada das medidas e a partir de um algorítmo de cálculo, as 
estimativas de doses são realizadas. 
 
 
Figura 25: Monitor Individual para monitoração de trabalhadores. 
 
5.1.9.3. Aspectos Operacionais quanto à monitoração pessoal 
 
• Segundo a legislação, todo indivíduo que trabalha com raios X diagnósticos 
deve usar o dosímetro pessoal durante a jornada de trabalho e enquanto 
permanecer em área controlada; 
• A troca dos dosímetros e o fornecimento dos relatórios de doses devem ter 
periodicidade mensal; 
• Os dosímetros devem ser utilizados na região mais exposta do corpo, 
normalmente no tronco; 
• Os trabalhadores em radiodiagnóstico médico que, durante sua jornada de 
trabalho, têm que utilizar avental de chumbo, devem utilizá-lo sobre o avental. 
Essa condiçãodeve ser informada ao laboratório durante o cadastramento de 
usuários. O uso do dosímetro sobre o avental permite a estimativa da dose 
efetiva no corpo todo e a estimativa da dose equivalente em áreas não 
protegidas pelo avental, como o cristalino. Em situações em que o usuário 
utiliza muito pouco o avental de chumbo em sua jornada de trabalho, o 
dosímetro adequado é o denominado dosímetro de tórax. 
• Mensalmente também é enviado pelos laboratórios um dosímetro para 
avaliação do nível de radiação de fundo ou natural no local. Essa dose de 
radiação de fundo deve ser descontada na medida de doses dos dosímetros 
pessoais, já que a monitoração individual pretende unicamente estimar a 
dose ocupacional dos trabalhadores. Normalmente esse dosímetro é 
denominado “Padrão”, “Padrão de Referência”, “Padrão Ambiental” etc, 
dependendo do laboratório. Esse dosímetro padrão para medida da dose 
ambiental deve ser posicionado distante das fontes utilizadas na instalação 
para uma melhor avaliação da exposição natural. Não deve ser colocado na 
área de acionamento dos equipamentos. 
• Em casos de exposição acidental do dosímetro pessoal, o laboratório deve 
ser informado e o monitor trocado; 
• Não irradie propositalmente o dosímetro pessoal! Na maioria das situações, 
com uma investigação adequada, é possível identificar se a exposição foi 
proposital ou acidental. A irradiação proposital pode levar a implicações 
legais, inclusive com demissão por justa causa; 
• Não viole o dosímetro pessoal, o laboratório pode se negar a efetuar a 
avaliação nesse caso; 
• Em casos de extravio do dosímetro o laboratório deve ser informado 
imediatamente; 
• Em qualquer suspeita de maior exposição, os dosímetros podem ser 
encaminhados ao laboratório para leitura de emergência; 
• Sempre que forem avaliadas doses acima no nível de investigação indicado 
pela autoridade sanitária, atualmente 1,5 mSv em um mês, uma análise deve 
ser realizada e documentada para avaliação dos motivos que contribuíram 
para a magnitude da dose; 
• Sempre que forem avaliadas doses acima no nível considerado de “alta 
dose”, atualmente 4,0 mSv em um mês, uma análise deve ser realizada e 
documentada para avaliação dos motivos que contribuíram para a magnitude 
da dose. Nesse caso o laboratório informa tanto o empregador quanto à 
CNEN, imediatamente. 
 
 
5.2. Proteção Radiológica em Medicina Nuclear 
 
A Medicina Nuclear faz uso de compostos químicos radioativos como ferramenta 
para os procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Estes compostos são 
administrados aos pacientes por injeção, ingestão ou inalação e permitem, portanto, 
o contato direto do material radioativo com quem os manipula, o que implica a 
possibilidade concreta e direta de ocorrência de contaminação. Este tipo de fonte de 
radiação é classificado como fonte não selada ou aberta. 
 
5.2.1. Irradiação e Contaminação 
 
Um dos aspectos mais importantes de Proteção Radiológica relacionados ao uso de 
fontes emissoras de radiação ionizante não seladas é a diferenciação dos conceitos 
de irradiação e de contaminação. Esta diferenciação determina condutas de 
proteção radiológica distintas e determina, consequentemente, as diferenças de 
planejamento. 
 
