Buscar

Licões de Direito Processual do Trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 730 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 730 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 730 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �22�
	Leonardo Tibo Barbosa Lima	
LIÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Teoria e Prática
4ª edição
Revista e ampliada
2017
�
Leonardo Tibo Barbosa Lima
Juiz do Trabalho substituto do TRT da 3ª Região (aprovado em 1º lugar); Professor; especialista em Direito Público pela UGF/RJ – Universidade Gama Filho, Mestre em Direito do Trabalho e Doutor em Direito Privado pela PUC/MG – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Membro do Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais; Ex-advogado trabalhista, Técnico Judiciário do TRT da 3ª Região e Juiz do Trabalho substituto do TRT da 18ª Região.
�
AGRADECIMENTO
À minha família, Bruna, minha amada esposa, que acompanhou doce e pacientemente cada passo dessa jornada; Maria Helena, minha saudosa mãe e advogada espiritual, e Juraci, meu querido pai e revisor; Graciele, Renato, Maria Luisa e Felipe; Sílvia, Leonardo e Alice; Elaine; Flávia, Adyr e Lara; Renata, Sérgio e Helena; 
Clenda e Ronaldo;.
Aos amigos dos TRTs da 3ª e 18ª Região;
Aos colegas e alunos da FAPAM;
Aos meus eternos professores, em especial a Luiz Otávio Linhares Renault, Márcio Túlio Viana, José Roberto Freire Pimenta, Maurício Godinho Delgado e 
Gregório Assagra de Almeida;
À Bruna Paula e ao Vinícius Manoel, pela valiosa ajuda na revisão e pesquisa;
Enfim, a todos os amigos e demais incentivadores desse projeto.
�
SUMÁRIO
12Apresentação	�
13Nota à 4ª edição	�
14Siglas	�
181 CONSIDERAÇÕES INICIAIS	�
181.1 O curso de Direito	�
192.2 Como estudar direito o Direito	�
262.3 O que fazer com o Direito Processual do Trabalho	�
282 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO	�
282.1 Conceito	�
292.2 Fundamentos	�
322.3 Natureza jurídica	�
322.4 Aplicação, eficácia, interpretação e integração.	�
372.5 Aplicação do CPC de 2015 ao Processo do Trabalho	�
432.6 Princípios	�
442.6.1 Princípios gerais do processo	�
452.6.1.1 Princípios informativos	�
452.6.1.2 Princípios fundamentais	�
502.6.2 Princípios específicos do Processo do Trabalho	�
502.6.2.1 Princípio da proteção	�
582.6.2.2 Princípio da finalidade social	�
592.6.2.3 Princípio da jurisdição normativa ou normatização coletiva	�
602.6.3 Princípios gerais estabelecidos pelo CPC de 2015	�
693 JUSTIÇA DO TRABALHO	�
693.1 Justiça do Trabalho no Direito Comparado	�
743.2 Justiça do Trabalho no Brasil	�
743.2.1 Histórico	�
773.2.2 Atual estrutura	�
783.2.2.1 Tribunal Superior do Trabalho	�
843.2.2.2 Tribunais Regionais do Trabalho	�
853.2.2.3 Juízes do Trabalho	�
874 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO	�
874.1 Normas gerais sobre o Ministério Público	�
874.1.1 Histórico	�
884.1.2 Natureza jurídica	�
894.1.3 Características e atribuições	�
914.1.4 Princípios institucionais	�
924.1.5 Autonomia, garantias, prerrogativas e vedações	�
954.1.6 Organização institucional	�
984.2 Ministério Público do Trabalho	�
984.1.1 Conceito e história	�
994.1.2 Estrutura	�
1014.1.3 Atribuições	�
1044.1.4 Instrumentos	�
1095 COMPETÊNCIA TRABALHISTA	�
1095.1 Princípios	�
1135.2 Classificação da competência	�
1145.3 Critérios de fixação da competência	�
1165.4 Competência internacional	�
1175.5 Competência material	�
1535.6 Competência territorial	�
1625.7 Competência em razão da pessoa, da hierarquia e do valor da causa	�
1646 PARTES E PROCURADORES	�
1646.1 Conceito e fundamento	�
1656.2 Capacidade	�
1686.3 Representação	�
1746.4 Legitimidade	�
1746.4.1 Conceito	�
1756.4.2 Legitimidade ordinária	�
1776.4.3 Legitimidade extraordinária	�
1826.5 Sucessão processual	�
1876.6 Litisconsórcio	�
1916.7 Intervenção de terceiros	�
1916.7.1 Modalidades do direito processual comum	�
1936.7.1.1 Assistência	�
1946.7.1.2 Denunciação da lide	�
1956.7.1.3 Chamamento ao processo	�
1956.7.1.4 Desconsideração da personalidade jurídica	�
1986.7.1.5 Amicus curiae	�
2006.7.2 Modalidades do direito processual do trabalho	�
2006.7.2.1 Chamamento à autoria	�
2006.7.2.2 Integração à lide	�
2016.7.2.3 Intervenção iussu iudicis	�
2016.8 Procuradores	�
2066.9 Assistência judiciária e justiça gratuita	�
2076.10 Atos ilícitos das partes	�
2117 ATOS, TERMOS, PRAZOS E DESPESAS PROCESSUAIS	�
2117.1 Atos	�
2157.2 Termos	�
2167.3 Prazos	�
2237.4 Despesas	�
2348 NULIDADES	�
2348.1 Conceito, natureza jurídica e fundamentos	�
2358.2 Classificação	�
2389 AÇÃO, PROCESSO E PROCEDIMENTO	�
2389.1 Ação, pretensão, demanda e causa	�
2419.2 Processo e procedimento	�
2429.3 Relação jurídica processual	�
2439.4 Pressupostos processuais	�
2549.5 Espécies de dissídios	�
2559.6 O dissídio individual e seus procedimentos	�
2569.6.1 Rito ordinário	�
2609.6.2 Rito sumaríssimo	�
2629.6.3 Rito sumário	�
2639.6.4 Inquérito para apuração de falta grave	�
2649.6.5 Dissídios decorrentes da relação de trabalho.	�
2659.7 O dissídio coletivo e seu procedimento	�
2659.7.1 Teoria geral	�
2759.7.2 Dissídio coletivo originário	�
2819.7.3 Dissídio coletivo de extensão	�
2829.7.4 Dissídio coletivo de revisão	�
2839.7.5 Tutelas de urgência em dissídios coletivos	�
2849.8 O dissídio metaindividual e seu procedimento	�
29310 PETIÇÃO INICIAL	�
29310.1 Formatação	�
29410.2 Endereçamento	�
29510.3 Qualificação das partes	�
29610.4 Causa de pedir	�
29810.5 Pedidos	�
30110.6 Requerimentos finais	�
30210.7 Anexos obrigatórios	�
30310.8 Indeferimento, aditamento e emenda	�
30310.9 Modelo de petição inicial	�
30611 DEFESA	�
30611.1 Exceções	�
31111.2 Contestação	�
31111.2.1 Conceito, natureza e princípios	�
31311.2.2 Defesa processual	�
31311.2.3 Defesa de mérito	�
31711.3 Reconvenção	�
32011.4 Revelia	�
32511.5 Modelo de defesa	�
33012 PROVAS	�
33012.1 Teoria geral	�
33012.1.1 Meios	�
33212.1.2 Fontes	�
33212.1.3 Objeto	�
33312.1.4 Finalidade	�
33412.1.5 Princípios	�
33612.1.6 Ônus da prova	�
34212.1.7 Valoração	�
34412.1.8 Poderes instrutórios do Juiz	�
34512.1.9 Provas ilícitas	�
34612.1.10 Produção antecipada de provas	�
34712.2 Provas em espécie	�
34712.2.1 Prova documental	�
35012.2.2 Interrogatório e depoimento pessoal	�
35112.2.3 Confissão	�
35212.2.4 Prova testemunhal	�
35512.2.5 Perícia	�
35712.2.6 Inspeção judicial	�
35812.2.7 Prova emprestada	�
36013 AUDIÊNCIA TRABALHISTA	�
36013.1 Regras gerais	�
36013.1.1 Princípios	�
36113.1.2 Lugar, tempo e registro	�
36513.2. Dinâmica	�
36513.2.1 Pregão	�
36613.2.2 Primeira proposta de conciliação	�
36613.2.3 Leitura da inicial	�
36613.2.4 Defesa e impugnação	�
36713.2.5 Instrução	�
36813.2.6 Razões finais	�
36913.2.7 Segunda proposta de conciliação	�
36913.2.8 Decisão	�
37013.3. Casuística	�
37013.3.1 Audiência inicial	�
37313.3.2 Acordo	�
37913.3.3 Audiência de instrução	�
38314 SENTENÇA E COISA JULGADA	�
38314.1. Sentença trabalhista	�
38314.1.1 Conceito	�
38314.1.2 Princípios	�
38514.1.3 Requisitos	�
38614.2. Exame dos reflexos do CPC de 2015 na sentença trabalhista	�
38614.2.1 Preponderância da tutela de mérito ou primazia do julgamento de mérito	�
38714.2.2 Sistema de precedentes	�
39214.2.3 Fundamentação integral ou exauriente	�
39414.2.4 Vedação de inovação ou surpresa	�
39614.2.5 Prazo	�
39714.2.6 Ordem de julgamento	�
39814.2.7 Julgamento liminar de improcedência ou julgamento “prima facie”	�
40014.2.8 Julgamento parcial antecipado de mérito	�
40114.2.9 Retratação nas decisões antecipadas	�
40214.2.10 Remessa necessária	�
40214.2.11 Hipoteca judiciária	�
40314.2.12 Protesto judiciário	�
40414.2.13 Tutela específica	�
40414.3. Coisa julgada nas demandas individuais	�
41114.4. Coisa julgada nas demandas coletivas	�
41314.5. Modelo de sentença	�
41815 RECURSOS	�
41815.1. Teoria geral	�
41815.1.1 Conceito e natureza jurídica	�
41815.1.2 Princípios	�
42015.1.3 Classificação	�
42115.1.4 Efeitos	�
42315.1.5 Pressupostos	�
43915.1.6 Decisões antecipadas	�
43915.1.6.1 Procedimento de exame de admissibilidade recursal	�
44115.1.6.2 Súmula impeditiva de recursos(no juízo “a quo”)	�
44115.1.6.3 Julgamento da causa madura (pelo Tribunal “ad quem”)	�
44215.1.6.4 Julgamento monocrático (do relator no juízo “ad quem”)	�
44415.1.6.5 Poderes do relator	�
44615.1.7 Matéria administrativa	�
44715.1.8 Incidentes recursais	�
45415.1.8.1 Incidente de uniformização de jurisprudência	�
45615.1.8.2 Incidente de recursos de revista repetitivos	�
45915.1.8.3 Incidente de assunção de competência	�
46115.1.9 Reclamação	�
46415.1.10 Correição e Pedido de Providências	�
46715.1.11 Honorários advocatícios	�
46715.1.12 Remessa necessária	�
47015.1.13 Espécies recursais	�
47215.2 Recurso ordinário	�
47315.3 Recurso de revista	�
48215.4 Embargos no TST	�
49015.5 Embargos de declaração	�
49715.6 Agravo de instrumento	�
50015.7 Agravo de petição	�
50115.8 Agravo regimental	�
50215.9 Agravo inominado ou interno	�
50315.10 Recurso adesivo	�
50415.11 Pedido de revisão do valor da causa	�
50415.12 Modelo de recurso ordinário	�
50816 EXECUÇÃO TRABALHISTA	�
50816.1 Procedimentos preparatórios	�
50816.1.1 Liquidação de sentença	�
52016.1.2 Outras medidas	�
52116.2 Teoria geral da execução	�
52116.2.1 Conceito, natureza jurídica e fundamentos	�
52216.2.2 Princípios	�
52616.2.3 Títulos executivos	�
52716.2.4 Legitimidade	�
53116.2.5 Classificação	�
53216.2.6 Competência	�
53316.3 Execução por quantia certa	�
53316.3.1 Citação	�
53516.3.2 Medidas coercitivas	�
53916.3.3 Penhora	�
55216.3.4 Avaliação, expropriação e trâmites finais	�
55816.3.5 Suspensão e extinção	�
56216.4 Execução específica	�
56216.5 Execução provisória	�
56416.6 Execução coletiva	�
56816.7 Execução por prestações sucessivas	�
56916.8 Execução contra a Fazenda Pública	�
58016.9 Execução contra Estados estrangeiros e Organismos Internacionais	�
58116.10 Execução das contribuições sociais previdenciárias	�
58116.10.1 Competência	�
58216.10.2 Procedimento	�
58316.11 Execução fiscal	�
58616.12. Defesas do executado	�
58616.12.1 Modalidades	�
58716.12.2 Embargos à Execução	�
59016.12.3 Embargos da Fazenda Pública	�
59116.12.4 Exceção de pré-executividade	�
59216.13 Impugnação à liquidação	�
59316.14 Fraude de execução e ato atentatório à dignidade da Justiça	�
59816.15 Direito fundamental à execução trabalhista efetiva	�
59816.15.1 Ontologia da execução trabalhista: visão panorâmica	�
59916.15.2 Deontologia da execução: direito fundamental do credor	�
60517 PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO TRABALHISTA	�
60517.1 Teoria geral	�
61117.2 Procedimento eletrônico	�
61718 AÇÕES ESPECIAIS CÍVEIS NO PROCESSO DO TRABALHO	�
61818.1 Ação Rescisória	�
65018.2 Ação Anulatória	�
65518.3 Mandado de Segurança	�
65518.3.1 Mandado de Segurança individual	�
67518.3.2 Mandado de Segurança coletivo	�
67718.4 Ação de Consignação em Pagamento	�
68418.5 Ações Possessórias	�
68718.6 Ação de Despejo	�
68918.7 Ação de Exigir Contas	�
69018.8 Ação Monitória	�
69318.9 Ação Civil Pública e Ação Coletiva	�
69718.10 Embargos de Terceiro	�
70218.11 Oposição	�
70318.12 Ação declaratória	�
70518.13 Habeas corpus	�
70718.14 Habeas data	�
70919 TUTELA PROVISÓRIA NO PROCESSO DO TRABALHO	�
70919.1 Tutela antecipada x tutela cautelar	�
71019.2 Tutela provisória	�
71019.2.1 Disposições gerais	�
71119.2.2 Tutela de urgência	�
71419.2.3 Tutela de evidência	�
71620 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA NO PROCESSO DO TRABALHO	�
71620.1 Teoria geral	�
72120.2 Espécies	�
72120.2.1. Homologação de acordo extrajudicial	�
72220.2.2. Alvará para levantamento de FGTS e PIS	�
72220.2.3. Notificação, interpelação e protesto	�
72320.2.4. Autorização para trabalho infantil artístico e desportivo.	�
72420.2.5. Pedido de homologação de dispensa de empregados estáveis	�
726REFERÊNCIAS	�
�
�
Apresentação
	Este livro partiu da ideia de transportar para o papel o ensino ministrado na graduação do curso de Direito. A didática, a ética e a atualidade são, portanto, suas características intrínsecas, uma vez que, na graduação, os professores, enquanto educadores, têm a preocupação permanente de tentar transmitir não só o ensino do conteúdo atual, mas, principalmente, a formação científica e ética do aluno, tudo isso da maneira que mais facilitar o aprendizado.
	E isso não facilita a tarefa. A aula, agora escrita, alcança uma diversidade de pessoas, além, simplesmente, daqueles alunos matriculados em um período do curso de Direito de determinada instituição. É preciso lidar, antes de tudo, com a heterogeneidade do leitor, em respeito a ele, que lê, pensa e age a partir do que encontra nessas linhas. Isso tudo sem perder a objetividade e a clareza.
	É por esse motivo que, sem a pretensão de esgotar o tema, esta obra procurará apresentar, além da teoria, um pouco de prática, como a oferta de auxílio na elaboração de peças e textos jurídicos, abordagem das questões doutrinárias polêmicas e, ainda, no próprio estudo do Direito em si, enquanto ciência e instrumento, sempre que isso for possível. 
	Além disso, é preciso destacar que o número reduzido de citações de outros autores foi proposital, a fim de tornar o texto mais aprazível de ser lido, valorizando dessa forma as palavras, na tentativa de ser fiel, ao máximo, à realidade das salas de aula.
	Por outro lado, foi farta a utilização da jurisprudência, especialmente a do TST, tendo em vista a prioridade em trazer para a sala de aula o posicionamento atual dos Tribunais com os quais o estudante terá maior contato.
	A expectativa é de que as horas dispensadas à leitura deste livro sejam úteis, despertando no caro amigo leitor a amizade colorida com o Direito Processual do Trabalho, à semelhança do que sente o autor, pois aquele que vive sem paixão tudo enxerga em preto e branco. 
	Sucesso a todos!
O Autor.
�
Nota à 4ª edição
	É com alegria que ofertamos ao leitor a 4ª edição da obra Lições de Direito Processual do Trabalho – Teoria e Prática.
	As principais novidades desta nova edição são: a atualização da jurisprudência do TST (até o informativo nº 149), do STJ (até o informativo nº 589) e do STF (até o informativo nº 847); a inclusão e a atualização de súmulas dos citados tribunais; comentários acerca dos Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis e do I e II Fórum Nacional de Processo do Trabalho; abordagem das disposições das Instruções Normativas nº 39 e 40, do C. TST; atualização à luz das Leis nº 13.256/16 e nº 13.363/16, que promoveram alterações no texto do CPC de 2015; revisão integral do texto, com inclusão de novos subitens, para facilitar a localização dos assuntos, bem como a sua visualização, de forma esquematizada.
	Por fim, vale destacar que o texto está mais rico, detalhado e profundo, tendo em vista o amadurecimento natural de ideias, especialmente em decorrência da aplicação prática do CPC de 2015, tudo sem perder de vista o estilo simples e direto que acompanha a obra desde a sua primeira edição.
	
	
O Autor.