As fontes não seladas tipicamente utilizadas em Medicina Nuclear levam, tanto à 
irradiação quanto à contaminação e, portanto, o entendimento das diferenças é 
essencial no planejamento em um serviço de Medicina Nuclear. 
 
Inicialmente é importante entender claramente a diferença que existe entre um 
material radioativo e a radiação que ele emite. O Césio-137, por exemplo, é um 
isótopo ou material radioativo. Este isótopo radioativo tem a propriedade física de 
emitir radiação ionizante na forma de radiação beta e de radiação gama. 
Analogamente o Tecnécio-99m é um isótopo radioativo que emite radiação gama. 
Quando a radiação emitida por um isótopo radioativo atinge um indivíduo ou um 
objeto, dizemos que este indivíduo ou objeto está sendo irradiado. Repare que neste 
processo não há necessidade de que haja contato físico com o isótopo radioativo. 
Isso implica que basta retirar o indivíduo ou objeto do raio de ação da radiação, para 
que cesse sua irradiação. 
 
Quando há contato direto do isótopo radioativo com um indivíduo ou objeto, dizemos 
que este está contaminado. Nesta situação não há como afastar o indivíduo ou 
objeto da fonte emissora e consequentemente não há interrupção da irradiação. 
Nestes casos, para que seja possível interromper a irradiação é necessário remover 
o isótopo radioativo da região contaminada, removendo a contaminação. Estes 
processos são conhecidos como descontaminação radioativa. A figura abaixo ilustra 
a diferença dos conceitos. 
 
 
Figura 26: Demonstração da diferença entre contaminação e irradiação 
 
5.2.2. Procedimentos Gerais de Proteção Radiológica 
 
A Medicina Nuclear abrange procedimentos diagnósticos e terapêuticos e os 
primeiros representam a grande maioria. O planejamento adequado para a 
realização destes procedimentos envolve aspectos de proteção radiológica que 
visam principalmente a minimização da magnitude das irradiações e a minimização 
das probabilidades de ocorrência de contaminações. Apresentamos a seguir alguns 
dos principais procedimentos de proteção radiológica adotados em serviços de 
Medicina Nuclear e sua relação com os conceitos de irradiação e contaminação. 
• Utilização de blindagens estruturais – As dependências de um serviço de 
Medicina Nuclear requerem um estudo denominado cálculo de blindagens 
estruturais, que visa determinar quais ambientes necessitam de blindagens 
adicionais em paredes, portas, visores e lajes. O objetivo da utilização de 
blindagens adicionais é reduzir a magnitude das irradiações nas vizinhanças. 
Os materiais mais comumente utilizados como blindagens adicionais são o 
chumbo e o concreto para paredes e lajes, o chumbo para portas, e vidros 
plumbíferos para visores; 
 
 
Figura 27: Porta blindada em serviço de Medicina Nuclear. 
 
Figura 28: Biombo de chumbo. 
 
 
Figura 29: Visor de vidro plumbífero. 
 
• Utilização de luvas descartáveis, sapatos fechados e jalecos de algodão – O 
uso destes acessórios tem por objetivo evitar que mãos, pés e roupas sejam 
diretamente contaminados por materiais radioativos; 
• Utilização de aventais de chumbo e protetores de tireoide – O uso destes 
acessórios plumbíferos tem por objetivo minimizar a magnitude das 
irradiações em situações como o posicionamento e acompanhamento de 
pacientes na sala de exames, a preparação e a administração de 
radiofármacos, e a assistência a pacientes internados submetidos a 
procedimentos terapêuticos; 
 
 
Figura 30: Aventais de chumbo. 
 
 
Figura 31: Protetor de tiróide. 
	
  
 
Figura 32: Óculos plumbífero. 
 
 
 
• Utilização de superfícies impermeáveis – Superfícies das bancadas de 
manipulação de radioisótopos, pisos e paredes são confeccionadas ou 
revestidas com materiais impermeáveis, visando facilitar processos de 
descontaminação radioativa; 
 
 
 
Figura 33: Detalhe de piso liso e impermeável com canto arredondado. 
 