�
Siglas
ACP: Ação Civil Pública
ACT: Acordo Coletivo de Trabalho
ADI: Ação Direta de Inconstitucionalidade
AgReg: Agravo Regimental
AGU: Advocacia-Geral da União
AI: Agravo de Instrumento
ANAMATRA: Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
AR: Ação Rescisória
BNDT: Banco Nacional de Devedores Trabalhistas
C.: Colendo
CAGED: Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados 
CAPES: Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CC: Código Civil
CCT: Convenção Coletiva de Trabalho
CD/SD: Certificado de dispensa e seguro desemprego
CDC: Código de Defesa do Consumidor
CEF: Caixa Econômica Federal
CF: Constituição Federal
CGJT: Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho
CGPJT: Consolidação Geral dos Provimentos da Justiça do Trabalho
CLT: Consolidação das Leis do Trabalho
CNDT: Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas
CNJ: Conselho Nacional de Justiça
CNT: Conselho Nacional do Trabalho
CP: Código Penal
CPC: Código de Processo Civil
CPP: Código de Processo PenalCSJT: Conselho Superior da Justiça do Trabalho
CTN: Código Tributário Nacional
DARF: Documento de arrecadação da Receita Federal
DEJT: Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho
DENATRAN: Departamento Nacional de Trânsito
DJ: Diário da Justiça
DJe: Diário Eletrônico da Justiça
DPVAT: Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Seguro)
EB: Recurso de Embargos
EBCT: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
EC: Emenda Constitucional
ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente
ED: Embargos de Declaração
FAT: Fundo de Amparo ao Trabalhador
FENABAN: Federação Nacional dos Bancos
FGTS: Fundo de garantia por tempo de serviço
FGTS: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FPPC: Fórum Permanente de Processualistas Civis
GFIP: Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social
GPS: Guia da Previdência Social
GRU: Guia de Recolhimento da União
HC: Habeas Corpus
I FNPT: Primeiro Fórum Nacional de Processo do Trabalho
IAC: Incidente de assunção de competência
II FNPT: Segundo Fórum Nacional de Processo do Trabalho
IN: Instrução Normativa
INSS: Instituto Nacional da Seguridade Social
IPCA-E: Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial 
IR: Imposto de Renda
IRDR: Incidente de resolução de demandas repetitivas
IUJ: Incidente de uniformização de jurisprudência
JCJ: Junta de Conciliação e Julgamento
LACP: Lei da Ação Civil Pública
LC: Lei Complementar
LEF: Lei de executivos fiscais
LINDB: Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
LMS: Lei do Mandado de Segurança
LOMAN: Estatuto da Magistratura
LOMPU: Lei Orgânica do Ministério Público da União
LONMP: Lei Orgânica Nacional do Ministério Público
MI: Mandado de Injunção
MP: Ministério Público
MPE: Ministério Público Eleitoral
MPF: Ministério Público Federal
MPM: Ministério Público Militar
MPT: Ministério Público do Trabalho
MPU: Ministério Público da União
MS: Mandado de Segurança
MSC: Mandado de Segurança Coletivo
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego
OIT: Organização Internacional do Trabalho
OJ: Orientação Jurisprudencial
p.: Página
PFN: Procuradoria da Fazenda Nacional
PJe: Processo Judicial eletrônico
PN: Precedente Normativo
RAIS: Relatório Anual de Informações Sociais
Rcl: Reclamação
RE: Extraordinário
REsp: Recurso Especial
RHC: Recurso em Habeas Corpus 
RICGJT: Regimento interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho
RITST: Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho
RO: Recurso Ordinário
RPV: Requisição de Pequeno Valor
RR: Recurso de Revista
SDC: Seção de Dissídios Coletivos
SDI- I ou SBDI- I: Primeira (Sub) Seção de Dissídios Individuais
SDI- II ou SBDI- II: Segunda (Sub) Seção de Dissídios Individuais
SDI: Seção de Dissídios Individuais
SPC: Serviço de proteção ao crédito
STF: Supremo Tribunal Federal
STJ: Superior Tribunal de Justiça
TR: Taxa Referencial
TRCT: Termo de rescisão do contrato de trabalho
TRT: Tribunal Regional do Trabalho
TST: Tribunal Superior do Trabalho
v. g.: “verbi e gratia” (significado: “por exemplo”)
�
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 O curso de Direito
	
	O curso de graduação Direito não deve ser confundido com as carreiras jurídicas profissionais. Estas, por vezes, exigem uma habilitação a qual pode ser uma prova, um concurso ou outro processo seletivo, geralmente com acesso franqueado apenas a quem é graduado em Direito.
	Assim é que, ao contrário do que dita o senso comum, o curso não é voltado para a formação específica de advogados, professores, magistrados, promotores, etc., mas para a sedimentação do conhecimento jurídico produzido e para a estimulação da produção do próprio conhecimento. Por certo que esse objetivo também vem acompanhado da finalidade profissional, de maneira que o curso também visa a preparar o egresso para a vida prática, seja qual for a carreira escolhida por ele. 
A situação econômica do país gera reflexos nas Faculdades de Direito. Hodiernamente, muitos são os alunos que necessitam conciliar o curso com o trabalho, razão pela qual dispõem de pouco tempo para dedicação ao estudo, além dos efeitos que sofrem em decorrência natural do cansaço. Mesmo aqueles que têm o privilégio de se dedicarem exclusivamente aos estudos, compartilham com os demais colegas o anseio pelo sucesso profissional, sobretudo no que se refere à estabilidade financeira.
Disso advêm, já nos primeiros anos do curso, alunos que manifestam o interesse em prestar concursos públicos, por exemplo. Há quem já faça um cursinho ou até mesmo quem já seja servidor público e almeje cargo mais elevado, razão pela qual lançam mão da comparação entre o cursinho preparatório para concursos e o curso de Direito. Como o processo de formação é mais doloroso, o curso do Direito geralmente é preterido. Paulo Roberto de Gouvêa Medina bem explica esse conflito:
Boa parte dos que batem às portas das Faculdades de Direito anseia por uma carreira no serviço público. E, por isso, espera que o curso lhe dê, antes de tudo, preparação para os concursos de seu interesse. Ora, o curso de bacharelado não pode descer da posição eminente em que se situa, no plano cultural, de modo a transformar-se num cursinho preparatório para concursos públicos. (...) O curso de graduação em Direito deve preparar o estudante para a vida profissional – o que significa descortinar um amplo horizonte, do ponto de vista da formação universitária. Entram, aí, a filosofia que se imprime ao curso e as matérias que nele se oferecem. (2010, p. 60).
	Por vezes, o excesso de preocupação com o exame da OAB, com o edital do próximo concurso, ou até mesmo com o trabalho de conclusão do curso, tiram o foco do aluno daquilo que mais lhe será cobrado na vida profissional: a capacidade de pensar por si mesmo. 
	A internet facilitou demasiadamente o acesso à informação. Basta digitar nos sites de busca qualquer tema jurídico para o aluno encontrar artigos, livros e teses, das mais simples às mais complexas. E à medida que as fontes de consulta vão se tornando mais “fáceis”, na via inversa a capacidade de pensar vai ficando cada vez menos estimulada. O resultado é a cola, a cópia, o plágio... Há excesso de ingredientes, mas há pouca gente interessada em seguir corretamente a receita e elaborar o prato por conta própria.
Existe, portanto, um aparente conflito entre o que oferece o curso de graduação em Direito e o que dele espera o aluno. Como conciliar isso? Em primeiro lugar, a estrutura curricular de um curso de graduação deve procurar ser crescentemente atrativa, a fim de estimular o aluno a duvidar, pesquisar e compreender. Noutras palavras, é preciso fornecer ao aluno os instrumentos necessários ao desenvolvimento de um olhar crítico para o Direito, tomando-o objeto de um estudo científico. Para isso, a instituição de ensino deve estimular a pesquisa. Esses são os passos seguros rumo ao conhecimento jurídico de base.
Além disso, o curso de Direito precisa oferecer disciplinas profissionalizantes, para que o aluno simule a prática e aprenda a aplicar os conhecimentos que adquiriu.
Do aluno, espera-se que estude. Mas como estudar corretamente?
2.2 Como estudar direito o Direito
	Não há uma só maneira de estudar o Direito. Cada um pode seguir seus próprios métodos, mas existem alguns postulados derivados da experiência que costumam ser muito úteis. É o que aqui se pretende mostrar, a título de sugestão, para quem se inicia nessa jornada.
O primeiro ponto a considerar é que o Direito é uma Ciência. Essa afirmativa é verdadeira, porque o Direito abriga ao menos três características científicas: possui objeto próprio, princípios próprios e metodologia própria.
	O objeto do Direito já foi somente a norma jurídica, durante a ditadura do positivismo jurídico. Mas hoje ele é mais amplo. Nos ensinamentos de Miguel Reale,o Direito é tridimensional, abrigando o fato, o valor e a norma jurídica. Por isso é que o Direito influencia tudo e de tudo sofre influência. Da Medicina à Física, onde houver sociedade em seu complexo de fatos e valores, haverá necessidade de existirem normas, como já afirmou Ulpiano.
	Princípios, por sua vez, são postulados científicos, máximas abstratas e genéricas, que concentram informações conclusivas sobre um tema. O Direito os possui como tal e mais além. No Direito, hodiernamente, os princípios têm força normativa, uma vez que se unem às regras para formar a norma jurídica.
	Por fim, resta dizer da metodologia. Aqui abre-se destaque para a hermenêutica jurídica, que identifica os métodos de interpretação da norma jurídica.
	Ocorre que, além dessa metodologia formal e clássica, há uma metodologia informal. É a metodologia do estudo do Direito, relativa aos métodos para apreensão do conhecimento jurídico, consistente no que fazer para entender e guardar as informações estudadas.
	Nas próximas linhas, tentar-se-á transmitir ao leitor um pouco da experiência nessa “metodologia informal”, a fim de auxiliá-lo no estudo do Direito. Para estudar direito o Direito, é preciso observar as seguintes regras:
	1. Organização das disciplinas: o estudante deve identificar quais disciplinas pretende estudar e qual o tempo que dispõe para o estudo. O graduando, por exemplo, deve identificar as disciplinas do semestre, como Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Penal, Teoria Geral do Processo e Direito Empresarial. O concursando deve fazer o mesmo com as disciplinas objeto do edital do concurso ou do exame.
	Uma vez identificadas as disciplinas, é necessário saber de quanto tempo dispõe o estudante para o estudo diário. Muitos estudantes se desanimam ao perceberem que dispõem de apenas uma ou duas horas de estudo por dia. Entretanto, isso pode ser suficiente, se tudo for conciliado com muita disciplina. Vários são os relatos de pessoas que conseguiram a aprovação em concursos muito difíceis, com apenas três horas de estudo por dia.
	A seguir, o estudante deve estabelecer uma relação de prioridade entre as disciplinas, conforme a quantidade, a complexidade e a exigência. Por exemplo, na graduação, o aluno deve verificar quais são as disciplinas com mais e menos aulas, as mais complexas e as mais simples e quais são os professores mais exigentes ou menos exigentes. Para um concurso ou exame, o candidato deve fazer separação semelhante. Em um concurso para a magistratura do trabalho, por exemplo, o estudo do Direito do Trabalho, do Direito Processual do Trabalho e do Direito Constitucional deve ter mais espaço na organização dos estudos do que o Direito Penal, o Internacional e o Administrativo, por exemplo.
	Por fim, o estudante dever organizar o seu tempo, de maneira que estude apenas uma matéria por dia, conforme a prioridade de cada qual. Para um concurso da área trabalhista, por exemplo, as disciplinas podem ser organizadas da seguinte forma:
	Segunda
	Terça
	Quarta
	Quinta
	Sexta
	Sábado
	Domingo
	Direito do Trabalho
	Processo Civil
	Direito Empresarial
	Processo do Trabalho
	Direitos Humanos
	Revisão
	Descanso
	Processo do Trabalho
	Direito Administrativo
	Direito Internacional
	Direito Constitucional
	Direito da Criança
	
	
	Direito Constitucional
	Direito Previdenciário
	Direito Civil
	Direito do Trabalho
	Direito Penal
	
	
	A tabela acima está organizada por semana, de maneira que na primeira semana o estudante deve estudar Direito do Trabalho, Processo Civil, Direito Empresarial, Processo do Trabalho e Direitos Humanos. Na segunda semana, estudará Processo do Trabalho, Direito Administrativo, Direito Internacional, Direito Constitucional e Direito da Criança e do Adolescente. Finalmente, na terceira semana, o estudo será de Direito Constitucional, Direito Previdenciário, Direito Civil, Direito do Trabalho e Direito Penal. Veja-se que as matérias mais cobradas são estudadas com mais frequência.
	O sábado é destinado à revisão das disciplinas. Vale lembrar que a revisão é diferente do estudo. Naquela, o aluno apenas deve fazer uma leitura rápida do que foi estudado durante a semana, somente para ajudar a memorizar o assunto. Essa revisão é fundamental para armazenar as informações na parte do cérebro responsável pela memória de longo prazo. 
Só a repetição e a emoção têm a chave para guardar informações nessa parte do cérebro. Os exercícios usam a repetição para operar este fenômeno, como demonstra a famosa curva de Ebbinghaus, ou curva do esquecimento:
Fonte: Juris Way. Disponível em: http://www.jurisway.org.br. Acesso em: 16 jul. 2012.
	Como é possível verificar, a curva demonstra que a revisão está diretamente ligada à aprendizagem de longo prazo. Caso ela não seja feita, em aproximadamente trinta dias o cérebro descartará a informação, por entender que ela é desnecessária.
	O domingo é o dia da família, dos amigos e do lazer. Sem um dia de descanso, a qualidade dos estudos cai, como na fábula do cortador de lenha. Diz a estória que, certa vez, uma empresa contratou o melhor lenhador das redondezas, pagando-lhe mais que os outros em razão da impressionante quantidade de lenha que conseguia cortar. No primeiro dia, cortou por horas, e ao invés de fazer uma pausa para refeição com os demais colegas, decidiu prosseguir no trabalho. De fato, cortou mais lenha que todos.
	Entretanto, ao longo das semanas, o número de lenha cortada foi diminuindo gradativamente, por mais que o lenhador se esforçasse. Deixou de tomar café, almoçar e até de dormir, tudo para conseguir manter sua produção, a qual caía a cada dia.
	Esgotado, o lenhador reclamou com o patrão: “- Não sei o que acontece. Ao contrário dos demais, corto lenha o dia todo, mas eles cortam mais lenha do que eu a cada dia que passa...”. Então lhe disse o patrão: “- Você já reparou que enquanto os seus colegas param para comer, aproveitam para amolar os machados?”
	2. O quê e como estudar. Ciente da disciplina a ser estudada no dia, o estudante deve dividi-la por assunto (pontos), como fazem os livros, com seus capítulos, e os concursos, nos editais. Em Direito Processual do Trabalho, por exemplo, o primeiro dia de estudos pode ser o de Princípios. O segundo, o da Organização da Justiça do Trabalho, e assim sucessivamente.
	A boa compreensão de cada tema deve envolver a análise de quatro fontes: a) doutrina; b) legislação; c) jurisprudência; e d) exercícios.
	A doutrina abrange as aulas do curso de Direito ou de um outro curso (como um cursinho, para os concursandos) e as obras jurídicas. Nas aulas, o aluno deve procurar anotar as palavras mais importantes proferidas pelo professor, sem que seu texto se torne uma cópia exata do que foi falado. É que o aluno não deve usar as anotações de maneira que atrapalhe o seu entendimento sobre o assunto. Há alunos que anotam tudo, na esperança de estudar, depois, sozinhos. Ocorre que, sozinhos, vêem-se diante de dúvidas intermináveis, desperdiçando a presença do professor, transformando as aulas em textos.
	Quanto aos livros, a metodologia é semelhante. O estudante deve fazer resumos apenas para facilitar uma revisão. A exemplo das anotações de aulas, os alunos não devem transformar os resumos em uma obsessão. O segredo é nunca deixar o conhecimento para depois, ou seja, o resumo deve refletir aquilo que o aluno entendeu e não o que ele pretende compreender noutro momento.
	As anotações de aula e os resumos dos livros devem ser, portanto, sintéticos. Eles serão peça chave nas revisões e nos estudos para véspera de provas, sobretudo nas provas orais. No entanto, as anotações nunca devem comprometer a devida atenção à exposição do professor. Quem realmente presta atenção ao professor, durante a aula, já terá bem mais que meio caminho andado em seu aprendizado. 
	Uma boa obra doutrinária é aquela que mais se ajusta ao estilo do leitor. Contudo, há fatores indispensáveis para isso: a linguagem e o conteúdo.A linguagem é subjetiva – vai do gosto de cada um - e o conteúdo, objetivo. Este, para ser bom, deve abranger teoria e as mais recentes legislação e jurisprudência. Na dúvida, peça indicação ao professor da disciplina.
	O estudo da legislação é, certamente, o mais odiado pelos estudantes. Estes vêem-se diante de textos indecifráveis, abstratos e muito rico em detalhes. Além disso, a legislação é o objeto preferido das provas objetivas (de múltipla escolha), o que obriga os estudantes a memorizarem boa parte do que estudam.
	Para o estudo da legislação, talvez o melhor método seja o de tornar o estudo divertido, usando a chave da emoção para guardar no cérebro as informações mais importantes. Para isso, o estudante deve abusar da imaginação, utilizando toda sorte de instrumentos, como canetas coloridas, desenhos, colagens, etc. Quanto mais engraçada for a forma de estudar, mais o seu cérebro irá guardar a informação.
	No estudo da Constituição Federal, por exemplo, poderá memorizar o art. 1º da seguinte forma:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
	Da leitura do artigo, pode-se criar um macete: um francês (para lembrar que o artigo fala da República Federativa do Brasil), casado (para memorizar que os Estados, Municípios e o Distrito Federão formam uma União indissolúvel), veio para o Brasil e disse “- So Ci Di Va Plu” (Soberania, Cidadania, Dignidade, Valores e Pluralismo).
	O estudo da jurisprudência deve ser uma rotina, seguindo o plano de estudo quanto a cada matéria. Hoje, os principais tribunais superiores dispõem de informativos semanais, com a síntese de suas principais decisões. É possível até cadastrar um e-mail no site desses tribunais e os receber semanal e gratuitamente. A dica aqui é de, após a leitura de cada decisão, elaborar uma pequena frase, em que seja possível identificar a decisão do tribunal. O aluno deve ir colecionando essas frases para leitura no dia da revisão semanal e no dia que antecede a prova que irá fazer. Sobretudo nas provas subjetivas, o conhecimento jurisprudencial é peça fundamental na obtenção de boas notas.
	Além dos informativos, o aluno deve estudar as súmulas dos tribunais superiores. O macete, quanto às súmulas, está na sua separação por temas. Por exemplo, em Processo do Trabalho, o estudante deve separar as súmulas que tratem de recursos, mandado de segurança, ação rescisória, etc. Pode ser útil também o uso da mesma técnica dos informativos, isto é, elaborando pequenas frases mais curtas que as próprias súmulas, apenas para facilitar a revisão.
	Por fim, os exercícios. Os livros podem fornecer ao aluno o conhecimento atualizado da teoria, da jurisprudência e da legislação. Todavia, por melhor que seja o livro, o cérebro humano só guardará as informações que são necessárias. O exercício, por sua vez, exige do cérebro a informação, razão pela qual somente com a realização de exercícios a teoria, a jurisprudência e a legislação ficarão registrados na memória do estudante. Entretanto, o exercício só produzirá efeitos se o aluno os fizer com disciplina. Essa é a parte que mais depende do esforço do aluno e, por isso mesmo, talvez seja o principal diferencial entre aqueles que vão bem e aqueles que vão mal nas avaliações.
	O exercício deve ser feito ao final do estudo de cada ponto. O aluno deve tentar responder sem consulta, a menos que ela seja permitida na prova respectiva. O importante aqui é descobrir o que mais é cobrado na prova. Por isso é que o aluno deve tentar resolver provas anteriores da disciplina que cursa, ou da banca que irá elaborar a prova do concurso que almeja.
	Ninguém detém todo o conhecimento. Ninguém que já tenha conseguido seus objetivos o fez sabendo absolutamente tudo o que poderia ser cobrado. A aprovação vem para aquele que sabe mais, quanto àquilo que é cobrado na prova. A ciência do que mais cai só vem através dos exercícios.
3. Estudo de base x estudo de prova. Finalmente, quanto aos estudos, cabe lembrar ao estudante que existem dois ciclos de estudo. Um para criar uma base de conhecimento, e outro para fazer a prova.
O estudo de base é feito a longo prazo. Sua metodologia é a citada no item 2, envolvendo o estudo da doutrina, da legislação e da jurisprudência e a realização de exercícios.
Cerca de trinta dias antes da prova, no caso dos concursos, e uma semana, na graduação, o aluno deve suspender o estudo de base para realização de uma revisão especial para a prova. Ela consiste em reler os resumos produzidos, com ênfase em um deles, a depender da espécie de prova. Se for uma prova objetiva, o aluno deve dar especial atenção à leitura da lei e das súmulas dos tribunais. Caso seja uma prova de segunda etapa, dissertativa, o foco estará na doutrina e na jurisprudência.
4. Como responder às questões da prova. Nas provas objetivas, o estudante deve começar pelas questões que julgar mais fáceis, visto que estas provas geralmente oferecem um tempo reduzido para sua resolução, fator que também serve como seleção. Além disso, a resolução de questões mais difíceis em primeiro lugar certamente deixaria o candidato mais cansado e com a sensação de que a prova foi mais difícil do que realmente era.