• Utilização de forrações impermeáveis em procedimentos terapêuticos – Nos 
procedimentos terapêuticos os pacientes ingerem quantidades 
significativamente maiores de materiais radioativos, comparadas aos 
procedimentos diagnósticos. Isso significa que estes pacientes se tornam 
“mais radioativos” e que suas secreções (fezes, urina, saliva e suor) podem 
gerar contaminações significativas. Para evitar que as superfícies do quarto 
de internação sejam contaminadas,além das impermeabilizações de pisos e 
paredes, utiliza-se forrações impermeáveis, tais como plásticos sobre 
interruptores, maçanetas, telefones, colchões, travesseiros, vasos sanitários, 
torneiras, etc.; 
 
• Utilização de acessórios de chumbo – Há inúmeros acessórios de chumbo utilizados 
em Medicina Nuclear, cuja finalidade é diminuir a magnitude das irradiações. Alguns 
exemplos: cofres de chumbo para armazenamento de rejeitos radioativos, blocos de 
chumbo e visores de chumbo para áreas de manipulação, carrinhos de transporte de 
fontes, porta seringas, etc.; 
 
 
Figura 34: Protetor de seringa. 
 
 
Figura 35: Armário blindado. 
 
Figura 36: Blindagens para fontes de calibração. 
 
	
  
Figura 37: Tijolos de chumbo de encaixe. 
 
 
5.2.3. Monitoração 
 
Qualquer uso que se faça de fontes emissoras de radiação ionizante requer um 
sistema de detecção. A proteção radiológica, para atingir seus objetivos, não é 
exceção. Seja como ferramenta para avaliar a intensidade das irradiações, seja 
como ferramenta para investigar a ocorrência de contaminações, os sistemas de 
detecção são essenciais em proteção radiológica. 
 
5.2.3.1. Avaliação da Intensidade de Irradiações 
 
Há diversas situações em que a avaliação das intensidades de irradiação é 
fundamental. Estas avaliações são representadas por grandezas como a taxa de 
exposição e a taxa de dose equivalente. 
 
Uma das situações que requer essa avaliação é a checagem da eficiência de 
blindagens, sejam estruturais, sejam de acessórios. Para a checagem da eficiência 
de blindagens estruturais faz-se um conjunto de medidas denominadas 
levantamento radiométrico. Esse levantamento pode ser efetuado utilizando-se um 
detector do tipo Geiger-Muller ou uma câmara de ionização. O objetivo é medir os 
níveis de radiação que atravessam as blindagens estruturais de uma sala (paredes, 
portas, lajes, visores) com o intuito de verificar se essas blindagens oferecem 
proteção considerada adequada. De maneira similar podem ser testadas as 
eficiências de acessórios utilizados como blindagens (aventais de chumbo, 
protetores de seringa, etc.), e verificar qual o grau de proteção que oferecem. 
 
 
Figura 38: Monitor Geiger-Muller. 
 
 
Outra situação que requer o conhecimento da intensidade das irradiações é a 
monitoração pessoal. Este tipo de monitoração objetiva conhecer as taxas de dose 
equivalente a que se submetem os indivíduos ocupacionalmente expostos de uma 
instalação. Este tipo de monitoração fornece um controle da qualidade do exercício 
das atividades com possibilidade de exposição. Um acréscimo não previsto no valor 
da taxa de dose equivalente em determinado período é indicativo da ocorrência de 
algum erro operacional ou de planejamento, que pode ser corrigido antes que os 
níveis de dose atinjam valores intoleráveis. 
 
 
 
Figura 39: Monitor pessoal para medida de doses ocupacionais. 
 
 
5.2.3.2. Investigação da ocorrência de contaminações 
 
O trabalho com fontes radioativas não seladas gera, inevitavelmente, 
contaminações. Grande parte destas contaminações é prevista, como por exemplo, 
as contaminações das seringas utilizadas para a injeção de radiofármacos em 
pacientes. Há, entretanto, contaminações não previstas, que ocorrem com 
frequência em serviços de Medicina Nuclear. Podem ser pequenos respingos ou 
derramamentos de material radioativo - dificilmente perceptíveis a olho nu - mas que 
podem gerar múltiplas contaminações se não detectados e removidos. Uma 
maçaneta de porta, acidentalmente contaminada por algum indivíduo que estava 
com a luva contaminada, pode ser tocada por outros indivíduos, que passarão a ter 
suas mãos contaminadas e assim propagarão a contaminação em cada objeto que 
tocarem. 
 