É preciso ter muita atenção com questões que apresentem alternativas absolutas ou muito genéricas. Na Ciência Jurídica, diferentemente das exatas, há poucos postulados absolutos, isto é, sem exceções. Por isso, tendem a estar erradas as alternativas que contenham as palavras sempre, exclusivamente, somente, apenas, qualquer, nunca, nenhum, etc.
Outra dica é verificar a quantidade de questões de que o aluno sabe a resposta. Se, por exemplo, entre elas houver mais letras “A”, “C” e “D” do que “B”, haverá grande probabilidade de que as questões duvidosas tenham como resposta a letra “B”.
Calha lembrar, entretanto, que o melhor método para responder a questões objetivas é o exercício com provas anteriores. Além de tudo que já foi dito, há o fato de que muitas questões são repetidas, o que poderá ser fundamental na solução das questões mais difíceis.
A resposta das questões dissertativas dependem, essencialmente, de um bom Português e de uma boa organização das ideias. Aqui, a resolução de provas anteriores também é bem-vinda, mas seu potencial aumenta muito com o estudo em grupo, no qual as respostas possam ser apresentadas e corrigidas por colegas ou professores.
Em Direito, toda resposta deve conter a seguinte organização:
Conceito do instituto (doutrina);
Fundamento (legislação);
Correntes (doutrina);
Opinião do autor; e
Jurisprudência.
Exemplificando, imagine-se que a pergunta fosse a seguinte: disserte sobre a autonomia científica do Direito Processual do Trabalho. Uma boa resposta deveria começar conceituando o que é o Direito Processual do Trabalho e o que significa autonomia científica. Depois, seria o caso de citar a legislação sobre o assunto, partindo sempre da Constituição Federal para, somente depois, citar outras normas, como a CLT, o CPC e súmulas vinculantes. O passo seguinte seria dizer sobre as correntes, no caso, monista e dualista. Após a apresentação das principais teses sobre o assunto, o aluno deveria apresentar sua opinião, dizendo qual corrente lhe parece mais adequada. Por fim, se houver jurisprudência sobre o tema, só então o aluno deverá citá-la, pois ela é apenas a visão de um tribunal, a qual não é absoluta.
	
2.3 O que fazer com o Direito Processual do Trabalho
	O domínio do Direito Processual do Trabalho oferecerá um leque de opções profissionais ao estudante.Em apertada síntese, apresentam-se algumas das mais importantes carreiras jurídicas na área trabalhista, as quais exigem o conhecimento do Direito Processual do Trabalho:
1. Advocacia. O estudante que optar por ser advogado trabalhista atuará perante a Justiça do Trabalho e órgãos extrajudiciais, como o Ministério do Trabalho e Emprego, na defesa de seu cliente, o qual poderá ser o trabalhador ou o tomador de serviços. O início da carreira depende de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, que consiste em uma prova de duas fases. Na primeira, o estudante deverá obter uma nota mínima em uma prova de múltipla escolha, com 80 (oitenta) questões fechadas, sobre várias matérias, inclusive o Direito Processual do Trabalho. Uma vez aprovado, o estudante torna-se apto a participar da segunda etapa, composta de quatro ou cinco questões dissertativas e de uma peça prático-profissional, na qual o candidato deverá resolver um caso prático, como se advogado fosse. Entre as opções ofertadas, o aluno poderá escolher a área trabalhista e responder a questões de Direito e de Processo do Trabalho;
2. Academia. O egresso do curso de Direito poderá seguir a carreira acadêmica, a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos na área de Direito Processual do Trabalho. Para isso, deverá participar de um curso de pós-graduação, oferecido em duas modalidades: lato sensu e stricto sensu. A pós-graduação lato sensu visa formar especialistas, fornecendo ao estudante um estudo mais aprofundado e voltado para a atuação profissional. Já a pós-graduação stricto sensu tem como finalidade a formação de mestres e doutores. O mestrado habilita o estudante a ser professor. Já o doutorado o transforma em pesquisador. Existem muitos cursos de pós-graduação em Direito Processual do Trabalho, o que poderá ser consultado no portal da CAPES – Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (<http://www.capes.gov.br>).
3. Carreiras públicas. O Direito Processual do Trabalho é disciplina obrigatória em várias carreiras públicas. A título de exemplo, serão abordadas as carreiras federais. No Poder Judiciário, o estudante poderá prestar concurso para a magistratura trabalhista, ingressando no cargo de Juiz do Trabalho substituto, atuando na prestação jurisdicional. Ainda no âmbito desse Poder, há os cargos de servidores, os quais se dividem em Oficial de Justiça, Analista Judiciário e Técnico Judiciário, cujas atribuições envolvem o auxílio ao Juiz do Trabalho. No Poder Executivo, há cargos de servidor e de auditor do Ministério do Trabalho e Emprego, responsáveis por desempenharem a fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista. Ainda nesse Poder, há o cargo de Advogado da União, pertencente à Advocacia Geral da União, no qual o aprovado defenderá a União nas relações de trabalho. No Poder Legislativo, existem os cargos de consultor e procurador, do Senado e da Câmara de Deputados, respectivamente. A função desses profissionais é de auxiliar as Casas Legislativas na elaboração de projetos de lei na área trabalhista. Por fim, no Ministério Público da União, o estudante poderá concorrer ao cargo de Procurador do Trabalho e atuar como membro do Ministério Público do Trabalho, na defesa da ordem jurídica trabalhista, do regime democrático e dos interesses sociais trabalhistas.
Realizada essa pequena introdução, é chegada a hora de dar início às lições de Direito Processual do Trabalho.
 
�
2 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO
	O estudo do Direito Processual do Trabalho pressupõe o conhecimento prévio da Teoria Geral do Processo e do Direito Processual Civil. Por isso é que esta obra não fará um estudo pormenorizado de temas centrais desses ramos do Direito, como a Jurisdição, a Ação e o Processo, sob pena de se criar um verdadeiro Tratado de Processo do Trabalho, não sendo este o seu objetivo.
	Sempre que for necessário, porém, será feita uma pequena revisão sobre os temas citados, por questões didáticas. 
	Nesse capítulo, espera-se que o estudante compreenda aspectos gerais do Direito Processual do Trabalho, a fim de se municiar de determinados conceitos operacionais que serão utilizados durante todo o desenvolvimento desta obra.
2.1 Conceito
	O Direito Processual do Trabalho é um ramo do Direito que reúne princípios, normas e órgãos, com a finalidade de concretizar o Direito Material do Trabalho, regendo as atividades jurisdicionais no âmbito da Justiça do Trabalho.
	O Direito Material do Trabalho é espécie de direito fundamental (artigos 6º e 7º, da CF), de segunda dimensão.� Como tal, necessita de instrumentos que promovam a sua concretização, ou seja, que sejam capazes de tornar realidade a norma constitucional abstrata. É aí que entra o Direito Processual do Trabalho, apresentando-se como uma ferramenta destinada a aplicar a lei trabalhista.
	A relação jurídica material estabelecida entre trabalhador e tomador de serviços� é privada,� regida por leis e por cláusulas contratuais. Quando, eventualmente, surge um conflito entre eles, por vezes procuram a Jurisdição,� que é uma atividade estatal destinada a solucionar conflitos, a qual é prestada pelo Poder Judiciário. No caso das relações trabalhistas, a Constituição Federal de 1988 atribuiu essa atividade a um órgão especializado do Poder Judiciário: a Justiça do Trabalho.
	Ao provocarem a atividade jurisdicional, os interessados dão início a uma nova relação jurídica, autônoma em relação àquela relação material, que é a relação jurídica processual. Nesta, tomador de serviços e trabalhador passam a ser chamados de partes. A principal diferença entre essas relações é que, na processual, há a presença do Estado, através do juiz.� Este ingressa na relação jurídica originariamente estabelecida só entre trabalhador e tomador de serviços, a fim de decidir o conflito, fazendo uso de poderes e deveres estabelecidos na lei processual.
2.2 Fundamentos
	No processo, os atos das partes e do Juiz são regidos por normas e princípios específicos, daí porque se diz da existência de um Direito Processual do Trabalho. Este retira sua validade da Constituição Federal, especialmente, dos artigos 111 a 116.
	Além da Constituição, o Processo do Trabalho é regido, principalmente, pelas seguintes normas (ordem cronológica):
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943,� dos artigos 643 a 910;
Decreto nº 779/69, o qual versa sobre aplicação de normas processuais trabalhistas à União Federal e aos Estados, Municípios, Distrito Federal e Autarquias ou Fundações de direito público que não explorem atividade econômica; 
Lei nº 4.725/65, que estabelece normas sobre o procedimento dos dissídios coletivos;
Lei nº 5.584/70, que dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho, altera dispositivos da CLT, disciplina a concessão e prestação de assistência judiciária na Justiça do Trabalho e dá outras providências;
Decreto-Lei nº 2.322/87, relativo à incidência de juros e correção monetária no Processo do Trabalho;
Lei nº 7.701/88, que trata da especialização de Turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos;
Lei nº 8.177/91, que também rege os juros e a correção monetária dos débitos trabalhistas;
Lei Complementar nº 75/93, que estrutura o Ministério Público do Trabalho;
Lei nº 8.984/95, que firma a competência da Justiça do Trabalho para conciliar e julgar dissídios coletivos com origem no cumprimento de Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho;
Lei nº 11.419/06, que institui o Processo eletrônico;
Quando nenhuma dessas normas for capaz de atender às necessidades surgidas na relação processual trabalhista, o Juiz deverá aplicar o direito processual comum (art. 769 da CLT), se o processo estiver na fase de conhecimento, e a Lei nº 6.830/80, que trata das Execuções Fiscais, caso o processo esteja na fase de execução (art. 889 da CLT).
O direito processual comum é composto de uma infinidade de normas, mas as principais são: a) o Código de Processo Civil; b) Lei nº 7.347/85, da AçãoCivil Pública; c) Lei nº 8.009/90, do bem de família; d) Lei nº 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor; e) Lei nº 12.016/09, do Mandado de Segurança.
Além dessas normas, o Direito Processual do Trabalho também retira seu fundamento dos princípios processuais, os quais serão estudados oportunamente.
São dessas normas e princípios� que o Direito Processual do Trabalho nasce. Em outras palavras, essas são as suas principais fontes. Contudo, a doutrina costuma enumerar outras fontes, classificando-as em materiais e formais.
	As fontes materiais dizem respeito aos fatos sociais. E isso decorre de uma condição lógica. Ora, um ramo do Direito não surge ao sabor do acaso. Ele é pensado e criado em função de fatos sociais que demonstraram a necessidade de sua concepção. Em sua origem, portanto, o Direito Processual do Trabalho era um clamor da sociedade.
	Já as fontes formais decorrem de atos. Se esses atos são do Estado, as fontes são chamadas de diretas, sendo exemplo a Constituição Federal, a legislação trabalhista e as súmulas vinculantes do STF. São todas elas genéricas e imperativas.
	Caso o ato não provenha do Estado, ou, vindo dele, não seja genérico e abstrato, a fonte será chamada de indireta. No primeiro caso, temos a doutrina, cuja elaboração é facultada a todos.� No segundo, a jurisprudência dos tribunais, a qual guarda pertinência com casos específicos e concretos, sem poder de vinculação.�
	Por fim, há ainda as fontes formais explicativas, as quais são destinadas à interpretação e aplicação das outras fontes. É o caso da analogia, da equidade e dos princípios gerais do direito.
	Existem atos, contudo, que intrigam a doutrina, a ponto de torná-los polêmicos quanto à sua natureza enquanto fonte. Veja-se o caso dos Regimentos Internos dos Tribunais. Apesar de não serem leis em sentido formal, a própria lei lhes delega o trato de determinados assuntos, como é o caso do art. 909, da CLT, o qual estabelece que “a ordem dos processos no Tribunal Superior do Trabalho será regulada em seu regimento interno”. Em casos como esse, não há como negar a natureza jurídica de fonte formal direta.
	Outro caso curioso é o dos costumes, que são atos praticados com habitualidade, diferenciando-se dos usos, por possuírem caráter obrigatório, enquanto estes são apenas facultativos. É exemplo de uso a cor das folhas de papel utilizadas nos processos. Não há lei que obrigue o uso do papel branco, razão pela qual toda sorte de cor é permitida. Entretanto, imagine-se que alguém queira fazer uso de um papel preto, com tintas brancas. Isso causará estranheza ou talvez até repulsa, mas não será proibido.
	Já o costume é diferente. Um exemplo dele seria o protesto, ato que consiste em declarar ao Juiz a discordância em relação a uma decisão interlocutória, contra a qual não caiba recurso imediato. Imagine-se que, em uma audiência, o Juiz indefira a produção de uma prova. A CLT não admite a interposição de recurso imediato dessa decisão, tampouco apresenta alternativa. Daí que muitos advogados passaram a declarar sua discordância em ata, fazendo constar os seus protestos. Isso tornou-se costume, pois, caso a parte não proteste imediatamente, sua reação não mais será admitida quando da eventual interposição de um recurso, uma vez que se terá operado a preclusão (art. 507 do CPC de 2015).
	É, pois, o costume uma fonte formal direta, quando for incorporado como ato estatal.
2.3 Natureza jurídica
	Como visto, o direito processual comum é fonte subsidiária do Direito Processual do Trabalho (art. 769 da CLT). Mas será o Direito Processual do Trabalho uma espécie do gênero do Processo Civil ou será um ramo autônomo do Direito?
	Para os monistas, o Direito Processual do Trabalho não é um ramo autônomo, sendo apenas uma parte de um corpo maior, chamado Processo Civil.� Essa é, contudo, a corrente minoritária.� Já a corrente majoritária afirma que os dois ramos não se confundem, sendo autônomos.�
	Na clássica lição de Alfredo Rocco (2003), um ramo do Direito será autônomo quando possuir um vasto objeto de estudo, princípios e método próprios. Ora, tudo isso o Direito Processual do Trabalho possui. A prova dessa constatação está na existência da Justiça do Trabalho, de cadeira acadêmica própria dos cursos de Direito, de obras específicas e de fontes normativas que regulamentam essa peculiar relação jurídica processual, evidenciando sua autonomia institucional, didática, científica e legal, respectivamente.
2.4 Aplicação, eficácia, interpretação e integração.
	1. Aplicação. A aplicação de uma norma refere-se à sua incidência no caso concreto. A norma jurídica é abstrata, elaborada para reger fatos sociais genéricos. Cabe ao aplicador do direito torná-la real, aplicando-a a um caso específico, técnica que é chamada de subsunção.
	Para incidir no caso concreto, a norma precisa ter eficácia, ser interpretada e, eventualmente, integrada por outra norma jurídica. Por isso é que se diz que, em verdade, a norma jurídica só se manifesta como tal após esse percurso, de maneira que o texto escrito de uma lei, v. g., é apenas um conjunto de palavras até que interpretação revele sua natureza de norma.
2. Eficácia. É a aptidão da norma para produzir efeitos no tempo e no espaço. 
2.1. Eficácia no espaço. Do ponto de vista social, toda norma é eficaz, estando pronta para produzir seus efeitos, desde que esteja em vigor. Do ponto de vista jurídico, porém, a norma processual trabalhista rege-se, no espaço, pelo princípio da territorialidade (art. 13, do CPC de 2015), segundo o qual, a lei processual produz eficácia em todo o território nacional. Uma sentença proferida no exterior pode ser cumprida no Brasil, mas ela deverá ser previamente homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “i” da CF), homologação essa que é chamada de juízo de delibação.
 	2.2 Eficácia no tempo. Já a eficácia no tempo é regida por três princípios (art. 14, do CPC de 2015): irretroatividade, imediatidade e vedação à repetição de fases.
	Esses princípios servem para solucionar conflitos de leis processuais trabalhistas no tempo. Imagine-se, por exemplo, que uma nova lei processual trabalhista foi editada. Como ela produzirá seus efeitos em relação aos processos findos, aos pendentes e aos futuros?
	Em regra, a lei nasce para reger os fatos futuros, não devendo prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). A base dessa norma é o princípio da irretroatividade, que veda a aplicação da nova lei processual às relações jurídicas processuais findas.
	Quanto às relações jurídicas processuais pendentes, isto é, aquelas que ainda tramitavam perante os órgãos jurisdicionais, quando da vigência da nova norma processual trabalhista, o princípio aplicável é o da imediatidade. Por ele, a norma deve ser aplicada imediatamente (art. 912 da CLT�), não importando em qual fase o processo esteja.
	Todavia, se uma fase foi concluída sob a vigência da lei antiga, permanecerá válida, não podendo ser repetida sob os critérios da nova lei, por força do princípio da vedação da repetição de fases (art. 915 da CLT�). Por exemplo, se a nova lei foi editada durante a fase recursal, não terá eficácia sobre as fases passadas, quais sejam, postulatória, instrutória e decisória. Assim, caso a nova lei tenha alterado as regras da instrução processual, por exemplo, não será aplicada aos processos que já tiverem superado essa fase.
	 Deve-se atentar, porém, para uma exceção, estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal. Como será mais bem estudado adiante, a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, alterou a Constituição Federal, entre outros motivos, para ampliar a competência da Justiça do Trabalho, a qual passou a julgar as relações de trabalho, além das relações de emprego.
	Antes dessa mudança, o trabalho prestado a um tomador fora da relação de emprego, isto é, sem a presença dos elementos fático-jurídicos do art.3º da CLT, deveria ser objeto de conhecimento da Justiça comum. É o caso de um trabalhador autônomo.
	Pelos princípios vistos, relativos à eficácia no tempo, os processos já sentenciados deveriam ser enviados à Justiça do Trabalho, pois, uma vez encerrada a fase decisória, as fases seguintes (recursal ou executória), por estarem pendentes, sofreriam os efeitos na nova lei processual, de forma imediata. Ademais, tratava-se de competência absoluta (SCHIAVI, 2011).
	Entretanto, o STF adotou entendimento diferente e, por questões de política judiciária, excluiu a aplicação imediata da EC 45/04 aos processos já sentenciados, pela absoluta inconveniência de transferir para os escaninhos do judiciário trabalhista os processos com provimento jurisdicional adiantado no âmbito da Justiça comum.� Foi o que constou da Súmula Vinculante nº 22, que trata da nova competência para julgar ações de indenização por danos morais, as quais anteriormente eram da competência da Justiça comum:
Súmula Vinculante Nº 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. 
	Pela Súmula Vinculante, portanto, a Justiça do Trabalho é competente ou passou a ser competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais futuras, incluídas as pendentes que não possuíam sentença de mérito em primeiro grau, quando da promulgação da EC 45/04. As pendentes que já possuíam sentença deveriam permanecer na Justiça comum. Esse também foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual “a competência estabelecida pela EC nº 45/2004 não alcança os processos já sentenciados” (Súmula nº 367).
	3. Interpretação. Além de aplicada, a lei processual trabalhista deve ser interpretada, isto é, dependerá de esforço intelectual (e não mecânico ou mecatrônico) para ter definida sua extensão, delimitando em quais casos ela será ou não eficaz. Essa tarefa é, primordialmente, exercida pelo juiz, mas não é dele privativa, uma vez que as partes e todos aqueles podem e devem interpretar a norma. A decisão, entretanto, é que é privativa do juiz.
	O princípio mais importante da interpretação da norma processual trabalhista é o da conformidade com a Constituição. Repita-se: toda e qualquer interpretação deve partir da Constituição para a norma processual e não o contrário (art. 1º, do CPC de 2015). É preciso, portanto, que o intérprete conheça bem o texto, os princípios e a ideologia constitucional, para só então aventurar-se a interpretar a lei processual.
	A Constituição Federal é um coração que pulsa dentro do Estado Democrático de Direito. Esse coração bate ao ritmo de dois princípios fundamentais: a dignidade da pessoa humana e o devido processo legal. A grosso modo e pedindo vênia para tratar desses princípios mais adiante, pode-se dizer que a dignidade da pessoa humana manda que todo o ordenamento jurídico tenha como fim o ser humano, estando todo o resto a serviço da preservação da vida humana. Pelo devido processo legal, qualquer procedimento relacionado à vida humana deve observar a lei, ser justo, célere e eficaz.