 
Figura 40: Monitor Geiger-Muller com sonda para investigação de contaminação 
 
Para investigar a ocorrência destas contaminações recomenda-se que se façam 
frequentemente, monitorações em todas as áreas sujeitas a contaminações. O 
sistema de detecção mais comumente utilizado para estas investigações em 
serviços de Medicina Nuclear é o detector do tipo Geiger-Muller com sonda 
específica para investigação de contaminações, usualmente uma sonda do tipo 
panqueca. Nos serviços de Medicina Nuclear, toda e qualquer área pode ser 
considerada como sujeita a contaminações e, portanto, merece investigação. Há, 
entretanto, áreas mais sujeitas do que outras, o que permite que se estabeleçam 
frequências de monitoração diferentes. 
 
5.2.4. Gerenciamento de Rejeitos Radioativos 
 
O trabalho com fontes radioativas não seladas gera inevitavelmente rejeitos 
radioativos. São considerados rejeitos radioativos todos aqueles materiais que 
contenham radioisótopos em quantidades superiores a valores especificados pela 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), denominados níveis de isenção, e 
para os quais a reutilização seja imprópria ou não prevista. 
 
Os rejeitos radioativos gerados em serviços de Medicina Nuclear compreendem 
seringas e acessórios utilizados na injeção de radiofármacos, papéis e plásticos 
contaminados, utilizados como forração de superfícies, roupas de cama utilizadas 
por pacientes, luvas descartáveis utilizadas pelos profissionais do setor, restos de 
comida de pacientes internados submetidos a tratamento terapêutico, e toda sorte 
de materiais contaminados. Estes rejeitos possuem, como característica comum, um 
tempo de meia vida curto. Isso implica que podem e devem aguardar o decaimento 
radioativo na própria instalação. Há inúmeras regras e recomendações para este 
gerenciamento e a seguir são apresentadas algumas delas: 
 
• Os rejeitos radioativos devem ser segregados por isótopo; 
• Os rejeitos radioativos devem ser segregados em sólidos e líquidos; 
• Os rejeitos radioativos que apresentarem algum outro risco associado, tal 
como risco biológico ou risco químico, devem ser segregados dos demais; 
• Rejeitos radioativos devem ser armazenados separadamente de 
quaisquer outros tipos de rejeitos; 
• Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser identificados e 
sinalizados com o símbolo internacional da presença de radiação 
ionizante; 
• Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser adequados às 
características físicas e químicas dos rejeitos; 
• Rejeitos radioativos podem ser eliminados no sistema de coleta de lixo 
urbano (rejeitos sólidos) ou na rede de esgotos (rejeitos líquidos) somente 
quando suas atividades específicas forem inferiores aos limites para 
descarte determinados em norma específica da Comissão Nacional de 
Energia Nuclear (norma CNEN-NE-6.05); 
 
 
Figura 41: Caixa blindada para depósito temporário de rejeitos em Medicina Nuclear 
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  
Figura 42: Depósito de Rejeitos em Serviço de Medicina Nuclear 
	
  
 
 
 
Figura 43: Foto de um depósito para armazenamento de rejeitos radioativos 
	
  
 
Figura 44: Exemplos de recipientes para armazenamento de rejeitos radioativos 
	
  
5.3. Proteção Radiológica em Radioterapia 
 
Embora a prática de radioterapia envolva doses muito maiores e fontes mais 
intensas que em medicina nuclear e no radiodiagnóstico, a proteção radiológica na 
radioterapia é bem mais simples. Por outro lado o planejamento das salas e o 
processo de licenciamento são muito mais exigentes que para as outras áreas. 
Como a maioria das fontes é fixa, a proteção é mais fácil. Em geral, as paredes da 
sala e os dispositivos que impedem a liberação de radiação com a equipe na sala 
são suficientes para garantir uma boa

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