	Desses dois princípios basilares brotam muitos outros, os quais merecerão destaque em momento oportuno.
	A interpretação é uma atividade e, como tal, acontece por meio de métodos. A doutrina clássica de Savigny aponta quatro grandes métodos: gramatical, histórico, teleológico e sistemático.
	 
	O método gramatical consiste em interpretar a norma através de seu próprio texto, buscando o significado de cada palavra, segundo as regras de semântica e de ortografia. Para os leigos na Ciência Jurídica, esse é o único método existente, razão pela qual é comum ver algum deles se indignar com o fato de um “não” virar “talvez”, ou de um “deve” virar “pode” aos olhos de um jurista.
	Pelo método histórico, o intérprete investiga as fontes materiais da norma, a fim de conhecer o contexto histórico em que foi concebida, bem assim os fatos sociais que ensejaram a sua produção (Heurística). Na etapa seguinte, os fatos encontrados são avaliados e selecionados, conforme seu grau de aproximação com a verdade (crítica). Por fim, o intérprete estabelece o sentido da norma (hermenêutica).
	O prefixo “tele”, de origem grega (teleos), é relativo à finalidade da palavra que complementa. O método teleológico, portanto, investiga a finalidade da norma, isto é, busca compreender qual era a verdadeira intenção do legislador, ao elaborar determinada norma jurídica.
	O método sistemático tenta estabelecer o sentido da norma, em conjunto com as demais normas que compõem o sistema normativo vigente. Enquanto os demais métodos tomam a norma como um objeto separado, o método sistemático a analisa como uma peça de uma complexa engrenagem. Havendo conflito entre as normas, o intérprete deverá fazer uso dos critérios hierárquico, temporal e especial.
	Esses métodos devem ser utilizados em conjunto. Imagine-se, por exemplo, que do art. 1º de uma determinada lei de 2012 conste a seguinte regra: “Todos os homens são livres”. O método gramatical concluiria que somente os homens são livres, excluindo as mulheres. Já o método histórico, considerando a vigência do Estado Democrático de Direito, apontaria que a palavra “homem” nos tempos atuais abrangeria todos os seres humanos, sejam homens, mulheres, homossexuais, crianças ou pessoas com deficiência. Fazendo uso do método teleológico, o intérprete determinaria que a norma não seria aplicada aos condenados por crimes que estivessem cumprindo pena, uma vez que sua finalidade é promover a paz e não colocar em risco a sociedade. Por fim, pelo método sistemático, as normas anteriores que dispusessem de forma contrária deveriam ser revogadas (critério temporal).
	O resultado desse processo interpretativo pode ser de duas ordens. Ou o intérprete amplia o sentido da norma, ou o restringe. No caso proposto, o sentido da norma foi ampliado, uma vez que alcançou todos os seres humanos, muito embora isso não constasse expressamente no texto normativo.
	Esses métodos clássicos de interpretação têm sido questionados, quando a norma interpretada é a Constituição Federal. A doutrina mais atualizada expressa que os direitos fundamentais possuem métodos próprios, os quais não se destinam à interpretação das normas (para estabelecer o sentido), mas sim à sua concretização, a bem de tornar realidade a ideologia constitucional. Canotilho (1993) cita, por exemplo, os métodos jurídico, tópico-problemático, hermenêutico-concretizador, científico-espiritual, o normativo-estruturante e o comparativo.
	 4. Integração. Apesar de corretamente aplicada e interpretada, pode acontecer de uma norma não abrigar todas as respostas para resolver um caso concreto. Por mais abrangente que possa ser a interpretação, a norma pode conter lacunas. Conforme leciona Carlos Henrique Bezerra Leite (2007), essas lacunas podem ser de três espécies: normativa, ontológica e axiológica. Pela primeira, não há norma processual trabalhista dispondo sobre a situação surgida no processo. Nas demais lacunas a norma até existe, dispondo expressamente sobre a situação, mas sua aplicação deve ser evitada, no primeiro caso por ser ultrapassada; no segundo, por ser injusta.
	A Constituição Federal determina que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV), pelo que se diz que a jurisdição é inafastável. Assim, cabe ao aplicador do Direito completar os espaços vazios da norma, por exemplo, com outra norma (analogia), com os costumes e com os princípios gerais do direito.
2.5 Aplicação do CPC de 2015 ao Processo do Trabalho
1. Regras gerais. A CLT determina que, nos “casos omissos”, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processualdo trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas do processo trabalhista (art. 769). No processo de execução trabalhista, a fonte subsidiária será a Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80), por força do art. 889 da CLT.
	Da redação do art. 769 da CLT podem ser extraídos dois requisitos para a aplicação subsidiária do Processo Civil ao Processo do Trabalho. O primeiro deles é que a CLT seja omissa, ou seja, que haja lacuna normativa, ontológica ou axiológica. O segundo refere-se a que as normas do processo comum não colidam com as normas do Processo do Trabalho. Por esse segundo requisito, deve-se entender que as normas processuais comuns não devem contrariar os princípios do Processo do Trabalho. Esses princípios serão analisados em tópico próprio.
	Ocorre que o Novo Código de Processo Civil inovou ao estipular que "na ausência de normas próprias que regulem os processos penais, eleitorais, administrativos ou trabalhistas e nos processos coletivos as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente" (art. 15).
	De início, cumpre fazer distinção entre os termos subsidiário e supletivo, os quais, apesar de serem coloquialmente utilizados como sinônimos, não o são. Conforme consta da Emenda Parlamentar relativa ao citado artigo, constante do PL 8.046/10, a aplicação subsidiária "significa a integração da legislação subsidiária na legislação principal, de modo a preencher os claros e as lacunas da lei principal", ao passo que a supletiva ou complementar "ocorre quando uma lei completa a outra". 
	Em outras palavras, a aplicação subsidiária do CPC à CLT teria lugar quando esta fosse omissa (lacuna normativa), ao passo que a supletiva não dependeria da omissão, podendo ser aplicada conjuntamente (lacunas ontológicas e axiológicas).
	Pelo texto do art. 15, do CPC de 2015, portanto, seria possível aplicar uma norma do CPC, mesmo havendo dispositivo expresso na CLT.
	Em vista disso, ainda no Parlamento, surgiu a interpretação de que, pela nova regra, os artigos 769 e 889 da CLT seriam tacitamente revogados, fazendo com que o CPC passasse a ser fonte supletiva e subsidiária da CLT, inclusive no processo de execução. Para evitar que isso acontecesse, foi proposta emenda destinada a excluir o processo trabalhista da redação do art. 15, do CPC de 2015. Todavia, a ausência do ramo trabalhista do citado dispositivo concebeu interpretação ainda mais radical, qual seja, a de que toda a parte processual da CLT seria revogada, já que a aplicação supletiva e subsidiária seria destinada apenas aos ramos expressos no texto do artigo, o que marcaria o fim do Direito Processual do Trabalho. Desta feita, o texto final do projeto foi aprovado com a inclusão do processo trabalhista no citado dispositivo do CPC.
	No nosso sentir, o art. 15, do CPC de 2015, não revogou os artigos 769 e 889, da CLT, porque estes têm natureza de norma jurídica especial, de maneira que não podem ser tacitamente revogados por norma geral, que é o direito comum. Nesse sentido também é o entendimento acolhido no I Fórum Nacional de Processo do Trabalho - FNPT� e do C. TST.�
Ademais, o art. 769 da CLT refere-se a direito processual comum, que não se resume ao CPC, mas também a outros estatutos, como o CDC e a Lei da Ação Civil Pública, por exemplo, de sorte que o art. 15 do CPC de 2015 só regulamenta a aplicação do CPC.
	Não se deve olvidar que, do ponto de vista da CLT, o art. 769 estabelece dois filtros para permitir a aplicação de normas do direito processual comum, que são a existência de omissão e o respeito aos princípios trabalhistas. De outra face, o art. 15, do CPC de 2015, apenas ampliou o requisito da omissão para abranger não só as lacunas normativas (integradas pela aplicação subsidiária), mas também lacunas axiológicas e ontológicas (objeto da aplicação supletiva), sem a necessidade de cumulação entre elas.�
	Destarte, apesar de haver norma expressa na CLT, é possível cogitar da aplicação supletiva do CPC de 2015, quando o dispositivo importado for compatível com os princípios do processo trabalhista, v. g., para proteger o trabalhador hipossuficiente, simplificar as formas, tornar mais célere o processo e garantir mais efetividade à execução.� Havendo omissão parcial,� o requisito da compatibilidade prevalece sobre o da omissão.�
	Cabe ao aplicador do Direito acompanhar a evolução social e dar lugar de destaque à concretização dos direitos. Como se sabe, a maior parte do texto processual celetista vigente, muito embora tenha sido bastante alterado, é antiga, nascida em um tempo em que não se conheciam as demandas em massa e as novas tecnologias. Não é lógico nem justo que o operador do Direito Processual do Trabalho assista aos avanços do Processo Civil apenas como curioso. Entretanto, é preciso ter em mente a necessidade de respeitar os princípios do Direito Processual do Trabalho, pena de comprometer a sua autonomia.
	2. Entrada em vigor do CPC de 2015. O dia em que o CPC de 2015 entrou em vigor foi motivo de polêmica na comunidade jurídica. Publicado no DOU de 17/03/2015, o CPC de 2015 dispôs, no artigo 1.045, que a entrada em vigor ocorreria após um ano da data de sua publicação oficial.
	Houve quem contasse o prazo de 365 dias, encontrando o dia 16/03/2016. Outros contaram o lapso alterando apenas o ano, concluindo por 17/03/2016. Prevaleceu, contudo, a corrente que fixou o dia 18/03/2016,� a qual é a mais adequada, também no nosso sentir, tendo em vista que “a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral” (art. 8º, §1º, da LC 95/98).
3. Novidades do CPC de 2015. Até mesmo o legislador pode ter dificuldades em enumerar as novidades do texto legal do CPC de 2015. É que a lei é dinâmica e o que vai ou não representar uma novidade depende do filtro da interpretação. Mas alguns institutos possuem muita aptidão para se firmarem como novidade.
Sempre com os olhos voltados ao Processo do Trabalho e tendo em conta apenas o desejo de saciar um pouco a curiosidade do leitor, a nós parecem mais relevantes as seguintes inovações, na fase de conhecimento: criação de normas gerais sobre aplicação das normas processuais (artigos 1º ao 15); regulação pormenorizada dos procedimentos de cooperação internacional e nacional (artigos 26 a 41); modificação nas regras sobre a gratuidade da Justiça (artigos 98 a 102), com a revogação parcial da Lei 1.060/50 (art. 1.072, III) e a previsão de prazo para duração do benefício (art. 98, §3º); exigência de instauração de incidente processual para a desconsideração da personalidade, com obediência ao contraditório (artigos 133 a 137); previsão da figura do “amicus curiae” (art. 138); novas hipóteses de suspeição e impedimento (v. g., art. 144, VIII); adoção de métodos alternativos de solução de conflitos, como a conciliação, a mediação e a arbitragem (art. 3º, §3º, e artigos 165 a 175); regramento específico para a advocacia pública (artigos 182 a 184) e para a defensoria pública (artigos 185 a 187); mais informalidade (art. 188) e flexibilidade (art. 190) na prática dos atos processuais, com regras inclusive para os eletrônicos (artigos 193 a 199); contagem dos prazos em dias úteis (art. 212); dilação dos prazos do Juiz (art. 226); julgamento em ordem preferencial por ordem cronológica (art. 12); adoção do sistema de intimações a cargo das partes (artigos 269 a 275); observância de precedentes, com a determinação para que os Juízes e Tribunais apliquem os enunciados de súmulas e teses jurídicas (artigos 927 e 928); simplificação dos procedimentos, com a extinção do rito sumário e a previsão de apenas um trâmite para o processo de conhecimento (art. 318), ressalvados os procedimentos especiais, bem como a unificação das tutelas antecipada e cautelar, que passam a ser espécies da tutela provisória (art. 294); fundamentação exaustiva das decisões (art. 489, §1º);previsão expressa acerca da prova emprestada (art. 372); formulação de perguntas às testemunhas de forma direta pelas partes (art. 459); admissão de prova técnica simplificada (art. 464, §3º); transformação da oposição em ação autônoma (artigos 682 a 686).
No cumprimento da sentença e no processo de execução, podem ser citadas como novidades: possibilidade de citação postal do executado (art. 513, §2º); utilização de cadastros de inadimplentes (art. 782, §3º); incumbência de indicação dos meios menos gravosos pela parte executada (art. 805); penhorabilidade de rendimentos superiores a 50 salários-mínimos mensais (art. 833, §2º); tratamento da penhora “on line” (art. 837); penhora de veículo por termo nos autos (art. 845, §1º); liquidação forçada de quotas e ações (art. 861); definição de critérios para estabelecimento do preço vil (art. 891); parcelamento de arrematações (art. 895); extinção dos embargos à arrematação (art. 903, §4º).
Por fim, na temática dos recursos: ampliação dos poderes de saneamento do relator (art. 938); incidente de assunção de competência (art. 947); incidente de arguição de inconstitucionalidade (artigos 948 a 950); juízo de delibação (artigos 960 a 963); incidente de resolução de demandas repetitivas (artigos 976 a 987); regramento da reclamação (artigos 988 a 993); extinção do agravo retido e dos embargos infringentes; fim do exame de admissibilidade pelo Juízo “a quo” (art. 1.010, §3º).
4. Instruções Normativas do TST. A entrada em vigor do CPC de 2015, com todas as suas novidades e também com a polêmica acerca do alcance das aplicabilidades supletiva e subsidiária, levou preocupação à mais alta Corte trabalhista do país. Imagine-se, por exemplo, que um processo chegue ao C. TST daqui a muitos anos e tenha a decisão anulada por ter aplicado um instituto do CPC de 2015 que a jurisdição da Corte entenda por inaplicável ao Processo do Trabalho. Os efeitos disso seriam cruéis para as partes e causaria insegurança jurídica.
Foi com a finalidade de evitar situações dessa natureza que o C. TST editou a Instrução Normativa nº 39/16, a qual se manifesta sobre a aplicação ou não de algumas das mais importantes novidades do CPC de 2015, bem como a Instrução Normativa nº 40/16, que dispõe sobre o cabimento de agravo de instrumento em caso de admissibilidade parcial de recurso de revista no Tribunal Regional do Trabalho.
Como esta obra tem uma proposta didática de estudo do Direito Processual do Trabalho, o exame acerca dos dispositivos das referidas Instruções será feito oportunamente, no momento em que cada tema for tratado.
Neste espaço, além de dar a notícia da edição da referidas Instruções, cabe tecer breve considerações acerca de sua natureza jurídica e de sua compatibilidade com o sistema constitucional vigente. Em outras palavras, teria o C. TST competência para editar uma norma geral e abstrata sobre a aplicação do CPC de 2015 ao Processo do Trabalho?
A resposta depende da natureza jurídica dessa norma. Caso seja emprestada às Instruções Normativas qualquer espécie de obrigatoriedade na sua aplicação pelos magistrados trabalhistas, a nós parece haver manifesta incompatibilidade com a independência da magistratura (artigos 95, I a III e 5º, XXXVII e LIII, ambos da CF), a separação dos Poderes (artigos 1º e 22, I, da CF) e a reserva legal (art. 5º, II, da CF). Ora, somente o Poder Legislativo pode editar normas cogentes, gerais e abstratas. Foi com base nesses argumentos que a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANAMATRA ajuizou, no Supremo Tribunal Federal, Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5.516), a qual ainda não foi apreciada.
De outra face, se as referidas Instruções tiverem apenas a finalidade de divulgar o posicionamento do C. TST em relação à aplicação do CPC de 2015 ao Processo do Trabalho, não haverá qualquer ofensa à ordem constitucional vigente, uma vez que não vinculará nenhum órgão da Justiça do Trabalho. 
Atendendo à Consulta 0017652-49.2016.5.00.0000, a Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, por intermédio do Ministro Corregedor-Geral, em 01/09/2016, explicou que a natureza jurídica da IN 39/16 não é normativa:
“CONCLUSÃO
Sendo assim, acolho a presente Consulta, para assentar que: 1) a intepretação do Juiz do Trabalho em sentido oposto ao estabelecido na Instrução Normativa nº 39/2016 não acarreta qualquer sanção disciplinar; 2) a interpretação concreta quanto à aplicabilidade das normas do CPC (Lei nº 13.105/2015), em desconformidade com as regras da Instrução Normativa nº 39/2016 não desafia o manejo da correição parcial, por incabível à espécie, até porque a atividade hermenêutica do ordenamento jurídico exercida pelo magistrado encerra tão somente o desempenho da sua função jurisdicional, o que não implica em tumulto processual para os efeitos do caput do art. 13 do RICGJT, apto a ensejar a medida correicional; 3) como consequência lógica da resposta atribuída à segunda questão, tem- se por prejudicada a terceira questão e, por conseguinte, a sua resposta.
Todavia, cumpre salientar que a Instrução Normativa nº 39/2016 foi aprovada considerando a imperativa necessidade de o Tribunal Superior do Trabalho firmar posição acerca das normas do novo Código de Processo Civil aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, e, assim, resguardar às partes a segurança jurídica exigida nas demandas judiciais, evitando-se eventual declaração de nulidade em prejuízo da celeridade processual.
Ressalte-se que tal imperativo se revela ainda mais premente diante das peculiaridades do Direito Processual do Trabalho, advindas da relação material celebrada entre empregados e empregadores, na qual se verifica, a rigor, a condição de hipossuficiência do trabalhador.
Por esse motivo é que se espera a colaboração e comprometimento dos órgãos da Justiça do Trabalho de primeiro e de segundo graus, a fim de que adéquem os seus atos processuais aos parâmetros estabelecidos na Instrução Normativa nº 39/2016, com vistas à uniformização das normas a serem aplicadas no âmbito do Processo  do Trabalho.
Dê-se ciência à consulente, bem como aos Corregedores dos Tribunais  Regionais  do Trabalho.
Publique-se. Após, arquive-se.”
Prevalecendo a decisão da CGJT, a nós parece que as Instruções Normativas são bem-vindas, pois constituem um instrumento útil na árdua tarefa de interpretar o alcance da aplicabilidade do CPC de 2015 ao Processo do Trabalho. Todavia, a bem de não pairar dúvidas quanto a essa natureza, seria mais adequado proceder à substituição das Instruções por outro ato administrativo, como a Recomendação, por exemplo, para que o termo “normativa” não desperte a interpretação acerca da natureza jurídica de norma.
2.6 Princípios
	Princípios são postulados da Ciência Jurídica, máximas abstratas que sustentam todo o arcabouço normativo. Mais que isso, hoje é crescente a doutrina que lhes empresta força normativa autônoma (BONAVIDES, 2004). E é isso que faz a Constituição Federal, ao apresentá-los, no Título I, como fundamentos do Estado brasileiro. 
Pode-se dizer, dessa forma, que os princípios desempenham três grandes funções: informativa, interpretativa e normativa. A primeira é direcionada ao legislador, o qual fica obrigado a observar e respeitar os princípios constitucionais, quando da elaboração da norma. Sob a influência da segunda função, o intérprete deve se valer dos princípios constitucionais para estabelecer o sentido válido da norma interpretada. A função normativa faz do princípio uma norma autônoma, com força normativa própria.
	Tarefa árdua está na classificação dos princípios. O problema reside no fato de raro se encontrarem autores que compartilhem da mesma classificação, pelo que se diz que, em matéria de princípios, cada qual elege os seus. Para se ter uma ideia da celeuma que envolve o tema, observe-se a classificação de alguns dos principais autores brasileiros:
a) Mauro Schiavi (2011): protecionismo temperado, informalidade, conciliação, celeridade, simplicidade,

Outros materiais